departamento de taquigrafia, revisÃo e redaÇÃo · genoma, que permitirá, através de um fio de...
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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA,
REVISÃO E REDAÇÃO
SESSÃO: 142.2.51.ODATA: 10/08/2000
TURNO: Matutino
TIPO SESSÃO: Extraordinária - CD
LOCAL: Câmara dos Deputados
HORA INÍCIO: 9hHORA TÉRMINO: 12h40min
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
I - ABERTURA DA SESSÃO
O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - A lista de presença acusa o
comparecimento de 60 Srs. Deputados.
Está aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos
trabalhos.
O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.
II - LEITURA DA ATA
O SR. SAULO PEDROSA, servindo como 2º Secretário, procede à leitura da
ata da sessão antecedente, a qual, sem observações, é aprovada.
O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Passa-se à leitura do expediente.
O SR. ..................................................................................... procede à leitura do
seguinte
III - EXPEDIENTE
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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Finda a leitura do expediente,
passa-se às
IV - BREVES COMUNICAÇÕES
Concedo a palavra ao Sr. Coriolano Sales.
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O SR. CORIOLANO SALES (Bloco/PMDB-BA. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para aplaudir
esta Casa pela votação de projeto de lei que dispõe sobre as restrições ao uso e à
propaganda de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e
defensivos agrícolas.
Apenas lamento que as restrições não tenham sido completas no sentido de
proibir o uso de produtos fumígenos em locais públicos. Não basta proibi-lo em
aeronaves. É preciso proibi-lo em ônibus, trens, navios, barcos, bares, restaurantes e,
inclusive, nas vias públicas, como praças, jardins, ruas, avenidas, estádios,
shoppings, etc., porque o vício do fumo, tão prejudicial à saúde, carece de ser
proibido de forma vertical e profunda.
O mundo civilizado já não convive mais com a propaganda abusiva dos
produtos fumígenos, o que vem diminuindo de modo acentuado o número de pessoas
afetadas pelas doenças pulmonares e, sobretudo, cancerígenas. As últimas decisões
da Justiça americana têm servido de exemplo aos países mais atrasados, onde as
empresas vendedoras e produtoras têm feito a festa por falta de controle oficial.
A população brasileira tem sofrido muito com as doenças decorrentes do uso
intensivo do fumo. As despesas hospitalares, previdenciárias e de assistência social
são um peso para a sociedade, enquanto as indústrias do fumo ganham muito em
cima da miséria dos viciados.
É, portanto, salutar a aprovação de medidas legislativas que alterem a lei atual
para ampliar as restrições à propaganda dos produtos fumígenos no Brasil. Com essa
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medida, nosso País dá um salto em busca de melhor qualidade de vida para sua
população humana.
Um aspecto importante do projeto é a tornar crime a venda de produtos de
tabaco a menores de 18 anos. De fato, é medida acertada, tendo em vista que é
exatamente nessa faixa de idade que mais há possibilidade de propagação do vício.
Não é sem razão que a propaganda dos produtos fumígenos é dirigida, sobretudo,
aos jovens, num apelo constante à sua masculinidade ou à força que, supostamente, o
fumo propicia. As indústrias fazem grandes investimentos em propaganda com o
objetivo de conquistar a juventude, de entorpecê-la e sempre têm tido os melhores
resultados.
A lei precisa ser alterada mais tarde para impedir que as pessoas fumem em
locais públicos. Há de ser buscado uma fórmula capaz de restringir a presença dos
fumantes nos locais públicos. Essa será, sem dúvida, a grande tacada para banir
definitivamente o vício do fumo de parcelas substanciais da sociedade brasileira.
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O SR. DR. HELENO (Bloco/PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de volta a esta tribuna gostaria de registrar nos
Anais desta Casa que no último dia 26 de junho a humanidade tomou conhecimento
da descoberta mais importante dos últimos séculos: a decodificação do idioma em
que Deus criou a vida. Essa afirmativa foi feita pelo Presidente Clinton e passou a ser
o assunto do dia em todas as reuniões, principalmente do mundo científico.
A empolgação tem sido tanta que até se tem comparado à conquista da lua,
ocorrida em julho de 1969.
É claro que a descoberta ainda exige muitos estudos e muito tempo vai se
passar até a colocação em prática desse maravilhoso novo caminho que é o manual
de serviços do corpo humano, o qual permitirá decifrarmos a vida em si, conforme
declarações do Primeiro-Ministro japonês Yohiro Mori.
Segundo informações dos cientistas, temos uma seqüência que começa com o
DNA, que é o Manual de Instrução que contém a informação necessária para o
funcionamento do organismo que também determina as características físicas dos
indivíduos. O gene é a seqüência do DNA. A ele cabe dá as instruções para uma
tarefa específica. Falhas no comando implicarão doenças. A falha de um gene ou
conjunto de genes é o que provoca as doenças.
A identificação e localização dos genes será o próximo passo do Projeto
Genoma, que permitirá, através de um fio de cabelo ou amostra de sangue, saber se
algum deles é defeituoso, viabilizando o diagnóstico precoce das doenças.
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O projeto, na parte do setor público, foi desenvolvido no Instituto Nacional de
Pesquisa do Genoma Humano, vinculado ao Departamento de energia do Governo
norte-americano.
O trabalho também recebeu importante contribuição de cientistas ingleses,
liderados pelo Dr. John Sulstone, além do Japão, da Alemanha, da China e de outros
cientistas de várias nacionalidades, inclusive do Brasil. Todos foram chamados a
participar das diferentes etapas da descoberta.
Minha presença nesta tribuna, além do registro inicial, é para parabenizar a
comunidade científica por tão importante descoberta, principalmente pelo destaque na
participação de cientistas brasileiros na grande conquista.
Também quero falar de nossa posição em relação a quem merece os louros da
vitória. Entendo que merece o fruto aquele que planta e acompanha o crescimento. E
não estamos só.
Segundo o Dr. Ayres Souza, cientista brasileiro radicado nos Estados Unidos,
essa conquista é dos que participaram direta ou indiretamente e não de todos,
conforme algumas correntes insistem.
A seqüência do Genoma Humano está só no início. O passo seguinte, ainda
sem previsão, será o mapeamento dos genes para conhecimento das proteínas que
cada um codifica, e o prazo é, segundo os cientistas, de mais de 10 anos.
Portanto, há muito tempo para se debater sobre o assunto, inclusive o reverso
da medalha: os riscos que o seqüenciamento poderá trazer.
No momento, além de parabenizar os descobridores e respeitar os direitos
adquiridos daqueles que estão direta ou indiretamente trabalhando no projeto,
gostaríamos de dar ênfase à grande descoberta e chamar a atenção de nossas
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autoridades, em especial do Presidente Fernando Henrique Cardoso, para que no
futuro sua regulamentação possa promover benefícios irrestritos também a todos nós
brasileiros.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. RAINEL BARBOSA (Bloco/PMDB-TO. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta manhã de quinta-feira, 10 de agosto de
2000, venho com este discurso despedir-me da Câmara dos Deputados, após três
meses e doze dias de trabalho determinado e incansável como Deputado Federal,
representante do PMDB do Estado do Tocantins, mais precisamente da minha
querida Miracema do Tocantins e de todos os tocantinenses. Minha passagem por
esta Casa deveu-se à condição de suplente de partido.
Sinto-me honrado pela experiência adquirida na Capital do nosso País. Essa
experiência será levada a Miracema do Tocantins, para contribuir ainda mais com o
desenvolvimento de minha cidade.
Sr. Presidente, devo agradecer, em especial, ao Deputado Igor Avelino, um
jovem e promissor Parlamentar de 28 anos, a quem substituí, pelas orientações e
companheirismo a mim concedidos para que eu pudesse bem representar o nosso
Estado nesta Casa. Sendo assim, tive a oportunidade de trabalhar nesta Casa de
decisões e soluções para o País.
Sr. Presidente, como representante do Tocantins, senti-me à vontade para
defender os interesses da população do meu Estado, o mais novo da Federação, que,
criado em 1988, ainda está no início de sua história, em busca do desenvolvimento
pleno de seu potencial sócio-político-econômico. Ainda há muito o que fazer,
principalmente na promoção do desenvolvimento social.
A maioria da população tocantinense é de gente simples, humilde, pobre, mas
acima de tudo ordeira, que precisa de muita assistência do poder público. Essa foi a
minha principal luta, durante o meu breve mandato de Deputado Federal. Mas, mesmo
assim, conseguimos vitórias, com a colaboração do Governo Federal, em diversos
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projetos sociais, educacionais e econômicos, que passaram a apoiar iniciativas na
minha região e na minha cidade de Miracema.
Sr. Presidente, infelizmente, devo fazer uma ressalva. Cheguei a enfrentar
dificuldades em decorrência da intransigência do atual Prefeito de Miracema, o Sr.
Giordani Rota, que, não compreendendo meus esforços para beneficiar a nossa
gente, sequer foi capaz de manter um diálogo comigo, chegando até mesmo a bater o
telefone na minha cara, sem tomar conhecimento do assunto a ser tratado, acerca de
projetos que precisavam contar com a anuência dele.
Com gestos desastrados como esses, perdemos todos, muito em particular a
população.
Ao me referir a esse caso, quero propor uma reflexão sobre a efetiva ação
política dos representantes do povo no Congresso Nacional, destacadamente na
Câmara dos Deputados, onde se reúnem em maior número.
Sr. Presidente, a vida de um político em Brasília, no Congresso Nacional, na
Câmara dos Deputados, é sedutora. Ele representa o poder popular, e exerce esse
poder com o alicerce de um bom salário e uma grande estrutura funcional. Mas de que
vale esse poder e seus desdobramentos se não se transformam em catalisadores da
mudança social de nosso País?
Não citarei números, mas eles estão aí e permanecem sendo divulgados com
leituras tendenciosas.
Nosso País precisa extraordinariamente de educação e saúde para a
construção do futuro.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é um absurdo que nenhuma autoridade
pública saiba ao certo quanto dinheiro público tem sido desviado, roubado por
agentes públicos e privados, nos últimos anos, em meio a tantas denúncias de
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irregularidades. O que se sabe é que é muito dinheiro, e que esse dinheiro poderia
estar sendo empregado em benefício de milhões de brasileiros que vivem em
situação de miséria, de mãos estendidas, levados ao desespero de fazer qualquer
coisa para suportar a angústia da fome e a espera pelo dia seguinte.
Nas vésperas de eleições, esse é o quadro é caótico do universo de milhões
de eleitores brasileiros, transformados em pedintes. Não podemos fazer de conta que
isso não existe. É a nossa realidade brasileira, a nossa tragédia, e ela fala por si só.
Sr. Presidente, quero parabenizar o Ministério Público e a imprensa pela ação
determinada para apuração e divulgação das irregularidades, mas é preciso que
saibam que toda e qualquer denúncia deve ser meticulosamente apurada, investigada,
questionada, porque, sob o estado de direito em que vivemos, não podemos
compactuar com a destruição pública de homens honrados e honestos. Aqueles que
têm responsabilidades devem ser apenados pela Justiça, mas inocentes não podem
ser execrados.
Sr. Presidente, quero agradecer a todos aqueles que contribuíram para o
desenvolvimento de meu trabalho como Deputado Federal, a Deus, aos meus
familiares, meus amigos, Deputados Federais, Senadores, Vereadores, políticos do
PMDB e de outros partidos que me apoiaram, e aos funcionários do gabinete e da
Casa. Volto para minha querida Miracema com o sentimento do dever cumprido. Volto
para trabalhar por dias melhores para os miracemenses. E, se for da vontade deles,
em breve estarei de volta.
Não poderia ainda, Sr. Presidente, sair daqui sem registrar meu repúdio por
um tipo de político que temos em Miracema, que desiste de verbas difíceis de serem
obtidas na esfera federal em prejuízo da nossa população.
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Mais uma vez, a todos os companheiros, Deputados de todos os partidos, aos
funcionários da Casa e aos amigos de Miracema e do Estado do Tocantins, deixo
aqui um abraço de coração e um até breve.
Muito obrigado.
Durante o discurso do Sr. Rainel Barbosa, o Sr. Mauro
Benevides, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno, deixa a
cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Saulo Pedrosa,
§ 2º do artigo 18 do Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Saulo Pedrosa) - Tem a palavra o Sr. Deputado Mauro
Benevides.
O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o s ertão c entral do Ceará
engalana-se, hoje, para festejar, em meio a expressivos eventos, o transcurso dos 211
anos de criação do Município de Quixeramobim, uma das mais prósperas comunas
do interior do meu Estado, graças ao esforço de sucessivas gerações, sempre
empenhadas em situá-la num contexto desenvolvimentista, apesar das dificuldades
climáticas, conseqüentes de estiagens cíclicas, que se abatem sobre a Região
Nordeste, numa intermitência que sempre preocupa e angustia aquele laborioso
contingente demográfico, superior a 70 mil habitantes.
Episódios históricos, de repercussão nacional, ali se registraram, como o
rompimento com o Império, numa ação insurrecional de intensa mobilização popular,
sempre recordada como um instante indelével na trajetória política da população
quixeramobiense.
Dirigida presentemente pelo Prefeito Cirilo Pimenta, a administração local
vem-se projetando como das mais proficientes, alcançando patamares de aceitação
bastante estimulantes, como identificou, recentemente, pesquisa levada a efeito pelo
grupo ISTOÉ/Brasmarket.
Há poucos dias, quando se comemorou o transcurso do 40º aniversário do
Colégio Estadual Andrade Furtado, por cuja instalação trabalhei, infatigavelmente,
como Deputado estadual, na gestão Parsifal Barroso, fui agraciado com o troféu
Antônio Conselheiro, assim denominado para homenagear uma figura lendária ali
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nascida, que comandou uma rebelião contra os excluídos do na época já perverso
mosaico social, dando lugar à batalha campal de Canudos.
No que concerne ao problema de suprimento hídrico, regozijo-me por haver
contribuído, juntamente com o ex-Deputado Carlos Benevides, para a construção do
Açude Fogareiro, cuja capacidade de armazenamento d’água atinge 120 milhões de
metros cúbicos — reputada a maior obra do século, segundo levantamento levado a
efeito pelas Rádios Campo Maior e Voz de Cristal, em dezembro último.
Todos os Prefeitos que dirigiram o Município de Quixeramobim, a partir de
1959, são habitualmente mencionados como responsáveis pelo advento de uma era
de mais prosperidade econômica e bem-estar social, como é o caso de D. Aldamira
Fernandes, Pedro Coutinho, Álvaro Carneiro, Osvaldo Martins, Martins Almeida, Dr.
José Alves, Alfredo Machado — Deputado Estadual — e seu irmão, o médico Antônio
Machado, todos projetados em razão do trabalho que empreenderam durante os
respectivos mandatos.
Mencione-se também, por imperativo de justiça, a ação fecunda dos
Deputados Leorne Belém e Pontes Neto — esse último desaparecido após longa
enfermidade que o prendeu ao leito por mais de oito anos, num sofrimento
compartilhado pela imensa legião de seus amigos e admiradores.
Num passado mais recuado, destacaram-se, no exercício de uma liderança
prestigiosa, Luis Almeida, Pedro Teles de Menezes, Afonso Machado, Damião
Carneiro, Nilo Costa, Luiz Costa, Alvisto Skeff e Miguel Fenelon Câmara, cuja
descendência ilustre inclui o Arcebispo de Terezina, D. Miguel Câmara, e os
historiadores José Aurélio Câmara e Fernando Câmara, esse último membro dos
mais destacados do Instituto do Ceará e profundo conhecedor de nossa história
eclesiástica.
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A programação do aniversário de Quixeramobim foi elaborada pelo professor e
escritor Marum Simão, assegurando, em todas as suas festividades, a participação
dos mais variados grupos sociais, com espaços radiofônicos que darão à magna data
um realce excepcional.
Saúdo, pois, desta tribuna, o acontecimento que engalana a região centro do
Ceará, ao mesmo tempo em que homenageio os que, ao longo de dois séculos,
deram a sua contribuição para o crescimento de um dos mais tradicionais núcleos
populacionais do Nordeste.
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O SR. PADRE ROQUE (PT-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Comissão de Direitos Humanos desta Casa,
em conjunto com várias entidades da sociedade civil, entre elas a ÁGORA
(Associação para Projetos de Combate à Fome), o CONIC (Conselho Nacional de
Igrejas Cristãs), o COEP (Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela
Vida), o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), a CBPJ
(Comissão Brasileira de Justiça e Paz), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil) e o Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional, promoveu na
manhã de ontem, dia 9, um fórum de debates sobre os próximos passos da
sociedade civil na luta contra a pobreza, a fome, a exclusão social e pela vida.
O objetivo principal do debate foi o lançamento do abaixo-assinado em apoio a
um projeto de lei para estabelecer o dia 9 de agosto como o Dia Nacional De
Mobilização Pela Vida. Segundo a proposta discutida, neste dia, Prefeitos,
Governadores, Presidente da República e os Presidentes das Câmaras de
Vereadores, das Assembléias Legislativas, da Câmara e do Senado Federal
deveriam publicar relatório de avaliação criteriosa das iniciativas implementadas para
o combate à fome e à miséria no ano anterior e divulgar um programa que estabeleça
claramente as metas de ação para o ano seguinte. Estes instrumentos deveriam ser
suficientemente claros e conter indicadores capazes de permitir o monitoramento da
sociedade, de tal forma que se pudesse avaliar se efetivamente contribuíram para a
promoção dos direitos humanos de todos os brasileiros.
Ora, Sr. Presidente, o que poderia ensejar uma iniciativa como esta, além dos
motivos óbvios que indicam a necessidade de uma permanente mobilização social a
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favor da vida? O fato de o dia 9 de agosto marcar o aniversário de morte do eminente
Betinho.
Sem qualquer sombra de dúvida, além de homenagear com justiça um dos
grandes agentes de mobilização da sociedade brasileira em vista do fortalecimento
da cidadania e no combate à fome e à miséria, um dia de mobilização pela vida
poderia mostrar o fosso de desigualdade que separa irmãos de uma mesma terra. De
um lado, os que podem ir à escola, os que comem, os que têm casa, os que têm terra;
de outro, os que morrem na ignorância, os que esmolam e reviram lixos, os que só têm
o viaduto e os que vivem sob lonas pretas. Um dia como este poderia servir para que
as pequenas ações de solidariedade que animam a luta de milhões de brasileiros
possa ganhar força e visibilidade.
Para expressar melhor, uso as palavras de Cândido Grzybowski:
...como forma de, na conjuntura de pouca luz,
articular-nos a nós mesmos, as cidadãs e os cidadãos que
ainda acreditam ser possível dar um rumo diferente às coisas
nesse nosso país. Ao mesmo tempo, é uma forma de apontar
um caminho para romper com a falta de compromisso e
transparência de governantes com o desenvolvimento humano
democrático e sustentável. Trata-se de exigir deles (os
governos) responsabilidade para garantir cidadania a todos,
demonstrando as ações que realizam no combate á fome e à
miséria, avaliando-as e apontando metas concretas a serem
alcançadas... (Folha de S.Paulo, 9 de agosto de 2000, pág.
2-A).
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Enfim, Sr. Presidente, a campanha lançada hoje se justifica com base na
esperança de vermos um país no qual as cercas da injustiça sejam derrubadas e que
os ventos da igualdade instalem condições de vida para que todos os brasileiros
possam crescer com dignidade e direitos.
A postos, a sociedade brasileira se levante, mais uma vez, para dizer que não
quer mais conviver com a fome e a miséria. Esta luta, nobres pares, é uma luta de
todos e será permanente enquanto não suplantarmos a situação atual, que põe em
desgraça a vida de milhões de brasileiros.
Parabéns à Comissão de Direitos Humanos desta Casa. Parabéns às
organizações da sociedade civil brasileira. Está aqui novamente uma mostra da
criatividade da sociedade civil e de seu importante papel de vigilância das políticas
públicas em nosso País.
Estamos juntos nesta luta.
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O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, queremos reafirmar desta tribuna nossa posição
de que não há alternativa para o atual Governo, que vem deixando claro para a
sociedade que não há envolvimento direto daqueles que trabalham no andar onde
está instalado o gabinete da Presidência da República com esse problema do
Tribunal Regional de São Paulo.
Mais ainda: como se tem verificado, já existem provas cabais de tráfico de
influência. Há indícios também da existência de um processo de crescimento de renda
inexplicada e de forma muito rápida, tendo em vista ser pouco provável o fato de um
funcionário de carreira fazer parte de seis empresas e, a partir daí, comprar
apartamento de 1 milhão de reais, e assim por diante.
É inaceitável e inimaginável que seus atos não fossem do conhecimento do seu
vizinho, do ocupante da sala ao lado, o próprio Presidente da República.
A Subcomissão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou,
como era de se esperar — não poderia ser de outra forma, não havia outro meio —, e
vai solicitar à Mesa do Senado a quebra dos sigilos telefônico e bancário do Sr.
Eduardo Jorge. Além disso, é necessário também quebrar o sigilo bancário das
empresas e das pessoas que mantiveram contato telefônico com todos os citados.
A Mesa do Senado poderá dar uma demonstração ao Brasil de que vai agir
resguardando a democracia, a força e o poder do nosso Legislativo, tornando esse
processo transparente para a sociedade brasileira. Seria uma punhalada de morte na
imagem e na credibilidade deste Governo, como bem disse ontem desta tribuna o
Líder do PCdoB, Deputado Sérgio Miranda. Esse fato deixou claro que este Governo
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não é probo. Não somos nós quem temos de provar o contrário, mas, sim, ele. Como?
Mandando apurar os fatos. O Governo tem de fazer isso.
A OAB reuniu o seu conselho, que aprovou posicionamento favorável à
Comissão Parlamentar de Inquérito. O conjunto de entidades da sociedade civil
também, e as pesquisas demonstram que a população quer ver este caso passado a
limpo, como disse Bóris Casoy, âncora de um grande jornal televisivo do País, da TV
Record. E passar a limpo não é o método que tenho chamado de cordão sanitário.
Aqui não há colchão de proteção, não há barreira, não há construção de abafa; há um
cordão sanitário mesmo, porque fede, e fede demais, esse processo que virou um
esqueleto!
E não dá, pura e simplesmente, para colocar esse esqueleto no armário e lá
deixá-lo, junto com os vários outros que este Governo tem no seu armário. Vale
recordar, Deputado Saulo Pedrosa — e sei que V.Exa. lembra-se muito bem —, o
SIVAM, o caso da Pasta Rosa, os bancos Marka e FonteCindam, toda a privatização
do Sistema TELEBRÁS e as maracutaias do sistema financeiro. São inúmeros os
esqueletos, Sr. Presidente. Este é só mais um que já está fedendo. Agora, este
esqueleto não pode se somar aos outros que já estão nesse armário. Não há mais
espaço. Este Governo conseguiu juntar no armário o maior número de esqueletos da
história da democracia em nosso País.
É este Governo, portanto, um dos responsáveis — isso ficou demonstrado em
pesquisa recente — pelo descrédito do povo brasileiro na democracia. As ações
deste Governo têm ferido de morte o processo democrático em nosso País.
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Por isso, a Mesa do Senado tem de agir com independência e autonomia, com
grandeza e acatar a indicação da Subcomissão que solicitou a quebra dos sigilos
bancário e telefônico desse senhor.
Era o que tinha a dizer.
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A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Sem revisão da
oradora.) - Sr. Presidente, Sras. Srs. Deputados, companheiras e companheiros,
quero, em primeiro lugar, registrar a realização, no dia de hoje, da Marcha das
Margaridas.
Trabalhadoras rurais deslocaram-se de seus Estados, dos seus locais de
trabalho, e estão vindo a Brasília, onde, certamente, realizarão uma das mais belas e
combativas manifestações de trabalhadoras de nosso País.
Essa marcha, Sr. Presidente, faz parte de outras marchas de mulheres que
estão acontecendo em todo o mundo. No nosso País, recebeu esta denominação em
homenagem a Margarida Alves, militante sindical assassinada pela repressão em
1983.
As mulheres, Sr. Presidente, que hoje participam do mercado de trabalho do
nosso País em número e em percentual significativo, são responsáveis pela geração
da riqueza nacional e por grande parte — quase a metade — da nossa produção.
Infelizmente, ainda não tiveram reconhecida no meio político e na esfera de poder a
sua capacidade.
No Parlamento, as mulheres representam 6% do corpo legislativo, mas no seio
dos trabalhadores rurais, segundo dados e pesquisas da CONTAG, são elas
responsáveis pela produção de aproximadamente 30% de todos os alimentos que
consumimos em nosso País.
No movimento sindical dos trabalhadores rurais as mulheres ocupam espaços
importantes. Na coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra —
MST, por exemplo, as mulheres representam 48%, dado extremamente significativo e
importante.
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Mas a marcha de hoje tem como objetivo a luta pela reforma agrária. Em que
pese o Governo Fernando Henrique Cardoso tentar justificar-se perante a sociedade,
mostrando, por meio de números, que sua política teria avançado rumo à reforma
agrária, assistimos neste País à expulsão, cada vez maior, dos trabalhadores rurais
do campo, particularmente dos pequenos e médios produtores.
As mulheres estarão marchando pelas ruas de Brasília. Vão caminhar desde o
Banco Central até o Palácio do Planalto para exigir a efetiva implementação da
reforma agrária em nosso País. E mais: querem ver ampliados os acessos a
financiamentos para o setor primário e extinta de vez a discriminação sofrida pelas
mulheres em todos os setores, em particular nesse, uma vez que enfrentam
dificuldades para ter acesso às poucas linhas de crédito que o Governo coloca à
disposição dos trabalhadores rurais.
Sr. Presidente, temos consciência de que não alcançaremos as mudanças
exigidas neste País sem que haja uma profunda mudança nos rumos políticos do
Governo que aí está. Logo após a marcha, portanto, as mulheres estarão em vigília,
em Brasília, reivindicando e lutando pela instalação da CPI para investigar a
participação do Sr. Eduardo Jorge no desvio de 169 milhões de reais destinados à
construção da sede do fórum do Tribunal Regional do Trabalho no Estado de São
Paulo.
Se o Governo pensou que bastaria a chamada "Operação Abafa", conhecida
no Brasil inteiro; que bastaria a aplicação ou pelo menos a divulgação de uma agenda
positiva para abafar esse escândalo, a sociedade brasileira está mostrando que está
muito atenta, da mesma forma que as mulheres. As "Margaridas", depois da sua
marcha de hoje, estarão em vigília.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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Sr. Presidente, Sras. Srs. Deputados, ontem, na cidade de São Paulo, os
estudantes foram às ruas exigir a instalação da CPI. O Congresso Nacional não pode
fechar os olhos para aquilo que passou a ser o mais importante. Vamos investigar! E
por que o Governo não quer fazer isso? Porque teme, Sr. Presidente, pois quanto
mais o Sr. Eduardo Jorge fala, mais se enrola! Ele anda da sala para a cozinha
tentando se explicar e justificar uma lista que mostrou aqui e que contém uma relação
de 149 nomes de juízes. Ontem o seu advogado mandou uma relação contendo
noventa, ou seja, há nomes sendo retirados porque estão sendo questionados.
Portanto, Sr. Presidente, o movimento da sociedade civil organizada deste
País exige a instalação da CPI.
Muito obrigada.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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O SR. MARÇAL FILHO (Bloco/PMDB-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao ocupar esta tribuna, gostaria de discorrer
sobre alguns temas de interesse de meu Estado, Mato Grosso do Sul, e do Brasil
como um todo.
Em primeiro lugar, Sr. Presidente, registro minha preocupação com a
crescente onda de criminalidade e violência que assola o nosso País de canto a
canto, deixando temerosa toda a população.
Em Mato Grosso do Sul a situação não tem sido diferente, agravada pela
recente paralisação, por mais de uma semana, dos cabos e soldados da Política
Militar, deixando precário o policiamento em 76 dos 77 Municípios e colocando o
nosso Estado sob o risco de um caos ou de uma tragédia maior.
Os sul-mato-grossenses, como detentores da maior faixa de fronteira seca do
Brasil, não mereciam ser expostos a tantos riscos, a tanta omissão, o que se agrava
ainda mais pelo fato de fazermos fronteira com países tradicionalmente fornecedores
de armas, cocaína, maconha e crack para o Brasil, como comprovou a própria CPI do
Narcotráfico, composta por guerreiros e bravos Parlamentares desta Casa e que
estiveram em nosso Estado após minha solicitação.
Sr. Presidente, falar sobre crimes em nossa época é como procurar discorrer
sobre a água da chuva estando sob um temporal. Todo mundo vê o temporal, constata
as suas conseqüências e percebe a sua intensidade.
O mesmo ocorre com a criminalidade e a violência.
Furtos, roubos, seqüestros, torturas, homicídios, infanticídios, genocídios,
estupros, latrocínios, balas perdidas… Palavras incorporadas ao dia-a-dia de todo
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brasileiro, mesmo que de tenra idade. São ouvidas e lidas todos os dias, no rádio, na
televisão, nos jornais, nas revistas, na Internet e até mesmo nas conversas
corriqueiras.
É como se todas as trevas tivessem sido lançadas num caldeirão que foi
levado ao fogo. Quanto maior a temperatura, maior a agitação e o caos dentro do
caldeirão.
Porém, Sr. Presidente, mesmo acreditando que a violência é inerente ao ser
humano, não há como negar que a criminalidade tem aumentado assustadoramente
em nosso País, nos últimos tempos, em atos brutais e violentos cometidos por
pessoas de todas as classes sociais, econômicas e culturais.
Na semana passada, um aposentado, em um ato insano e aparentemente
premeditado, matou quase toda a sua família no interior de Minas e depois,
sobrevivendo a uma tentativa de suicídio, simplesmente disse que “estava fora de si” e
pediu desculpas a todos a quem machucou ou feriu.
É assim com quase todo mundo, Sr. Presidente.
E, como todos nós já sofremos algum tipo de agressão ou conhecemos alguém
que tenha sofrido, vemo-nos obrigados a ficar cada vez mais tempo dentro de nossas
próprias casas, como prisioneiros.
E os engenheiros projetam residências que são um verdadeiro presídio, ao
invés de serem moradias, tal a cautela e o investimento em segurança e privacidade.
Sras. e Srs. Deputados, o Anuário Estatístico do Brasil de 1994, editado pelo
IBGE, mostrou que o número de mortes por causas violentas cresceu 43,5% de 1982
a 1992.
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Em 1992, a cada dez mortes registradas uma teve causa violenta, sendo o
homicídio o fator principal. Em dez anos, morreram mais pessoas assassinadas do
que de câncer. Mais de 30 mil pessoas são mortas dessa forma todos os anos no
país.
Entre 1980 e 1995, os crimes violentos cresceram nada menos que 300% no
eixo Rio-São Paulo.
Em 1995, a cidade do Rio de Janeiro registrou um índice de 56 assassinatos
para cada grupo de 100 mil habitantes, um aumento de 11,7% em relação ao ano
anterior.
De acordo com um estudo feito pelo CDC de Atlanta, Estados Unidos, a
violência na cidade do Rio de Janeiro gera prejuízos da ordem de 1 bilhão de dólares
por ano. Na cidade de São Paulo, as mortes violentas foram a terceira causa de
mortes em 1995. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes na faixa etária de 15 a
19 anos passou de 49, em 1980, para 196, em 1991. No Distrito de Santo Amaro,
esse índice chegou a 313. Em agosto de 1997, a Prefeitura da cidade de São Paulo
divulgou um levantamento mostrando que o homicídio já era a principal causa de morte
entre adolescentes do sexo masculino.
