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CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA GABINETE DO CORREGEDOR-GERAL
Processo nº 2017/9136 – Decisão – CGJ - SE/02
Processo nº: 2017/7753.
Requerentes: Islaísla da Silva Pereira, Ismaíla da Silva Pereira e Nathalie da Silva
Pereira.
Requerido: Cartório do 1º Registro de Imóveis de Maceió/AL.
DECISÃO
Islaísla da Silva Pereira, Ismaíla da Silva Pereira e
Nathalie da Silva Pereira apresentaram reclamação disciplinar em face do Cartório
do 1º Registro de Imóveis de Maceió/AL, requerendo a apuração dos fatos e
instauração do competente “... processo administrativo disciplinar para aplicação da
penalidade cabível e prevista em lei para a espécie, e, com base nos arts. 214, 250,
inciso III e 253 da lei nº 6.015/73, requer que seja expedido o impedimento dos
registros requeridos, que sejam bloqueadas as matrículas (...) como determina a lei. ...”
(= sic) documento de ID nº 261633.
Em síntese, alegam, as requerentes, que:
(a) – “... As requerentes são filhas do Sr. Adelmo Pereira,
falecido em 05/10/2016 ...” (= sic) documento de ID nº 250577;
(b) – “... ao se dirigirem aos cartórios competentes dos
imóveis deixados pelo Sr. Adelmo para solicitarem as respectivas certidões, tomaram
conhecimento do requerimento de averbação de uma empresa, qual seja: ADM
ADMINISTRADORA DE BENS E DIREITOS LTDA, registrada em 04/08/2016, com
CNPJ de nº 25.369.585/0001-42, em que consta todo o patrimônio do falecido pai, em
que cinco de seus irmãos figuram como sócios da “holding patrimonial” ...” (= sic)
documento de ID nº 250577;
(c) – “... O cartório em questão é um dos quais foi deito o
requerimento de averbação (referente aos imóveis de matrículas de números: 73161 e
5724), após a morte do Sr. Adelmo, junto à ADM ADMINISTRADORA DE BENS E
DIREITOS LTDA, no entanto, ainda não foi feita a integralização, pois segundo
funcionários do cartório, algumas pendências para a sua realização foram encontradas,
estando aguardando somente o atendimento das mesmas para que se prossiga o registro.
...” (= sic) documento de ID nº 250577;
(d) – “... a averbação da empresa de administração de
bens e direitos junto aos imóveis deveria ter sido feita antes do falecimento do sócio
majoritário, que era o proprietário dos bens, e não após a sua morte, ainda mais sem
avisar oficialmente aos cartórios tal fato, agindo os demais sócios como se vivo fosse o
sócio majoritário da empresa para requerer a averbação dos bens. ...”. (= sic)
documentos de ID nº 250577;
Devidamente notificado, o delegatário responsável pelo
Cartório do 1º Registro de Imóveis de Maceió/AL respondeu que:
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“… em data de 23 de novembro do ano de 2016,
protocolo auxiliar de nº 198.8888, foi prenotado neste 1º
Registro o título “Requerimento para Integralização do
Capital Social” em face da empresa ADM
Administradora de Bens e Direitos LTDA. Após análise
do referido título o título foi devolvido a parte
interessada, através de nota de devolução (…) Em data
de 07 de dezembro de 2016, o título foi retirado para
cumprimento das exigências (…) pela Sra. Denise
Barroso Pereira da Silva, e até o momento não retornou..
As alegações das reclamantes de que este 1º Registro de
Imóveis está a praticar ato de registro em desacordo com
a Lei 6.015/73, são descabidas e destituídas de amparo
legal. Cabe observar-se que o título prenotado no P.A de
nº 198.888, trata-se de instrumento particular de
integralização de Capital Social, que foi analisado,
registrado e arquivado na Junta Comercial deste Estado.
E mais, o referido título não trata de direitos de imóveis
de matrículas nºs 73161 e 5724. De forma que são
desproporcionais, tendenciosas e de má-fé as alegações
das reclamantes, vez que este Oficial do 1º Registro
Geral de Imóveis e Hipotecas de Maceió-AL., não
praticou quaisquer atos contrários das disposições da Lei
nº 6.015/73, ou a outros dispositivos legais pertinentes,
no exame e exigências apresentadas, que precisam ser
atendidas pela parte interessa para ser possível o registro
do título apresentado. Informo ainda a Vossa Excelência
que até a presente data não foi recepcionado por este 1º
Registro qualquer determinação judicial que venha a
impedir o registro do título retro mencionado em nome
da empresa ADM Administradora de Bens e Direitos
LTDA, relativo aos imóveis objetos das matrículas
mencionadas. ...” (=sic) documento de ID nº 265902.
