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Coordenação de Apoio Técnico Pericial
Unidades Técnico-Periciais em Psicologia e em Serviço Social Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 107/108,
Bairro Jardim Goiás, Goiânia-Goiás - CEP 74.805-100.
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COORDENAÇÃO DE APOIO TÉCNICO PERICIAL
CATEP
INSTRUÇÃO TÉCNICA nº 002/2017
Unidades Técnico-Periciais
em Psicologia e em Serviço Social
Avaliação Institucional de Comunidade
Terapêutica
Fevereiro de 2017
Coordenação de Apoio Técnico Pericial
Unidades Técnico-Periciais em Psicologia e em Serviço Social Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 107/108,
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APRESENTAÇÃO
A presente Instrução Técnica (IT) tem por objetivo auxiliar a atuação dos Promotores de
Justiça nos casos que envolvem as Comunidades Terapêuticas – instituições que tem ocupado
espaço de destaque entre os instrumentos para tratamento dos dependentes químicos, seja
pela importância de seu papel neste cenário, seja pelos inúmeros casos de irregularidades –
as mais diversas – observadas corriqueiramente.
Elaborada pelas Unidades Técnico-Periciais em Psicologia e em Serviço Social, esta IT contém
orientações técnicas de forma prática e resumida, oferecendo aos membros deste órgão
ministerial o conceito, o arcabouço legal que normatiza aquelas instituições, além das
orientações para a adequada atuação, identificando os agentes a serem acionados em cada
situação, visto que na maioria dos casos a situação requer a atuação de agentes com poderes
dos quais não dispõem os profissionais desta Coordenação.
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SUMÁRIO
1. Conceito.................................................................................................................
2. Normatização aplicável..........................................................................................
3. Comunidade Terapêutica e trabalho em rede......................................................
4. Informações e orientações importantes................................................................
4.1 Denúncias de cárcere privado, agressões, torturas e outros crimes em
Comunidades....................................................................................................
4.2 Irregularidades sanitárias e para atestar condições sanitárias em
geral..................................................................................................................
4.3 Atuações das Unidades Técnico-Periciais da CATEP..........................................
5. Orientações para requerimento dos serviços da CATEP.........................................
6. Documentação básica necessária...........................................................................
7. Referências Bibliográficas.......................................................................................
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1. CONCEITO
Entende-se por Comunidade Terapêutica, a instituição destinada a oferecer cuidados
contínuos de saúde, de caráter residencial transitório, por até nove meses, para adultos com
necessidades clínicas estáveis decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas (art. 9º da
Portaria nº 3088, de 23 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde).
Observa-se que o adulto que coloca em risco sua vida ou de terceiros, bem como o que
apresenta alterações importantes em seu estado geral de saúde, não pode permanecer em
comunidade terapêutica. Ademais, há limitação do público como adulto, o que exclui a
possibilidade de que adolescentes residam em Comunidades Terapêuticas (art. 9º, II, Portaria
nº 3088, Ministério da Saúde).
2. NORMATIZAÇÃO APLICÁVEL
1. Lei nº 10.216, de 06 de abril de 2001 – Dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental.
2. Resolução nº 03, de 27 de outubro de 2005, do Conselho Nacional Antidroga –
CONAD (atualmente este conselho é denominado Conselho Nacional de Políticas
sobre Drogas – CONAD, conforme Lei nº 11.754, de 23 de julho de 2008). Aprova a
Política Nacional Sobre Drogas, que tem como um de seus objetivos o de implantar
e implementar rede de assistência integrada, pública e privada, intersetorial, para
pessoas com transtornos decorrentes do consumo de substâncias psicoativas,
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fundamentada em conhecimento validado e de acordo com a normatização
funcional mínima.
3. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 – Institui o Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas – SISNAD. Prescreve medidas para prevenção do uso
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; e dá
outras providências.