Referindo-se ao Anuário Estatístico do IBGE, um angustiado editorial
jornalístico procurava respostas para o inexplicável aumento do número de homicídios:
Os dados do IBGE destinam-se não apenas a
conhecimento acadêmico: existem para que o poder público se
oriente por eles. Nesse caso, por que a violência cresceu
tanto? Tudo é apenas uma questão de falência do aparelho
policial por todo o país? Ou os três Poderes de Estado — o
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Executivo, o Legislativo e o Judiciário, em doses iguais, não
têm responsabilidade nesta ascensão vertiginosa da violência
nossa de cada dia?
Em algumas Capitais, Sr. Presidente, a violência criminal apresenta
características de uma guerra civil, com os traficantes de drogas ditando suas próprias
leis, às quais ficam submetidos os moradores.
Os seqüestros, um tipo de crime que até a década de 70 era bastante raro,
sendo levado a efeito sobretudo por motivos políticos, acontecem com freqüência
cada vez maior, agora com os chamados seqüestros relâmpagos.
Para aqueles que ainda não estão totalmente alheios ao que ocorre à sua volta,
o aumento da violência no Brasil dá o que pensar.
A que ponto chegaremos na prática de tais crimes?
Apelo, pois, Sr. Presidente, desta tribuna, ao Governo Federal, para que, em
sua sabedoria peculiar, consiga os meios necessários de sustar esse crescimento
vertiginoso da criminalidade, seja através de convênios com organismos
internacionais de direitos humanos, seja através de uma campanha de doação da
iniciativa privada, seja através de suplementação orçamentária.
O apoio político desta Casa não vai faltar ao Governo Federal, com certeza!
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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O SR. EULER MORAIS (Bloco/PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o programa IDH-14, anunciado pelo
Presidente Fernando Henrique Cardoso, no final de julho, para combater a pobreza
em quatorze Estados, é uma iniciativa louvável, mas peca pela seleção das áreas
regionais de investimento. A pobreza hoje não pode ser avaliada apenas por
estatísticas globais para definir as regiões mais carentes do País. A política de
combate às desigualdades regionais é importante e deve nortear as ações
governamentais em todos os setores. A aplicação ortodoxa dessa política, no entanto,
dividindo o País em Estados carentes e não-carentes e distribuindo os recursos de
acordo com estes critérios, pode gerar distorções sérias.
Os catorze Estados selecionados para serem atendidos pelo IDH-14
certamente enfrentam dificuldades, mas muitos dos Estados excluídos também têm
bolsões de miséria que, se não forem enfrentados, podem gerar os mesmos
problemas que a pobreza provoca nas áreas escolhidas. O próprio Presidente
Fernando Henrique Cardoso admitiu que o País está pronto para encarar a questão
da pobreza. É preciso, portanto, que o problema seja enfrentado de forma estratégica
para garantir o combate efetivo à pobreza.
O Brasil apresentou, de 1975 a 1998, um crescimento contínuo do Índice de
Desenvolvimento Humano — IDH, saltando de 0,63 para 0,75, o que permitiu que o
País mudasse de categoria e se aproximasse das nações que têm o IDH mais
avançado. As diferenças sociais, no entanto, não foram reduzidas. O IDH é calculado
pela soma da renda per capita, nível de escolaridade e esperança de vida.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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A concentração de pobreza em áreas metropolitanas, por exemplo, cresce
assustadoramente. É necessário que medidas urgentes sejam adotadas para evitar
que as melhorias do IDH não se transformem em um desestímulo para enfrentar a
miséria e a pobreza em áreas urbanas. Esta miséria é a raiz dos graves problemas
que o País atravessa nas últimas décadas, como a criminalidade, o tráfico de drogas,
o desabrigo e a falta de assistência médico-hospitalar.
Foram feitos estudos para saber como seriam financiadas as ações do IDH-14
e também a sua forma de gestão. Basicamente, o programa tem como objetivo
ampliar a educação básica, a renda familiar e garantir o saneamento básico nos
Municípios dos Estados escolhidos. Está prevista a aplicação de 11,5 bilhões de reais
até 2002.
O programa desenvolverá, entre outras ações, o apoio ao desenvolvimento do
ensino fundamental, que tem como meta atender, em cursos supletivos, 525 mil alunos
de 1º grau. O Governo Federal pretende também alfabetizar 1 milhão e 50 mil pessoas
entre 15 e 29 anos nos catorze Estados mais carentes do País.
O Governo também vai garantir que todas as famílias carentes que habitam os
Estados atendidos pelo Plano IDH-14 mantenham seus filhos de 7 a 14 anos na
escola, através do Programa de Garantia de Renda Mínima. Outra ação será o
atendimento a todos os Municípios dos Estados selecionados com equipes do
Programa Saúde da Família. No total, serão formadas 5.865 novas equipes para o
atendimento de 31 milhões de pessoas.
Na área turística, a Região Nordeste será reforçada com a implantação do
Programa de Desenvolvimento do Turismo II — PRODETUR II. As ações serão
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desenvolvidas com recursos provenientes do empréstimo concedido pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento — BID, no valor de US$ 300 milhões.
O Programa de Cesta Básica do Ministério da Agricultura — PRODEA
receberá uma dotação substancial de recursos para combater a fome nas regiões
pobres. O IDH-14 não vai desenvolver ações novas, mas trabalhará em cima de
catorze projetos já existentes no PPA e que têm ligação direta com os critérios
adotados pelo Índice de Desenvolvimento Humano. E muitas das ações também
foram sugeridas pela Comissão Mista de Combate à Pobreza do Congresso
Nacional, da qual tive a honra de participar.
A estrutura gerencial estratégica do programa ficará ligada diretamente à
Presidência da República e as ações serão desenvolvidas em convergência com o
Avança Brasil. O programa, repito, é louvável e indispensável, mas a exclusão de
Goiás e São Paulo, por exemplo, é injustificável, pois somente nestes dois Estados há
bolsões de miséria que necessitam ser urgentemente dissipados.
Em Goiás, por exemplo, temos a região nordeste do Estado, o Entorno do
Distrito Federal e as Regiões Metropolitanas de Goiânia e Anápolis, que enfrentam
graves problemas sociais, e sem um esforço conjunto de Governos Municipais,
Estadual e Federal se tornarão incontroláveis em curtíssimo prazo. O principal risco é
para a vida de milhares de pessoas que vivem nessas áreas e que, por estarem
localizadas em regiões um pouco mais ricas, ficarão excluídas dos benefícios que
serão proporcionados pelo IDH-14.
Faço um apelo, portanto, ao Presidente Fernando Henrique Cardoso para que
reveja os critérios, a fim de permitir que áreas muito pobres das Regiões
Centro-Oeste, Sudeste e Sul também sejam atendidas pelo programa.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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O SR. JOÃO GRANDÃO (PT-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna primeiramente para congratular-me com
a Polícia Rodoviária Federal pelo transcurso de seu 72º aniversário de criação. De
forma especial, parabenizo a Polícia Rodoviária do Estado de Mato Grosso do Sul,
especialmente a da cidade de Dourados.
A iniciativa do Deputado José Pimentel, do meu partido, de propor uma sessão
solene para homenageá-la é motivo de satisfação para nós. Sabemos da atuação da
Polícia Rodoviária Federal no Estado de Mato Grosso do Sul, principalmente na
região da Grande Dourados. Ela tem prestado serviço de fundamental importância
para a sociedade, quer seja na investigação de furto de veículos, quer seja no
combate ao tráfico.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, outro motivo que me traz a esta tribuna
é o fato de, na semana passada, ter sido estampado em jornal de grande circulação
do Estado de Mato Grosso do Sul, o Correio do Estado, que a Polícia Federal
investigará o desvio de verbas destinadas ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério — FUNDEF
na cidade de Dourados.
No instante em que ali foi instalada uma CPI para apurar esses fatos, era
Vereador daquela cidade e por algum tempo fui o Relator da CPI. Tínhamos convicção
de que algo estava errado na aplicação do dinheiro do FUNDEF. E não tivemos
dúvida, então, em tomar essa posição. Lamentavelmente, quando da apuração do
resultado da CPI, um número substancial de Vereadores da cidade de Dourados, não
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entendendo os objetivos da Comissão, não aceitaram seu resultado e ela foi
arquivada.
Mas nós não nos calamos e procuramos então a Comissão de Educação desta
Casa, da qual foi retirada uma Comissão Especial para discutir e analisar as
questões relativas ao FUNDEF. Solicitamos à Câmara de Vereadores de Dourados a
documentação da CPI e a entregamos à Comissão Especial, cujo Presidente, para
minha felicidade, é o companheiro Gilmar Machado, do Partido dos Trabalhadores.
Fomos imediatamente atendidos e tudo foi feito para se chegar a uma conclusão.
Não tivemos dúvidas: entramos com uma ação para que fosse efetivamente
investigado o desvio de verbas do FUNDEF na cidade de Dourados. E, felizmente,
agora, depois de um período, a Polícia Federal está investigando — em função até da
ação que impetramos — e foi em busca da documentação da citada CPI da Câmara
de Vereadores, para apurar, realmente, o desvio de verbas do FUNDEF naquela
cidade.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não basta apenas sermos Deputados,
temos que, acima de tudo, ter compromisso com a sociedade; temos que, acima de
tudo, ter coragem de investigar, de propor a investigação, a fim de demonstrarmos à
sociedade qual nosso papel nesta Casa. E, com certeza, Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, não seremos omissos de forma alguma.
Assim foi na questão do FUNDEF e assim será em relação a outras verbas,
porque não podemos, de forma alguma, admitir que o dinheiro público seja jogado no
ralo, como está acontecendo neste País. E deixo registrado para a sociedade
mato-grossense-do-sul e para a sociedade brasileira que minha função enquanto
Deputado Federal é estar atento, independentemente do Estado ou do Município onde
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houver desvio de verbas. Com certeza, vamos denunciar, como fizemos na questão do
FUNDEF na cidade de Dourados.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
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O SR. HUGO BIEHL (PPB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.
e Srs. Deputados, com muita freqüência, desta tribuna, por meio dos pronunciamentos
de vários colegas, e pelo Brasil afora, é feita a seguinte indagação: o que fazer para
superar a crônica dificuldade de renda na pequena propriedade rural?
Faço, nesta manhã, o registro de uma ação realizada em Santa Catarina,
estimulada pelo Governo do Estado. Refiro-me ao denominado Programa
Catarinense de Reflorestamento.
Em busca de alternativas econômicas para o pequeno produtor rural, que
explora suas atividades na pequena propriedade, o Governo do Estado criou uma
ação inédita, que considero muito criativa.
É sabido que as florestas de nosso País encontram condições excepcionais de
desenvolvimento. Temos um clima de temperado a tropical, com excelente
luminosidade e umidade, o que proporciona, na verdade, condições de muita
competitividade com outros países. Enquanto no Brasil, por exemplo, as nossas
florestas plantadas permitem a colheita a partir do décimo quinto ano, em países
como o Canadá essa possibilidade ocorre praticamente no dobro do tempo, por se
tratar de uma região excessivamente fria, o que faz com que seu crescimento
vegetativo seja menor.
Sabemos que a madeira é uma importante opção econômica, uma atividade
de valor econômico significativo, um importante fator de preservação ambiental e
ainda temos ganho em termos de paisagem. Para que os pequenos produtores
possam reflorestar, transformar a floresta em uma atividade econômica,
especialmente na pequena propriedade, em Santa Catarina está sendo estimulado o
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uso de áreas em que há restrições, seja pela declividade do terreno, seja por outros
fatores que impedem a exploração da atividade tradicional.
Aí está a criatividade a que me refiro do Governo do Esperidião Amin, de
Santa Catarina, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura,
comandada pelo Secretário Odacir Zonta, Deputado Estadual.
Os pequenos produtores rurais estão tendo acesso a um programa florestal
que proporciona a antecipação de receita, em valor que corresponde a meio salário
mínimo por mês, durante quatro anos, para nesse período cultivar dois hectares de
floresta com essências econômicas.
Essa antecipação de receita ocorre na forma de empréstimo. A dívida
correspondente será paga em vinte anos, sendo que 10% no décimo segundo ano;
20% no décimo sexto ano, e os restantes 70% no vigésimo ano. O débito será
corrigido pela equivalência produto.
Estamos sugerindo ao Ministério do Desenvolvimento Agrário que a mesma
medida seja estendida aos assentamentos da reforma agrária em todo o Brasil.
Tenho certeza de que estamos concretamente diante de um programa de renda
mínima. As conseqüências no campo, especialmente nos aspectos econômico, social
e ambiental, representam magnífica vantagem em relação a qualquer outra iniciativa
que possa ser adotada em busca da minimização das dificuldades de renda na
pequena propriedade rural.
Fica comprovado, mais uma vez, que nem sempre uma dificuldade, quando
desafiadora, como a renda dos pequenos produtores, exige solução complexa.
Plantar árvores é uma equação muito simples. O mais humilde dos nossos
trabalhadores não precisa voltar a um banco escolar para que tenha os conhecimentos
necessários para essa atividade.
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Com certeza, todos estaremos ganhando quando esta experiência for
estendida a todo o Brasil.
Na condição de representante de Santa Catarina nesta Casa, honra-me muito
ver o meu Estado tomando iniciativas tão criativas para problema tão complexo como
a questão da renda rural.
Esta medida não implica renunciar a outras atividades ou mesmo substituí-las
Em verdade, essas florestas serão verdadeiras poupanças. Um hectare de pinos, por
exemplo, com quinze anos, vale no mercado aproximadamente 20 mil reais. Daqui a
quinze anos valerá muito mais.
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O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, chamam-me a atenção, neste momento eleitoral, as
artimanhas e mutretas — palavra mais correta — de diversos candidatos a Prefeito ou
Vereador, na perspectiva de burlar uma das leis que esta Casa votou, a Lei de
Combate à Corrupção Eleitoral. É bom frisar que a essa lei foi consignado o apoio de
mais de 1 milhão de cidadãos, visando à moralização das eleições.
Não contente com esses instrumentos que buscam a lisura, ou seja, eliminar as
diferenças que, às vezes, a vitória já garantida a determinados candidatos provoca,
alguns Prefeitos e candidatos a Vereador — em particular na cidade de Ribeirão do
Largo, na Bahia — começam a buscar alternativas.
V.Exa. conhece muito bem isso, Sr. Presidente, porque é de Barreiras e sabe
como age aquela tropa, que tentou até agredi-lo, que o tem ameaçado de morte e que
tem atuado na perspectiva de ganhar as eleições permanentemente com fraude.
Como a urna eletrônica elimina hoje o mapismo, está na hora de fazer a
transferência de eleitores ou um esquema de doação de bens e de porcarias que
terminam comprando, às vezes, a consciência das pessoas, para se consagrar a
vitória eleitoral.
Em Ribeirão do Lago, fizeram diversas transferências de títulos que
objetivaram representação movida pelo nosso companheiro candidato a Prefeito da
cidade, Ascário Viana da Rocha, na Promotoria Pública da cidade de Encruzilhada,
tentando — com provas materiais — eliminar essa distorção.
São feitas promessas que permanentemente se apresentam como vantajosas
para que as pessoas transfiram os seus títulos e dêem os votos a determinados
candidatos. São transferências de 150 pessoas, número que decide a eleição num
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Município pequeno e que garante a eleição de Vereadores. Nós constatamos onde
essa pessoa morava realmente e fizemos a denúncia.
Manobras de transferência como essa patrocinada em Ribeirão do Largo
estão largamente ampliadas na Bahia por alguns Prefeitos. Tive a oportunidade de
vislumbrar esta prática, Deputado Saulo Pedrosa. Na cidade de Jânio Quadros,
também na região sudoeste, os Prefeitos agora adotam a nova prática de fazer a
chamada compra do voto: para tentar evitar o flagrante, não entregam mais o material
diretamente ao eleitor: acertam com os armazéns e com as lojas um processo de
entrega de filtros, botijões, telhas, sacos de cimento, como se as pessoas estivessem
fazendo uma compra naquela loja de material de construção. Tentam evitar que, por
meio da Lei de Combate à Corrupção Eleitoral, consigamos sustar candidaturas,
banindo de uma vez por todas essa prática.
Vi isso com meus próprios olhos. Por isso chamo a atenção da Casa para a
possibilidade de fazermos o cruzamento de informações. Lamentavelmente a Justiça
Eleitoral, em virtude de sua composição e dificuldades, às vezes julga esses casos
com tanto atraso que não é mais possível solucionar o crime cometido e, portanto,
fazer justiça.
Estamos levantando não só esse problema, mas também o gravíssimo caso
ocorrido na cidade de Itabuna, envolvendo o Deputado Geraldo Simões, nosso
candidato a Prefeito: foi concedido pelo juiz daquela cidade ao seu atual Prefeito o
direito de resposta, de forma absurda. Julgando-o atingido por um programa eleitoral
de uma hora veiculado pelo rádio, o juiz da cidade de Itabuna concedeu ao atual
Prefeito o direito de resposta multiplicado por cinco: o programa durou uma hora, e o
juiz resolveu conceder àquele Prefeito cinco horas de direito de resposta, divididas em
cinco dias. Trata-se de fato inédito. Eu poderia dizer que o juiz aplicou a multa com
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juros e correção monetária. Parece brincadeira, mas esse mesmo juiz, quando
denunciamos absurdos contra Fernando Gomes, sequer analisou as denúncias.
Portanto, é por causa desse quadro que temos de ficar vigilantes,
principalmente na Bahia dos coronéis.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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O SR. SERAFIM VENZON (PDT-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Santa Catarina está sendo discriminada em
relação aos demais Estados, no que tange aos investimentos do Ministério do
Trabalho com os recursos do FAT.
A situação sociopolítica exige uma qualificação cada vez maior dos
funcionários em todos os setores.
Por isso, uso esta tribuna para pedir que seja revista a decisão de
contingenciamento dos recursos destinados ao Plano de Educação e Qualificação
Profissional de Santa Catarina, uma vez que os cortes propostos deverão acarretar
dificuldades ao Estado, tendo em vista que o comprometimento dos investimentos
conveniados com o TEM/FAT foi efetuado por intermédio dos Fóruns Municipais de
Educação Profissional. Tal fato, por si só, deverá gerar perda de credibilidade e um
enorme atraso na execução das ações de qualificação.
Acrescente-se ainda que esse contingenciamento implica, em Santa Catarina,
restrição do acesso às ações de educação profissional para aproximadamente 64 mil
trabalhadores, frente aos 203 mil propostos anteriormente, bem como diminuição do
número de trabalhadores a serem atendidos em 2000; a projeção agora é de 139 mil.
Em 1999 foram atendidos 183 mil trabalhadores.
Entende-se que a retomada do emprego e do desenvolvimento no Estado
ficará comprometida, uma vez que os recursos alocados para a qualificação
profissional constituem importante alavanca para a continuidade e o desenvolvimento
de ações integradas de geração de emprego e renda.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, gostaria de denunciar a morte estúpida de um estudante de 20 anos, João
Cláudio, ocorrida aqui em Brasília. Enquanto estamos trabalhando pelo
desenvolvimento de uma estrutura melhor para a segurança pública, aqui na Capital
brasileira, o Presidente, por sua vez, quer desconstitucionalizar a segurança pública.
Pedimos providências e que seja registrada nos Anais matéria do Correio
Braziliense sobre o referido crime.
MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR
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INSERIR A MATÉRIA DO CORREIO - GONZAGA PATRIOTA
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O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.
e Srs. Deputados, quando eu era Deputado Estadual, na legislatura passada,
denunciamos por mais de uma vez o Governo Jaime Lerner por corrupção. Uma de
suas fontes infindáveis de recursos para os amigos e para ele era o Banco do Estado
do Paraná, principalmente o Leasing BANESTADO.
Através do Leasing BANESTADO inúmeras empresas sem lastro obtiveram
empréstimos que não conseguiram saldar. O Ministério Público Estadual e o
Ministério Público Federal investigaram 33 empresas envolvidas na corrupção do
Banco do Estado do Paraná.
Dessas 33, três acabaram sendo denunciadas como empresas favorecidas,
empresas que utilizaram a corrupção para obter dinheiro. São empresas do
ex-Governador de Sergipe, o Sr. João Alves, do PFL, partido que — chamo a atenção
— é o mais envolvido com a corrupção neste País. Todas as vezes que se cita um
político envolvido com corrupção, a sigla do partido que o acompanha raramente não
é a do PFL. O Sr. João Alves foi favorecido através da empresa Amorim Sergipe
Transportes Ltda., da Rápido Laser Ltda. e da Habitacional Construções Ltda.
Chamo a atenção para um detalhe: o Governador do Estado do Paraná, Sr.
Jaime Lerner, foi Prefeito biônico da cidade de Curitiba, indicado pelos generais
durante a ditadura militar. O Sr. João Alves — e isso não é coincidência — também foi
Prefeito biônico de Aracaju, indicado pela ditadura militar. Ocorre que o Sr. Jaime
Lerner assume o Governo. E para que S.Exa. honre compromissos políticos, acordos
econômico-financeiros feitos pelo Sr. João Alves, é que favorece essas empresas.
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Quero chamar a atenção também para o fato de que essas empresas
chegaram a dizer que tinham sede em Curitiba, porém, deram endereços falsos.
O Sr. Jaime Lerner, entre 1976 e 1977, prestou consultoria ao Projeto de
Urbanização da Orla Litorânea de Aracaju e também projetou uma rua 24 horas para a
cidade de Aracaju.
Sr. Presidente, o Sr. Jaime Lerner fez esses projetos quando o Sr. João Alves
era Governador e recebeu por essas consultorias. Agora, o Sr. Jaime Lerner, quando
Governador, favorece as empresas de João Alves.
O Ministério Público também responsabilizou o ex-Diretor do BANESTADO
Leasing, Sr. Osvaldo Magalhães dos Santos, que faleceu num acidente de trânsito.
Quando nossa bancada denunciou o Sr. Osvaldo por corrupção, o Governador Jaime
Lerner o premiou, indicando-o para Secretário de Estado de Esportes e Turismo.
No Governo do Sr. Jaime Lerner, cada vez que alguém é denunciado como
corrupto, é promovido, é exonerado do cargo que exerce e passa a ocupar um cargo
superior como prêmio. E agora, na conclusão de inquérito da Polícia Federal, do
Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal, foram indiciadas várias
dessas pessoas envolvidas em corrupção.
O Sr. Osvaldo Magalhães dos Santos era filho do Deputado Federal Joaquim
dos Santos, que também é do PFL.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
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O SR. JOSÉ THOMAZ NONÔ (PFL-AL. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, integro há muitos anos o Grupo Brasileiro da
União Interparlamentar. Nessa condição, fui eleito em Pequim, em 1996, Presidente
da Segunda Comissão da União Interparlamentar e, em 1998, reeleito em Moscou. Na
Indonésia, em outubro, completo os quatro anos que são permitidos a qualquer
Parlamentar desempenhar cargo de Presidente na União.
Registro, com muita satisfação, entre outras coisas, que pude desenvolver,
representando o povo e o Parlamento brasileiro, juntamente com o Comitê
Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, a confecção de um livro de
bolso para Parlamentares do mundo inteiro que trata de questões específicas da Lei
Humanitária Internacional.
Lançamos esse livro em Berlim, em outubro de 1999, e hoje tenho a satisfação
de dizer que ele foi traduzido para o russo, o chinês, dois dialetos indianos, além das
línguas oficiais da Comissão: árabe, inglês, francês, espanhol e italiano.
De volta ao Brasil, solicitei ao Presidente Michel Temer que a Câmara dos
Deputados se encarregasse da tradução desse documento importantíssimo. O
trabalho foi concluído em maio do ano em curso.
Recebi, de Genebra, comunicação de Mademoiselle Christine Pintat,
Assistente Secretária-Geral da União, informando que o Comitê Internacional da Cruz
Vermelha propiciou a impressão de 3 mil cópias desse livro de bolso em português,
que teremos o prazer de lançar na Conferência Interparlamentar de Jacarta, na
Indonésia, entre 15 e 21 de outubro vindouro.
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Trata-se de obra de extrema relevância e, quero crer, de muita utilidade para
Parlamentares de língua portuguesa, não apenas no Brasil, mas em toda a
comunidade africana e em Portugal, que se expressam na língua de Camões.
Esse pequeno livro explica todo os mecanismos necessários para se fazer
aprovar uma lei que contemple os direitos humanitários, ao tempo em que também
instrui os Srs. Parlamentares de todos os conceitos básicos que orbitam em torno
dessa atividade. Aliás, abordando a matéria, estive no mês passado representando o
Presidente Michel Temer num congresso internacional, levado a cabo em Fortaleza,
sob a condução do Ministro Francisco Rezek, hoje representante do Brasil na Corte
Internacional de Haia.
Faço questão de declarar isso porque, sendo um Parlamentar do PFL, há uma
presunção tão ficta quanto equivocada de que apenas Parlamentares do Partido dos
Trabalhadores e outras coisas que tais se dedicam a esse tema. Quero dizer que
temos muito orgulho de abordá-lo com serenidade e profundidade, dando dimensão
internacional ao tema dos direitos humanos neste País.
Tenho certeza de que no mês de novembro poderei passar às mãos de todos
os 513 Deputados e 81 Senadores do Congresso Nacional um exemplar desse
trabalho em português, que, espero, seja de grande valia a todos aqueles que queiram
se debruçar sobre a matéria. Da mesma forma, vamos enviar exemplares às
Assembléias Legislativas e ao Ministério da Justiça. É importante que Parlamentares
e não-Parlamentares que se queiram debruçar sobre o tema do Direito Internacional
Humanitário o façam — a literatura técnica é muito escassa nessa matéria —,
evidentemente, com conhecimento de causa. É esse o objetivo do nosso trabalho.
Por último, desejo salientar que tal não seria possível apenas com o trabalho
dos Parlamentares que integram a Comissão. No caso, há mais dois colegas.
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Refiro-me aos Vice-Presidentes do Quênia e da Nova Zelândia. Na realidade, quem
deu a dimensão e quem prestou a assessoria técnica à feitura desse livro de bolso foi
o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, através do Presidente Cornelis Somaruga.
Concluo, Sr. Presidente, dizendo que, hoje, essa contribuição modesta de um
Parlamentar brasileiro está difundida em todo o globo, através dos 142 Parlamentos
que integram a União Interparlamentar.
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O SR. SÉRGIO NOVAIS (Bloco/PSB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Lei da Anistia vai completar 21 anos no dia 18
de agosto, portanto, daqui a dez dias. Pasmem, Sras. e Srs. Deputados, quando dos
vinte anos da referida lei, no ano passado, houve toda uma movimentação por parte
de estudantes, trabalhadores rurais e autônomos, militares, que não foram
contemplados com a anistia, no sentido de que o Governo Fernando Henrique
Cardoso instituísse uma comissão, para que, a partir dela, ficassem resolvidas todas
as questões pendentes. São milhares de trabalhadores, alguns inclusive já falecidos,
que não tiveram direito a uma conquista que o povo brasileiro retomou depois do
período negro que vivemos.
Infelizmente, passado um ano, a medida provisória do Governo a respeito
ainda não foi editada e a injustiça permanece. Faço este apelo ao Presidente
Fernando Henrique Cardoso — um ex-exilado —, ao Ministro José Serra, ao
Secretário-Geral da Presidência, Deputado Aloysio Nunes Ferreira. Enfim, se não
bastar o critério de justiça, lembro que o Presidente Fernando Henrique Cardoso e
outros sofreram na pele as conseqüências da ditadura e foram também anistiados.
Queremos fazer justiça!
Portanto, acredito que, no dia 18, o limite da maioridade da Lei da Anistia, é
preciso chegar a esta Casa a medida provisória que garante anistia a estudantes,
trabalhadores rurais, trabalhadores autônomos, militares, enfim, todos os que não
foram contemplados pela anistia de 1979.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, passo a abordar outro assunto. Ontem,
na Comissão de Desenvolvimento Urbano e Interior, tivemos um episódio do qual o
Brasil e esta Casa precisam ter conhecimento.
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Em 1998 foi privatizada a Companhia de Eletricidade do Ceará — COELCE,
comprada por um grupo chileno/espanhol, o consórcio DISTRILUZ. Com pouco mais
de dois anos de privatização, o que temos? Uma situação de blecaute permanente,
fechamento de postos de serviços etc. Em algumas localidades o posto de serviço
mais próximo está a cinqüenta quilômetros. Isso interfere no trânsito da cidade, no
abastecimento d'água, na coleta de esgotos, no funcionamento dos hospitais e dos
bancos de sangue. Essa empresa, COELCE, comandada pelo consórcio DISTRILUZ,
repito, está causando um verdadeiro caos no Ceará, e não foge à regra, porque é o
mesmo grupo que comanda a CERJ, do Rio de Janeiro.
Mas há um elemento novo no Ceará: de abril de 1998 até hoje, agosto de 2000,
morreram dezenove trabalhadores! Dezesseis deles morreram por acidente de
trabalho, sendo que, desses, quatorze de choque elétrico; dois morreram por
acidentes de percurso — moto, carro; e três por suicídio, devido à pressão interna,
processo de demissão.
Em relação aos fatos relatados neste momento da tribuna, estou tentando abrir
uma PFC para fiscalizar essa matéria na Comissão. Mas, pasmem, a exemplo do que
estão fazendo com o Eduardo Jorge, porque não querem a CPI, um Deputado do
PSDB, Adolfo Marinho, derrubou a sessão em busca de quorum diversas vezes, pois
não quer que a COELCE seja fiscalizada.
Fica a pergunta: por que S.Exa. não quer que a COELCE seja fiscalizada?
Está na folha de pagamento dessa empresa? O que está fazendo com esses chilenos
e espanhóis que estão matando os trabalhadores, estão maltratando mais de 6
milhões de cearenses? Por que esse Deputado vem tratando dessa questão
cinicamente?
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Concluindo, ontem, depois de diversas manobras, tínhamos um projeto do
Deputado Franco Montoro. Nem a memória de S.Exa. foi respeitada. Para não pedir
verificação de quorum na PFC, os Deputados pediram verificação de quorum num
projeto do Deputado Franco Montoro, sobre o qual havia consenso na Comissão, que
pelo menos merecia do PSDB e desse Deputado respeito por não estar mais entre
nós.
Fica, portanto, meu registro. A defesa da COELCE é tão forte que leva esse
Deputado do PSDB a pedir verificação de quorum para um projeto do então
Deputado Franco Montoro.
Deixo estas palavras de indignação, porque não estamos aqui para defender
consórcios de estrangeiros, que estão maltratando e matando nosso povo, e, sim,
para fiscalizar, no sentido de que esses consórcios prestem serviços adequados.
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O SR. UBIRATAN AGUIAR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Saulo Pedrosa) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. UBIRATAN AGUIAR (Bloco/PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, vejo que na pauta da Ordem do Dia da sessão extraordinária
desta manhã só consta o Projeto de Lei nº 4.434-B, de 1998, do nobre Deputado Luiz
Carlos Hauly, que dispõe sobre o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES.
Não consta o projeto de minha autoria, já vindo do Senado Federal e que foi objeto de
votação ontem em regime de urgência urgentíssima.
Solicito providências no sentido de que, cumprindo norma regimental, essa
matéria seja apreciada na sessão extraordinária, nos termos do acordo que foi ontem
celebrado nesta Casa.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. PRESIDENTE (Saulo Pedrosa) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado
Paulo Paim.
O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, vimos à tribuna lamentar notícia veiculada nos meios de
comunicação, dando conta da destruição de cerca de 45 mil pares de tênis durante
esta semana pela Receita Federal do Rio de Janeiro. Os produtos são falsificações
da marca Nike, apreendidos no porto do Rio de Janeiro. A própria fabricante solicitou
sua destruição.