Via de consequência, instadas as requerentes para se
pronunciar sobre a resposta do reclamado, aduziram que:
(a) – “... são herdeiras necessárias do Sr. Adelmo
Pereira, proprietário dos bens imóveis descritos no capital social da empresa, em que
beneficia somente alguns de seus herdeiros. ...” (= sic) documento de ID nº 271662;
(b) – “... o valor total do capital social de R$
6.905.375,00 (seis milhões novecentos e cinco mil e trezentos e setenta e cinco reais)
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não corresponde nem a 1/3 do valor real e atual devido, o que por si só já comprova
claramente à tentativa de fraude à legítima aos demais herdeiros, que será discutida
JUDICIALMENTE, pois os cinco filhos seriam detentores de muito mais do que a sua
porcentagem descreve no contrato, favorecendo-os e colocando os demais herdeiros em
total desvantagem, pois embora também herdeiros necessários, não foram
“contemplados” a participar da sociedade patrimonial e familiar de administração de
bens e direitos. Ademais, o valor integralizado por cada filho/sócio deverá ser
comprovado na integralização à época da constituição da sociedade, bem como a sua
fonte, o que será discutido no processo de inventário. ...” (=sic) documento de ID nº
271662;
(c) – “... Mais do que uma “práxis” cartorária, a
integralização através de imóveis deve ser realizada pelo sócio subscritor, não se
aplicando o que determina o art. 64 da Lei 8.934, em virtude dos imóveis a serem
integralizados no patrimônio serem comuns entre o sócio majoritário Sr. Adelmo e a
inventariante, devendo a concordância deste ser representada por meio de escritura
pública, pelo fato da inventariante não possuir a condição de sócia para que a
transferência ocorra por instrumento particular. ...” (= sic) documento de ID nº 271662;
(d) – “... a integralização do capital social em questão
não está dentro das formalidades e incorre nitidamente em ilicitude e fraude, pois apesar
da obrigação que prevê a lei, as outras filhas/herdeiras não foram anuentes do negócio,
ficando prejudicadas e tratadas desigualmente em face aos filhos cotistas com o valor
discrepante descrito no capital social da sociedade com o valor real a que esta
corresponde, o que por si só configura a fraude, não podendo ainda ser os imóveis
integralizados, em face da obrigatoriedade de ter sido feita a averbação pelo sócio
subscritor do patrimônio (…) Ante o exposto, pelas razões de fato e de direito acima
mencionadas, o requerido deve ficar ciente de que n]ão poderá realizar a averbação dos
bens em nome do Sr. Adelmo Pereira, para a sociedade ADM ADMINISTRADORA DE
BENS E DIREITOS LTDA (CNPJ nº 25.369.589/0001-42), razão pela qual as
requerentes requerem a V. Exa. a plicação do art. 214 da Lei nº 6.015/73, bem como que
sejam bloqueadas todas as matrículas dos imóveis registrados no cartório requerido ...”
(= sic) documento de ID nº 271662.
Na sequência, o Juiz Auxiliar desta Corregedoria-Geral
da Justiça, à época, - Dr. Geraldo Cavalcante Amorim – , opinou no seguinte sentido:
“… não vislumbrando nenhum ato supostamente
irregular que reclame apuração de eventual falta
funcional praticada pelo responsável pela Serventia
Extrajudicial em testilha, firme nas razões acima
esposadas e com espeque nos dispositivos legais
alhures transcritos, OPINO da seguinte forma: (a) pela
declaração de incompetência desta Corregedoria-Geral de
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Justiça para apreciar os pedidos formulados pelas
requerentes, uma vez que versam sobre disposições
afeitas ao Direito Sucessório no âmbito empresarial; (b)
pelo arquivamento dos autos. ...” (= sic) documento de
ID nº 349159.
É o relatório.
De início, impende registrar a competência desta
Corregedoria-Geral da Justiça, tal como órgão orientador e fiscalizador, para
supervisionar e orientar a atividade dos Registradores de Imóveis do Estado de Alagoas,
nos termos dos art. 41 da Lei Estadual nº 6.564/2005 - Código de Organização
Judiciária de Alagoas – COJAL –, verbis:
“Art. 41. Compete ao Corregedor-Geral da Justiça
dirigir, coordenar, supervisionar e avaliar as
atividades da Corregedoria-Geral da Justiça, órgão
de orientação, fiscalização e disciplina das atividades
jurisdicionais e auxiliares da justiça, com jurisdição
abrangente de todo o território estadual.”
Em parecer exarado dos autos – cf. documento de ID nº
349159 -, o Juiz Auxiliar desta Corregedoria-Geral da Justiça, à época, - Dr. Geraldo
Cavalcante Amorim – pronunciou-se nos termos a seguir:
“...Ab initio, cumpre consignar que a Constituição Federal
dispõe que incumbe ao Poder Judiciário, dentre outras atribuições, a fiscalização dos atos dos notários e
registradores, nos seguintes termos:
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento)
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e
criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. (grifos aditados).
