denúncia corrupção maringá
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GAECO - GRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE COMBATE AO CRIME ORGANIZADO
NÚCLEO REGIONAL DE MARINGÁ – 12ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA 1ª
CRIMINAL DA COMARCA DE MARINGÁ - ESTADO DO PARANÁ.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ,
através do seu Órgão de Execução do GAECO – GRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL
DE COMBATE AO CRIME ORGANIZADO – Núcleo Regional de Maringá – 12ª
PROMOTORIA DE JUSTIÇA, e por intermédio do Promotor de Justiça que esta
subscreve, no uso de suas atribuições legais, vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 129, inciso I, da Magna Carta c/c. o artigo
100, do Código Penal e artigo 41, c/c. o artigo 394 e seguintes, e artigo
514 e seguintes, todos do Código de Processo Penal; com fulcro ainda no
disposto no artigo 2º, inciso I, da Resolução-PGJ 1541/09, c/c. o artigo 2º,
inciso I, da Resolução-CNMP 13/06; tendo por base o que consta nos inclusos
Autos de Procedimento Investigatório Criminal nº. MPPR -
0088.10.000519-3 (Portaria 08/2010 – GAECO); e, o que consta dos Autos
Cautelares nº 2010.3968-4 dessa dd. 1ª Vara Criminal, oferecer DENÚNCIA
contra:
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VALTER VIANA - brasileiro, casado, comerciante e
funcionário público, nascido aos 09/02/1967, filho de João Viana e Nair Rodrigues
Viana, residente e domiciliado na Rua Pioneiro José Téo, nº. 1124, Jardim Guaporé,
Maringá-PR (fls. 117);
MÁRIO JOSÉ ALEXANDRE - brasileiro,
divorciado, funcionário público, nascido aos 20/11/1969, filho de Francisco Alexandre
e Dirce Poli Alexandre, residente e domiciliado na Rua Mussio Leão, nº 88, Maringá-
PR (fls. 599); e,
APARECIDO SANTI - brasileiro, casado,
vendedor, filho de Santo Santi e Maria Biazotti Santi, residente e domiciliado na
Avenida Tïradentes, nº. 254, Maringá-PR (fls. 570);
pela prática dos seguintes fatos delituosos:
1. “Foi instaurado o Procedimento Investigatório Criminal
MPPR nº. 88.10.0519-3, neste GAECO, em 19/07/10 (Portaria nº
08/2010), em virtude do recebimento do Ofício nº 0450/2010,
datado de 19/07/10, da lavrada do md. Promotor de Justiça Dr. JOSÉ
APARECIDO DA CRUZ, titular da Promotoria de Justiça especializada
de Proteção ao Patrimônio Público e Juizado Especial Cível, desta
cidade e comarca de Maringá-PR, enviando cópia da Portaria
17/2010 instauradora do Inquérito Civil Público nº 25 (fls. 38/44),
em face de notícia veiculada no Jornal „O Diário‟ em 17/07/10 (fls.
42/43 e fls. 45) dando conta de que o ora denunciado VALTER
VIANA, md. Secretário Municipal do Desenvolvimento Econômico do
Município de Maringá teria colocado o cargo à disposição em
decorrência de notícias de “cobrança de propina de empresários para
liberação de terrenos cadastrados no Programa de Desenvolvimento de
Maringá (PRODEM)”, Programa este Coordenado pelo referido
Secretário e que foi criado pela Lei Municipal 6936/2005 para
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incentivo à instalação de empresas/indústrias em Maringá, cuja
principal meta é desapropriar imóveis e fracioná-los em terrenos
para disponibilização aos interessados empreendedores mediante
venda com descontos ou até mesmo doação/cessão gratuita,
mediante encargos de geração de empregos e outros compromissos
(Exemplar da Lei de fls. 118)”.
2. “O empresário DEVANIR ALMENARA, pretenso beneficiário e
postulante em nome da empresa LIGIA CARVALHO ALMENARA (Docs.
de fls. 128/140), fez delações no sentido de que a liberação de
terrenos pelo referido programa PRODEM se dava mediante
corrupção, se dispondo a comprovar os fatos por meio de gravações
que havia realizado (Matéria Jornalística de fls. 69 e Auto de
Exibição e Apreensão de fls. 85 – CD-Mídia editado de fls. 85-
A), e quando inquirido neste GAECO (fls. 83 a 83-C), declarou que
“deveria averiguar os terrenos do Parque Bandeirantes que teria coisa
errada, não estaria sendo respeitada a ordem cronológica de pedidos, pois
têm pessoas que estão esperando há 5 (cinco) anos, enquanto que grandes
empresas já saem construindo (...) pois em 60 (sessenta) dias a empresa
GERMANYA teria conseguido um terreno de 24.000m2 (vinte e quatro mil
metros quadrados); e que um advogado de nome Osvaldo, que advoga para
o Secretário, é quem faria as negociações com as empresas” (sic). De fato
a referida empresa GERMANYA foi contemplada com a venda pela
Prefeitura de um terreno pelo referido Programa de incentivos do
PRODEM (Docs. de fls. 181 a 191 e Docs. de fls. 457/468)”.
3. “O empresário ALMENARA também denunciou que havia gravado
conversa com o empresário MAGNO DOS SANTOS RODRIGUES, um
dos que teria requerido o incentivo ou benefício do PRODEM, e
estaria na fila de espera em prol de sua empresa MSR
AUTOMECÂNICA LTDA (Docs. de fls. 223 usque 339), em cuja
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gravação teria comentado que “pagaria R$ 120.000,00 (cento e vinte mil
reais) pelo terreno e mais a quantia de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil
reais)”. No entanto, quando inquirido neste GAECO em data de
22/07/10, o empresário MAGNO esclareceu que “...pagou R$ 450,00
(quatrocentos e cinquenta reais) de honorários para o advogado OSVALDO
providenciar a documentação e que realmente estaria disposto a pagar pelo
terreno adquirido no PRODEM a quantia de R$ 120.000,00 (cento e vinte
mil reais) ou até mais, porque valeria a pena comprar da Prefeitura com
desconto, ao invés de comprar terreno de particular. No entanto, não sabia
do que se tratava a outra quantia de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais)
e não teria escutado nada sobre isso na conversa gravada entre ele e o
empresário ALMENARA. Em síntese, negou qualquer corrupção com
referência ao terreno que estava pretendendo adquirir pelo Programa do
PRODEM”. (sic).
