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António MartoBispo de Leiria-Fátima
DESCOBRIR
A BELEZA E A ALEGRIA
DA VOCAÇÃO CRISTÃ
Carta Pastoral
Leiria • Setembro de 2006
FICHA TÉCNICA
TítuloDescobrir a beleza e a alegria da vocação cristãCarta pastoral
AutorAntónio MartoBispo de Leiria-Fátima
Grafi smo e PaginaçãoLuís Miguel Ferraz
CapaPaulo Adriano
ImpressãoGráfi ca de Coimbra
Tiragem??? exemplares • 1ª edição • Setembro de 2006
Depósito Legal???
DESCOBRIR
A BELEZA E A ALEGRIA
DA VOCAÇÃO CRISTÃ
Carta Pastoral
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Caríssimos diocesanos,
irmãos e irmãs no Senhor:
Antes de mais quero renovar a saudação fraterna e
afectuosa que vos dirigi na minha tomada de posse, parti-
cularmente aos doentes, aos jovens e às crianças: “O Deus
da esperança vos encha de toda a alegria e paz na fé” (Rom
15, 13). Agradeço, mais uma vez, o caloroso acolhimento
com que me recebestes e que continuo a experimentar nas
visitas às paróquias, como também as muitas cartas rece-
bidas, testemunhos sinceros da vossa simpatia e amizade.
A todos e a cada um, o meu muito obrigado!
Na primeira saudação que vos fiz chegar aquando da
minha nomeação, apresentei-me a vós com o lema do meu
ministério “servidor da vossa alegria”. Esta colaboração na
vossa alegria – que é a alegria do Evangelho – leva-me a
escrever-vos esta Carta Pastoral para vos ajudar a contem-
plar, com os olhos cheios de deslumbramento e o coração
cheio de gratidão, a beleza e a alegria da vocação cristã. A
razão da carta é o início do Ano Pastoral 2006-2007 que
é dedicado à Pastoral das Vocações na Igreja, com acento
particular nas vocações ao sacerdócio, sob o lema bíblico:
“Não fostes vós... fui Eu que vos escolhi” (Jo 15, 16).
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
O tema situa-se na continuidade do ano transacto
dedicado ao acolhimento, a partir da frase de Jesus à Sa-
maritana: “Se conhecesses o dom de Deus...” (Jo 4, 10).
Esta palavra de Jesus é um convite a ir mais além de nós
mesmos, a encontrar o melhor de nós próprios, acolhendo
o dom de Deus que é Jesus Cristo e a vida nova e bela que
Ele nos oferece. Trata-se pois de cada um procurar com-
preender-se a si mesmo, à sua vida e ao seu projecto de
vida à luz de Jesus Cristo: a que me chama o Senhor? Qual
é o dom da minha vocação dentro do grande projecto da
salvação de Deus para os homens? Quando se perde isto
do horizonte surge a crise de vocações à vida matrimonial,
ao sacerdócio e à vida religiosa que hoje sentimos de modo
preocupante.
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
1. Novo contexto vocacional hoje
A crise das vocações ao sacerdócio ou à vida religiosa
não pode ser compreendida de um modo isolado do con-
texto cultural da nossa época, nem do contexto da vivência
da fé nas nossas comunidades.
É antes de mais uma crise cultural. Hoje sente-se a
falta de uma “cultura vocacional” que se reflecte em vários
âmbitos: crise da vocação ao matrimónio, à vida política, à
vida sindical, à vida associativa. Isto é derivado da cultura
reinante da incerteza e da confusão causada pelo relati-
vismo e pelo vazio de ideais, de valores, de referências e
modelos fortes. Acresce ainda a cultura da distracção,
cada vez mais invasiva e evasiva, que perde de vista e até
sufoca as interrogações sérias acerca do sentido da vida.
Mais, sofre-se hoje de uma orfandade educativa nas famí-
lias e nos centros de educação. Quantos abortos vocacio-
nais – que impedem o desabrochar da semente da vocação
– por causa do vazio educativo!