Ressalta-se que, conforme o art. 5º, o SISNAD tem, dentre outros objetivos, o de
contribuir para a inclusão social do cidadão e de promover a integração entre as
políticas prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas. Especificamente sobre as atividades de atenção e
reinserção, o Capítulo II aponta que essas envolvam usuários, dependentes de
drogas e seus respectivos familiares.
4. Decreto nº 7.179, de 20 de maio de 2010 – Institui o Plano Integrado de
Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, cria o seu Comitê Gestor, e dá outras
providências. Essa norma, dentre outros aspectos, reafirma objetivos voltados à
prevenção do uso, tratamento e reinserção social de usuários de crack e outras
drogas, contemplando inclusive a participação dos familiares.
5. Resolução – RDC nº 29, de 30 de junho de 20111, do Ministério da Saúde/Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Dispõe sobre os requisitos de
segurança sanitária para o funcionamento de instituições que prestem serviços de
atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de
substâncias psicoativas.
i. Art. 1º: aponta como principal instrumento terapêutico a convivência
entre os pares;
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ii. Art. 19: “No processo de admissão do residente, as instituições devem
garantir: (...) III – a permanência voluntária”.
Com base no art. 19, portanto, considera-se a permanência involuntária passível de
caracterização de cárcere privado.
Profissionais que devem atuar na Comunidade Terapêutica:
i. Art. 5º: indica a obrigatoriedade de responsável técnico de nível
superior legalmente habilitado, bem como um substituto com a mesma
qualificação;
ii. Art. 6º: determina que essas instituições devem possuir profissional que
responda pelas questões operacionais durante o seu período de
funcionamento, podendo ser o próprio responsável técnico ou pessoa
designada para tal fim;
iii. Art. 9º: aponta que as instituições devem manter também recursos
humanos em período integral, em número compatível com as
atividades desenvolvidas.
Documentos da própria Comunidade Terapêutica:
i. Art. 4º: As instituições devem possuir documento atualizado que
descreva suas finalidades e atividades administrativas, técnicas e
assistenciais;
ii. Art. 7º Cada residente das instituições abrangidas por esta Resolução
deverá possuir ficha individual em que se registre periodicamente o
atendimento dispensado, bem como as eventuais intercorrências
clínicas observadas;
iii. Art. 10: As instituições devem proporcionar ações de capacitação à
equipe, mantendo o registro;
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iv. Art. 16: A admissão será feita mediante prévia avaliação diagnóstica,
cujos dados deverão constar na ficha do residente;
v. Art. 21: As instituições devem definir e adotar critérios quanto a: I –
Alta terapêutica; II – Desistência (alta a pedido); III – Desligamento
(alta administrativa); IV – Desligamento em caso de mandado judicial;
e V – Evasão (fuga).
6. Nota Técnica nº 055/2013 CRECS/GGTES/ANVISA2 – Esclarece sobre artigos da
RDC ANVISA nº 29/2011. A nota indica que, para assumir perante a Vigilância
Sanitária a responsabilidade técnica pelas instituições reguladas pela RDC ANVISA
nº 29/2011, a habilitação necessária é formação de nível superior em qualquer
área, capacitação e experiência no atendimento a usuários de substâncias
psicoativas.
7. Portaria nº 3088, de 23 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, que
institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno
mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas,
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Essa norma indica a Comunidade Terapêutica como um dos componentes da rede
de Atenção Psicossocial e como Serviço de Atenção em Regime Residencial.
Observa-se, ainda, a determinação de intenso trabalho em rede. Nesse sentido,
destaca-se:
ii. Art. 9º, § 3º: Os serviços de que trata o inciso II deste artigo [Serviços
de Atenção em Regime Residencial, entre os quais Comunidades
Terapêuticas] funcionam de forma articulada com: I – a atenção básica,
que apoia e reforça o cuidado clínico geral dos seus usuários; e II – o
Centro de Atenção Psicossocial, que é responsável pela indicação do
acolhimento, pelo acompanhamento especializado durante este
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período, pelo planejamento da saída e pelo seguimento do cuidado,
bem como pela participação de forma ativa da articulação intersetorial
para promover a reinserção do usuário na comunidade.