4. “O episódio acima não ficou muito bem esclarecido, principalmente
no que diz respeito à questionável e mal explicada quantia de
R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais), contudo tal fato serviu
como precedente e marco inicial, pois as investigações prosseguiram,
sobrevindo nos Autos outra delação de corrupção como condição para
instalação de empresa nesta cidade e comarca de Maringá. Desta
feita, estamos nos referindo ao empresário MAURO MENEGON, que
pretendia instalar um Posto de Venda de combustíveis em Maringá,
porém, deparando-se com dificuldades de ordem legal e entraves
burocráticos, teria recebido a solicitação de propina, para entrega de
certa quantidade de combustível aos vereadores JOÃO ALVES
CORREA e WELLINGTON ANDRADE FREITAS, para que
apresentassem Projeto de Lei que lhe beneficiasse, e mediante o
pagamento de propina ao então Secretário de Urbanismo VALTER
PROGIANTE (Docs. de fls. 340 usque 358). No entanto, este fato foi
desmembrado mediante extração de cópias, gerando o
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Inquérito Civil Público nº 10.122-6, perante a Promotoria de
Proteção ao Patrimônio Público, desta cidade e comarca,
sendo objeto de persecução criminal autônoma e
independente (cópia da denúncia de fls. 747/753). Isso é trazido a
lume nesta ocasião apenas à guisa de ilustração de que havia
corrupção na Administração Pública envolvendo instalação de
empresas em Maringá”.
5. “Durante as investigações do GAECO, não se dispondo de outros
meios convencionais, foi postulada a medida cautelar probatória de
Interceptação Telefônica dos celulares do referido empresário
ALMENARA e do Secretário Municipal VALTER VIANA (fls. 53/62),
cuja providência foi motivadamente deferida por esse cônsul Juízo
(Decisão de fls. 72/73), gerando o material probatório encartado às
fls. 503 a 513. No entanto, tramitava perante a douta 2ª Secretaria
Criminal desta cidade e comarca outra investigação deste GAECO,
denominada de “Operação QUEBRA-GALHO”, nos Autos Cautelares
2010.1745-1 no qual também havia sido decretada a quebra de
sigilos telefônicos, ensejando a Ação Penal sob o nº 2011.6220-3, em
cujo feito houve o encontro fortuito de material probatório conexo
com os fatos versados nos presentes Autos, oportunizando-se o
compartilhamento de dados ou “empréstimo de prova” (Ofício
Judicial nº 5423/2010 de fls. 547; Transcrição de fls. 548/562 e CD
de fls. 563), mediante a devida autorização judicial competente, à luz
da regra do artigo 40, do Código de Processo Penal”.
6. Como alhures narrado (item 2-supra), a empresa GERMANYA
COMÉRCIO DE CAMINHÕES E ÔNIBUS LTDA foi contemplada no
Programa PRODEM com a venda pela Prefeitura Municipal de uma
área total de aproximadamente 20.000,00m2 (vinte mil metros
quadrados – fls. 183/191), na versão do empresário DEVANIR
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ALMENARA, “furando fila”, ou seja, sem a observância da ordem
cronológica dos pedidos protocolados na Prefeitura de Maringá. De
fato, algum privilégio ou favorecimento ocorreu, tendo em vista que o
imóvel em que atualmente está sendo concluída a nova sede da
referida empresa GERMANYA (Docs. de fls. 181 a 191 e Docs. de fls.
457/468), anteriormente tinha sido negociado pela Prefeitura de
Maringá com o empresário ARIOVALDO COSTA PAULO (Docs. de fls.
759/761) que, no entanto, durante praticamente cinco (5) encontrou
dificuldades para obter licença para iniciar as obras de um galpão
para depósito do ramo alimentício, sendo “barrado” em seus
propósitos de todo o modo, principalmente no que tange à licença da
ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil, pois o terreno se
localiza na linha/direção/rota da aproximação de pouso do Aeroporto.
Vale frisar que a própria Prefeitura sugeriu ao empresário
ARIOVALDO a permuta do aludido imóvel, cedendo-o para a
mencionada empresa GERMANYA, para receber outra área em troca,
com o que o mesmo não pactuou”.
7. “Então, segundo consta, sobreveio outra proposta da Prefeitura
para o desfazimento do negócio com a devolução do terreno pelo
empresário ARIOVALDO COSTA, mediante o reembolso pela
Municipalidade da quantia por ele paga, com atualização de juros
legais e correção monetária, o que de fato se concretizou, porque
inclusive tramitou na dd. 1ª Promotoria de Justiça de Proteção ao
Patrimônio Público desta comarca procedimento administrativo
exigindo o desfazimento do negócio por causa dessa demora para
início das obras. Ocorre que, logo na sequência da aludida rescisão
contratual, tornou-se público e notório que a empresa GERMANYA, e
não qualquer outra, se instalaria no referido local, “obtendo a
licença da ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil como que
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num verdadeiro passe de mágica”, passando à edificação da sua nova
sede (Docs. de fls. 181 a 191 e Docs. de fls. 457/468), corroborando
aquela versão do empresário ALMENARA de “furar fila” ou
desrespeitar-se a ordem cronológica de pedidos do PRODEM (item 2-
supra), contudo não se apurando nada de corrupção neste caso”.
8. “Como noticiado acima (item 5-supra), durante as interceptações
telefônicas, nos Autos 2010.1745-1, que tramitavam na dd. 2ª
Secretaria Criminal local (Ofício Judicial nº 5423/2010 de fls. 547;
Transcrição de fls. 548/562 e CD de fls. 563), foram captadas
algumas conversas de relevo e interesse para os fatos versados nos
presentes Autos, a seguir reproduzidas:
8.1. ÍNDICE nº. 34086613 (ALVO: 44-91020266 - dia 24/06/10, às
08:35hs, CD de fls. 563: SANTI X MARIO ALEXANDRE)”:
“SANTI – Bom dia MÁRIO, aqui é o Santi da Ingá Veículos (CAMINHÕES MERCEDES)
MARIO ALEXANDRE – Oi Santi, tudo bom?
SANTI – Nós estivemos juntos no sábado lá.
MARIO ALEXANDRE – Isso, isso.
SANTI – Eu liguei pro seu xará lá da GERMANYA e ele me passou o seu telefone. É o
seguinte „Marião‟, sobre aquele assunto que nós conversamos lá do imóvel, nosso diretor
está aqui e ontem eu conversei com ele né, daquilo lá, se teria alguma coisa na região que
eles pretendem fazer e talvez em outro lugar também, aí ele se interessa em conversar.
