cultura do milho...existência do milho na costa oeste de cuba. ao longo do tempo, houve uma...
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AULA
DEMOSTRATIVA
Leonardo
CULTURA DO MILHO
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
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APRESENTAÇÃO
Meu nome é Leonardo, sou Engenheiro
Agrônomo formado na Universidade Federal de
Lavras. Trabalho na Emater-MG (Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de
Minas Gerais) 13 anos de casa. Tenho pós-graduação
Lato Sensu em Extensão Ambiental para o
Desenvolvimento Sustentável e em Gestão de
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CULTURA DO MILHO
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Agronegócio. Sou mestrando em Olericultura no IF – Morrinhos -GO.
Fui professor do curso técnico agrícola Pronatec, ministrei aulas de
nutrição e forragicultura, fertilidade do solo e culturas anuais e
olericultura. Sou professor de matemática e física do ensino médio.
Ministro vários cursos para agricultura familiar, entre eles fertilidade do
solo, culturas anuais, olericultura, mecanização agrícola, cafeicultura e
manejo da bovinocultura de leite.
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
INTRODUÇÃO À FITOTECNIA
A Fitotecnia trabalha para o desenvolvimento e aprimoramento dos
sistemas de produção das culturas. Podemos dividi-las em culturas
Anuais;
Culturas perenes;
Culturas semi-perenes:
As culturas anuais ou de ciclo curta são aquelas que concluem seu
ciclo produtivo em um ano ou em até menos tempo, tendo a necessidade
após a colheita, iniciar um novo plantio. Como exemplo pode citar a soja, o
feijão, o milho, o trigo, o arroz a mandioca.
As Culturas perenes são aquelas que permanecem no campo por
vários anos, mas a cada ano ocorre um ciclo produtivo, temos como
exemplos o café, uva, frutíferas em geral, mamão, algodão, seringueira e
etc. As culturas semi-perenes são aquelas que o ciclo tem duração entre 12
e 24 meses, entram nesta classe a cana-de-açúcar e mandioca.
Fig.1 – divisões da fitotecnia
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CULTURA DO MILHO
O milho é o grão de maior relevância nacional dada a sua importância
econômica e social. Essencial para diversas cadeias produtivas alimentares
(humana e animal), com intenso efeito multiplicador na geração de renda,
congrega uma gama de produtores com níveis de tecnificação
completamente diversos. O mercado do milho atravessa um cenário
promissor ao produtor apesar da pandemia de Covid-19 que assola o
mundo. As projeções da Conab apontam para um amento da área,
produção, rentabilidade e uma demanda aquecida na safra 2020/21.
Assim, conforme a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) o
Brasil deve ter uma produção recorde de grãos na safra 2020/21 com
produção de 268,7 milhões de toneladas, sendo 4,2% maior do que o
recorde anterior, alcançado na safra 2019/2020, quando foram produzidas
257,7 milhões de toneladas.
Gráfico 1 - Mundo: Área (em mil ha) e produção (em milhões de toneladas), entre
2008/09 e 2020/21 (projetado)
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O milho pertence a família das gramíneas, sendo o único cereal
nativo do Novo Mundo e não proveniente do Brasil e sim originado no
México e na Guatemala, sendo o terceiro mais cultivado no planeta
podendo atingir altitudes que vão desde o nível do mar até 3 mil metros. A
mais antiga espiga de milho foi encontrada no vale do Tehucan, localizado
no México, datada de 7.000 a.C. O Teosinte ou “alimento dos deuses”,
como era chamado pelos maias, deu origem ao milho por meio de um
processo de seleção artificial. O Teosinte ainda é encontrado na América
Central (fig.: 1).
Fig.: 1 – milho moderno e seu ancestral do teosinto
Com as grandes navegações do século XVI e o início do processo de
colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes
do mundo sendo cultivado e consumido em todos os continentes e sua
produção só perde para a do trigo e do arroz. Cristóvão Colombo,
descobridor da América foi o primeiro a observar pela primeira vez a
existência do milho na costa oeste de Cuba. Ao longo do tempo, houve uma
crescente domesticação do milho por meio da seleção visual no campo,
considerando importantes características, tais como produtividade,
resistência a doenças e capacidade de adaptação, dentre outras, originando
às variedades da atualidade.
Assim, atualmente temos de 478 cultivares de milho, sendo 292
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cultivares transgênicas e 186 cultivares convencionais, atualmente está
sendo comercializados dois híbridos duplos transgênicos, aumentando a
escolha dos agricultores com menor capacidade de investimento. Com
relação ao nível tecnológico encontramos no Brasil produtores que estão
obtendo rendimentos de milho superiores a 12 t/ha-1
(200 sacos/ha-1
) e
ainda existem outros grupos de produtores que utilizam melhor tecnologia
levando-os a produzirem acima de 14 t/ha-1.
Mas, as margens de produtividades médias alcançadas são variadas
sendo que tem agricultores ainda produzindo bem abaixo 7 t/ha-1,
demonstrando uma grande variação entre os sistemas de produção em
uso, o que proporciona grande variabilidade no potencial produtivo e no
rendimento por área. Desta forma temos ainda várias tecnologias ligadas à
cultura que estão sendo implementada onde podemos destacar:
Utilização de cultivares de alto potencial genético (híbridos simples
e triplos) e de cultivares não transgênicas e transgênicas com
resistência a lagartas e ao uso do herbicida glifosato.
Espaçamento reduzido associado à maior densidade de plantio,
permitindo melhor controle de plantas daninhas, controle de
erosão, melhor aproveitamento de água, luz e nutrientes, além de
permitir uma otimização das máquinas plantadoras.
Melhoria na qualidade das sementes associada ao tratamento dos
grãos, especialmente o tratamento industrial, máquinas e
equipamentos de melhor qualidade, que garante boa
plantabilidade boa distribuição das plantas emergidas, garantindo
assim maior índice de sobrevivência do plantio à colheita.
Uso intensivo do Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas
Daninhas (MIP).
Correção do solo baseando-se em dados de análise e levando em
consideração o sistema, e não a cultura individualmente.
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Ainda temos a implementação do sistema de plantio direto, a
integração lavoura-pecuária, a agricultura de precisão e melhores técnicas
de irrigação as quais buscam melhorar o potencial produtivo das lavouras.
Destacamos na produção de milho no Brasil de duas épocas de plantio
sendo a primeira chamada de safra (ou safra de verão) e segunda safrinha.
Os plantios de verão são realizados em todos os estados, na época
tradicional, durante o período chuvoso, que ocorre no final de agosto, na
região Sul, até os meses de outubro/novembro, no Sudeste e Centro-
Oeste. Na região Nordeste, esse período ocorre no início do ano.
A safrinha refere-se ao milho de sequeiro, plantado
extemporaneamente, geralmente de janeiro a março ou até, no máximo,
meados de abril, quase sempre depois da soja precoce e
predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná, São
Paulo e Minas Gerais. Contudo, nos últimos anos houve um decréscimo nas
áreas plantadas da primeira safra, mas compensado pelo aumento do
plantio no período da safrinha e no aumento do rendimento de grãos das
lavouras de milho, tanto na primeira safra quanto na safrinha. Apesar das
condições desfavoráveis de clima, os sistemas de produção da safrinha têm
sido aprimorados e adaptados a essas condições, o que tem contribuído
para elevar os rendimentos das lavouras também nessa época.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO MILHO
O desenvolvimento da produção e do mercado do milho deve ser
analisado sob a ótica das cadeias produtivas ou dos sistemas
agroindustriais (SAG). As projeções da Conab apontam para um amento da
área, produção, rentabilidade e uma demanda aquecida na safra 2020/21.
O agronegócio brasileiro se mostrou resiliente e permaneceu em expansão
no primeiro semestre de 2020. Nessa mesma linha, o mercado do milho
deverá seguir em expansão em 2021 devido a expectativa de elevação de
exportações, retomada da demanda por etanol de milho e sustentação da
demanda para ração animal.
O milho é insumo para produção de uma centena de produtos; na
cadeia produtiva de suínos e aves são consumidos aproximadamente 70%
do milho produzido no mundo e entre 70% e 80% do milho produzido no
Brasil. A produção de milho no Brasil, juntamente com a de soja, contribui
com cerca de 80% da produção de grãos. A diferença entre as duas
culturas está no fato de que a soja tem liquidez imediata, dadas as suas
características de "commodity" no mercado internacional, enquanto que
milho tem sua produção voltada para o abastecimento interno, embora
recentemente a sua exportação venha sendo realizada em quantidades
expressivas e contribuindo para maior sustentação dos preços internos.
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A despeito dos embarques de milho para exportação não seguirem
em elevação no primeiro semestre de 2020, os modelos de previsão da
Conab avaliam as características sazonais de exportação do cereal com
auxílio de uma projeção de dólar e preços internacionais de milho. A
expectativa de dólar valorizado frente o real em 2020 e 2021 sustentam a
competitividade do milho brasileiro no mercado internacional. Problemas
estruturais na economia argentina indicam que poderá ocorrer menor
investimento na produção de grãos naquele país em 2021. Brasil poderá
ganhar espaço antes ocupado pelo país vizinho no comércio internacional.
Gráfico 2 - Quadro de suprimento nacional, em mil toneladas, entre 2015 e 2021
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A cadeia produtiva do milho constitui-se de: setor de insumos
(fornecedores de defensivos, fertilizantes, sementes, máquinas); produção
propriamente dita (produtores familiares ou empresariais); armazenamento
(cooperativas e armazéns públicos ou privados); processamento (o
primário abrange indústria de rações animais, de produção de amido, fubás
e flocos de milho; o secundário, outros produtos finais, cereais, misturas
para bolos); distribuição (para atacado e varejo, externo e interno);
consumo (da propriedade rural até a indústria química); ambiente
institucional (legislação e mecanismos governamentais de
comercialização); ambiente organizacional (órgãos ligados à assistência
técnica, crédito e pesquisa) (LEÃO, 2014).
BOTÂNICA DO MILHO
A semente da planta de milho após lançada ao solo, havendo
condições favoráveis de unidade e temperatura, germina após 5 ou 6 dias.
A semente do milho é um tipo especial de fruto, botanicamente classificado
como cariopse, apresentando basicamente as seguintes partes:
O pericarpo é a camada mais externa, fina resistente, constituindo a
parede externa da semente. O endosperma é a parte mais volumosa da
semente, é envolvida pelo pericarpo e constituída de substâncias de
reserva principalmente o amido e outros carboidratos. A parte mais externa
do endosperma e em contato com o pericarpo denomina-se camada de
aleurona, rica em proteínas e enzimas, que desempenham papel
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CULTURA DO MILHO
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importante no processo de germinação. O embrião e a planta em
miniatura, possuindo os primórdios de todos os órgãos da planta
desenvolvida, ele encontrado ao lado do endosperma.
Com relação ao sistema radicular no início da germinação, a parte do
embrião correspondente à radícula desenvolve-se em uma raiz, rompendo
as camadas externas da semente, aprofunda-se no solo, em sentido
vertical. Logo em seguida surgem as raízes secundárias que se ramificam
intensamente e a raiz primária se desintegra. Posteriormente, há o
aparecimento das raízes adventícias que partindo dos primeiros nós do
colmo orientam-se no sentido de atingir o solo, atingindo–o ramificam
intensamente contribuindo para melhor fixação.
As raízes secundárias e adventícias (fig.3), intensamente ramificadas
num sistema radicular denominado fasciculado, esse sistema raramente
penetram mais que 40 cm no solo e plenamente desenvolvido atinge um
raio de cerca de 50 cm em torno da planta.
Fig. 3 – estrutura de sustentação do milho
A parte aérea da planta recém germinada apresenta cerca de 15 cm
de altura, o caule se encontra completamente formado, possuindo todas as
folhas, os primórdios da inflorescência feminina que se constituirá na
espiga, localizada na axila das folhas e também primórdios da
inflorescência masculina (flecha ou pendão), situada no ápice do caule.
Desse ponto em diante, o crescimento da planta é resultante do aumento
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CULTURA DO MILHO
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das células em número e volume.
A parte aérea da planta atinge a altura em torno de 2 metros,
podendo variar em função da variedade ou híbrido, condições climáticas,
fertilidade do solo, etc. Os colmos são eretos, via de regra não ramificado,
apresentando nós e inter-nós também denominados meritalos, de natureza
esponjosa, relativamente rica em açúcares o que lhes confere sabor
adocicado. As folhas dispõem-se alternadamente e inserem-se nos nós. São
constituídas de uma bainha invaginante, pilosa de cor verde clara e limbo-
verde escuro, estreito e de forma lanceolada, possuindo bordos serrilhados
com uma nervura central vigorosa e em forma de canaleta.
Entre a bainha e o existe a lígula que é estreita e de natureza
membranosa. A planta do milho é monoica, isto é, possui os dois sexos na
mesma planta, separados em inflorescências diferentes. As flores
masculinas estão numa panícula terminal, conhecida pelo nome de flecha
ou pendão e as femininas em espigas axilares.
Inflorescência masculina (pendão)
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Inflorescência feminina (espiga)
A panícula, que contém as flores masculinas, é formada por um
central que termina num ramo principal, abaixo do qual partem
lateralmente ramificações secundárias, que podem ramificar-se dando as
terciárias. A região de ligação da panícula com o caule constitui o
pedúnculo. Essa inflorescência pode atingir de 50 a 60 cm de comprimento
possuindo coloração variável podendo ser esverdeada, marrom ou
vermelho escuro.
As flores masculinas dispõem-se ao longo do ramo principal e das
ramificações. Cada flor é constituída de 3 estames protegidos por duas
formações membranosas chamadas lema e palea. Dois desses conjuntos
são protegidos por duas plumas formando uma espigueta. Essas espiguetas
são inseridas nos ramos das inflorescências em grupo de duas, sendo uma
pedunculada e outra séssil, ou seja, sem pedúnculo. Essas duas flores
amadurecem seus grãos de pólen em períodos diferentes, sendo que a
produção de pólen dura cerca de 8 dias e cada panícula pode produzir até
50 milhões de grãos de pólen.
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CULTURA DO MILHO
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A inflorescência feminina, ou espiga, é constituída por um eixo ou
ráquis (sabugo) ao longo do qual dispõem-se as reentrâncias ou alvéolos.
Nesses alvéolos, desenvolvem-se as espiguetas aos pares como na
inflorescência masculina. Cada espigueta é formada por duas flores, sendo
uma fértil e outra estéril. Cada flor é coberta por duas glumelas e o
conjunto de duas flores é recoberto por um par de glumas. Cada flor
feminina é constituída de um ovário unilocular, ou seja, com uma única loja
no interior da qual existe um único óvulo. Saindo do ovário desenvolve-se o
estilo-estigma bífido, dividido em dois na sua extremidade livre. O conjunto
de estilo-estigma é que vem a constituir o cabelo, barba ou boneca do
milho. A espiga externamente é protegida pelas palhas.
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A polinização consiste na transferência do grão de pólen da antera da
flor masculina ao estigma das flores femininas. A planta de milho, pela sua
organização morfológica, impede que haja autofecundação, ou seja, a
polinização de uma espiga por grãos de pólen da mesma planta. O grão de
pólen de uma planta, normalmente através de agentes naturais
principalmente correntes aéreas, atinge a barba da espiga de outras
plantas. Ocorre normalmente apenas cerca de 2% de autofecundação,
razão pela qual se diz que o milho é tipicamente uma planta de polinização
cruzada.
Para que haja polinização, há necessidade que as flechas estejam
soltando pólen e a receptividade das barbas seja coincidente com essa
soltura de pólen. Normalmente as barbas ficam receptivas por vários dias,
assim como a flecha também solta pólen por vários dias. Essa situação
garante a polinização de todas as espigas e se algum fator estranho
ocorrer, pode haver queda da produção devido a uma polinização
deficiente.
Uma vez processada a polinização, ocorre à fecundação propriamente
dita, que é um fenômeno complexo, resultando a formação do fruto
comumente denominado grão.
Vamos exercitar!
1 - FUNDEP - IFSP - Agronomia - 2014
Na cultura do milho, o grão de pólen germina logo após entrar em
contato com o estigma, dando início ao desenvolvimento do tubo polínico.
Sobre as condições climáticas que favorecem o desenvolvimento do tubo
polínico, assinale a alternativa CORRETA.
a) Alta umidade e/ou baixa temperatura.
b) Baixa umidade e/ou baixa temperatura.
c) Alta umidade e/ou alta temperatura.
d) baixa umidade e/ou alta temperatura.
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SOLUÇÃO
Tempo seco na época do florescimento é prejudicial porque o cabelo
da boneca do milho seca e pode não conter umidade suficiente para
suportar a germinação do pólen e o crescimento do tubo polínico até o
ovário. Dois dias de estresse hídrico no florescimento diminuem o
rendimento em mais de 20%. Durante a floração, 4 a 8 dias de seca
diminuem a produção em mais de 50%. O efeito do estresse hídrico sobre
o crescimento da planta será diretamente no alongamento celular,
enquanto a divisão celular não é tão afetada. Isso equivale dizer que a
planta, mesmo sob condições de falta de água, continua sua divisão
celular, porém o alongamento é reduzido ou até paralisado, dependendo da
duração e da intensidade do estresse. Submetida a déficit hídrico, as
plantas fecham estômatos, eliminam mecanismo de resfriamento e
aumentam a temperatura da folha, afetando a respiração. Com isso, vai
haver maior consumo de reservas, o que vai reduzir não só o crescimento
como a produção de matéria seca de uma maneira geral. A redução na
fotossíntese se dá por: fechamento estomático e diminuição da área foliar.
Plantas em condições de estresse hídrico passam mais tempo respirando do
que fotossintetizando. Água é de fundamental importância, porém sua falta
é o fator mais inibidor da produção, após a luz: se não tem água, não tem
fotossíntese.
Com relação a temperatura, considerando as fases da emergência à
polinização, a elevação da temperatura acelera o pendoamento, enquanto
na polinização o efeito da temperatura (acima de 30 °C) vai reduzir a
viabilidade do pólen. Da polinização à maturidade fisiológica, a elevação de
temperatura vai provocar o encurtamento da fase de enchimento de grãos,
com consequente menor taxa de acúmulo de matéria seca nos grãos e
menor teor de proteína. Com a redução da temperatura abaixo de 12 °C,
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CULTURA DO MILHO
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vai haver redução da germinação, e o desenvolvimento será reduzido da
emergência ao pendoamento, uma vez que o metabolismo diminui com a
baixa da temperatura. Após a maturação fisiológica, o metabolismo vai
continuar lento, com baixa perda de umidade nos grãos e
comprometimento na qualidade de grãos.
Assim, o desenvolvimento das sementes pode ser afetado por fatores
ambientais tais como temperatura do ar e umidade do solo. O estresse
hídrico, durante o enchimento da semente, afeta a deposição de amido nas
células do endosperma, de maneira semelhante ao efeito de altas
temperaturas sobre a conversão de sacarose em amido, que ocorre no
interior das células do endosperma. Por outro lado, altas temperaturas
reduzem o tempo em que a semente deveria estar em enchimento.