Além disso, a Lei nº 8.935/94 - que dispõe sobre a atividade
notarial e de registro - aduz, em seu art. 37, que cabe, de igual forma, ao Poder Judiciário, através do Juízo competente
definido no âmbito estadual e do Distrito Federal, a
fiscalização de seus atos. Confira-se:
“ Art. 37. A fiscalização judiciária dos atos notariais e de registro,
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mencionados nos arts. 6º a 13, será exercida pelo juízo competente, assim
definido na órbita estadual e do Distrito Federal, sempre que necessário, ou mediante representação de qualquer interessado, quando da inobservância de obrigação legal por parte de notário ou de oficial de registro, ou de seus prepostos. Parágrafo único. Quando, em autos ou papéis de que conhecer, o Juiz verificar a existência de crime de ação pública, remeterá ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.” (sem os grifos no original).
Pois bem. Depreende-se que o presente processo foi
instaurado com o escopo de apurar conduta ilegal
supostamente praticada por responsável por Serventia Extrajudicial, em razão de pedido de integralização de
patrimônio particular como quota social da empresa ADM
ADMINISTRADORA DE BENS E DIREITOS LTDA após a
morte do seu sócio majoritário.
Isto posto, impende registrar que o Código Civil Brasileiro
(Lei 10.406, de 10/01/2002), dispõe sobre a resolução de Sociedade Limitada em relação a um sócio, na sua Seção V,
tratando expressamente da morte de um dos sócios, como
disposto abaixo:
“Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: I - se o contrato dispuser diferentemente; II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio
falecido. (...) Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um
sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente
realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com
base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução,
verificada em balanço especialmente levantado. § 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os
demais sócios suprirem o valor da quota. § 2o A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias,
a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em
contrário. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a
seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores,
até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois
primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se
requerer a averbação.”
Demais disso, o Código de Processo Civil Brasileiro dispõe
sobre a ação competente para dissolução parcial da sociedade,
notadamente em seu Capítulo V (da Ação de Dissolução
Parcial de Sociedade), que dispõe:
“Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por
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objeto: I - a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em
relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada
ou recesso; e II - a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o
direito de retirada ou recesso; ou III - somente a resolução ou a apuração de haveres. § 1o A petição inicial será necessariamente instruída com o contrato
social consolidado. (...) Art. 600. A ação pode ser proposta: I - pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não
ingressar na sociedade; II - pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido; III - pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso
do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse
direito decorrer do contrato social; (...) Art. 604. Para apuração dos haveres, o juiz: I - fixará a data da resolução da sociedade; II - definirá o critério de apuração dos haveres à vista do disposto no
contrato social; e III - nomeará o perito. § 1o O juiz determinará à sociedade ou aos sócios que nela
permanecerem que depositem em juízo a parte incontroversa dos
haveres devidos. § 2o O depósito poderá ser, desde logo, levantando pelo ex-sócio, pelo
espólio ou pelos sucessores. § 3o Se o contrato social estabelecer o pagamento dos haveres, será
observado o que nele se dispôs no depósito judicial da parte
incontroversa. Art. 605. A data da resolução da sociedade será: I - no caso de falecimento do sócio, a do óbito; (...) Art. 606. Em caso de omissão do contrato social, o juiz definirá, como
critério de apuração de haveres, o valor patrimonial apurado em
balanço de determinação, tomando-se por referência a data da
resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis e intangíveis,
a preço de saída, além do passivo também a ser apurado de igual forma. Parágrafo único. Em todos os casos em que seja necessária a realização
de perícia, a nomeação do perito recairá preferencialmente sobre
especialista em avaliação de sociedades. Art. 607. A data da resolução e o critério de apuração de haveres
podem ser revistos pelo juiz, a pedido da parte, a qualquer tempo antes
do início da perícia. Art. 608. Até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-sócio,
ao espólio ou aos sucessores a participação nos lucros ou os juros sobre
o capital próprio declarados pela sociedade e, se for o caso, a
remuneração como administrador. Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex-sócio, o espólio ou os
sucessores terão direito apenas à correção monetária dos valores
apurados e aos juros contratuais ou legais. Art. 609. Uma vez apurados, os haveres do sócio retirante serão pagos
conforme disciplinar o contrato social e, no silêncio deste, nos termos do
§ 2o do art. 1.031 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil).”
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Nessa esteira, veja-se o que dispõe o Contrato Social (págs.
13-49 dos autos do processo nº 2017/7931) sobre o tema: “CLÁUSULA QUINTA:(...) Parágrafo quinto: As quotas do capitai da Sociedade não podem ser
utilizadas pelos sócios para garantir obrigações destes perante terceiros,
sendo vedada a penhora das quotas desta Sociedade para a garantia de
obrigações particulares dos sócios, até porque nenhum estranho será
recebido neste ambiente social sem a concordância de todos os sócios,
ou daqueles que representem a maioria do capital social. Fica
devidamente acordado pelos signatários contratantes que as quotas da
Sociedade não poderão ser caucionadas, empenhadas, oneradas ou
mesmo gravadas, total ou parcialmente, a qualquer título, salvo se com
autorização de sócios que representem a maioria absoluta do capital
social.