Inclusive ali do lado do cara de onde a Germanya tem, o MARIO estava me falando que tem
mais lá, mas está no nome do proprietário.
MARIO ALEXANDRE – É, lá é tudo particular ainda né?
SANTI – É né, mas eu queria que você... QUAL QUE É O CAMINHO? ele pretende
conversar. Tem que conversar com você? Nós vamos aí na Prefeitura?
MARIO ALEXANDRE – Vamos fazer o seguinte, eu vou falar com o Viana, vou ver se eu
falo agora com o Viana, que é o Secretário da Indústria e Comércio e eu te ligo em seguida.
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Vou fazer o seguinte, deixa eu adiantar uma situação, a empresa tem condições de comprar o
terreno particular ou não?
SANTI – Tem. Tem bastante.
MARIO ALEXANDRE – Porque é o seguinte, nós estamos assim... limitadíssimos em
questão de terreno, principalmente esses de rodovia e eu sei que o perfil de vocês é
totalmente voltado para as rodovias né? Eu vou conversar com o Viana aqui e ligo pra você
segunda.
SANTI – Porque é lógico que o homem ... se tivesse uma coisa mais ou menos igual a
GERMANYA seria bom, mas se não tiver também, tudo bem... mas como ele tem interesse
naquela área ali, a gente tem que conversar.
MARIO ALEXANDRE – Tá bom, eu vou falar com o Viana aqui, de repente ele diz pra ele
que se quiser, ele tenta intermediar o contato do proprietário com vocês. Eu sei que o dono
lá tem interesse em vender. Agora eu não sei qual que ele quer vender, se ele vende só um
pedaço. Eu vou falar com o Viana aqui.
SANTI – Pra nós aqui, vinte mil, metros... no máximo um alqueire aqui pra nós...
MARIO ALEXANDRE – Estou ligando para o Viana aqui e a gente marca uma reunião
aqui na Prefeitura pra hoje ainda, ta. Eu já ligo pra você.
SANTI – Entendeu, olha, o meu celular é 9113-5300.
MARIO ALEXANDRE – Ta, estou ligando para o Viana agora e já eu te ligo aí.
SANTI – Se tiver um negocinho aí... sabe como é que é né, fala com a gente aqui
MARIO ALEXANDRE – A gente senta aqui. A gente senta, e conversa aqui.
SANTI – VAMOS GANHAR ALGUMA COISA AÍ
MARIO ALEXANDRE – já aguarda... já eu te ligo aí.
MARIO ALEXANDRE – Obrigado. Tchau, tchau”.
ÁUDIOS DENÚNCIA PRODEM\4491020266_20100624083545_1_34086613.wav
(OBS: aperte a tecla CTRL + ENTER para ouvir) FAVOR OUVIR ESTE ÁUDIO
UTILIZANDO FONE DE OUVIDO PARA MELHORAR QUALIDADE DE SOM.
“Percebe-se claramente que o interlocutor e denunciado
APARECIDO SANTI, gerente de vendas e representante da
empresa INGÁ VEÍCULOS (CAMINHÕES MERCEDES), pretendia
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seguir o mesmo caminho da empresa rival/concorrente GERMANYA
(CAMINHÕES VOLKSWAGEM), ou seja, obter terreno da
Prefeitura pelo programa do PRODEM, conforme o teor da
conversa supra: “se tivesse uma coisa mais ou menos igual a
GERMANYA seria bom” (sic). Destarte, havia interesse também pela
aquisição de terreno particular, só que com a privilegiada
intermediação da Prefeitura (MARIO ALEXANDRE e VALTER
VIANA) tanto que o denunciado SANTI obteve o celular do
denunciado MÁRIO ALEXANDRE com o xará MÁRIO DE MOURA,
da empresa concorrente GERMANYA CAMINHÕES. Nesse diálogo
de ÍNDICE nº. 34086613, travado no dia 24/06/10, às 08:35hs,
nesta cidade e comarca de Maringá, o denunciado SANTI deixou
bem claro o interesse de auferir alguma vantagem
pecuniária (...qual que é o caminho? Ele pretende conversar. Tem que
conversar com você? Nós vamos aí na Prefeitura? ... Se tiver um
negocinho aí... sabe como é que é né, fala com a gente aqui (...) VAMOS
GANHAR ALGUMA COISA). Por sua vez, o denunciado MÁRIO
JOSÉ ALEXANDRE, Secretário do Prefeito Municipal, concordou
com a situação e se interessou pela perspectiva de alguma vantagem
financeira indevida (vou falar com o Viana aqui... Ele tenta intermediar
o contato do proprietário com vocês ... Estou ligando para o Viana aqui e
a gente marca uma reunião aqui na Prefeitura ... A gente senta aqui. A
gente senta, e conversa aqui ... já aguarda... já eu te ligo aí).
Evidentemente que o denunciado APARECIDO SANTI teve o
intuito de oferecer ou prometer vantagem indevida ao
funcionário público denunciado MARIO ALEXANDRE no exercício
da respectiva função pública e em razão dela. Por sua vez, o mesmo
se interessou e aceitou dita oferta ou promessa de
vantagem, acenando positivamente para prosseguir na negociação
que era do interesse particular da empresa INGÁ VEÍCULOS, ao
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passo que era de se esperar do referido servidor público denunciado
maior zelo e probidade administrativa, limitando-se a orientar o
codenunciado SANTI para seguir o protocolo administrativo de
requerimento pelas vias formais, jamais travar diálogos altamente
comprometedores que atentam contra os consagrados princípios
republicanos da legalidade, moralidade, publicidade, probidade e
eficiência (CF/88, art. 37, caput). No entanto, o denunciado
MARIO de fato conversou com o codenunciado VIANA, retornando
a ligação para o denunciado SANTI, logo em seguida, conforme
prometido, dando continuidade ao assunto e gerando expectativas
de alguma vantagem, conforme se vê abaixo”.
8.2. ÍNDICE nº. 34087142 (ALVO: 44-91020266 - dia 24/06/10, às
09:32hs, CD de fls. 563: MÁRIO ALEXANDRE X SANTI)”:
SANTI – Alô
MARIO ALEXANDRE – Oi SANTI, tudo bem. Conversei com o Secretário de
Desenvolvimento Econômico. Eu conversei mais ou menos com ele. Vocês podem dar um
pulinho aqui hoje?
