da escola pÚblica paranaense 2009 · 2013-06-14 · de dewey e outros educadores, embora tenha...
Post on 13-Jul-2020
0 Views
Preview:
TRANSCRIPT
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
0
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
FLAVIA IRENE KOKUSZKA
UNIDADE TEMÁTICA
HISTÓRIA LOCAL: UM OLHAR AO PASSADO
CURITIBA
2009/2010
1
FLAVIA IRENE KOKUSZKA
HISTÓRIA LOCAL:UM OLHAR AO PASSADO.
Unidade Temática apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE - Secretaria de Estado da Educação do Paraná, como requisito parcial a formação continuada de professores do Estado.
Orientador: Prof. Me. Odinei Fabiano Ramos
CURITIBA 2009/2010
2
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO PROFESSOR PDE: Flavia Irene Kokuszka. ÁREA PDE: História. NRE- Área Metropolitana Norte. PROFESSOR ORIENTADOR: Me. Odinei Fabiano Ramos. IES VINCULADA: Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Paranaguá. ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Professora Jaci Real Prado de Oliveira. PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO: professores e alunos da educação básica - séries finais do Ensino Fundamental – 5ª - Séries (8 anos)
3
APRESENTAÇÃO
O retorno dos professores às universidades é uma das políticas da
SEED/PR, que tem como objetivo a formação continuada, a melhoria da
Educação Básica, aproximando a teoria da prática pedagógica. Esta unidade
pedagógica é o resultado de uma das atividades realizadas pelo Programa de
Desenvolvimento Educacional - PDE- que tem como enfoque “A História Local: um olhar ao passado” sob a orientação do Professor Mestre Odinei
Fabiano Ramos .É um tema intimamente ligado à identicidade do educando e
deste com o espaço, portanto, resgata, valoriza esta historicidade e parece ser
um caminho para o ensino do conhecimento histórico acumulado pela
humanidade. A apreendência de História “in loco”, onde o educando passa a
ser ator dinâmico da mesma, acaba provocando a curiosidade, o resgate e
preservação do patrimônio cultural.
Para Febvre (1974), ”a história se faz com documentos, quando eles
existem. Mas ela pode ser feita, ela deve ser feita com tudo o que a
engenhosidade do historiador lhe permitir utilizar”. Ao resgatar os fatos
históricos da localidade através da metodologia “Aprendizagem por Projetos”, o
aluno tem a oportunidade de: resgatar um passado ainda pulsante; valorizar o
conhecimento popular através do método científico gerando credibilidade nas
tradições orais e escritas de pouco registro; suscitar um novo conhecimento;
desenvolver a auto-estima por se sentir valorizado ao divulgar o resultado da
pesquisa.A utilização dos aparatos tecnológicos e as tecnologias de interação e
comunicação serão ferramentas que possibilitarão a interação entre os alunos
no processo de desenvolvimento do conhecimento.A finalidade principal é
orientar o aluno a trilhar seu próprio caminho na busca de sua autonomia.
Na primeira parte da unidade pedagógica, fez-se uma abordagem
introdutória sobre o tema, buscando apresentar à comunidade escolar a
metodologia utilizada, como ela se constitui e como se dá o processo de
4
desenvolvimento da aprendizagem através de projetos de pesquisa. Na
segunda parte apresenta-se um roteiro de como foi desenvolvida a metodologia
“aprendizagem através de projetos de pesquisa”, procurando articulá-la
às histórias locais e aos eixos integradores na disciplina de história.
O roteiro das atividades apresentado nesta Unidade Pedagógica foi
discutido, realimentado através das sugestões apresentadas pelos professores
participantes do GRT e aplicado pela autora e por uma professora participante
do Grupo de Trabalho em Rede com alunos de quintas séries do ensino
fundamental, mas poderá ser aplicado em qualquer turma e até mesmo no
Ensino Médio, basta fazer as adequações necessárias. Não se tem a intenção
de esgotar o tema, no entanto, é parte significativa e integrante da
instrumentação necessária para envolver o aluno na iniciação da pesquisa.
A autora.
5
6
SUMÁRIO
1 HISTÓRICO DA APRENDIZAGEM POR PROJETOS.................................................................7
2.COMO DIFERENCIAR ENSINO COM PROJETO E APRENDIZAGEM ................................12
POR PROJETO?................................................................................................................................12
3. ARTICULAÇÃO ENTRE A PROPOSTA PEDAGÓGICA E A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO
COM PROJETOS DE APRENDIZAGEM .......................................................................................14
4. A APRENDIZAGEM POR PROJETOS, CONTEÚDO CURRICULAR E A AVALIAÇÃO. ....15
4.1. SINTESE E DIVULGAÇÂO DOS RESULTADOS........................................................................16 5-ROTEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM POR PROJETO.............17
5.1 DESCRIÇÃO .................................................................................................................................17 5.2 O QUE O ALUNO PODERÁ APRENDER COM ESTE PROJETO ................................................17 5.3. DURAÇÃO DO PROJETO............................................................................................................18 5.4 RECURSOS ...................................................................................................................................18 5.5 CONHECIMENTOS PRÉVIOS TRABALHADOS PELO PROFESSOR COM O ALUNO.............19 5.6 ESTRATÉGIA DE MOBILIZAÇÃO...............................................................................................19 5.7 AVALIAÇÃO .................................................................................................................................21 5.8. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO..................................................................................21 5.9. ALGUMAS IDEIAS PARA COMPLEMENTAR A PESQUISA: ....................................................28 6.REFERÊNCIAS: .............................................................................................................................30
7
1 HISTÓRICO DA APRENDIZAGEM POR PROJETOS
Cristovão Tezza ao abordar a teoria da linguagem de Bakhtin esclarece
que todo discurso não é uma obra fechada e acabada de apenas um
indivíduo, mas é um processo de situação de discurso diferente entre eu e
o outro. “Nossas palavras não são ‘nossas’ apenas; elas nascem, vivem e
morrem na fronteira do nosso mundo e do mundo alheio; elas são
respostas explícitas ou implícitas às palavras do outro, elas só se
iluminam no poderoso pano de fundo das mil vozes que nos rodeiam”
(TEZZA, 1988, p. 55). Ao relacionar os conceitos de identidades sociais,
pertencimento e comunidades de prática com as concepções
bakhtinianas, pretendem-se dar conta de questões de ordem sócio-
histórica, dentro de um processo reflexivo entre os participantes do
presente estudo, visto que o diálogo entre eles se torna um espaço para
reflexão sobre o processo de (re) construção de suas identidades sociais.