Todo este clima suscita e alimenta a cultura da indeci-
são: os jovens têm receio e medo de fazer opções e assumir
compromissos fortes, exigentes e duradoiros. Basta pensar
na actual crise da opção matrimonial que, a meu ver, não é
menos grave do que a crise das vocações ao sacerdócio ou de
consagração. É dramático tudo isto que leva um jovem a pri-
var-se de uma das realidades mais belas da vida: formar uma
família com um vínculo de amor uno, fiel e para sempre.
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
Esta crise cultural repercute-se também na Igreja. Em
tempos de cristandade, a vocação, tal como a fé, desper-
tava e transmitia-se como que por osmose ou contágio
do ambiente cristão das famílias e da figura e do estatuto
social do padre. Hoje, num mundo em constante mudança
e pluralista, a vocação, tal como a fé, requer uma interpe-
lação clara por parte da comunidade cristã e uma opção
consciente e madura da parte dos destinatários.
Acontece, porém, que nas nossas comunidades cristãs
reina uma amnésia vocacional. A maior parte dos nossos
cristãos pensa que a questão das vocações não lhes diz res-
peito; é assunto do bispo e dos padres.
A crise vocacional é, em última análise, crise de vivên-
cia e interpretação banal da fé, privada de toda a beleza, cia e interpretação banal da fé, privada de toda a beleza, cia e interpretação banal
frescura, encanto, paixão, alegria e entusiasmo por Jesus
Cristo e pelo evangelho, privada do sentido de responsabi-
lidade e de doação a Deus e aos outros.
Esta reflexão serve para compreender o contexto da crise
vocacional. Mas não ajuda a solucioná-la dizer que acontece
o mesmo na vida política e sindical, nem ficar nas lamenta-
ções acerca do nosso mundo. A crise representa um desafio
em ordem a assumir com novo ardor a pastoral vocacio-
nal e a encontrar novos caminhos. O que aqui está em jogo nal e a encontrar novos caminhos. O que aqui está em jogo nal
é, sobretudo, uma experiência de fé que leve a descobrir a
novidade e a beleza do encontro com Jesus Cristo.
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
2. A beleza da vocação cristã
2.1. “E Deus viu que tudo era muito belo” (Gen 1,31):
Toda a vida é vocação
Quando contemplamos a nossa vida à luz da fé no mis-
tério da Criação, tomamos consciência de que “não somos
o produto do acaso irracional e sem sentido da evolução.
Cada um de nós é fruto dum pensamento de Deus. Cada
um de nós é querido, cada um é amado, cada um é neces-
sário.” (Bento XVI) O amor criador de Deus é o início de
cada vocação. Ele cria-nos com dons, talentos e capaci-
dades que somos chamados a desenvolver para a nossa
realização pessoal e para o aperfeiçoamento do mundo.
Chama-nos a colaborar com Ele no projecto criador e sal-
vador, para tornar o mundo bom e belo.
A vida humana não é pois um acaso nem um destino
cego. É uma obra-prima do amor criador de Deus e traz
inscrito dentro, em si mesma, um chamamento ao amor.
Não é uma aventura solitária, mas diálogo, dom de Deus
que se torna tarefa e missão para nós. Não vivemos ao aca-
so nem por acaso. O homem não está só no mundo: nem
no princípio, nem no meio, nem no fim da vida e da histó-
ria. Deus é o seu companheiro de caminho e este caminho
abre à vida verdadeira e plena, boa, bela e feliz. Cada dia
é-nos dado para responder à nossa vocação de criaturas de
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
Deus, como um modo de conceber e projectar a nossa vida.
Em cada pessoa há um dom original de Deus que espera
ser descoberto, desenvolvido para dar frutos. A busca do
sentido da vida é um eco da “vocação” de Deus.
2.2. “Fala, Senhor; o teu servo escuta” (1Sam 3,10):
A vocação como diálogo
Mas Deus chama o homem não só à vida e ao seu de-
senvolvimento; chama-o também, de novo e sempre, na
sua história a colaborar com Ele numa história de salvação
e não de perdição, de graça e não de desgraça, formando
um povo que acolhe o dom da salvação. O povo de Deus
– outrora Israel, hoje a Igreja – é um povo de chamados
à fé e à salvação, a responder e corresponder à Palavra do
Senhor.