SANTI – Não entendi o que você falou?
MARIO ALEXANDRE – Vocês podem dar um pulinho aqui na Prefeitura duas horas?
Pode? Então vocês vêm aqui na Secretaria de Indústria e Comércio e fala com o VALTER
VIANA... eu vou estar junto também.
SANTI – Secretaria de Indústria e Comércio? Beleza. 14:00 horas.
MARIO ALEXANDRE – eu vou estar junto com vocês
SANTI – Beleza. Estaremos aí
MARIO ALEXANDRE – Obrigado viu SANTI”.
ÁUDIOS DENÚNCIA PRODEM\4491020266_20100624093244_1_34087142.wav
(OBS: aperte a tecla CTRL + ENTER para ouvir normalmente).
“Infere-se claramente que os três denunciados APARECIDO
SANTI, MARIO ALEXANDRE e VALTER VIANA encetaram
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diálogos pessoais, às portas fechadas na Prefeitura Municipal, com
um dos Diretores ou representante legal da empresa INGÁ
VEÍCULOS, no gabinete da Secretaria de Desenvolvimento
Econômico (Indústria e Comércio), para tratar do assunto de
interesse privado da mencionada empresa em adquirir terreno
para implantação de sua nova sede, fugindo-se completamente do
protocolo administrativo e da praxe administrativa transparente da
formalidade e da oficialidade dos atos da Administração. Afinal de
contas, o referido Grupo empresarial goza de um sofisticado quadro
de assessoria técnica, administrativa e jurídica, suficientemente
capaz de tratar desse ou de qualquer outro assunto que fosse do
interesse da empresa. Obviamente, que os funcionários públicos
denunciados não têm dever legal – e nem podem –
intermediar assuntos particulares dos administrados,
pessoas físicas (proprietários do terreno) ou pessoa jurídica
(Empresa INGÁ VEÍCULOS) em negociação de imóvel ou
qualquer outro assunto privado. Aliás, nenhum dos três
denunciados sequer poderiam intermediar a venda de imóvel
ou supostamente visar comissão/corretagem, posto que isso
constitui tarefa profissional ou atividade econômica
exclusivamente outorgada a Técnico em Administração
Imobiliária ou Corretor de Imóvel, regularmente inscrito no
CRECI – Conselho Regional de Corretores de Imóveis ou
SECOVI - Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná,
cuja atividade profissional é regulada pela Lei Federal nº
6.530/1978. Bem se vê, pelas conversas e contexto supra, que o
propósito era mesmo de se obter alguma vantagem indevida,
tirando-se proveito financeiro da situação, aliás, como ficou claro em
outro telefonema monitorado, senão veja-se:”
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8.3. ÍNDICE nº. 34106357 (ALVO: 44-91020266 - dia 25/06/10, às
09:09hs, CD de fls. 563: SANTI X MÁRIO ALEXANDRE)”:
MARIO ALEXANDRE – Oi SANTI? É o MARIO tudo bem?
SANTI – Oi MARIO. Eu estou tentando ligar prá você, atende e cai
MARIO ALEXANDRE – O lugar que eu estou aqui e que não está muito legal
SANTI – Que esse celular é meio ruim. MARIO, deixa eu conversar com você. Esse caso
desse imóvel, o patrão até já foi lá hoje (25/06/10) ele puxou pelo Google, puxou tudo
certinho e foi lá ver o terreno pessoalmente, ele foi sozinho lá ver. Eu preciso conversar com
você o seguinte, OS HOMENS AI TEM DINHEIRO, PRECISAMOS GANHAR
DINHEIRO, vamos dizer assim, porque não vai ficar assim... o que que tem que fazer?
QUAL QUE VAI SER O ESQUEMA? Que que tem que... SEMPRE TEM NEGÓCIO
POLÍTICO NÉ! VAI TER PATROCÍNIO, já falei assim pra ele. Outra coisa, se precisa me
falar mais ou menos o que que... TODO MUNDO TEM QUE GANHAR UM POUCO AÍ
NÉ? (GARGALHADA DE SATISFAÇÃO DE MÁRIO ALEXANDRE).
SANTI – Eu não sei qual que é a jogada aí. Eu queria preparar você o seguinte... DE
REPENTE VOCÊ QUER ALGUMA COISA, O SECRETÁRIO QUER ALGUMA COISA.
Né? Eu não sei como que funciona a coisa, queria conversar com você.
MARIO ALEXANDRE – vamos fazer o seguinte, por telefone é complicado falar essas
coisas. Vamos conversar pessoalmente. Eu ligo pra você a tarde, e ele gostou lá ou não?
SANTI – não, ele gostou, achou bom o terreno e hoje vem o resto da diretoria aqui. Aquele
senhor que foi comigo ontem (24/06/10), o senhor ALBERTO, ele é o dono do grupo.
Parece não ser forte, mas o cara é muito forte. Então vamos conversar. PRECISAMOS
GANHAR ALGUMA COISA.
MARIO ALEXANDRE - Então tá bom, VAMOS CONVERSAR
SANTI – VAMOS GANHAR O JOGO”.
ÁUDIOS DENÚNCIA PRODEM\4491020266_20100625090940_1_34106357.wav
(OBS: aperte a tecla CTRL + ENTER para ouvir normalmente)
“Em arremate dos diálogos de ÍNDICES 34086613 e 34087142 de
24/06/10 (Itens 8.1 e 8.2-supra) infere-se desse ÍNDICE nº.
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34106357 de 25/06/10 (Item 8.3.-supra), sem a menor margem
de dúvida, que os interlocutores denunciados APARECIDO SANTI e
MARIO ALEXANDRE entabularam proposta imoral e ilícita para
obtenção de alguma vantagem patrimonial indevida recíproca e
também para o Secretário Municipal denunciado VALTER VIANA,
partindo dolosa sugestão, oferta ou promessa do comerciante
SANTI para o funcionário público MARIO que, dolosamente aceitou
e concordou com o desenrolar da situação, quando era de se
esperar dele uma atitude repugnante ou de repulsa às propostas
indecorosas e ilegais, que abalam princípios elementares que regem a
Administração Pública. Sem dúvida esse não era o comportamento
sério esperado de um servidor público e não caracteriza conversa
normal no exercício da respectiva função pública. No entanto, ao invés
de agir com honradez e probidade administrativa, observando a
legalidade e a moralidade pública, o servidor MARIO ALEXANDRE
concordou alegremente, inclusive, alertando que „por telefone é
complicado falar essas coisas‟, combinando de falar sobre o
assunto pessoalmente, demonstrando, assim, manifesta intenção de
obter alguma vantagem ilícita, se interessando e concordando com a
situação, notadamente quando essas conversas anormais, não típicas
e inapropriadas para servidores públicos, externava plena
concordância com declaração do tipo „...precisamos ganhar
dinheiro... Qual vai ser o esquema? todo mudo tem que
ganhar um pouco ai ... de repente você quer alguma coisa, o
Secretário quer alguma coisa. Eu não sei como que funciona a
coisa, queria conversar com você, etc.”.