A vida dos seres humanos é organizada por uma constante elaboração
de projetos. Fazemos projetos para tudo, como por exemplo, para irmos a
algum lugar, para fazermos um determinado trabalho, para construímos uma
casa entre outros tantos, planejamos até como vamos levantar da cama. Então
por que não fazemos projetos de aprendizagem?
A palavra projeto tem sido utilizada com muita freqüência em diversos
contextos do mundo contemporâneo, globalizado e pautado pela tecnologia da
informação e comunicação. Mas, ao lançar mão da etimologia, Machado (2004,
8
p.4) afirma que a palavra projeto deriva do latim projectus e significa “um jato
lançado para frente”. Apesar do ser humano sempre fazer projetos, mesmo
inconscientemente, o termo projeto, surge numa forma regular no decorrer do
século XV. “Tanto nas ciências exatas como nas ciências humanas, múltiplas
atividades de pesquisa, orientadas para a produção de conhecimento, são
balizadas graças à criação de projetos prévios”. A elaboração do projeto
constitui a etapa fundamental de toda pesquisa “que pode, então, ser
conduzida graças a um conjunto de interrogações, quer sobre si mesma, quer
sobre o mundo à sua volta”. (FAGUNDES, 1998, p.21).
Segundo Gadotti (cit. por Veiga, 2001, p. 18),
Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores.
A literatura define o trabalho com projetos educacionais como estratégia,
alternativa, ferramenta, proposta pedagógica contribuindo desta forma para
tornar o ensino e a aprendizagem significativos, para que ocorram de forma
interdisciplinar, sistêmica, contextualizada e conectada com a realidade
envolvente, permitindo que educadores e educandos sejam protagonistas de
seu progresso de aprendizagem.
“A ideia de se trabalhar por meio de projeto é uma ideia antiga, que vem
de Dewey e outros educadores, embora tenha surgido em outros contextos.
Quando falamos em projetos, estudo do meio, centro de interesses, trabalha
por temas, pesquisa de campo, pedagogia de projetos, não significa que
estamos falando da mesma coisa, embora essas atividades tenham como
característica comum o esforço de envolver o aluno em sua aprendizagem, de
trazer o mundo para dentro da escola ou de sair para o mundo a fim de
aprender” (MELLO, 2004, p.51)
Das teorias disponíveis na literatura acadêmica, a proposta teórica
metodológica sobre projetos em educação mais citada e investigada no
momento, é do educador espanhol Fernando Hernández. Tendo se apoiado
nas ideias de John Dewey (1859-1952), filósofo, psicólogo e pedagogo norte-
9
americano que defendia a relação da vida com a sociedade, dos meios com os
fins e da teoria com a prática. Por volta dos anos de 1930 a metodologia de
projetos foi proposta por Dewey, numa abordagem que foi denominada de
Escola Nova.
De acordo com os autores Leite; Malpique; Santos (apud BEHRENS;
JOSÉ, 2001, p. 04), para Dewey, a brusca inibição dum impulso transforma-o
em desejo. Todavia, é preciso [...] insistir nisso nem o desejo realiza um projecto. O projecto supõe a
visão de um fim. Implica uma previsão de conseqüências que resultariam da acção que se introduz no impulso inicial. A previsão das conseqüências implica, ela mesma, o jogo da inteligência. Esta exige, em primeiro lugar, a observação objectiva das condições e das circunstâncias. Porque o impulso, o desejo produz conseqüências, não por elas, mas pela sua interação e cooperação com as condições envolventes.
A favor do conceito de escola ativa, ao qual Dewey se posicionou o
aluno tinha que ter originalidade, iniciativa, saber e agir de forma cooperativa.
Acreditava que escolas que atuavam dentro de uma linha de obediência e
submissão não eram efetivas quanto ao processo de ensino-aprendizagem.
Seus trabalhos alinhavam-se com o pensamento liberal norte-americano e
influenciou vários países, inclusive o movimento da Escola Nova no Brasil.
Entre seus conceitos destacam-se ideias como a defesa da escola pública, a
legitimidade do poder político e a necessidade de autogoverno dos estudantes.
Dewey, ao falecer em 1952, com 92 anos de idade, deixou uma grande
variedade de obras nas quais destaca que o conhecimento é uma atividade
dirigida que não tem um fim em si mesmo, mas está dirigido para a
experiência. As ideias são hipóteses de ação e são verdadeiras quando
funcionam como orientadoras dessa ação. A educação tem como finalidade
propiciar à pessoa condições para que resolva por si própria os seus
problemas e não as tradicionais ideias de formar de acordo com modelos
prévios.
Ao analisar a pedagogia de Dewey, Saviani, (1988) comenta que a
mesma apresenta muitos aspectos inovadores, distinguindo-se especialmente
pela oposição à escola tradicional. Mas, não questiona a sociedade e seus
valores como estão propostos no seu tempo. Sua teoria representa plenamente
10
os ideais liberais, sem se contrapor aos valores burgueses, acabando por
reforçar a adaptação do aluno à sociedade.
Nesta direção, John Dewey, considerado o maior representante do
pragmatismo na educação americana, foi o principal expoente deste
movimento e defendia o treinamento baseado nos interesses e na experiência
da pessoa, com igual valorização de criatividade e habilidades técnicas. Para
isso, o termo projeto começa então a ser utilizado amplamente entre
professores americanos, sendo visto como método de educação progressista.
Neste momento histórico da educação, outro filósofo e colega de Dewey
se manifesta, procurando elaborar uma redefinição do conceito de projetos.
Trata-se de William Heard Kilpatrick, (1918-1952) que, apoiado na teoria da
experiência de Dewey e fortemente influenciado pela psicologia da
aprendizagem, no século XX psicologizou o método de projetos,
caracterizando-o como ato intencional sincero do estudante, valorizando a
liberdade de ação dos alunos e desvinculando-o completamente de matérias
ou áreas específicas. (KILPATRICK, 1978).
Essas propostas históricas prevaleceram e se desenvolveram durante a
Escola Nova, recebendo denominações variadas, tais como: projetos de
trabalho, metodologia de projetos, metodologia de aprendizagem por projetos,
pedagogia de projetos entre outras denominações. Porém, na sociedade
contemporânea, as instituições de ensino enfrentam grandes desafios num
tempo de incertezas com novos saberes sobre o aprender e os sujeitos
pedagógicos. (HERNÁNDEZ, 2004).