A história de Deus com os homens é uma história de
vocações. Através da sua Palavra, Deus chama e envia
alguns (patriarcas, profetas…) a realizar determinada mis-
são. Uma amostra exemplar é a vocação de Abraão, a quem
Deus chamou para dar início à história particular da sal-
vação, formando um povo, e a confiar somente na Palavra,
acolhida na fé e na esperança. Quando Deus chama, espera
uma resposta. Isto é claro na vocação de Samuel (1Sam 3),
que responde com a sua disponibilidade pronta: “Eis-me
aqui. Fala, Senhor, que o teu servo escuta”. Assim a história
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
de cada homem, embora nos apareça como uma pequena
história, é sempre parte integrante e inconfundível duma
grande história da salvação, que vem de longe e leva longe
e que tem o seu momento culminante em Jesus Cristo.
2.3. “Vinde e vede” (Jo 1,39):
A vocação como encontro com Cristo
De facto, em Jesus, Filho de Deus feito homem, o Deus
vivo, no excesso do Seu amor, entra em pessoa na nossa
história, vem ao nosso encontro, aproxima-se de nós, tor-
na-se nosso amigo, partilha connosco o mistério do Seu
amor, para que tenhamos vida em abundância, vida ver-
dadeira, nova e eterna. Jesus traz-nos a Boa-Nova de que
somos amados por Deus como filhos; e dá-nos o Espírito
Santo no qual podemos acolher Deus como Pai e os outros
como irmãos. O Filho é enviado pelo Pai para chamar os
homens a esta comunhão divina e fraterna. O convite de
Deus chega até aos homens nas palavras, nos gestos, nos
sinais de salvação de Jesus. Não é uma fórmula ou uma
doutrina que nos salva, mas a Pessoa viva de Jesus.
Por isso, não existe uma passagem do Evangelho, um
diálogo ou encontro que não tenha um significado voca-
cional: um convite – chamamento de Jesus a segui-Lo,
que põe o homem diante da interrogação fundamental:
que quero fazer da minha vida? Qual o meu caminho?
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
É verdadeiramente iluminante a narração da vocação
dos primeiros discípulos de Jesus no Evangelho segundo
S. João 1, 35-39. O amor divino é o acontecimento de um
encontro que muda a vida, a experiência de uma hora ines-
quecível que revive, de novo e sempre, no coração de quem
aceita entregar-se a este amor em Jesus.
Quando João Baptista indica Jesus como o “Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo” – isto é, como Sal-
vador do mundo –, os dois (João e André) não hesitaram
em segui-l’O, sem dizer nada. E Jesus faz-lhes uma única
pergunta: “Que procurais?” Pode parecer uma pergunta
banal, mas ela vai ao fundo da pessoa, como quem diz:
o que vos move? Que anseios estão no interior do vosso
coração? De que andais à procura na vida? Que vos inte-
ressa acima de tudo? E que esperais de Mim? É pois uma
pergunta cheia de sentido, um convite a olhar-se dentro, a
advertir o que há de mais profundo em nós.
Por sua vez, eles respondem com outra pergunta: “onde
moras?” que exprime o desejo de ficar com Ele. Morando
juntos, convivemos, compreendemo-nos, partilhamos algo
em comum, sentimo-nos da família. Eles compreenderam
pois que seguir Jesus é encontrar a verdadeira morada da
própria vida. A resposta do Mestre é um convite a confiar e
a fazer uma experiência de vida com Ele: “vinde e vede”. E
assim fizeram. É tão grande a impressão daquele encontro
que vai marcar para sempre a sua vida, que S. João recorda
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
a hora precisa, típico da memória de um grande amor: “era
a hora décima” que, para os hebreus, significava a hora das
grandes decisões da vida. A vocação é o encontro com Al-
guém, não com alguma coisa; é a recordação de uma hora
que muda a vida quando se aceita estar com Ele e viver
d’Ele, reconhecendo-O como “meu Senhor e meu Deus”.