ECOFISIOLOGIA DA CULTURA DO MILHO
A fenologia das plantas tem diversas aplicações importantes no
campo da agricultura, definida como o ramo da Ecologia que estuda os
fenômenos periódicos dos seres vivos e suas relações com o ambiente
(BERGAMASCHI, 2007). Em razão de suas múltiplas aplicações, pode-se
dizer que a fenologia das plantas é fundamental em todo o grande espectro
da Biologia, tanto vegetal como animal.
Na Agrometeorologia a fenologia das plantas é indispensável sob
vários aspectos. Ela é indispensável em estudos e aplicações que envolvem
as interações clima-planta, como zoneamentos agroclimáticos, calendários
de semeadura e plantio, modelagem de cultivos, monitoramento de safras,
avaliação de riscos climáticos, cultivos protegidos, irrigação, entre outras. A
fenologia das culturas é fundamental na avaliação de impactos da
variabilidade climática em escala espaço-temporal ou de futuros cenários, à
luz das relações clima-planta.
RESPOSTA A
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CULTURA DO MILHO
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A caracterização dos eventos fenológicos permite identificar todo
desenvolvimento das plantas, a fim de estabelecer relações com as
condições do ambiente em particular o clima, sob diferentes ambientes
(anos, épocas ou locais). Sendo possível assim, avaliar e descrever com
precisão o impacto de eventuais fenômenos adversos. A caracterização das
necessidades e sensibilidades das espécies também necessita descrever
suas etapas fenológicas. A determinação de períodos críticos é um aspecto
particular na definição das necessidades e sensibilidades das espécies,
visando reduzir danos por eventos climáticos extremos. Classificar
genótipos segundo sua precocidade também é fundamental e requer
precisão na descrição fenológica.
Com a duração do ciclo e seus períodos críticos é possível planejar a
implantação e o manejo das espécies, para diluir prejuízos por estresses
climáticos e racionalizar atividades de condução das lavouras. A elaboração
e a utilização adequada de zoneamentos é outra importante aplicação da
fenologia, visando adequar as necessidades das plantas às disponibilidades
do ambiente. Por fim, a escolha de genótipos, épocas e locais para cultivo e
o manejo das espécies também exigem detalhes de fenologia, pois suas
demandas variam durante o ciclo. Isto tudo permite o uso mais racional
dos recursos naturais, da mão-de-obra e insumos (BERGAMASCHI, 2007).
ESCALAS FENOLÓGICAS PARA MILHO
Escala de Hanway (1963)
Durante as últimas décadas do Século XX, a escala fenológica
descrita por Hanway (1963, 1966) foi a mais utilizada em todo o mundo.
Ela consta de uma sequência de estádios numerados em ordem crescentes,
da emergência das plântulas à maturação fisiológica dos grãos. Sua clareza
e simplicidade tornaram esta escala amplamente conhecida e adotada,
internacionalmente.
No Brasil, Fancelli (1986) fez adaptações à clássica escala de Hanway
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CULTURA DO MILHO
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(1963, 1966); e Nel e Smith (1976). Foi acrescentada a duração média dos
intervalos entre os estádios da cultura, considerando uma ampla faixa de
genótipos e climas brasileiros. A representação gráfica de cada estádio
também deu mais clareza e praticidade ao uso da escala, para caracterizar
com mais precisão a fenologia do milho no campo. A fig. 4, apresenta a
adaptação feita por Fancelli (1986) à fenologia do milho, baseada na escala
de Hanway (1963).
Quadro 1 – Escala fenológica do milho segundo Hanway (1963), adaptada por
Fancelli (1986).
Escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993)
Ao final do Século XX, a escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993)
passou a ser adotada na descrição da fenologia do milho. Ela manteve
grande parte dos critérios da escala de Hanway (1963), sobretudo nos
estádios reprodutivos. Porém, os estádios vegetativos passaram a ter maior
detalhamento. A cada nova folha totalmente expandida corresponde um
estádio vegetativo. Os símbolos que representam os estádios vegetativos
são formados pela letra V e um algarismo que corresponde ao número de
folhas totalmente expandidas. Os estádios reprodutivos passaram a ter
símbolos formados pela letra R e um algarismo correspondente à sequência
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CULTURA DO MILHO
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dos mesmos estádios da escala de Hanway (1963). A tabele 2 apresenta a
escala fenológica de Ritchie, Hanway e Benson (1993).
Quadro 2 – Estádios fenológicos de uma planta de milho, pela escala de Ritchie,
Hanway e Benson (1993).
Ecofisiologia e Fenologia
O milho, sendo uma planta de origem tropical, exige, durante o seu
ciclo vegetativo, calor e umidade para se desenvolver e produzir
satisfatoriamente, proporcionando rendimentos compensadores.
Os processos da fotossíntese, respiração, transpiração e evaporação,
são funções diretas da energia disponível no ambiente, comumente
designada por calor; ao passo, que o crescimento, desenvolvimento e
translocação de fotoassimilados encontram-se ligados à disponibilidade
hídrica do solo, sendo que seus efeitos são mais pronunciados em
condições de altas temperaturas onde a taxa de evapotranspiração é
elevada. Independentemente da tecnologia aplicada, o período de tempo e
as condições climáticas em que a cultura é submetida constituem-se em
preponderantes fatores de produção. Dentre os elementos do clima
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CULTURA DO MILHO
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conhecidos para se avaliar a viabilidade e a estação para a implantação das
mais diversas atividades agrícolas, a temperatura e a precipitação pluvial
são os mais estudados.
Para a cultura do milho, muito se tem estudado sob o ponto de vista
de suas exigências climáticas, sempre objetivando o aumento do
rendimento agrícola. Assim, algumas condições ideais para o
desenvolvimento desse cereal podem ser apontadas:
(A) por ocasião da semeadura, o solo deve apresentar-se com temperatura
superior a 10oC, aliado à umidade próxima à capacidade de campo,
possibilitando o desencadeamento dos processos de emergência;
(B) durante o crescimento e desenvolvimento das plantas, a temperatura
do ar deverá girar em torno de 25oC e encontrar-se associada à adequada
disponibilidade de água no solo e abundância de luz;
(C) temperatura e luminosidade favoráveis, elevada disponibilidade de
água no solo e umidade relativa do ar, superior a 70%, são requerimentos
básicos durante a floração e enchimento dos grãos
(D) ocorrência de período predominantemente seco por ocasião da colheita.
Temperaturas do solo inferiores a 10°C e superiores a 42° C prejudicam
sensivelmente a germinação, ao passo que, aquelas situadas entre 25 e
30°C propiciam as melhores condições para o desencadeamento dos
processos de germinação das sementes e emergência das plântulas. Por
ocasião do período de florescimento e maturação, temperaturas médias
diárias superiores a 26°C podem promover a aceleração dessas fases, da
mesma forma que temperaturas inferiores a 15,5º C podem prontamente
retardá-las.
Com relação à luz, a cultura do milho responde com altos
rendimentos a crescentes intensidades luminosas, em virtude de pertencer
ao grupo de plantas “C4”, o que lhe confere alta produtividade biológica. O
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
milho é, originalmente, uma planta de dias curtos, embora os limites
dessas horas de luz não sejam idênticos e nem bem definidos para os
diferentes cultivares. Com a redução de 30 a 40% da intensidade luminosa,
ocorrerá um atraso na maturação dos grãos, principalmente em cultivares
tardios, que mostram-se mais sensíveis à carência de luz.
A incidência de ventos no milharal pode aumentar a demanda de
água por parte da planta, tornando-a mais suscetível aos períodos curtos
de estiagem, além de promover o acamamento da cultura. Da mesma
forma, ventos frios ou quentes podem ocasionar falhas na polinização,
constituindo-se, frequentemente, em importante fator limitante na
produção de milho de algumas regiões.
Plantas de milho apresentando de quatro a 10 folhas, quando
submetidas a ventos, podem ser significativamente prejudicadas quanto ao
crescimento e desenvolvimento. A evidência de folhas apresentando bordas
esbranquiçadas e secas, bem como enrolamento pode ser atribuído à
incidência de ventos. Ainda, plantas instaladas em solos arenosos e sem
cobertura, podem sofrer o efeito abrasivo de partículas deslocadas pela
ação do vento.
Com relação a exigência por água, as fases mais críticas são a de
emergência, florescimento e formação do grão. No período compreendido
entre 15 dias antes e 15 dias após o aparecimento da inflorescência
masculina, o requerimento de um suprimento hídrico satisfatório aliado a
temperaturas adequadas tornam tal período extremamente crítico. A
cultura exige um mínimo de 350-500 mm de precipitação no verão para
que produza a contento, sem a necessidade da utilização da prática de
irrigação. O consumo de água por parte do milho, em um clima quente e
seco, raramente excede 3,0 mm/dia, enquanto a planta estiver com altura
inferior a 30 cm. Todavia, durante o período compreendido entre o
espigamento e a maturação, o consumo pode se elevar para 5,0 a 7,5 mm
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
diários.
O milho é uma planta de ciclo vegetativo variado, evidenciando desde
genótipos extremamente precoces, cuja polinização pode ocorrer 30 dias
após a emergência, até mesmo aqueles cujo ciclo vital pode alcançar 300
dias. Contudo, nas condições brasileiras, o ciclo é variável entre 110 e 180
dias, em função da caracterização dos genótipos (superprecoce, precoce e
tardio), período este compreendido entre a semeadura e a colheita. De
forma geral, o ciclo da cultura compreende as seguintes etapas de
desenvolvimento:
a) germinação e emergência: período compreendido desde a semeadura
até o efetivo aparecimento da plântula, o qual em função da
temperatura e umidade do solo pode apresentar de cinco a 12 dias de
duração;
b) crescimento vegetativo: período compreendido entre a emissão da
segunda folha e o início do florescimento. Tal etapa apresenta
extensão variável, sendo este fato comumente empregado para
caracterizar os tipos de cultivares de milho, quanto ao comprimento
do ciclo;
c) florescimento: período compreendido entre o início da polinização e o
início da frutificação, cuja duração raramente ultrapassa 10 dias;
d) frutificação: período compreendido desde a fecundação até o
enchimento completo dos grãos, sendo sua duração estimada entre
40 e 60 dias;
e) maturidade: período compreendido entre o final da frutificação e o
aparecimento da camada negra, sendo este relativamente curto e
indicativo do final do ciclo de vida planta.
Entretanto, para maior facilidade de manejo e estudo, bem como
objetivando a possibilidade do estabelecimento de correlações entre
elementos fisiológicos, climatológicos, fitogenéticos, entomológicos,
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
fitopatológicos, e fitotécnicos, como desempenho da planta, o ciclo da
cultura do milho foi dividido em 11 estádios distintos de desenvolvimento:
Estádio 0: da semeadura à emergência;
ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILHO
ESTÁDIOS VEGETATIVOS
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
ESTÁDIOS REPRODUTIVOS DO MILHO
As fases reprodutivas iniciam-se no pendoamento e vão até a
maturação fisiológica, estádio onde os grãos apresentam a camada preta
na inserção entre o grão e o sabugo. A camada nada mais é do que um
conjunto de células mortas que impedem a entrada de nutrientes para
dentro dos grãos e marca a fase de perda de água. O estádio de
crescimento de uma lavoura é definido quando, no mínimo, 50% das
plantas estiverem no mesmo estádio. O desenvolvimento de uma cultura é
um processo contínuo e interligado, em que cada uma de suas fases
cumpre papel importante na produtividade final.
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
PLANTIO DO MILHO
O plantio de qualquer cultura deve ser bem planejado, pois durará deste
a germinação até a colheita cerca de 120 a 130 dias afetando todas as
operações envolvidas, além de determinar as possibilidades de sucesso ou
insucesso da lavoura. É por ocasião do plantio que se define o espaçamento
entre linhas e a densidade de plantio para garantir uma boa produtividade .
Esta característica não é tão importante em outras culturas com grande
capacidade de perfilhamento, como arroz, trigo, aveia, sorgo e outras
gramíneas, ou de maior habilidade de produção de floradas, como feijão e
soja.
Neste contexto, a escolha e o cuidado com as plantadoras
representam um importante elemento dentro do processo de produção,
uma vez que afetam a distribuição e a localização do adubo, a distribuição
de sementes nas fileiras e a profundidade de plantio, o espaçamento entre
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
fileiras, determinando a qualidade do plantio e seu efeito sobre as
operações subsequentes e a produtividade da lavoura. O milho também
desempenha importante papel em sistema de plantio direto, na integração
lavoura-pecuária, possuindo muitas aplicações dentro da propriedade
agrícola, deste a alimentação animal na forma de grãos ou de forragem
verde ou conservada, na alimentação humana ou na geração de receita
mediante a comercialização da produção excedente.
O período de crescimento e desenvolvimento do milho é limitado pela
água, pela temperatura e pela radiação solar, ou luminosidade. A cultura
do milho necessita que alguns índices dos fatores climáticos, especialmente
a temperatura, precipitação pluviométrica e o fotoperíodo, atinjam níveis
ótimos, para que o potencial genético de produção da cultura se expresse
ao máximo. Assim, temperatura possui uma relação complexa com o
desempenho da cultura, uma vez que a condição ótima varia com os
diferentes estádios de crescimento e desenvolvimento da planta.
A temperatura da planta de milho é basicamente a mesma do
ambiente que a envolve. Devido a esse sincronismo, flutuações periódicas
influenciam nos processos metabólicos que ocorrem no interior da planta.
Nos momentos em que a temperatura é mais elevada, o processo
metabólico é mais acelerado e nos períodos mais frios, o metabolismo
tende a diminuir. As temperaturas ideais do solo para a cultura de milho
estariam entre 25 e 30 ºC, sendo que temperaturas do solo inferiores a 10
ºC ou superiores a 40 ºC ocasionam prejuízo sensível à germinação.
Por ocasião da floração, temperaturas médias superiores a 26 ºC
aceleram o desenvolvimento dessa fase, e as inferiores a 15,5ºC o
retardam. Cada grau acima da temperatura média de 21,1 ºC nos
primeiros 60 dias após a semeadura pode acelerar o florescimento entre
dois e três dias. Quando a temperatura é superior a 35 ºC ocorre
diminuição da atividade da enzima redutase do nitrato, podendo alterar o
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
rendimento e a composição protéica dos grãos.
Durante a polinização, temperaturas acima de 33 ºC reduzem
sensivelmente a germinação do grão de pólen. Verões com temperatura
média diária inferior a 19 ºC, e noites com temperatura média inferior a
12,8 ºC não são recomendados para a produção de milho. Por outro lado,
temperaturas noturnas superiores a 24 ºC proporcionam um aumento da
respiração, ocasionando uma diminuição da taxa de fotossimilados e uma
consequente redução da produção, além de provocar senescência precoce
das folhas. Temperaturas inferiores a 15ºC retardam a maturação dos
grãos.
A planta de milho precisa acumular quantidades distintas de energia
ou simplesmente unidades calóricas (U.C.) necessárias a cada etapa de
crescimento e desenvolvimento. A unidade calórica é obtida através da
soma térmica necessária para cada etapa do ciclo da planta, desde o
plantio até o florescimento masculino. O somatório térmico é calculado
através das temperaturas máximas e mínimas diárias, sendo 30ºC e 10ºC,
respectivamente, as temperaturas referenciais para o cálculo.
Com relação ao ciclo, as cultivares são classificadas pelas empresas
produtoras de sementes em normais ou tardias, semiprecoces, precoces e
superprecoces. As cultivares normais apresentam exigências térmicas
correspondentes a 890-1200 graus-dia (G.D.), as precoces, de 831 a 890,
e as superprecoces, de 780 a 830 G.D. Essas exigências calóricas se
referem ao cumprimento das fases fenológicas compreendidas entre a
emergência e o início da polinização.
De acordo com o Zoneamento Agrícola para a cultura de milho, as
cultivares eram classificadas, em função do ciclo, em três grupos:
Grupo I - necessita até 780 U.C. (precoce).
Grupo II - necessita entre 780 e 860 U.C. (ciclo médio).
Grupo III - necessita mais que 860 U.C. (ciclo tardio).
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
A partir da safra 2009/10, para efeito de simulação, o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento classifica as cultivares em três
grupos de características homogêneas: Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n
= 110 dias e = 145 dias); e Grupo III (n > 145 dias), onde “n” expressa o
número de dias da emergência à maturação fisiológica.
Outro fator de grande importância e a altitude que tem um efeito direto
na temperatura, tanto diurno como noturna, afetando tanto a fotossíntese
como a respiração. Para as condições brasileiras, o milho plantado em maiores
altitudes apresenta maior número de dias para atingir o pendoamento,
aumentando o ciclo e apresentando maior rendimento de grãos. Aumentando o
período de enchimento de grãos, consequentemente aumentará a
produtividade, em temperaturas máximas menores e mais próximas da
temperatura ótima.
E menores temperaturas noturnas reduzem a taxa de respiração, o que
resultará na redução do ponto de compensação sendo esse o ponto em que a
fotossíntese e a respiração são idênticas, o que também implica no aumento
da produtividade. Uma análise sobre avaliação de cultivares em diferentes
regiões do Brasil mostrou que os ensaios plantados em regiões com altitude
superior a 700 m apresentaram maior rendimento (7.429 kg/ha) e
florescimento masculino de 65 dias, comparados com os ensaios plantados em
altitudes abaixo de 700 m, que apresentaram rendimento de 6.473 kg/ha e
florescimento masculino de 65 dias.
A umidade do solo também influência na cultura do milho que muito
exigente em água. Entretanto, pode ser cultivado em regiões onde as
precipitações vão desde 250 mm até 5.000 mm anuais, sendo que a
quantidade de água consumida pela planta, durante seu ciclo, está em torno
de 600 mm. O consumo de água pela planta, nos estádios iniciais de
crescimento, num clima quente e seco, raramente excede 2,5 mm/dia.
Durante o período compreendido entre o espigamento e a maturação, o
consumo pode se elevar para 5 a 7,5 mm diários. Mas se a temperatura
estiver muito elevada e a umidade do ar, muito baixa, o consumo poderá
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
chegar até 10 mm/dia.
A ocorrência de déficit hídrico na cultura do milho pode ocasionar
danos em todas as fases. Na fase do crescimento vegetativo, o dano se
verifica pelo menor elongamento celular e pela redução da massa
vegetativa, com diminuição na taxa fotossintética. Após o déficit hídrico, a
produção de grãos também é afetada diretamente, pois com menor massa
vegetativa a planta possui menor capacidade fotossintética.
Na fase do florescimento, a ocorrência de dessecação dos estilos-
estigmas aumentando o grau de protandria, abortos dos sacos
embrionários, de distúrbios na meiose, e aborto das espiguetas e de morte
dos grãos de pólen resultando em redução no rendimento. O déficit hídrico
na fase de enchimento de grãos afetará o metabolismo da planta e o
fechamento de estômatos, reduzindo a taxa fotossintética e,
consequentemente, a produção de fotossimilados e sua translocação para
os grãos.
O fotoperíodo e um dos componentes climáticos que afetam a
produtividade do milho, representado pelo número de horas de luz solar, o
qual é um fator climático de variação sazonal, mas que não apresenta
muita variação de ano para ano. O milho é considerado uma planta de dias
curtos, embora algumas cultivares tenham pouca ou nenhuma sensibilidade
às variações do fotoperíodo. Um aumento do fotoperíodo faz com que a
duração da etapa vegetativa aumente e proporcione também um
incremento no número de folhas emergidas durante a diferenciação do
pendão e do número total de folhas produzidas pela planta. Nas condições
brasileiras, o efeito do fotoperíodo na produtividade do milho é
praticamente insignificante.