A perspectiva educativa dos projetos de trabalho se situa nos esforços
de repensar a escola e sua função educadora em um mundo de
complexidades, onde há outras formas de consentir a informação que não
passam pelo livro didático. É uma sociedade na qual o corpo e não apenas a
mente é uma referência essencial para aprender, passando pelo diálogo, pela
relação com o outro e consigo mesmo. Uma sociedade na qual aprender a dar
sentido se converte em um desafio. Os projetos de trabalho tratam de superar
a escola que foi definida no final do século XIX e começo do XX, que divide os
tempos, os espaços, as disciplinas e os sujeitos de forma hierárquica e
seguindo um modelo de controle social que pouco tem a dizer sobre as
sociedades atuais. (HERNÁNDEZ, 2004, p. 3).
11
Voltando-se para a realidade da sociedade brasileira, desde a década de
1930, a visão desses dois filósofos é tida como a base para a luta por uma
educação progressista, que iniciou a discussão em torno da pedagogia de
projetos, com Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando Azevedo, ambos
idealistas da Escola Nova. Desde então, o movimento tem sido reinterpretado
por diversos autores, procurando superar o conceito reducionista de
metodologia interessante para se trabalhar os conteúdos sistematizados,
valorizando o processo educativo.
Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira marcaram o “divisor de águas”
em relação à escola tradicional, organizando as vigências culturais do passado
e do presente, expressas no Manifesto dos Pioneiros, de 1930 até a década de
60. Neste Manifesto percebe-se a separação entre a educação, de um lado, e a
economia e a política de outro. A educação é tratada de forma submersa, ou
quase imóvel frente às modificações sociais, ao passo que a economia e a
política são problematizadas.
A educação sem problematização constitui a Escola Nova no Brasil: ela
não mexe no conteúdo, isto é, não ocorrem mudanças sociais por meio da
educação e sim, se modificam os métodos e técnicas. Já Lourenço Filho foi um
pedagogo, organizador do ensino e administrador capaz e exigente, que
articulou a pedagogia com a psicologia, no mesmo princípio da Escola Nova.
(MENDES, 1987).
Ainda de acordo com o mesmo autor (1987, p.2), esses pensadores
difundem o saber (cultura e educação) para o povo, de cima para baixo,
segundo o código hegemônico das classes dominantes; mas eles têm uma
tarefa, naquela época, cuja organicidade era eficaz numa sociedade de
classes. Hoje, há a distorção do ensino sob o nome de "meritocracia" e
"excelência", extremamente ambíguo, pois esse postulado, inscrito nas leis e
planos educacionais, se desfaz ingênua ou perversamente na prática. Na
verdade, a perversão consiste, precisamente, na homogeneização do saber,
para encobrir, na sociedade de classes, os valores e os signos cindidos entre
as classes subalternas e as elites políticas, econômicas e culturais.
Voltando-se para dias atuais, este movimento tem contribuído com
subsídios para uma pedagogia escolar dinâmica, situada na criatividade e na
atividade discente, numa perspectiva de produção do conhecimento pelos
12
alunos, mais do que na transmissão dos conhecimentos pelo professor. O
método de projetos de Dewey e Kilpatrick, considerado como um “método”
passa agora a ser visto mais como uma postura pedagógica. Mais do que uma
técnica atraente para transmissão dos conteúdos, como muitos pensam, tem
sido proposto como uma mudança na maneira de pensar e repensar as
instituições de ensino e o currículo, a prática pedagógica.
Nesta direção e retomando a proposta teórico-metodológica da
organização do currículo por projetos de trabalho de Hernández, é preciso
enfatizar a necessidade de se questionar a forma atual de ensinar e propor ao
docente que abandone o papel de "transmissor de conteúdos" e se transforme
num pesquisador. O aluno, por sua vez, deve passar de receptor passivo a
sujeito do processo. Numa reportagem da Revista Nova Escola, Hernández
destaca que não há um método a seguir, mas uma série de condições a
respeitar. O primeiro passo é definir um assunto onde a escolha pode ser feita
partindo de uma sugestão do professor ou dos alunos. "Todas as coisas podem
ser ensinadas por meio de projetos, basta que se tenha uma dúvida inicial e
que se comece a pesquisar e buscar evidências sobre o assunto". Hernández
destaca ainda que a aprendizagem por projetos de trabalhos é uma das
maneiras de desenvolver a aprendizagem.
2.COMO DIFERENCIAR ENSINO COM PROJETO E APRENDIZAGEM POR PROJETO?
Um projeto de aprendizagem se for bem organizado, permite articular os
conhecimentos científicos e os saberes populares e cotidianos, propiciando
condições para que os questionamentos científicos sejam respondidos à luz
das curiosidades dos alunos, de seus interesses e de suas necessidades,
colocando os sujeitos da educação no centro do processo educativo. Na
tentativa de responder aos problemas sociais propiciará transformações e
crescimento no desenvolvimento da leitura tanto para o professor como para o
aluno, mas para tanto é necessário diferenciar Projeto de Ensino de Projetos
de Aprendizagem. Pergunta-se: “aprendizagem por projetos” é muito diferente
de “ensino por projetos”? Fagundes em Aprendizes do Futuro: as inovações
13
começaram elaborou o seguinte quadro para diferenciar Projeto de Ensino de
Aprendizagem por Projetos:
ENSINO X APRENDIZAGEM
ENSINO POR PROJETOS APRENDIZAGEM POR PROJETOS
Autoria: Quem escolhe o tema?
Professores, coordenação pedagógica Alunos e professores individualmente e, ao mesmo tempo, em cooperação.
Contextos Arbitrados por critérios externos e formais. Realidade da vida do aluno
A que satisfaz? Arbítrio da sequência de conteúdos do currículo.
Curiosidade, desejo, vontade do aprendiz
Decisões Hierárquicas Hierárquicas
Definições de regras, direções e atividades
Impostas pelo sistema,cumpre determinações sem optar.
Elaboradas pelo grupo, consenso de alunos e professores
Papel do Professor Agente Estimulador/orientador Papel do aluno Receptivo Agente
FAGUNDES, Léa da Cruz: SATO, Débora; SATO, Luciane. Aprendizes do Futuro: as inovações começaram. Ministério da Educação. PROINFO, 1998.
A aprendizagem por projetos se dá através de articulações e interações
entre os conhecimentos de diferentes áreas, relacionadas a partir dos
conhecimentos prévios dos alunos, com os conhecimentos científicos.