Segundo informações da alfândega do porto do Rio de Janeiro, existem 80 mil
pares de tênis apreendidos. Destes, cerca de 70 mil são da marca Nike. Para esse
tipo de mercadoria há quatro destinos: leilão, doação, incorporação para uso do
Estado e destruição. Num caso de falsificação como esse, a doação precisaria ser
autorizada pelo detentor da marca. A Nike, que estima entrarem no mercado
anualmente cerca de 1 milhão de pares de tênis falsificados, não autorizou a doação e
quer a destruição dos tênis apreendidos.
Sr. Presidente, um país que tem cerca de 40 milhões de famintos, excluídos do
processo econômico, não pode ter uma legislação que se dê ao luxo de ignorar essa
realidade.
Com base nesse fato, estamos encaminhando a esta Casa proposta de
alteração da legislação, para que, nos casos de falsificação, o material apreendido,
uma vez útil e necessário para a sobrevivência da população, seja doado,
independentemente da vontade da empresa detentora da marca. Se o problema é o
emblema da Nike, sugerimos ao Governo Federal que o retire — e formas para isso
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existem —, concedendo, assim, aos excluídos deste País o direito de, pelo menos,
terem seus pés calçados.
Era o que tínhamos a registrar.
Obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. SÉRGIO CARVALHO (Bloco/PSDB-RO. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com tristeza que presenciamos
a grave crise que afeta a Companhia de Abastecimento de Águas e Esgotos de
Rondônia, que tem sido presença obrigatória nos noticiários do nosso Estado por
vários desmandos, mas nunca por cumprir sua função primordial, que é a de
abastecer de água as casas dos rondonienses.
Desgovernada, a CAERD está vivendo uma situação que seria hilária, não
fosse trágica. Ela continua mandando religiosamente contas de água, todos os
meses, aos consumidores, embora em algumas áreas da cidade essas mesmas
pessoas que recebem as contas para pagar não vejam água em suas torneiras há
noventa, cem, 120 dias. Bairros inteiros, populosos, estão desabastecidos há longo
tempo, sem que a empresa tome qualquer providência ou o Governo do Estado
intervenha na estatal para resolver seus graves problemas.
A questão, Sr. Presidente, é que o desmando começa no próprio Governo, hoje
o maior devedor da CAERD, com mais de 7 milhões de reais que jamais foram
pagos. A partir daí começa toda a baderna. Sem receber do seu principal devedor, a
empresa tenta aplicar uma espécie de golpe nos consumidores — aqueles mesmos
que não vêem água em suas torneiras há meses —, enviando cobranças que, é claro,
o consumidor ultrajado se nega a pagar. Sem dinheiro para investimentos, com
equipamentos ultrapassados, com seus funcionários em greve há longo tempo por
salários atrasados que nunca são pagos conforme o prometido, a CAERD está muito
perto de se tornar o exemplo do que pior existe no País em termos de empresa
pública.
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Moradores que tentam protestar junto à empresa sequer são recebidos. Os
protestos aumentam, enquanto a água diminui cada vez mais. Só para dar um
exemplo, no Bairro Nossa Senhora das Graças, que há mais de noventa dias não é
abastecido, a única explicação que a empresa dá aos consumidores é que ali há
problema de vazamento na rede de distribuição. Uma piada de mau gosto, já que os
moradores sabem que não há vazamento algum, até porque, se realmente existisse,
nenhuma empresa no mundo demoraria noventa dias para resolver a questão.
O que mais impressiona é a passividade, a falta de ação, a falta de
compromisso com a população de parte do Governo do Estado, que vê a empresa
esfacelar-se, vê os consumidores de vários bairros sem água há meses e não toma
nenhuma providência, como se o problema fosse de outro. Aliás, embora na teoria
nada tenha a ver com o assunto, a Prefeitura de Porto Velho poderia decretar estado
de calamidade e tomar conta da CAERD, para que a população de quase 400 mil
pessoas na Capital não ficasse abandonada, com torneiras secas. O problema é que
ninguém faz nada, deixando milhares de pessoas jogadas à própria sorte.
Embora em greve, quando há situações de emergência, funcionários
dedicados da CAERD, por vezes até com próprios recursos, tratam de resolver o
problema, para não prejudicar ainda mais a população. Muitos servidores,
desesperados, sem receber salários — ou quando os recebem é com grande atraso
—, acabam dependendo de amigos e parentes para não morrer de fome. De outro
lado, na empresa e no Governo do Estado, todos lavam as mãos, com o perdão do
trocadilho. Só a população não tem mais a quem recorrer, vivendo uma tragédia diária
sem água, a não ser aqueles que, com mais posses, perfuram poços artesianos, pois
desistiram de esperar pela água de uma empresa que há muito tempo não funciona.
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A esculhambação que virou a CAERD, motivo de piada de humor negro em
Porto Velho e em várias cidades do interior, precisa ser tratada com rigor. Se os
governantes omitem-se, é hora de o Poder Judiciário ser acionado e obrigar a
empresa, tão pródiga e pontual em cobrar por um serviço que não presta, ao menos a
começar a trabalhar em benefício dos consumidores. Do jeito que está, é melhor a
CAERD fechar as portas e entregar os serviços de abastecimento de água para os
Municípios. Do jeito que está, definitivamente, ninguém, mais agüenta!
Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. Finalmente, o Ministério Público
e o Conselho de Administração de Defesa Econômica – CADE vão decidir sobre
várias denúncias encaminhadas pelo Programa de Proteção ao Consumidor –
PROCON de Porto Velho, Rondônia, em relação à formação de cartel dos postos de
combustível da Capital.
As denúncias existem há muito tempo, vindas de consumidores inconformados,
da imprensa e muitas vezes desta tribuna, onde tenho batido na tecla de que é preciso
punir exemplarmente os especuladores, que formam cartel para prejudicar o
consumidor. Os fatos, repetidos sem que nenhuma medida prática tenha sido tomada
até agora, afinal foram levados ao CADE, que instaurou processo para apurar
detalhadamente a questão e em poucos dias dará seu posicionamento oficial, que,
esperamos, seja benéfico aos consumidores.
Nos processos encaminhados ao Conselho de Administração de Defesa
Econômica, consta a relação completa, com datas e locais, dos preços idênticos
cobrados por vários postos de combustível, durante vários meses, principalmente em
Porto Velho. Todos os postos cobravam o mesmo preço pelo combustível e, às vezes,
com o intuito de disfarçar o cartel, encontravam-se diferenças ínfimas, geralmente
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menores do que 5 centavos de um local para outro. A mesma equivalência de preços
constatou-se nos preços cobrados pelo combustível em postos da mesma rede.
No dia 28 de julho passado, o Diretor do PROCON de Porto Velho, Sr. Luiz
Carlos Felizardo, encaminhou ofício ao CADE, demonstrando a prática abusiva de
preços, formação de cartel e várias outras denúncias. Agora, sob a esfera do
Ministério da Justiça, certamente o caso será julgado e, temos certeza, os
responsáveis punidos exemplarmente, embora muitos proprietários de postos
continuem desrespeitando a lei e formando cartel às claras, sem temor algum de
sanções. E, mesmo enquanto o caso estiver sendo julgado, o PROCON pede aos
consumidores que continuem fazendo suas denúncias, porque todas elas serão
encaminhadas aos órgãos competentes para rigorosa apuração e punição exemplar
dos envolvidos
Depois disso, Sr. Presidente, há ainda outra questão que preocupa os
consumidores de Porto Velho e vários outros Municípios de Rondônia. Trata-se da
suspeita, surgida há muito tempo, da mistura ilegal da gasolina com outros produtos.
Várias denúncias já foram formuladas nesse sentido. Desta tribuna estamos também
solicitando aos órgãos responsáveis que intensifiquem a fiscalização dos postos de
Rondônia, pelo menos com a intenção de tranqüilizar os proprietários de veículos, que
suspeitam, em muitos casos, estar sendo utilizada a chamada gasolina “batizada”, ou
seja, misturada com outros produtos, que acaba prejudicando a performance dos
carros e fazendo com que os motores durem muito menos do que a previsão das
fábricas.
Somente com fiscalização contínua e feita em grande escala, em todo o
Estado, as irregularidades poderão ser comprovadas. Como no caso da formação de
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cartel, que acabou sendo investigada depois de inúmeras denúncias, a questão da
qualidade de combustível comprado nos postos de Rondônia também merece
atenção especial das autoridades.
Felizmente, Sr. Presidente, o consumidor está aprendendo a reclamar e o
Governo está criando mecanismos de apuração das denúncias e punição dos
culpados. É assim que deve ser a relação entre empresas e consumidores num país
moderno: respeito mútuo, preços justos, concorrência leal. Se não for assim, o
consumidor já sabe como agir e tem procurado, cada vez mais, os seus direitos.
Era o que tinha a comentar.
Muito obrigado.
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O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PSDB-ES. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no mundo de nossos dias,
avulta-se a importância dos tributos como nunca antes, em qualquer outra época do
passado.
O que estava em jogo em tempos de outrora era apenas a sobrevivência do
Estado por meio da coleta de impostos e de taxas devidos pelas empresas e pelos
cidadãos. O pagamento daqueles tributos era uma questão que ganhava
principalmente relevância social, pois somente cidadãos proprietários de bens, entre
os quais os escravos, eram contribuintes dos cofres públicos, e, excluídas as
mulheres, tinham direito exclusivo de votarem e de serem votados para cargos
eletivos.
Por sua vez, o Estado era pequeno em tamanho e em obrigações, e
bastava-se com recursos modestos, apenas indispensáveis ao funcionamento dos
serviços elementares da sociedade de então.
Ao longo do tempo, com a evolução dos costumes sociais e políticos, os
impostos deixaram de ter a marca de privilégios de poucos e ganharam status de
universalização. O seu pagamento de ser símbolo de status social e de poder
econômico para se converter em sinônimo de obrigação social e política, enquanto o
Estado agigantava-se para responder ao crescente aumento da população e das
novas obrigações sociais e nacionais.
Diríamos que os impostos foram democratizados nessa evolução. Deixaram de
ser privilégio de minorias e estão agora ao alcance do maior número possível de
cidadãos, sendo o mesmo um símbolo de exercício consciente da própria cidadania.
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A questão, porém, adquire contornos mais sérios quando entramos no mérito
do edifício fiscal, erguido e consolidado no País ao longo do tempo, e que está agora
a reclamar urgente e profunda reforma para impedir que o sistema tributário continue a
ser, como tem sido, um forma de punição da produção econômica, em lugar de ser
apenas uma forma de dar à sociedade uma parcela da renda individual ou
empresarial.
Com efeito, o sistema tributário brasileiro converteu-se num pesadelo tamanho
que não há nesta Casa, e certamente fora dela, na sociedade civil, quem esteja
satisfeito com a forma pela qual o Poder Público arrecada seus tributos federais,
estaduais e municipais e os retribui em benefício da coletividade nacional.
Poder Executivo, Governos Estaduais, Congresso Nacional e entidades
diversas representativas de segmentos da Nação têm se debruçado sobre o
problema tributário, na tentativa de encontrar uma saída racional, aceitável a todos,
para corrigir as grandes falhas e as não poucas injustiças de que se reveste o sistema
tributário brasileiro.
Desde o ano passado encontra-se pronta para votação nesta Casa proposta
de emenda constitucional que modifica o sistema tributário nacional, a partir de projeto
anteriormente remetido pelo Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Entretanto, antes mesmo de aquela proposta ser aprovada, ou talvez até já não
desejando mais sua aprovação nos termos em que se encontra, o Poder Executivo
acaba de remeter a esta Casa nova proposta para modificar ou substituir a que se
encontra pronta para aprovação na Comissão destinada a esse fim.
Desde a primeira proposta, nossa posição tem sido coerente: queremos uma
reforma tributária que reduza o peso da carga fiscal sobre as empresas e os
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cidadãos, e que permita aos agentes produtores privados cumprir, de um lado, sua
obrigação social e, de outro, acumular recursos indispensáveis ao investimento e ao
reinvestimento na atividade econômica.
A visão crítica que mantemos em relação à atual estrutura fiscal brasileira
mantém-se inalterada quanto às propostas de sua racionalização. Sabemos, pela
experiência nacional e internacional, que muitas vezes as idéias nobres e generosas
de reforma tributária acabam por se converter em leis ainda mais rígidas e herméticas
do que os sistemas que pretendem liberalizá-las.
Temos confiança nos propósitos democratizantes do Presidente Fernando
Henrique Cardoso, comprovados por atos concretos em seus cinco anos e meio de
Governo, bem como na competência de sua equipe de Ministros de desestatizar a
economia e apoiar firmemente a livre iniciativa, motor do desenvolvimento econômico
e do progresso social.
Nossa confiança, entretanto, não nos leva a abdicar da visão crítica, tanto mais
que técnicos do Executivo prepararam o modelo de um novo anteprojeto — o oitavo —
para alcançar a reforma tributária, mas mantendo práticas que merecem mudança,
como o chamado “efeito cascata“, e transfere dos Municípios para a União parcelas
importantes dos impostos sobre serviços.
Em nosso entendimento, que tem sido também o da maioria desta Casa, uma
reforma tributária deve ter o caráter de eqüidade e de justiça social. Ninguém, em sã
consciência, pode advogar uma reforma que prejudique ou o Estado, ou o Município,
ou a União, ou o próprio contribuinte, pois em todo o sistema fiscal continuará a haver,
de um lado, o contribuinte e, de outro, o Estado, qualquer que seja o nome que tenha
este último no universo da Federação.
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A engenharia fiscal precisa compreender que toda reforma que penalize uma
das partes significa prejuízo para as outras três instâncias do Estado Democrático.
Penalizar o contribuinte além do razoável é prática tão prejudicial ao País quanto
pretender esvaziar os cofres da União, dos Estados e dos Municípios, que ficariam
impossibilitados de cumprir suas elevadas e indeclináveis obrigações para com a
sociedade brasileira.
Não pode haver um sistema tributário justo se ele for assentado sobre a
punição do agente econômico privado, seja nacional ou estrangeiro. Da mesma
forma, é utopia imaginar um novo sistema tributário em que os impostos e as taxas
sejam simplesmente divididos por três, enviando-se um terço para Brasília, outro terço
para o Estado e o último terço para o Município.
Sendo o Congresso Nacional representativo da sociedade brasileira, e esta
Casa Legislativa ainda mais, por ser delegada da vontade do povo, entendemos que
o trabalho das senhoras e dos senhores Deputados não pode ser ignorado e
substituído por projetos puramente técnicos, por mais competentes que sejam, como
bem afirmou o ilustre Relator, Deputado Mussa Demes, na Comissão Especial da
Reforma Tributária desta Casa.
Os tributos de um país atingem toda a população. Por isso, torna-se bastante
pertinente e correto dizer que toda a sociedade deveria participar da elaboração do
sistema tributário e de suas alterações. Se não é possível fazê-lo diretamente, através
do voto, devem ser abertos canais que permitam a ocorrência dessa valiosa
participação através de críticas e sugestões.
Acreditamos que a Câmara dos Deputados tenha papel indeclinável a
desempenhar nesse debate, e dele queremos fazer parte ativa, como temos feito até
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agora, na esperança de assim contribuir para que o País venha a aprovar uma reforma
tributária que efetivamente signifique um avanço na democratização do imposto, em
favor dos superiores interesses da Nação brasileira.
Sr. Presidente, passo agora a abordar outro assunto. Nos casos de países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil, a revolução tecnológica e o avanço do
processo de globalização está semeando apreensão e incerteza, especialmente em
relação ao nível de emprego.
É a mesma angústia vivida pelos trabalhadores no século XVIII com o advento
da Revolução Industrial. O uso da máquina a vapor e os teares, por exemplo,
despertaram o temor do desemprego na agricultura, na medida em que atraíam os
trabalhadores do campo para as cidades.
Fazendo um retrospecto dessas transformações que o mundo experimentou,
nota-se que, embora traumática para as sociedades, essas mudanças acabaram
sendo benéficas particularmente aos países que souberam tirar proveito do processo
de industrialização, graças principalmente à organização dos trabalhadores.
No Brasil, como esse processo foi mais curto e a industrialização mais recente,
o País não teve tempo suficiente para corrigir as distorções. Se a industrialização
deu-se à custa do esvaziamento do campo, no Brasil foi agravada com a
concentração de pessoas no Sudeste do País, em detrimento das demais regiões,
gerando um processo de migração populacional sem precedentes em sua história.
Quando o Brasil ainda tentava modernizar seu parque industrial, os países
desenvolvidos já avançavam no processo de automação, de robotização de sua
produção industrial, e priorizavam a pesquisa científica e tecnológica, o que os
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colocou mais uma vez na vanguarda do desenvolvimento, preparando-os para os
desafios futuros.
Mesmo ciente de que esse era o melhor caminho, o Brasil teve de administrar
primeiro o choque do petróleo, no início da década de 70, e a crise da dívida externa,
na década seguinte. Entretanto, ainda levou uma década para iniciar o processo de
reformas, assim mesmo de forma atabalhoada e precipitada, como o caso da
abertura comercial e a privatização.
Pegando sempre atrasado o bonde da história, o Brasil foi mais uma vez
surpreendido pelo avanço inexorável do processo de globalização e hoje paga
elevado preço por seus próprios pecados. Em lugar de acelerar as reformas ainda
pendentes no Congresso Nacional, o País preferiu acreditar que sua simples inserção
nos mercados financeiros globalizados nos garantiria fluxos permanentes de recursos
para financiar nossas dívidas e os novos investimentos.
Estudo do Prof. Márcio Pochmann, da UNICAMP, sobre os efeitos da
globalização no mercado de trabalho, revela que esse processo concentra nos países
mais ricos os empregos mais qualificados, deixando nos demais países os empregos
de baixa qualificação e, conseqüentemente, de menor renda.
Ciente de que esse processo é irreversível, o Brasil deve encará-lo não apenas
como uma ameaça, mas, também, como uma oportunidade. E o primeiro passo é
insistir no caminho que reduz suas vulnerabilidades, como a conclusão das reformas
tributária, do Judiciário e política, e a revisão da legislação trabalhista, além de
maiores estímulos ao setor produtivo, às exportações e à pesquisa científica e
tecnológica.
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Sem melhorar sua infra-estrutura e sem eliminar os gargalos do chamado Custo
Brasil, que inviabilizam as empresas e limitam seu crescimento econômico e social, o
País estará sempre caminhando para trás, enquanto seus demais parceiros avançam.
A exemplo das reformas, o Brasil comete o mesmo pecado em relação ao
comércio exterior. Enquanto as exportações mundiais movimentam cerca de 5,5
trilhões de dólares, o País participa com pouco mais de 1% desse bolo, apesar de
contar com a nona economia do mundo, uma agricultura moderna e um parque
industrial dos mais atuantes.
Nos últimos quinze anos, as exportações mundiais cresceram quase 180%,
passando de 2 trilhões de dólares para 5,5 trilhões de dólares. Enquanto isso, nossa
participação no comércio global caiu de 1,5% para 1% no mesmo período. Só nos
últimos dez anos, o comércio internacional cresceu 73,9%, mas a exportações
brasileiras tiveram um aumento de apenas 48,5%. No mesmo período, o México
conseguiu ampliar suas exportações em mais de 222%, a Coréia do Sul, em 113,8%,
e a China, em 250%.
Destaco o comércio exterior para mostrar o longo caminho que o País precisa
percorrer a fim de reduzir suas vulnerabilidades, atrair mais investimentos de longo
prazo, enfim, consolidar seu crescimento. Temos de reconhecer que o Governo vem
adotando uma política de comércio exterior mais agressiva, mas é fundamental sua
articulação com outras iniciativas, como a política industrial, ciência e tecnologia, com
vistas à ampliação do valor agregado dos produtos incluídos na pauta de exportações.
Sabe-se que 64% do comércio mundial é conduzido por empresas
transacionais. Se 450 das quinhentas maiores multinacionais estão sediadas aqui, o
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Brasil tem de tirar proveito disso, já que esse privilégio o deixa em enorme vantagem
em relação os demais países emergentes.
Sem essas iniciativas, o Brasil dificilmente conseguirá tornar sua economia
mais competitiva e pronta para enfrentar os desafios da globalização. E sem vencer
esses desafios ficará cada vez mais distante do crescimento sustentado e da
ampliação da oferta de emprego, tão ansiada pela sociedade brasileira.
Sr. Presidente, agora falarei sobre a questão da desigualdade regional no
Brasil, que sempre teve como pano de fundo a contraposição do Nordeste com o Sul
e o Sudeste. Esse tema passou da constatação da realidade ao discurso político, com
maior intensidade, a partir da década de 50. O economista Celso Furtado foi um dos
que levantou com mais veemência a problemática, não somente no campo das
explicações teóricas, mas sobretudo na formulação de políticas e criação de
mecanismos que buscassem reduzir as distorções entre os Estados brasileiros.
Nessa época, o Espírito Santo ainda era uma frágil economia assentada na
agricultura, com forte predominância do café, mas com uma razoável diversificação
econômica ao seu redor, marcadamente representada por atividades de subsistência,
como o milho, o feijão, o arroz e a pecuária. Essa estrutura econômica possibilitou a
formação de um arranjo territorial e urbano caracterizado por razoável equilíbrio, em
que cidades como Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Linhares, São Mateus
apareceram como verdadeiros centros dinâmicos da economia estadual. Em síntese,
a economia cafeeira permitiu um crescimento relativamente equilibrado. Essa relativa
harmonia começou a ser destruída com a desestruturação da economia cafeeira em
meados da década de 60, quando da erradicação de grande parte das lavouras de
café.
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Nesse momento, com o Estado em crise, surgiu o projeto político de inserção
do Espírito Santo na SUDENE. Não obtendo êxito, as forças políticas locais partiram
para a criação de mecanismos que pudessem pelo menos funcionar como fator de
atração de investimentos e também de incentivo a empreendimentos industriais.
Assim surgiu o Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo — FUNRES, já
no final da década de 60.
De lá para cá a economia do Estado mudou drasticamente: de um Estado rural
passou-se a um Estado urbano, e de um Estado agrícola, para um Estado industrial e
prestador de serviços. A Grande Vitória passou a crescer com mais intensidade por
força principalmente dos grandes projetos. O interior, ao contrário, passou a perder
peso econômico e político, e foi sendo gradualmente esvaziado.
O primeiro sintoma dessa nova face da desigualdade foi sentida inicialmente
com maior intensidade na região norte do Estado. Principalmente os Municípios mais
ao norte passaram a apresentar características idênticas às do Nordeste, inclusive
quanto ao regime das chuvas. Essa nova realidade ensejou a inclusão de 27
Municípios do norte do Estado na chama região de abrangência da SUDENE em
1998.
Se, de um lado, isso pode resolver o problema desses Municípios, põe “lenha
na fogueira” na questão das desigualdades no Estado, ou seja, coloca no cenário
novos fatores desequilibradores. E a região que tende a perder, principalmente em
termos econômicos, é a sul, polarizada por Cachoeiro de Itapemirim. Ela vem
apresentado um processo de queda nas suas atividades econômicas tradicionais,
como é o caso da pecuária leiteira e da produção de mármore e granito. Em síntese,
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todos os indicadores econômicos e sociais dos últimos dez anos apontam nessa
direção.
Temos a convicção de que a economia do Espírito Santo somente será forte na
medida em que o desenvolvimento das suas partes se der de forma harmônica, numa
perspectiva de desenvolvimento sustentado e sustentável no longo prazo. Para tanto,
aqueles fatores que vem operando como deflagradores das desigualdades devem ser
objeto de políticas mais consistentes, que visem reverter esse processo.
A inclusão dos demais Municípios que hoje estão fora da SUDENE, à exceção
da Grande Vitória, tem o objetivo de colocá-los em igualdade de condições no que
tange aos benefícios fiscais e acesso ao fundo especial destinado à Região Nordeste
do País. Dessa forma, empresas do sul, em especial ligadas ao setor de mármore e
granito, que hoje tendem a migrar para o norte do Estado, atraídas pelos benefícios lá
concedidos, poderão encontrar localmente condições igualmente competitivas para
expansão de suas atividades, igualmente competitivas.
É bom lembrar que Minas Gerais fez inserir na região da SUDENE todo o Vale
do Jequitinhonha, área que quase equivale ao território capixaba. Não seria assim
despretensioso que trabalhássemos politicamente para a inclusão de todo o Estado
nessa região.
As perspectivas para a economia capixaba apontam para um crescimento
acelerado, a julgar pelos investimentos previstos para os grandes projetos, como CST,
Aracruz, Vale do Rio Doce, e também pelo que se espera dos projetos ligados ao
petróleo. Os benefícios para a economia do Estado, no entanto, em grande parte
ficarão para a macrorregião metropolitana, em especial a Grande Vitória, que hoje
concentra aproximadamente 60% do produto interno bruto.
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A pergunta-chave está em saber como ficaria a nossa economia interiorana, e
aqui falo não somente do sul, mas de todo o interior. Como integrar o interior a essa
lógica? Como fazer com que o pequeno produtor tenha acesso aos incentivos e ao
mercado, que com certeza crescerá juntamente com o crescimento da economia?
Seja com o café, o leite, o mármore e o granito, a confecção, a fruticultura, a
piscicultura ou outras atividades que poderão ser desenvolvidas, o certo é que cabe
ao Estado, num sentido mais amplo, proporcionar condições mínimas de crescimento
e de desenvolvimento sustentáveis.
Em resumo, nossa luta é por um desenvolvimento que tenha como premissa
básica a inclusão e não a face perversa da exclusão a que ficou submetida as regiões
sul e central serrana. O Espírito Santo é um só, seja de que região for.
Muito obrigado.
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O SR. ALBERTO FRAGA (Bloco/PMDB-DF. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero expressar desta tribuna minha
preocupação com a segurança pública, hoje entre os primeiros anseios da sociedade
brasileira.
Estamos agora diante de um quadro novo: a Capital Federal está sendo
assolada por uma escalada de violência. Quero repudiar e, mais uma vez, externar
minha preocupação ao ver fatos como o assassinato covarde e cruel de um garoto de
apenas 20 anos tornando-se comuns.
São atos praticados por adolescentes da alta sociedade. Com certeza, os
agressores desse rapaz só o atacaram porque têm a certeza da impunidade, assim
como aqueles jovens, também da alta sociedade, que puseram fogo em um índio.
Estou-me referindo apenas a casos ocorridos na classe alta.
Na semana passada, tivemos o recorde de onze homicídios na Capital Federal.
Coincidentemente, tudo isso vem acontecendo depois que o comando da
corporação foi trocado. Temos um novo comandante, que, vaidoso, resolve mudar
uma corporação que já vem dando certo há algum tempo; resolve acabar com os
grupos táticos operacionais, grupos motivados e que estão nas ruas defendendo a
sociedade; por último, desmotiva toda uma tropa ao mexer, na escala de serviço,
naquilo que é mais sagrado para o homem: a folga. Hoje, um policial militar não tem a
folga de um final de semana. Até parece que ele não é cidadão, pois não consegue
passar um final de semana com sua família, porque o novo comandante resolveu fazer
uma escala insustentável e intolerável.
Preocupa-me esse fato, mais ainda, porque temos uma corporação digna,
honrada. E a inquietação dentro dos quartéis é muito grande. Venho recebendo
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freqüentes e-mails e fax com reclamações sobre a conduta de alguns oficiais, que
preferem tratar seu subordinado como um joão-ninguém.
Sr. Presidente, gostaria que os investimentos voltassem a ocorrer no Distrito
Federal, na parte da segurança pública. Gostaria de dizer também que se engana o
governante que resolve investir mais na repressão do que na prevenção. A segurança
pública deve ser respaldada na prevenção, na ostensividade. Assim, vamos evitar
fatos dessa natureza. Se houvesse uma viatura da Polícia em vigilância ostensiva na
frente da referida boate, com certeza tal crime não teria ocorrido.
Mas a realidade é muito triste. Antigamente, dispúnhamos de uma frota de
setecentos veículos e, hoje, dispomos de apenas 155 viaturas para policiar todo o
Distrito Federal. Isso é muito grave, Sr. Presidente! O meu papel, como representante
da categoria, é fazer esta denúncia: não está havendo direcionamento de recursos
para essa corporação.
Repudio veementemente as atitudes do novo comandante da Polícia Militar,
empossado há menos de dois meses, que já desfez tudo o que foi construído ao longo
de muitos anos na Capital Federal. Por isso, não posso ficar calado. Somos até
mesmo impedidos de ir aos quartéis para falar com a tropa e motivá-la.
Recentemente, tive de entrar em alguns quartéis para impedir a greve. O Distrito
Federal não possui a cultura de fazer greve. A situação está insustentável. Tivemos de
ir a seis quartéis para pedir à tropa que continue trabalhando motivada.
Os policiais militares devem continuar motivados e precisam saber que o
Governo também gosta da Polícia Militar. Não pode haver discriminação de uma força
policial em relação a outra. Mas há, porque os recursos destinados a investimentos
para a Polícia Militar foram bem inferiores aos destinados a outros setores policiais.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, li hoje no jornal Folha de S.Paulo que o Sr.
Eduardo Jorge conseguiu em um ano dobrar seu patrimônio. Como explicar uma
situação dessas? Quem aqui é capaz de tamanha proeza? Qual a produção que esse
cidadão, esse ex-assessor do Presidente da República, conseguiu na
Secretaria-Geral da Presidência, instrumento de alta produtividade, para dobrar seu
patrimônio? Como conseguiu isso?
Outra pergunta: se não é possível explicar isso, qual o instrumento para verificar
se, de fato, tem base legal a ampliação desse patrimônio? Ainda não apareceram os
bilhetes sorteados na loteria. Pode ser que apareçam. Também não consta que tenha
recebido uma herança ou que as sobras de campanha tenham sido concentradas.
Então, qual o instrumento de que o Congresso Nacional dispõe para explicar
que em um ano o Secretário-Geral da Presidência dobre seu patrimônio? Não há
outro instrumento possível senão a criação de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito. Não há como dizer que uma Subcomissão do Senado Federal possa vir a
fazer uma investigação para explicar tal fato.
Não quero dizer aqui que haja relação direta com o Presidente da República.
Não podemos dizer isso. Agora, é inaceitável que após fato como esse, na verdade
uma série deles, o Congresso Nacional ainda se recuse a instalar uma CPI. Se
continuar assim, se a cada ano S.Sa. dobrar seu patrimônio, pelo menos o Brasil vai
ter o homem mais afortunado do mundo. É impossível sustentar a velocidade de
crescimento da riqueza do Sr. Eduardo Jorge.
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Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, essa seqüência de fatos
elencada pela imprensa, revistas e jornais do País demonstra que o caso não vai
parar com a simples decisão do Congresso Nacional em não instalar uma CPI. A
situação não vai ser resolvida pela simples decisão da base do Governo em não
subscrever o pedido de CPI. Não há como segurar a situação. Ao contrário,
desgasta-se o Congresso Nacional, a imagem dos políticos em geral e a do País em
qualquer esfera, interna ou externa.
Se alguém teme que haja grande prejuízo com a apuração mais rigorosa,
reforço que o maior prejuízo ocorre em não apurar; é a suspeição, é a paralisia do
Governo e das instâncias políticas, e a polarização que certamente irá se estabelecer
no processo eleitoral em torno dessa questão.
Portanto, não posso e não quero acreditar que o Congresso Nacional vá se
recusar a instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar uma situação
como essa. Duvido que um só Deputado possa explicar como uma pessoa, que em
seu depoimento disse ter passado, depois que saiu da Secretaria-Geral, pelo menos
seis meses na inatividade, consiga dobrar seu patrimônio nesse período. Essa é uma
pergunta que não tem explicação. Não é possível isso.