Parágrafo Sexto: As proibições expressas no parágrafo antecedente
impedem, inclusive, a Inclusão de sócios pela apresentação das quotas
em hasta pública, pela adjudicação judicial ou por decorrência de
execuções ou qualquer processo judicial contra sócios ou a própria
Sociedade, salvo com autorização expressa dos sócios que representem a
maioria do capital social.
CLAÚSULA SEXTA: Da Administração de Sociedade 6.1. A administração da sociedade será exercida peto sócio ADELMO
PEREIRA, isoladamente, que fica investido e autorizado a praticar
quaisquer atos necessários à administração ordinária da Sociedade (...)
Parágrafo Terceiro: Nas hipóteses de ausências declaradas pelo próprio
Sócio Administrador ou nas ausências por impossibilidades médicas
devidamente atestadas, a administração temporária da Sociedade será
exercida, conjuntamente, pelos sócios TEÓFILO JOSÉ BARROSO
PEREIRA e NOÊMIA MARIA BARROSO PEREIRA SANTOS, com
todos os poderes conferidos ao sócio-administrador, exceto para
alienação de bens da sociedade de valores superiores a r$ 30.000,00
(trinta mil reais).
Parágrafo Quarto: Em caso de afastamento definitivo, a administração
da Sociedade será exercida na forma do Parágrafo anterior, sendo o
curador nomeado, em se tratando de incapacidade civil, responsável
pela fiscalização dos atos praticados. Em caso de falecimento, o
Inventariante designado por ato de vontade do de cujus ou
judicialmente.” Na trilha desse desiderato, essencial registrar que a quota
social do sócio ADELMO PEREIRA deverá ser liquidada e partilhada entre seus herdeiros, o que requer que os bens e
haveres sejam devidamente apurados e inventariados por meio
das ações competentes, o que requer, sem sombra de dúvida, o recurso à atividade jurisdicional do Poder Judiciário. Da atenta leitura do artigo 42, do Código de Organização
Judiciária do Estado de Alagoas, não é dada à esta Corregedoria-Geral da Justiça versar sobre o assunto que,
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como dito, é expressamente regulado pelo Código Civil e pelo
Código de Processo Civil Brasileiro, que devem ser
integralmente aplicados ao caso naquilo que for pertinente. Assim sendo, verifica-se que já existe Ação de Inventário
tombada sob o número 0706055-56.2016.8.02.005, em trâmite
perante a 9ª Vara Cível – Sucessões – da Comarca de Arapiraca – AL, em que foi nomeada como inventariante a
Sra. Margarida Barroso Pereira, a quem compete a
administração da Empresa registrada sob o CNPJ nº 25.369.585/0001-42, por força do parágrafo quarto da
Cláusula Sexta do Contrato Social da Sociedade, devidamente
registrado na Junta Social, em 04/08/2016, sob o nº
27200608742. A respeito da sucessão empresarial, confira-se o ensinamento
de Anderson Bellini Aloísio:
A sucessão na empresa é – sobremaneira nas sociedades ditas contratuais, onde a Sociedade Limitada é o exemplo mais
comum - uma questão que pode e deve ser tratada no
contrato social. A participação do sócio em uma sociedade, abarca fundamentalmente duas dimensões: a) o direito de
concorrer no acervo social (patrimônio), que significa em
termos leigos, ser “dono” de uma fração da empresa, correspondente ao percentual de sua participação e b) o direito
de participar das decisões da sociedade, seja através da
fiscalização, seja através do direito de voto,
exemplificativamente. O falecimento do sócio,
forçosamente, obriga que a situação descrita no item “a”
supra, ou seja, aquela relativa a situação patrimonial das
quotas do sócio falecido, seja resolvida. E somente pode ser
resolvida de duas formas: 1) com o ingresso dos herdeiros
na sociedade (hipótese onde os sucessores continuam donos
da mesma “parte” da empresa que o falecido detinha) ou
2) com o pagamento do equivalente em dinheiro, em
relação a “parte” que o sócio detinha na sociedade (exceto,
evidentemente, no caso da apuração dos haveres do sócio
falecido, encontrar resultado negativo). Assim, a situação
patrimonial das quotas do sócio falecido, deve ser
resolvida de uma das duas formas acima exemplificadas,
não podendo o contrato social prever que, em caso de
falecimento, nada se pague aos herdeiros e, ao mesmo
tempo, se impeça o seu ingresso no quadro social. Veda-se
aqui o enriquecimento sem causa dos sócios que
remanescem na sociedade.1
1 ALOÍSIO, Anderson Bellini. O falecimento de sócio e a sucessão na empresa. In Bellini Aloisio
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Elucidada a questão da competência e da necessidade de Ação
Judicial para debate do mérito da Reclamação, cabe somente esclarecer que a hipótese de transferência de bens particulares
à Sociedade Limitada não se trata de questão afeita à