Trabalhar com projetos de aprendizagem implica lidar com situações
ambíguas, respostas provisórias, com algumas variáveis não identificadas
inicialmente e que irão desabrochar durante o desenvolvimento do processo. O
plano de trabalho, ou melhor, o planejamento de um projeto se caracteriza pela
flexibilidade e pela capacidade de se abrir para situações imprevisíveis,
fazendo com que professor e alunos façam revisão, reflexão e (re) escrita de
percurso constantemente; do início ao término do trabalho.
Retomando Fagundes (1998)
Com trocas recíprocas e respeito mútuo. Isto quer dizer que a prioridade não é o conteúdo em si, formal e descontextualizado. A proposta é aprender conteúdos, por meio de procedimentos que desenvolvam a própria capacidade de continuar aprendendo, num processo construtivo e simultâneo de questionar-se, encontrar certezas e reconstruí-las em novas certezas. Isto quer dizer: formular problemas, encontrar soluções que suportem a formulação de novos e mais complexos problemas.
Nesse contexto o professor articula, orienta, media, duvida, reflete,
provoca, encoraja, descobre, facilita e, desse modo, possibilita um ambiente de
respeito e confiança onde ele ensina e aprende com o aluno. Passando,
assim, de mero transmissor de conhecimentos e informações, para
14
pesquisador, e o aluno deixa de ser receptor para ter uma participação ativa de
co-autor dentro do processo de aprendizagem.
3. ARTICULAÇÃO ENTRE A PROPOSTA PEDAGÓGICA E A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO COM PROJETOS DE APRENDIZAGEM
A metodologia aprendizagem por projetos de pesquisa, por meio do
conhecimento de si, caracteriza-se como uma proposta fundamentada nas
práticas: de leitura dos textos pesquisados, de análise crítica dos textos, e na
produção escrita e na comunicação dos resultados. No desenvolvimento da
aprendizagem por projetos é importante que o professor saiba explorar
pedagogicamente as vantagens que os mesmos propiciam, articulando os
interesses e necessidades dos alunos, ao contexto, a sua intencionalidade
pedagógica.
De acordo com Zamboni (2007 p.121) a vinculação do ensino e pesquisa
no processo de construção do conhecimento, na formação inicial e na sala de
aula do ensino fundamental e médio significa, reconhecer que o conhecimento
é coletivo,um diálogo entre os vários autores e entre os vários saberes”. Na
metodologia da aprendizagem por projetos a história local é o ponto de partida
e uma etapa fundamental, pois instrumentaliza o aluno com as informações
necessárias para a elaboração de conceitos teóricos mais abrangentes..
A prática da produção escrita compreende o exercício da produção
individual e coletiva de textos históricos, permitindo ao aluno demonstrar o grau
de compreensão, síntese, análise e criatividade sobre os conteúdos estudados. Através dela verifica-se a dialogicidade, a co enunciação do leitor com o texto:
atribuindo sentidos aos fazerem escritos; fazendo inferências; mobilizando
conhecimentos; interpretando; recriando e produzindo a própria história, agindo
sobre textos lidos ou transmitidos através de relatos orais.
Em síntese, pela prática da narrativa histórica se exercita a capacidade
de compreender-se, de compreender os fatos sociais e sentir-se sujeito
histórico. Pela prática da análise crítica, conforme preconiza Geraldi (2006, p.
86), se realiza a interação leitor texto “fazendo funcionar” o texto pelo leitor,
15
preenchendo lacunas, desvendando e contextualizando as informações nele
contidas.
4.A APRENDIZAGEM POR PROJETOS, CONTEÚDO CURRICULAR E A AVALIAÇÃO.
Para muitos professores o currículo é entendido como programas de
ensino, conteúdos ou matriz curricular. Na realidade existe uma multiplicidade
de definições e cada uma pressupõe valores e concepções explícitas. Estudos
críticos do currículo apontam que a seleção cultural sofre determinações
políticas, econômicas, sociais e culturais do que decorre que a seleção do
conhecimento escolar não é um ato desinteressado e neutro, e sim resultado
de lutas, conflitos e negociações (SILVA, 1999). Para além das prescrições das
grades curriculares e listas de conteúdos pré-elaboradas, um conceito de
currículo necessita ter em conta um conjunto de ações que cooperam para a
formação humana em suas múltiplas dimensões constitutivas.
Sob essa perspectiva, o ensino-aprendizagem de História é pautado na
aprendizagem das experiências do passado, possibilitando a formação de
pontos de vista históricos por negação ao tipo tradicional e exemplar de
consciência e de acordo com as Diretrizes Curriculares do Paraná (2008) esse
tipo de consciência se expressa “em narrativas críticas,as quais valorizam em
deslocamentos e problematizações em relação às presentes condições de vida
a partir de contra narrações”. Para isso, é relevante fazer uma ruptura em
relação ao ensino seguindo a linearidade onde o próprio sujeito percebe a sua
história a partir experiências de vida do outro. Assim a história de cada um é
percebida como uma campo em que diversas vozes sociais que se defrontam,
manifestando diferentes opiniões. Bakhtin (1999, p.66) defende, “[...] cada
palavra se apresenta como uma arena em miniatura onde se entrecruzam e
lutam os valores sociais de orientação contraditória. A palavra revela-se, no
momento de sua expressão, como produto de relação viva das forças sociais”.
O currículo é sempre o resultado de uma seleção, de um universo mais
amplo de conhecimentos e saberes do qual se seleciona a parte que o vai
16
constituir. Neste sentido a avaliação terá enfoque formativo, interna ao
processo de ensino e aprendizagem. Ao estabelecer, que a avaliação deva ser
contínua e priorizar a qualidade e o processo de aprendizagem, ou seja, o
desempenho do aluno ao longo do ano letivo, a Lei 9394/96, de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), no art. 24, inciso V, dá destaque à
chamada avaliação formativa. Esta é vista como mais adequada ao dia-a-dia
da sala de aula e como um avanço em relação à avaliação tradicional, reduzida
à função somativa ou classificatória.
Procurar-se-á, assim, na aprendizagem por projetos, centrar o interesse
mais pelo processo do que pelos resultados. Na avaliação formativa, todo o
aluno é protagonista da sua aprendizagem, permitindo ao mesmo verificar suas
“falhas” e retomar o processo e refazê-lo. E, ao professor, através das
informações colhidas, rever seu processo pedagógico. Nesse processo o aluno
compreende que a aprendizagem é algo a ser construída e ele tem um papel
fundamental nessa construção. Assim não haverá um período de avaliação,
mas a avaliação será um processo continuo e interativo com retomada das
atividades das quais os objetivos não foram alcançados.