A radiação solar é de extrema importância para a planta de milho,
sem a qual o processo fotossintético é inibido e a planta é impedida de
expressar o seu máximo potencial produtivo. Grande parte da matéria seca
do milho, cerca de 90%, provém da fixação de CO2 pelo processo
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
fotossintético. O milho é uma planta do grupo C4, altamente eficiente na
utilização da luz. Uma redução de 30% a 40% da intensidade luminosa, por
períodos longos, atrasa a maturação dos grãos ou pode ocasionar até
mesmo queda na produção.
A época de semeadura embora não tenha custo adicional, o plantio
de milho feito na época correta afeta diretamente a produção e a
produtividade da lavoura e, consequentemente, o lucro do agricultor. O
atraso no plantio dificulta também diversas operações agrícolas, como o
controle de pragas e plantas daninhas, além de aumentar a ocorrência e a
severidade de doenças, e é apontado como um dos principais fatores
responsáveis pela baixa produtividade, principalmente do pequeno e médio
produtor.
O período de crescimento e desenvolvimento é afetado pela umidade
do solo, pela temperatura, pela radiação solar e pelo fotoperíodo. A época
de plantio é em função destes fatores, cujos limites extremos são variáveis
em cada região agroclimática. A época de semeadura mais adequada é
aquela que faz coincidir o período de floração com os dias mais longos do
ano, e a etapa de enchimento de grãos com o período de temperaturas
mais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar. Isto, considerando
satisfeitas as necessidades de água pela planta. Nas condições tropicais,
devido a menor variação da temperatura e do comprimento do dia, a
distribuição de chuvas é que, geralmente, determina a melhor época de
semeadura.
No sul do Brasil, o milho, geralmente, é plantado de agosto a
setembro e à medida que se caminha para os estados do Centro-Oeste e
do Sudeste, a época de semeadura na safra varia de outubro a novembro.
A época de semeadura afeta várias características da planta, ocorrendo um
decréscimo mais acentuado no número de espigas por planta e no
rendimento de grãos. O atraso na semeadura pode resultar em perdas que
podem ser superiores a 60 kg/ha/dia. Essa tendência pode ser revertida se
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
não houver déficit hídrico e ocorrer uma redução na temperatura do ar, nos
meses de fevereiro - março.
Na região Sudeste, as épocas de plantio das lavouras de milho de alta
produtividade concentram-se nos meses de outubro e novembro, chegando
a cerca de 80% das lavouras com produtividade acima de 8.000 kg ha-1. O
mesmo ocorre nos estados da região Centro-Oeste, onde as melhores
lavouras de milho são plantadas, principalmente, nos meses de outubro e
novembro. Para os estados da região Nordeste, para as lavouras de alta
produtividade na Bahia e no Piauí, principalmente, à época de plantio
concentra-se no final do mês de novembro e principalmente no mês de
dezembro. Assim, podemos concluir que a análise dos levantamentos das
diferenças edafoclimáticas de cada região influenciam muito na tomada de
decisão da época de plantio da cultura de milho, na safra normal.
Por ser plantado no final da época recomendada, o milho safrinha tem
sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes
limitações de radiação solar e temperatura na fase final de seu ciclo. Além
disso, como o milho safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data
de plantio depende da época do plantio dessa cultura e de seu ciclo. Assim, o
planejamento do milho safrinha começa com a cultura do verão, visando
liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor
será o potencial e maior o risco de perdas por seca e/ou geadas.
A profundidade da semeadura e outra variável que está condicionada
aos fatores temperatura do solo, umidade e tipo de solo. A semente deve ser
colocada em uma profundidade que possibilite um bom contato com a umidade
do solo. Entretanto, a maior ou menor profundidade de semeadura vai
depender do tipo de solo. Naqueles mais pesados (argilosos), com drenagem
deficiente ou com fatores que dificultam o alongamento do mesocótilo,
dificultando a emergência de plântulas, as sementes devem ser colocadas
entre 3 e 5 cm de profundidade. Em solos mais leves ou arenosos, as
sementes podem ser colocadas mais profundas, entre 5 e 7 cm de
profundidade, para se beneficiarem do maior teor de umidade do solo.
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
No Sistema Plantio Direto, onde há sempre um acúmulo de resíduos
na superfície do solo, especialmente em regiões mais frias, a cobertura
morta pode retardar a emergência, reduzir o estande e, em alguns casos,
pode até causar queda no rendimento de grãos da lavoura, dependendo da
profundidade em que a semente foi colocada.
Contrário a uma crença popular, a profundidade de semeadura tem
influência mínima na profundidade do sistema radicular definitivo, que se
estabelece logo abaixo da superfície do solo. A densidade de plantio, ou
estande, é definida como o número de plantas por unidade de área, tem papel
importante no rendimento de uma lavoura de milho, uma vez que pequenas
variações na densidade têm grande influência no rendimento final da cultura.
O milho é a gramínea mais sensível variação na densidade de plantas. Para
cada sistema de produção, existe uma população que maximiza o
rendimento de grãos.
A população recomendada para maximizar o rendimento de grãos de
milho varia de 40.000 a 80.000 plantas.ha-1
, dependendo da
disponibilidade hídrica, da fertilidade do solo, dá cultivar, da época de
semeadura e do espaçamento entre linhas. Vários pesquisadores
consideram o próprio genótipo como principal determinante da densidade
de plantas. O aumento da densidade de plantas até determinado limite é
uma técnica usada com a finalidade de elevar o rendimento de grãos da
cultura do milho. Porém, o número ideal de plantas por hectare é variável,
uma vez que a planta de milho altera o rendimento de grãos de acordo com
o grau de competição intraespecífica proporcionado pelas diferentes
densidades de planta.
O rendimento de uma lavoura aumenta com a elevação da densidade de
plantio, até atingir uma densidade ótima, que é determinada pela cultivar e
por condições externas resultantes de condições edafoclimáticas do local e do
manejo da lavoura. A partir da densidade ótima, quando o rendimento é
máximo, aumento na densidade resultará em decréscimo progressivo na
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
produtividade da lavoura. A densidade ótima é, portanto, variável para cada
situação e, basicamente, depende de três condições: cultivar, disponibilidade
hídrica e do nível de fertilidade de solo. Qualquer alteração nesses fatores,
direta ou indiretamente, afetará a densidade ótima de plantio.
Além do rendimento de grãos, o aumento da densidade de plantio
também afeta outras características da planta. Dentre essas características,
temos a redução no número de espigas por planta (índice de espigas) e o peso
médio da espiga, o diâmetro do colmo é reduzido e há maior susceptibilidade
ao acamamento e ao quebramento pode haver um aumento na ocorrência de
doenças, especialmente as podridões de colmo.
Esses aspectos podem determinar o aumento de perdas na colheita,
principalmente quando mecanizada. Desta forma, às vezes deixamos de
recomendar densidades maiores, embora em condições experimentais
apresentem maiores rendimentos, não são aconselhadas em lavouras
colhidas mecanicamente.
A densidade de plantio e a distribuição de sementes são também
afetadas pela velocidade de plantio. Assim, para plantadeiras a disco
recomenda-se velocidades não superiores a 5 Km/h. Plantadeiras a dedo ou
a vácuo podem realizar operações de semeadura com velocidade de até 10
Km/h, desde que as condições de topografia do terreno, umidade e textura
do solo permitiam a operação nesta velocidade. De um modo geral, não se
recomenda a semeadura em velocidades superiores a 7 Km/h quando se
utilizar essas plantadeiras. Devemos fazer um teste antes da semeadura,
operando a plantadeira em diferentes velocidades para, então se escolher a
melhor opção, tendo em vista principalmente a uniformidade da
profundidade das sementes.
A velocidade acima do recomendado aumenta o número de falhas e
duplas e prejudicam a uniformidade da profundidade das sementes. Esses dois
fatores reduzem a população de plantas e aumentam o número de plantas
dominadas. Em termos genéricos, observamos que cultivares precoces, as
de ciclo mais curto exigem maior densidade de plantio em relação a
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
cultivares tardias, para expressarem seu máximo rendimento.
As cultivares mais precoces, geralmente, possuem plantas de menor
altura e menor massa vegetativa. Essas características morfológicas
determinam um menor sombreamento dentro da cultura, possibilitando,
com isto, menor espaçamento entre plantas, para melhor aproveitamento
de luz. Mesmo dentre os grupos de cultivares (precoces ou tardios), há
diferenças quanto à densidade ótima de plantio.
As faixas de densidades mais frequentemente recomendadas para os
híbridos duplos variam de 50 a 60 mil plantas por ha, havendo casos de
recomendação até de 70 mil plantas por ha. Para os híbridos triplos e
simples, é frequente a densidade de 55 a 70 mil plantas por ha, havendo
casos de recomendação de até 80 mil plantas por ha, principalmente entre
os híbridos simples. Assim, muda-se a idéia tradicional de se utilizar um
saco de sementes para o plantio de um hectare não sendo mais verdadeira,
havendo necessidades de se utilizar 1,2 a 1,4 sacos de sementes (com
60.000 sementes) para o plantio de um hectare.
Atualmente, a redução no espaçamento entre linhas e o aumento da
densidade de plantio é uma realidade na cultura de milho, encontramos no
mercado plataformas adaptáveis às colhedoras com espaçamentos de até
0,45 m. Na ocasião do plantio e posterior colheita a densidade adequada e
uniforme de plantas deverá tomar uma série de cuidados, entre eles:
I. utilizar sementes de alta qualidade em termos de poder germinativo
e vigor;
II. realizar o plantio com máquinas e equipamentos de maior qualidade
e precisão que, aliados a uma mão de obra melhor qualificada,
possibilitará um plantio cada vez mais uniforme, minimizando a
ocorrência de falhas, de duas sementes juntas (duplas) e de plantas
dominadas;
40
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
III. fazer o tratamento de sementes e se for necessário, fazer aplicação
de fungicidas, especialmente em regiões mais frias onde o processo
de germinação e emergência é retardado;
IV. plantar na época certa e quando o solo tiver com teor de umidade
adequado promovendo a melhoria das condições químicas, físicas e
biológicas do solo, facilitando o desenvolvimento e sobrevivência das
plântulas.
Figura 5. Erros no estabelecimento de uma lavoura de milho
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
DOENÇAS
Nos últimos anos, principalmente a partir do final de década de 90, as
doenças têm se tornado uma grande preocupação por parte de técnicos e
produtores envolvidos no agronegócio do milho. Assim, podemos destacar
a severa epidemia de cercosporiose ocorrida na região Sudoeste do Estado
de Goiás no ano de 2000, na qual foram registradas perdas superiores a
80% na produtividade.
A evolução das doenças do milho está estreitamente relacionada à
evolução do sistema de produção da cultura como exemplo a expansão da
fronteira agrícola, a ampliação das épocas de plantio (safra e safrinha), a
adoção do sistema de plantio direto, o aumento do uso de sistemas de
irrigação, a ausência de rotação de cultura e o uso de materiais suscetíveis
têm promovido modificações importantes na dinâmica populacional dos
patógenos, resultando no surgimento, a cada safra, de novos problemas
para a cultura relacionados à ocorrência de doenças.
Dentre as doenças que atacam a cultura do milho no Brasil, merecem
destaque a mancha branca, a cercosporiose, a ferrugem polissora, a
ferrugem tropical, os enfezamentos vermelho e pálido, as podridões de
colmo e os grãos ardidos. Além destas, nos últimos anos algumas doenças
como a antracnose foliar e a mancha foliar de Diplodia, consideradas de
menor importância, têm promovido elevada severidade em algumas
regiões produtoras. No entanto, algumas das doenças são de ocorrência
mais generalizada nas principais regiões de plantio, como é o caso da
mancha branca. As principais medidas recomendadas para o manejo de
doenças na cultura do milho são:
utilizar cultivares resistentes;
realizar o plantio em época adequada, de modo a evitar que os
períodos críticos para a cultura coincidam com condições ambientais
mais favoráveis ao desenvolvimento da doença;
42
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
utilizar sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas;
utilizar rotação com culturas não suscetíveis;
rotação de cultivares;
manejo adequado da lavoura – adubação equilibrada (N e K),
população de plantas adequada, controle de pragas e de invasoras e
colheita na época correta.
Essas medidas reduzem o potencial de inóculo dos patógenos
presentes na lavoura, contribuem para uma maior durabilidade e
estabilidade da resistência genética presentes nas cultivares comerciais. A
mais atrativa estratégia de manejo de doenças é a utilização de cultivares
geneticamente resistentes, não exigindo nenhum custo adicional ao
produtor, não causando nenhum tipo de impacto negativo ao meio
ambiente, sendo perfeitamente compatível com outras alternativas de
controle. Agruparemos as doenças do milho de acordo com o órgão da
planta infectado, formando os seguintes grupos: doenças foliares;
podridões de colmo e das raízes; podridões de espigas e de grãos; e
doenças sistêmicas.
DOENÇAS FOLIARES
Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)
A doença foi observada inicialmente no Sudoeste do Estado de Goiás
em Rio Verde, Montividiu, Jataí e Santa Helena, no ano de 2000.
Atualmente a doença está presente em praticamente todas as áreas de
plantio de milho no Centro Sul do Brasil. A doença ocorre com alta
severidade em cultivares suscetíveis, podendo as perdas serem superiores
a 80%.
Os sintomas caracterizam-se por manchas de coloração cinza,
predominantemente retangulares, com as lesões desenvolvendo-se
paralelas às nervuras. Com o desenvolvimento dos sintomas da doença,
43
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
pode ocorrer necrose de todo o tecido foliar (Figura 1). Em situações de
ataques mais severos, as plantas tornam-se mais predispostas às infecções
por patógenos no colmo, resultando em maior incidência de acamamento
de plantas.
Figura 1. Cercosporiose do milho (Cercospora zeae-maydis).
A disseminação ocorre através de esporos e de restos de cultura levados
pelo vento e por respingos de chuva. Os restos de cultura são, portanto, fonte de
inóculo local e, também, para outras áreas de plantio. A ocorrência de
temperaturas entre 25º C e 30º C e de umidade relativa do ar superior a 90% são
consideradas condições ótimas para o desenvolvimento da doença.
A principal medida de manejo da cercosporiose é a utilização de cultivares
resistentes. Além disso, recomenda-se evitar a permanência de restos da cultura
de milho em áreas em que a doença ocorreu com alta severidade para reduzir o
inóculo do patógeno; realizar a rotação com culturas não hospedeiras como a
soja, o sorgo, o girassol, o algodão e outras, sendo que o milho é o único
hospedeiro de C. zeae-maydis; realizar adubações de acordo com as
recomendações técnicas para evitar desequilíbrios nutricionais nas plantas,
favoráveis ao desenvolvimento desse patógeno, principalmente a relação
nitrogênio/potássio.
Para que essas medidas sejam eficientes, recomenda-se a sua aplicação
regional (em macrorregiões) para evitar que a doença volte a se manifestar a
partir de inóculo trazido pelo vento de lavouras vizinhas infectadas. Em áreas com
plantio de cultivares suscetíveis e sob condições ambientais favoráveis para a
44
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
ocorrência da doença, o controle químico deve ser avaliado como uma opção para
o manejo da doença.
Mancha branca (etiologia indefinida)
A mancha branca é considerada, atualmente, uma das principais doenças da
cultura do milho no Brasil, estando presente em praticamente todas as regiões de
plantio de milho no Brasil. As perdas na produção podem ser superiores a 60% em
situações de ambiente favorável e de uso de cultivares suscetível.
As lesões da mancha branca são, inicialmente, circulares, aquosa e verde
clara (anasarcas). Posteriormente, passam a necróticas, de cor palha, circulares a
elípticas, com diâmetro variando de 0,3 a 1 cm (Figura 2). Geralmente, são
encontradas dispersas no limbo foliar, mas iniciam-se na ponta da folha
progredindo para a base, podendo coalescer. Em geral, os sintomas aparecem
inicialmente nas folhas inferiores, progredindo rapidamente para as superiores,
sendo mais severos após o pendoamento. Sob condições de ataque severo, os
sintomas da doença podem ser observados também na palha da espiga. Em
condições de campo, os sintomas não ocorrem, normalmente, em plântulas de
milho.
A mancha branca é favorecida por temperaturas noturnas amenas (15 a
20ºC), elevada umidade relativa do ar (>60%) e elevada precipitação. Os plantios
tardios favorecem elevadas severidades da doença devido à ocorrência dessas
condições climáticas durante o florescimento da cultura, fase na qual as plantas
são mais sensíveis ao ataque do patógeno e os sintomas são mais severos.
A principal medida recomendada para o manejo da mancha branca é o uso
de cultivares resistentes sendo encontrado no mercado as cultivares da Embrapa
BRS 1010 e BRS 1035. Outra medida importante para o manejo da enfermidade é
a escolha da época de plantio. Deve-se optar por épocas de semeadura cujas
condições climáticas que favoreçam a doença não coincidam com a fase de
florescimento da cultura. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, os plantios tardios
realizados a partir da segunda quinzena de novembro até o final de dezembro
favorecem a ocorrência da doença em elevadas severidades.
Assim, recomenda-se, sempre que possível, antecipar a época do plantio
para a segunda quinzena de outubro ou o início de novembro. O controle químico
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
também é uma medida viável nas situações em que são utilizados cultivares
suscetíveis, em regiões cujas condições climáticas são favoráveis ao
desenvolvimento da doença.
Figura 2. Sintomas da mancha branca do milho.
Ferrugem Polissora (Puccinia polysora Underw.)
No Brasil, foram determinadas perdas superiores a 40% na produção
de milho devido à ocorrência de epidemias de ferrugem polissora. A doença
está distribuída por toda a região Centro-Oeste, pelo Noroeste de Minas
Gerais, por São Paulo e por parte do Paraná. Os sintomas da ferrugem
polissora são caracterizados pela formação de pústulas circulares a ovais,
de coloração marron clara, distribuídas, predominantemente, na face
superior das folhas (Figura 3).
Figura 3. Sintomas da ferrugem polissora no milho (Puccinia polysora Underw).
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
A ocorrência da doença é dependente da altitude, ocorrendo com
maior intensidade em altitudes abaixo de 700m, onde predominam
temperatura mais elevadas (25º C a 35º C). A ocorrência de períodos
prolongados de elevada umidade relativa do ar também é um fator
importante para o desenvolvimento da doença. As principais medidas
recomendadas para o manejo da ferrugem polissora compreendem o uso
de cultivares resistentes, a escolha da época e do local de plantio, a
aplicação de fungicidas em situações de elevada pressão de doença e o uso
de cultivares suscetíveis.