averbação, mas sim registro, nos termos do art. 167, da Lei 6.015/73, verbis: “Art. 167 - No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão
feitos. (Renumerado do art. 168 com nova redação pela Lei
nº 6.216, de 1975). I - o registro: (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975). (...) 32) da transferência, de imóvel a sociedade, quando integrar quota
social;” Aqui, vale lembrar que registro e averbação não são
sinônimos, mas formalidades legais distintas. O primeiro é
exigido para os casos em que há mutação patrimonial. Por seu turno, a averbação destinar-se-á aos negócios jurídicos que
simplesmente alterem a situação registral. Neste aspecto, é
valiosa a explanação de Clícia Roquetto, abaixo transcrita: “O artigo 167 da Lei nº 6.015/1973 elenca o rol dos atos que serão registrados e os que serão averbados no Registro de Imóveis. O rol de registros apresentado no inciso I é numerus clausus, e, conforme ensina Luiz Guilherme Loureiro, essa enumeração taxativa tem uma justificativa legítima; vejamos: ‘A enumeração taxativa dos direitos registráveis tem uma justificativa legítima: interessa ao sistema registral, notadamente, o ingresso de títulos que efetivamente impliquem mutação jurídico-real do imóvel. A recepção de outros títulos não é possível porque o registro nada lhes
acrescentaria de útil, salvo quando lei expressamente dispuser em contrário.’ Diferentemente não é o entendimento da autora Alyne Yumi Konno, que explica: ‘Embora seja defendido por muitos que o Registro de Imóveis deva ser o repositório de todos os fatos relacionados ao imóvel, e que não deveria haver limites ao que possa ser registrado ou averbado (numerus apertus), a taxatividade impede que atos irrelevantes ou que visem apenas causar prejuízos ao detentor do direito real possam alcançar indevidamente o fólio real.’ Por outro lado, podemos afirmar que o rol apresentado no inciso II é
meramente exemplificativo, diante do disposto no art. 246 desta lei, que adminite a averbação de qualquer ocorrência que altere o registro. Os atos de registro e averbação disposto no art. 167 da Lei nº 6.015/1973 são obrigatórios e deverão ser efetuados na Serventia da Circunscrição do Imóvel.”2
Demais disso, a anulação do negócio jurídico que tenha sido
Advogados Associados, 14.09.2011. Disponível em: <http://baaa.com.br/2011/09/o-falecimento-de-socio-e-a-sucessao-na-empresa/> Acesso em: 13/10/2017.
2 ROQUETTO, Clícia. Leis notariais e Registrais. Leis Especiais Comentadas para Concursos. São
Paulo: Rideel, 2016. p. 491.
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eventualmente praticado por alguns herdeiros em detrimento
de outros é matéria afeita à ação ordinária cabível (anulatória),
a fim de que sejam desfeitos quaisquer efeitos jurídicos que tenham sido irregularmente produzidos, se esta for a
determinação judicial alcançada ao final do processo, em
observância ao artigo 5º, inciso XXXV3, da CF, c/c artigo 3º, do CPC/154. De mais a mais, aberta a sucessão (Art. 1.784,
CC), toda e qualquer questão patrimonial deve ser analisada
pelo juízo competente, na Ação de Inventário respectiva, in casu, autos do processo nº 0706055-56.2016.8.02.005. ...”
(=sic) documento de ID nº 349159.
Na sequência, por não vislumbrar a ocorrência de ato
supostamente irregular que reclame apuração de eventual falta funcional praticada pelo
responsável pela Serventia Extrajudicial em testilha, forte nos dispositivos legais, bem
como nos entendimentos jurisprudenciais e doutrinários esposados no suso mencionado
parecer, o Dr. Geraldo Cavalcanti Amorim, Juiz Auxiliar de Direito Auxiliar desta
Corregedoria-Geral da Justiça de Alagoas, à época, opinou “... (a) pela declaração de
incompetência desta Corregedoria-Geral de Justiça para apreciar os pedidos formulados
pelas requerentes, uma vez que versam sobre disposições afeitas ao Direito Sucessório
no âmbito empresarial; (b) pelo arquivamento dos autos. ...” (= sic) documento de ID nº
349159.
Em verdade, na hipótese vertente, inexistem indícios de
infração funcional a ser apurada por este Órgão Censor, mormente porque versa sobre
matéria jungida à competência jurisdicional do Magistrado da 9ª Vara de Arapiraca –
AL, vez que ali tramitam os autos da Ação de Inventário nº 0706055-
56.2016.8.02.0058.
No ponto, impende asseverar que, com a morte da pessoa
natural, abre-se a sucessão5, no lugar do último domicílio do de cujus, sendo que, por
meio desta, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros, nos termos dos artigos
1.784 e 1.785, do Código Civil Brasileiro, a seguir transcritos:
“Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-
se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último
domicílio do falecido.