“O encontro com Jesus abre um novo horizonte e imprime
um rumo decisivo à vida” (Bento XVI), dá origem a uma um rumo decisivo à vida” (Bento XVI), dá origem a uma um rumo decisivo à vida”
existência nova na comunhão com Cristo.
2.4. “É belo estarmos aqui” (Mat 17,4):
A vocação como vida bela em Cristo
A vida em comunhão com Cristo é uma experiência de
beleza a saborear e a testemunhar, tal como nos é dado
contemplar no mistério da Transfiguração de Jesus, no
monte Tabor. É um episódio misterioso, um acontecimen-
to de revelação em que o Filho de Deus vivo deixa trans-
parecer a profundidade da Sua vida divina, do Seu Amor
eterno, da Sua bondade que irradia em forma de luz tão
intensa que transfigura o Seu rosto – expressão da pessoa
– e as Suas vestes, símbolo de tudo o que é quotidiano e se
desgasta. Uma experiência tão maravilhosa que extasia os
discípulos e leva Pedro a exclamar: “Senhor, como é belo
estarmos aqui”: é belo estar contigo, contemplar a beleza
do Teu rosto, pertencer a Ti, dedicarmo-nos a Ti!
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
E depois escutam a voz do Pai que ilumina este aconte-
cimento: “Este é o meu Filho muito amado: escutai-O”. É
o chamamento do Pai a seguir Jesus: recebei-O, acolhei-O,
ponde n’Ele toda a confiança, fazei d’Ele o centro da vida,
deixai-vos transfigurar por Ele.
A Igreja vê na Transfiguração de Jesus o próprio ca-
minho de transformação da existência humana. Para o
cristão, é sinal e apelo da transformação baptismal: um
convite a dar nova figura, novo rosto, nova beleza à vida
com Cristo que nos é comunicada no Baptismo. O Baptis-
mo é pois o início de todo o caminho cristão para ser filhos
de Deus como Jesus. Por isso dizemos que a primeira e
fundamental vocação comum a todos os cristãos é a bap-
tismal. Nela somos chamados à santidade que é a expres-
são da beleza espiritual e moral da nossa vida com Cristo.
Ser cristão é um modo belo de viver a vida!
2.5. “Fui eu que vos escolhi” (Jo 15, 16):
A vocação como eleição de amor
Há ainda uma palavra muito bela de Jesus, em que Ele
desvela o segredo e o sentido mais profundo e último da
vocação cristã: “não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu
que vos escolhi a vós e vos constituí para que vades e deis
fruto e o vosso fruto permaneça”. Esta frase é pronunciada
num contexto em que Jesus como que entoa uma cantata
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
ao Amor infinito do Pai dado a conhecer e partilhado pelos
discípulos. E assim coloca o chamamento dos discípulos
no coração do mistério, isto é, no desígnio do Amor eterno
de Deus, que nos precede e acompanha, ao qual respon-
demos pela aceitação da fé. Sem negar a opção pessoal
dos discípulos, sublinha-se o primado da iniciativa de
Cristo, reconhecido como Senhor da nossa vida. Na ori-
gem da vocação cristã está a iniciativa da Sua graça, do
Seu amor, da Sua misericórdia, da Sua atracção. Há um
Amor que está antes da nossa resposta. A vocação aparece
então como um dom, uma eleição de Amor.
Esta eleição não é só para eles, mas para a missão:
“para que deis fruto”, para que através da irradiação da
fé e do amor os homens tenham a vida eterna. Através da
comunidade dos discípulos, o Filho de Deus continuará a
revelar-Se e a comunicar-Se ao longo da história. A nossa
vocação tem como horizonte o mundo inteiro. O chama-
mento do Senhor é pessoal e apostólico.