1. Portaria nº 131, de 26 de janeiro de 2012, do Ministério da Saúde. Institui
incentivo financeiro de custeio destinado aos Estados, Municípios e ao Distrito
Federal para apoio ao custeio de Serviços de Atenção em Regime Residencial,
incluídas as Comunidades Terapêuticas. De acordo com essa norma:
1. Art. 13º: o ingresso de residentes no serviço de atenção em regime
residencial será condicionado ao consentimento expresso do usuário e
dependerá de avaliação prévia pelo CAPS de referência. Parágrafo
único. A entrada de novos residentes poderá ser indicada por Equipe
de Atenção Básica, em avaliação conjunta com o CAPS de referência.
Faz-se importante frisar que aguarda publicação pela Presidência do CONAD, após análise da
Consultoria Jurídica do Ministério da Justiça, a Resolução CONAD nº 01/2015. Essa
regulamenta, no âmbito do Sistema Nacional de Políticas Públicas, as entidades que realizam
o acolhimento de pessoas, em caráter voluntário, com problemas associados ao uso nocivo
ou dependência de substância psicoativa, caracterizadas como comunidades terapêuticas.
Essa resolução não excluirá a observância do disposto na RDC ANVISA nº 29/2011 ou outras
que vierem a substituí-la.
3. COMUNIDADE TERAPÊUTICA E TRABALHO EM REDE
As normativas apresentadas determinam um trabalho de tratamento e reinserção social
articulado e integrado entre as políticas públicas, especialmente entre Sistema Único de Saúde
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– SUS – e Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Assim, a Política Nacional sobre drogas,
instituída há pouco tempo, pela Resolução nº 03/2005, tem essa questão como uma de suas
diretrizes. Desde então, observa-se gradual organização de uma rede de saúde mental que
atende pessoas com sofrimento ou demandas decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e um aumento no número de
Comunidades Terapêuticas. Ressalta-se que dados recentes não estão disponíveis para
consultas.
Isto posto, considera-se importante que os residentes das Comunidades Terapêuticas e seus
familiares sejam acompanhados pela Secretaria Municipal de Assistência Social,
especificamente por Centro de Referência de Assistência Social – CRAS – ou Centro de
Referência Especializado de Assistência Social – CREAS. Esses centros identificam as condições
de cada residente e sua família, além de encaminhá-los para as diversas políticas públicas
locais, conforme a necessidade.
Ademais, retoma-se a Portaria nº 3088/2011, do Ministério da Saúde, que determina o Centro
de Atenção Psicossocial, como responsável pela indicação do acolhimento, acompanhamento
especializado durante este período e planejamento da saída.
Destaca-se o papel do Conselho Municipal sobre Drogas, órgão ao qual compete instituir e
desenvolver o Programa Municipal sobre Drogas e que pode acompanhar as Comunidades
Terapêuticas locais, de forma integrada com outras políticas locais.
Ressalta-se também o Grupo Executivo de Enfrentamento às Drogas, criado em Goiás pela Lei
nº 17.834, de 1º de novembro de 2012. Esse grupo coordena a criação dos Conselhos
Municipais de enfrentamento às drogas e do Fundo Municipal de enfrentamento às drogas,
além de mapear e cadastrar as instituições sociais no Estado de Goiás que atuam no âmbito
da prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e dependentes de drogas.
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Cita-se ainda, o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas que tem como competências
propor a política estadual de entorpecentes; elaborar planos de atuação geral; exercer
orientação normativa; supervisão, controle e fiscalização das atividades relacionadas com o
tráfico e uso de entorpecentes e substâncias que determinem dependência física ou psíquica;
e exercer outras competências, em consonância com o objetivo do Sistema Nacional de
Políticas Públicas sobre Drogas (Decreto nº 6.066/2006, do Governo do Estado de Goiás,
alterado pelo Decreto nº 6.579/2006).