8.4. ÍNDICE nº. 34113081 (ALVO: 44-91020266 - dia 25/06/10, às
15:15hs, CD de fls. 563: MARIO DA GERMANYA X MÁRIO
ALEXANDRE)”:
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MARIO ALEXANDRE – Oi Mario
MARIO GERMANYA – Fala xará. Tudo bom?
MARIO ALEXANDRE – Bom, tudo bem, e você?
MARIO GERMANYA – Viu, o pessoal da INGÁ te procurou?
MARIO ALEXANDRE – Procurou, já estamos conversando já.
MARIO GERMANYA – Ah! então tá bom. Beleza.
MARIO ALEXANDRE – Vamos ver o que que vai dá.
MARIO GERMANYA – Já. já dei um toque nele como é que é, tá?
MARIO ALEXANDRE – O SANTI me ligou hoje de novo, sabe? Veio um Diretor aqui
ontem (24/06/10) e conversou com o VIANA, e tudo. E... tão conversando lá com o
dono do terreno lá cara.
MARIO GERMANYA – Certo. Eu to saindo do terreno agora, tá?
MARIO ALEXANDRE – Hum
MARIO GERMANYA – O Homem quer acertar de qualquer jeito, mas é o seguinte, agora
eu descobri porque que ele está criando caso.
MARIO ALEXANDRE – Por que?
MARIO GERMANYA – Porque ele doou o terreno pra fazer a rua em troca dele não pagar
o afasto.
MARIO ALEXANDRE – Quem?
MARIO GERMANYA – o Dono do terreno, tá?
MARIO ALEXANDRE – Desse um que ele quer vender?
MARIO GERMANYA – Não, não. A rua ali.
MARIO ALEXANDRE – Que que tem a rua?
MARIO GERMANYA – A rua. A Prefeitura quer receber dele o asfalto, entendeu? O dono
do sítio.
MARIO ALEXANDRE – Entendi, entendi.
MARIO GERMANYA – Tá. Ele fez a doação da rua na época do JAIRO (Ex-Prefeito) em
troca do asfalto.
MARIO ALEXANDRE – Ah, entendi!
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MARIO GERMANYA – Entendeu? Agora não tem nada escrito e o pessoal não quer honrar
o acordo e ele falou agora, ele falou que se ninguém fizer o acordo, ele vai embargar essa
rua aqui, e ninguém põe asfalto aqui. Eu fecho a entrada aqui, ninguém entra a qui.
MARIO ALEXANDRE – Quem falou?
MARIO GERMANYA – O dono do terreno.
MARIO ALEXANDRE – Do lado aí de vocês?
MARIO GERMANYA – É, é. E ele tem razão né?
MARIO ALEXANDRE – ORLANDO o nome dele?
MARIO GERMANYA – É. E ele tem razão. Não tá errado não. E... faz qualquer negócio
rapaz. Ele vende, faz qualquer negócio. Se o cara quiser aqui a cabeceira aqui, prá ficar na
pista aqui, nós vendemos tudo. É só questão de acertar.
MARIO ALEXANDRE – Ontem já foram aí, foram aí também hoje, ai já, o pessoal da
INGÁ. Já foram atrás dele aí hoje. Ele tá pedindo R$ 60,00 (sessenta reais) o metro. ACHO
QUE VAI DAR CERTO. Vai ter que negociar e depois recortar essa área aí, fazer
escritura. Não é fácil não.
MARIO GERMANYA – Não é fácil, mas vocês deviam dar prioridade nesse negócio pro
VALENTIM. Rapaz.
MARIO ALEXANDRE – É, o VALENTIM vai ter outra área aí. O VALENTIM não quer
comprar área não, rapaz. Ele quer algo da Prefeitura. Num tem, nós num temos isso.
MARIO GERMANYA – Bom! Só. O pessoal só não pode saber que fui eu que indiquei, tá?
Porque senão você já viu o tamanho da confusão (GARGALHADAS)”. (03:12MIN.)
ÁUDIOS DENÚNCIA PRODEM\4491020266_20100625151538_1_34113081.wav
(OBS: aperte a tecla CTRL + ENTER para ouvir normalmente).
“Chama a atenção para o contexto desse diálogo, principalmente
para as declarações do denunciado MARIO ALEXANDRE “já
estamos conversando já... vamos ver o que que vai dá ... ACHO QUE VAI
DAR CERTO.”, corroborando os demais diálogos monitorados (Itens
8.1 a 8.3) reveladores de que efetivamente visava auferir alguma
vantagem pecuniária indevida, tirando proveito próprio nessa
negociação de interesse privado da empresa INGÁ VEÍCULOS,
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sobretudo porque o próprio funcionário rival MARIO DE MOURA, da
empresa GERMANYA CAMINHÕES E ÔNIBUS LTDA, é quem teria
dado as coordenadas ou dicas iniciais ao denunciado APARECIDO
SANTI, gerente de vendas da empresa concorrente INGÁ VEÍCULOS
“já dei um toque nele como é que é, tá?”, inclusive, alertando ao
denunciado MARIO ALEXANDRE, Secretário do Prefeito Municipal,
do seguinte modo “O pessoal só não pode saber que fui eu que indiquei,
tá? porque senão você já viu o tamanho da confusão (GARGALHADAS).
Além disso, também chama a atenção para a existência de algum
esquema de favorecimento, a partir do instante em que MARIO DE
MOURA, da empresa GERMANYA, falou claramente para o
denunciado MARIO ALEXANRE “vocês deviam dar prioridade nesse
negócio pro VALENTIM, rapaz”, tendo o mesmo ressaltado que “o
VALENTIM vai ter outra área aí. O VALENTIM não quer comprar área
não, rapaz. Ele quer algo da Prefeitura”.