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
3. Vocação e vocações na Igreja
Tudo o que foi dito refere-se à vocação comum a todos
os cristãos. O nosso ser com Cristo pelo Baptismo insere-
nos na comunhão de vida íntima com Deus e na comunhão
de irmãos que é a Igreja. No Baptismo está pois a origem
da vocação comum de todos os fiéis cristãos. Todos somos
chamados a viver a nossa existência humana em comu-
nhão com Cristo: a crescer na relação filial com Deus, no
amor fraterno, na vida nova segundo o Espírito de san-
tidade, a participar na edificação da Igreja, a anunciar e
testemunhar o Evangelho no mundo. É uma vocação em
ordem a realizar uma vida boa, bela e feliz com Cristo e
com os outros para o mundo.
3.1. Variedade de dons e chamamentos
A vocação cristã, porém, especifica-se numa multifor-
me variedade. Todos os baptizados são alcançados pela luz
da Transfiguração, pela beleza da vida nova, todos igual-
mente chamados a seguir o mesmo Cristo; mas cada um,
de um modo próprio, segundo os dons e os apelos de Deus
nas diversas situações.
O Espírito Santo alimenta a vida e a missão da Igreja
com dons, carismas e ministérios diversos e complemen-
tares, que se configuram numa grande variedade de voca-
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
ções. Podemos sintetizá-las em três tipos: a vocação à vida
laical, ao ministério ordenado e à vida consagrada. Estas
“podem-se considerar paradigmáticas, uma vez que todas
as vocações particulares, sob um aspecto ou outro, se ins-
piram ou conduzem àquelas… Todos na Igreja somos con-
sagrados no Baptismo e na Confirmação; mas o ministério
ordenado e a vida consagrada supõem, cada qual, uma
vocação distinta e uma forma específica de consagração,
com vista a uma missão particular” (VC 31).
Assim, a vocação dos fiéis leigos é caracterizada pelo
seu compromisso cristão no mundo: na vida matrimonial,
na família, no trabalho, na economia, na política, na edu-
cação…; a dos ministros ordenados (bispos, padres e diá-
conos) distingue-se pelo ministério de representar Cristo,
Pastor que guia o Seu povo; a dos consagrados consiste
na entrega total, de alma, coração e sentimentos, a Jesus
Cristo, pelo caminho da pobreza, da virgindade e da obe-
diência como testemunho profético e serviço ao Reino de
Deus no mundo e à esperança do mundo novo, em que
quem reina é o Deus – Amor.
As diversas vocações são comparáveis a raios da úni-
ca luz da Beleza de Cristo que resplandece no rosto da
Igreja e fazem dela um jardim embelezado com as mais
diversas flores.
Cada vocação nasce num contexto preciso e concreto: a
Igreja, mãe e berço de vocações. Não existem vocações de
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
primeira ou segunda categoria. Todas vêm de Deus e têm
um único objectivo: anunciar o reino de Deus na história,
tornar visível e testemunhar o mistério de Cristo Salvador.
Numa palavra, na comunidade cristã há muitas vocações,
mas uma única missão.
3.2. Necessidade urgente de sacerdotes e consagrados
Todas as vocações colaboram na edificação da Igreja,
Corpo de Cristo, e na obra de salvação. Mas hoje sente-
se uma necessidade urgente de ministros ordenados e de
fiéis de vida consagrada. Os sacerdotes, na continuidade
do ministério dos Apóstolos, servem, em nome de Cristo
Pastor, a fé, o amor e a esperança de todos os fiéis e das co-
munidades cristãs, através do anúncio da Palavra de Deus,
da celebração da Eucaristia e dos outros sacramentos, e da
orientação da comunidade na comunhão fraterna.
Os fiéis de vida consagrada, movidos pelo Espírito San-
to, tendem à perfeição da caridade seguindo radicalmente
a Cristo mediante os chamados “conselhos evangélicos”,
dando testemunho daquele Amor único que é Deus e do
serviço aos irmãos em variadas expressões. São uma ri-
queza inestimável para a vitalidade da Igreja!
A atenção prioritária, na actual situação da nossa dio-
cese, vai sobretudo para o ministério ordenado. Ele é a
garantia permanente da presença sacramental de Cristo
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
nos diversos tempos e lugares, sobretudo através da Euca-
ristia. É pois fundamental e indispensável para a vida da
Igreja, da sua edificação e do seu crescimento!