Por fim, aponta-se o Termo de Compromisso e Ajustamento de Condutas (TAC), firmado entre
a 53ª Promotoria de Justiça de Goiânia, as Secretarias Municipais de Saúde e de Assistência
Social e três órgãos vinculados à Secretaria Estadual de Saúde (Grupo de Enfrentamento às
Drogas, Superintendência de Vigilância Sanitária e Superintendência de Política de Atenção
Integral à Saúde), assinado em 12/12/2014. Esse TAC surgiu a partir da necessidade de se
intensificar a regularização das Comunidades Terapêuticas de Goiânia. Criou-se então, um
grupo de trabalho com representantes da Divisão de Saúde Mental do Município, da
Secretaria Municipal de Assistência Social, Vigilância Sanitária Municipal, Superintendência de
Políticas de Atenção Integral à Saúde, do GEED, e do Conselho Municipal de Políticas sobre
Drogas de Goiânia. O TAC encontra-se em execução, esse grupo reúne-se regularmente e
algumas Comunidades Terapêuticas de Goiânia foram visitadas e orientadas a se adequarem.
De modo geral, o que se pôde observar, até o momento, indica falta de adequação das
Comunidades Terapêuticas à Resolução RDC ANVISA nº 29/2011, precariedade nos serviços
ofertados, tanto em termos estruturais e organizacionais, quanto em relação aos recursos
humanos. Esses aspectos reforçam a necessidade de um acompanhamento sistemático e
desenvolvido em rede.
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4. INFORMAÇÕES E ORIENTAÇÕES IMPORTANTES
Várias questões relativas às Comunidades Terapêuticas têm sido alvo de grandes debates no
país. Nesse sentido, destacam-se as críticas quanto à forma de trabalho dessas instituições,
que em geral não favorecem a reinserção social dos residentes, o que contraria a Política
Nacional sobre Drogas. Além disso, observam-se repetitivas indicações de que os trabalhos
desenvolvidos nas comunidades terapêuticas carecem de embasamento científico e não
contam com profissionais devidamente preparados para abordar adequadamente a
diversidade e complexidade relativa à dependência química3, 4.
Mostra-se comum a ocorrência de permanências involuntárias, inclusive de adolescentes, em
Comunidades Terapêuticas, apesar das indicações normativas de adesão e permanência
voluntária de adultos nesses locais. Dentro desse cenário chama a atenção, ainda, as
recorrentes notícias acerca de denúncias de maus-tratos, agressões, torturas e cárcere privado
em comunidades terapêuticas5, 6, 7.
Considerando-se todos os aspectos antes citados, recomenda-se que, em caso de:
4.1 Denúncias de cárcere privado, agressões, torturas e outros crimes em comunidades
terapêuticas:
Sugere-se que a situação seja imediatamente encaminhada para a Polícia Civil.
Destaca-se que nessas situações, a atuação dos profissionais da CATEP não garante as
condições necessárias para que sejam realizados exames de corpo de delito e coleta de
provas. A ação das equipes da CATEP pode, inclusive, desencadear a prática de ocultação e de
destruição de evidências. Ademais, destaca-se que em casos que envolvem denúncias de
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torturas, agressões e ameaças, as possíveis vítimas são as principais pessoas a apresentarem
relatos sobre esses fatos, sendo preciso que se garanta a sua proteção, o que também não se
encontra ao alcance da atuação dos profissionais da CATEP.
De modo distinto, à Polícia Civil compete a apuração de infrações penais dessa natureza, sua
autoria e a coleta de todas as provas que esclareçam os fatos e suas circunstâncias. Ademais,
a Polícia Civil tem a atribuição de solicitar à Polícia Cient exame de corpo de delito e quaisquer
outras perícias que se fizerem necessárias, além de providenciar a proteção dos envolvidos.
