cultura sorgo
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Cultura do Sorgo
CULTURA DO SORGO
1- Introdução
O sorgo é uma planta que tem origem na África e em parte da Ásia. Embora seja uma cultura muito anti-ga, seu desenvolvimento se deu, em várias regiões do mundo, somente no final do século XIX. No Brasil, sua expansão se iniciou na década de 70, principalmente no Rio Grande do Sul, em São Paulo, na Bahia e no Paraná. No Estado de Minas Gerais a cultura vem crescendo de forma acentuada nos últimos anos, especialmente nas regiões do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste Mineiro, como alternativa de plantio de safrinha ou segunda safra. Na região Norte de Minas, principalmente em função das baixas precipitações pluviométricas, o sorgo é uma opção de cultivo, de-vido à sua grande resistência a perí-odos de estiagem, e tem sido muito utilizado na produção de silagem. Nos países em desenvolvimento, o sorgo é muito usado na alimentação humana, enquanto que, em países desenvolvi-dos, é empregado basicamente na alimentação animal.
2 - Clima
O sorgo é considerado uma planta tolerante a altas temperaturas e à seca,
mas, havendo deficit hídrico, a sua taxa de crescimento diminui. O sistema ra-dicular é profundo e ramificado, o que aumenta a eficiência na extração de água da solução de solo. As folhas pos-suem um bom sistema de transpiração que evita a perda de água. Necessita de temperaturas médias diárias acima de 18º C na fase de florescimento, e as melhores condições térmicas situam-se entre 26 e 30º C. A temperatura média anual de 18º C é considerada o limite inferior para o cultivo do sorgo.
Durante o ciclo da planta, a quan-tidade de água exigida varia de 450 a 500 mm. Existem dois períodos críticos quanto à disponibilidade de água no solo. O primeiro ocorre imediatamente à realização do plantio e vai até 20 a 25 dias após a germinação. O segundo pe-ríodo ocorre durante a fase de floração.
Ao planejar o plantio, deve-se pro-curar o momento em que, historica-mente, o período de temperaturas mais altas e de maior intensidade de chuva coincida com o enchimento dos grãos, fase de maior exigência da planta.
3 - Escolha do terreno
O solo para a cultura de sorgo deve ter boa porosidade, para facilitar o desenvolvimento das raízes e a infil-tração da água.
A rotação de culturas é uma prá-tica que deve ser adotada como forma de manejo do solo, visando manter e ou melhorar as características do ter-reno e obter produtividades maiores.
4 - Calagem
A aplicação de calcário deve ser feita de acordo com os resultados da análise química do solo. É bom lembrar que a toxidez causada por alumínio é um fator importante, pois a presença dele em excesso torna o solo ácido, li-mitando a produção.
A coleta das amostras para análi-se em laboratório é muito importante, pois a amostragem deve representar bem o tipo de terreno. Para isso, de-ve-se dividir a área em glebas homo-gêneas (de mesmo tipo) e em cada gleba coletar várias amostras (sim-ples), para obter uma amostra final (composta).
Em caso de dúvida, solicitar a orientação de um técnico.
5 - Preparo de solo
As finalidades do preparo de solo são facilitar a germinação e contribuir para o bom desenvolvimento das raí-zes, bem como promover a infiltração de água no solo.
5.1- Sistema convencional de cultivo:
Normalmente são realizadas uma aração e duas gradagens, sendo a pri-meira logo após a aração e a segunda para nivelamento da área nas vésperas do plantio. Essas operações podem ser feitas para incorporação do calcário, quando necessário.
5.2- Sistema de plantio direto:
No plantio direto não há o revolvi-mento do solo. O preparo é feito com a dessecação das gramíneas, com o uso de herbicida e ou outro mecanismo, com o objetivo de manter uma palha-da, que funciona como cobertura mor-ta do solo, para protegê-lo dos raios solares, facilitando a infiltração da água e outros benefícios.
6 - Cultivares
Na escolha da cultivar, deve-se levar em consideração a finalidade à qual o plantio se destina, se à produ-ção de grãos, à produção de silagem para alimentação de bovinos ou ao pastejo dos animais. Devem-se con-siderar também as características de cada cultivar, a região onde o plantio será realizado, as recomendações da pesquisa e o zoneamento agroclimáti-co feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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7 - Tratamento de sementes
O tratamento de sementes é muito importante para proteção da planta, tan-to no combate às pragas iniciais, quanto na prevenção de doenças. Logo deve-se fazer uma combinação de produtos que controlem, ao mesmo tempo, insetos e doenças.