Portanto, queremos, mais uma vez, fazer um apelo à Nação, aos Deputados e
a todos aqueles que querem colocar o País num rumo que não seja o da corrupção, o
da paralisia: lutemos para instalar essa Comissão Parlamentar de Inquérito. Esse é o
único caminho para não tornar esta Casa conivente com absurdos como esse, a
menos que aqui existam mágicos que possam provar que um patrimônio possa ser
dobrado sem nenhum esforço pessoal e de maneira lícita.
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O SR. ALDIR CABRAL (Bloco/PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Plenário da Câmara dos Deputados
transformou-se em verdadeiro templo de louvor e de adoração a Deus quando, na
manhã do dia 8 de corrente mês, aqui foi celebrado, em sessão solene desta Casa, o
23º aniversário de fundação da Igreja Universal do Reino de Deus. Foi um dos
maiores momentos da história do Poder Legislativo quando, em repetidos
testemunhos dados por Parlamentares, ficou registrado nos Anais como é poderosa a
atuação do Espírito Santo na vida dos seres humanos.
A presença de bispos, pastores, obreiros e obreiras da Igreja Universal do
Reino de Deus revelou comportamento espiritual digno de registro por parte dos
Parlamentares presentes ao evento, notadamente dos que se declararam, em suas
manifestações, não-pertencentes à Igreja Universal ou a qualquer das outras
denominações evangélicas.
Membro da Igreja Universal do Reino de Deus e, mercê de Deus, ungido como
um de seus pastores, sinto ser do meu dever espiritual acrescentar aos testemunhos
dados naquela oportunidade o meu próprio. Fui alcançado pela Igreja Universal
quando minha vida estava totalmente arrasada e minha família estava prestes a
desintegrar-se. Os pastores e obreiros acolheram-me; transmitiram-me a Palavra;
oraram em meu favor e em de meu lar; assistiram-me com amor fraterno e espiritual
sem medida; levaram-me à compreensão de Deus e de Seu Filho, Jesus Cristo;
puseram-me diante de realizações às quais não pude contrapor-me senão pela
aceitação da salvação em Cristo, que graciosamente me estava sendo ofertada.
Desde então tudo na minha vida mudou. Deus tem sido fiel. Tem honrado para
comigo todas as Suas santas promessas, contidas nas Escrituras Sagradas; deu-me
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paz, segurança, tranqüilidade, prosperidade; concedeu-me o perdão para todos os
meus pecados e fez-me pregador do Evangelho. Na vida pública, trouxe-me a esta
Casa para que, junto aos demais Deputados evangélicos, defenda a ética na política e
a seriedade no trato das coisas públicas.
Tudo isso agradeço a Deus e à Igreja Universal do Reino de Deus. Devo ao
Bispo Edir Macedo, que se deixou usar por Deus para que essa Igreja se instalasse
de modo vitorioso no Brasil. Devo aos pastores e bispos que me acolheram e me
tornaram um deles na semeadura da Palavra, que hoje alcança milhares de pessoas
em mais de setenta países em redor do mundo.
Deixo meu testemunho em respeito ao que Deus tem feito por mim e como
forma de encorajamento a todos que, nesta Casa, Parlamentares, servidores ou
jornalistas, ainda resistem ao Evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de
todo aquele que crê.
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O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco/PMDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estive no garimpo de Bom Futuro, no
Município de Ariquemes, Estado de Rondônia, em 1997, com a Deputada Marinha
Raupp e o Deputado Oscar Andrade. Nossa visita teve a finalidade de averiguar as
denúncias de trabalho escravo e desumano de crianças, bem como do elevado índice
de malária na localidade.
Com a mobilização que fizemos — expedientes e audiências com autoridades
do Ministério do Trabalho, da Secretaria de Ação Social, do Governo do Estado e da
Prefeitura Municipal de Ariquemes, incluindo uma audiência com o Presidente
Fernando Henrique Cardoso — foi constituído o ambiente de envolvimento necessário
para o estabelecimento do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil na Jazida de
Bom Futuro.
O programa foi executado. Retornando ao mesmo local, no mês de junho
passado, fiquei impressionado com as transformações, o envolvimento dos parceiros,
a mobilização dos pais e dos moradores da região, todos vaidosos por terem
recebido o reconhecimento público, com a premiação feita pelo UNICEF/Itaú como o
projeto que mais se distinguiu em todo o Brasil.
Por questão de justiça, desejo neste pronunciamento destacar o nome de todos
os parceiros envolvidos com o projeto: Empresa Brasileira de Estanho S.A. – EBESA;
Cooperativa dos Garimpeiros de Santa Cruz — COOPERSANTA; Prefeitura
Municipal de Ariquemes; Ministério da Previdência e Assistência Social, através do
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil — PETI; Delegacia Regional do
Trabalho; Conselho Tutelar de Ariquemes; Ministério Público da Comarca de
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Ariquemes; Sindicato dos Urbanitários – SINDUR; EMATER; e Movimento Nacional
dos Meninos de Rua.
Foi implantada nesse programa a política de renda mínima, com a introdução
da bolsa escola, em que o Governo Federal, mediante convênio com a Prefeitura de
Ariquemes, libera os recursos para o aumento da renda familiar de acordo com o
número de alunos matriculados — 50 reais por criança matriculada.
Sr. Presidente, não é tão difícil como parece introduzir programas semelhantes
em diversas regiões e Estados brasileiros, todos com gerência local e administração
feita por conselhos paritários. Cabe ao Governo Federal simplesmente descomplicar
e tirar da cabeça o modelo monetarista exclusivo, em que os investimentos na área
social constituíram-se numa excepcionalidade.
A Escola Ângelo Spadari faz parte do programa. Quando ali estivemos, na
primeira visita, ela era de madeira e coberta de palha; não havia carteiras, apenas
bancos improvisados. Hoje, a escola está construída em três blocos de alvenaria,
somando 750 metros quadrados, com oito salas de aula e pré-escola anexa,
banheiros, cozinha industrial, sala de professores e salas para coordenação e
almoxarifado. Conta ainda com um galpão anexo de 400 metros quadrados para
educação artística, literatura, trabalhos manuais e atividades recreativas.
A escola funciona em tempo integral, com 546 alunos, divididos em três turnos:
matutino e vespertino, alunos de ensino regular e de jornada ampliada. À noite atende
alunos do Telecurso e Suplência do Ensino Básico. Para dar conta do recado
trabalham 22 professores, 5 merendeiras, 6 zeladoras e 3 vigias.
Sr. Presidente, o garimpo de Bom Futuro concentra-se na atividade potencial
de extração da cassiterita, mineral que contém o metal estanho, e se constituiu no
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catalisador das migrações para o Estado de Rondônia, chegando a população
garimpeira a 8 mil habitantes no período de 1990/1991 – constituída, em sua maioria,
por trabalhadores geralmente desqualificados, que vieram com os sonhos de riqueza
fácil e imediata.
Passada a euforia inicial do garimpo, restou a herança mórbida: uma
população desencantada pela migração, passando fome, entregue à prostituição e à
criminalidade, e, pior ainda, sem perspectiva futura. A Escola Ângelo Spadari veio na
hora certa e o PETI, concedendo 50 reais por aluno, veio melhorar a renda familiar,
permitindo outras alternativas, como a pequena produção de café, venda de leite e
derivados, e o trabalho na agricultura.
Srs. Parlamentares, esse é um projeto vitorioso, exemplar, feito com ações
partilhadas. Ele envolve todos os segmentos co-responsáveis e tem hoje como centro
de tudo a Escola, elemento de uma matriz fundamental para a mudança local, regional
e nacional. Encerro dizendo: a educação é a porta aberta para a inclusão.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. SIMÃO SESSIM (PPB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Rio de Janeiro viveu, semana passada, mais
uma lamentável tragédia com a morte de dois chefes de famílias, que se tornaram
também as mais novas vítimas do perigoso Campo de Gericinó, onde há mais de um
século o nosso glorioso Exército realiza treinamentos para a formação de militares
brasileiros.
O fato, desta vez, aconteceu no bairro carioca de Realengo, na zona oeste da
Capital fluminense, depois que os amigos Wanderley Gomes, de 34 anos, Juliano de
Jesus Cláudio, de 26 anos, e Washington Luiz Neves, de 34 anos, moradores da
região, invadiram o campo militar e, inadvertidamente, brincaram com uma granada
encontrada em meio ao matagal que domina a área, cercada de centenas de milhares
de vidas humanas indefesas por todos os lados.
Somente Washington sobreviveu, tendo de ser socorrido às pressas, e em
estado grave, no Hospital Albert Schweitzer. Ainda bem! Foi um mal a menos. A
mesma sorte não tiveram as viúvas, que terão de sobreviver com filhos a criar, agora
sem saber como e de que maneira, já que integram as estatísticas dos injustiçados no
processo social deste País.
O mais lamentável nisso tudo é que toda a desgraça que acabo de trazer ao
conhecimento de V.Exas. só aconteceu e poderá continuar acontecendo porque
nossos apelos jamais foram acolhidos, ouvidos ou respeitados. Talvez porque ainda
não tenhamos conseguido sensibilizar o Governo Federal, que continua alheio e
insensível aos apelos de milhões de pessoas, há anos, há décadas, clamando pelo
fim dos treinamentos militares naquela região.
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Talvez muito de V.Exas. não saibam, mas Gericinó é uma enorme área, com
mais de 30 quilômetros quadrados encravados, hoje, entre duas das maiores e mais
densas regiões do Estado do Rio de Janeiro: a zona oeste da Capital e a nossa
querida Baixada Fluminense, onde vivem quase 4 milhões de habitantes, na sua
grande maioria aterrorizados com o perigo iminente de explosões a qualquer hora, a
qualquer momento, antes, durante e mesmo depois de um treinamento militar.
Lamento, reclamo e condeno esse lastimável episódio com muita indignação e
a autoridade de quem já foi prefeito de Nilópolis, uma das cidades que margeiam o
inferno de Gericinó, de frente para o fogo cruzado dos rojões, dos canhões, e em meio
a manobras militares, como se aquela população civil e ordeira estivesse eternamente
sob o clima pavoroso de uma guerra jamais desejada.
A guerra da qual falo a V.Exas. já fez vítimas incontáveis e a infelicidade de
famílias, que não conseguem sequer uma reparação moral, já que a espiritual é
irreparável para um pai, uma mãe ou quem mais perde um ente querido,
principalmente em circunstâncias trágicas.
Mais cruel ainda é o fato de sabermos que são crianças inocentes e indefesas
os principais alvos daquele verdadeiro campo de guerra. Quantas denúncias já não
chegaram ao nosso conhecimento e também ao do próprio Comando Militar do Leste
sobre fatos envolvendo hostilidades por parte de soldados, que respondiam com tiros
de fuzis a inocentes invasões de meninos ávidos por pegar uma pipa voada, como
eles próprio falam.
Trata-se, Sr. Presidente e Srs. Deputados, de crianças de Nilópolis, cujos
quintais de casa, por infelicidade do destino, desembocam exatamente no Campo de
Gericinó. Hoje, é bem verdade, esses moradores tentam se proteger com muralhas
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altas e solidificadas por concreto armado que impeçam a passagem de um projétil de
fuzil ou outra ameaça maior. Mas isso não impede o terror que atormenta a mente de
quem se sente vulnerável aos estampidos dos tiros, das explosões ou às
conseqüências imprevisíveis de manobras que fogem ao domínio da sociedade civil.
É bem possível que algum dos colegas nesta Casa tenha tomado
conhecimento, pela mídia nacional, de tragédias semelhantes naquela região.
Podemos enumerar alguns fatos, a exemplo do ferimento a bala que vitimou, em 1998,
Márcio Moreira, de 20 anos, a caminho da Igreja Assembléia de Deus, em Nilópolis.
Ele simplesmente levou um tiro no pé esquerdo, de fuzil FAL, calibre 762. Estilhaços
também causaram prejuízos a Manoel Messias, que teve à época o pára-brisa
dianteiro de seu Fusca destruído.
Tivemos outro episódio, em que Rafael dos Santos Soares, na época com 16
anos e morador de Nilópolis, levou também um tiro no tornozelo, de FAL, só porque
teria feito uma manobra com sua bicicleta, conhecida como cavalo-de-pau, diante de
um sentinela, mais tarde identificado como Garcia. Levado para o Hospital Juscelino
Kubitschek, o menino teve de passar por duas cirurgias: uma, para recomposição
óssea, e a outra, para recomposição de uma artéria e tecido. Ainda assim, nunca
mais o garoto recuperou os movimentos do pé atingido pela bala.
O estrondo de uma explosão, também durante treinamento de militares no
Campo de Gericinó, foi da mesma forma a causa do desabamento, em outubro de
1998, de duas casas. Meses antes, uma granada de lança-rojão 3.5 explodiu no
mesmo local, matando os meninos Elias José e Moisés Fernandes, ambos de 14
anos.
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E não pára por aí, Sr. Presidente e Srs. Deputados: a década de 90 marcou
ainda ferimentos a bala em outra criança de 7 anos e mais dois adolescentes. Outra
tragédia que sensibilizou a sociedade carioca e fluminense envolveu a costureira
Cleonice Azevedo, que teve os dois braços mutilados por terríveis explosões de sete
obuses disparados do Centro de Treinamento, sempre em Gericinó. Sete outras
pessoas teriam ficado feridas e dez casas danificadas. Ainda em 1981, mais uma
lamentável tragédia atingiu de cheio a inocente Ana Pimentel, na época com 7
aninhos. Ela simplesmente teve uma perna amputada quando um obus destruiu parte
de sua casa, na Vila Kennedy, em Bangu.
O Campo de Treinamento de Gericinó não só inferniza a vida de centenas de
milhares de cidadãos, como também apropria-se indevidamente de 13 quilômetros
quadrados de propriedade da cidade de Nilópolis, impedindo seu natural crescimento
e seu desenvolvimento socioeconômico. Somos hoje obrigados a viver espremidos
em ínfimos nove quilômetros quadrados, com a única alternativa de termos de
verticalizar a expansão da cidade, sem a qual a cidade acabará estrangulando-se.
Por que não transferir o Campo de Treinamento de Gericinó para outro local de
menor perigo? Por que não transformarmos os 30 quilômetros de mata, tão bem
arborizada e conservada, num parque ecológico, capaz de se transformar num pulmão
vigoroso, levando oxigênio à população daquela região?
O certo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é que desde a minha época de
Prefeito — e lá se vão 27 anos —, clamo, rogo, peço, apelo e exijo uma solução para
o problema de Gericinó. Procuramos todos os comandantes militares da região,
conversamos com todos os Ministros do Exército, suplicamos medidas e providências
aos Presidentes Geisel, Figueiredo, Sarney e Collor, e nenhum deles nos atendeu.
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Até quando teremos de continuar assistindo, socorrendo e sepultando vítimas
de Gericinó? Que pode ser mais importante para uma Nação senão seus filhos vivos e
fortes, até para que possam servir verdadeiramente à Pátria, quando ela deles
precisar.
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O SR. MARCUS VICENTE (Bloco/PSDB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no momento em que os debates sobre a
organização do futebol crescem em importância, foi muito acertada a decisão tomada
pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso de sancionar a Lei nº 9.981, de 14 de
julho de 2000, com a correção das distorções introduzidas pela chamada Lei Pelé.
Na verdade, causou muita estranheza a atitude de Pelé, que preferiu abandonar
a discussão democrática travada no Congresso e tentou modificar a lei depois que ela
foi à sanção presidencial, propondo ao Executivo vetos às decisões que resultaram de
amplo debate entre os Parlamentares e a sociedade civil.
Felizmente, como dizíamos, o Presidente agiu com bom senso e preservou o
espírito da Lei nº 9.981, resistindo a pressões dos que tentavam criar condições para
favorecer seus interesses pessoais e de algumas empresas que atuam na área do
futebol profissional.
A nova lei restabeleceu pontos importantes, que disciplinam a organização do
futebol sem criar obstáculos ao gerenciamento dos clubes, ao mesmo tempo em que
impõe limites à ingerência do capital estrangeiro e dos fundos que investem em
associações com as equipes.
A nova lei não permite que clubes estrangeiros assumam o controle dos clubes
nacionais e também manteve a obrigatoriedade de que somente diretores eleitos
possam assinar contratos envolvendo as entidades. Havia grupos de interesses
pressionando para que diretores indicados por sócios estrangeiros também
pudessem assinar os contratos.
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Não foi vetado também o artigo que torna facultativa a transformação dos
clubes em empresas. O novo dispositivo veio corrigir a distorção introduzida pela Lei
Pelé, que determinava a absurda obrigatoriedade de conversão dos clubes em
empresas, abandonando a condição de sociedade civil que, em muitos casos, é sua
motivação fundamental.
O bom senso foi mantido ainda com a extinção do contrato semiprofissional
para jovens atletas, evitando uma situação de indefinição que acabava prejudicando
os próprios profissionais.
Finalmente, não foi introduzido o passe livre. A nova redação da lei manteve o
estímulo aos investimentos que os clubes fazem nos atletas, garantindo retorno ao
capital aplicado e oportunidade para que se aperfeiçoe a gestão profissional do
esporte.
No conjunto, a nova lei consolida as expectativas de que o futebol brasileiro
possa reunir forças para criar estruturas financeiras capazes de preservar seus
melhores jogadores e competir em pé de igualdade com as grandes equipes
mundiais.
O futebol é sem dúvida a grande paixão nacional. O povo adora o esporte e
sente imensa satisfação ao ver os clubes de sua preferência conquistando posições
na hierarquia internacional. A própria qualidade dos campeonatos locais e das
competições nacionais depende cada vez mais da capacidade administrativa dos
clubes, que lutam para preservar suas equipes contra a investida das empresas
multinacionais.
Felizmente, nem Pelé nem os interesses estrangeiros conseguiram impor sua
vontade. O Congresso aprovou e o Presidente sancionou uma lei que aposta nos
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times brasileiros. O talento de nossos atletas continua livre para manter o título de
melhor futebol do mundo.
Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação de meu
pronunciamento nos órgãos de comunicação da Casa.
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O SR. DR. HÉLIO (PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e
Srs. Deputados, ontem esta Casa fez justiça a milhares de pessoas que enfrentam
doenças crônicas e aos dependentes de nicotina que não perderam a vida por conta
do uso continuado do tabaco. Agradecem também as crianças e adolescentes, até
como uma homenagem aos dez anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a
proteção devida aos 20% a 30% que se utilizam do tabaco por influência de meios de
propaganda. Obviamente, crianças e adolescentes que se iniciam no uso do tabaco
têm, pela propaganda, um estímulo que lhes será nocivo em sua idade adulta e na
velhice.
Sr. Presidente, é preciso que esta Casa faça mea-culpa pelos milhões de
pessoas que perderam suas vidas nesses anos todos durante os quais a propaganda
levou ao uso indevido dessa droga que é o tabaco.
É importante dizer que há muitos anos esta Casa conta com projetos de lei
coibidores da propaganda que incentiva esse e outros vícios, como, por exemplo, o
alcoolismo crônico, ontem aqui lembrado. Fazermos mea-culpa tem uma importância
estratégica, visto que outras situações relacionadas ao comportamento social
começam a ter vida nesta Casa, como o combate ao alcoolismo e ao tabagismo,
entre outros. Gostaria de salientar que isso aponta para novas formas de ganhos
políticos para as campanhas eleitorais num futuro próximo.
Agora, parece que a eleição é o comportamento social. Como exemplo, na
área da saúde, foi lembrada a presença do tabagismo, dos preços e da qualidade
dos medicamentos, assim como a entrada em circulação dos genéricos como fator
importante para a diminuição do custo dos medicamentos. De outro lado, vemos, na
educação, a presença de determinados indicadores de qualidade no que tange à
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educação fundamental, à educação superior. Como exemplo, temos a avaliação das
faculdades de Medicina.
Quero aqui registrar e parabenizar a Faculdade de Medicina da UNICAMP, de
onde sou oriundo, classificada como uma das quatro melhores do País pelo Provão do
MEC.
O que desejo dizer é que o comportamento social, hoje, está sendo
potencializado como uma das ferramentas para as próximas eleições de 2002. Até o
Senador Antonio Carlos Magalhães já está buscando pegar em armas: S.Exa.
começa a abordar, nesta Casa, a restrição ao porte de armas, outro fator de
comportamento social que acaba atraindo o interesse das multidões.
É pena que essas questões de comportamento, como o uso de fumo, de
drogas, a prática de automedicação, o abuso do álcool, só apareçam num momento
muito próximo das decisões do ponto de vista político, posicionando-se o
comportamento social à frente das demais questões usadas no passado, como as
econômicas — a estabilidade da moeda, o Plano Real, o Plano Cruzado e outros.
Essa relação deve ser conhecida pelo povo, porque está muito ligada com o
momento político que se vive. Há, nesta Casa, projetos que protegem a saúde da
criança, do adolescente, do adulto. Infelizmente, eles ficam tempos e mais tempos
sem ser apreciados, até que surja uma oportunidade ou interesse eleitoral para
alavancar esses assuntos.
Ao encerrar, Sr. Presidente, gostaria de lembrar que hoje é o Dia da Imprensa.
Parabenizo todos da imprensa que trabalham nesta Casa, bem como toda a imprensa
do País, seja ela escrita, falada ou televisada. A imprensa tem um papel muito
importante no combate concreto, real e diuturno ao tabagismo, ao uso de drogas, ao
uso indevido de medicamentos e ao uso do álcool em excesso.
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Por último, parabenizo a Ponte Preta, que amanhã estará completando 100
anos. O time mais antigo deste País, sob a Presidência do Sérgio Carnielli, conseguiu
destaque nacional.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
Durante o discurso do Sr. Dr. Hélio, o Sr. Saulo Pedrosa,
§ 2º do artigo 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da
presidência, que é ocupada pelo Sr. Ricardo Ferraço, § 2º do
artigo 18 do Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço) - Concedo a palavra ao eminente
Deputado Geraldo Magela.
O SR. GERALDO MAGELA (PT-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna nesta manhã para trazer uma preocupação
que não é apenas minha, mas do Partido dos Trabalhadores e, de resto, de toda a
população do Distrito Federal. Ela diz respeito à crescente violência a que a cidade
está assistindo.
Infelizmente, temos hoje no Distrito Federal um Governo que se elegeu com a
cópia da idéia de um programa implantado nos Estados Unidos: Segurança Sem
Tolerância. Disseram-nos que esse programa seria implantado, mas era um plágio,
diríamos, a falsificação de uma idéia importada.
O que pudemos presenciar, em dezoito meses de Governo do Sr. Joaquim
Roriz, foi o crescimento da violência, que hoje atinge todas as cidades e todas as
camadas da população.
Não me referirei a um ou a outro episódio em particular, porque seria
impossível fazer isso em cinco minutos, dado o elevado número de ocorrências de
assassinatos, roubos, seqüestros, enfim, de fatos violentos, que só elevam a
estatística da violência no Distrito Federal. O pior: é um Governo que não consegue
passar da retórica, não adota nenhum tipo de ação concreta para tentar combater o
crime e conter a violência; é um Governo inerte, incapaz, que a cada dia anuncia um
programa novo de combate à violência, mas nada de efetivo faz na cidade.
A população está assustada, com medo, e não apenas a da periferia, das
novas cidades, onde residem os de mais baixa renda e poderia haver maior
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concentração de violência. Hoje não se pode mais andar com segurança em nenhum
local do Distrito Federal. Isso naturalmente é resultado da ausência de uma política de
segurança pública que garanta ao cidadão andar, morar e trabalhar livremente. A cada
momento, há risco de assalto ou até mesmo de assassinato, sem falar na violência no
trânsito, que também cresceu.
Sr. Presidente, temos de fazer esta denúncia. O Governo Federal repassa
recursos para o Governo do Distrito Federal. Em 1999 foram mais de 60 milhões de
reais acrescidos ao montante repassado em 1998. Os recursos deveriam estar
servindo para pagar a gratificação de atividade militar e a de operações especiais
para as Polícias Militar e Civil, respectivamente. O Governo vem a duras penas
repassando o dinheiro, mas retém parte dele, como aconteceu no último repasse feito
para a GAM. Os recursos que deveriam ser aplicados em investimentos na segurança
não são devidamente usados.
Sr. Presidente, temos de denunciar as irregularidades e cobrar uma ação do
Governador e das autoridades do Distrito Federal.
Contamos com as melhores Polícias do Brasil, responsáveis, capazes, mas
que não têm instrumentos ou condições de trabalhar para atender às necessidades da
população.
Hoje temos no Distrito Federal o Governador da violência. Precisamos dizer,
alto e bom som, em letras garrafais: o Governador Joaquim Roriz é o Governador da
violência do Distrito Federal. É isso o que a população pensa dele, é isso o que temos
de denunciar.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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O SR. PAULO ROCHA (PT-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
quero registrar a apresentação de projeto de lei de nossa autoria, da Comissão de
Trabalho, de Administração e Serviço Público, que trata da anistia dos trabalhadores
da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos punidos em conseqüência de greve
feita em 1997.
Registro também a realização, hoje, de grande movimentação das mulheres do
campo, a chamada Marcha das Margaridas. Elas reagem à omissão do Governo e
exigem melhores condições no campo, para que possam viver mais felizes.
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O SR. FERNANDO CORUJA (PDT-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem a Câmara dos Deputados aprovou projeto
de lei que proíbe a veiculação de propaganda de fumo no País — o projeto segue
para o Senado da República. Também foi discutida nesta Casa a possibilidade de
proibir a veiculação de propagandas de bebidas alcoólicas e de medicamentos.
O mundo tem evoluído muito e a concepção que se tinha anos atrás de total
liberdade na veiculação de propagandas foi alterada. Sabemos, hoje, que inúmeras
doenças — o conhecimento científico trouxe essa possibilidade — são provocadas
por essas drogas. Trinta e oito por cento das mortes evitáveis no mundo são
decorrentes do cigarro e 10%, do álcool. Essas drogas provocam inúmeras doenças.
Sabemos também que o câncer, de maneira geral, é provocado por fatores
ambientais. Noventa por cento do fator etiológico do câncer não são genéticos. São
poucos os cânceres genéticos. Somente 1% é provocado por genes. A influência
genética em gêmeos, a concordância em gêmeos univitelinos, monozigotos chega a
apenas 10%, em 35 anos. Então, os causadores dessa doença são fatores
ambientais.
A sociedade, a política, os Poderes Executivo e Legislativo têm a função de
controlar essas drogas, já que têm conhecimento do que ocorre na sociedade e, por
definição legal, poder de criar leis para que a vida da população seja melhor.
Apresentamos projeto de lei que vai justamente nessa linha, proibindo a
associação de substâncias psicoativas e outras usadas em medicamentos para
emagrecer.
Hoje, no País, há propaganda de drogas para emagrecer e de inúmeras outras
nos telejornais, nos mais diversos programas de auditório. Sabemos que a obesidade
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é causa de doença, mas há muito abuso no tocante à oferta de drogas para
combatê-la. Cabe dizer que o mau uso de medicamentos é responsável por alto
número de mortes no mundo. É preciso, portanto, disciplinar essa questão.
O Conselho Federal de Medicina já tem resolução que proíbe a associação de
medicamentos como benzodiazepínicos, que são tranqüilizantes, diuréticos,
hormônios da tireóide e laxantes, para que as pessoas emagreçam à custa da
fabricação de uma doença artificial. Entretanto, no Brasil, as portarias, as resoluções
têm pouca força. Mesmo muitas leis não são seguidas, porém, sempre acabam tendo
maior força que resoluções, portarias e decretos.
Por essa razão apresentamos projeto de lei cujo objetivo é impedir a
associação desses produtos. Ontem apresentamos emenda proibindo a veiculação
de propagandas de medicamentos, que não foi aprovada. Apresentaremos um projeto
de lei autônomo sobre essa questão.
Estamos protocolando projeto de lei que tem por finalidade proibir a
associação das mais diversas drogas que provocam inúmeras doenças artificiais, e,
com isso, o emagrecimento à custa de outros males.
Solicitamos aos Parlamentares apoio para aprovação do referido projeto.
Muito obrigado.
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O SR. SAULO PEDROSA (Bloco/PSDB-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último dia 7 fui vítima de atentado em
Barreiras, Município situado no oeste da Bahia, do qual fui Prefeito no período de
1993 a 1996, cargo a que volto a concorrer nas eleições de 1º de outubro.
Acompanhado da equipe que está fazendo o programa eleitoral da nossa
coligação — PT, PCdoB, PCB, PSB, PPS e PSDB —, visitei inúmeras obras
realizadas pelo Governo Sem Fronteiras, marco de desenvolvimento socieconômico
do Município, propiciador de melhor qualidade de vida à população. Tinha por objetivo
colher imagens de uma escola pública, construída na nossa administração, no Parque
de Exposição Dr. Geraldo Rocha, mas fomos comunicados pela diretora da unidade
de ensino que a Secretaria Municipal de Educação havia proibido nosso acesso.
Resolvemos então filmar a fachada dessa obra pública, o que é assegurado
pela Carta Magna do País. Minutos após o trabalho ser iniciado, eu e os profissionais
de comunicação que compõem a equipe de televisão fomos cercados pela equipe de
segurança particular do atual Prefeito, Antônio Henrique de Souza Moreira. Dois
capangas — imagem que nos remete ao cangaço — engatilharam pistolas
automáticas, apontando-as para as nossas cabeças e, como lobos famintos e
vorazes, destruíram todo nosso equipamento de filmagem ao arremessá-lo várias
vezes ao chão.
Conhecedores do estilo truculento, da vida pregressa do mandante — o
Prefeito Antônio Henrique —, mantivemos a calma e a sobriedade para evitar tragédia
maior. O fato estarreceu a cidade. Diversos segmentos da sociedade, mesmo
sabendo das prováveis retaliações que sofreriam, foram solidários com nossa equipe.
Para garantir a continuidade do processo democrático das eleições e em busca de
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garantia de nossas vidas, comunicamos o fato ao delegado regional de Polícia Civil,
ao comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar, ao Comando do 4º Batalhão de
Engenharia de Construção; por intermédio do colega Deputado Jutahy Magalhães
Junior, tornamos cientes o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, o Líder Aécio
Neves e o Presidente da Câmara, Michel Temer, que prontamente oficializou pedido
de providências.
Barreiras é a principal cidade do oeste baiano, região emergente do ponto de
vista econômico. Para ela afluem milhares de pessoas dos mais distantes rincões do
País que, atraídas pela oferta ambiental e hospitalidade dos moradores, constroem,
com conhecimento e tecnologia de ponta, um dos maiores pólos agropecuário e
agroindustrial do Brasil.
Esse processo teve início na década de 80, mas sem qualquer tipo de incentivo
do Governo Estadual, que sempre norteou suas ações com base no coeficiente
eleitoral de cada Município. A população, tanto da região dos vales quanto dos
cerrados, sempre sofreu com sucessivos anos de retaliação e descaso por parte do
grupo do maior algoz da Bahia, Antonio Carlos Magalhães.
Em 1994, com dois anos de mandato de Prefeito de Barreiras, tivemos uma
grande vitória sobre ACM. Recuperamos o ICMS que há anos estava sendo roubado
do Município pelo Estado da Bahia. A transferência da arrecadação de ICMS passou
de 63 mil dólares para 910 mil dólares mensais, multiplicado por mais de quatorze
vezes. A população saiu vitoriosa e pudemos, com isso, contribuir decisivamente com
a alavancagem do desenvolvimento regional.
Rompemos com o ciclo vicioso do carlismo, que sucateou o Erário por mais de
25 anos. ACM, então, passou a ser nosso saco de pancadas. E a mídia nacional,
aquela que prima pela veracidade dos fatos, tem registrado isso ao longo dos anos.
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Nas eleições passadas, com o compromisso firmado de dar continuidade ao
Governo por nós implantado e que priorizava o bem-estar da população, decidimos
ajudar Antônio Henrique a se eleger Prefeito. O homem define-se com atitudes, e não
tivemos medo de nos posicionar, acreditando na palavra empenhada.