4.1. SINTESE E DIVULGAÇÂO DOS RESULTADOS
Por tratar-se da aprendizagem através de projetos de pesquisa, de
acordo com Fagundes (1998), o trabalho centra-se nos pressupostos que lhe
são próprios: ação reflexiva, disciplina, capacidade de estudar, refletir e
sistematizar o conhecimento; capacidade de compor dados, análise do
pensamento divergente; interdisciplinaridade; pesquisar através fatos do
cotidiano; aluno e professor como parceiros de trabalho; o conhecimento como
provisório e relativo e a produção como uma necessidade a ser anunciada para
outros interlocutores.
“O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em
cada individuo singular, a humanidade que é produzida histórica e
coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objetivo da educação diz
respeito, de um lado, a identificação dos elementos culturais que precisam ser
assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem
17
humanos e, de outro lado concomitantemente, à descoberta das formas mais
adequadas para atingir esses objetivos”. (SAVIANI, 2007, p.17)
5-ROTEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM POR PROJETO
O nosso dia-a-dia é repleto de histórias que, muitas vezes, são publicadas em jornais, livros, revistas, novelas, fotografias entre outras formas de (re) contar. Como a “historia local” é refletida na comunidade onde moro e como posso contá-la?
5.1 DESCRIÇÃO O roteiro da prática pedagógica foi desenvolvido para ser aplicado com alunos
de quintas séries do Ensino Fundamental de oito anos. Será desenvolvido em
duas turmas, totalizando sessenta e cinco alunos, sendo uma turma do período
matutino com trinta e dois alunos e outra do período vespertino com trinta e
três alunos. As duas turmas foram selecionadas por se encontrarem em
defasagem de idade série, tendo os alunos entre doze a dezessete anos.
5.2 O QUE O ALUNO PODERÁ APRENDER COM ESTE PROJETO
• Tomar conhecimento de si próprio, a partir do evento comum
a todos os seres vivos: o nascimento.
• Reconhecer a sucessão de conhecimentos no tempo,
registrando a sua própria história.
• Conhecer a história do lugar onde mora e seu significado.
• Registrar a história local valendo-se de várias fontes; relatos
orais, documentos escritos, fotografias, roupas, brinquedos,
móveis e objetos variados.
18
• Compreender a história da humanidade a partir da história
local.
• Conhecer e respeitar os diferentes costumes das famílias,
grupos e povos.
• Desenvolver habilidades sociais.
• Identificar fontes históricas do lugar onde vive.
• Integrar dados pessoais relacionando-os aos fatos da história
da sociedade;
• Ampliar gradativamente suas possibilidades de comunicação
e expressão através de relatos orais e escritos.
• Desenvolver interesse e curiosidade pelos fatos históricos,
construindo as relações temporais, espaciais para relacionar-
se com outras pessoas, sentindo-se segura e construindo sua
identidade histórica.
5.3. DURAÇÃO DO PROJETO O projeto de intervenção pedagógica terá início no mês de abril
com término previsto para encerramento no mês de outubro. Neste
intervalo de tempo há a previsão da copa do mundo, semana de
recuperação prevista em calendário escolar e o recesso escolar que
terá início no dia 17/07/2010 a 15/08/2010. Neste período a
realização do projeto será interrompida.
5.4 RECURSOS
PORTFÓLIO ELETRÔNICO; Internet; Livros, revistas, documentos; Scanner, impressora, computador; Outros recursos que se fizerem necessários.
É importante o professor fazer o contrato com os alunos, estabelecendo normas para o uso do laboratório de
19
informática e verificar os que ainda não possuem o conhecimento básico de informática para fazer as orientações necessárias.
5.5 CONHECIMENTOS PRÉVIOS TRABALHADOS PELO PROFESSOR COM O ALUNO
É importante que o aluno perceba que o
ensino de História, a partir da história local,
apresenta-se como um ponto de partida para a
aprendizagem histórica, possibilitando
trabalhar com a realidade mais próxima das
relações sociais que se estabelecem entre
educador/educando/sociedade e o meio em
que vivem e atuam. O local é o espaço primeiro
de atuação do homem, por isso, o ensino da
História Local precisa configurar também essa
proposição de oportunizar a reflexão
permanente acerca das ações dos que ali
vivem como sujeitos históricos e cidadãos.
5.6 ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO A intervenção pedagógica será desenvolvida partindo do Plano de Trabalho
voltado para a “história local”. Como estratégia pedagógica utilizar-se-á a
metodologia de aprendizagem através de projetos que privilegia o trabalho em
grupo e possibilita espaços de diálogo, escuta reflexão, pesquisa e produção
individual e coletiva. Terá como objetivo elevar a auto-estima dos alunos,
resgatando a alegria de aprender por meio de atividades que dê significado ao
ato de aprender. Dessa forma, os alunos, ao longo do projeto, precisam
encontrar motivação para explicar as relações encontradas na informação,
possibilitando, de maneira compreensiva, procedimentos que lhes permitam
aprender a organizar seu próprio conhecimento, a descobrir e estabelecer
novas interconexões com os problemas que acompanham o fio condutor da
pesquisa, adaptando-os a outros contextos ou problemas.
Reaprender através da História Local é desconstruir o ensino tradicional de
simples memorização sistemática de datas e fatos ocorridos, para propiciar um
20
novo olhar a realidade local,onde o conjunto de coisas e pessoas que cercam
e influenciam o tema a ser tratado,a partir de dados e informações, favorecem
a construção de um estudo participativo, investigativo e crítico da realidade
histórica das comunidades e seus membros. É a múltipla oportunidade de
resgatar um passado ainda pulsante nas comunidades e assim valorizar o
conhecimento popular que o próprio educando aplicará, gerando credibilidade
as tradições de pouco registro.
Para MOBILIZAR o aluno, o professor poderá utilizar estratégias como: o
Hino do Município, o Poema Identidade de Pedro Bandeira; uma visita ao
museu histórico do município; fotos de casas antigas, acervo de famílias
tradicionais, fotos de locais históricos, entre outras possibilidades.
É denominada de situação mobilizadora o recurso utilizado para aguçar o interesse do aluno em torno do tema que se pretende desenvolver.