(...)
3 A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 4 Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 5 Código Civil Brasileiro, Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,
quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
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Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento,
transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo
ocorrerá quanto aos bens que não forem
compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão
legítima se o testamento caducar, ou for julgado
nulo.”
A respeito do tema, são valiosas as lições de Francisco
José Cahali e Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka:
“... Nos termos do art. 6.º do Código Civil, a
existência da pessoa natural termina com a sua morte, ainda que presumida nos
termos da lei (CC, art. 6.º e 7.º). Este é o momento exato da abertura da sucessão,
também chamada de delação, ou devolução sucessória, ou delação hereditária.
Sem solução de continuidade, pois as relações
jurídicas não podem ficar privadas de um titular, opera-se ipso jure, com o
falecimento, a transmissão da herança; e esta substituição, do de cujus aos seus
herdeiros, se faz automaticamente, no plano jurídico, sem qualquer outra
formalidade, ainda que, no plano fático, os sucessores ignorem o falecimento. Para
o direito, o próprio falecido transmite aos sucessores o seu acerco patrimonial.
Este princípio é chamado droit de saisine, e vem
expresso (...) É conveniente deixar claro que a abertura da sucessão ocorre com a
morte e não se confunde com a abertura do inventário, fato este só instaurado com
a provocação judicial comunicando o falecimento, ou para as hipóteses de
inventário extrajudicial, quando é lavrada a escritura pública correspondente. ...”
(= CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes.
Direito das sucessões. 5. ed. rev. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014.
pp. 37-38)
Ademais, quanto ao processo de Inventário Judicial,
esclarecem os autores que:
“... o Inventário é o meio pelo qual se promove a
efetiva transferência da herança aos respectivos herdeiros, embora, no plano
jurídico, (e fictício, como visto), a transmissão do acervo se opere no exato instante
do falecimento.
Através dele, faz-se a identificação dos sucessores, da
herança, das eventuais dívidas e obrigações deixadas pelo falecido, para futura
partilha ou adjudicação do resultado aos herdeiros. Quando judicial, em seu curso,
também serão promovidos os atos de posse e administração e liquidação da
herança, pagamento de impostos de transmissão causa mortis, são prestadas
contas, definidos e individualizados os quinhões hereditários, identificados os
legados e legatários, verificadas eventuais substituições e acréscimos etc, tudo para
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regularizar juridicamente a sub-rogação dos sucessores na titularidade das
relações jurídicas objeto da sucessão causa mortis. (...)
Como regra, o inventário judicial é a sede própria
para a discussão e solução de todas as questões de direito e as de fato, estas quando
se acharem comprovadas por documento, relacionadas à sucessão, remetendo-se
para os meios ordinários os conflitos que demandarem alta indagação ou
dependerem de instrução probatória. Isso porque o inventário não se presta a
solucionar conflitos que reclamem discussões mais complexas ou produção de
provas com mais vagar.
O próprio diploma processual, em seus arts. 1.000 e
1.001, já indica a questão relacionada à disputa sobre qualidade de herdeiro como
de provável alta indagação, também assim sinalizando para as discussões sobre
colação de bens (Art. 1.016, §2.º; PNCPC, art. 627, §2º), pagamento de credores
(Art. 1.018, caput; PNCPC, art. 629), ação de sonegados (art. 994; PNCPC, art.
607), embora, conforme o caso, possa ser decidida nos autos de inventário se
disponíveis elementos suficientes a um juízo de certeza. Antiga jurisprudência já
excluía da análise em inventário questões relativas à validade do casamento e
reconhecimento de “filiação legítima”. Recentemente, remetem-se às vias
ordinárias os conflitos relacionados à deserdação (RT 726/269), colação de bens
(RT 615/50), incidente de falsidade de assinatura em instrumento de cessão de
cotas societárias (RT 640/92), e decidem-se nos próprios autos “polêmicas em torno
de laudo pericial sobre apuração de haveres de espólio” (RT 646/77) e “discussão
relativa a depósitos judiciais”. ...” (=CAHALI, Francisco José; HIRONAKA,
Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das sucessões. 5. ed. rev. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2014. pp.420-422)
A propósito, prevê o Capítulo VI – Do Inventário e da
Partilha -, Seção I – Disposições Gerais -, notadamente no artigo 612, do Novel Código
Processual Civil6, que, verbis:
“Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito
desde que os fatos relevantes estejam provados por
documento, só remetendo para as vias ordinárias as
questões que dependerem de outras provas.”
Em fidedigna atenção ao dispositivo legal suso
6 O art. 612 substituiu a antiga previsão do art. 984 do CPC/73, verbis: “... O juiz decidirá todas as
questões de direito e também as questões de fato, quando este se achar provado por documento, só
remetendo para os meios ordinários as que demandarem alta indagação ou dependerem de outras
provas. ...”