Para obter o receituário agronômi-co com a indicação dos produtos, con-sultar um técnico.
8 - Época de plantio
A época de plantio vai depender se o cultivo for de verão ou de safri-nha. No caso do cultivo de verão, a semeadura deve ser realizada no início do período chuvoso. Para o plantio de safrinha, o mesmo deve ser feito logo em seguida à colheita da safra normal.
9 – Adubação
A adubação de plantio deve ser feita de acordo com os resultados da análise do solo. Na sua falta, deverão ser utiliza-dos 300 kg por hectare de adubo fórmula 4-20-20. A adubação de cobertura deve ser realizada quando as plantas atingirem 30 a 40 centímetros de altura, usando 150 kg de sulfato de amônio por hectare.
10 – Espaçamento e densidade
No cultivo de sorgo para colheita de grãos, utilizar o espaçamento de 50
a 70 cm entre as fileiras, com 15 a 18 sementes por metro linear.
Em cultivo para silagem, utilizar espa-çamento de 80 a 90 cm entre as fileiras, com 13 a 15 sementes por metro linear.
Para o sorgo pastejo, o plantio pode ser feito tanto em linhas como a lanço. No plantio em linhas, utilizar espaçamento de 30 cm entre as linhas, com 20 a 25 sementes por metro linear, e, no caso de plantio a lanço, utilizar 20 a 30 kg de sementes por hectare.
O plantio deve ser feito na pro-fundidade de 3 a 5 centímetros.
11 - Tratos culturais
O controle de plantas daninhas deve ser feito mediante a associação de cultivos por tração animal e moto-rizados e capinas manuais, de modo a manter a cultura no limpo (livre de competição), até 50 dias de idade.
12 - Pragas e doenças
As pragas merecem um cuidado especial do produtor. É preciso acom-panhar e identificar as pragas e saber quando elas causam danos econômicos. As pragas subterrâneas, como: larva--arame, bicho-bolo, pão-de-galinha e corós, causam prejuízos na fase inicial e devem ser controladas por meio do tra-tamento de sementes.
O sorgo pode adquirir doenças provocadas por bactérias, fungos ou vírus. Entre as mais comuns, citam-se:
Série Ciências AgráriasTema AgriculturaÁrea Culturas
• Doenças causadas por bactérias: risca bacteriana e estria bacteriana.
• Doenças causadas por fungos: helmintosporiose, podridão-do-colmo e pedúnculo, antracnose do colmo, podridão-seca-do-colmo e doença açucarada do sorgo.
• Doença causada por vírus: mosaico da cana-de-açúcar.
O controle deve ser feito de forma preventiva, com escolha de variedades, boa adubação e nutrição das plantas. Quando do aparecimento de sintomas de doença, fazer aplicação de produto quími-co, seguindo o receituário agronômico.
13 – Colheita
Para a produção de grãos e realiza-ção da secagem artificial, o ponto ideal da colheita é quando os grãos estiverem com teor de umidade entre 14 e 17%. A secagem artificial é feita até os grãos atingirem 12 a 13% de teor de umida-de. Sem a secagem artificial, a colheita só pode ser feita quando os grãos esti-verem com a umidade de12 a 13%.
Para ensilagem, o ponto ideal é quando a planta inteira atinge, pelo menos, 30% de matéria seca. Na prá-tica, o produtor poderá se basear no ponto de formação da camada preta.
Para o corte verde, o ponto ideal
é quando a planta atinge o ponto de emborrachamento ou a idade de 50 a 55 dias pós-semeadura.
Para pastejo e fenação, o ponto ideal está entre 80 e 100 cm de altura, que ocorre com a idade de 30 a 40 dias pós-semeadura ou início da rebrota.
14 – Armazenamento
O sorgo pode ser armazenado por longo período, sem ocorrerem perdas significativas da qualidade. A arma-zenagem deve ser feita em local seco, ventilado e protegido contra o ataque de insetos e roedores. As principais pra-gas do grão de sorgo armazenado são o gorgulho, a traça-dos-cereais, o besou-ro pequeno dos grãos e o besouro das farinhas, que podem atacar o produto em qualquer sistema de armazenagem.
Eng.º Agr.ºWilson José RosaDepartamento Técnico da Emater–MGFoto de Capa: Maurício AlmeidaAgosto de 2012
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