Hino de Almirante Tamandaré Letra por Harley Clóvis Stocchero e Melodia por Paulo Rodrigo Tosin No teu céu, que é tão belo e azul, brilha sempre o Cruzeiro do Sul; quando Deus, ao compor o Universo, fez aqui o seu mais belo verso; e ao pintar, também, a natureza, pôs mais cor no pincel, com certeza... Nas tuas matas, no morro ou restinga, nasce, cresce e dá mel bracatinga, que, aliada à extração mineral sua lenha vai produzir cal, desta terra maior produção que é exportada por toda Nação. Estribilho: Almirante Tamandaré o teu povo tem força e tem fé, conservando, na sua tradição, Nossa Mãe, Virgem da Conceição. Da união do minério e o trabalho por igual produzimos calcário;
21
tendo aqui sempre boa produção nosso milho, a batata e o feijão; também forte é em nossa lavoura o repolho, o tomate e a cenoura... O Tingui nos levou o amor que preserva o riacho e a flor; Gralha Azul nos plantou o pinheiro, que cresceu para o céu altaneiro; e os gorjeios de nosso sabiá têm beleza que em outros não há!... Nesta terra abençoada e feliz vive um povo que ora e prediz a grandeza de Tamandaré no valor do trabalho e da fé.
5.7 AVALIAÇÃO Com o uso da Informática, a avaliação do aluno no desenvolvimento do
projeto permite a visualização e a análise do processo e não só do resultado,
ou seja, durante o desenvolvimento dos projetos: pesquisas e trocas de
informações por meio de mensagens, de imagens, de textos ficam registradas.
É possível, tanto para o professor como para o próprio aluno, ver cada etapa
da produção, passo-a-passo. No decorrer do trabalho os alunos terão a
oportunidade de participar de situações de pesquisas sobre os assuntos
estudados, compartilhando todo o material produzido com a sala de aula,
familiares e comunidade escolar. Segundo as Diretrizes Curriculares para
educação básica do Estado do Paraná (2008), a ”avaliação formativa considera
que os alunos possuem ritmos e processos de aprendizagem diferentes e, por
ser contínua e diagnóstica, aponta dificuldades, possibilitando que a
intervenção pedagógica aconteça a todo tempo. Informa ao professor e ao
aluno acerca do ponto em que se encontram e contribui com a busca de
estratégias para que os alunos aprendam e participem mais das aulas”.
Seguindo a orientação das diretrizes curriculares o aluno durante todo o
processo será avaliado segundo Luckesi (2002) através de várias formas
avaliativas: avaliação diagnóstica, formativa e avaliação somativa.
5.8. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Antes de iniciar as atividades do projeto com os alunos, é importante que o professor realize uma reunião com os pais para explicar sobre o projeto e dessa forma poder contar com
22
a ajuda dos mesmos quando se fizer necessário. Não esquecer de explicar: a finalidade dos documentos que foram sendo solicitados, das fotos de família e como o aluno será avaliado, etc. No desenvolvimento desta metodologia a integração família /escola é muito importante.
1º MOMENTO
Colocar o Hino de Almirante Tamandaré para os alunos ouvirem e
ou fazer oralmente a leitura do mesmo no texto entregue em folha
xerocada.
Explorar a interpretação: De quem é a letra e a música do hino de
Almirante Tamandaré? Vocês os conhecem?Quais as riquezas do
nosso município apontadas pelo autor da letra?Como o autor
descreve o povo de Almirante Tamandaré?Será que Almirante
Tamandaré sempre existiu? Por que o município tem esse nome?
Os pássaros nominados na letra do hino ainda existem e são
conhecidos por vocês?
Há no texto palavras que vocês não conhecem o significado?(se houver
procurar no dicionário)
Comentar sobre o significado de cada expressão do texto. Incentivar os
alunos a refletirem sobre os modos de ser de cada um. Perguntar se
eles se “identificam” com o texto e por quê? Explorar o que os alunos já
sabem sobre a história do lugar onde vivem e o que mais gostariam de
saber.
2º MOMENTO: Harley Clóvis Stocchero escreveu o hino de Almirante Tamandaré que registra informações das pessoas que viveram e povoaram o
nosso município desde os primórdios. Que outros símbolos podem representar
o município? Procurar na internet os símbolos como: brasão, bandeira, mapa
entre outros. Observar a bandeira e verificar o significado dos elementos que a
compõem, o significado das cores, os elementos que compõem o brasão entre
outras curiosidades que surgirem a partir da observação dos alunos. Orientar
23
os alunos para organizem um Portfólio Eletrônico para arquivarem as
informações e os dados da pesquisa.
O portfólio eletrônico é definido por BARRETT (2000, p. 1), como o uso de tecnologia que possibilita ao aluno coletar e organizar os artefatos em vários formatos é um conjunto sistemático de trabalhos que pode evidenciar o progresso e o perfil das habilidades de um aluno ao longo do tempo. Além disso, é uma ferramenta de avaliação autêntica.
3º MOMENTO: Procurar na internet o mapa do Estado do Paraná e localizar o
Município de Almirante Tamandaré. Anotar os limites do município, verificar a
localização geográfica do bairro,nome das ruas e outras informações que os
alunos gostariam de saber. Arquivar o mapa produzido pelos alunos no
Portfólio eletrônico juntamente com as outras informações da pesquisa.
4º MOMENTO: Elaborar um índice do que os alunos já sabem sobre a história
local e do que mais gostariam de saber. Como por exemplo: Origem do nome
da cidade onde nasceu; origem étnica das famílias; histórico do bairro onde
moram e do município; localização geográfica do município; principal economia
do município, origem do nome da rua onde mora, escolas do município,
economia, organização política entre outras possibilidades e curiosidades dos
alunos.
As Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná, para o ensino de História estabelece
que para os anos finais do Ensino fundamental
“ os conteúdos temáticos priorizem a história
local e do Brasil, estabelecendo relações e
comparações com a história mundial” (
DCE/PR, 2008).
Após o levantamento do índice do que os alunos gostariam de conhecer no que
diz respeito a história local, cada um escolherá o aspecto que desejar
pesquisar. Elaborar um cartaz com as intenções dos alunos.
24
Quando imaginamos uma sala de aula em um processo interativo, estamos acreditando que todos terão possibilidade de falar, levantar suas hipóteses e nas negociações, chegar a conclusões que ajudem o aluno a se perceber parte de um processo dinâmico de construção. (L. Vigotsky)
5º MOMENTO: Conversar com os alunos: o que é um projeto? Projetar significa jogar
para frente. Onde o projeto é mais utilizado? Nós fazemos projetos? Dar exemplos de
projetos que fazemos desde que acordamos. Como por exemplo: O que fazemos durante
o dia? Nós pensamos antes de fazer?