Ferrugem Comum (Puccinia sorghi)
No Brasil, a doença tem ampla distribuição com severidade
moderada, tendo maior severidade nos estados da região Sul. A ferrugem
comum caracteriza-se pela formação de pústulas em toda a parte aérea da
planta, mas com maior abundância nas folhas. As pústulas ocorrem em
ambas as superfícies da folha, sendo esta uma das características que a
diferencia da ferrugem polissora, cujas pústulas predominam na superfície
superior da folha. As pústulas da ferrugem comum apresentam formato
circular a alongado e coloração castanho clara a escuro, que se acentua à
medida em que as pústulas amadurecem e se rompem, liberando os
uredósporos, que são os esporos típicos do patógeno. Sob condições
ambientais favoráveis, as pústulas podem coalescer, formando grandes
áreas necróticas nas folhas (Figura 4).
Figura 4. Sintomas da ferrugem comum do milho: pústulas de coloração
marrom claro apresentando halo amarelado (A); coalescência de pústulas
apresentando necrose foliar e bordos arroxeados; detalhe do formato alongado
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
das pústulas (C).
A ocorrência de prolongados períodos de temperaturas baixas (16 a 23°C),
alta umidade relativa do ar (>90%) e chuvas frequentes favorecem o
desenvolvimento da doença. Os teliósporos produzidos pelo patógeno germinam e
produzem basidiósporos, os quais infectam plantas do gênero oxalis spp. (trevo),
em que o patógeno desenvolve o estágio aecial (fase reprodutiva). Desse modo, a
presença de plantas de trevo na área contribui para a sobrevivência e para a
disseminação do patógeno.
O uso de cultivares resistentes é a principal forma de manejo da ferrugem
comum. A escolha da época e de locais de plantio menos favoráveis ao
desenvolvimento da doença e a eliminação de hospedeiros alternativos também
contribuem para a redução da severidade da doença. A aplicação de fungicidas é
recomendada em situações de elevada pressão de doença e uso de cultivares
suscetíveis, quando a doença surge nos estádios iniciais de desenvolvimento da
cultura.
Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca (Physopella zeae)
No Brasil, a ferrugem tropical encontra-se distribuída nas regiões Centro-
Oeste e Sudeste (Norte de São Paulo). A doença é mais severa em plantios
contínuos de milho, principalmente em áreas irrigadas. A ferrugem branca
caracteriza-se pela formação de pústulas de formato arredondado a oval, em
pequenos grupos, de coloração esbranquiçada a amarelada, na superfície superior
da folha e recoberta pela epiderme. Uma borda de coloração escura pode envolver
o agrupamento de pústulas (Figura 5).
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Figura 5. Pústulas de aspecto pulverulento e coloração esbranquiçada
características da ferrugem branca do milho.
Os uredoóporos são o inóculo primário e secundário, sendo
transportados pelo vento ou em material infectado. Não são conhecidos
hospedeiros intermediários de P. zeae. A doença é favorecida por condições
de alta temperatura (22-34°C), alta umidade relativa e baixas altitudes.
Por ser um patógeno de menor exigência em termos de umidade, a
severidade da doença tende a ser a maior nos plantios de safrinha.
As principais medidas de manejo são: plantio de cultivares
resistentes; escolha da época e do local de plantio; evitar plantios
sucessivos de milho; e aplicação de fungicidas em situação de elevada
pressão de doença. Além disso, recomendam-se a alternância de genótipos
e a interrupção no plantio durante certo período para que ocorra a morte
dos uredósporos.
Helmintosporiose (Exserohilum turcicum)
No Brasil, as maiores severidades desta enfermidade têm ocorrido em
plantios de safrinha. Em situações favoráveis ao desenvolvimento da
doença, as perdas na produção podem chegar a 50%, quando o ataque
começa antes do período de floração. Os sintomas típicos da doença são
lesões necróticas, elípticas, medindo de 2,5 a 15cm de comprimento
(Figura 6). A coloração do tecido necrosado varia de cinza a marrom e, no
interior das lesões, observa-se intensa esporulação do patógeno. As
primeiras lesões aparecem, normalmente, nas folhas mais velhas.
Figura 6. Sintomas da helmintosporiose ( Exserohilum turcicum) em milho.
Foto: Luciano Viana Cota
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
O patógeno apresenta boa capacidade de sobrevivência em restos de
cultura. A disseminação ocorre pelo transporte de conídios pelo vento a
longas distâncias. Temperaturas moderadas (18-27°C) são favoráveis à
doença, bem como a ocorrência de longos períodos de molhamento foliar
ou a presença de orvalho. O patógeno tem como hospedeiros o sorgo, o
capim sudão, o sorgo de halepo e o teosinto. No entanto, isolados
provenientes do sorgo não são capazes de infectar plantas de milho. O
controle da doença é feito através do plantio de cultivares com resistência
genética. A rotação de culturas é também uma prática recomendada para o
manejo desta doença.
Mancha de Bipolaris maydis (Bipolaris maydis)
Esta doença encontra-se bem distribuída no Brasil, porém com
severidade entre baixa e média. Atualmente, em algumas áreas das regiões
Centro-Oeste e Nordeste têm ocorrido com elevada severidade em
materiais suscetíveis. O fungo B. maydis possui duas raças descritas, “0” e
“T”. A raça “0”, predominante nas principais regiões produtoras, produz
lesões alongadas, orientadas pelas nervuras com margens castanhas e com
forma e tamanho variáveis (Figura 7).
Figura 7. Sintomas da mancha de Bipolaris maydis (Bipolaris maydis) em
milho.
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Embora as lesões sigam a orientação das nervuras, as bordas das
lesões não são tão bem definidas como ocorre no caso da cercosporiose. As
lesões causadas pela raça “T” são maiores, predominantemente elípticas e
com coloração de marrom a castanho, podendo haver formação de halo
clorótico.
A sobrevivência ocorre em restos culturais infectados e em grãos. Os
conídios são transportados pelo vento e por respingos de chuva. As
condições ótimas para o desenvolvimento da doença consistem em
temperaturas entre 22 e 30°C e em elevada umidade relativa. A ocorrência
de longos períodos de seca e de dias com muito sol entre dias chuvosos é
desfavorável à doença. O plantio de cultivares resistentes e a rotação de
culturas são as principais medidas recomendadas para o manejo dessa
doença.
Mancha de Bipolaris Zeicola (Bipolaris zeicola)
Esta bem distribuída no Brasil, porém com severidade entre baixa e
média. A doença tem ocorrido com elevada severidade em algumas regiões
do Centro-Oeste e do Nordeste. Duas raças de B. zeícola são consideradas
predominantes no Brasil, raças 1 e 3. A raça 1 desse patógeno produz
lesões de coloração palha, formato de circular a oval e com formação de
anéis concêntricos (Figura 8).
Figura 8. Sintomas da mancha de Bipolaris Zeicola (Bipolaris zeicola raça 1)
em milho.
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
A raça 3 produz lesões bem distintas daquelas produzidas pela raça
1. As lesões são estreitas e alongadas e com coloração castanho claro. As
condições ambientais que favorecem a ocorrência da doença são
temperaturas moderadas e alta umidade relativa do ar. A sobrevivência
ocorre em restos culturais infectados e os conídios são transportados pelo
vento e por respingos de chuva. O plantio de cultivares resistentes e a
rotação de culturas são as principais medidas recomendadas para o manejo
dessa doença.
Mancha foliar de Diplodia (Stenocarpella macrospora)
Esta doença está presente nos estados de Minas Gerais, Goiás, São
Paulo, Bahia e Mato Grosso e na região Sul do país. Amplamente
distribuída, mais, com baixa e média severidade. As lesões são alongadas,
grandes, semelhantes às de Exserohilum turcicum. Diferem destas por
apresentar, em algum local da lesão, pequeno círculo visível contra a luz
(ponto de infecção). Podem alcançar até 10 cm de comprimento (Figura 9).
Figura 9. Sintomas da mancha foliar de Diplodia (Diplodia macrospora) em folha
de milho. Seta indicando ponto de Infecção. Foto: Rodrigo Véras
Em algumas situações, os sintomas são caracterizados pela presença
de lesões estreitas e alongados (Figura 10). Apesar da variação
sintomatológica, em todos os casos é possível verificar o ponto de infecção
pelo patógeno.
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Figura 10. Lesão estreita e alongada de Diplodia macrospora. Seta indicando
ponto de Infecção. Foto: Rodrigo Véras da Costa
A disseminação ocorre através dos esporos e dos restos de cultura
levados pelo vento e por respingos de chuva. Os restos de cultura são fonte
de inóculo local e também contribuem para a disseminação da doença para
outras áreas de plantio. A ocorrência de temperaturas entre 25 e 30º C e
de elevada umidade relativa do ar favorecem o desenvolvimento da
doença. O manejo da doença pode ser feito através do uso de cultivares
resistentes e da rotação com culturas não hospedeiras.
Antracnose foliar do milho (Colletotrichum graminicola)
Com a ampla utilização do plantio direto, sem rotação de culturas, e o
aumento das áreas de plantio do milho na safra e na safrinha, a antracnose
tornou-se uma das doenças mais amplamente distribuídas nas regiões
produtoras de milho do Brasil. A doença pode reduzir a produção do milho
em até 40% em cultivares suscetíveis sob condições favoráveis de
ambiente. Um fator complicador relacionado à ocorrência da antracnose é a
inexperiência por parte da maioria dos técnicos em reconhecer os sintomas
dessa enfermidade no campo, permitindo que ela ocorra em elevadas
severidades, resultando em perdas significativas à produção.
As lesões foliares são observadas em plantas nos primeiros estágios
vegetativos e, de modo geral, a antracnose é a primeira doença foliar
detectada no campo. Os sintomas são caracterizados por lesões de
coloração marrom escura e formato oval a irregular, o que torna, às vezes,
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
difícil seu diagnóstico. Tipicamente, um halo amarelado circunda a área
doente das folhas. Sob condições favoráveis, as lesões podem coalescer,
necrosando grande parte do limbo foliar e surgem, no interior das lesões,
pontuações escuras que correspondem às estruturas de frutificação do
patógeno, denominadas acérvulos (Figura 11). Nas nervuras, são
observadas lesões elípticas de coloração marrom avermelhada que
resultam numa necrose foliar em formato de “V” invertido (Figura 12).
Esses sintomas são geralmente confundidos com os sintomas de deficiência
de nitrogênio.
Foto: Rodrigo Véras da Costa
Figura 11. Sintoma da antracnose foliar do milho (Colletotrichum graminicola).
Figura 12. Sintomas da antracnose (Colletotrichum graminicola) na nervura e
queima foliar em formato de “V” invertido em plantas de milho.
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
A taxa de aumento da doença é uma função da quantidade inicial de
inóculo presente nos restos de cultura, o que indica a importância do
plantio direto e do plantio em sucessão para o aumento do potencial de
inóculo. Outro fator a influir na quantidade da doença é a taxa de
reprodução do patógeno, que vai depender das condições ambientais a da
própria raça do patógeno presente. Temperaturas elevas (28 ºC a 30 oC),
elevada umidade relativa do ar e chuvas frequentes favorecem o
desenvolvimento da doença.
As principais medidas recomendadas para o manejo da antracnose
são o plantio de cultivares resistentes, a rotação de cultura e evitar plantios
sucessivos, as quais são essenciais para a redução do potencial de inoculo
do patógeno presente nos restos de cultura.
Podridões do Colmo e das Raízes
As podridões de colmo destacam-se, no mundo, entre as mais
importantes doenças que atacam a cultura do milho por causarem redução
de produção e de qualidade de grãos e forragens. Sua ocorrência, no Brasil,
tem aumentado significativamente nas últimas safras em todas as regiões
de plantio.
Os plantios sucessivos, a ampla adoção do sistema de plantio direto
sem rotação de culturas e a utilização de genótipos suscetíveis favorecem a
ocorrência da doença em função da elevada capacidade dos patógenos de
sobreviverem no solo e em restos de cultura, resultando no rápido acúmulo
de inoculo nas áreas de cultivo. Incidência de podridão de colmo acima de
70% e perdas de produtividade em torno de 50% têm sido relatadas em
cultivares suscetíveis sob condições ambientais favoráveis ao
desenvolvimento dos patógenos causadores de podridões de colmo.
As podridões do colmo na cultura do milho podem ocorrer antes da
fase de enchimento dos grãos, em plantas jovens e vigorosas, ou após a
maturação fisiológica dos grãos, em plantas senescentes. No primeiro caso,
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
as perdas se devem à morte prematura das plantas com efeitos negativos
no tamanho e no peso dos grãos, como consequência da redução na
absorção de água e nutrientes. No segundo caso, as perdas na produção se
devem ao tombamento das plantas, o que dificulta a colheita mecânica e
expõe as espigas à ação de roedores e ao apodrecimento pelo contato com
o solo. O tombamento das plantas é função do peso e da altura da espiga,
da quantidade do colmo apodrecida, da dureza da casca e da ocorrência de
ventos.
As podridões de colmo apresentam estreita relação com a ocorrência
de vários tipos de estresses durante o ciclo da cultura, os quais promovem
alterações no balanço normal de distribuição de carboidratos na planta.
Após as fases de polinização e fertilização, inicia-se o período de
enchimento dos grãos, que se estende até a maturidade fisiológica. Nesta
fase, as espigas tornam-se os drenos mais fortes na planta, assumindo
grande demanda por açúcares e outros carboidratos. Portanto, o “aparato”
fotossintético, nesse período, deve funcionar plenamente para manter o
adequado suprimento de carboidratos para o enchimento dos grãos e para
a manutenção dos tecidos do colmo e das raízes.
Qualquer fator que interfira, negativamente, no processo de
fotossíntese nessa fase, como estresse hídrico, temperaturas elevadas,
desequilíbrios nutricionais, redução da radiação solar e perda de área foliar
devido ao ataque de pragas e doenças, resultam em inadequado
suprimento de carboidratos para enchimento dos grãos. Nesse caso, o
colmo, que além da função estrutural atua também como órgão de reserva,
passa a ser a principal fonte de carboidratos para o enchimento dos grãos,
via processo de translocação.
No entanto, a redução da atividade fotossintética e a intensa
translocação de carboidratos do colmo para a espiga resulta num
enfraquecimento dos tecidos do colmo, tornando-os mais suscetíveis ao
ataque de patógenos causadores de podridão. Desse modo, é possível
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
afirmar que qualquer fator que reduza a capacidade fotossintética e a
produção de carboidratos predispõe as plantas à ocorrência da doença.
As podridões do colmo geralmente se iniciam pelas raízes, passando
para os entrenós superiores ou diretamente pelo colmo, através de
ferimentos. De um modo geral, não ocorrem uniformemente na área,
sendo possível encontrar plantas sadias ao lado de plantas apodrecidas.
Por serem os microorganimos causadores das podridões do colmo
capazes de sobreviver nos restos de cultura e no solo, a adoção do sistema
de plantio direto pode aumentar significativamente a quantidade de inóculo
no solo, tornando as lavouras de milho, nesse sistema de cultivo, mais
sujeitas à ocorrência das podridões em alta intensidade.
Vários são os patógenos causadores de podridão de colmo em milho,
incluindo fungos e bactérias. No Brasil, os principais são Colletotrichum
graminicola, Diplodia macrospora, Diplodia maydis, Fusarium graminearum,
Fusarium moniliforme e Macrophomina Phaseolina.
Antracnose do colmo (Colletotrichum graminicola)
Essa podridão, também denominada de antracnose do colmo, é
causada pelo fungo Colletotrichum graminicola. Esse fungo pode infectar
todas as partes da planta de milho, resultando em diferentes sintomas nas
folhas, no colmo, na espiga, nas raízes e no pendão.
Embora o patógeno possa infectar as plantas nas fases iniciais de seu
desenvolvimento, os sintomas são mais visíveis após o florescimento. A
podridão do colmo é caracterizada pela formação, na casca, de lesões
encharcadas, estreitas, elípticas na vertical ou ovais. Posteriormente, essas
lesões tornan-se marrom avermelhadas e, finalmente, marrom-escuras a
negras (Figura 13).
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Figura 13. Sintomas da antracnose do colmo do milho.
As lesões podem coalescer, formando extensas áreas necrosadas de
coloração escura brilhante. O tecido interno do colmo apresenta, de forma
contínua e uniforme, coloração marrom escura, podendo se desintegrar,
levando a planta à morte prematura e ao acamamento (Figura 14).
Foto: Luciano Viana Cota
Figura 14. Fileira de plantas de milho apresentado sintomas da antracnose do
colmo.
C. graminicola pode sobreviver em restos de cultura ou em sementes,
na forma de micélio e conídios. A disseminação dos conídios se dá por
respingos de chuva. A infecção do colmo pode ocorrer pelo ponto de junção
das folhas com o colmo ou através de raízes. A antracnose é favorecida por
longos períodos de altas temperaturas e umidade, principalmente na fase
de plântula e após o florescimento. As perdas de produção, dependendo do
híbrido e das condições ambientais, podem chegar a 40%.
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Podridão de Diplodia
Essa podridão pode ser causada por duas espécies de fungos do
gêneroStenocarpella, Stenocarpella maydis (= Diplodia maydis)
eStenocarpella macrospora (= Diplodia macrospora), os mesmos agentes
causais da podridão branca das espigas. A espécie S. macrospora pode,
também, causar lesões foliares em milho conforme descrito
anteriormente. S. maydis difere de S. macrospora por apresentar conídios
duas vezes menores e por não causar lesões foliares.
Plantas infectadas por esses fungos apresentam, externamente,
próximo aos entrenós inferiores, lesões marrom claras, quase negras, nas
quais é possível observar a presença de pequenos pontinhos negros
(picnídios). Internamente, o tecido da medula adquire coloração marrom,
pode se desintegrar, permanecendo intactos somente os vasos lenhosos
sobre os quais é possível observar a presença de picnídios (Figura 15).
Foto: Nicésio F. F. A. Pinto
Figura 15. Sintomas da podridão do colmo do milho causada por Stenocarpela
spp. (=Diplodia spp.).
As podridões do colmo causadas por Stenocarpella spp. são
favorecidas por temperaturas entre 28º C e 30º C e alta umidade,
principalmente na forma de chuva. Esses patógenos sobrevivem nos restos
de cultura na forma de picnídios e nas sementes na forma de picnídios ou
de micélio. Apresentam como único hospedeiro o milho, o que torna a
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
rotação de culturas uma medida eficiente para o manejo dessa doença. A
disseminação dos conídios pode ocorrer pela ação da chuva ou do vento.
Podridão de Fusarium
Essa doença é causada por várias espécies do gênero Fusarium spp.,
entre elas F. moniliforme e F. graminearum, que também causam
podridões de espigas. Em plantas infectadas, o tecido dos entrenós
inferiores geralmente adquire coloração avermelhada, que progride de
forma uniforme e contínua da base em direção à parte superior da planta
(Figura 16).
Foto: Fernando Tavares Fernandes
Figura 16. Podridão do colmo causada por Fusarium spp.
Embora a infecção do colmo possa ocorrer antes da polinização, os
sintomas só se tornam visíveis logo após a polinização e aumentam em
severidade à medida que as plantas entram em senescência. A infecção
pode começar pelas raízes e é favorecida por ferimentos causados por
nematóides ou pragas subterrâneas.
Esse patógeno é um fungo de solo capaz de sobreviver nos restos de
cultura na forma de micélio e apresenta várias espécies vegetais como
hospedeiro alternativo, o que torna a medida de rotação de culturas pouco
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
eficiente, podendo frequentemente ser encontrado associado às sementes.