Pensávamos também que seria a chance de o atual Prefeito se redimir,
reavaliar sua postura de vida marcada pela corrupção e crimes hediondos. Todos
merecem uma chance na vida. Porém, nesse caso, nada adiantou.
Era comum a todos os barreirenses o desejo de ver o sucessor dar
prosseguimento à verdadeira revolução administrativa que provocamos no Município,
longe da sanha do Sr. Antonio Carlos Magalhães. Entretanto, as expectativas não
foram correspondidas e o sentimento anticarlista, característica marcante da
população de Barreiras, foi ferido e desrespeitado.
Antônio Henrique não se regenerou. Rendeu-se a Antonio Carlos Magalhães e
foi ser mero figurante da maior ópera bufa do País. Foi bajular o rei bufão e tornou-se,
além de bobo da corte, refém do seu próprio passado. Sem princípios e referências
que atestassem uma conduta ilibada e de homem de bem, juntou-se a ferrenhos
adversários de outrora, os mesmos que hoje, nos palanques espalhados na cidade,
afirmam com veemência que a coligação dos partidos reacionários se deu única e
exclusivamente por causa das determinações de ACM. Desprestígio maior impossível.
Barreiras sente-se ofendida e repudia traidores. E os mais de 120 mil
habitantes estão chocados com os últimos acontecimentos. A região, com filhos
ilustres e reconhecidos internacionalmente, como Tarcilo Vieira de Melo, Antônio
Balbino de Carvalho e, por adoção, Geraldo Rocha, entre outros, ultimamente tem sido
manchete nas páginas policiais dos maiores periódicos do País.
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É necessário que os poderes constituídos defendam o direito à vida, defendam
a liberdade de expressão e, acima de tudo, a segurança da população. É
imprescindível que a Justiça Eleitoral não seja mais corrompida, já que é chefiada às
escâncaras pelo Senador Antonio Carlos Magalhães.
Espera-se também que, no limiar do terceiro milênio, a política — condição
inerente ao ser humano — seja praticada com ética, responsabilidade e respeito,
possibilitando o avanço da sociedade, que não abre mão dos princípios
democráticos.
Barreiras não se curva. Barreiras vai vencer e projetar-se no futuro. Tenho
certeza.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. JOÃO PAULO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.
e Srs. Deputados, pesquisas às quais tenho tido acesso nos últimos dias apontam
pelo menos quatro fatores preocupantes para as pessoas que querem de fato
construir e consolidar a democracia em nosso País.
Ontem, o Caderno Especial da Folha de S.Paulo publicou um diagnóstico da
relação direta da opção pela Direita, dentro do espectro político tradicional, com o
quadro político, na Capital de São Paulo.
Recentemente, estudo feito na América Latina mostrou que a maioria da
população está dando importância muito pequena à democracia; inclusive, em alguns
casos, opta-se claramente pela ditadura.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, do Partido dos
Trabalhadores, detectou um conservadorismo — exagerado, na minha opinião — e
uma desesperança latente na juventude brasileira, principalmente nas regiões
metropolitanas.
Por fim, as pesquisas revelam que há descrédito generalizado das nossas
instituições — do Parlamento à Polícia, do Executivo ao Judiciário, e assim por diante.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, diversas razões explicam a detecção
desse fenômeno no meio da população brasileira. Uma delas é a efetiva opção que
os Executivos fazem, no caso específico do Governo Fernando Henrique, pelo
abandono das apurações das denúncias em função do mercado. Tudo passa a ser
feito em função do mercado. Não se pode apurar determinada denúncia porque o
mercado corre o risco de ser abalado, ou porque as bolsas podem cair, e assim
sucessivamente. Essa é uma das razões que levam as pessoas a desacreditarem.
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Por outro lado, via de regra, nas Prefeituras, nos Governos dos Estados e
mesmo no Governo Federal também existe a opção por políticas públicas
burocráticas, pragmáticas e imediatistas, que não incidem sobre a qualidade de vida
da população, muito menos sobre os aspectos culturais que poderiam mudar a
opinião das pessoas em relação à democracia e à condução das políticas públicas.
Sr. Presidente, um terceiro fator é a ampliação do abismo social existente na
sociedade brasileira. Os ricos vão ficando cada vez mais ricos e os pobres, cada vez
mais pobres, de tal forma que as pessoas do meio soçobram. Só um ínfimo
contingente consegue subir; a grande maioria acaba descendo e agrupando-se no
bloco dos mais pobres. Esse abismo, que se consolida de forma estrutural, leva as
pessoas a não acreditarem que qualquer política possa reverter esse quadro.
O quarto fator, Sr. Presidente, são os abafos do tipo que estamos vendo hoje,
como nesse episódio a que já me referi, o mais recente, ou seja, o caso do
ex-Secretário-Geral da Presidência da República, o Sr. Eduardo Jorge.
Sr. Presidente, não é correto condenar preliminarmente qualquer pessoa. É
importante que as denúncias sejam apuradas. É muito menos correto, porém, não
levar a cabo a apuração dessas denúncias. Isso porque, não o fazendo, colabora-se
para que as denúncias passem como verdadeiras.
E o instrumento para apurar essas denúncias, no caso específico do
Parlamento brasileiro, é a Comissão Parlamentar de Inquérito — a CPI, assim como
nos Municípios é a Comissão Especial de Inquérito. Essas Comissões, pelo poder
que a Constituição Federal, os Regimentos Internos e as leis lhes conferem, têm força
para apurar os fatos e chegar a alguma conclusão, e inclusive permitir ou propor o
afastamento do Presidente da República, como ocorreu num período recente da
nossa história.
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Sr. Presidente, as denúncias apontadas contra o ex-Secretário-Geral da
Presidência da República, Sr. Eduardo Jorge, precisam ser apuradas. É fato ou não
que o Sr. Eduardo Jorge aumentou consideravelmente seu patrimônio — duplicado
em um ano — sem a renda correspondente para suportar esse aumento? É fato ou
não que o Sr. Eduardo Jorge mantinha relações com o juiz Nicolau, que está foragido?
É fato ou não que o Sr. Eduardo Jorge mantinha relações com uma gama de
empresas de consultoria e outras que, por sua vez, mantêm relação com o Poder
Público em nosso País? É fato ou não que o Sr. Eduardo Jorge mantinha relações
com o ex-Senador Luiz Estevão?
Então, é verdade, antes de acusarmos, precisamos apurar os fatos, e para
apurá-los é necessário que instalemos uma CPI.
Sr. Presidente, por derradeiro, independentemente de qualquer coloração
partidária, é necessário restabelecer-se a esperança para o Brasil. Isso é o mais
importante para todos nós que fazemos política e estamos no processo eleitoral. O
povo brasileiro precisa resgatar a esperança. Precisamos fazer com que a população
acredite que é possível construir um país melhor — não com este Governo, é verdade,
mas é possível fazê-lo. O Brasil tem todas as condições para isso.
E é preciso que o novo Brasil seja reconstruído com base na democracia, nas
instituições democráticas. Por isso, devemos restabelecer a crença no valor
democrático. É importante que a juventude brasileira tenha esperança, acredite no
futuro e não se deixe levar por medidas demagógicas e pragmáticas.
Concluo, Sr. Presidente, reafirmando que, apesar de tudo que tem acontecido
no Governo Fernando Henrique, é preciso mantermos a esperança, na certeza de que
há uma saída para o Brasil, confiantes em que podemos construir um País melhor.
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O SR. ÁLVARO GAUDÊNCIO NETO (PFL-PB. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma de nossas mais caras
missões, como representantes eleitos do povo brasileiro, é a luta em defesa dos
direitos dos cidadãos de nosso País, protegendo-os de todos os abusos que contra
eles queiram cometer.
Assim sendo, não nos podemos calar e aqui vimos manifestar nossa
indignação contra atos do mais deslavado desrespeito aos direitos dos consumidores
brasileiros, em especial no que se refere à venda de combustíveis automotivos em
todo o País.
Por todos os cantos de nossa Nação, pipocam sem cessar denúncias de
adulteração da qualidade dos combustíveis vendidos, da descarada e criminosa
sonegação de impostos, muitas vezes apoiada por liminares judiciais de duvidosa
procedência e justiça, além da formação de cartéis de postos revendedores, que
buscam sua sobrevivência no mercado não através da livre e sempre saudável
concorrência comercial, mas através de acordos escusos de fixação de preços
sempre extorsivos, deixando a população de praticamente todas as unidades de
nossa Federação à mercê desses empresários inescrupulosos, que não se
preocupam com o bem-estar geral, mas apenas em auferir, da maneira mais fácil
possível, polpudos, porém indevidos lucros.
É verdade que boa parte da culpa pelos extorsivos aumentos nos preços dos
combustíveis deve ser assumida pelo Governo Federal, que atrelou os preços do
petróleo de produção doméstica aos do mercado internacional, forçando essa alta
expressiva. Assim, embora cerca de dois terços do petróleo que hoje consumimos
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brotem de solo brasileiro, pagamos por eles o mesmo que pagamos pelo petróleo que
ainda temos que importar para atender às nossas necessidades, o que representa
uma clara injustiça.
Não se pode, contudo, descartar a parcela de culpa que cabe aos maus
empresários, que se mancomunam para a prática de atitudes verdadeiramente
inexplicáveis e indefensáveis, tais como, por exemplo, quando antes do recente
aumento a cobrança era de cerca de 1 real e 42 centavos pelo litro de gasolina nos
postos de Campina Grande, minha cidade natal, localizada a cerca de 120
quilômetros da base de distribuição local, em Cabedelo, enquanto que em cidades
situadas a quase o dobro dessa distância, como na Região do Cariri da Paraíba,
esses preços estavam, em média, na faixa de 1 real e 37 centavos.
É para pôr cobro a abusos como esses que o nobre colega Deputado Enivaldo
Ribeiro e eu, companheiros que somos também na disputa pelos cargos de Prefeito e
Vice-Prefeito de Campina Grande, defendemos em nosso plano de governo o
combate sistemático a todo tipo de monopólios e cartéis que prejudicam não somente
o povo de nossa terra, como de toda a Nação, e propomos uma luta incessante na
defesa dos direitos de todos, mas principalmente dos mais fracos e menos
aquinhoados pela sorte, para que possamos, junto com todas as pessoas de bem,
construir para as futuras gerações um país mais próspero, digno e justo.
Muito obrigado.
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O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e
Srs. Deputados, o Presidente Fernando Henrique Cardoso refere-se à questão
política do País como se estivesse avaliando um quadro político na França, na
Inglaterra ou como se não tivesse nenhuma interferência nesse processo.
S.Exa., na entrevista que está quase na íntegra no jornal O Globo, diz que o
pior é deixar a acusação no ar. Concordamos com ele. O problema é que o
Presidente não disse que foi o maior operador político para que essas acusações
continuassem no ar.
A sociedade brasileira, os meios de comunicação e a sociedade organizada
querem que os fatos sejam esclarecidos. No entanto, o Presidente da República, no
Palácio do Planalto, fez reuniões com os partidos políticos da base aliada e orientou
sua bancada de sustentação no sentido de que não se instale uma CPI para apurar
esse caso. Ou seja, a acusação está no ar, porque o Sr. Fernando Henrique Cardoso
opera a política sob a ótica de que a CPI, que é o instrumento legítimo e que possui os
mecanismos para apurar e esclarecer a questão, não deve ser instalada.
É bom que o Parlamento se informe sobre o assunto, porque, num dos trechos
da entrevista, o Presidente diz que as instituições não estão funcionando. Amanhã, ele
vai dizer a mesma coisa que disse quando não foi criada uma Comissão Parlamentar
de Inquérito para apurar a venda de votos nesta Casa, a fim de que aprovassem a
emenda que deu ao Presidente o direito de se candidatar à reeleição.
Naquela época, ele também operou sob a ótica de que a CPI não fosse
instalada. E depois, dando algumas entrevistas, disse que a verdade precisaria vir à
tona, doesse a quem doesse. Ou seja, S.Exa. opera sob a ótica do que não é bom
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para ele nem para a democracia, porque um Presidente não pode ficar no cargo
máximo deste País sendo questionado e tendo dúvidas sobre aqueles que o cercam.
Para fortalecer a democracia, o Presidente da República e o Parlamento, a
declaração do Sr. Fernando Henrique, de que o pior é deixar a acusação no ar, é uma
verdade que precisamos aproveitar para instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito
e apurar essa questão, a fim de que não estejamos escrevendo neste País a velha
história de manter debaixo do tapete as podridões que ocorrem.
Acreditávamos que esses capítulos da história política brasileira já tivessem
sido superados a partir da cassação de Fernando Collor e da CPI do Orçamento. No
entanto, começam a retornar à vida pública. O pior e mais lamentável é que o próprio
Presidente da República operacionaliza sua política com o intuito de evitar que a
verdade não venha à tona, e através dos meios de comunicação, na maior
cara-de-pau, diz que as instituições não estão funcionando, o que não é verdade. As
instituições, na realidade, não estão criando essa Comissão Parlamentar de Inquérito
a mando do Planalto, o que é também vergonhoso, porque o papel do Parlamento é
fazer valer as suas prerrogativas. Para um escândalo desse, o instrumento legítimo e
eficaz, que permite que nenhuma dúvida paire sobre o caso, é a criação da CPI.
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O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, diante de múltiplos e graves problemas que a
população brasileira tem de enfrentar no seu cotidiano, queremos ressaltar a questão
do desemprego, a falta de acesso a medicamentos e a violência que atinge
lamentavelmente milhares de famílias. Somos obrigados a tratar de um tema que não
se coloca diretamente nesse cipoal de problemas, mas se antecipa e é causador
também deles. Refiro-me à corrupção no País.
Na cidade de São Paulo, onde vivo, o Prefeito só consegue escapar da sua
cassação porque tem absoluta cumplicidade da Câmara de Vereadores, cuja maioria
o apóia. Isso não ocorre só naquele Estado. Vários Prefeitos pelo País afora foram
afastados pelo mesmo problema: corrupção.
Nesta Casa, dois Parlamentares, antes que fossem cassados pela denúncia de
compra de votos para apoiar a reeleição, renunciaram a seus mandatos.
Recentemente, houve o caso da cassação do Senador Luiz Estevão, o primeiro da
história do País.
A imprensa tem noticiado, não sem razão, o escândalo envolvendo a
construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo. O ex-Presidente
daquele tribunal está foragido e o ex-Secretário-Geral da Presidência da República
tem seu nome vinculado diretamente a esse escândalo. Chegou-se ao ponto de o
Presidente da República liberar verbas, em 1996, por solicitação do Ministro do
Planejamento, Martus Tavares.
Diante de denúncias já confirmadas e de suspeitas que precisam ser
investigadas, estamos assistindo agora a mais uma ação inescrupulosa comandada
pelo Governo Federal. Trata-se da tentativa de desmoralizar aqueles que mais — e eu
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diria que são os únicos a fazê-lo — estão à busca da verdade: os membros da
Procuradoria-Geral da República. Isso ocorre não de maneira aleatória, mas centrada
em dois Procuradores que mais se dedicaram, a partir de uma divisão natural de
trabalho que deve existir na Procuradoria-Geral da República, chegando-se ao ponto
de atribuir a um deles — Luiz Francisco de Souza — uma suposta coincidência de
filiação ao PT, partido ao qual pertenço.
São tentativas de escapar da questão central, que é aquilo que foi dito pelo
Presidente da República: não pode haver suspeitas. Mas o Presidente entra em
contradição. Se de fato S.Exa. afirma e acredita que não pode haver suspeitas, não
poderia comandar a "Operação Abafa"; não poderia assistir passivamente ao
Advogado-Geral da União, que é também Procurador, Dr. Gilmar, numa ação
desrespeitosa, que eu diria que não honra o cargo que ocupa, tentar desviar a
atenção, fazendo afirmações sem provas, procurando ainda inverter aquilo que é
essencial, começando a fazer propostas, tentando repetir a Lei da Mordaça para
alterar o funcionamento do Ministério Público. Tudo isso agride a democracia e leva a
desesperança ao povo brasileiro.
Finalmente, quero dizer que os recursos públicos roubados são aqueles que
faltam na forma de investimentos para minorar o grave sofrimento por que passa a
população brasileira. O desemprego, a violência, a falta de acesso a medicamentos
etc. são também conseqüência dessa variada gama de atitudes que enfraquecem as
instituições, que levam a população à indignação e à desesperança. Portanto, não
podemos falhar.
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, em nossa opinião, têm a
obrigação política, ética e moral de instalar aqui uma CPI, atendendo pelo menos ao
seguinte preceito popular: quem não deve não teme. Interessa aos Deputados e
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Senadores da base governista apoiar a CPI, a fim de que não paire nenhuma dúvida
no ar e ninguém fique imerecidamente sob suspeição.
Obrigado.
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O SR. EURÍPEDES MIRANDA (PDT-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é louvável a iniciativa do Presidente Michel Temer
em tentar mobilizar esta Casa em favor de uma reforma tributária. Infelizmente, todos
sabemos que aqui nada se move, nada chega à decisão final do Plenário se não for
pela vontade explícita do Palácio do Planalto e dos gênios da equipe econômica.
Assim, o debate sobre a reforma tributária nesta Casa continuará sendo muito
interessante. O Ministro da Fazenda, Pedro Malan, chega a vir aqui na tentativa de
criar uma manchete para televisões e jornais e assim concorrer com o depoimento do
ex-Secretário-Geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas. Ao que tudo indica,
aquela proposta de reforma tributária do Governo deu resultado. O depoimento
daquele ex-assessor que tanto pânico criava nas hostes governistas parece ter dado o
resultado esperado. Pelo menos é o que confessaram as lideranças governistas,
dizendo-se aliviadas.
Há seis anos este Congresso Nacional acompanha uma discussão sobre o
tema tributário. Imagino que os vários Relatores que já passaram pelas inúmeros
Comissões de reforma tributária devam estar frustrados. Afinal, todas as ditas
reformas que o Governo queria saíram. Por que exatamente essa não saiu?
Essa deve ser a pergunta mais inquietante do País, naturalmente, depois
daquela outra que ainda provoca calafrios entre os governistas: onde estaria o Juiz
Nicolau dos Santos Neto, o homem que o ex-Senador Luiz Estevão acaba de
qualificar como o "baluarte do Plano Real"; o homem que o Presidente Fernando
Henrique Cardoso, por meio do seu Secretário, Eduardo Jorge, consultou sobre a
nomeação de juízes classistas, para impedir que eles derrubassem esse colosso que
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chamou de Plano Real? É de causar perplexidade que alguém tão importante, tão vital
para a modernidade nacional tenha se revelado um homem tão procurado. Talvez ele
esteja se perguntando: e por que só eu?
Certamente, os brasileiros terão um dia essa resposta. O que eu duvido é que,
com o controle absoluto das decisões nacionais nas mãos do Fundo Monetário
Internacional, tenhamos uma reforma tributária de verdade, que contemple princípios
de justiça fiscal, que oriente para um novo pacto federativo ou que pelo menos
recupere aquele firmado na Constituinte de 1988.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, quando este Parlamento aprovou a
Desvinculação do Orçamento da União — DRU, como havia feito anteriormente com o
Fundo Social de Emergência ou com o Fundo de Estabilização Fiscal — FEF,
sepultou em definitivo qualquer possibilidade de uma reforma tributária e fiscal —
aspiração nacional que até passeata de empresários já provocou.
Nunca é demais rememorar que o Fundo Social de Emergência, imposto ao
País pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, é uma criação
original do Banco Mundial.
Com a DRU, o Governo de FHC fechou sua reforma tributária unilateral imposta
pelo Fundo Monetário Internacional, por banqueiros e especuladores de toda ordem.
Só neste exercício são mais de 40 bilhões de reais que serão tomados de Estados e
Municípios para que a União possa garantir o pagamento de suas contas com as
bancas internacional e nacional. A palavra mágica passava a ser "ajuste fiscal",
quando na prática o que interessava era garantir que os juros da dívida seriam
honrados, que não faltaria dinheiro na hora de pagar a conta, mesmo que ele fosse
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tirado da saúde, da educação, da assistência social, de velhos e de crianças
carentes.
Ora, um Poder Legislativo que chega a aprovar a cobrança previdenciária de
aposentados do serviço público mesmo diante da flagrante violação constitucional,
apenas para atender aos caprichos da equipe econômica, não tem mais condições
de exigir nada. Aquele foi o sinal de que faria tudo o que os acadêmicos do Planalto
pedissem, mesmo que fosse para arruinar em definitivo as contas dos Estados e
Municípios ou então para condenar milhões de brasileiros à miséria.
Não vamos gastar mais tempo falando no que os arranjos tributários impostos
pela equipe econômica representam em matéria de confisco de renda da classe
média, em prejuízo para o setor produtivo, em matéria de violações de direitos, em
flagrante destruição do princípio federativo.
Um estudo insuspeito da própria Receita Federal revela que 87% do aumento
da carga tributária bruta foram apropriados pela União. E calculando sobre um PIB
médio de 1998/1999 de cerca de 950 bilhões de reais, o aumento da carga tributária,
na passagem do exercício, foi de 44 bilhões de reais. Desse total, a União abocanhou
38 bilhões de reis; os Estados, 5 bilhões de reais; e os Municípios, apenas 1 bilhão de
reais.
Todos aqui conhecem esses dados e sabem também que a tributação
cumulativa imposta por essa equipe econômica faz com que tributos como COFINS,
PIS e CPMF contaminem a economia com uma cascata de encargos inaceitável e
irresponsável. Com alíquotas de 27,5% de Imposto de Renda, a classe média paga
um preço muito alto para um Governo que não responde com nenhum serviço público
decente.
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Fazer caixa, este sempre foi o espírito dos tecnocratas travestidos de
tributaristas do Governo. A eles nunca importou a qualidade dos tributos, mas a
quantidade. E nisto o Governo FHC foi voraz, a ponto de liquidar a capacidade de
competição do setor produtivo e fazer de sua reforma tributária unilateral mais um fator
de grande injustiça fiscal.
O pior é que o cidadão que paga imposto se sente lesado, porque sabe que
aqueles que mais tributos deveriam pagar ficam isentos por todo tipo de artifício legal.
E mais: uma das obsessões da ideologia neoliberal deste Governo é destruir a
máquina pública. Transformando o servidor público em vilão do déficit público,
violando seus direitos, congelando seus salários, o Governo FHC criou o cenário ideal
para que a fraude, a corrupção e a sonegação prosperassem.
A Receita Federal, por exemplo, trabalha com apenas 7.500 auditores fiscais
sem definições claras de ascensão funcional, sem treinamento adequado, sem
estímulo, com salários congelados e sempre sob a suspeita de que servidores
públicos são ineptos e corruptos. Essa foi a marca impressa pelo Governo neoliberal
de FHC aos seus servidores públicos.
Este é um breve panorama da idéia monstruosa que este Governo tem de
reforma tributária: arrecadar sempre mais, a qualquer preço, com menor custo
administrativo, não importando que isso implique grandes injustiças fiscais. Estão aí
os bancos lucrando bilhões sem pagar um centavo de imposto, enquanto o
assalariado chega a descontar 27,5% de seus salários.
Infelizmente, Sras. e Srs. Deputados, esta Casa é cúmplice desse
comportamento predatório, que nos levou a um cenário de recessão, desemprego,
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miséria, desequilíbrio da balança comercial e tantos índices negativos que o Brasil
acumula como decorrência de uma política fiscal e tributária irresponsável.
Portanto, mesmo louvando a iniciativa do Presidente da Câmara dos
Deputados, não creio que a Comissão Geral em que será transformado o plenário da
Casa vá além de mais um dos muitos debates que aqui se travam sobre a
necessidade de uma verdadeira, profunda e justa reforma tributária e fiscal. Mas não
será sob a tutela do Governo, do FMI e de seus servidores que o Brasil verá cumprir
as aspirações de todos os que querem o desenvolvimento e a justiça social.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. NELSON MARCHEZAN (Bloco/PSDB-RS. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desejo fazer um rápido registro. Na cidade de
Ivorá, no Rio Grande do Sul, faleceu, no dia 17 de julho, aos 96 anos, o Prof. Eliseu
Didonet, que era casado com D. Natalina Giacomello.
O Prof. Eliseu Didonet é uma unanimidade no Rio Grande do Sul, sobretudo na
cidade de Ivorá e na região onde é mais conhecido, pela vida exemplar que levou,
quer na sociedade, quer como professor e chefe de família. Eu diria que, se há céu —
e acredito, como católico, que exista —, o Prof. Didonet deve ter ido diretamente para
lá, tal a vida exemplar que teve como professor, como homem, cidadão e integrante
de uma comunidade.
O Prof. Didonet era um homem que contava com a unanimidade da sua
comunidade pelo seu comportamento. Era um conselheiro, uma referência, um
exemplo, um modelo familiar e de cidadão. Portanto, quando faleceu, houve uma
comoção em todo o Município.
Sr. Presidente, quero dizer que, desde longa data, constituo-me num daqueles
que admiraram o cidadão Eliseu Didonet e sua família. Tive a honra de conviver com
alguns de seus filhos, especialmente Elpídio, de saudosa memória; Ignácio, que foi
meu colega no banco; Antônio José, promotor público no Rio Grande do Sul; e Roque,
advogado em Porto Alegre. Tive também a alegria de conhecer de perto seu irmão,
Frederico Didonet, na Cúria da Catedral de Santa Maria e como bispo na cidade de
Rio Grande — também de saudosa memória.
Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a transcrição, na íntegra, de artigo de autoria
de João Baptista intitulado "A última lição do professor Didonet" e publicado na
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Tribuna de Santo Ângelo, daquela cidade, que faz um histórico da vida de Eliseu
Didonet, cujas palavras incluo em meu pronunciamento como se as tivesse
pronunciado.
Ao fazer este registro, quero prestar minha homenagem à família Didonet,
apresentando a todos que lhe são caros, filhos, netos e bisnetos, meus votos de
profundo pesar. Fica-nos a lição de um homem que, não tendo ocupado nenhum cargo
importante, foi eleito pelo Governo do Estado Professor Emérito do Rio Grande do
Sul, comenda a poucos concedida, mas que ele obteve como professor do interior,
tais as qualidades, as virtudes que ornavam a sua figura de cidadão rio-grandense,
cuja morte pranteio neste momento.
ARTIGO A QUE SE O ORADOR
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INSERIR O ARTIGO CITADO - NELSON MARCHEZAN
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O SR. INALDO LEITÃO (Bloco/PSDB-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, na qualidade de Relator de Comissão Especial Externa desta Casa,
criada por ato do Presidente Michel Temer, devo dizer a V.Exa. e aos companheiros
que amanhã estaremos entregando ao Ministro da Integração Nacional relatório que
dá conta de tudo o que aconteceu com as chuvas que caíram pesada e intensamente
em algumas cidades da Paraíba, notadamente em João Pessoa. Elas causaram
danos imensos, desabrigando diversas famílias e provocando queda de barreiras.
Além disso, a buraqueira tomou conta da cidade, a exemplo do que aconteceu em
Maceió, Recife e outras cidades do Nordeste.
O curioso, Sr. Presidente, é que passamos os últimos cinco anos, pelo menos,
vivendo um clima de instabilidade no que se refere à precipitação pluviométrica. As
chuvas escassearam em todo o Nordeste. Agora, deu-se exatamente um fenômeno
inverso: as enchentes causaram esses prejuízos e também mortes em cidades como
Recife.
Então, quero prestar contas do nosso trabalho. Amanhã estaremos entregando
esse relatório circunstanciado de tudo o que aconteceu em João Pessoa e em outras
cidades da Paraíba, a exemplo de Campina Grande, de Areia, de Bayeux, na certeza
de que o Governo irá deliberar incontinenti os recursos necessários à recuperação
desses prejuízos.
Muito obrigado.
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O SR. DR. ROSINHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, deverá ser celebrada hoje a Missa de 7º Dia em memória de Irineu
Feriato, nosso companheiro do Partido dos Trabalhadores.
A ausência de Irineu deixa-nos mais pobres. O mundo segue pior sem ele, sem
o seu exemplo de trabalho e dignidade para nos inspirar. Irineu era o nosso candidato
a Prefeito na cidade de Andirá, no Estado do Paraná. Costumava iniciar as
inumeráveis reuniões de campanha dizendo: "Não devemos esquecer que todos os
homens nascem e morrem iguais. As desigualdades estão entre o nascer e o morrer".
Esta é a homenagem que presto a Irineu Feriato, que, como disse, era
candidato a Prefeito pela cidade de Andirá.
Agradeço a V.Exa. a atenção.
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O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço) - Com a palavra o Deputado Eduardo
Jorge.
O SR. EDUARDO JORGE (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Srs. Deputados, demais presentes, em aproximadamente quinze minutos, às
11h30min, deverá ter início no Senado a votação da emenda constitucional que irá
garantir recursos mínimos e previsíveis para a saúde no Brasil.
Essa luta, que vem de longa data, envolveu Deputados dos mais variados
partidos, como o PT e o PCdoB, passando pelo PMDB, pelo PSDB, pelo PFL e pelo
PPB. Agora, seu fim se aproxima e ela deverá terminar com êxito no Senado Federal,
apesar das resistências que continuam existindo no Executivo, principalmente no
Ministério da Fazenda, e também entre alguns Governadores que querem continuar
gastando pouco com a saúde em seus Estados.
Falo isso porque é muito importante que os Deputados ligados à área da
saúde, que acompanharam toda essa luta, compareçam ao Senado, façam contato
com os Senadores de seus respectivos partidos, pois o problema naquela Casa é o
quorum. Temos ampla maioria no Senado, tanto que a votação em primeiro turno
registrou quase setenta votos favoráveis contra três ou quatro contrários.
Portanto, apelo para os Deputados dos mais variados partidos no sentido de
que façam contato com seus Senadores, porque essa votação é histórica, acredito, e
trará como conseqüência um dos mais avançados dispositivos constitucionais
aprovados em 1988, que foi a universalização do direito à saúde, mas que ficou sem
garantia de recursos.
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O Sistema Único de Saúde tem feito um trabalho muito importante de expansão
da assistência à saúde em todo o Brasil, mas carece de recursos mais consistentes
para dar continuidade a esse trabalho e aprofundar nele.
Essa emenda é importante porque vai colocar a saúde num patamar
semelhante ao da educação, enquanto política pública, com um mínimo de recursos
previsíveis.
A meu ver, em primeiro lugar está o fato de que vamos aumentar um pouco os
recursos destinados à área de saúde. É um aumento relativamente modesto, mas não
deixa de ser importante, porque nos últimos anos a área social sofreu com a retração
de recursos. Esse arrocho de recursos atingiu não só a saúde, mas outras áreas,
como diplomacia e defesa nacional. O que se viu nos orçamentos nacionais foi um
declínio orçamentário. Portanto, o primeiro ponto a destacar na PEC da saúde é
esse aumento modesto, mas importante, numa conjuntura, repito, de contração de
outros orçamentos.
Em segundo lugar, essa emenda possibilitará a previsibilidade de recursos,
permitindo à autoridade sanitária planejar seus investimentos, custeios e
contratações. Prefeitos, Governadores e o próprio Ministro da Saúde, aprovada essa
emenda, também saberão sobre a quantidade de recursos que poderão contar daqui
a um, dois, três, quatros anos, o que até agora não ocorria. Tendo de trabalhar numa
estrutura política altamente complexa como a do SUS e da saúde, a autoridade
sanitária não podia fazer previsão alguma, não podia contratar, comprar
equipamentos, investir mesmo, porque não tinha como saber se no próximo ano
alguém iria puxar o tapete, deixando-a sem orçamento.