Neste contexto, não há dúvida de que deve ser reser-
vada hoje uma singular e específica atenção às vocações
sacerdotais. Trata-se de “um problema vital para o futuro
da fé cristã”, como dizia João Paulo II. Sem vocações ao
sacerdócio será mais difícil o serviço ao Evangelho e não
será possível uma renovada evangelização da nossa Igreja
e do nosso território.
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
4. Novo ardor da pastoral vocacional: da alegria de ser chamado à coragem de chamar
O problema vocacional põe-se, em primeiro lugar, a
cada fiel cristão: a exigência de discernir a vocação espe-
cífica que Deus nos reserva na tarefa de anunciar o Evan-
gelho, de colaborar na edificação da Igreja de Cristo e na
transformação do mundo. Isto significa não só saber o que
Deus quer de nós, mas também o compromisso de fazer
o que Ele nos pede. É uma responsabilidade pessoal que
recebe aquele que é chamado: manter sempre viva, grata
e alegre a consciência da própria vocação e dar uma res-
posta livre, generosa e cheia de amor a Deus que chama:
“Eis-me aqui; envia-me!” (Is 6, 8).
Mas o problema vocacional diz também respeito a
toda a vida e acção pastoral da Igreja, chamada a susci-
tar, discernir, acompanhar e apoiar todas as vocações na
sua variedade e complementaridade. As vocações na Igreja
surgem dum apelo que vem de Deus, mas que se realiza
normalmente através da mediação humana, com uma pe-
dagogia e metodologia próprias.
Por isso, “é necessário estruturar uma vasta e capilar
pastoral das vocações, que envolva as paróquias, os cen-
tros educativos, as famílias, suscitando uma reflexão mais
atenta sobre os valores essenciais da vida, cuja síntese
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
decisiva está na resposta que cada um é convidado a dar
ao chamamento de Deus, especialmente quando este pede
total doação de si mesmo e das própria energias à causa do
Reino de Deus” (NMI 46).
Resulta pois que a pastoral vocacional não é um aspec-
to isolado, sectorial. Está vinculada à pastoral global da
comunidade cristã e, particularmente, à pastoral juvenil e
familiar. Trata-se duma pastoral transversal e refere-se a
todas as vocações.
Neste momento, quero indicar apenas alguns caminhos
que me parecem elementares e de fácil concretização.
4.1. A comunidade cristã, casa e escola vocacional
Suscitar vocações é uma responsabilidade de todo o
povo de Deus e de cada comunidade cristã. Na Exortação
Apostólica “Dar-vos-ei Pastores”, João Paulo II insiste
especialmente neste ponto de que devemos começar a
preparar nas paróquias um terreno fértil para que a ac-
ção de Deus se desenvolva e o Seu apelo possa ser ouvido
e seguido. Para que estes primeiros passos possam ter
possibilidades de sucesso é preciso estar convicto de que
todos os membros da Igreja, sem excepção, têm a graça e a
responsabilidade do cuidado pelas vocações” (nº 41).
Toda a comunidade cristã normal deve ser, pois, por
natureza, “casa e escola vocacional” que faz despertar e natureza, “casa e escola vocacional” que faz despertar e natureza, “casa e escola vocacional”
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
crescer, de modo normal, as vocações normais a partir
da fé vivida e testemunhada como apelo. A casa evoca o
ambiente vivencial; a escola evoca a aprendizagem, a for-
mação. Assim, o clima de fé, oração, comunhão, alegria,
maturidade espiritual, caridade e testemunho faz da co-
munidade o terreno propício não só ao desabrochar de vo-
cações, mas também à criação duma cultura vocacional.
Em ordem à consciencialização das comunidades e à
sua maior corresponsabilidade nesta tarefa, peço ao Secre-
tariado Diocesano da Coordenação Pastoral a elaboração
de algumas catequeses que poderão ser feitas quer nas
paróquias, quer a nível de vigararia, durante a Quaresma.