A disseminação dos conídios se dá através do vento ou da chuva.
Podridão de Macrophomina
Essa doença é causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, um
patógeno capaz de causar podridões em mais de 500 espécies de plantas,
incluindo as podridões de colmo nas culturas do milho e do sorgo.
A infecção das plantas inicia pelas raízes. Embora essa infecção possa
ocorrer nos primeiros estádios de desenvolvimento da planta, os sintomas
são visíveis nos entrenós inferiores após a polinização. Internamente, o
tecido da medula se desintegra, permanecendo intactos somente os vasos
lenhosos (Figura 17) sobre os quais é possível observar a presença de
numerosos pontinhos negros (escleródios) que conferem, internamente ao
colmo, uma cor cinza típica.
Foto: Nicésio F. F. A. Pinto
Figura 17. Sintomas da podridão do colmo causada por Macrophomina phaseolina.
A podridão por Macrophomina é favorecida por altas temperaturas
(37°C) e por baixa umidade no solo. A sobrevivência de M. phaseolina no
solo, bem como sua disseminação, ocorre na forma de escleródios. Esse
fungo apresenta um grande número de hospedeiros, inclusive o sorgo e a
soja, o que torna a rotação de culturas uma medida de controle pouco
eficiente.
Podridão por Pythium
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
É causada pelo fungo Pythium aphanidermatum. Essa podridão não é
tão comum quanto aquelas causadas por C. graminicola, Stenocarpella spp.
e Fusarium spp. e ocorre em condições de umidade excessiva no solo. Os
sintomas iniciais dessa podridão são caracterizados por lesões do tipo
aquosa semelhantes às causadas por bactérias. A diferença é que, nesse
caso, a podridão permanece, tipicamente, restrita ao primeiro entrenó
acima do solo (Figura 18), enquanto que nas bacterioses podem atingir
vários entrenós. Inicialmente, nota-se uma alteração da cor dos tecidos,
variando de marrom claro a escuro e com aspecto encharcado. Com a
evolução dos sintomas, os tecidos internos do colmo se desintegram,
resultando num estrangulamento do colmo na região. As plantas, antes de
tombarem, geralmente sofrem uma torção característica. Plantas tombadas
permanecem verdes por algum tempo, visto que os vasos lenhosos
permanecem intactos. Esse patógeno pode atacar tecidos novos, verdes e
fisiologicamente ativos.
Foto: Fernando Tavares Fernandes
Figura 18. Sintomas da podridão do colmo causada por Pythium aphanidermatum.
Esse fungo sobrevive no solo, apresenta elevado número de espécies
vegetais hospedeiras e é capaz de infectar plantas de milho jovens e
vigorosas antes do florescimento. Essa podridão é favorecida por
62
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
temperaturas em torno de 32º C e alta umidade no solo, proporcionada por
prolongados períodos de chuva ou irrigação excessiva.
Podridões bacterianas
Várias espécies de bactérias do gênero Pseudomonas spp. e Erwinia
spp.causam podridões do colmo em plantas de milho, sendo a mais comum
a espécieErwinia chrysanthemi pv. zeae. Assim como a podridão causada
por P. aphanidermatum, as podridões bacterianas não ocorrem com
elevada frequência e são restritas a ambientes caracterizados pelo excesso
de umidade no solo.
As podridões causadas por bactérias são do tipo aquosas e
especialmente aquelas causadas por Erwinia chrysanthemi pv. zeae exalam
um odor desagradável típico. Em geral, iniciam-se nos entrenós próximos
ao solo e rapidamente atingem os entrenós superiores. A infecção causada
por E.chrysanthemi pv. zeae pode, também, iniciar pela parte superior do
colmo, causando a podridão do cartucho.
Os sintomas típicos dessa doença são a murcha e a seca das folhas
decorrentes de uma podridão aquosa na base do cartucho. As folhas se
desprendem facilmente e exalam um odor desagradável (Figura 19).
Figura 19. Sintomas da podridão bacteriana do cartucho do milho (Erwinia
chrysanthemi pv. zeae). Fotos: Rodrigo Véras da Costa
Nas bainhas das outras folhas, pode-se observar a presença de lesões
encharcadas (anasarcas). Podem ocorrer o apodrecimento dos entrenós
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
inferiores ao cartucho e a murcha do restante da planta. Ferimentos no
cartucho causados por insetos podem favorecer a incidência dessa
podridão. Essas podridões são favorecidas por altas temperaturas
associadas a altos teores de umidade.
Podridão de raizes
As podridões de raízes podem ser causadas por um complexo de
patógenos envolvendo várias espécies de fungus dos gêneros Fusarium
spp.,Pythium spp. e Rhizoctonia spp. Além disso, bactérias, nematóides e
insetos que se alimentam das raízes podem estar associados às podridões
radiculares.
Os sintomas típicos das podridões radiculares incluem o aparecimento
de lesões de coloração escuras e, consequentemente, de raízes apodrecidas
(Figura 20).
Figura 20. Sintomas da podridão radicular em plantas de milho. Foto: Fernando
Tavares Fernandes
Os sintomas na parte aérea são enfezamento, cloroses, murcha e
redução da produtividade devido à menor absorção de água e nutrientes.
Em alguns casos, podem evoluir e atingir os tecidos do colmo.
Não existe uma medida única recomendada para o controle das
podridões de colmo e de raízes em milho. Para se obter sucesso no manejo
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
dessas doenças, um conjunto de medidas devem ser executadas de forma
integrada. Assim, a escolha correta da cultivar, dando preferência para
híbridos que apresentem, além de alta produtividade, satisfatória
resistência no colmo. Outros critérios, como adubação equilibrada,
principalmente quanto à relação N/K, manejo de irrigação, controle de
pragas, de plantas daninhas e de doenças, densidade de plantas, época de
plantio e colheita, são de fundamental importância e devem ser
considerados num programa de manejo dessas podridões na cultura do
milho.
A ocorrência de podridão de colmo não necessariamente resulta em
tombamento de plantas no campo. Entretanto, alguns pontos devem ser
considerados. A realização da colheita no momento adequado é um dos
principais fatores que devem ser observados em campos de produção
apresentando sintomas da doença. Para isso, o monitoramento da lavoura
passa a ser de fundamental importância. O exame de campo consiste em
avaliar, além dos sintomas na casca, a firmeza do colmo. Nesse caso, a
avaliação é feita pressionando-se, com os dedos, o primeiro e/ou o
segundo entrenó do colmo acima do solo. Colmos sadios são firmes e a
casca oferece forte resistência à pressão dos dedos. Em colmos
apodrecidos, a casca cede facilmente quando pressionada devido à
desintegração dos tecidos vasculares.
Alguns híbridos apresentam a casca bastante resistente, o que
impede o tombamento da planta, mesmo quando os tecidos internos
apresentam-se apodrecidos. No entanto, a resistência da casca pode não
ser suficiente para evitar o tombamento se a colheita for retardada e as
plantas forem expostas a condições adversas como ventos e chuvas fortes.
Recomenda-se que campos apresentando entre 15 e 20% de podridão de
colmo, de acordo com as avaliações descritas acima, sejam colhidos o mais
breve possível para evitar perdas devido ao acamamento de plantas.
Recentemente, grande ênfase tem sido dada ao uso de fungicidas na
65
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
cultura do milho para o manejo de doenças. No entanto, existe pouca
informação sobre a eficiência desses produtos sobre os patógenos
causadores de podridão no colmo. Assim, o uso de fungicidas, pode
promover uma melhor sanidade foliar e preservar a capacidade
fotossintética das plantas, resulta, indiretamente, numa menor necessidade
de translocação de nutrientes do colmo para a espiga, impedindo ou
reduzindo sua senescência precoce.
Podridões de espiga e grãos ardidos
Os grãos de milho podem ser danificados por fungos em duas
condições específicas, isto é, em pré-colheita (podridões de espigas com a
formação de grãos ardidos) e em pós-colheita dos grãos durante o
beneficiamento, o armazenamento e o transporte (grãos mofados ou
embolorados). No processo de colonização dos grãos, muitas espécies de
fungos, denominados toxigênicos, podem, além dos danos físicos
(descolorações dos grãos, reduções nos conteúdos de carboidratos, de
proteínas e de açúcares totais), produzir substâncias tóxicas denominadas
micotoxinas.
É importante ressaltar que a presença do fungo toxigênico não
implica, necessariamente, na produção de micotoxinas, as quais estão
intimamente relacionadas à capacidade de biossíntese do fungo e das
condições ambientais predisponentes, como a alternância das temperaturas
diurna e noturna.
Podridão branca da espiga
A podridão branca da espiga é causada pelos fungos Stenocarpela
maydis (=Diplodia maydis) e Stenocarpela macrospora (= Diplodia
macrospora). Os sintomas são caracterizados pela presença de um
crescimento micelial denso e compacto, de coloração branca entre os
grãos, que iniciam, normalmente, pela base das espigas (Figura 22).
66
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Figura 22. Sintomas da podridão branca da espiga.
As espigas atacadas são mais leves e podem ser totalmente
apodrecidas. Uma característica específica dessa doença é o aparecimento
de inúmeras pontuações de coloração escura nos grãos e no ráquis das
espigas, que correspondem aos picnídios dos patógenos, os quais servem
como fonte de inóculo para os próximos plantios.
Uma característica peculiar entre as duas espécies de Stenocarpella
spp. é que apenas a S. macrospora ataca as folhas do milho. A precisa
distinção entre estas espécies só é possível mediante análises
microscópicas, pois, comparativamente, os esporos de S. macrospora são
maiores e mais alongados do que os de S. maydis. Esses patógenos
sobrevivem no solo através dos esporos no interior dos picnídios e nos
restos de cultura contaminados e, nas sementes, na forma de esporos e de
micélio dormente, as quais constituem as fontes primárias de inóculo para
a infecção das espigas.
Cultivares cujas espigas são mal empalhadas, que possuem palhas
frouxas ou que não se dobram após a maturidade fisiológica são as mais
suscetíveis. A alta precipitação pluviométrica na época da maturação dos
grãos favorece o aparecimento da doença. A evolução da podridão
praticamente cessa quando o teor de umidade dos grãos atinge 21 a 22%
em base úmida. O manejo integrado para o controle desta podridão de
espiga envolve a utilização de cultivares resistentes, de sementes livres dos
patógenos, da destruição de restos culturais infectados e da rotação de
culturas, visto que o milho é o único hospedeiro destes patógenos.
67
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Podridão de Fusarium
Essa podridão é causada por duas espécies de fungos, Fusarium
moniliforme eFusarium subglutinans. Esses patógenos apresentam elevado
número de plantas hospedeiras, sendo, por isso, considerados parasitas
não especializados. A infecção pode iniciar pelo topo ou por qualquer outra
parte da espiga, mas sempre associada a alguma injúria (insetos,
pássaros).
Os grãos infectados apresentam, normalmente, uma alteração de cor
que varia do róseo ao marrom escuro e, em algumas situações, também
apresentam estrias de coloração branca no pericarpo. Com o
desenvolvimento do patógeno, observa-se, sobre os grãos, um crescimento
cotonoso de coloração clara a avermelhada, correspondente ao micélio do
fungo (Figura 23).
Figura 23. Sintomas da podridão da espiga por Fusarium (Fusarium moniliforme).
Foto: Nicésio F.J.A. Pinto
Quando a infecção ocorre através do pedúnculo da espiga, todos os
grãos podem ser infectados, mas a infecção só desenvolverá naqueles que
apresentarem alguma injúria no pericarpo. O desenvolvimento dos
patógenos nas espigas é paralisado quando o teor de umidade dos grãos
atinge 18% a 19% em base úmida. Embora esses fungos sejam
frequentemente isolados das sementes, estas não são a principal fonte de
inóculo. Como estes fungos possuem a fase saprofítica ativa, sobrevivem e
se multiplicam na matéria orgânica, no solo, sendo esta a fonte principal de
inóculo.
68
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Podridão de Giberela
Esta podridão de espiga, causada pelo fungo Gibberella zeae (forma
imperfeitaFusarium graminearum), é mais comum em regiões de clima
ameno e de alta umidade relativa. A ocorrência de chuvas após a
polinização propicia a ocorrência desta podridão de espiga, que começa
com uma massa cotonosa avermelhada na ponta da espiga e pode
progredir para a base (Figura 24).
Figura 24. Podridão da espiga por Giberela (Giberela zeae). Foto: Nicésio F.J.A.
Pinto
É comum as palhas estarem firmemente ligadas às espigas devido ao
excessivo crescimento micelial do fungo entre as brácteas e os grãos.
Ocasionalmente, esta podridão pode iniciar na base e progredir para a
ponta da espiga, confundindo o sintoma com aquele causado por F.
moniliforme ou F. subglutinans. Chuvas frequentes no final do
desenvolvimento da cultura, principalmente em lavoura com cultivar cujas
espigas não dobram, aumentam a incidência desta podridão. Este fungo
sobrevive nas sementes na forma de micélio dormente.
Grãos ardidos
O termo grãos ardidos refere-se aos grãos produzidos em espigas
que sofreram um processo de podridão. São considerados ardidos os grãos
69
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
que apresentam, pelo menos, um quarto de sua superfície com
descolorações variando de marrom claro, marrom escuro, roxo, vermelho
claro a vermelho escuro (Figura 25).
Figura 25. Comparação de amostras de grãos de milho ardidos (A) e sadios (B).
Foto: Rodrigo Véras da Costa
Os principais patógenos causadores de grãos ardidos
são Stenocarpela maydis (=Diplodia maydis), Stenocarpela
macrospora (= Diplodia macrospora), Fusarium moniliforme, F.
subglutinans e Gibberella zeae. Ocasionalmente, no campo, há produção de
grãos ardidos pelos fungos do gênero Penicillium spp. e Aspergillus spp. Os
fungos G. zeae e S. maydis são mais frequentes nos estados do Sul do
Brasil e F. moniliforme, F. subglutinans e Diplodia macrospora nas demais
regiões produtoras de milho. Como padrão de qualidade, tem-se adotado,
em algumas agroindústrias, a tolerância máxima de 6% de grãos ardidos
em lotes comerciais de milho.
Micotoxinas
Micotoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por
fungos, tanto na fase de pré-colheita (ainda no campo), quanto na fase de
armazenamento dos grãos. As principais micotoxinas encontradas nos
grãos de milho são aflotoxinas (Aspergillus flavus e A. parasiticus),
fumonizinas ( Fusarium moniliforme), zearalenona (Fusarium
graminearum), ocratoxina A (Aspergillus spp. e Penicillium spp.) e
70
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
desoxinivalenol (F. graminearum). É importante ressaltar que a presença
dos fungos toxigênicos não implica, necessariamente, na existência de
micotoxinas nos grãos.
A produção de micotoxinas depende, além da capacidade de
biossíntese dos fungos, das condições de ambiente, como a alternância de
temperaturas diurna e noturna. Os fungos do gênero Fusarium spp. têm
uma faixa de temperatura ótima para o seu desenvolvimento situada entre
20 e 25º C. Contudo, suas toxinas são produzidas em condições de baixas
temperaturas, o que indica que esses fungos produzem as toxinas quando
submetidos a choque térmico, principalmente com alternância das
temperaturas diurna e a noturna. Para a produção de zearalenona, a
temperatura ótima está em torno de 10-12°C.
As doenças causadas pela ingestão de alimentos (grãos, rações,
carnes etc.) contaminados com micotoxinas são denominadas
micotoxicoses. As micotoxicoses podem causar, tanto em animais quanto
no homem, danos como redução no crescimento, interferência no
funcionamento de órgãos vitais do organismo, produção de tumores
malignos etc.. Dentre as micotoxinas, as aflotoxinas são as que possuem
maior potencial de danos à saúde humana devido à sua elevada toxicidade
e à ampla ocorrência, além de serem consideradas como de elevado
potencial carcinogênico. Outro grupo de micotoxinas que merece destaque
é o das fumonisinas, que têm sido relacionadas à ocorrência de câncer de
esôfago em humanos.
Controle das podridões de espiga e de grãos ardidos
Para se obter um manejo eficiente da ocorrência das podridões de
espiga e de grãos ardidos na cultura do milho, várias medidas devem ser
adotadas de forma integrada, como: utilização de cultivares com maior
nível de resistência aos principais patógenos que atacam as espigas, como
os pertencentes aos gêneros Fusarium spp. e Stenocarpella spp.; realizar,
71
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
sempre que possível, a rotação de culturas para reduzir o potencial de
inóculo dos patógenos; evitar plantios sucessivos de milho; utilizar
sementes sadias e densidade de plantio adequada do cultivar plantado; dar
preferência a cultivares com espigas decumbentes (que viram para baixo
após a maturação fisiológica); e evitar atraso na colheita. A eficiência do
controle químico para manejo de grãos ardidos em milho ainda é motivo de
dúvidas quanto à eficiência de produtos, à época e ao número de
aplicações e sua relação com a resistência dos cultivares. A Embrapa Milho
e Sorgo vem realizando trabalhos nessa linha visando a obter informações
mais precisas quanto aos fatores acima mencionados.
Doenças sistêmicas
Enfezamentos
Os enfezamentos do milho (doenças sistêmicas associadas a
infecções dos tecidos do floema das plantas) são considerados doenças
importantes para essa cultura no Brasil pelas perdas elevadas na
produtividade e por sua ampla ocorrência nas principais regiões produtoras
de milho. Os plantios tardios e de safrinha (iniciados a partir de meados de
janeiro) contribuem para o aumento da incidência e das perdas causadas
pelos enfezamentos devido ao aumento da população do inseto vetor nesta
época. Esse fato pode ser agravado em sistemas de plantios sucessivos de
milho.
Os enfezamentos são causados por patógenos pertencentes à classe
dos Mollicutes, cuja transmissão é realizada de forma persistente e
propagativa pela cigarrinhaDalbulus maidis. O enfezamento pálido é
causado por um procarionte pertencente à espécie Spiroplasma kunkelli. O
enfezamento vermelho é causado por procarionte pertencente ao
gênero Phytoplasma, denominado pelo nome comum fitoplasma.
Enfezamento vermelho
Os sintomas típicos dessa doença são o avermelhamento das folhas,
72
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
a proliferação de espigas, produção de espigas pequenas, perfilhamento na
base da planta e nas axilas foliares, encurtamento dos entrenós,
incompleto enchimento de grãos e seca precoce das plantas (Figura 26).
Figura 26. Sintomas do enfezamento vermelho em planta de milho.
Enfezamento pálido:
Os sintomas característicos são estrias esbranquiçadas irregulares na
base das folhas, que se estendem em direção ao ápice. Em alguns casos,
observa-se um amarelecimento das plantas e o surgimento de áreas
avermelhadas nas folhas apicais. Normalmente, as plantas são raquíticas
devido ao encurtamento dos entrenós, podendo haver uma proliferação de
espigas pequenas e sem grãos (Figuras 28). Quando há produção de grãos,
eles são pequenos, manchados e frouxos na espiga. As plantas podem
secar precocemente. Em ambos os casos, os sintomas são mais evidentes
na fase de enchimento dos grãos. A identificação precisa dos enfezamentos
com base apenas nos sintomas, no campo, nem sempre é uma tarefa fácil,
tornando-se necessário o uso de exames laboratoriais para a correta
diagnose.