8.5. ÍNDICE nº. 34114789 (ALVO: 44-91020266 - dia 25/06/10, às
16:43hs, CD de fls. 563: MÁRIO ALEXANDRE X VALTER VIANA)”:
A PARTIR DO MINUTO 01:50min.:
MARIO ALEXANDRE – Outra coisa (incompreensível) outro assunto. Aquele assunto da
INGÁ. O cara da INGÁ VEÍCULOS.
VALTER VIANA – Sei, sei.
MARIO ALEXANDRE – Me ligou agora.
VALTER VIANA – Ham!
MARIO ALEXANDRE – Ele quer conversar com a gente velho!
VALTER VIANA – É?
MARIO ALEXANDRE – Aquele cara aqui de Maringá aqui, o....... esqueci o nome dele
agora. O SANTI lá.
VALTER VIANA – Sei, sei. O que veio junto com o dono da empresa!
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MARIO ALEXANDRE – É, foi o cara que pediu pra agendar a conversa.
VALTER VIANA – Sei, sei.
MARIO ALEXANDRE – Só que é o seguinte, eu vou retornar pra ele, eu vou falar que vou
esperar você chegar.
VALTER VIANA – Não, mas se você quiser conversar com ele também, não tem problema
não, pode conversar aí. HAM?
MARIO ALEXANDRE – Eu não quero tomar nada sozinho não, porque fica ruim, né?
VALTER VIANA – Não, mais, se você quiser conversar pode conversar aí. Comigo você
pode ter certeza que é tranquilo.
MARIO ALEXANDRE – Ele já falou alguma coisa de QUANTO QUE É, QUANTO QUE
VAI FICAR, aquela coisa toda, sabe?
VALTER VIANA – Aham, aham.
MARIO ALEXANDRE – Eu fico meio arisco de falar essas coisas sozinho pro cara, velho.
VALTER VIANA – Então segunda-feira nós conversamos então
MARIO ALEXANDRE – Então eu vou ligar pra ele e dizer que segunda-feira a gente
conversa, ele foi lá ver terreno hoje cedo né.
VALTER VIANA – Ah, ele foi?
MARIO ALEXANDRE – Foi e eu acho que ele está interessado mesmo, viu.
VALTER VIANA – Então tá bom. Segunda-feira nós conversa então
MARIO ALEXANDRE – Eu vou ligar pra ele agora e vou falar pra ele”.
ÁUDIOS DENÚNCIA PRODEM\4491020266_20100625164310_1_34114789.wav
(OBS: aperte a tecla CTRL + ENTER para ouvir normalmente).
“A partir desse diálogo, em sintonia com as outras conversas
monitoradas (Itens 8.1 a 8.4-supra e Itens 8.6 a 8.7-infra),
corroborados pela reunião ocorrida na Prefeitura Municipal entre os
denunciados e um dos Diretores da empresa INGÁ VEÍCULOS, resta
claramente demonstrado que essa perspectiva de recebimento de
alguma vantagem econômica indevida em aludida transação
alcançou o codenunciado VALTER VIANA, uma vez que em
nenhum momento MARIO ALEXANDRE aceitou ou se dispôs a
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tratar do assunto sozinho, sempre se referindo ou se reportando à
pessoa do referido Secretário Municipal e Coordenador do PRODEM,
senão veja-se “...Ele quer conversar com a gente velho! vou esperar
você chegar. Eu não quero tomar nada sozinho não, porque fica ruim,
né? Eu fico meio arisco de falar essas coisas sozinho pro cara, velho...”.
Por sua vez, o secretário VALTER VIANA voluntária e
conscientemente concorda e demonstra interesse pela situação
afirmando “...mas se você quiser conversar com ele também, não tem
problema não, pode conversar aí. HAM? ... se você quiser conversar pode
conversar aí. Comigo você pode ter certeza que é tranquilo...”. Não se
pode perder de mira que entre os referidos servidores denunciados
já existia algum conluio e perspectiva de auferir alguma vantagem
patrimonial indevida, conforme se extrai do contexto do referido
diálogo, especialmente quando afirmaram “...Ele já falou alguma coisa
de QUANTO QUE É, QUANTO QUE VAI FICAR, aquela coisa toda,
sabe? ... Então segunda-feira nós conversamos então... ele foi lá ver
terreno hoje cedo né. Ah, ele foi? Foi e eu acho que ele está interessado
mesmo, viu. Então tá bom. Segunda-feira nós conversa então...”. Essa
conversa se interliga com as demais, e revela que o Secretário
denunciado VALTER VIANA abusou da influência do poder
ostentado pelo cargo e extrapolou direitos ou deveres da sua função
pública, inclusive, tirando proveito do relacionamento de amizade ou
conhecimento que tinha com os proprietários do terreno que estava
em vias de negociação com a empresa INGÁ VEÍCULOS, como se
constata pelo diálogo seguinte dos denunciados MARIO e SANTI”.
8.6. ÍNDICE nº. 34115011 (ALVO: 44-91020266 - dia 25/06/10, às
16:53hs, CD de fls. 563: MÁRIO ALEXANDRE X APARECIDO SANTI)”:
MARIO ALEXANDRE: Oi, Santi?
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SANTI: Oi.
MARIO ALEXANDRE: Tudo bem?
SANTI: Tudo Mario
MARIO ALEXANDRE: Então ta bom. Você ta onde agora?
SANTI: Eu to aqui no INGÁ Mario.
MARIO ALEXANDRE: Ah é se eu for aí é ruim ou não?
SANTI: Oi?
MARIO ALEXANDRE: Se eu for aí é ruim ou não?
SANTI: Se você vir aqui?
MARIO ALEXANDRE: É.
SANTI: É.. a gente pode é que, o seu Alberto ta aqui né, com certeza ele vai te ver aqui vem
cumprimentar, mas dá pra gente conversar rapidinho também, não tem problema não.
MARIO ALEXANDRE: Ou você quer deixar pra segunda-feira? É porque o Viana
SANTI: Hãm?
MARIO ALEXANDRE: Ele tá em Curitiba lá no Congresso daquele partido lá que ele
representa, então ele tá fora, eu falei com ele agora, ou, mas se quiser deixar pra segunda-
feira a gente conversa segunda-feira.
SANTI: Tá, porque aí vocês ficaram de conversar lá com o dono não é isso? o proprietário?