O terceiro elemento importante da emenda da saúde é o fim do que eu chamo
de gangorra orçamentária. O que é isso? Cada vez que uma instância aumenta os
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seus recursos a outra os diminui. Se o Governo Federal os aumenta, o Estado os
diminui; se o os Município aumenta, o Estado os diminui. É uma espécie de gangorra
orçamentária ou um jogo de empurra-empurra que prejudica o cidadão que depende
do Sistema Único de Saúde.
O quarto elemento que desejo destacar nessa PEC é o término de outra
distorção, que chamo de exportação de pacientes. O que é isso? Um Prefeito
responsável investe na saúde, monta uma boa estrutura de saúde em seu Município,
mas infelizmente é cercado por duas ou três Prefeituras irresponsáveis que não fazem
o mesmo, que têm outras prioridades. O que acontece? A Prefeitura que investiu em
saúde é assediada por esses outros Municípios, que compram ambulâncias e ônibus
para enviar pacientes ao Município no qual houve investimento na área da saúde, para
que sejam atendidos.
Não é possível que isso continue acontecendo. Os Prefeitos que investem na
saúde de seus Municípios são punidos, assim como o cidadão, em virtude da
irresponsabilidade dos Municípios vizinhos ou das prioridades orçamentárias destes.
Tudo isso só terá fim com um aumento discreto de recursos e com a possibilidade de
previsibilidade das políticas públicas.
Acabar com a gangorra orçamentária das políticas públicas, com o
empurra-empurra orçamentário e a exportação de pacientes será mérito deste
Congresso Nacional, que acolherá essa demanda de muitos anos de entidades e de
todos aqueles setores preocupados com a situação da saúde no Brasil, caso seja
realmente aprovada, daqui a dez ou quinze minutos, a PEC da Saúde no Senado
Federal.
Muito obrigado.
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Durante o discurso do Sr. Eduardo Jorge, o Sr. Ricardo
Ferraço, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno, deixa a
cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Clementino
Coelho, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno.
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O SR. RICARDO FERRAÇO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PSDB-ES. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, antes de abordar o tema que me
traz hoje à tribuna, desejo manifestar a mais absoluta solidariedade à luta do eminente
Deputado Eduardo Jorge no sentido de que nós, Parlamentares de todos os partidos,
conversemos com nossos Senadores, a fim de conseguirmos romper com essa
dificuldade que têm vivido o País e seus entes federados, aprovando, numa decisão
política inédita, esse projeto que conta com o esforço do Ministro José Serra.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, como faço diariamente — e não creio ser
privilégio meu, penso que milhares de brasileiros também o fazem —, leio a coluna da
jornalista Míriam Leitão, que aborda os mais diversos aspectos da vida econômica
brasileira e até internacional. Chamaram-me a atenção, pelo caráter institucional, os
comentários que fez a jornalista na coluna Panorama Econômico, na última
quinta-feira, dia 5 de agosto, motivo que me traz à tribuna.
Peço a V.Exa. que faça registrar nos Anais da Casa o artigo em que o jornal O
Globo faz uma análise da conjuntura política de todo o episódio que envolveu o
ex-Secretário-Geral da Presidência da República, Dr. Eduardo Jorge, com a análise
da necessidade da reflexão do papel dos atores envolvidos nesse processo, do qual
destaco o seguinte trecho:
Procuradores e jornalistas têm objetivos comuns.
Sempre trocarão informações. Mas cada um deve seguir sua
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pauta de trabalho. Do contrário, podem ser rasgados os
manuais de boa conduta de ambos.
A pressa inerente ao jornalismo não pode ser desculpa
para o profissional deixar de cumprir todas as etapas do
processo de apuração e investigação. Por isto, o Correio
Braziliense transformou o erro da quinta-feira em uma rara
demonstração de coragem. Pôs em destaque acima da
manchete o título "O Correio errou".
Do mesmo modo, procuradores não podem transferir
suspeitas aos jornalistas para que eles façam o trabalho da
investigação. Nem podem se contentar apenas com o que
lêem nos jornais. A relação tem feito um movimento circular:
indícios são passados aos jornalistas como se provas fossem,
a imprensa considera a palavra do procurador a expressão da
verdade e a divulga. Com base nas publicações, os
procuradores iniciam processos. Quando as acusações são
inconsistentes há o risco de fazer uma de duas coisas:
condenar um inocente ou inocentar o culpado.
(...)
Procuradores não são políticos, senadores não são
juízes, juízes não administram obras, jornalistas não são
auxiliares de procuradores, assessores de presidente não
decidem que filosofia jurídica devem ter os tribunais , ministros
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de tribunais de contas não esperam seis anos para acreditar na
apuração dos seus auditores, funcionários poderosos que
saem do Governo não usam o prestígio que tiveram para
facilitar negócios e fechar contratos. Democratas não fazem
pouca da democracia chamando-a de "fajuta".
Lutam para aperfeiçoá-la.
A democracia precisa que cada um saiba o seu papel e o
execute. Precisa de regras, normas, ritual. A democracia é uma
construção coletiva. Será fajuta se formos todos fajutos.
Esta a reflexão que faço neste momento em que estamos com a tarefa de
redesenhar o papel de nossas instituições no tocante à apuração de denúncias, a fim
de que elas possam ser investigadas, e a transparência, a clareza, a informação
segura, sólida possam estar diante do povo brasileiro.
Muito obrigado.
ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR
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INSERIR A MATÉRIA CITADA - RICARDO FERRAÇO
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O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Com a palavra o Sr. Deputado Dr.
Evilásio.
O SR. DR. EVILÁSIO (Bloco/PSB-SP.) - Sr. Presidente Clementino Coelho,
Sras. e Srs. Deputados, vivemos, neste País, ambigüidades, dicotomias porque
temos uma classe privilegiada e outra excluída — com certeza, esta constituída pela
maior parte da população. São os excluídos dos seus direitos.
E isso se acentua em anos eleitorais como este, quando conversamos com as
pessoas simples, trabalhadoras, algumas desempregadas, bem como com pequenos
empresários, e todos relatam, em voz uníssona, que realmente existe o Brasil dos
políticos e o Brasil dos pobres pecadores brasileiros.
Hoje, ao abrirmos os jornais vemos notícias de que Câmaras de Vereadores
aumentam os já polpudos vencimentos de Vereadores, Prefeitos e Vice-Prefeitos.
Paira, então, uma pergunta: o que fazer nas próximas eleições, quando
deveremos escolher os mais legítimos e mais próximos representantes do povo, que
são os Prefeitos e Vereadores? Sabemos que hoje a classe política não é o melhor
exemplo de cidadania para o povo brasileiro.
Em todos os meios de comunicação manchetes noticiam a corrupção. Sr.
Presidente, nomes antes confiáveis, independentemente da questão ideológica, são
citados como envolvidos em grandes escândalos.
A revista ISTOÉ desta semana, por exemplo, traz Tasso Jereissati, que foi o
caçador dos coronéis, implementando a política dos coronéis e sendo até alcunhado
de "Coronel dos Olhos Azuis". Também ele vê o seu Governo envolvido em
corrupção.
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Há denúncias de corrupção no Governo de Mário Covas, um homem que
pertence à história política do País; Jaime Lerner, no Paraná, repito,
independentemente da questão ideológica, anteriormente referência de governo
ilibado, hoje também está envolvido em atos de corrupção.
Mas realmente ganharam notoriedade as questões que concernem mais à
Administração Federal. Por isso que, cada vez mais, a classe política cai em
descrédito em relação aos pobres pecadores brasileiros, porque sequer, no caso
aqui, o Congresso Nacional dá oportunidade de defesa ao Presidente da República,
até para que não haja o inconveniente da condenação prévia.
Então, essa cortina, esse anteparo para proteger o Governo, com certeza, o
está expondo. O Governo Fernando Henrique Cardoso poderia ele mesmo tomar a
iniciativa e escancarar, usando de transparência para que todos os brasileiros
chegassem à luz dos fatos, já que têm direito à informação, porque a coisa sendo
pública não pode ser apenas do domínio de quem ostenta mandados eletivos.
Nesse sentido, quero aqui incriminar este Congresso Nacional por não atender
hoje à maior reivindicação da população brasileira de trazer os fatos à tona, com toda
a transparência. Refiro-me aos episódios que envolvem os escândalos e a corrupção
em torno do Governo Federal.
Para concluir, Sr. Presidente, 169 milhões de reais é uma quantia substancial
de recursos, que com certeza atenderia a muitos programas de interesse social. No
entanto, os recursos se esvaem pelos ralos da corrupção, como se isso nada
significasse.
O Congresso Nacional põe uma venda em seus olhos e não traz luz para a
reflexão da nossa população, até para nortear o voto dos eleitores nas eleições de
outubro próximo.
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Registro, em tom de indignação, o meu pronunciamento.
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O SR. WILSON BRAGA (PFL-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
encaminho à Mesa documentos que acabo de receber do Presidente da Federação
do Comércio do Estado da Paraíba, Marconi Medeiros, e do Conselheiro-Relator da
1ª Turma da Paraíba, Antonio Fernando da Silva.
Eles comunicam que o Ministério da Previdência Social está extinguindo
naquele Estado a Turma de Julgamento de Recursos Administrativos, vinculada ao
Conselho de Recursos da Previdência. Isso significa que qualquer assegurado que
precise apelar por seus direitos junto à Previdência terá de ir a Recife ou a Alagoas.
Ora, Sr. Presidente, a Previdência, que nada mais faz pelos pobres, acaba de
tirar-lhes o direito de recorrer.
Encaminho à Mesa esses dois documentos, muito importantes para nós da
Paraíba, para que sejam enviados ao Ministro da Previdência e Assistência Social,
Waldeck Ornélas.
O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - A Mesa acolhe os documentos e
tomará as medidas cabíveis.
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O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Concedo a palavra ao Sr.
Deputado Pedro Fernandes.
O SR. PEDRO FERNANDES (PFL-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de fazer um registro em plenário, a
respeito da reunião que a bancada do Maranhão — dezoito Deputados e três
Senadores — fez com o Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Fomos
levar ao conhecimento de S.Exa. a situação do Projeto de Irrigação do Tabuleiro de
São Bernardo, que existe há quatorze anos.
Queremos salientar o dinamismo do Ministro, que, com sua visão
desenvolvimentista, prontificou-se logo a fazer uma visita ao local.
Sr. Presidente, no Projeto de Irrigação do Tabuleiro de São Bernardo já foram
investidos muitos recursos. Ele está na fase final, necessitando realmente de decisão
política. Tenho certeza de que, com a visita da bancada ao Sr. Ministro, ontem,
daremos um grande passo, porque vamos ter a Companhia de Desenvolvimento do
Vale do São Francisco no Vale do Parnaíba, a exemplo do que ocorre em Petrolina e
Juazeiro, onde ela comanda o projeto. Já tentamos passar o Tabuleiro de São
Bernardo e o Tabuleiro da Litorânea, no Piauí, também para a CODEVASF. O projeto
está concluído e, com a experiência da Companhia, principalmente no plantio e na
comercialização, vamos ter também outro pólo no Nordeste, com grande sucesso.
Outro registro é que ontem tivemos, na Comissão da Amazônia e de
Desenvolvimento Regional, a aprovação de projeto de minha autoria, que leva os
recursos do FNO para a Amazônia Legal. O grande argumento é que o BASA, atuante
na Amazônia Legal e principalmente numa faixa do Maranhão, está sem recursos para
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justificar sua presença na região, transformando-se simplesmente em agência
comercial, o que não é papel do Banco.
Por conseguinte, o FNO, que hoje tradicionalmente devolve recursos, vai
dinamizar as agências do BASA. Precisamos, naturalmente, levar esse projeto para a
Comissão de Finanças e Tributação e depois para a Comissão de Justiça, pedindo o
apoio de todos os Parlamentares para que não venhamos a fechar uma instituição
como o BASA, que há muito vem prestando serviço a toda a Amazônia Legal.
São esses os dois registros que faço, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
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O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, gostaria de fazer uma pergunta, porque tenho convicção de
que a mesma dúvida que tenho está na cabeça da maioria do povo brasileiro: será
que o Sr. Eduardo Jorge não é o PC do Fernando Henrique Cardoso? Faço essa
indagação porque Collor dizia a mesma coisa que diz o Presidente da República,
negava tudo de joelhos, e ao final todos os fatos que envolviam o Sr. Collor e o Sr. PC
foram definitivamente provados.
Os escândalos do Governo Fernando Henrique Cardoso se sucedem um após
o outro, e o povo brasileiro não está vendo providências sendo tomadas de forma
rigorosa. Lembro apenas dois deles, sendo o do Sr. Eduardo Jorge o terceiro.
O primeiro diz respeito à compra de votos. O senhor "X" revelou ao povo
brasileiro o verdadeiro processo, a forma exata como o Presidente Fernando
Henrique Cardoso se utilizou do cargo para aprovar a emenda constitucional da
reeleição. Em seguida, logo no início do seu segundo mandato, ocorreu aquele
escândalo vergonhoso envolvendo os bancos e o Banco Central, que embolsou
bilhões de reais do povo brasileiro, que faltam nas escolas, na saúde, no transporte,
para acabar com a pobreza e a miséria neste País. Eles foram parar nos bolsos dos
banqueiros, conforme noticiou a imprensa e debateu o Congresso Nacional.
Sr. Presidente, temos o escândalo Eduardo Jorge, Secretário-Geral da
Presidência da República. Com sala contígua à do Presidente, ao lado da de S.Exa.,
ele fez tudo o que a imprensa está divulgando. E o Presidente Fernando Henrique
Cardoso não sabia disso! O Sr. Eduardo Jorge praticou todos esses atos que o povo
brasileiro conhece — todos estão sabendo, menos o Presidente da República! Isso é
intrigante e preocupante.
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Agora, em vez de enfrentar a crise de frente, debater com o povo brasileiro,
com o Congresso Nacional e comprovar que nada sabia, S.Exa. na verdade orquestra
uma "Operação Abafa".
Estão na moda as moções, os documentos tentando comprovar a probidade e
a inocência de Fernando Henrique Cardoso. Tenho a impressão de que a corrupção
já presente no Governo pode chegar à mesa do Presidente da República. Se as
investigações continuarem — a imprensa brasileira está fazendo um trabalho
investigativo — e se o Presidente tiver a coragem de aceitar a instauração de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito, esse escândalo Eduardo Jorge será
definitivamente esclarecido.
Sr. Presidente, apesar de fazer parte de um partido de oposição ao Governo,
até gostaria que FHC nada tivesse a ver com esse escândalo. Mas estou começando
a crer, pelas suas reações, pela "Operação Abafa" e pelo medo que tem da CPI, que
S.Exa. está se traindo por seus próprios atos.
O povo brasileiro já tem na cabeça a pergunta que formulo da tribuna da
Câmara dos Deputados e que espero seja esclarecida ainda neste Governo: o Sr.
Eduardo Jorge é o PC de FHC?
Era o que tinha a dizer.
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O SR. NILTON CAPIXABA (Bloco/PTB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o programa Globo Rural, em sua edição de
domingo, dia 6 de agosto, deixou todos os rondonienses muito felizes e orgulhosos.
Em primeiro lugar, porque é muito difícil ver o Estado de Rondônia bem divulgado,
ainda mais por um veículo de grande força e prestígio e com uma penetração enorme
no meio rural brasileiro: o Globo Rural.
Na maioria das vezes, Rondônia ganha as manchetes, a notoriedade e é
destaque através de matérias que a diminuem, que rebaixam a qualidade das
políticas ali postas em prática e que denigrem não somente os seus governantes, os
seus políticos, mas a sua gente. Rondônia ganha as manchetes pela notoriedade das
suas queimadas, pela destruição dos seus recursos florestais, pela aniquilação da sua
rica biodiversidade.
Um bom exemplo disso foi a minuciosa matéria, enriquecida fotograficamente,
publicada na revista Veja, edição de 7 de abril de 1999, com o título “O Massacre da
Moto-Serra”, por mim analisada detalhadamente em meu discurso de 26 de abril de
1999.
Quando não é assim, o destaque é alcançado pelo tráfico de entorpecentes,
pela vascularização dos agentes de venda da maconha e da cocaína, do crack, pela
lavagem de grandes montantes de recursos financeiros, pela ação de políticos que
foram a uma só vez representantes do povo rondoniense e agentes da máfia
internacional dos cartéis da Colômbia, do Peru e da Bolívia.
Ia esquecendo que a triste notoriedade é também alcançada por Rondônia
como resultado da violência no campo, que atingiu o clímax com a chacina de
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Corumbiara, na Fazenda Santa Elina — celebramos ontem, 9 de agosto, cinco anos
da morte de dezenas de indefesos sem terra. Os matadores, policiais da Polícia
Militar de Rondônia, até agora não se sentaram no banco dos réus.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a felicidade que se via estampada nos
rostos dos imigrantes paranaenses, a alegria de suas falas, o alvoroço das crianças e
dos jovens no churrasco comemorativo deram a todos nós a certeza de que a
imigração foi uma decisão boa, uma coisa acertada.
Migrar vem da raiz latina migrare e quer dizer mudar de um lugar para outro.
Significa buscar abrigo, dar novas oportunidades para si, para sua mulher, para seus
filhos, para os seus. Conotações de melhorias quase sempre podem ser
vislumbradas. Afinal, ninguém busca mudar do seu lugar para um lugar remoto,
distante 3 mil quilômetros, localizado nas lonjuras de Rondônia, sem grandes projetos.
Significa buscar novas oportunidades, o que certamente não estavam conseguindo
em suas terras de origem, e que foram felizmente alcançadas em suas novas terras,
em suas fazendas. O personagem central foi o agricultor paranaense Geraldo Cândido
da Silva Filho, proprietário da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, com 100 hectares
de terras. A fazenda ou, melhor dizendo, o sítio, como diz o Geraldo, tem como
atividade principal o plantio de café, com 100 mil pés, e uma área de reserva de 8
hectares; produz ainda pequena produção de alimentos.
A área da Fazenda Nossa Senhora Aparecida produziu este ano quatrocentas
sacas de café beneficiado, que estavam sendo vendidas ao preço local de 75 reais a
saca. O jovem casal — a filha do Geraldo e o ex-motorista de caminhão — plantou e
colheu a sua primeira safra de feijão, que comercializada assegurará a sua
manutenção por todo um ano, conforme afirmou ante as câmeras da TV Globo. O
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genro do Geraldo fez uma afirmação que nos tocou a todos: “Quando eu chego na
entrada de Vilhena e leio na placa 'Seja Benvindo a Rondônia', sempre me emociono”.
Isso porque ali ele encontrou um futuro de esperança e constituiu sua família. Disto é
que é feito o nosso Estado: esperança, trabalho e emoções.
As emoções do programa Globo Rural atingiram também Municípios vizinhos.
O casal Hilarino Franco de Oliveira e D. Dirce, proprietários da Fazenda Figueira, no
Município de Santa Luzia, ouviu o programa. Eles são também migrantes de Jaciara,
Mato Grosso. V enderam as terras que tinham naquele Estado e adquiriram em
Rondônia uma gleba de terras de 225 alqueires — uns 560 hectares — e trabalham
com a pecuária. O casal possui um rebanho com 1.200 cabeças. Estão igualmente
felizes e realizados em Rondônia.
O Sr. Hilarino participou ativamente da campanha de vacinação contra a febre
aftosa, promovida pelo Idaron, e tem o compromisso de não mais deixar de vacinar o
seu rebanho. Gado vacinado é gado sadio, que pode ser melhor comercializado e
alcançar melhores preços nos mercados que antes estavam fechados, em face da
qualificação do rebanho. Rondônia estava em uma zona de risco desconhecido; hoje
ela é de risco médio.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as atividades da produção agrícola e
da pecuária não se estariam desenvolvendo em Alta Alegre dos Parecis em ritmo
acelerado se não contassem com a Cooperativa de Crédito Rural de Alto Alegre dos
Parecis — ALTOCREDI.
Criada em março de 1997, com 22 associados, com um capital integralizado
de 2.200 reais, a ALTOCREDI evoluiu rapidamente. O inicio das operações foi
registrado em 26 de março de 1999, com 36 contas correntes e um depósito de 9.600
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reais. Pela comprovação da seriedade com que trabalhava a diretoria, aliada à
competência que tem o Sr. Edson de Souza Novelli, como seu Presidente, a
ALTOCREDI passou a ter 120 novos associados.
Tendo em conta que os custos pagos ao Banco do Brasil pelos serviços de
compensação eram considerados altos, formaram uma Central de Crédito constituída
por seis Cooperativas de Crédito de Rondônia — OUROCREDI, CREDIPE,
POLICREDI, por exemplo — e três cooperativas do Estado do Acre. A Central de
Crédito assim constituída passou a ser acionista do BANCOOB — Banco
Cooperativista do Brasil. O processo de integração ao BANCOOB já foi encaminhado
para análise ao Banco Central do Brasil. A sede da Central de Crédito é Porto Velho,
Rondônia.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Município de Alto Alegre dos Parecis
é muito jovem. Foi criado em 22 de junho de 1994. Possui uma área geográfica de
3.952 quilômetros quadrados, com uma população, estimada em 1998, de 9.596
habitantes. O número de eleitores, atualizado em abril de 1999, foi de 4.858.
A força da produção agrícola do Município é o café, que conta com uma área
cultivada de 3.690 hectares, tendo colhido uma área de 1.603 hectares, nos quais
foram produzidas 2.244 sacas de café em coco. Em segundo lugar figura a produção
de feijão, com uma área plantada e colhida de 5.755 hectares e uma produção de
4.144 toneladas. Anote-se ademais a produção de milho, arroz, mandioca e banana.
A pecuária de corte é expressiva, contando com um rebanho de 106 mil cabeças, em
1998.
A infra-estrutura de serviços municipais é ainda muito carente. A matrícula total
é de 2.814 alunos, sendo 944 matriculados em escolas estaduais e 1.870 em escolas
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municipais. O meio rural provê educação fundamental para 1.681 alunos e para
cinqüenta alunos do ensino supletivo. O quadro de professores está constituído por 32
professores estaduais e 42 professores municipais.
No atendimento à saúde, o Município conta com três postos de saúde e um
centro de saúde com dezessete leitos hospitalares. Apesar da pobreza da
infra-estrutura de atendimento médico, a ocorrência de malária é baixa: em 140
lâminas feitas, somente dezoito foram positivadas; 122 foram negativadas.
O suprimento de energia elétrica é bastante precário, com um total de 834
consumidores, sendo 398 pontos residenciais, 19 pontos industriais, 74 pontos
comerciais, 337 pontos rurais e 5 pontos do Poder Público e de iluminação pública.
As informações foram colhidas na publicação “Indicadores Municipais”, da SEPLAN
de Rondônia.
A administração municipal é exercida pela Prefeita Vitória Fátima Betelli da
Silva — é a primeira Prefeita eleita em 1997. As dotações municipais são muito
restritas. Trabalha com grande confiança pela sua reeleição.
O Estado de Rondônia, que é sempre acusado de violentar os seus recursos
naturais e de desflorestar por desflorestar, alterou em 23% a cobertura florestal da sua
área geográfica para produzir e atender aos reclamos do crescimento populacional.
Como estaria Rondônia se não tivesse alterado em 23% a cobertura florestal,
que recobria a sua área de 243.044 quilômetros? Como seria Rondônia sem os seus
137 mil hectares de cafezais, que produziram cerca de 1,5 milhões de sacas de café e
colocaram o Estado como quarto produtor em âmbito nacional? Como estariam os
seus 34 mil hectares de cacauais, que produziram cerca de 15 mil toneladas e que
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caminham para franca recuperação, podendo até dobrar a sua produção nos
próximos anos?
Como poderia o Estado de Rondônia ter produzido 713 mil sacas de grãos
(arroz em casca, 262 mil toneladas; feijão, 81 mil toneladas; e milho, 370 mil
toneladas)? Como teria Rondônia produzido 700 mil toneladas de raízes de
mandioca?
Como falar da evolução de um rebanho bovino que nos idos de 1970 era de 23
mil cabeças e que atingiu, em 1999, seis milhões e meio de cabeças? Todo esse
crescimento econômico somente seria possível com os desmatamentos feitos para
gerar produção de alimentos e resultados econômicos.
Sr. Presidente, o crescimento das áreas plantadas em Rondônia continua em
um ritmo animador. O Banco da Amazônia, através da sua Diretoria de Crédito Rural,
informou sobre os financiamentos concedidos a empreendimentos, no período de 1º
de janeiro de 1999 a 30 de junho de 2000, indicando o número de contratos
celebrados, a área financiada e o montante dos financiamentos concedidos.
Para todo o Estado de Rondônia, a atividade do café celebrou 2.997 contratos,
com uma área de 7.645 hectares e um valor de 7.942.453 reais. Minha assessoria
elaborou uma listagem dos Municípios com áreas financiadas superiores a 200
hectares, do que resultou o Anexo 1 — Municípios com maiores áreas de plantio de
café financiadas no período de 1º de janeiro de 1999 a 30 de junho de 2000, em
Rondônia.
Um destaque que merece ser feito é a circunstância de que novos Municípios
não tradicionais como grandes plantadores de café aparecem no último período de
1999/2000 como grandes plantadores.
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O Município de Machadinho D’Oeste celebrou 446 contratos com uma área de
plantio de 1.555 hectares e um montante de financiamento de 985.740 reais. Em
segundo lugar figura Governador Jorge Teixeira, com 191 contratos, uma área de
plantio de 453 hectares e um total de 326.135 reais. O Município de São Francisco do
Guaporé contratou uma área de 447 hectares, através de 191 contratos, com um
montante de 673.538 reais.
Os três maiores plantadores de café, no período 1999/2000, totalizaram 2.455
hectares, o que representa 32% da área plantada e um montante de 1.985.413 reais,
que expressaram 25% do total financiado.
O plantio de cacau, apesar dos esforços da CEPLAC/SUPOC de Rondônia,
ficou aquém das metas alcançadas pelo cultivo do café. Foram celebrados no total
519 contratos, com uma área financiada de 1.599 hectares e um montante de
3.150.319 reais.
Esses dados revelam que o total da área financiada de cacau correspondeu a
21% da área financiada de café, enquanto que o montante de empréstimos
concedidos para o cacau correspondeu a 44,7% do total financiado para o café. Isso
se explica pelo fato de os custos de plantio do cacau serem bem mais altos do que
para o plantio do café.
Além dessa justificativa, é importante assinalar que foram anotados
financiamentos para o café em 48 Municípios, dentre os 52 existentes. O
financiamento para o cacau figurou em apenas 21 Municípios. A justificativa é de que
a CEPLAC/SUPOC está presente, com escritórios de extensão rural, em apenas doze
Municípios, enquanto que a EMATER-RO está em todos os quadrantes da terra
rondoniense, inclusive na zona fisiográfica da Ponta do Abunã.
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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, outra explicação que encontro e que
aponto com a maior isenção é o lançamento, no ano passado, do Programa
Rondônia: Vamos Plantar Café, que elaborei e apresentei ao Exmo. Sr. Presidente da
República, ao Governador do Estado de Rondônia, aos Secretários de Estado e às
autoridades do sistema financeiro oficial: Banco do Brasil, Banco da Amazônia e
BNDES. Deixo aos desanimados, aos descrentes que prejulgaram a minha proposta
como apenas um ato eleitoreiro os fatos, as estatísticas.
Isso foi conseguido graças a Deus, aos esforços despendidos pela Secretaria
de Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social —
SEAPES, pela EMATER-RO, e à acolhida dada pelos cafeicultores de meu Estado.
Muito obrigado.
ANEXO A QUE SE REFERE O ORADOR
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INSERIR O ANEXO CITADO - NILTON CAPIXABA
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O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uso a tribuna hoje para travar nesta Casa um
debate que tem encontrado pouco espaço na opinião pública brasileira.
Surpreendeu-nos a decisão tomada pelo Governo, quando iniciou, há alguns dias,
segundo notícia veiculada em dois jornais do País, a privatização da PETROBRAS.
O Presidente da República sempre disse que a PETROBRAS não seria
privatizada. Portanto, ficamos surpresos ao nos defrontar com essas duas notícias, as
únicas veiculadas na mídia nacional.
Aproveito para insistir na primeira grande crítica ao processo de privatização:
nenhum brasileiro, nenhum Deputado Federal ou Senador da República deste País
sabe que negociação o Governo brasileiro fez com a empresa espanhola REPSOL,
que, segundo a referida notícia, passaria a ser proprietária de 30% da Refinaria
Alberto Pasqualini, a REFAP, instalada no Rio Grande do Sul — uma das mais
importantes refinarias da PETROBRAS. O Governo chama a transação de troca de
ativos — nome disfarçado para a privatização.
A REPSOL é a mesma empresa que comprou a YPF Argentina, ex-estatal
argentina de petróleo, que instalou naquele país um monopólio privado e trouxe
diversos prejuízos, dentre eles o progressivo aumento de preço dos derivados de
petróleo. A empresa, aliás, está sendo obrigada pelo Governo argentino a vender
parte de seu patrimônio, exatamente para tentar diminuir o prejuízo que está causando
ao povo argentino. Terá de vender parte de sua rede de distribuição.
Em negociação absolutamente escusa — nenhum de nós sabe em que base
foi feita —, a REPSOL foi contemplada com os seguintes ganhos em relação ao
mercado de petróleo em nosso País: 30% da Refinaria Alberto Pasqualini, mais de
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trezentos postos de distribuição da BR Distribuidora, da PETROBRAS, e 10% da
produção de um dos campos petrolíferos brasileiros, cujo nome me falha a memória
neste momento.
Sras. e Srs. Deputados, precisamos fazer esse debate com a máxima
urgência. O Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, sem nenhuma
autorização deste Congresso, sem nenhum debate público, está iniciando o processo
de privatização da PETROBRAS. Além da negativa à imensa população brasileira da
privatização da empresa — o que a maioria não quer —, está ocorrendo algo muito
pior: não se está informando ao povo o que está acontecendo.
Tomamos três iniciativas, juntamente com o Deputado Walter Pinheiro, em
nome da bancada do PT.
Em primeiro lugar, estamos encaminhando um pedido de informações ao
Ministro de Minas e Energia, para que nos entregue esse tal contrato feito com a
REPSOL, porque — pasmem, Srs. Deputados! — se trata de uma troca de ativos de
um bilhão de reais, da qual ninguém no País tem conhecimento.
Em segundo lugar, estamos entrando com uma representação no Ministério
Público, porque acreditamos que a negociação não está sendo feita dentro dos
marcos legais.
Em terceiro lugar, estamos convocando à Comissão de Minas e Energia o
Diretor-Presidente da PETROBRAS, para esclarecer à opinião pública brasileira de
que forma o Governo está privatizando a PETROBRAS.
Com a negociação, a REFAP desvincula-se do patrimônio da PETROBRAS e
passa a ser uma subsidiária independente. Se o Governo fizer isso com todos os
ativos e empresas que a PETROBRAS tem, poderá retalhar todo o patrimônio da
estatal e vender parcelas desse patrimônio em diferentes negociações.
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Algo muito grave está acontecendo, e encontramos apenas duas matérias em
jornais a esse respeito. O Governo, o Ministro de Minas e Energia, o Presidente da
República e o Diretor-Presidente da PETROBRAS precisam vir a público para
esclarecer à opinião pública como estão vendendo esse patrimônio público sem
autorização legislativa.
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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão
de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Questão de ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, 291 Deputados registraram a presença no painel e já são
quase 11h50min. Portanto, pleiteio o início da Ordem do Dia. Há uma pauta
estabelecida e já existe quorum regimental. Seria importante que começássemos a
Ordem do Dia para a discussão das matérias.
O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - A Mesa vai analisar a questão de
ordem apresentada por V.Exa.
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O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Concedo a palavra, pela ordem,
ao Sr. Deputado Gustavo Fruet.