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mencionado, a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça associa as questões de
“alta indagação” à maior ou menor extensão da dilação probatória, consoante acórdãos
a seguir ementados:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DAS
SUCESSÕES. ESPÓLIO. AÇÃO DE
CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
CUMULADA COM DEPÓSITO. CONTRATO DE
PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE BEM
IMÓVEL. JUÍZO DO INVENTÁRIO.
COMPETÊNCIA.
1. Trata-se de recurso especial interposto contra
acórdão que anulou todos os atos judiciais praticados
desde a citação pelo juízo do inventário e determinou
a redistribuição do feito ao juízo cível.
2. Os autos versam sobre ação de obrigação de fazer
cumulada com depósito na qual se pretende depositar
a última parcela destinada ao pagamento de imóvel
rural, nos termos do contrato de promessa de compra
e venda, assim como, suprindo o consentimento não
dado em vida por uma das promitentes vendedoras,
obter a outorga da escritura definitiva.
3. O processo de inventário, em que se discute apenas
questões de direito, destina-se, em regra, a dividir o
patrimônio do falecido entre os herdeiros. Ainda que
tenha apenas um sucessor, o procedimento é
indispensável, pois, de qualquer modo, faz-se
necessária descrição pormenorizada de todos os bens
que o integram e das dívidas que devem ser
satisfeitas.
4. As questões do inventário que demandam "alta
indagação" ou "dependerem de outras provas"
devem ser resolvidas pelos meios ordinários, nos
termos do art. 984 do Código de Processo Civil, o que
não significa necessariamente o afastamento do juízo
do inventário.
5. Destaca-se a diferença entre juízo e processo. Ao
determinar a remessa para os meios ordinários, a lei
processual não pretende o afastamento do juízo do
inventário de debate a respeito de tema relacionado
com a herança, mas que matéria probatória não seja
conduzida no processo de inventário, em que se
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discute apenas questões de direito.
6. Se a ação relaciona-se com a herança, muito
embora observe o rito ordinário, por comportar, em
tese, dilação probatória, não há óbice para que tenha
seu curso regular perante o juízo do inventário.
7. Recurso especial provido.
(= STJ, REsp 1558007/MA, TERCEIRA TURMA,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
Acórdão unânime de 15/12/2015, DJe 02/02/2016)
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA.
JUÍZO DA VARA DE SUCESSÕES E JUÍZO DA
VARA CÍVEL. INVENTÁRIO. DISSOLUÇÃO
PARCIAL DE SOCIEDADES. APURAÇÃO DE
HAVERES. ARTS. 984 E 993, PARÁGRAFO
ÚNICO, II, DO CPC. QUESTÕES DE ALTA
INDAGAÇÃO. EXTENSA DILAÇÃO
PROBATÓRIA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA
VARA CÍVEL. RECURSO PROVIDO.
1. "Cabe ao juízo do inventário decidir, nos termos do
art. 984 do CPC, 'todas as questões de direito e
também as questões de fato, quando este se achar
provado por documento, só remetendo para os meios
ordinários as que demandarem alta indagação ou
dependerem de outras provas', entendidas como de
'alta indagação' aquelas questões que não puderem
ser provadas nos autos do inventário" (REsp n.
450.951/DF).
2. Questões de alta indagação, por exigirem extensa
dilação probatória, extrapolam a cognição do juízo do
inventário, para onde devem ser remetidos apenas os
resultados da apuração definitiva dos haveres.
Interpretação dos arts. 984 e 993, parágrafo único, II,
do CPC.
3. É no juízo cível que haverá lugar para a dissolução
parcial das sociedades limitadas e consequente
apuração de haveres do de cujus, visto que, nessa via
ordinária, deve ser esmiuçado, caso a caso, o alcance
dos direitos e obrigações das partes interessadas - os
quotistas e as próprias sociedades limitadas,
indiferentes ao desate do processo de inventário.
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4. Cabe ao juízo do inventário a atribuição
jurisdicional de descrever o saldo advindo com a
liquidação das sociedades comerciais e dar à herança
a devida partilha, não comportando seu limitado
procedimento questões mais complexas que não
aquelas voltadas para o levantamento, descrição e
liquidação do espólio.
5. Recurso especial provido.
(= STJ, REsp 1459192/CE, TERCEIRA TURMA,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, Acórdão por maioria de 23/06/2015, DJe
12/08/2015)
RECURSO ESPECIAL. INVENTÁRIO.
APURAÇÃO DE HAVERES. PROCEDIMENTO
AUTÔNOMO. REMESSA AOS MEIOS
ORDINÁRIOS. POSSIBILIDADE.
INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DE FAMÍLIA E
SUCESSÕES. NÃO CONFIGURAÇÃO. NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO
OCORRÊNCIA.
1. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional
se o tribunal de origem motiva adequadamente sua
decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação
do direito que entende cabível à hipótese, apenas não
no sentido pretendido pela parte.