MARIO ALEXANDRE: Isso! Quem conhece bem ele é o... é o VIANA. Então assim, são bem
amigos sabe?
SANTI: Então o que você tem que amarrar, você tem que amarrar a princípio eu acho é
conversar com ele, pra ele não tomar nenhuma atitude sem falar com vocês, né?
MARIO ALEXANDRE: Vou fazer isso agora, vou ligar pro Viana agora e falar isso pra ele.
SANTI: É porque de repente você sabe como é as coisas hoje em dia esses caras são
grandes, de repente ele manda um, ele descobre, porque pra descobrir é fácil. Ele já tem tudo
no Google os negócio lá, a localização tudo né. Aí ele puxa no Google ele pode mandar um
cara é... Ir lá conversar com o cara e um outro e comprar e nessa o cara se compromete, e
você não conversou com ele, entendeu? Tem que deixar o cara meio amarrado, fala “ó, se
os cara te procura aí, a turma da Mercedes, ele pode até te mandar um outro...né”
MARIO ALEXANDRE: Vou ligar pra ele agora, e vou deixar isso acertado já?
SANTI: Isso.
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MARIO ALEXANDRE: Ta bom?
SANTI: E se você quiser vir aqui Mario, se você tiver por perto e quiser vir aqui rapidinho, a
gente conversa rapidinho na mesa aqui.
MARIO ALEXANDRE: Então ta bom.
SANTI: Aí se ele tiver aqui é até bom, se ele vir até nós você fala pra ele – interrompido -
MARIO ALEXANDRE: Então ta bom.
SANTI: O Viana ta lá em Curitiba, segunda-feira ta aí tal, tal, porque segunda-feira o seu
Alberto não vai tá aqui, então aí o contato já vai ter que começar vai ser outro rapaz que vai
conversar, um filho de um diretor, então é bom, vem aqui.
ÁUDIOS DENÚNCIA PRODEM\4491020266_20100625165335_1_34115011.wav
(OBS: aperte a tecla CTRL + ENTER para ouvir normalmente).
“Esse diálogo, complementa as outras conversas monitoradas (Itens
8.1 a 8.5-supra), corroborando que o propósito dos denunciados
APARECIDO SANTI e MARIO ALEXANDRE, com a efetiva
intervenção e participação eficaz do codenunciado VALTER VIANA,
era mesmo de auferir alguma vantagem indevida para eles, tirando
proveito financeiro da situação, absolutamente anormal para
tratativas por agentes públicos, no exercício das respectivas funções
ou em razão dos cargos e funções, especialmente as
comprometedoras declarações “...vocês ficaram de conversar lá com o
dono não é isso? o proprietário? Isso! Quem conhece bem ele é o... é o
VIANA. Então assim, são bem amigos sabe? ... pra ele não tomar nenhuma
atitude sem falar com vocês, né? ... Tem que deixar o cara meio
amarrado, tem que deixar amarrado......., vou deixar isso acertado já.........
etc”. Portanto, restou claro que realmente criou-se e havia uma
expectativa de obtenção de algum lucro pelos denunciados”.
8.7. ÍNDICE nº. 34172426 (ALVO: 44-91020266 - dia 28/06/10, às
14:56hs, CD de fls. 563: MÁRIO ALEXANDRE X APARECIDO SANTI)”:
SANTI: Alo.
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MARIO ALEXANDRE: Oi quem? Quem ta falando, é o SANTI?
SANTI: É.
MARIO ALEXANDRE: Tudo bom com você?
SANTI: Tudo.
MARIO ALEXANDRE: Então tá bom. Olha chamaram o rapaz pra conversar lá ta?
SANTI: Onde?
MARIO ALEXANDRE: Aqui na Prefeitura.
SANTI: Ah sim.
MARIO ALEXANDRE: Está tudo certo viu?
SANTI: Ah é?
MARIO ALEXANDRE: Agora só depende do pessoal ficar com o terreno né?
SANTI: Você sabe se eles estiveram lá sábado?
MARIO ALEXANDRE: Não perguntei cara, olha nem participei da conversa melhor
dizendo eu só articulei lá ele chamou ele, falou como é que era e tal. Falou “Ó, eu tenho um
pessoal aí que se conseguir sair o negócio VAMOS PRECISAR DE UMA... né.”
SANTI: Hum.
MARIO ALEXANDRE: Aí ele falou “não tudo bem, tudo bem ta tranquilo, AGORA SÓ
DEPENDE DO PESSOAL FICAR COM O TERRENO né?”
SANTI: Ta certo, beleza Mario
MARIO ALEXANDRE: Tá bom?
SANTI: Tá. Hoje já foi né, amanhã eu converso com o Diretor aqui e...
MARIO ALEXANDRE: Tá
SANTI: E vamos ver como que ele...
MARIO ALEXANDRE: Ah, ele vem agora há uma e meia aqui na... falar com o pessoal aqui
SANTI: Tá certo.
MARIO ALEXANDRE: Tá bom ?
SANTI: E se for pra conversar converso com quem, COM VOCÊS NÉ?
MARIO ALEXANDRE: COM NÓS do (incompreensível), CONVERSA COM A GENTE.
Ta bom?
SANTI: Tranqüilo.
MARIO ALEXANDRE: falou obrigado Santi.
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SANTI: Um abraço. O importante é que o cara lá fique preparado.
MARIO ALEXANDRE: não ele chamou o (incomprrensível)
SANTI: então tranqüilo
MARIO ALEXANDRE: Tá bom?
SANTI: beleza
MARIO ALEXANDRE: falou, tchau tchau, um abraço.
ÁUDIOS DENÚNCIA PRODEM\4491020266_20100628145616_1_34172426.wav
(OBS: aperte a tecla CTRL + ENTER para ouvir normalmente).