O projeto de uma pesquisa é o planejamento, ou seja, a definição dos caminhos para abordar certa realidade. Deve oferecer respostas do tipo: O que pesquisar? Por que pesquisar? (Justificativa) Para que pesquisar? (Objetivos) Como pesquisar? (Metodologia) Quando pesquisar? (Cronograma) Por quem?
A pesquisa precisa ser bem planejada. O planejamento não assegurará, por si
só, o sucesso do que se quer pesquisar, mas, com certeza, é um bom caminho
para buscarmos o conhecimento que desejamos.
Orientar o projeto de pesquisa de cada aluno seguindo os passos:
25
Este é o momento em que o professor,
juntamente com os alunos, fará a seleção dos
conteúdos a serem pesquisados. É um
momento importante de mediação. É nessa
etapa que o professor irá direcionar os
conteúdos para a aquisição de novos
conhecimentos .
6° MOMENTO: Orientação e instrumentalização da pesquisa. Neste momento
o professor orientará e auxiliará o aluno a realizar um levantamento prévio do
que já sabe sobre o tema e do que gostaria de saber/descobrir. É o exercício
didático da relação “sujeito-objeto pela ação do aluno e a mediação do
professor” Gasparin, (2003). É o momento em que o aluno constrói o novo
conhecimento. Neste momento o professor orientará e mediará a pesquisa de
acordo com o interesse de cada aluno. É importante que o professor oriente
onde cada um poderá buscar as informações que deseja pesquisar. (livros,
internet, documentos, revistas, etc.)
As informações coletadas pelos alunos serão
organizadas no Portflólio Eletrônico. Com o
auxílio do professor de Português as
Projeto de
Pesquisa
Problematização
Definição do tema
Justificativa
Objetivos
Desenvolvimento
Cronograma
Referen- cias
Geral Mobilização
Construção do
Elaboração e sintese
Síntese
Específicos
Projeto de
Pesquisa
Problematização
Definição do tema
Justificativa
Objetivos Desenvolvimento
Cronograma
Referen- cias
Geral
Mobiliza
ção
Constru - ção do
conheci- mento
Elabora
ção
Síntese
Específi
co
26
informações poderão ser sintetizadas,
corrigidas. O professor de Arte poderá auxiliar
o aluno, se necessário, a ilustrar com figuras ou
desenhos.
7º MOMENTO: Síntese do aluno sobre a pesquisa realizada, demonstração do
novo conhecimento adquirido (arquivar as informações no portfólio eletrônico).
Este é o momento em que o professor mediará, auxiliando o aluno na escrita e
(re) estruturação do texto. Para que este processo ocorra é fundamental o
papel do professor como mediador. Cabe a ele buscar formas de ensinar,
tentar descobrir quais são os meios, estratégias para se chegar à
aprendizagem. Assim o professor poderá dar liberdade de expressão e criação,
a qual auxiliará os alunos, cada um em seu nível de conhecimento, a estarem
construindo novos conhecimentos, percebendo a função da leitura e escrita
para suas vidas, aprendendo novas palavras, estruturando frases e diversos
textos nos mais variados gêneros discursivos. Ao escrever o seu texto o aluno
deve questionar-se: Que função ele exerce? Qual seu significado? Qual o
interlocutor? Que objetivo pessoal ele pode ter?
“É importante que o professor oriente seus alunos para que os mesmos organizem, registrem os resultados conquistados os frutos da pesquisa, além de cuidar de seu ‘acervo” em seus (p.ex.“portfólios”). Durante a organização do portfólio o professor deve orientar os alunos quanto à síntese das leituras e de pesquisas, roteiros de entrevistas, tabelas com resultados; uso de imagens (fotografia, filmagem, desenhos) entre outros. É o momento em que o professor trabalhará os conteúdos estruturantes suprindo as necessidades comuns dos alunos e os mesmos poderão complementar o quadro do que já aprenderam.
8º MOMENTO; Este é o momento da seleção dos assuntos por categoria. Os
alunos farão a apresentação das pesquisas realizadas - imagens, documentos,
dados coletados que foram arquivados no portfólio eletrônico – e se
organizarão por temas afins, fazendo a síntese que se constituirá em um dos
capítulos do livro da História do município.
27
A proposta é aprender conteúdos, por meio de procedimentos que
desenvolvam a própria capacidade de continuar aprendendo, num processo construtivo e simultâneo de questionar-se, encontrar certezas e reconstruí-las em novas certezas. Isto quer dizer: formular problemas, encontrar soluções que suportem a formulação de novos e mais complexos problemas. FAGUNDES (1998)
9º MOMENTO: Prática social. É a fase das intenções e das propostas de ações
dos alunos. Pesquisa sobre dados importantes para o livro da turma (capa,
folha de rosto, dedicatória, sumário, escolha dos textos, imagens, etc.)
Este é o momento em que a família poderá entrar em ação para colaborar.
Quanto maior o envolvimento e o comprometimento entre família e escola maiores
serão as possibilidades no desenvolvimento da auto-estima do aluno, sendo
que cada uma das partes deve ser preservada em suas características
próprias.
10º MOMENTO: MONTAGEM DO LIVRO. Para esclarecer melhor o objetivo do
trabalho, a bibliotecária poderá disponibilizar livros do acervo da escola para os
alunos observarem como os mesmos estão estruturados. Após a observação,
os alunos irão ao laboratório de informática, coletarão os capítulos que foram
organizados no 8º momento, e organizarão o “boneco” do livro eletrônico da
história local. Cada equipe apresentará o seu “boneco” para a turma que
escolherá o mais significativo para o trabalho final.
11º MOMENTO: TRABALHO FINAL – Este é o momento da revisão,
diagramação e do retoque final do livro. Os alunos nomearão um representante
de cada equipe para fazerem a revisão final do livro. Este trabalho poderá
também contar com a colaboração dos demais professores da turma. Após a
revisão os alunos escolherão a forma de impressão e divulgação.
12º MOMENTO: Organização para a divulgação dos resultados: (data, local,
elaboração/ entrega dos convites, escolha do cerimonial, ensaios etc.) Neste
28
momento, o professor orientará seus alunos para que os mesmos escolham
alguns dos textos elaborados por eles para serem apresentados.
Este é o momento em que os alunos aprendem a viver em conjunto e isso significa o respeito pelas normas que regem as relações entre os seres que compõem uma coletividade e estas normas devem ser compreendidas, admitidas interiormente por cada ser e não sentidas como pressões externas. “Viver em conjunto” é aprender a praticar os conhecimentos adquiridos.