Destaca-se, por fim, o Artigo 3º do Ato PGJ 007/2015, que disciplina e delimita a atuação
funcional do corpo técnico da CATEP, além de vedá-la quando a atribuição legal para a
realização da atividade solicitada for de outros órgãos.
4.2 Avaliar condições sanitárias em geral:
Solicitar inspeção e parecer da Vigilância Sanitária Municipal ou da Vigilância Sanitária
Estadual nos municípios em que a Vigilância Sanitária Municipal não tenha estrutura para a
fiscalização ou que a inspeção feita não tenha atendido às expectativas de rigor técnico
exigido.
A Vigilância Sanitária é a responsável por este tipo de fiscalização (Lei Estadual nº 16.140, de
02 de outubro de 2007). A atuação do fiscal da vigilância sanitária inclui poder de polícia, de
modo que este pode determinar a imediata interdição do local, nos casos de irregularidades
graves constatadas. Aponta-se que em caso de interdição a Secretaria Municipal de
Assistência Social deve ser acionada para encaminhamento dos residentes para outros locais
de tratamento e /ou para os familiares.
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Ressalta-se que, se a comunidade terapêutica oferecer serviços assistenciais de saúde ou
executar procedimentos de natureza clínica distintos dos previstos na RDC nº 29/2011 em
suas dependências, deverá observar, cumulativamente às disposições trazidas por esta
Resolução, as normas sanitárias relativas a estabelecimentos de saúde.
4.3 Atuações das Unidades Técnicas da CATEP
Descartada a hipótese de pertinência da atuação policial e/ou da vigilância sanitária, e em
caso de necessidade de avaliação institucional geral de Comunidade Terapêutica:
Solicitar a atuação das Unidades da CATEP, considerando as orientações do item 5 e a
documentação apontada no item 6 da presente instrução.
É necessário que a visita dos profissionais da CATEP ocorra com o acompanhamento do
Promotor de Justiça solicitante. Isso se justifica, pois, nas inspeções em Comunidades
Terapêuticas mostra-se comum a percepção de algumas situações contrárias às normativas
postas e/ou tidas como de risco. Nesse sentido, retoma-se a corriqueira permanência
involuntária de residentes nesses locais, passível de caracterização de cárcere privado, cuja
base legal tende a ser questionada, já no momento da visita. Além disso, outro fato
recorrente, é a insegurança dos residentes, diante da proposta de entrevista pelos
profissionais da CATEP, em razão de experiências de violência vividas no local. Isso implica na
necessidade de escuta por autoridades, na garantia de proteção e na possível necessidade de
tomada de decisões imediatas.
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5. INSTRUÇÃO
As Unidades Técnico-Periciais em Psicologia e em Serviço Social atendem as solicitações das
Promotorias de Justiça do Estado de Goiás, tanto da capital quanto do interior, em
procedimentos referentes às suas áreas específicas de conhecimento.
Surgindo a necessidade de assessoria técnica, por meio de avaliação institucional, é
importante que:
1. Sejam anexadas todas as documentações que prestam informações sobre o caso,
apontadas no item 6 desta instrução;
2. Sejam formulados quesitos que delimitem as áreas a serem investigadas pelos
técnicos, a fim de que o objetivo da perícia seja alcançado;
3. Seja requisitado o assessoramento técnico por intermédio do preenchimento de anexo
único constante no Ato PGJ nº 07, de 6 de março de 2015, que disciplina e delimita a
atuação funcional do corpo técnico da Coordenação de Apoio Técnico Pericial (CATEP).
O documento preenchido deve ser endereçado ao Centro de Apoio Operacional
competente, que efetuará análise de admissibilidade do requerimento.