73
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Figura 28. Sintomas do enfezamento pálido em planta de milho.
Os Molicutes, Spiroplasma kunkelli e Phytoplasma ocorrem somente
em células do floema de plantas doentes de milho e são transmitidos de
forma persistente e propagativa pela cigarrinha Dalbulus maidis, que, ao se
alimentar em plantas doentes, adquire os molicutes e os transmitem para
as plantas sadias.
O período latente entre a aquisição dos patógenos e a sua
transmissão pela cigarrinha varia de três a quatro semanas. A incidência e
a severidade dessas doenças são influenciadas pelo grau de suscetibilidade
da cultivar, pela época de semeadura (semeaduras tardias favorecem a
doença), pela temperatura e umidade e pela população do inseto vetor. A
ocorrência de temperatura e umidade elevadas e a alta densidade
populacional de cigarrinhas, coincidentes com fases iniciais de
desenvolvimento da lavoura de milho, favorecem o desenvolvimento da
doença em elevada severidade. O milho é o único hospedeiro conhecido da
cigarrinha Dalbulus maidis.
O controle mais eficiente dos enfezamentos consiste na utilização de
cultivares resistentes. Outras práticas recomendadas para o manejo dessas
doenças são: evitar semeaduras sucessivas de milho; fazer o pousio por
74
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
período de dois a três meses sem a presença de plantas de milho; e alterar
a época de semeadura, evitando-se a semeadura tardia da cultura. O uso
de inseticidas para o controle do inseto vetor não tem apresentado
eficiência satisfatória na redução da incidência dos enfezamentos.
Míldio (Peronosclerospora sorghi)
Existem vários organismos causadores de míldio que afetam a cultura
do milho, mas o míldio comumente observado em milho, nas condições
brasileiras, é causado pelo mesmo organismo que causa o míldio do sorgo,
ou seja,Peronosclerospora sorghi. Plantas de milho sistemicamente
infectadas por P. sorghi, o agente causal do míldio em milho, caracterizam-
se por serem cloróticas, algumas vezes enfezadas, podendo apresentar
folhas com estrias esbranquiçadas e que não chegam a produzir sementes
(Figura 30).
Figura 30. Míldio em milho: sintomas típicos de deformação do
pendão, aparecimento de folhas estreitas e eretas e com presença de
estrias esbranquiçadas. Foto: Carlos Roberto Casela
A área clorótica da folha sempre inclui a base da lâmina foliar, com
margens transversas bem definidas entre tecidos doentes e sadios. Na
superfície das folhas infectadas, ocorre a produção de esporângios
(conídios) com temperatura ótima de produção entre 24º C e 26°C. Alta
taxa de infecção sistêmica ocorre quando o milho é cultivado em
temperaturas variando de 11º C a 32° C e períodos de molhamento foliar
superior a 4 horas.
As principais medidas recomendadas para o manejo do míldio na
75
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
cultura do milho são: utilização de cultivares resistentes; rotação com
culturas não hospedeiras; enterrio dos restos culturais para eliminação de
oósporos; e tratamento de sementes com fungicidas à base de metalaxyl.
Viroses
A virose Rayado Fino, também denominada risca, pode reduzir a
produção de grãos em até 30% e ocorre nas principais regiões produtoras
de milho. Essa doença é transmitida e disseminada pela
cigarrinha Dalbullus maidis. Os sintomas característicos são riscas formadas
por numerosos pontos cloróticos coalescentes ao longo das nervuras, que
são facilmente observados quando as folhas são colocadas contra a luz.
vírus Rayado Fino ocorre sistemicamente na planta de milho e é
transmitido de forma persistente propagativa pela cigarrinha Dalbullus
maidis que, ao se alimentar de plantas doentes, adquire o vírus e o
transmite para plantas sadias. O período latente entre a aquisição desse
vírus e sua transmissão varia de 7 a 37 dias. A incidência e a severidade
dessa doença são influenciadas por grau de suscetibilidade da cultivar, por
semeaduras tardias e por população elevada de cigarrinha coincidente com
fases iniciais de desenvolvimento da lavoura de milho. O milho é o principal
hospedeiro tanto do vírus como da cigarrinha.
O método mais eficiente e econômico para controlar o vírus Rayado
Fino é a utilização de cultivares resistentes. Práticas culturais
recomendadas que reduzem a incidência dessa doença no milho são:
eliminação de plantas voluntárias de milho; fazer o pousio por um período
de dois a três meses sem a presença de plantas de milho; alterar a época
de semeadura evitando as semeaduras tardias e sucessivas de milho. A
aplicação de inseticidas para o controle dos vetores não tem sido um
método muito efetivo no controle dessa virose.
76
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Figura 31. Sintomas do Rayado Fino em folha de milho. Foto: Carlos Roberto
Casela
Mosaico comum do milho (Sugarcane Mosaic Virus - SCMV)
O mosaico comum do milho ocorre, praticamente, em toda região
onde se cultiva o milho. Calcula-se que essa doença pode causar uma
redução na produção de 50%. Os sintomas caracterizam-se pela formação
nas folhas de manchas verde claras com áreas verde normal, dando um
aspecto de mosaico (Figura 32). As plantas doentes são, normalmente,
menores em altura e em tamanho de espigas e de grãos. A transmissão do
mosaico comum do milho é feita por várias espécies de pulgões, sendo a
mais eficiente a espécie Rhopalosiphum maidis. Os insetos vetores
adquirem os vírus em poucos segundos ou minutos e os transmitem,
também, em poucos segundos ou minutos. A transmissão desses vírus
pode ser feita, também, mecanicamente. Mais de 250 espécies de
gramíneas são hospedeiras dos vírus do mosaico comum do milho.
A utilização de cultivares resistentes é o método mais eficiente para o
manejo dessa virose. A eliminação de plantas hospedeiras e a realização do
plantio mais cedo podem contribuir para a redução da incidência dessa
77
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
doença. A aplicação de inseticidas para o controle dos vetores não tem sido
um método muito efetivo no controle do mosaico comum do milho.
Figura 32. Sintomas do masaico comum do milho. Foto: Carlos Roberto Casela
Doenças causadas por nematóides
Mais de 40 espécies de 12 gêneros de nematóides têm sido citadas
como parasitas de raízes de milho em todas as áreas do mundo onde este
cereal é cultivado. No Brasil, as espécies mais importantes, devido à
patogenicidade, à distribuição e à alta densidade populacional,
são Pratylenchus brachyurus, Pratylenchus zeae, Helicotylenchus dihystera,
Criconemella spp., Meloidogyne spp. e Xiphinema spp.
Resultados de pesquisa demonstram que o controle químico de
nematóides na cultura do milho permitiu o aumento da produção de grãos
em 39% em área naturalmente infestada por Pratylenchus
zeae e Helicotylenchus dihystera. A ocorrência de nematóides do
gênero Meloidogyne parasitando o milho e causando prejuízos significativos
em condições naturais foi relatada no Brasil em 1986, sendo identificada a
espécie Meloidogyne incognita raça 3 em raízes de plantas de milho que
não se desenvolveram.
Contudo, o milho está entre as culturas mais recomendadas para a
rotação em áreas infestadas por Meloidogyne spp.. Atualmente, devido à
necessidade de se controlar o nematóide do cisto (Heterodera glycines) na
78
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
cultura da soja, o milho tem sido uma alternativa para a rotação de cultura,
pois não é parasitado por este nematóide. Por outro lado, estas duas
culturas podem ser parasitadas por nematóides do gênero Meloidogyne,
notadamente por M. incognitae M. javanica.
As injúrias por nematóides variam com o gênero e a população do
nematóide envolvido, as condições do solo e a idade da planta de milho. Os
sistemas radiculares parasitados por nematóides são menos eficientes na
absorção de água e nutrientes da solução do solo. Consequentemente, uma
planta parasitada tem seu crescimento reduzido, apresenta sintomas de
deficiências minerais e a produção é reduzida.
Plantas atacadas por nematóides apresentam, em sua parte aérea, os
seguintes sintomas: enfezamento e cloroses; sintomas de murcha durante
as horas mais quentes do dia, com recuperação à noite; espigas pequenas
e mal granadas. Esses sintomas dão à cultura do milho uma aparência de
irregularidade, podendo aparecer em reboleiras ou em grandes extensões.
Quando esses sintomas, observados na parte aérea, são causados por
nematóides, as raízes apresentam os seguintes sintomas:
Encurtamento e engrossamento das raízes: Trichodorus spp.,
Longidorus spp. e Belonolaimus spp.
Sistema radicular praticamente destituído de radicelas: Xiphinema
spp., Tylenchorhynchus spp., Helicotylenchus spp., Belonolaimus spp. e
Macroposthonia spp..
Sistema radicular praticamente destituído de radicelas e com lesões
radiculares e raízes apodrecidas: Pratylenchus spp., Xiphinema spp.,
Hoplolaimus spp. e Helicotylenchus spp..
Sistema radicular com pequenas galhas: Meloidogyne spp..
Fator de Reprodução (FR) do nematóide
79
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
É necessário conhecer muito bem o Fator de Reprodução (FR) das
espécies de nematóides que parasita as cultivares de milho. O FR expressa
se a cultivar é excelente, boa, fraca ou não hospedeira do nematóide
presente na área de cultivo do milho em relação à população inicial
presente no solo infestado por este nematóide. Isto é, o FR representa a
população do nematóide no estádio final da cultura em relação à população
inicial do nematóide presente na ocasião de semeadura.
Consequentemente, a cultivar de milho a ser utilizada em plantios
comerciais ou em rotação com a cultura da soja deve apresentar FR < 1, se
possível igual ou próximo de zero.
Na avaliação da reação de 107 genótipos de milho a Meloidogyne
incógnita raças 1, 2, 3 e 4 e a M. arenaria raça 2, incluindo populações de
polinização aberta, linhagens, cruzamentos intervarietais e híbridos
comerciais, os resultados mostraram que todos os genótipos foram bons
hospedeiros desses nematóides. O FR para Meloidogyne incognita raça 1
variou de 8,5 a 24,3 e para a raça 3 variou de 5,3 a 34,8; enquanto que,
para M. arenaria raça 2, variou de 16,2 a 31,9. Estes resultados mostram a
existência de variabilidade genética entre os genótipos avaliados. Em outro
ensaio de resistência a Meloidogyne incognita raça 3, empregando-se 29
cultivares de milho recomendadas para o Estado de São Paulo, todas as
cultivares mostraram-se suscetíveis ao nematóide (FR > 1).
O milho tem sido amplamente recomendado para rotação em áreas
infestadas com Meloidogyne javanica. No entanto, mesmo não mostrando
sintomas de galhas evidentes, algumas cultivares permite uma acentuada
multiplicação deste nematóide. Em avaliação de 36 genótipos de milho em
relação à patogenicidade deM. javanica, todos apresentaram o FR < 1,
indicando que estes genótipos diminuíram a população inicial deste
nematóide no solo. Contudo, recentemente, em 18 genótipos de milho
avaliados, todos se comportaram como bons hospedeiros de M. javanica,
com o FR variando de 2,2 a 6,9.
80
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
A utilização de cultivares resistente é a medida mais eficiente e
econômica para o controle dos nematóides que parasitam a cultura do
milho. A rotação de culturas com espécie botânica não hospedeira dos
nematóides presentes na área de cultivo também é recomendada. A
utilização de plantas armadilha como Crotalaria spectabilis, as quais atraem
e aprisionam larvas de nematóides, é especificamente recomendada para o
controle de Meloidogyne spp. A espécie Crotalaria juncea possui alto
potencial de multiplicação dos nematóides Pratylenchus
spp. e Helicotylenchus spp, enquanto a rotação com mucuna preta (Mucuna
aterrima) diminui as populações iniciais de Pratylenchus spp.
O controle químico dos nematóides parasitas do milho depende da
disponibilidade de produtos registrados no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, bem como da análise econômica da utilização
desta tecnologia.
Terminamos nossa primeira cultura. Aguardamos vocês na próxima aula.
81
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
82
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
1 - FUNDEP - IFSP - Agronomia - 2014
Na cultura do milho, o grão de pólen germina logo após entrar em contato
com o estigma, dando início ao desenvolvimento do tubo polínico. Sobre
as condições climáticas que favorecem o desenvolvimento do tubo
polínico, assinale a alternativa CORRETA.
B) Alta umidade e/ou baixa temperatura.
C) Baixa umidade e/ou baixa temperatura.
D) Alta umidade e/ou alta temperatura.
E) Baixa umidade e/ou alta temperatura. SOLUÇÃO
Tempo seco na época do florescimento é prejudicial porque o cabelo da
boneca seca e pode não conter umidade suficiente para suportar a germinação
do pólen e o crescimento do tubo polínico até o ovário. Dois dias de estresse
hídrico no florescimento diminuem o rendimento em mais de 20%. Durante a
floração, 4 a 8 dias de seca diminuem a produção em mais de 50%. O efeito
do estresse hídrico sobre o crescimento da planta será diretamente no
alongamento celular, enquanto a divisão celular não é tão afetada. Isso
equivale dizer que a planta, mesmo sob condições de falta de água, continua
sua divisão celular, porém o alongamento é reduzido ou até paralisado,
dependendo da duração e da intensidade do estresse. Submetida a déficit
hídrico, as plantas fecham estômatos, eliminam mecanismo de resfriamento e
aumentam a temperatura da folha, afetando a respiração. Com isso, vai haver
maior consumo de reservas, o que vai reduzir não só o crescimento como a
produção de matéria seca de uma maneira geral. A redução na fotossíntese se
dá por: fechamento estomático e diminuição da área foliar. Plantas em
condições de estresse hídrico passam mais tempo respirando do que
fotossintetizando. Água é de fundamental importância, porém sua falta é o
fator mais inibidor da produção, após a luz: se não tem água, não tem
fotossíntese.
83
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Com relação à temperatura, considerando as fases da emergência à
polinização, a elevação da temperatura acelera o pendoamento, enquanto
na polinização o efeito da temperatura (acima de 30 °C) vai reduzir a
viabilidade do pólen. Da polinização à maturidade fisiológica, a elevação de
temperatura vai provocar o encurtamento da fase de enchimento de grãos,
com consequente menor taxa de acúmulo de matéria seca nos grãos e
menor teor de proteína. Com a redução da temperatura abaixo de 12 °C
vai haver redução da germinação, e o desenvolvimento será reduzido da
emergência ao pendoamento, uma vez que o metabolismo diminui com a
baixa da temperatura. Após a maturação fisiológica, o metabolismo vai
continuar lento, com baixa perda de umidade nos grãos e
comprometimento na qualidade de grãos.
Assim, o desenvolvimento das sementes pode ser afetado por fatores
ambientais tais como temperatura do ar e umidade do solo. O estresse
hídrico, durante o enchimento da semente, afeta a deposição de amido nas
células do endosperma, de maneira semelhante ao efeito de altas
temperaturas sobre a conversão de sacarose em amido, que ocorre no
interior das células do endosperma. Por outro lado, altas temperaturas
reduzem o tempo em que a semente deveria estar em enchimento.
2 - Analista de Projetos Agronomia - BRDE - FUNDATEC– 2015
As Dicotiledôneas são um grande grupo de plantas. A esse respeito,
assinale a alternativa a seguir que apresenta uma planta desse grupo.
(A) Milho.
(B) Arroz. (C) Feijão
RESPOSTA A
84
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
(D) Trigo
(E) Sorgo
SOLUÇÃO
As angiospermas foram subdivididas em duas classes:
- As angiospermas monocotiledôneas: capim, cana-de-açúcar, milho,
arroz, trigo, aveias, cevada, bambu, centeio, lírio, alho, cebola, banana,
bromélias e orquídeas.
- As angiospermas dicotiledôneas: feijão, amendoim, soja, ervilha, lentilha, grão-de-bico, pau-brasil, ipê, peroba, mogno, cerejeira,
abacateiro, acerola, roseira, morango, pereira, macieira, algodoeiro, café,
jenipapo, girassol e margarida.
RESPOSTA C
85
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
3 - EXATUSPR - BANPARÁ Engenheiro Agrônomo - 2015
Trigo e milho são consideradas, respectivamente, plantas com metabolismo:
a) C4 e C3.
b) Ambas C3.
c) Ambas C4.
d) C3 e C4.
e) CAM e C4.
SOLUÇÃO
PLANTAS C3
As plantas C3 recebem este nome por conta do ácido 3-fosfoglicérico
formado após a fixação das moléculas de CO2. Estes vegetais compreendem a
maioria das espécies terrestres, ocorrendo principalmente em regiões tropicais
úmidas. As taxas de fotossíntese das plantas C3 são elevadas à todo o
momento, tendo em vista que a planta atinge as taxas máximas de
fotossíntese (TMF) em intensidades de radiação solar relativamente baixas.
(a) por isso que são consideradas espécies esbanjadoras de água. Ainda
assim, este grupo vegetal é altamente produtivo, contribuindo
significativamente para o equilíbrio da biodiversidade terrestre. O trigo
(Triticum aestivum), o centeio (Secale cereale), a aveia (Avena sativa) e o
arroz (Oryza sativa) são exemplos de gramíneas C3.
PLANTAS C4
As plantas C4 possuem grande afinidade com o CO2. Elas recebem este nome
devido ao fato do ácido oxalacético possuir 4 moléculas de carbono, formado
após o processo de fixação de carbono. Devido à alta afinidade com o CO2, as
plantas C4 apresentam uma grande vantagem em relação às plantas C3: elas
podem sobreviver em ambientes áridos. Isto se dá porque as plantas C4 só
atingem as taxas máximas de fotossíntese sob elevadas intensidades de
radiação solar, fazendo com que fixem mais CO2 por unidade de água
perdida. Ou seja, elas são mais econômicas quanto ao uso da água, elas
86
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
perdem menos água que as C3 durante a fixação e a fotossíntese. As
plantas C4 são também conhecidas como “plantas de sol” por ocorrerem
em áreas muitas vezes sem sombra alguma. Elas também ocorrem em
áreas áridas com menores quantidades de água disponível nos solos.
Algumas plantas, principalmente gramíneas (cana-de-açúcar e milho p.ex.)
e parte das bromélias, são alguns exemplos de planta C4
PLANTAS CAM
As plantas CAM são ainda mais econômicas quanto ao uso da água do
que as plantas C4, elas ocorrem em áreas desérticas ou intensivamente secas.
A abertura dos estômatos (estruturas que controlam a entrada e saída de
gases nas plantas) durante a noite evita a grande perda de água, ao mesmo
tempo em que o CO2 é fixado, por meio do ácido málico. Durante o dia, os
estômatos se fecham (não há grande perda de água) e o CO2 fixado então
utilizado na realização da fotossíntese sob elevadas intensidades de
radiação solar. São também “plantas de sol”, assim como as C4.