2. As perícias técnicas (contábil e de engenharia)
realizadas em primeira instância foram acolhidas
tanto pela sentença quanto pelo Tribunal local, que
afastaram a existência de qualquer irregularidade ou
ilegalidade nos referidos trabalhos. Desse modo, a
insatisfação da recorrente no que tange ao resultado
do conjunto probatório-pericial que lhe é
desfavorável não se confunde com violação dos
citados dispositivos legais nem implica o cerceamento
de sua defesa.
3. Não há direito de produção de prova técnica em
segunda instância. Cabe ao órgão judicante,
destinatário das provas, acolher ou refutar o conjunto
probatório delineado pelas partes e produzido pelos
auxiliares da justiça - como, no caso, o perito -, em
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decisão necessariamente motivada, como fez o aresto
combatido.
4. O êxito da pretensão recursal depende tanto de se
infirmar a certeza que ora se extrai dos autos acerca
da adequação e regularidade das provas periciais
quanto de rever as conclusões de ambas as instâncias
de cognição plena pela sua validade. Incidência da
Súmula nº 7/STJ.
5. A mera inversão da ordem procedimental - qual
seja, o julgamento da apelação antes de apreciado o
agravo retido interposto -, por si só, não conduz à
nulidade do julgamento. Para tanto, é necessário que
seja demonstrado e comprovado que a parte sofreu
prejuízo, o que não ocorreu no presente caso.
6. As instâncias ordinárias afastaram corretamente a
existência de enriquecimento sem causa dos ora
recorridos, o que atrai o óbice da Súmula nº 7/STJ.
7. A distribuição da apuração de haveres ao Juízo
pelo qual se processou o inventário não ofende
nenhuma norma de direito federal. Pelo contrário, a
interpretação conjugada da legislação processual que
trata especificamente da matéria leva à conclusão de
que o procedimento adotado pelas instâncias
ordinárias encontra-se hígido e em conformidade com
as disposições legais.
8. O CPC determina que as questões decorrentes do
inventário ou da partilha que demandarem "alta
indagação" ou "dependerem de outras provas" sejam
remetidas aos meios ordinários. Portanto, a "remessa
aos meios ordinários" significa, essencialmente, que o
juiz deve processar o incidente pelos meios
ordinários, em apartado dos autos do inventário.
9. O fato de a lei prescrever que o juiz determine a
apuração de haveres não exclui do herdeiro o seu
direito subjetivo público de ação, a quem remanesce a
faculdade de propô-la de forma autônoma, conforme
foi feito no presente caso. Ademais, a premissa maior
a ser observada nos "meios ordinários" é a
participação, mediante efetivos contraditório e ampla
defesa, de todos os atores envolvidos na questão.
10. Recurso especial conhecido e não provido.
(= STJ, REsp 1438576/SP, TERCEIRA TURMA, Rel.
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Processo nº 2017/9136 – Decisão – CGJ - SE/02
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
Acórdão por maioria em 23/10/2014, DJe 21/11/2014)
Assim sendo, ainda que se reconheça que a matéria exige
maior dilação probatória, de modo a afastar a sua cognição nos autos da própria Ação de
Inventário, é certo que o feito deverá ser processado nos meios ordinários judiciais
adequados, nos termos do artigo 612, do Novel Código de Processo Civil Brasileiro, a
corroborar o entendimento de que não incumbe a este Órgão Censor conhecer dos temas
veiculados nestes autos administrativos.
Na trilha desse desiderato, convém asseverar que, nos
casos em que é reconhecida a incompetência para processamento e julgamento do feito,
a autoridade deve remeter os autos do processo para o juízo competente, como
estabelecido no artigo 64, §3º, do Novo Código de Processo Civil, verbis:
“Art. 64. [Omissis]
[...]
§ 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida,
os autos serão remetidos ao juízo competente.”
Isto posto, em atenção ao art. 1.784, da Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil Brasileiro; e, dos artigos 64, §3º, e 612, do
Código Processual Civil Brasileiro, DETERMINO: - a remessa de cópia dos
presentes autos administrativos, via Intrajus, ao Juízo da 9ª Vara Cível de Arapiraca -
AL, para conhecimento e adoção das providências que entender necessárias, uma vez
que tramita perante aquele juízo os autos do processo nº 0706055-56.2016.8.02.0058,
relativo a Ação de Inventário aberta em razão da sucessão hereditária do Sr. Adelmo
Pereira (CPF: 008.139.904-91), falecido em 05/10/2016; e,
Por derradeiro, após cumprida a supracitada providência,
imperativa é a EXTINÇÃO DO PRESENTE PROCESSO ADMINISTRATIVO,
com esteio no artigo 52, da Lei nº 6.161/2000, desde já, aqui, determinada.
Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se. Certifique-se.
Após, arquive-se.
Maceió, 14 de maio de 2018.
DES. PAULO BARROS DA SILVA LIMA
Corregedor-Geral da Justiça de Alagoas
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