O SR. GUSTAVO FRUET (Bloco/PMDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, estou entregando à Mesa declaração de voto favorável ao
Projeto de Lei nº 3.310-C/97, que dispõe sobre as restrições de produtos fumígenos,
bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, e a retificação de
voto em relação à Emenda nº 22.
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O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Com a palavra o Sr. Deputado
Pedro Eugênio.
O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, gostaria de registrar que no dia de ontem a Comissão
Especial criada nesta Casa para acompanhar os estragos causados pelas enchentes
ocorridas em Pernambuco apresentou ao Sr. Presidente Michel Temer seu relatório.
Lá estão registrados os principais prejuízos causados à infra-estrutura pública, social
e econômica dos Municípios atingidos — cerca de 34 — e também às propriedades
de inúmeras famílias. Há cerca de 60 mil desabrigados em nosso Estado.
Hoje, o Governador do Estado, juntamente com representantes das Comissões
Especiais do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, entregará ao Sr.
Presidente da República esses relatórios. Esperamos que o Governo Federal não se
omita neste momento e se faça presente com recursos substanciais.
Só em Pernambuco, sem contar os recursos necessários para o Estado de
Alagoas, também duramente atingido, contabiliza-se a necessidade imediata de
recursos da ordem de 128 milhões de reais, não somente para a recuperação da
base econômica, como também para a reconstrução da infra-estrutura duramente
atingida e destruída nos Municípios que sofreram aquela calamidade.
Sr. Presidente, o segundo ponto a que gostaria de me referir diz respeito à
reforma tributária. Tenho em mãos o pronunciamento que fiz dia 26 de novembro de
1999, que continha muita esperança, até a convicção de que esta Casa seria capaz
de levar a cabo a votação da reforma judiciária, portanto, de dar condições ao
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Presidente de promulgar uma nova estrutura jurídica para balizar as questões
tributárias em nosso País.
Infelizmente, os acontecimentos frustraram a todos nós. Frustraram a
Comissão, que nesta Casa desempenhou seu papel, chegando a produzir um
documento final, um substitutivo que foi enviado ao Executivo, mas que não teve, Sr.
Presidente — essa a razão da reforma tributária, todos sabemos, e gostaria de
registrar neste momento —, dentro de suas próprias forças, daqueles que compõem a
base de sustentação do Governo, o consenso interno para poder fazer valer a
responsabilidade que todo Governo que tem maioria numa Casa como esta tem que
ter para que essa maioria assuma a posição de responsável pelas coisas públicas e
faça com que a reforma tributária, algo tão importante para o nosso País, chegue,
finalmente, a ser aprovada nesta Casa.
O Governo, na realidade, apostou que esta Casa não teria condições de
chegar a uma proposta; apostou no dissenso, frustrou-se e foi surpreendido. E quando
foi surpreendido, não teve condições objetivas de dar à Nação uma proposta
consistente de reforma tributária.
Por isso, Sr. Presidente, o nosso partido, o PPS, vai apresentar a esta Casa
uma proposta para ser discutida, que contemple aquilo que a Nação almeja, que
considere, por exemplo, novos critérios de recolhimento das arrecadações aos
Estados e Municípios, mais claros, objetivos, mais democráticos; que se acabe com
as famigeradas diferenças de alíquotas, porque é uma porta aberta para a
sonegação; que se estabeleçam impostos seletivos sobre determinados produtos
que, a exemplo dos combustíveis, são porta aberta para a sonegação; que se acabe
com as famigeradas contribuições, que são tributos em cascata que oneram
sobremaneira os preços finais dos produtos; que se tribute fortemente as grandes
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fortunas e faça valer o princípio da progressividade, fazendo com que as grandes
fortunas sejam também contributos às receitas públicas. Finalmente, tributar o
consumo gerando incentivo ao investimento e à poupança em nosso País.
Esperamos que seja o novo marco para retomarmos nesta Casa a discussão
sobre a reforma tributária. Basta de remendarmos algo que precisa ser
profundamente reformulado. Pretendemos reabrir essa discussão para que esta Casa
possa valer sua prerrogativa de guardiã dos interesses públicos.
Era o que tinha a dizer.
Durante o discurso do Sr. Pedro Eugênio, o Sr.
Clementino Coelho, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno,
deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Michel
Temer, Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado
Chico Sardelli.
O SR. CHICO SARDELLI (PFL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desejamos registrar neste momento nossa
singela porém sincera homenagem a todos os pais, a esses homens que dedicam
grande parte do seu tempo, de sua vida a seus filhos.
Portanto, na oportunidade, expressamos a todos os pais os nossos
agradecimentos e que seja reconhecido o seu valor.
Felicidades a todos os pais!
Sr. Presidente, requeiro a divulgação deste meu pronunciamento no programa
A Voz do Brasil e no Jornal da Câmara.
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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Nordeste assistiu com renovada esperança à
adoção, pelo Governo Federal, do plano de apoio aos Estados com fraco
desenvolvimento humano, ou seja, Plano IDH-14, que visa atingir com maior
brevidade as metas preconizadas nos programas de assistência social voltados para
as regiões brasileiras mais carentes.
Coordenada pela Secretaria de Estado de Assistência Social do Ministério da
Previdência, a iniciativa, na área da educação, pretende atender um universo de 651
mil crianças, que se acham submetidas a condições penosas de trabalho até o final
de 2001. A expectativa inicial era de que esse objetivo, no Norte e no Nordeste,
apenas se concretizasse em 2002. Portanto, haverá um ganho de um ano em
decorrência da implantação das novas medidas.
O mérito do projeto reside na integração de todas as ações governamentais
em curso na área social, ampliando sobremaneira sua capilaridade e alcance, e
propiciando um crescimento exponencial da parcela da população a ser beneficiada.
De acordo com a Secretaria de Estado de Assistência Social, percentual
expressivo do Produto Interno Bruto do País, algo em torno de 21%, é despendido
anualmente nas programações de cunho eminentemente social. No entanto, em virtude
da inexistência de uma coordenação eficiente e eficaz, os resultados obtidos ficavam
a desejar, a despeito dos esforços de todos os agentes envolvidos.
Segundo se divulgou, o enfrentamento do problema se dará prioritariamente
pela aplicação de um conjunto de medidas direcionadas para a assistência neonatal.
Subsidiariamente, serão implantadas também ações nas áreas educacional e da
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formação profissional. Assim, o IDH 14, ao todo, compreenderá seis programas na
área de educação, cinco na de meio ambiente e saneamento e três na área de saúde.
Mas ele não se esgota aí. Projeta-se muito além, com repercussão inclusive na
geração de renda, a exemplo do Programa de Desenvolvimento do Turismo —
PRODETUR e do Programa de Combate à Pobreza Rural — PRORURAL.
No tocante à educação, as providências contemplam preliminarmente a
alfabetização e a manutenção da criança na escola — haja vista o Programa
Bolsa-Escola —, para, em seguida, estenderem-se ao ensino médio, supletivo e à
formação profissional, objetivando-se, ao término, um atendimento que, ao se originar
no ensino fundamental, incorpore de forma adequada o médio.
Atualmente, prevalece o entendimento que a melhoria do nível de escolaridade
é condição sine qua non para se obter uma elevação consistente do Índice de
Desenvolvimento Humano. Os primeiros passos já foram dados. O Ministério da
Previdência registra que, em 1993, 4 milhões de crianças encontravam-se fora da
escola. Em 1998, esse número sofreu uma queda, fixando-se em 2,9 milhões, dos
quais 60% encontram-se nas regiões Norte e Nordeste.
Por oportuno, Sr. Presidente, Srs. Deputados, não poderia deixar de me referir
também à reunião ocorrida nesta terça-feira, na sede da SUDENE, no Recife, quando
representantes daquela autarquia, dos Governos do Estado e Federal e do Banco do
Nordeste discutiram estratégias para encetar ações conjuntas e complementares
entre o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil — PETI, e o Programa Nacional
de Geração de Emprego e Renda — PRONAGER.
Busca-se com isso oferecer às famílias mais pobres uma alternativa válida que
lhes faculte meios de sobrevivência independentemente da renda auferida pelo
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trabalho dos filhos menores, realizado muitas vezes em condições bastante adversas,
garantindo-lhes o direito de freqüentar a escola. Vai-se, no entanto, além. A junção
entre os programas propiciará às crianças continuidade em sua capacitação, e, ao
final do processo, lhes concederá um pequeno financiamento do Banco do Nordeste.
O PETI destina-se a retirar meninos na faixa etária de 5 a 14 anos do trabalho
pesado para matriculá-los na escola, mediante uma bolsa mensal no valor de 50 reais
na zona rural e de 25 reais nas regiões metropolitanas. O PRONAGER, por sua vez,
dedica-se a incrementar os recursos e as vocações econômicas da comunidade,
atuando junto a pessoas desempregadas ou subempregadas, no sentido de
prepará-las para novas atividades.
Pernambuco, neste ano, estará recebendo 54 milhões de reais do PETI para
bolsa-escola e ampliação de jornada. Desde o início do Governo Jarbas
Vasconcellos, já foram aplicados 56 milhões de reais. Até hoje, são 65 cidades
atendidas pelo PETI, perfazendo um total de 73 mil crianças. Espera-se, como
conseqüência das medidas adotadas, a ampliação desse contingente para 94 mil
assistidos.
Sr. Presidente, Srs.Deputados, ao tempo em que ressalto dados tão positivos,
referentes às ações no campo social, encareço o apoio das autoridades
governamentais e, em particular, do povo pernambucano, para que o trabalho
realizado continue prosperando e Pernambuco, cada vez mais, se torne um Estado
justo e igualitário.
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O SR. LUÍS EDUARDO (Bloco/PST-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, está mais do que comprovado que a
solidariedade humana é a mais nobre das virtudes que se pode conhecer na face da
terra. Principalmente quando se trata de resgatar da pobreza, da miséria e do
infortúnio populações inteiras que vivem à margem do progresso, como é o caso dos
excluídos.
Neste contexto, Sr. Presidente, o problema da criança carente cresce de
intensidade quando se sabe que a mortalidade infantil no Brasil continua a exigir do
Governo medidas objetivas e imediatas. Não só do Governo como de quem se
proponha a minimizar o sofrimento dos menos favorecidos.
Não foi sem razão que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB
iniciou e vem dando consistência a uma iniciativa tendente a combater a miséria e a
mortalidade infantil através da Pastoral da Criança.
Atuando em mais de três mil Municípios em todo o País, com um contingente de
cerca de 150 mil voluntários, 90% deles moradores dos próprios bolsões de miséria,
a Pastoral da Criança mantém programas de geração de renda que beneficiam 30 mil
famílias através da alfabetização e da saúde da mulher.
Iniciada em 1983 em Florestópolis, no norte do Paraná, onde morriam 127
crianças por mil nascidos, antes de completar um ano, o seu modelo é hoje copiado
no Paraguai, Chile, Peru, Equador, Venezuela, Bolívia, Guiné Bissau, Angola e
Moçambique. Inúmeros técnicos desses países vieram a Curitiba conhecer de perto o
extraordinário trabalho da Pastoral da Criança, que tem à frente a figura exemplar da
pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann. Neste trabalho, Sr.Presidente, a Pastoral
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de Criança conseguiu reduzir para até doze mortes por mil bebês nascidos,o que não
deixa de ser um dado bastante expressivo.
E foi por isso mesmo que surgiu no país nos últimos dias a idéia de se
inscrever a Pastoral da Criança entre as Entidades Filantrópicas plenamente
capacitadas a receber prêmio Nobel, o que não deixa de ser um dado bastante
expressivo.
O exemplo da sanitarista Zilda Arns engrandece todos os esforços que se tem
feito para melhorar as condições de vida dos menos afortunados. Na década de
setenta, aqui mesmo nesta Casa foi amplamente debatida, através de Comissão
Parlamentar de Inquérito,a problemática da infância e da adolescência. Após
exaustivos estudos, concluiu-se pela execução de programas governamentais com a
efetiva participação da sociedade. Mas, ao que parece, tudo não passou de
propósito.
Foi preciso que a Dra. Zilda Arns se entregasse de corpo e alma às obras da
Pastoral da Criança, que poderia muito bem servir de exemplo para o mundo, caso os
nossos governantes assim o entendessem. Registro o fato e me congratulo com os
dirigentes da CNBB por tão meritória iniciativa que tem como significado maior a
prática do bem e do amor ao próximo.
Outro assunto, Sr. Presidente. Por mais que o Governo do Sr. Fernando
Henrique Cardoso insista em demonstrar que está no rumo certo, não consegue
explicar a rejeição de 73% da população brasileira, conforme constatação de
economista da Fundação Getúlio Vargas calcada em pesquisa feita junto a classe
média, que é exatamente aquela que mais contribui e pouco recebe em contra partida.
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A inflação, esse monstro invisível que os tecnocratas dizem está adormecido,
vez por outra rosna e exibe suas garras como um sinal de alerta, escudado,
principalmente, no reajuste dos preços da gasolina, do telefone, do gás e de tantos
outros segmentos considerados essenciais ao dia-a-dia da população
economicamente ativa.
Em trabalho sério publicado na edição de 24 de julho último, no Jornal do
Brasil, sob o título “A inflação que engana o bolso “, o economista Felipe Ohana, da
Fundação Getúlio Vargas, salienta que a classe média tem sido fortemente atingida
com aumentos de tarifas de telefones, combustíveis e passagens aéreas, além de
serviços que não podem ser substituídos por outros equivalentes. E é aí que o
consumidor acaba pagando compulsoriamente.
Vai mais longe o economista Felipe Ohana quando constata que o Governo é
pródigo em gastos desnecessários e comedido em ações que estão a exigir maior
objetividade para alcançar resultados práticos.
São os chamados impostos indiretos, Sr. Presidente, que levam o brasileiro,
com salários congelados, a cortar despesas, a comer menos e com qualidade
desejável.
O consumidor paga sem poder reagir aos reajustes dos serviços sob os quais
recaem os chamados preços administrados. É verdade que há alternativa de reduzir o
consumo. Mas esta é uma saída que não dura muito tempo. A gasolina, mais cara
este mês, em média, 17%, é incorporada às despesas de cada um de nós. Para
acomodá-la na renda mensal, que por sua vez não teve qualquer aumento, o
consumidor terá que cortar outra despesa qualquer.
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Para que se tenha uma idéia da realidade, basta lembrar que uma família que
gasta 20% da renda mensal com tarifas públicas, toda vez que a gasolina ou a tarifa
telefônica aumentar 10%, ficará 2% mais pobre.
Mas o Governo sabe perfeitamente que todo aumento de preços administrado
causa mal estar e tem efeito tributário. É como se vivêssemos no País do faz de conta,
onde os técnicos do Governo exibem estatísticas fantasiosas e o povo convive com a
crueldade de quem parece não ter maiores compromissos com o futuro da nação
brasileira. Estamos diante de fenômenos climáticos incluindo geadas e outros
contratempos que vão certamente influir na próxima safra agrícola, de onde sai o
sustento da população. E a inflação, tenho certeza marcará presença.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.
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O SR. JOAQUIM FRANCISCO (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 3 de agosto de 2000, o Presidente Michel
Temer autorizou a criação de Comissão Externa, nos termos do Regimento Interno
desta Casa, para acompanhar os trabalhos de atendimento emergencial às vítimas da
última tromba d'água que se abateu sobre a Região Metropolitana do Recife e região
da Mata Sul do Estado de Pernambuco. Designado como Relator, iniciei ao lado dos
companheiros da Comissão os trabalhos da relatoria, agora concluídos e que são
transcritos abaixo, demonstrando o cumprimento da missão em prazo rápido e de
forma eficiente e objetiva.
Relatório da Comissão Externa da Câmara dos
Deputados, instituída no dia 3 de agosto de 2000, com a
finalidade de acompanhar o atendimento às vítimas das
recentes enchentes em Pernambuco.
1. INTRODUÇÃO
Em cumprimento aos objetivos para que foi instituída, a
Comissão manteve contatos diretos com as seguintes
autoridades e instituições do Estado de Pernambuco:
Governo do Estado; Prefeitura do Recife; CODECIPE —
Coordenadoria da Defesa Civil do Estado de Pernambuco;
CODECIR — Coordenadoria da Defesa Civil do Recife;
Assembléia Legislativa do Estado; Prefeituras da Região
Metropolitana e da Mata Sul.
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Desses contatos, alguns pontos consensuais foram
estabelecidos pela Comissão, entre os quais:
a) recolhimento de dados oficiais sobre medidas
emergências e de médio prazo para enfrentamento das
dificuldades pelo Governo de Pernambuco, Prefeituras e
Governo Federal;
b) ação política da Comissão e da bancada junto à
Presidência da República, para a liberação de recursos
necessários ao atendimento das populações atingidas;
c) inclusão no PLOA do subtítulo "Contenção de Encostas
na Região Metropolitana do Recife". Esse subtítulo pode
constar da ação 1845 — "Construção de Obras de Contenção
de Enchentes," constante do PPA 2000/2003;
d) diagnóstico de curto e médio prazos do ocorrido, com
base no trabalho que já está sendo realizado pelo Governo do
Estado (Secretaria de Planejamento) e Governo Federal
(Secretaria Nacional de Defesa Civil).
e)recomendação de medidas ao Governo do Estado e às
Prefeituras;
f)solicitação, ao BNDES, à Caixa Econômica Federal, ao
Banco do Nordeste e ao Banco do Brasil, da abertura, em
caráter emergencial, de linhas de crédito para médias,
pequenas e microempresas atingidas pela catástrofe. Ainda,
reivindicação junto ao BNDES de liberação de recursos de R$
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10 milhões para a Prefeitura da Cidade de Recife, já por ela
solicitados, com vistas à pavimentação de vias danificadas;
g) instituir através do Governo Federal Programa de
Bolsa Emergência, possibilitando aos atingidos pela
calamidade receber durante 90 dias 1 salário mínimo mensal.
Esta medida ajudaria a evacuação dos abrigos propiciando
maior liberdade aos desabrigados;
h) recomendar ao sistema de defesa civil a criação de
abrigos permanentes em área de risco, evitando-se ocupação
de Escolas;
i) recomendar ao Governo Federal e Estadual a
elaboração urgente de Programa de Regularização de Rios da
Mata Sul do Estado de Pernambuco.
Também foi consensual a percepção de que o trabalho
da Comissão é essencialmente político, atuando como
articuladora dos vários níveis de governo, não devendo
interferir nas competências dos Executivos.
Por outro lado, ficou estabelecido que, até pela sua
composição pluripartidária, a Comissão atuará de forma
desvinculada de interesses partidários e distante das questões
eleitorais.
2. O QUADRO DA SITUAÇÃO
Com base nas informações colhidas e na verificação in
loco das ocorrências, a Comissão pôde apurar haver chovido,
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no período de 72 horas, entre os dias 30/7 e 1/8, na Região
Metropolitana do Recife, cerca de 440mm, o que corresponde
ao dobro da média histórica do mês de julho.
Entre os 14 Municípios que compõem essa Região, os
mais atingidos, além da capital, foram os de Jaboatão dos
Guararapes e Olinda, justamente os de maior densidade
populacional, além de outros como Barreiros, Palmares, Rio
Formoso, conforme se pode observar das informações em
anexo, págs. 9 a 12.
De outra parte, pelo menos 27 outros Municípios,
situados na Zona da Mata Sul do Estado, também sofreram
conseqüências altamente danosas, no mesmo período,
gerando um quadro de milhares de desabrigados, ameaças de
surtos de epidemias, carências alimentares, interrupção das
atividades econômicas e, ainda mais grave, vários óbitos,
acidentes graves, em cenários dramáticos de fome e miséria.
Estima-se em, pelo menos, 50 mortes, 5 centenas de
acidentados e 50 mil desabrigados o conjunto geral da
tragédia, até o momento, como se pode constatar dos dados
constantes do material anexo, págs. 1 a 7.
3. PROVIDÊNCIAS IMPLEMENTADAS
Desde que se instalou o quadro de calamidade no
Estado, vêm sendo implementadas, tanto pelo Governo do
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Estado quanto pelas Prefeituras dos Municípios atingidos,
várias ações emergenciais.
É de se enfatizar que muitas dessas medidas já vinham
sendo adotadas, tanto em caráter de urgência como em caráter
de prevenção, por conta da perspectiva do rigoroso inverno
que se prenunciava, à luz de informações dos serviços de
meteorologia.
Mercê dessas providências, pode-se se afirmar que a
tragédia assumiu proporções bem inferiores às registradas em
ocorrências iguais observadas no passado. Isso,
evidentemente, não significa tenham elas sido suficientes para
impedir ou amenizar, de forma mais efetiva, os trágicos efeitos
da enxurrada, o que se deve, em grande parte, à carência de
meios materiais, técnicos e financeiros por parte do Governo
do Estado e das Prefeituras.
Entre tais ações, destacam-se as seguintes:
- obras de contenção de morros e encostas;
- intensificação dos estudos sobre o ecossistema
estadual;
- pavimentação de ruas, galerias, bem como a construção
de obras de escoamento e de acesso às áreas mais elevadas,
particularmente as que formam o cinturão de morros da cidade
do Recife e de outros espaços urbanos próximos à capital;
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- construção de novos canais e comportas nas áreas
tradicionalmente atingidas pelas inundações, em particular nos
períodos de marés altas.;
- simultaneamente, outras atividades, tais como
assistência médica, fornecimento de cestas básicas e de
vestuário, também já vinham sendo postas em prática, mesmo
assim, dada a insuficiência de recursos antes mencionada,
desproporcionais à dimensão das necessidades sociais, cada
vez mais agravadas pelo processo migratório em direção aos
centros urbanos e, especialmente, à Região Metropolitana.
4. AÇÕES AINDA NECESSÁRIAS
Além da aceleração e aprofundamento das atividades
que já vinham sendo desenvolvidas, tanto as de caráter
emergencial quanto preventivo, fazem-se imprescindíveis e
urgentes muitas outras providências, algumas já mencionadas
no item 1 deste relatório, abrangendo os vários níveis de
Governo:
- prorrogação do pagamento de tributos, com base na
decretação do estado de calamidade;
- concessão, pelo Governo da União, de empréstimos
especiais a médias, pequenas e microempresas;
- fornecimento de material de construção civil, para a
recuperação das edificações danificadas e/ou destruídas;
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- ampliação do fornecimento de medicamentos e
vestuário;
- melhoria tecnológica e dos recursos humanos para os
serviços de meteorologia, no sentido de aumentar-lhes a
eficiência;
- atualização e aprofundamento dos estudos já efetuados
sobre a questão climática no Estado;
- construção de moradia para os habitantes das áreas de
risco;
- agilização e ampliação das obras de escoamento de
águas pluviais, especialmente canais e galerias;
- arborização dos morros e encostas do cinturão que
contorna a cidade do Recife e áreas urbanas de sua
vizinhança;
- aceleração e ampliação das obras de pavimentação de
vias urbanas e estradas vicinais;
- deslocamento de populações das áreas que,
historicamente, apresentam maior vulnerabilidade aos efeitos
das chuvas, para espaços que ofereçam menores riscos,
independentemente das fronteiras municipais;
- maior divulgação dos meios de planejamento familiar,
em especial junto às populações mais carentes e, como tal,
menos informadas sobre essa questão.
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Evidentemente, as medidas aqui apresentadas abrangem
curto, médio e longo prazos, bem como todas as instâncias de
governo.
5. A REIVINDICAÇÃO JUNTO AO GOVERNO
FEDERAL
Ao longo deste relatório, já foram listadas várias
iniciativas, da alçada do Governo Federal, as quais, no juízo
desta Comissão Externa, são indispensáveis diante da
situação vivida, neste momento, pelo povo pernambucano.
Mesmo assim, para efeito de maior objetividade e concretude,
a Comissão avaliza a reivindicação do Governo do Estado, no
sentido da liberação imediata, inclusive por via de medida
provisória, da verba de R$ 128.500.000,00 (cento e vinte e oito
milhões e quinhentos mil reais).
Evidentemente, esse montante se vincula ao quadro
como ele se apresenta até o momento, podendo haver
necessidade de ampliação desse volume de recursos, caso a
situação venha a sofrer maior agravamento.
Este, o nosso parecer.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
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V - ORDEM DO DIA
PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - A lista de presença registra o
comparecimento de 298 Srs. Deputados.
Passa-se à Ordem do Dia.
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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, há sobre a mesa matéria cuja votação poderíamos antecipar.
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O SR. TILDEN SANTIAGO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. TILDEN SANTIAGO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, tenho dois registros a fazer. O primeiro é uma congratulação que quero
prestar aos Srs. Deputados pelo que se passou ontem neste Plenário. Aquilo que
deveria ser o essencial na vida de um Parlamento, o debate político, quando acontece
deixa todos surpresos. Quando o debate político é travado neste cenário, a surpresa é
geral. Não entendo o porquê da surpresa. Houve um tempo em que os partidos
políticos atuavam num debate intensivo nesta Casa. Vejo, pois, o que ocorreu ontem
como exemplo a ser seguido.
Uma segunda comunicação, Sr. Presidente: ontem, a Subcomissão do Senado
que analisa as negociatas realizadas em torno do TRT de São Paulo resolveu
convidar o Sr. Governador de Minas Gerais, Dr. Itamar Franco, para vir depor em
Brasília. Ontem à noite S.Exa. comunicou que aceita o convite e virá a esta Capital.
Esperamos apenas que o Sr. Presidente da República aceite o repto e também
compareça, para travar um debate democrático em torno dos acontecimentos do TRT.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. SEVERINO CAVALCANTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. SEVERINO CAVALCANTI (PPB-PE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o mundo inteiro está investindo na
produção do álcool como a grande fonte energética deste novo milênio. Lideranças
responsáveis de todo o Nordeste empenham-se agora em dar ênfase à retomada da
produção desse combustível no Nordeste, notadamente no Estado de Pernambuco.
Todos reconhecemos os erros cometidos no passado pela política
governamental de proteção ao setor sucroalcooleiro, que desestimulou a
produtividade. O Governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcellos, recentemente
falou-nos de alguns equívocos dessa política que desestimulou a produtividade: os
subsídios foram alocados de forma errônea e encobriram ou retardaram mudanças
que permitissem ao açúcar e ao álcool nordestinos se tornarem competitivos nos
mercados nacional e internacional.
"Enquanto os subsídios à agricultura pagos pela comunidade econômica
européia mais recentemente, ou pelos países europeus isoladamente, ao longo do
tempo, são norteados por critérios sociais e não de mercado, como forma
absolutamente necessária de manter um razoável nível de emprego e renda no campo,
no Brasil, no que se refere à cana-de-açúcar, o subsídio só levou em conta o mercado,
deixando ao longo de centenas de anos que o problema social se agravasse",
ponderou-nos o Governador do meu Estado. Com isso, não havendo nenhuma
exigência quanto à melhora das relações sociais no campo via subsídios, também não
cuidou o Governo Federal de garantir pelo menos que os recursos despendidos para
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esse fim fossem convertidos para a melhora do componente econômico que envolve a
questão.
Hoje, o que se observa é que a baixa produtividade das áreas plantadas e,
quanto a parcela ponderável dos produtores, a falta de uma gestão empresarial
moderna e eficiente, bem como a carência de investimentos na modernização de
algumas unidades e de desenvolvimento de novas variedades de cana
ecologicamente adaptadas e produtivas, impediram o dinamismo do setor no
Nordeste, perdendo a região em competitividade para a produção geometricamente
crescente no Sul do País.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil e o Nordeste exigem uma
política séria para o álcool combustível. Animou-nos a criação, pelo Governo Federal,
do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool, mas nossa alegria durou pouco:
esse Conselho, tendo como membros oito Ministros, tem dificuldades para se reunir e,
com isso, as decisões estão sendo postergadas.
A situação piorou com a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que
excluiu o álcool como combustível.
Precisamos urgentemente investir numa política de estímulo ao consumo e à
produção do álcool combustível, criar uma Agência Nacional de Combustíveis
Renováveis e regulamentar o Conselho Nacional de Política Energética, que
determinará a participação do álcool na matriz energética do País.
Sr. Presidente, não é possível que o Governo continue ignorando a
necessidade premente do Nordeste de proteger a produção do álcool. O álcool é
fundamental para nossa economia. Não podemos silenciar diante de ações do
Governo que venham a prejudicar o Nordeste e o Centro-Sul. No momento em que se
estimular a produção do álcool, estaremos fortalecendo a economia do País.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
574
O Sr. Michel Temer, Presidente, deixa a cadeira da
presidência, que é ocupada pelo Sr. Ubiratan Aguiar, 1º
Secretário.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
575
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Há sobre a mesa requerimento do Sr.
Deputado Gilmar Machado de instituição de Comissão Externa destinada a
acompanhar a realização das oito audiências preparatórias da I Conferência Mundial
de Combate ao Racismo, Xenofobia e Intolerâncias correlatas, a realizar-se em
agosto de 2001, na África do Sul.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Em votação o requerimento.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Os Srs. Deputados que estiverem de
acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.)
APROVADO.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
578
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Item 1 da Pauta.
Projeto de Lei nº 4.434-B, de 1998 (do Sr. Luiz Carlos
Hauly).
Discussão, em turno único, do Projeto de Lei nº 4.434-A,
de 1998, que altera dispositivos da Lei nº 9.317, de 1996, que
institui o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições das Microempresas e das Empresas de
Pequeno Porte — SIMPLES; tendo pareceres das Comissões:
de Economia, Indústria e Comércio, pela aprovação, deste e
dos de nºs 4.846/98, 12/99, 381/99, 580/99, 1.425/99,
apensados, com substitutivo, e contrário aos Projetos de Lei
nºs: 1.668/99 e 1.732/99, apensados (Relator: Sr. Emerson
Kapaz); de Finanças e Tributação, pela compatibilidade e pela
adequação financeira e orçamentária deste e dos de nºs
4.846/98, 12/99, 381/99, 580/99, 661/99, 1.425/99, 1.668/99 e
1.732/99, apensados, e do Substitutivo da Comissão de
Economia, Indústria e Comércio, no mérito, pela rejeição dos
Projetos de Lei nºs 1.668/99 e 1.732/99, apensados, e pela
aprovação deste, do Substitutivo da Comissão de Economia e
Indústria e Comércio e dos Projetos de Lei nº 4.846/98, 12/99,
381/99, 580/99, 661/99 e 1.425/99, apensados, com
Substitutivo. O Deputado Manoel Castro apresentou
declaração de voto (Relator: Sr. Sílvio Torres). Pendente de
Parecer da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação.
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O SR. SILVIO TORRES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. SILVIO TORRES (Bloco/PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, quero pedir a V.Exa. mais algum tempo. Nós estamos
tentando um acordo com os demais partidos em torno do projeto de lei.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Vou ouvir o parecer ao projeto e logo
em seguida abrirei a discussão da matéria. Enquanto ocorre a discussão, tentaremos
viabilizar esses acordos.
O SR. SILVIO TORRES - Não sei se há Parlamentar inscrito para discutir.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Há vários Parlamentares inscritos
para discutir a matéria.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda
580
O SR. PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PAUDERNEY AVELINO (PFL-AM. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, entendemos que está havendo uma controvérsia em torno
dessa matéria. Somos favoráveis a que se reduza o número de tributos em nosso
País, pois é muito elevado. Queremos efetivamente uma reforma tributária em nosso
País; queremos melhorar a qualidade dos nossos tributos. Somos favoráveis à
instituição do SIMPLES. Proponho aos ilustres companheiros e Líderes partidários
que discutamos essa matéria, a fim de trazê-la madura na semana do dia 23, quando
todos estaremos presentes para votá-la.
Entendo que há controvérsia por parte do Governo e inclusive dos partidos da
Oposição. Seria melhor se esclarecêssemos a matéria antes. Teríamos uma semana
para isso.