4 - FGV - IBGE - Analista - Engenharia Agronômica- 2016
A maior área plantada com grandes culturas no Brasil é ocupada por soja,
milho, cana-de-açúcar, mandioca e arroz, sendo que nas culturas que
ocupam de 250 mil a 1 milhão de hectares os grandes destaques são o
milho forrageiro e o algodão. Sobre o tema, julgue o item abaixo:
Diferentemente do milho em grão, o milho forrageiro é destinado
exclusivamente à pecuária, para a alimentação de gado leiteiro e de corte,
sobretudo na forma de silagem, que utiliza a planta integralmente, antes
da maturação completa dos grãos.
o CERTO
o ERRADO
RESPOSTA D
87
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
SOLUÇÃO
É muito grande o número de cultivares de milho existentes no
mercado. Uma cultivar permanece cinco a seis anos no mercado e só as
melhores permanecem por mais de dez anos. Em geral, as empresas
produtoras de sementes indicam as cultivares de milho para silagem. A
cultivar para silagem deve ser adaptada à região de plantio, com alta produção
de grãos, os quais devem ser do tipo dentado (grãos amarelos e macios
quando secos), boa produção de massa verde, alta estabilidade, resistência às
principais doenças foliares, resistência ao acamamento e com pouco "stay
green". Essa última característica mantém a planta verde por mais tempo
durante a maturação dos grãos, sendo importante para evitar o acamamento
das plantas em culturas para colheita de grãos. Assim, quando os grãos
estiverem no ponto ótimo de colheita, a planta estará ainda com o caule verde
e com muita umidade. Também está ficando cada vez mais comum indicar
cultivares de milho para silagem com base na digestibilidade da parede celular
(FDN), que é um dos parâmetros relacionados com a qualidade da fração
verde da planta (caule e folhas) e com o consumo voluntário da silagem pelos
animais.
5 - Analista do MPU - Engenharia Agronômica – MPU – CESPE - 2013
Com relação às técnicas de cultivos, julgue o item a seguir.
Atualmente, no Brasil, é comum a obtenção de culturas de milho com
produtividade acima de 10.000 kg/ha. A obtenção desses índices de
produtividade decorre da adoção da tecnologia Bt e no aumento substancial
na quantidade de nutrientes aplicados no solo
o CERTO
RESPOSTA CERTO
88
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
o ERRADO
SOLUÇÃO
A teoria econômica preconiza que há pelo menos três tipos de efeitos
causados pelas tecnologias na produção de um determinado bem. O
primeiro efeito está relacionado com o aumento da produtividade dos
fatores de produção, gerando um adicional de renda para o produtor e para
o consumidor, pois eleva o nível de produção do produto, aumentando a
oferta deste e, consequentemente, reduzindo seu preço de mercado. O
segundo efeito está associado à redução dos custos de produção, o que, no
primeiro momento, eleva a renda do produtor e, a partir daí, pode resultar
em diminuição do preço de mercado, beneficiando os consumidores. E o
terceiro efeito diz respeito ao aumento da produção por diminuição das
perdas causadas no processo de produção, o que resulta também em
acréscimo de renda para o produtor, uma vez que há diminuição dos custos
unitários dos produtos e aumento da renda pela maior quantidade ofertada,
o que também beneficiará os consumidores. Na agropecuária, todos os três
efeitos podem ser sentidos de forma individual ou conjugados. O
lançamento de uma nova cultivar pode ser o caminho para se conseguir um
nível mais alto de produtividade, bem como ter como característica ser
mais resistente a determinado fator edafoclimático, o que redundará em
um menor risco de perdas e, consequentemente, em aumento da oferta do
produto. Por outro lado, a cultivar pode ter características que reduzam a
necessidade de uso de um insumo específico, diminuindo assim a
necessidade de compra deste insumo e de gastos com sua aplicação, o que
resulta em diminuição dos custos sem perda de produtividade. Então, o
erro da questão e sugerir o aumento de adubação.
5 - Analista do MPU - Engenharia Agronômica – MPU – CESPE – 2013
RESPOSTA ERRADO
89
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Com relação às técnicas de cultivos, julgue o item a seguir.
Cada vez mais produtivos, os híbridos de milho demandam práticas de
manejo adequadas para a otimização da produtividade da cultura. Desse
modo, em híbridos de milho de porte baixo, a redução de espaçamento e o
aumento da densidade populacional da cultura podem aumentar o
rendimento dos grãos.
o CERTO
o ERRADO
SOLUÇÃO
A densidade de plantio, ou estande, definida como o número de plantas
por unidade de área, tem papel importante no rendimento de uma lavoura de
milho, uma vez que pequenas variações na densidade têm grande influência
no rendimento final da cultura.
O milho é a gramínea mais sensível variação na densidade de plantas.
Para cada sistema de produção, existe uma população que maximiza o
rendimento de grãos. A população ideal para maximizar o rendimento de
grãos de milho varia de 30.000 a 90.000 plantas por hectare, dependendo da
disponibilidade hídrica, da fertilidade do solo, do ciclo da cultivar, da época de
semeadura e do espaçamento entre linhas. Vários pesquisadores consideram o
próprio genótipo como principal determinante da densidade de plantas. O
aumento da densidade de plantas até determinado limite é uma técnica usada
com a finalidade de elevar o rendimento de grãos da cultura do milho. Porém,
o número ideal de plantas por hectare é variável, uma vez que a planta de
milho altera o rendimento de grãos de acordo com o grau de competição intra-
específica proporcionado pelas diferentes densidades de planta. O rendimento
de uma lavoura aumenta com a elevação da densidade de plantio até atingir
uma densidade ótima, que é determinada pela cultivar e por condições
externas resultantes de condições edafoclimáticas do local e do manejo da
90
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
lavoura. A partir da densidade ótima, quando o rendimento é máximo,
aumento na densidade resultará em decréscimo progressivo na produtividade
da lavoura. A densidade ótima é, portanto, variável para cada situação e,
basicamente, depende de três condições: cultivar, disponibilidade hídrica e
do nível de fertilidade de solo. Qualquer alteração nesses fatores, direta ou
indiretamente, afetará a densidade ótima de plantio.
Além do rendimento de grãos, o aumento da densidade de plantio
também afeta outras características da planta. Dentre essas
características, merecem destaque a redução no número de espigas por
planta (índice de espigas) e o tamanho da espiga. Também o diâmetro do
colmo é reduzido e há maior susceptibilidade ao acamamento e ao
quebramento. Além disso, é reconhecido que pode haver um aumento na
ocorrência de doenças, especialmente as podridões de colmo, com o
aumento na densidade de plantio.
7 - Analista do MPU - Engenharia Agronômica – MPU – CESPE – 2013
Julgue os itens seguintes, acerca das técnicas de cultivo de espécies
agrícolas.
A adição de hidrometentores (hidrogel) no solo otimiza a disponibilidade de
água e reduz as perdas por lixiviação de nutrientes.
o CERTO
o ERRADO
SOLUÇÃO
Polímeros hidro-retentores, também chamados de hidrogel ou
polímeros retentores de água, são produtos naturais (derivados do amido)
ou sintéticos (derivados do petróleo), valorizados por sua capacidade de
RESPOSTA ERRADO
91
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
absorver e armazenar água. Quebradiços quando secos, eles se tornam
macios e elásticos depois de expandidos em água. Muito embora,
exteriormente, um polímero hidro-retentor possa parecer semelhante a
outro, a composição química e estrutura física de cada um podem ser
diferentes, o que afeta a maneira como eles absorverão, reterão e liberarão
água (MORAES et al., 2001). Capazes de armazenar muitas vezes o próprio
peso em água, os polímeros hidro-retentores produzem numerosos ciclos de
secagem-irrigação, por longo tempo de duração (MELO et al., 2005). A adição
dos polímeros hidro-retentores ao solo contribui para germinação de
sementes, desenvolvimento do sistema radicular, crescimento e
desenvolvimento das plantas, redução das perdas de água de irrigação por
percolação e melhoria na aeração e drenagem do solo, além de redução das
perdas de nutrientes por lixiviação (CÂMARA et al., 2011; AZEVEDO et al.,)
8 - INSTITUTO IESES-IF INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE – IF
A cultura do Milho é uma das mais antigas da humanidade, tendo seu início
nas Américas onde antes da colonização os nativos que aqui viviam já
possuíam o cultivo do milho de diversas variedades. Na atualidade o Milho
é amplamente utilizado na alimentação humana, fabricação de óleos,
alimentação de animais entre outros. Como toda cultura existe pragas que
afetam as lavouras, entre as alternativas a seguir assinale a alternativa
correta que representa uma das principais pragas do Milho.
a) Lagarta do Cartucho (Spodoptera frugiperda).
b) Lagarta enroladeira (Omiodes indicatus).
c) Broca-do-Rizoma (Cosmopolites sordidus).
d) Mandarová (Erinnys ello ).
SOLUÇÃO
RESPOSTA CERTO
92
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
A lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda é a principal praga da cultura
do milho no Brasil, ocorrendo em todas as regiões produtoras, tanto nos
cultivos de verão como nos de segunda safra ("safrinha"). O inseto está
sempre presente a cada ano de cultivo e ataca a planta desde sua
emergência até a formação de espigas. Mas a grande preocupação no
momento é o desenvolvimento de populações resistentes a produtos
químicos, já verificado em algumas regiões, e a diminuição sensível da
diversidade de agentes de controle biológico, em consequência do mau uso
dos agrotóxicos. Portanto, é à hora de os agricultores pensarem em adotar
um programa de manejo integrado, principalmente para restabelecer o
equilíbrio ecológico dentro do sistema de produção.
A mariposa fêmea, de coloração geral acinzentada, com cerca de 25
de envergadura, coloca seus ovos em massa, em média cerca de cem a cada
vez. Em temperaturas ao redor de 25oC, ocorre a eclosão das lagartas em
três dias. Os insetos recém-nascidos geralmente permanecem juntos nas
primeiras horas de vida, iniciando sua alimentação pela casca dos próprios
ovos. Depois raspam a folha da planta hospedeira, propiciando um sintoma
típico do dano da praga, mas sem perfurar a folha, deixando a epiderme
membranosa intacta. As larvas maiores, especialmente a partir do segundo
instar, começam a migrar para outras plantas. Elas tecem uma teia e pela
ação do vento são levadas para áreas ou plantas adjacentes.
Posteriormente dirigem-se, em menor número, para a região do cartucho,
onde se alimentam das partes mais tenras.
9 - Analista de Projetos – Agronomia- BRDE /AOCP-2012
Preencha as lacunas e assinale a alternativa correta “O/A
_______________ é a principal praga da cultura do milho, por sua
RESPOSTA E
93
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
ocorrência generalizada e por atacar em todos os estádios de
desenvolvimento da planta. São inimigos naturais dessa praga:
_________________ (parasitoides de ovos) e ____________________,
conhecido como tesourinha (predadores de ovos).”
(A) Lagarta do cartucho ( Spodoptera frugiperda) / Vespa (Trichogramma
spp) / Dorus luteipes
(B) Lagarta do cartucho ( Spodoptera frugiperda) / Vespa (Campoletis
flavicincta) / Dorus luteipes
(C) Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus) / Vespa (Trichogramma
spp.) / Chelonus insularis
(D) Lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda) / Tripes
(Franklinilla williansi) / Trichogramma spp
(E) Pulgão do Milho (Rhopalosiphum maidis Fitch) / Trichogramma spp /
Mocis latipes
SOLUÇÃO
lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda é a principal praga da
cultura do milho no Brasil, os Trichogramma sp é um gênero de vespas
parasitoides de ovos de inúmeras espécies de praga da ordem Lepidoptera
(mariposas e borboletas), sendo importantes e reconhecidos agentes de
controle biológico em sistemas de produção agrícola. Esse gênero tornou-se
um dos grupos de insetos mais utilizados no mundo no controle de
lepidópteros em algodão, cana-de-açúcar, frutíferas, hortaliças, trigo, milho
e florestas.
No Brasil, os estudos com D. luteipes têm indicado essa espécie como
um dos inimigos naturais mais importantes na supressão de pragas na
cultura do milho. Essa planta apresenta como condição fundamental para a
sobrevivência do inseto a alta umidade que é mantida dentro do seu
cartucho, seja pela precipitação ou mesmo pelo orvalho. Portanto, antes do
pendoamento, é neste local que os ovos são depositados.
94
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Na ausência do cartucho, os ovos são observados nas primeiras
camadas de palha da espiga, que também é um local de alta umidade. O
inseto é de metamorfose incompleta, ou seja, passa pelos estágios de ovo,
de ninfa e de adulto. Apresenta um ciclo de vida longo, com o adulto
apresentando longevidade próxima a um ano. Ninfas e adultos são
predadores de ovos e lagartas pequenas de S. frugiperda e H. zea e
também de pulgões.
10 - Engenheiro Agrônomo - Cambará/PR - FUNTEF-PR - 2016
São doenças principais do milho:
(A) Cercosporiose (cercospora zea-maydis) e Ferrugem Polissora (Puccinia
polysora). (B) Cercosporiose (cercospora zea-maydis) e Mancha Angular
(Phaeoisariopsis griseola).
(C) Mancha de Phaeosphaeria e Murcha de Fusarium (Fusarium
oxysporum).
(D) Ferrugem Polissora (Puccinia polysora) e Oídio (Erysiphe polygoni).
(E) Ferrugem Tropical (Physopella zeae) e Podridão Radicular seca
(Fusarium solani).
SOLUÇÃO
RESPOSTA A
95
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Cercosporiose (Cercospora zea-maydis e C. sorghi f. sp. maydis)
Importância e Distribuição: A doença foi observada inicialmente no
Sudoeste do estado de Goiás em Rio Verde, Montividiu, Jataí e Santa
Helena, no ano de 2000. Atualmente a doença está presente em
praticamente todas as áreas de plantio de milho no Centro Sul do Brasil. A
doença ocorre com alta severidade em cultivares suscetíveis, com as
perdas podendo ser superiores a 80%. Ferrugem Polissora (Puccinia
polysora) Importância e Distribuição Geográfica: No Brasil, foram já
determinados danos de 44,6% à produção de milho pelas ferrugens branca
e polissora, sendo a maior parte atribuída a P. polysora e parte a
Physopella zeae. A doença está distribuída por toda a região CentroOeste,
Noroeste de Minas Gerais, São Paulo e parte do Paraná.
11 - Analista de Apoio - Engenheiro Agrônomo - SGA/DF - 2004
De forma geral, um grande percentual do milho produzido no Brasil é obtido
em sistema de consórcio com feijão, mandioca, café etc. Com referência à
exploração comercial do consórcio milho-feijão, julgue o item abaixo.
Os cultivares de milho modernos do tipo híbrido simples ou triplo modificados
foram desenvolvidos exclusivamente para cultivo consorciado.
SOLUÇÃO
Os híbridos existentes no mercado brasileiro podem ser assim definidos:
Híbrido Simples - obtido pelo cruzamento de duas linhagens
endogâmicas. Em geral, é mais produtivo que os demais tipos de híbridos,
apresentando grande uniformidade de plantas e espigas. A semente tem
maior custo de produção, porque é produzida a partir de linhagens, que,
por serem endógamas, apresentam menor produção.
Híbrido Simples Modificado - neste caso, é utilizado como progenitor
feminino um híbrido entre duas progênies afins da mesma linhagem e,
RESPOSTA A
96
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
como progenitor masculino, uma outra linhagem.
Híbrido Triplo - é obtido do cruzamento de um híbrido simples com uma
terceira linhagem.
Híbrido Triplo Modificado - O híbrido triplo pode também ser obtido sob
forma de híbrido modificado, em que a terceira linhagem é substituída por um
híbrido formado por duas progênies afins de uma mesma linhagem. Para esta
safra está listado apenas um híbrido triplo modificado no mercado Híbrido
duplo - obtido pelo cruzamento de dois híbridos simples, envolvendo,
portanto, quatro linhagens endogâmicas. É o tipo de híbrido mais utilizado
no Brasil.
12 - Analista Ambiental - Engenheiro Agrônomo - SEMA /MA - FCC - 2016
O processo para a obtenção de milho híbrido consiste na obtenção de
linhagens endogâmicas, seleção das linhagens mais promissoras para a
capacidade de combinação e cruzamento entre essas linhagens. Os híbridos
triplos de milho (Zea mays) são obtidos pelo cruzamento de:
A) Um híbrido simples (A/B) como genitor feminino com uma terceira
linhagem C como genitor masculino.
B) Dois híbridos simples (A/B) // (C/D).
C) Um híbrido simples (A/B) como genitor masculino com uma terceira
linhagem C como genitor feminino.
D) Duas linhagens endogâmicas (Linhagem A / Linhagem B).
E) Três híbridos simples (A/B) // (C/D) // (D/E). SOLUÇÃO
Os híbridos obtidos a partir do cruzamento de linhagens podem ser divididos
em: Simples, Simples Modificado, Triplo, Triplo Modificado, Duplo e Outros. O
RESPOSTA CERTO
97
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
híbrido simples é obtido pelo cruzamento de duas linhagens. No geral é
mais produtivo que os demais e apresenta uniformidade de ciclo, altura de
plantas e altura de espigas. A semente tem custo mais elevado, pois é
produzida em uma linhagem. Para produção do híbrido simples
modificado, utiliza-se como parental feminino um híbrido entre duas
linhagens aparentadas (A x A’), cruzando-se este híbrido com a linhagem
B. Este cruzamento (A x A’) visa recuperar um pouco o vigor da planta
onde vai ser produzida a semente, sem grandes perdas de uniformidade
dos demais caracteres.
O híbrido triplo é o resultado do cruzamento de um híbrido simples (A
x B) com uma terceira linhagem (C). É uma alternativa ao híbrido simples,
pois a produção de semente é realizada em um material vigoroso e
produtivo que é o híbrido simples. Por isso a linha polinizadora deve
produzir pólen suficiente para garantir a adequada fertilização das espigas
do híbrido simples.
O híbrido triplo modificado é obtido quando a linhagem utilizada
como macho apresenta pouca produção de pólen, pode ser realizado um
cruzamento entre ela e uma linhagem aparentada para recuperar um pouco
o vigor. O cruzamento seria (A x B) x (C x C’). O híbrido duplo é
resultante do cruzamento de quatro linhagens (A x B) x (C x D). Em geral,
é o menos produtivo, maior desuniformidade e melhor estabilidade, quando
comparado com híbridos simples e triplos. A obtenção do híbrido duplo é
mais trabalhosa e demorada, exigindo mais campos isolados e maior
número de anos para a produção de sementes. Entretanto, ainda é muito
utilizada pois a semente é produzida com material vigoroso e produtivo, o
mesmo ocorrendo com o polinizador, pois ambos são híbridos simples.
13 - Analista Ambiental - Engenheiro Agrônomo - SEMA /MA - FCC - 2016
RESPOSTA CERTO
98
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Organismos transgênicos são aqueles que tiveram seu material genético
modificado, pois receberam DNAs de um ou mais seres com os quais não
se cruzariam de formas naturais. Essa alteração é feita por intervenção de
técnicas da engenharia genética. A geração de transgênicos visa obter
características novas ou melhoradas em relação ao objeto original. Sobre a
cultura Zea mays:
É o chamado milho Bt, devido à introdução de genes da bactéria de
solo Bacillus thuringiensis, que promove a produção de uma proteína tóxica
na planta, específica para o combate a determinados tipos de insetos,
tornando o alimento resistente a essas espécies.