Ressalta-se que a assessoria técnica da CATEP, em procedimentos relativos às
Comunidades Terapêuticas, destina-se à avaliação geral de funcionamento, tendo em
vista as normativas aplicáveis, a política nacional posta e o aporte científico de cada
área específica: medicina, psicologia e serviço social. Esta avaliação feita pelas
unidades da CATEP não se aplica para investigação de denúncias relativas à agressões,
tortura e cárcere privado de residentes de Comunidades Terapêuticas. Também não
se destina à avaliação de condições sanitárias desses locais. Destaca-se que para essas
situações outros órgãos podem ser acionados, conforme detalhado no item 4 da
presente instrução. Neste sentido, faz-se importante mencionar o art. 3º, II, do Ato
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PGJ nº 07/ 2015, que veda a atuação da CATEP, quando a atribuição legal para a
realização da atividade solicitada for de outras instituições.
6. DOCUMENTAÇÃO BÁSICA NECESSÁRIA
A documentação necessária para a realização das avaliações é a seguinte:
1. Ofício da Promotoria com os quesitos.
2. Informações sobre a instituição:
i. Nome e endereço completo;
ii. Telefones de contato;
iii. Regimento/estatuto;
iv. Contrato de trabalho;
v. Modelo de ficha individual de residente;
vi. Licença da vigilância sanitária;
vii. Lista de todos os funcionários (com nome, cargo, carga horária de trabalho,
tipo de contrato de trabalho, formação e data da capacitação recebida com
documentação que a comprove), lista de todos os residentes (com nome,
data de nascimento e declaração de adesão e permanência voluntária no
local).
3. Informações sobre os proprietários da Comunidade Terapêutica:
i. Nome completo;
ii. Informações referentes a existência de ficha criminal.
4. Informações adicionais, se houver: termo de declarações, inquérito, oitivas, relatório
de atuação de outro órgão.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº
29, de 30 de junho de 2011. Dispõe sobre os requisitos de segurança sanitária para o
funcionamento de instituições que prestem serviços de atenção a pessoas com transtornos
decorrentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas. Poder Executivo,
2011.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota Técnica nº
055/2013 – GRECS/GGTES/ANVISA. Esclarecimentos sobre artigos da RDC Anvisa nº
29/2011 e sua aplicabilidade nas instituições conhecidas como Comunidades Terapêuticas
e entidades afins. Poder Executivo, 2013.
3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE MENTAL. Nota da Associação Brasileira de Saúde
Mental (ABRASME) sobre a regulamentação das Comunidades Terapêuticas. Disponível
em: <https://abrasmesp.wordpress.com/2014/11/19/nota-da-associacao-brasileira-de-
saude-mental-abrasme-sobre-a-regulamentacao-das-comunidades-terapeutica/>. Acesso
em: 17 de junho de 2015.
4. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Nota sobre a regulamentação das Comunidades
Terapêuticas: contribuições do Conselho Federal de Serviço Social para o debate.
Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/comunidade-terapeutica-
2014timbradocfess.pdf>. Acesso em: 16 de junho de 2015.
5. SÃO PAULO. DEFENSORIA PÚBLICA. Defensoria Pública de SP obtém interdição de clínica
para dependentes químicos por maus tratos e tortura. 18 de dezembro de 2014.
Disponível em:
<http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Conteudos/Noticias/NoticiaMostra.aspx?idItem
=53253&idPagina=1&flaDestaque=V>. Acesso em: 17 de junho de 2015.
6. ROSA, Cristina. Ministério Público do Estado de Goiás. Notícia sobre a Operação Monte
Cristo: oferecida denúncia contra danos de clínica de recuperação em Cachoeira Dourada.
17 de junho de 2014. Disponível em: <http://www.mpgo.mp.br/portal/noticia/operacao-
monte-cristo-oferecida-denuncia-contra-donos-de-clinica-de-recuperacao-em-cachoeira-
dourada>. Acesso em: 17 de junho de 2015.
7. G1 TRIÂNGULO MINEIRO. SÓCIOS de clínica terapêutica são denunciados por tortura em
Minas Gerais. 20 de abril de 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/minas-
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gerais/triangulo-mineiro/noticia/2015/04/socios-de-clinica-terapeutica-sao-denunciados-
por-tortura-em-mg.html>. Acesso em: 17 de junho de 2015.
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