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O SR. SÉRGIO MIRANDA - Sr. Presidente, peço a palavra ordem.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. SÉRGIO MIRANDA (Bloco/PCdoB-MG. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o Bloco PSB/PCdoB apóia a sugestão do Deputado
Pauderney Avelino.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Não há requerimento nesse sentido
sobre a mesa.
O SR. SÉRGIO MIRANDA - S.Exa. vai apresentar o requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Se apresentar, vou colocá-lo em
votação.
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582
O SR. WALFRIDO MARES GUIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. WALFRIDO MARES GUIA (Bloco/PTB-MG. Pela ordem. Sem revisão
do orador.) - Sr. Presidente, a respeito das palavras do ilustre Deputado Pauderney
Avelino, estamos negociando há meses essa questão e chegamos praticamente a um
acordo, mas há uma firula jurídica. Praticamente todas as pequenas pré-escolas do
Brasil, aquelas que funcionam em casas, e são milhares, têm também as primeiras
séries do ensino fundamental. Não estão, no seu contrato social, organizadas como
pré-escola, mas como escola. O fator limitativo do SIMPLES 2 é o faturamento, não é
o nome, e o faturamento máximo é 100 mil reais por mês. Elas vão pagar quase 13%
sobre o faturamento, na conjugação de todos os impostos — que seriam a COFINS, o
PIS e o INSS.
Estamos aumentando em 50% a alíquota do SIMPLES 1, mas, quando saímos
daqui e vemos a realidade das milhares de pequenininhas pré-escolas e escolas do
Brasil, que têm menos de 250, 200 alunos, com oito, nove, dez turmas, funcionando
quase como uma empresa familiar, verificamos que não se distingue a pré-escola da
escola. Então, não há razão para esse óbice à votação; não procede que seja adiada
para o dia 23. Estamos prontos para votar hoje, porque todos os partidos, não apenas
alguns, estão discutindo o assunto há meses. Portanto, temos toda a maturidade para
votar, toda a consciência de que estamos fazendo o que é correto,
independentemente de a Receita Federal e o INSS ainda não terem levado a matéria
para o Governo — e não somos nós que vamos fazê-lo por eles.
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Esperamos que o bom senso impere, porque vamos garantir a formalização de
milhões de empregos, quando temos 39 milhões de trabalhadores sem carteira
assinada, 6 milhões sem emprego e apenas 25 milhões com carteira assinada.
Estaremos estendendo a mão ao pequeno. Temos pré-escolas e creches que pagam
todos os impostos e ao lado delas botequins que nada pagam. Com isso, há uma
inversão do objetivo social. Deveríamos estar apoiando quem mais precisa.
Já temos toda a consciência para votarmos. Portanto, peço ao Deputado
Pauderney Avelino que reveja seu ponto de vista, porque já discutimos isso. Seu
partido está representado, no grupo, pelo ilustre Deputado Manoel Castro, que está
acompanhando o assunto passo a passo, assim como o Deputado José Pimentel,
pelo PT, e tantos outros. Então, é o momento de encararmos a realidade e ajudarmos
essas pequenas organizações sociais, sejam creches, sejam pré-escolas, sejam as
pequenas casas de saúde, para que não fiquem na informalidade.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. AUGUSTO NARDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. AUGUSTO NARDES (PPB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, para complementar, gostaria de dizer que o País tem hoje 2 milhões e
800 mil empresas enquadradas no SIMPLES 1, aprovado por esta Casa. Foi uma
grande injustiça deixar fora os prestadores de serviços. Temos participado desta
negociação já há quatro anos. Esta Casa criou o SIMPLES numa negociação com o
Governo. Portanto, debatemos por muito tempo.
Sr. Presidente, temos hoje 39 milhões de trabalhadores informalizados, isto é,
sem carteira de trabalho assinada. Quem vai — esta é a questão que quero dirigir às
Lideranças do Governo e de todos os partidos presentes — assumir o custo desses
39 milhões de brasileiros, hoje sem carteira assinada porque o empregador não
consegue pagar esses tributos extremamente pesados?
Entendemos que poderíamos votar o texto do Relator hoje, já acordado entre
vários partidos e apresentado de forma brilhante pelo Deputado Silvio Torres, de
forma enxuta, incluindo os segmentos mais importantes. Já tivemos várias reuniões
com o Ministro da Previdência. No ano retrasado, negociamos a ampliação até 1
milhão e 200 mil, ou seja, 100 mil por mês, para que mais empresas pudessem adotar
o SIMPLES. Estamos trabalhando nisso há muito tempo. Seria uma grande injustiça o
adiamento da votação, até mesmo para com as pessoas que vieram de todos os
pontos do Brasil para assisti-la.
O Líder do Governo, o Deputado Arnaldo Madeira, aqui presente, assumiu o
compromisso de não obstruir a votação. Assumiu inclusive o compromisso de que o
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projeto seria votado nesta semana. Poderia haver posição contrária, mas a matéria
seria votada hoje. Portanto, não vamos criar uma frustração, até porque essa matéria
vai para o Senado Federal e ainda poderão ser negociadas alterações.
Faço um apelo no sentido de que haja a votação hoje, até diante do
compromisso, assumido pelo Líder Arnaldo Madeira, de que não haveria obstrução.
Também o PT acordou que facilitaria a discussão e a votação dessa matéria. O Líder
Inocêncio Oliveira igualmente manifestou-se nesse sentido. Ontem o Presidente da
Casa, Deputado Michel Temer, perante todo o Plenário, disse que a matéria seria
votada hoje. Estamos tentando costurar um acordo final.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - O apelo de V.Exa. será atendido.
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O SR. MANOEL CASTRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MANOEL CASTRO (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, quero dar um testemunho aqui. Esse projeto foi discutido amplamente na
Comissão de Finanças e Tributação e na Comissão de Educação. Tivemos duas
audiências públicas, uma isoladamente, nessas Comissões, e outra conjunta. Quero
alertar o Líder do Governo, o Vice-Líder do meu partido, Deputado Pauderney Avelino,
representando o Líder, e também a bancada do PT, o Líder Aloizio Mercadante e o
Vice-Líder Walter Pinheiro, para o fato de que a proposta que hoje o PT traz, de
exclusividade, de se restringir o SIMPLES 2 à área de educação, foi objeto da minha
declaração de voto. V.Exa. leu o relatório, explicando que o projeto foi aprovado na
Comissão de Finanças e Tributação. Está lá a declaração de voto formal.
Então, chegamos à proposição que havíamos defendido, e que defendemos
porque conhecemos bastante a situação da Previdência — sou um Parlamentar
familiarizado com ela. E concordo com a política do Governo, a política do Ministério,
mas acho que temos de abrir uma exceção, no caso da educação, pelas razões aqui
expostas.
O texto aprovado pelo Relator, o nobre Deputado Silvio Torres, possui algumas
imperfeições jurídicas e de técnica legislativa. Por exemplo, quando se refere às
casas de saúde, S.Exa. utiliza uma terminologia inadequada. Falamos em pré-escola,
na linguagem rotineira, mas, juridicamente, essa figura não existe formalmente. E
S.Exa. — um homem da área da educação — sabe disso perfeitamente.
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Evidentemente, o termo "escola" está limitado pelos valores da receita de cada uma
dessas unidades.
Do meu ponto de vista, esse projeto está em condições de ser votado com
algumas alterações, restringindo-se à área de educação e contemplando a creche e a
escola, limitadas pelos valores da receita.
Eram estas as minhas considerações.
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O SR. ARNALDO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ARNALDO MADEIRA (Bloco/PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, foi mencionado anteriormente o
compromisso assumido no mês de junho. Ao conversar com os Deputados que estão
tratando diretamente desse projeto de lei, solicitei a retirada de pauta desse projeto
naquele mês, dizendo que não criaria obstáculos a que esse projeto entrasse na pauta
de agosto. Entretanto, não assumi compromisso algum quanto à votação nem quanto
ao mérito do projeto. Essa é a primeira observação que faço. O compromisso foi
simplesmente o de não criar obstáculos para que a matéria entrasse na pauta do mês
de agosto.
Dito isso, Sr. Presidente, quero, inclusive, diante do pronunciamento do
Deputado Walfrido Mares Guia, deixar muito claro o seguinte: há uma posição da
Receita Federal claramente favorável ao projeto, que propicia um aumento de receita,
como já se verificou quando da criação do SIMPLES 1. Agora estamos falando aqui
sobre Previdência e, portanto, quero apresentar aqui alguns argumentos. Fizemos
uma reforma da Previdência em que estabelecemos alguns princípios básicos a
serem observados universalmente em relação ao sistema de Previdência. E quais são
esses princípios? Vou referir-me aos dois principais: primeiro, o de que o futuro
benefício social seja coberto por contribuições durante a vida laboral; segundo, o de
que o sistema preserve o equilíbrio financeiro e atuarial.
Muito bem, quando criamos o SIMPLES 1, de certa forma já violentamos esse
princípio. E os dados que estão sendo preparados para o Orçamento do ano que vem
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já mostram que o atual SIMPLES trará como conseqüência, para o ano que vem, uma
renúncia de arrecadação previdenciária da ordem de 2,5 bilhões de reais, enquanto a
renúncia global da Previdência para o ano que vem é de 8,2 bilhões de reais.
Portanto, estamos falando sobre uma renúncia de arrecadação da Previdência, em
razão da criação do SIMPLES 1, da ordem de um quarto do total.
A previsão, com esse projeto, na forma em que foi apresentado — esse foi
inclusive um número mencionado pelo Deputado Walfrido Mares Guia —, é de uma
renúncia da ordem de 150 milhões de reais. Ora, qual é o impasse que temos aqui?
Estabelecemos, com a Emenda nº 20, princípios de sistema previdenciário, repito, em
que o benefício seria correspondente à contribuição na vida laboral. Depois, votamos
uma lei de responsabilidade fiscal que trabalha no sentido da separação das contas,
ou seja, no sentido de serem as contas da Previdência claramente separadas das
contas das receitas gerais do Orçamento Geral da União. E, terceiro, votamos uma lei
estabelecendo um fator previdenciário, caminhando para a conta individualizada,
estipulando claramente que quem contribuiu tem direito ao benefício e que há uma
relação entre o tempo de sobrevida e a contribuição dada. Portanto, o valor do
benefício está diretamente relacionado à contribuição e à expectativa de vida da
pessoa quando se aposenta.
Ora, à medida que estamos aqui acrescendo um segmento com isenção
previdenciária ou com renúncia previdenciária, estamos aumentando o déficit futuro da
Previdência. Portanto, deixamos muito claro que quem vai pagar essa conta depois é
a sociedade, ou seja, precisaremos de transferências de recursos orçamentários para
cobrir mais um buraco na Previdência, cujo déficit para o ano que vem está previsto
em 11 bilhões de reais, sendo que quase 20%, cerca de 2 bilhões de reais, são
decorrentes do SIMPLES, na forma atual.
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Sr. Presidente, essas são as minhas considerações, mostrando claramente
que o Governo, na área previdenciária, não tem compromisso algum com esse
projeto, pelo fato de que ele agrava o déficit da Previdência.
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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, eu tenho participado, juntamente com muitos membros desta Casa, de
reuniões onde buscamos viabilizar o que chamamos de SIMPLES 2. Acredito que a
primeira experiência do SIMPLES foi uma grande e vitoriosa iniciativa para o País em
termos de geração de emprego e renda. Há sobretudo o sentimento mundial — desde
que o desemprego hoje não é problema exclusivamente do País, pois acomete todos
os países do mundo — de que a grande empresa, pela sua tecnologia, pela
robotização, pelos avanços tecnológicos, gera poucos empregos. Quem gera
emprego mesmo são a pequena e a microempresa, e a informalização da economia é
uma realidade.
Portanto, a formalização da economia, que se dá através de determinados
instrumentos, é condição fundamental para que o País possa retomar seu surto de
crescimento, sobretudo em setores importantes, como o das pequenas e
microempresas e o do auto-emprego — porque se trata aí também do auto-emprego,
que vai ser considerado, e ainda de determinados assuntos que são específicos e
relevantes.
Se o Brasil quer — e isso todos nós desejamos — que até 2005 todas as
nossas crianças estejam na escola, devemos fornecer estímulos para esse setor.
Quero louvar aqui, pela posição que tem tomado, o Deputado Pauderney
Avelino, meu 1º Vice-Líder, que é muito ligado a mim, mas não sabia dos
entendimentos que eu havia mantido anteriormente com aqueles que fazem parte da
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Comissão, como os Deputados Augusto Nardes, Walfrido Mares Guia e Manoel
Castro, a quem cumprimento pela brilhante exposição. Quero dizer que o Partido da
Frente Liberal concorda com a inclusão das creches e escolas, mas devemos excluir o
restante.
Sr. Presidente, V.Exa., que é um educador e portanto se interessa pelos
assuntos da educação, e tem-se destacado nesse campo, na atuação parlamentar
nesta Casa, sabe que somente no seu Estado, o Ceará, 1.600 pequenas escolas
foram fechadas. Não vamos dar estímulo a grandes escolas, que até desejam
transformar-se em grandes empresas. Não! Queremos estimular aquela pequena
escola de cunho social, pois o limite é dado pela própria lei: o SIMPLES é para
empresas que faturam até 100 mil reais. E a quantidade de empregos que geram, Sr.
Presidente?
O Partido da Frente Liberal concorda plenamente com o projeto. Esse assunto
não pode mais ser adiado. Temos de votar em favor das creches e escolas, por isso
estamos defendendo o SIMPLES 2. Acreditamos que esse é um dos caminhos que o
Brasil deve buscar para a geração de renda e emprego.
O PFL encaminha o voto "sim".
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O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Concedo a palavra, pela ordem, ao
nobre Deputado Silvio Torres.
O SR. SILVIO TORRES (Bloco/PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, não teria muitos argumentos a acrescentar àqueles que
foram aqui explicitados pelos Deputados Augusto Nardes, Manoel Castro e Walfrido
Mares Guia, que acompanharam muito de perto o andamento dos projetos de lei que
dizem respeito à alternativa de adesão ao SIMPLES para categorias de empresas
atualmente sem essa possibilidade. Quero também agradecer ao Deputado Inocêncio
Oliveira o apoio, pois desde ontem S.Exa. se havia comprometido conosco. Mas, Sr.
Presidente, o primeiro objetivo desse projeto e de tantos outros que têm circulado
nesta Casa desde 1997 é cumprir a determinação constitucional de que todas as
pequenas e microempresas, independentemente de suas categorias, devem receber
tratamento privilegiado na área administrativa, jurídica e tributária.
O SIMPLES foi um grande avanço — aliás, o único avanço em termos de
reforma tributária nos últimos anos —, mas, de modo injusto, deixou de fora várias
categorias de empresas. São empresas que vêm contribuindo para o
desenvolvimento deste País em todos os setores de serviços, e podemos citar as
áreas de educação e de saúde, entre outras. Pois o primeiro objetivo desse projeto é
exatamente esse.
Sr. Presidente, independentemente do que estejamos votando hoje, existem
milhares de empresas que já recolhem com o SIMPLES porque conseguiram liminar
nesse sentido junto à Justiça, à qual recorreram com base exatamente no dispositivo
constitucional. Assim, em primeiro lugar, ao votar esse projeto, estaríamos fazendo
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justiça às empresas que estão fora do SIMPLES e trazendo para uma contribuição
maior as empresas que estão recolhendo com o SIMPLES 1 e passariam a recolher
com o SIMPLES 2.
Em segundo lugar, Sr. Presidente, tenho em mãos informe da Previdência
Social, datado de 20 de outubro de 1999, que diz o seguinte:
Passados quase três anos de sua instituição, o SIMPLES
está fazendo o seu papel: facilitar o cumprimento tributário das
pequenas e microempresas e retirá-las da ilegalidade. O
imposto foi instituído em janeiro de 1997 para reduzir a carga
tributária daquelas empresas e tornar o seu cumprimento mais
simples. A medida não significaria perda de receita para a
Previdência Social, como de fato não aconteceu.
Os dados levantados pelos técnicos do Ministério da
Previdência e Assistência Social mostram que os valores totais
arrecadados nos anos de 1997 e 1998 são rigorosamente
idênticos aqueles arrecadados em 1996 por 1 milhão, 228 mil
empresas, classificadas como pequenas e microempresas. O
secretário-executivo da Previdência Social, José Cechin,
afirma que "não houve perdas no agregado" e aponta o
equívoco de quem sustenta que houve queda na arrecadação
previdenciária.
Portanto, é o Ministério da Previdência e Assistência Social que está dizendo,
por intermédio de seu Secretário-Executivo, que não há perda para a Previdência
Social.
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Foi lembrado aqui que existem milhões de brasileiros na informalidade. São
pessoas que não têm sequer uma carteira de trabalho para apresentarem-se como
cidadãos, ou seja, que não têm acesso a quase nenhum dos benefícios de que a
sociedade de um modo geral desfruta. São essas pessoas que lutam por uma
alternativa, uma possibilidade de inserção por meio das pequenas e microempresas,
que são responsáveis por 65% dos empregos neste País.
Teria ainda milhares de argumentos para continuar durante toda tarde falando
da importância da votação desse projeto. No momento, faço questão de deixar um
argumento final. Acabamos de adiar, senão sepultar — espero que seja só um
adiamento —, uma reforma tributária que é o anseio de toda a área produtiva deste
País, desta Casa e de V.Exa.
O último projeto de lei que veio do Governo Federal para esta Casa prevê,
entre outras coisas, que continuarão os incentivos às empresas beneficiadas pela
guerra fiscal por 15 anos, que a Zona Franca de Manaus continuará a dar incentivos e
benefícios para as empresas lá instaladas até 2023, e que dentro de dois anos a
cumulatividade das contribuições, que sobrecarrega as empresas, será extinta,
fazendo-se assim, portanto, uma renúncia fiscal. Apenas isso, Sr. Presidente, o projeto
de lei do Governo prevê.
Nós estamos aqui discutindo a aplicação de 150 milhões de reais, que
beneficiariam milhões de pessoas neste País, e no entanto as pessoas esquecem que
do outro lado há esse tipo de proposta.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Deputado Silvio Torres, por favor,
conclua, para verificarmos se há acordo.
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O SR. SILVIO TORRES - Quero, então, lembrar ao nobre Líder, Deputado
Pauderney Avelino, que nós precisamos ter referências sobre o que acontece no
nosso País e sobre o que votamos aqui.
Sr. Presidente, por fim, apelo para todos os Líderes no sentido de que votemos
os termos de um acordo que, eu acho, atende a todos nós, e diz respeito às creches e
escolas, a fim de podermos, de uma vez por todas, resolver esse problema aqui na
Câmara dos Deputados.
O Sr. Ubiratan Aguiar, 1º Secretário, deixa a cadeira, que
é ocupada pelo Sr. Michel Temer, Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Quero ouvir dos Srs. Líderes se há
acordo ou não.
O SR. ALOIZIO MERCADANTE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, acho que a discussão sobre estender-se o SIMPLES a outros setores
deve ser feita com critério, aprofundamento e inclusive definição de procedimentos. O
projeto apresentado elenca setores sem qualquer tipo de critério, e, nesta
oportunidade, isso é absolutamente inaceitável. Podemos discutir em outro momento.
Hoje, não há possibilidade.
O Partido dos Trabalhadores reconhece que na Constituição é estabelecido o
atendimento de creche e pré-escola às crianças de até 6 anos de idade. Mas o
Municípios, que têm essa responsabilidade — e sabemos que são 6 mil Municípios no
Brasil —, não têm recursos hoje para assegurar esse direito constitucional.
O que o Congresso deve fazer? Para o ensino fundamental, aquele que não
pode pagar uma escola particular tem direito à escola pública. É um direito universal.
Todo cidadão tem direito a uma vaga. Esta é uma luta pelo ensino público de
qualidade, por mudanças na estrutura pedagógica, no sentido de avançar nessa
direção. Inclusive queremos estender esse direito à creche e à pré-escola. Essa
deveria ser a prioridade número um deste País. Temos um projeto do FUNDEF para
viabilizar essa proposta, que discutiremos em outra oportunidade.
Hoje, a única possibilidade de votarmos o projeto é limitar-se ele à creche e à
pré-escola, porque os Municípios não têm recursos, e estaríamos simplificando o
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procedimento fiscal dessas pequenas empresas que atuam nesse segmento
específico provendo um serviço que o Estado deveria prover.
Se for para a creche e a pré-escola, o texto deveria ser este:
O disposto no inciso XIII não se aplica às creches e
pré-escolas quando constituídas legalmente e autorizadas a
funcionar pelo órgão público ou entidade competente,
conforme o caso.
Quer dizer, nessa configuração, podemos votar por consenso e aprovar a
matéria. Fora disso, Sr. Presidente, será preciso que os Deputados sustentem suas
posições aqui no voto nominal, porque vamos abrir o debate. Há uma divergência, o
que é inerente à democracia. Hoje, se pedirmos verificação de quorum, a sessão vai
cair. Como não queremos prejudicar as escolas e as pré-escolas, vamos votar a
matéria hoje. Assumimos com o Relator o compromisso de voltar a discutir o projeto
no dia 23, ou em outra oportunidade, para os outros setores, porque tem de haver um
estudo prévio da Previdência Social.
Às vezes, não entendo algumas intervenções de partidos do Governo. Na hora
de votar o salário mínimo, não há dinheiro na Previdência além de 50 centavos. Dizem
que não há recursos para pagar aos 19 milhões de aposentados que não têm outra
fonte de renda, mas na hora de dar incentivo a empresas podemos ser generosos.
O Congresso não pode ter duas medidas. Se há uma crise previdenciária,
vamos equacioná-la, para poder recuperar os benefícios e estendê-los à base. Vamos
repensar todo o sistema previdenciário e contemplar a todos. Mas, se não há uma
crise previdenciária, podemos aumentar o salário mínimo. O que não é possível é usar
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um discurso para os que nada têm e outro para os que têm um pouco. Sr. Presidente,
gostaria que mantivéssemos uma certa coerência. Isso é fundamental nesta Casa.
Neste momento, esse é o único segmento para o qual a medida se justifica,
porque o povo não tem acesso a esse serviço, que é fundamental. As mulheres não
podem trabalhar porque não conseguem pôr os filhos na creche ou na pré-escola.
Essas instituições são fundamentais para a formação da criança e do jovem. Por isso,
que se dê incentivo a essas pequenas empresas, que estão provendo
temporariamente aquilo que o Estado deveria assegurar.
Portanto, se se restringir à creche e à pré-escola, o PT vota agora o projeto.
Senão, não o votaremos hoje.
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600
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Há acordo em torno disso? Quero que
os Srs. Líderes se manifestem sobre o assunto. O Relator está de acordo?
O SR. SILVIO TORRES (Bloco/PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Não, Sr.
Presidente, não estou de acordo.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Então, a matéria está retirada da pauta,
de ofício.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Item 2 da pauta:
Projeto de Lei nº 3.468-D, de 1997, do Deputado Ubiratan
Aguiar.
Discussão, em turno único, das emendas do Senado
Federal ao Projeto de Lei nº 3.468-D, de 1997, que "altera o
inciso VIII do art. 5º e acrescenta parágrafo ao art. 6º da Lei nº
8.313, de 23 de dezembro de 1991, que institui o Programa
Nacional de Apoio à Cultura — PRONAC". Pendente de
pareceres da Comissões de Educação, Cultura e Desporto; de
Finanças e Tributação; de Constituição e Justiça e de
Redação.
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602
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Há acordo em torno desse projeto,
Deputado Ubiratan? (Pausa.)
Há acordo? Pois não, vamos aos pareceres, então.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Deputado Walter
Pinheiro, para oferecer parecer às emendas apresentadas ao projeto, em substituição
à Comissão de Educação, Cultura e Desporto.
O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Para emitir parecer. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o Projeto de Lei nº 3.468, de 1997, ora em debate, matéria
da lavra do Deputado Ubiratan Aguiar, trata do incentivo à cultura e é de suma
importância.
O Deputado Ubiratan Aguiar tem pautado sua atuação nesta Casa na árdua
defesa da educação. Esse apoio à cultura por diversas vezes tem sido utilizado mais
com intenção eleitoreira, ou com foco nas relações com os Governos de Estados. O
que pretende o autor é instituir um programa nacional que trate dessa matéria com a
devida responsabilidade e ajuste essa questão do cenário da cultura do País, visando
principalmente à preservação da cultura regional, que, ao longo dos anos, vem sendo
cada vez mais jogada para escanteio, invadida por produtos considerados
"enlatados" ou coisa do gênero. Isso termina prejudicando a cultura e os artistas
regionais.
Mas não estamos tratando disso. Não é, creio eu, intenção do Deputado
Ubiratan Aguiar o fechamento das regiões, não permitindo que elas se relacionem
com culturas que poderíamos chamar de nacionalizadas ou globalizadas, até porque
as regiões também necessitam interagir com novas culturas ou conhecê-las, na
perspectiva de se aprimorarem, no sentido de valorizar a cultura regional. Nosso País,
pela dimensão continental, guarda exatamente essa relação. A riqueza da produção
cultural deste País é muito grande. Mas a cegueira de alguns e a pobreza dos
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incentivos culturais, que podem propiciar a permanência e a expansão da cultura pelo
Brasil, têm inibido tudo isso. Portanto, no nosso modo de entender, o projeto é de
suma importância e vem no momento ideal, quando se comemoram os quinhentos
anos do Descobrimento do Brasil e se debate a preservação da nossa história e da
nossa memória. A cultura regional nada mais é do que uma possibilidade de
perpetuar a história deste País e tudo que ele construiu.
Eu poderia citar alguns acervos culturais baianos, por exemplo, Deputado
Ubiratan Aguiar, que o Brasil nem conhece, como Pau de Colher, Revolta dos Malês
etc. O processo cultural, as expressões artísticas que esses movimentos introduziram
vão das danças às vestes e outras manifestações culturais que, de certa forma, foram
inibidas. Portanto, acho que o projeto de V.Exa. vem em muito boa hora para o
fortalecimento da cultura do Brasil.
Nesse sentido, somos pelo acolhimento das emendas que foram agregadas ao
projeto quando tramitou no Senado. Portanto, votamos pela aprovação dessas
emendas.
Deixamos desde já registrada nossa posição favorável ao projeto apresentado
pelo Deputado Ubiratan Aguiar.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O parecer é pela aprovação das
emendas.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra, para oferecer
parecer às emendas apresentadas ao projeto, em substituição à Comissão de
Finanças e Tributação, ao Sr. Deputado José Pimentel.
O SR. JOSÉ PIMENTEL (PT-CE. Para emitir parecer. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, incumbido de dar parecer sobre as emendas apresentadas ao
Projeto de Lei nº 3.468-D, de 1997, do Deputado Ubiratan Aguiar, em nome da
Comissão de Finanças e Tributação, manifesto-me pelo acolhimento dessas
emendas, por concordar com os procedimentos aqui apresentados.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O parecer é pela aprovação das
emendas.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra, para oferecer
parecer às emendas apresentadas ao projeto, em substituição à Comissão de
Constituição e Justiça e de Redação, ao Sr. Luiz Antonio Fleury.
O SR. LUIZ ANTONIO FLEURY (Bloco/PTB-SP. Para emitir parecer. Sem
revisão do orador.) - Sr. Presidente, as emendas apresentadas ao Projeto de Lei nº
3.468-D, de 1997, do Sr. Ubiratan Aguiar, obedecem aos princípios de
constitucionalidade, juridicidade e boa técnica legislativa.
Nosso parecer, portanto, é pela aprovação dessas emendas.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O parecer é pela constitucionalidade,
juridicidade e boa técnica legislativa.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Em votação as emendas do Senado
Federal ao Projeto de Lei nº 3.468, de 1997, ressalvados os destaques.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Os Srs. Deputados que as aprovam
permaneçam como se encontram. (Pausa.)
APROVADAS.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Há sobre a mesa e vou submeter a
votos a seguinte
REDAÇÃO FINAL:
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Os Srs. Deputados que a aprovam
permaneçam como se encontram. (Pausa.)
APROVADA.
A matéria vai à sanção.
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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Apresentação de proposições.
Os Srs. Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.
APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SENHORES:
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ANTONIO PALOCCI E OUTROS
Proposta de emenda à Constituição que dá nova redação ao art. 144.
MARÇAL FILHO
Projeto de lei que revoga os §§ 1º e 3º do art. 636 da Consolidação das Leis do
Trabalho, a fim de possibilitar o seguimento do recurso do empregador,
notificado pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, à autoridade de instância superior,
sem a exigência do depósito do valor da multa.
RICARDO BERZOINI
Requerimento ao Presidente da Câmara dos Deputados de tramitação em
separado do Projeto de Lei nº 3.231, de 2000.
FERNANDO CORUJA
Projeto de lei que proíbe a associação de substâncias psicoativas e outras usadas
em medicamentos para emagrecer.
DR. ROSINHA
Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Fazenda sobre o repasse dos
recursos arrecadados nos concursos de loteria esportiva federal às entidades
de prática desportiva.
ROGÉRIO SILVA E OUTROS
Projeto de decreto legislativo que dispõe sobre a realização de plebiscito para a
criação do Estado do Mato Grosso do Norte.
MÁRCIO BITTAR
Projeto de lei que acrescenta parágrafo único ao art. 2º da Lei nº 9.965, de 2000,
que "restringe a venda de esteróides ou peptídeos anabolizantes e dá outras
providências", tornando crime o comércio, o transporte, a guarda, a
propaganda, o induzimento ao uso ou a prescrição dessas substâncias sem a
observância da referida lei.
JORGE WILSON
Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Saúde referente aos gastos com
Agentes Comunitários de Saúde e Equipe.
ROBERTO PESSOA
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Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de registro nos Anais
da Casa de voto de louvor pela posse de Dom José Doth de Oliveira como
Bispo da Diocese de Iguatu, no Estado do Ceará.
Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de registro nos Anais
da Casa de matéria publicada no jornal Diário do Nordeste, intitulada "Dom
José Doth assume Diocese de Iguatu".
VANESSA GRAZZIOTIN
Requerimento de informações à Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano
sobre as medidas adotadas para sanar as dificuldades do abastecimento de
água na cidade de Manaus.
Requerimento de informações ao Sr. Ministro do Meio Ambiente sobre a relação
dos servidores disponibilizados pelo Poder Público ou contratados, bem como
a relação de pessoas, empresas ou entidades que prestaram qualquer tipo de
consultoria ou assessoramento à Associação Brasileira para o Uso Sustentável
da Biodiversidade da Amazônia — BIOAMAZÔNIA.
Requerimento de informações ao Sr. Ministro do Meio Ambiente sobre os
montantes e datas dos recursos públicos liberados para a Associação
Brasileira para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia —
BIOAMAZÔNIA.
Requerimento de informações ao Sr. Ministro do Meio Ambiente sobre o Programa
Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da
Amazônia — PROBEM e a Associação Brasileira para o Uso Sustentável da
Biodiversidade da Amazônia — BIOAMAZÔNIA, e a respeito da data, local e
tema de todos os workshops realizados.
Requerimento de informações ao Sr. Ministro do Meio Ambiente sobre o Programa
Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da
Amazônia — PROBEM e a Associação Brasileira para o Uso Sustentável da
Biodiversidade da Amazônia — BIOAMAZÔNIA, e também de cópia dos
estudos e/ou projetos, com seus relatórios finais.
MARISA SERRANO
Projeto de lei que institui o ano de 2002 como "Ano do Educador" e dá outras
providências.
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VI - ENCERRAMENTO
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Nada mais havendo a tratar, vou
encerrar a presente sessão, antes convocando para amanhã, às 9h, sessão ordinária
da Câmara dos Deputados.
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