SOLUÇÃO
É o milho geneticamente modificado, no qual foram introduzidos genes
específicos da bactéria de solo, Bacillus thuringiensis (Bt), que promovem
na planta a produção de uma proteína tóxica específica para determinados
grupos de insetos. Assim, o milho Bt é uma cultivar de milho resistente a
determinadas espécies de insetos sensíveis a essa toxina. O milho Bt não
controla todas as pragas da lavoura de milho, as toxinas produzidas pelo Bt
são específicas para determinados grupos de insetos. No caso do milho Bt
disponível hoje no mercado brasileiro, a proteína expressa a ação inseticida
apenas contra os insetos da ordem lepidóptera, como, por exemplo, a
lagarta-do-cartucho-do-milho, a broca-do-colmo, a lagarta-da-espiga e a
lagarta-elasmo. Já existe em outros países outra toxina Bt com ação
específica a Diabrotica spp., por exemplo
14 - Engenheiro Agrônomo – IFAP – 2016
RESPOSTA CERTO
99
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
O uso da técnica de dessecação com os herbicidas Glifosato e 2,4-D em áreas
antes da semeadura de soja precoce na safra é muito difundida pelos
agricultores e tem como o objetivo eliminar as plantas daninhas para favorecer
o crescimento da cultura sem a mato competição inicial. Quando se usa em
dessecação o herbicida 2,4-D, que tem ação sistêmica e hormonal devido ser
um mimetizador de auxina (ácido indol acético - AIA), para se fazer a
semeadura da soja em plantio direto sobre palhada recomenda-se o
seguinte:
(A) aplicar e plantar imediatamente, sem espera de prazo para a
semeadura.
(B) esperar no mínimo 2 dias para realizar a semeadura.
(C) esperar no mínimo 20 a 30 dias para realizar a semeadura.
(D) esperar no mínimo 30 a 40 dias para realizar a semeadura.
(E) esperar no mínimo 7 a 15 dias para realizar a semeadura.
SOLUÇÃO
A utilização de herbicidas residuais como o glifosate, na dessecação, têm
proporcionado bons resultados. No entanto, é importante ressaltar que
para perfeito funcionamento desses herbicidas residuais há necessidade de
ocorrência de boas precipitações pluviais (acima de 20 mm) para deslocar
os herbicidas residuais que ficaram retidos na palha para o solo. Outra
estratégia é a dessecação da área 25 a 30 dias antes do plantio, com
herbicida sistêmico. Imediatamente após o plantio, utiliza-se um herbicida
residual com o herbicida dessecante de contato, à base de paraquat ou
diquat, visando eliminar o primeiro fluxo de plantas daninhas que emergem
após a dessecação, bem como controlar novas emergências através do
efeito do herbicida residual.
100
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
15 - Professor - Fitotecnia II – IFTM - 2015
A temperatura é o fator ambiental que influencia vários eventos
metabólicos e fenológicos das culturas agrícolas, principalmente na cultura
do milho (Zea mays L.). Diante disto é correto afirmar que:
A) A cultura do milho pode ser cultivada em todas as regiões do Brasil no
período da safrinha, independente da latitude e altitude;
B) A fotossíntese líquida depende da temperatura, sendo esta, variável com
a altitude, o que pode influenciar no crescimento e desenvolvimento das
plantas de milho;
C) As noites quentes favorecem o aumento da taxa de fotorrespiração do
milho, reduzindo a fotossíntese líquida;
D)A altitude não tem influência alguma no ciclo do milho, pois a atividade
enzimática da planta fica comprometida em temperaturas altas.
SOLUÇÃO
A) A cultura do milho pode ser cultivada em todas as regiões do Brasil no
período da safrinha, independente da latitude e altitude;
Não podemos fazer este plantio desprezando a latitude e altitude,
pois em áreas tropicais abaixo de 1.000 m de altitude, a planta de milho
acumula considerável matéria seca no colmo, bainhas de folhas, sabugo e
brácteas após florescimento. Parte dessa matéria seca é translocada para o
grão mais tarde, no período de enchimento de grãos (Palmer et al., 1973).
Resultados experimentais relatados por Goldsworthy et al. (1974) apontam
que o rendimento de milho é limitado principalmente pelo tamanho do
grão-dreno, embora sob algumas perdas ambientais de área foliar (fonte)
próximo da maturidade pode reduzir o rendimento de grãos. Milhos
RESPOSTA C
101
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
tropicais geralmente tem maturação tardia, porte alto e grande pendão.
Eles mostram um nível maior de dominância apical, baixo índice de
colheita, e, são menos eficientes em retranslocar para os grãos a matéria
seca previamente depositada no colmo. Tais características têm provável
importância para a adaptação do milho em ambientes tropicais, em
competição vantajosa com plantas de rápido crescimento, e minimizado
efeito da perda de folhas por insetos. Ou seja, milho tropical tem
abundância de folha (fonte) e possivelmente tem mais problemas de
partição e dreno (grão) do que milhos temperados. Reservas de açúcares
no colmo pode ser, evolutivamente, resultado da tolerância a seca e pode
ser associada com resistência para podridões do colmo. Em altitudes
superiores a 1.000m, os cultivares de milho tropical apresentam a duração
do crescimento mais longa que em terras baixas tropicais e é limitado ou
por baixas temperaturas ou disponibilidade de umidade para plantio
(Wilson et al., 1973).
Embora os rendimentos em terras altas tropicais sejam maiores que
aqueles em terras baixas tropicais, Goldsworthy & Colegrove (1974) e
Yamaguchi (1974) concluíram que rendimentos em ambas as áreas foram
limitadas pela capacidade do grão-dreno em acumular fotoassimilados.
Algumas dessas diferenças em partição são devidas ao ambiente e
interação genótipo x ambiente. Entretanto, há consideráveis variações
genéticas quando diferentes genótipos crescem em um mesmo ambiente.
Por causa da sensibilidade ao fotoperíodo de genótipos tropicais,
especialmente para faixas de latitudes superiores a 33º Sul, uma
comparação não pode ser feita em ambientes temperados.
B) A fotossíntese líquida depende da temperatura, sendo esta,
variável com a altitude, o que pode influenciar no crescimento e
desenvolvimento das plantas de milho;
102
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
Segundo Badu-Apraku et al. (1983), uma redução no rendimento está
associada com o período de enchimento de grãos mais curto. Durante um
rápido enchimento de grãos, o aumento na matéria seca do grão resulta da
utilização dos efeitos combinados de assimilados temporariamente estocados
em partes vegetativas da planta e produzidos através da fotossíntese. Em
altos regimes de temperatura diurna/noturna a acumulação de matéria seca
durante o enchimento de grãos é reduzida. Rendimentos de grãos por planta
também é menor sob altas temperaturas.
Com o explicado acima concluímos que está correta essa
alternativa, e podemos concluir também que a letra D e incorreta, pois
altitude tem influência também no ciclo da cultura.
C) As noites quentes favorecem o aumento da taxa de
fotorrespiração do milho, reduzindo a fotossíntese líquida;
O rendimento do milho pode ser reduzido, bem como pode ser alterada
a composição protéica dos grãos, quando da ocorrência de temperaturas acima
de 35-37°C (>3 horas), por ocasião do período de formação do grão. Tal
efeito, na maior parte das vezes, pode estar relacionado à diminuição da
atividade da redutase do nitrato, a qual afeta o processo de transformação
do nitrogênio disponível para a planta. De igual forma, a elevação da
temperatura contribui para a redução da taxa fotossintética líquida em
função do aumento da respiração, afetando diretamente a produção. Por
essa razão, temperaturas elevadas prevalecentes no período noturno
(>24°C) promovem um consumo energético demasiado, em função do
incremento da respiração celular, ocasionando menor saldo de
fotoassimilados, com conseqüente queda no rendimento da cultura.
Cumpre salientar que a queda de rendimento em grãos, na condição
mencionada (temperatura noturna elevada), pode ser também determinada
pela redução acentuada do ciclo da planta, em função do incremento da
103
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
somatória térmica, conforme citado por Fancelli & Dourado-Neto (2000).
È compreensível que uma mais ampla variação estacional
experimentada por uma planta ou comunidade de plantas pudesse ser a
temperatura foliar noturna. A temperatura diária de plantas está
fortemente condicionada pela radiação, dissipação de calor por convecção,
re-radiação e evaporação que a temperatura do ar torna uma variante
menor. A noite, o maior controle sobre a temperatura da planta deve ser a
re-radiação devido a temperatura do ar.
Resultados experimentais e observações empíricas em áreas de
produção mostram que altas temperaturas noturnas reduzem o rendimento de
grãos. Alta temperatura noturna tem também associação com precoce
senescência e maturidade; consequentemente, o período de enchimento de
grãos é reduzido. Embora a respiração devesse ser aumentada sob altas
temperaturas noturnas, isto não é completamente confirmado por medidas
experimentais. A possibilidade existe de que os tratamentos de alta
temperatura noturna pudesse ter produzido estresse hídrico
atmosfericamente induzido. A umidade relativa é usualmente monitorada,
mas não controlada. Experimentos, em condições controladas, ainda
precisam produzir um estudo compreensivo do efeito de várias
temperaturas do ar nos parâmetros de respiração, níveis de metabólitos e
enzimas, temperatura foliar, e potencial de água na folha.
16 - INSTITUTO IESES-IF INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - IFC
A organização morfológica do milho em suas estruturas reprodutivas, estão
dispostas de forma a evitar que grãos de pólen da mesma planta atinjam a
espiga, sendo estas apenas polinizadas por plantas distintas através de
agentes naturais, normalmente o vento o qual carrega pólen de uma planta
RESPOSTA B
104
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
para outra. Com base nisso assinale a alternativa correta que corresponde a
forma de polinização do milho.
a) Auto fecundação.
b) Polinização cruzada.
c) Hibridismo.
d) Polinização controlada.
SOLUÇÃO
A polinização consiste na transferência do grão de pólen da antera da
flor masculina ao estigma das flores femininas. A planta de milho, pela sua
organização morfológica, impede que haja autofecundação, ou seja, a
polinização de uma espiga por grãos de pólen da mesma planta. O grão de
pólen de uma planta, normalmente através de agentes naturais principalmente
correntes aéreas, atinge a barba da espiga de outras plantas. Ocorre
normalmente apenas cerca de 2% de autofecundação, razão pela qual se diz
que o milho é tipicamente uma planta de POLINIZAÇÃO CRUZADA.
17 - Professor - Fitotecnia II – IFTM - 2015
A lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda J.E. Smith, 1974) é a
principal praga chave na cultura do milho, além de estar presente em mais
de 100 culturas agrícolas diferentes. Escolha a alternativa incorreta:
A) O uso de plantas transgênicas de milho Bt revolucionou o cultivo do
milho no mundo todo, todavia, atualmente os agricultores podem ter que
fazer mais de seis aplicações de inseticidas químicos nas lavouras para o
controle da lagarta do cartucho, devido à quebra de resistência;
B) A adoção de áreas de refúgio cultivadas com milho convencional é
primordial para o acasalamento de insetos resistentes e insetos suscetíveis,
RESPOSTA B
105
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
haja vista que a maioria dos insetos da geração heterozigota resultante
apresenta suscetibilidade às proteínas Bt;
C)Nas áreas de refúgio em que se utiliza milho convencional não devem
ficar a mais de 800 m de distância de área com milho Bt e para o manejo
da lagarta do cartucho nas áreas de refúgio os agricultores devem aplicar
inseticidas à base de Bt, pois outras formas químicas aumentam a pressão
de seleção de insetos resistentes às proteínas Bt;
D)Atualmente a piramidação gênica é a técnica utilizada para que o milho
Bt expresse mais de uma proteína Bt, aumentando o tempo de duração do
evento de resistência nas cultivares de milho.
SOLUÇÃO
A área de refúgio é a semeadura de 10% da área cultivada com milho Bt,
utilizando híbridos não Bt, de porte e ciclo vegetativo similar, de preferência os
seus isogênicos. A área de refúgio não deve estar a mais de 800 m de
distância das plantas transgênicas. Essa é a distância máxima verificada pela
dispersão dos adultos da lagarta-do-cartucho-do-milho no campo. A área de
refúgio funciona preservando indivíduos suscetíveis à toxina para cruzar com
possíveis adultos sobreviventes na área de milho Bt. Assim, retarda e, se bem
manejada, pode evitar a evolução de uma raça pura capaz de causar dano no
milho Bt. Todas essas recomendações têm o intuito de sincronizar o ciclo dos
insetos, para evitar o cruzamento entre dois indivíduos
sobreviventes no milho Bt. O refúgio estruturado deve ser desenhado de
acordo com a área cultivada com o milho Bt. Para glebas com dimensões
acima de 800 m, cultivadas com milho Bt, serão necessárias faixas de
refúgio internas nas respectivas glebas. Ainda, segundo a recomendação da
CTNBio, na área de refúgio, é permitida a utilização de outros métodos de
controle, desde que não sejam utilizados bioinseticidas à base de Bt.
Convém salientar que, na área de refúgio, é necessário que parte da
população da lagarta-do cartucho-do-milho sobreviva, de modo a não
comprometer o equilíbrio natural, não se justificando, portanto, o uso
exagerado de inseticidas nessa área. Para a utilização do milho Bt, basta o
produtor cumprir duas regras: a de coexistência, exigida por lei, para evitar
106
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
a contaminação de lavouras vizinhas não Bt, e a regra do Manejo da
Resistência de Inseto (MRI), recomendada pela Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio), para reduzir a chance de seleção de raças de
lagartas resistentes às toxinas do Bt. As regras de coexistência baseiam-se
no direito de outros produtores vizinhos produzirem milho convencional
livre de contaminação de milho transgênico, via polinização ou mistura de
grãos em lavouras vizinhas. O plantio de milho Bt demanda o isolamento
da lavoura de pelo menos 100 m de distância da lavoura do milho não Bt
(convencional) ou uma distância de 20 m acrescida de uma bordadura de
10 linhas de milho convencional, de porte e ciclo vegetativo similar ao
milho geneticamente modificado. Com esse isolamento, o milho colhido na
área convencional é considerado livre de transgênico.
18 - Professor - Fitotecnia II – IFTM - 2015
Na autoincompatibilidade ocorre uma interação entre o grão de pólen e o
estigma, que impede que o pólen germine no estigma da mesma planta.
Este evento facilita a obtenção de plantas híbridas em milho, por exemplo.
Escolha a alternativa incorreta:
A)No sistema gametofítico a incompatibilidade é controlada por um único
alelo S e o grão de pólen somente germinará em um estigma que não
contém o mesmo alelo, impedindo a autofecundação;
B) No sistema esporofítico o que determinará a ocorrência ou não a
incompatibilidade não será o alelo que o pólen carrega, mas sim os alelos
presentes no tecido diploide da planta mãe;
C) A macho-esterilidade é a incapacidade de uma planta em produzir flores
masculinas;
D)A autoincompatibilidade pode ser dividida em gametofítica e esporofítica
SOLUÇÃO
RESPOSTA C
107
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
A reprodução sexual em milho é um processo que envolve a expressão
de genes específicos em células do tecido reprodutivo masculino e feminino da
planta. Assim, alterações em qualquer fase desse processo podem levar a falta
de fertilidade. A macho-esterilidade ocorre quando não há a produção de
gametas masculinos viáveis, apesar de os órgãos florais femininos e as
estruturas vegetativas não apresentarem qualquer anomalia.
A macho-esterilidade é uma característica que pode ser empregada
como valiosa ferramenta para a produção comercial de sementes e já foi
identificada em muitas espécies vegetais, sendo um componente
estratégico para a produção comercial de híbridos em muitas culturas como
sorgo, arroz, soja e girassol, pois pode ser empregada para evitar que
ocorram autofecundações nas linhas onde estão sendo produzidas as
sementes (linhas fêmeas). Em geral, um genótipo restaurador homozigoto
é empregado como o parental masculino do híbrido. Além disso, a garantia
da pureza genética das linhagens parentais e dos próprios híbridos é um
pré-requisito fundamental para a expressão de todo o potencial deste tipo
de cultivar. Portanto, a utilização da esterilidade masculina na produção de
sementes híbridas apresenta importância econômica, além de assegurar a
pureza das sementes genéticas.
Em milho, existem dois tipos distintos de macho-esterilidade, a nuclear e
a citoplasmática. A macho-esterilidade nuclear ocorre quando existem
mutações recessivas em genes nucleares que interrompem a
gametogênese masculina. A macho-esterilidade citoplasmática é uma
característica que envolve genes mitocondriais, herdados maternalmente, e
restauradores da fertilidade de natureza nuclear. Os genes indutores da
macho-esterilidade citoplasmática são gerados pelo rearranjo do genoma
mitocondrial que resulta em produtos gênicos aberrantes e/ou níveis
alterados de produtos gênicos normais.
FONTE:
http://www.cnpms.embrapa.br/grao/26_edicao/grao_em_grao_artigo_01.htm
108
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
19 - Professor de Fitotecnia - IF/SC – 2012
A rotação de culturas consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais
numa mesma área agrícola, trazendo como benefícios, além da melhora
nas condições físicas, químicas e biológicas do solo, o controle de pragas e
doenças. Para aumentar a ciclagem de Potássio e Nitrogênio para a
cultura do milho (Zea mays) é recomendado:
A) Efetuar a rotação com soja ou o plantio de soja em 50% da lavoura.
B) Efetuar a rotação com aveia, soja e nabo forrageiro.
C) Efetuar o plantio de girassol na safrinha.
D) Efetuar a rotação com feijão ou amendoim.
E) Efetuar a rotação com o plantio de nabo forrageiro no outono.
SOLUÇÃO
Sendo o objetivo minimizar a ocorrência de pragas, nematóides e
doenças, deve-se considerar o ciclo e os hábitos destes, o tipo de patógeno
e o sistema de culturas implantado. Algumas sucessões, além de melhorar
o rendimento da cultura principal, proporcionam condições específicas:
aveia preta - milheto - soja (para produção de palha);
aveia - soja - nabo forrageiro - milho (para elevada reciclagem de
nutrientes K e N para o milho);
rotação soja - soja - milho ou soja (2/3) e milho (1/3) (para controle de
doenças na soja);
RESPOSTA C
109
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
nabo forrageiro - milheto na primavera - soja (boa descompactação
superficial do solo, alta produção de palha reciclagem de potássio e
controle de invasoras);
soja - girassol safrinha - milho (bom para a produtividade do milho e
estruturação do solo).
O esquema de rotação deve permitir variações entre as culturas
envolvidas, pois além dos benefícios advindos dos aspectos técnicos, os
aspectos econômicos também são muito importantes, já que influenciam e
podem variar num curto espaço de tempo.
RESPOSTA E
110
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
OLIVEIRA JUNIOR, R. S.; CONSTANTIN, J. Plantas daninhas e seu manejo.
Guaíba: s.e. 2001, 362 p.
PIRES, F. R.; SOUZA, C. M. Práticas mecânicas de conservação do solo e da
água. Viçosa:UFV. 2003, 176 p.
http://brasil.ipni.net/ipniweb/region/brasil.nsf/0/1A183CA9FE55F39883257
AA0003B5C23/$FILE/Seja%20Soja.pdf ACESSADO 23 FEVEREIRO 2017
https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Soja/SojaCent
ralBrasil2003/index.htm.acessado em 13 de março de 2017
www.conab.gov.br acessado em 24 de novembro de 2020
BIBIOGRAFIA:
111
CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
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