13º MOMENTO: DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS – Este é o momento da
socialização do conhecimento produzido individual e coletivamente. Os alunos
escolherão a melhor maneira de divulgar os resultados obtidos à comunidade
escolar.
As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008,p. 67), evidenciam que o “ professor deve discorrer acerca de problemas contemporâneos que representam carências sociais concretas. Dentre elas, destacam-se, no Brasil, as temáticas da História local, História e Cultura Afro- Brasileira, da História do Paraná e da História da cultura indígena, constituintes da história desse país, mas, até bem pouco tempo, negadas como conteúdos de ensino”.
5.9. ALGUMAS IDEIAS PARA COMPLEMENTAR A PESQUISA:
Pesquisar o significado do nome do município.
Pesquisa na Internet: os símbolos que representam o município ou o
bairro onde mora;
Brasões das famílias pioneiras do município e suas origens.
Pesquisa: significado do nome do bairro.
Cada aluno irá questionar seus pais e antecessor sobre a história dos
sobrenomes da família, suas origens ao trazê-los em sala de aula para
fazer observações sobre cada um.
Trazer de casa uma foto atual para colar e ou “scanear”.
29
Digitar:Quer conhecer meu município?
Origem do nome do município:
Localização
Quem escolheu este nome foi:
Motivo:
O significado do nome do meu município:
Data de emancipação:
Padroeiro (a):
Número de habitantes:
Número de escolas:
Comida típica:
Este é o 1º documento do município: scanear
Pontos turísticos no município: Colar foto e ou scannear
Estes são alguns moradores do Município: colar foto e/ou scanear
Nome: Idade:
Esta é a turma com a qual estou estudando ela faz parte da história do
município.
Estes são os meus professores, alguns são do meu município e outros
não.
Mapa do Brasil com localização do município e do bairro onde moro.
Obs: Todos esses dados serão coletados e armazenados no Portfólio
Eletrônico para serem utilizados na confecção do livro.
30
6.REFERÊNCIAS: ALVES, R. Só aprende quem tem fome. Campinas, SP: Papirus, 2002. BAGGIO, L.S.B. Leitura e alfabetização da concepção mecanicista à sociopsicolinguística. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. ALMEIDA, M.E. Informática e formação de professores. Brasília: Ministério da Educação – MEC, 1999. BAMBERGER,R. Como Incentivar o hábito de leitura. UNESCO. Editora Ática, 7ªed. 2002. BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Curitiba: Champagnat, 2000. Delors, J. Educação, um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1999. DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 5ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2003. Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica. Secretaria de Estado de Educação do Paraná, Curitiba, 2006. ELLIOTT, J. Recolocando a pesquisa-ação em seu lugar original e próprio. In GERALDI, C.M. G. (org.) Cartografias do trabalho docente: Professor (a) pesquisador (a). Campinas: Mercado das Letras: ALB, 1998. (Coleção: Leituras no Brasil). FAGUNDES, Léa da Cruz: SATO, Débora; SATO, Luciane. Aprendizes do Futuro: as inovações começaram. Ministério da Educação. Proinfo, 1998. FAZENDA, I. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 1995. FONSECA, S. G. A nova LDB, os PCNs e o ensino de história. In: Didática e prática de ensino de história: experiências, reflexões e aprendizados. Campinas: Papirus, 2003. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 29ª. Ed. S. Paulo: Cortez, 1994, p. 12-15. GASPARIN, J.L. Uma Didática para a Pedagogia Histórico - Crítica. 2 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.
31
GERALDI, Corinta Maria Grisolia; FIORENTINI, Dario;PEREIRA, Elisabete Monteiro de A. (orgs). Cartografias do trabalho docente: professor (a) pesquisador(a). 2ª Reimp.Campinas, SP: Mercado das Letras/Associação de Leitura do Brasil (ALB), 2001. Coleção Leituras no Brasil. GONÇALVES, Maria de Almeida. História local: o reconhecimento da identidade pelo caminho da insignificância. In: MONTEIRO, Ana Maria. Et all (org.) Ensino de História: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro: Mauadx:Faperj,2007. Hall,Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade/tradução Tomaz Tadeu da Silva,Guaracra Lopes Louro-11ed.Rio de Janeiro.DPA,2006. HERNÁNDEZ, Fernando e VENTURA,Montserrat A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed,1998. HOFLING, Maria Arlete Zülzke. Páginas de História. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v23n60/17274.pdf>. Acesso em 01 mai. 2008 Katz e Chard (1997). A Abordagem do projecto na Educação e Infância. Fundação Calouste Gulbenkian. KUIAVA, José. Os Princípios Educativos que caracterizam a escola única em Gramsci. Palestra realizada no II Seminário Temático, PDEPR 2009. MARTINS, Jorge dos Santos. Projetos de Pesquisa Estratégias de Ensino e aprendizagem em sala de aula. 2ª ED.Autores Associados, 2007. MELLO, Guiomar Namo de.Educação escolar brasileira: o que trouxemos do século XX? Porto Alegre:Artmed,2004.
MENDES, Anderson Fabrício Moreira. Ensino e vivências: as apreensões da história local no cotidiano da sala de aula. Disponível em: <http://www.revistatemalivre.com/anderson09.html>.Acesso em 22 fev.. 2010.
NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro.Pedagogia dos projetos:uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências.São Paulo:Ética,2001.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. História. 2.v. Ministério da Educação e do Desporto. Brasília: 1997.o. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1994. SCHMIDT, Maria auxiliadora e CAINELLI, Marlene. In Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004 SCHIMIDT, Maria Auxiliadora. O ensino de História Local e os desafios da formação de consciência histórica. In: MONTEIRO, Ana Maria. Et all (org.) Ensino de História: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro: Mauadx: Faperj, 2007.
32
STRAUBE, Ernani Costa, Símbolos - Brasil,Paraná e Curitiba:histórico e legislação,Curitiba,2002 SILVA, T. T. Documentos de Identidade- uma introdução às teorias do Currículo.2ªed.-BH.Autêntica.2007. SILVA,T.T. Identidade e diferença:a perspectiva dos estudos culturais.9ª ed.Petropolis,RJ;Vozes,2009. VALENTE, J.A. A escola que gera conhecimento. Em I. Fazenda, F. Almeida, J.A. Valente, M.C. Candida, M.T. Masetto & M. Alonso Interdisciplinaridade e novas tecnologias: Formando professores. Campo Grande: Editora UFMS, 1999. ZAMBONI, Ernesta. Digressões sobre o ensino de história: memória, história oral e razão histórica. Itajaí: Editora Maria do Cais, 2007.
top related