“Esse diálogo (Item 8.7-supra), encerra o ciclo de conversas e
triangulação entre os denunciados APARECIDO SANTI, MARIO
JOSÉ ALEXANDRE e VALTER VIANA, consolidando todo o
empenho deles e interesse pela negociação de terreno pela empresa
INGÁ VEÍCULOS com os proprietários. Sem dúvida criaram e havia
uma perspectiva de recebimento de alguma vantagem econômica
indevida propiciada pela conjuntura e facilidades da intervenção do
Poder Público. Portanto, os servidores públicos denunciados
ultrapassaram os limites ou barreiras da legalidade,
formalidade, moralidade, probidade, publicidade e eficiência
para com a Administração Pública municipal, demonstrando
que cada qual pretendia levar vantagem mediante uma
conjunção de desígnios e apoio recíproco, cada um aderindo
consciente e voluntariamente ao propósito do outro. É bem
verdade que o negócio acabou não se concretizando e, portanto, não
sobreveio pagamento ou recebimento de nenhuma quantia efetiva,
não se concretizando a almejada vantagem econômica indevida. No
entanto, o bem jurídico da honestidade para com a Administração
Pública já havia sido violado, caracterizando-se os crimes de
corrupção passiva e ativa, porquanto se trata de crime formal ou
de mera conduta que independe do efetivo pagamento ou do
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efetivo recebimento de qualquer quantia, pois, consuma-se
independente da superveniência de qualquer resultado ou
prejuízo efetivo, haja vista que o prejuízo moral é bem mais grave
e é isso o que mais importa para a proteção típica legal”.
9. “Por conseguinte, diante do contexto fático e probatório dos Autos,
aliado aos esquecimentos de pormenores ou detalhes pelos
denunciados, sobretudo pelas explicações contraditórias,
desencontradas e incoerentes dos denunciados (Depoimentos de fls.
117/117-I; fls. 580/582 e 666/673 {VALTER VIANA}; fls. 599/601;
fls. 620/620-O; fls. 674/682 e fls. 689/690 {MARIO JOSÉ
ALEXANDRE}; e fls. 370/571-B; fls. 572/574-F e fls. 659/665
{APARECIDO SANTI}), sobretudo somando tudo isso ao contexto,
dinâmica e peculiaridades dos diálogos telefônicos monitorados com a
fundamentada autorização judicial competente (Itens 8.1. a 8.7.-
supra), vislumbra-se claramente que o denunciado APARECIDO
SANTI, com vontade livre e consciente ofereceu e prometeu
vantagem indevida, apesar de incerta e futura, aos funcionários
públicos denunciados MARIO JOSÉ ALEXANDRE e VALTER
VIANA para determiná-los a praticarem atos de ofício, no exercício
de suas funções públicas e em razão dessas respectivas funções ou
cargos, violando dever funcional e agindo em desacordo com as
prescrições legais, em detrimento do bem jurídico da moralidade para
com a Administração Pública municipal local, ao passo que os
referidos servidores públicos municipais, conscientes da reprovação e
ilicitude de suas condutas, mediante esforços conjugados e em
comunhão de desígnios, em razão de suas funções e no exercício das
respectivas funções ou cargos públicos, aceitaram malsinada oferta
incerta e futura, pertinente a uma ilícita promessa de vantagem
indevida para praticarem atos de ofício infringindo seus
deveres funcionais, em detrimento da honorabilidade da
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Administração Pública, porque oficialmente não é desse modo que
deveriam atuar”.
TIPIFICAÇÃO LEGAL:
10. Assim agindo e estando os denunciados VALTER
VIANA e MARIO JOSE ALEXANDRE, antes epigrafados e qualificados, incidiram e
incorreram nas disposições do artigo 317, § 1º c/c. o artigo 29, caput, ambos
do Código Penal e o denunciado APARECIDO SANTI, também epigrafado e
qualificado, por sua vez, incidiu e incorreu nas sanções do artigo 333, parágrafo
único, do Código Penal, razão pela qual contra eles é oferecida a presente
denúncia e requer-se que, registrada e autuada, seja ordenada a notificação deles
para oferecer resposta prévia segundo o rito preconizado no artigo 514 e
seguintes do Código de Processo Penal, para os denunciados funcionários
públicos (VALTER VIANA e MARIO JOSÉ ALEXANDRE); e a notificação para
ofertar defesa escrita no decêndio legal pelo rito comum ordinário, nos termos do
artigo 396 e seguintes do Código de Processo Penal, para o denunciado
APARECIDO SANTI, recebendo-se a denúncia contra todos; e, enfim, para se
verem processar até final julgamento e condenação, sob pena de revelia (CPP, art.
367), notificando-se as testemunhas do rol abaixo para virem depor em Juízo, em dia
e hora que for designado, sob as cominações legais (CPP, arts. 218 e 219),
prosseguindo-se nos moldes do artigo 400 e seguintes do Código de Processo
Penal, mandando dar ciência de tudo a este Órgão de Execução do GAECO para
acompanhar e prosseguir nos ulteriores atos e termos do devido processo penal.
Pede deferimento.
Maringá, 13 de junho de 2012.
LAÉRCIO JANUÁRIO DE ALMEIDA Promotor de Justiça-Coordenador
GAECO - GRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE COMBATE AO CRIME ORGANIZADO
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ROL DE TESTEMUNHAS:
1. DEVANIR ALMENARA, brasileiro, casado, empresário, portador do RG sob nº.
1.080.009/PR, residente e domiciliado na Rua Benedito Montenegro, nº. 303, Jardim
Alvorada, Maringá-PR, fones: 3023-5181 e 9963-9736 (fls. 83/83-C);
2. MAGNO DOS SANTOS RODRIGUES, brasileiro, casado, mecânico, portador do
RG sob nº. 5.305.505-8/PR, residente e domiciliado na Avenida Nildo Ribeiro da
Rocha, nº. 744, Parque da Gávea, Maringá-PR (fls. 92);
3. SHINJI GOHARA, brasileiro, casado, advogado, portador do RG sob nº.
897.153-6/PR, residente e domiciliado na Rua Neo Alves Martins, nº. 833, Apto 201,
zona 3, Maringá-PR; fone: 9101-4920 (fls. 98);
4. MARIO DE MOURA JUNIOR, brasileiro, casado, comerciante, portador do RG
sob nº. 7.707.454-3/PR, residente e domiciliado na Rua Graciosa, nº. 266, Jardim
Guaporé, Maringá-PR; fone: 3025-3902 / 9961-7962 (fls. 594);
5. ALBERTO JOSÉ GIARETTA, brasileiro, casado, empresário, portador do RG sob
nº. 3.455.108 SSP/SC, residente e domiciliado na Rua Coronel João da Silva
Sampaio, nº. 316, Jardim Botânico, Curitiba-PR; e
6. ARIOVALDO COSTA PAULO, brasileiro, empresário, com endereço comercial na
Avenida Brasil, nº. 7160, Maringá-PR, fone 3025-9999.
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