Mas, como num jogo em equipa, há que ter animado-
res. Por isso, em cada paróquia ou vigararia será desejável
a criação de um “Grupo de Animadores Vocacionais”. É
um ministério novo que se vai configurando dentro da
comunidade, ao qual se confia o mandato da animação
vocacional.
4.2. Acompanhamento vocacional em cada idade
É preciso animar e acompanhar vocacionalmente cada
idade, desde o começo da iniciação cristã até aos anos da
juventude madura, através de vários itinerários. Em pri-
meiro lugar, os itinerários da fé. Os caminhos da pastoral
vocacional são, antes de mais, os do crescimento da fé e
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dos seus dinamismos. Como nos adverte João Paulo II
“o convite de Jesus, “vinde e vede” (Jo 1, 39) permanece,
ainda hoje, a regra de ouro da pastoral vocacional. Trata-
se de apresentar o fascínio da Pessoa do Senhor Jesus e a
beleza do dom de si à causa do Evangelho” (VC 64). Neste
aspecto há que investir energias precisas no itinerário
da catequese oferecendo uma leitura vocacional da vida.
Também a idade do crisma poderia ser, precisamente, a
“idade da vocação” para a descoberta e o testemunho do “idade da vocação” para a descoberta e o testemunho do “idade da vocação”
dom recebido e das diversas vocações, proporcionando
aos crismandos o encontro com homens e mulheres cren-
tes que vivem com coragem e alegria a sua vocação.
Neste percurso de animação e acompanhamento
inserem-se, eficazmente, os itinerários vocacionais es-
pecíficos para grupos de jovens, rapazes e raparigas, que
querem fazer uma reflexão séria e pessoal em ordem ao
discernimento da sua opção e projecto de vida. Trata-se
dum caminho programado para um ano, com um encontro
mensal de um dia ou fim-de-semana de reflexão, oração e
partilha.
Temos ainda o “pré-seminário” ou “seminário em “pré-seminário” ou “seminário em “pré-seminário”
família”, como itinerário vocacional específico de acom-
panhamento, orientação e discernimento para os que se
propõem entrar para o Seminário Maior em ordem ao
sacerdócio.
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Menciono ainda os retiros ou exercícios espirituais que
são momentos especiais de graça para que a fé seja perso-
nalizada, interiorizada e vivida como apelo, chamamento
de Deus.
Em todos estes percursos é de fundamental importân-
cia a chamada direcção ou orientação espiritual. É uma
forma privilegiada de acompanhamento personalizado e
de discernimento vocacional. De facto, cada pessoa e cada
vocação é única, tem uma história singular e problemas
e interrogações próprias, que ela precisa de confrontar
com alguém adulto na fé, para um discernimento sério e
maduro.
Como podemos ver – e é já um dado adquirido – uma
escolha vocacional não amadurece, em regra, através de
experiências episódicas de fé, mas através de um mais ou
menos longo e paciente caminho espiritual.
4.3. Testemunho vocacional contagiante
Hoje, o povo cristão é mais sensível às testemunhas do
que aos mestres. O que atrai os jovens não é o estatuto ou
papel social de uma determinada vocação. Eles são cati-
vados pelo fascínio do testemunho. Seguem e escolhem o
que é significativo para a sua existência pessoal. Têm um
sexto sentido para reconhecer as pessoas que são ponto de
referência para uma vida de fé e doação, que dão testemu-
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
nho da beleza de uma vida que se realiza, de modo alegre e
feliz, segundo o projecto de Deus.
Uma comunidade de testemunhas é o ambiente neces-
sário para a fecundidade vocacional. Todo o adulto na fé
sentirá a alegria de ser chamado e, por sua vez, a cora-
gem de chamar com o testemunho de vida, a palavra e a gem de chamar com o testemunho de vida, a palavra e a gem de chamar
interpelação directa.
As famílias cristãs são chamadas a testemunhar o
amor na abertura às necessidades da Igreja e do mundo, a
promover um clima de fé e a oferecer o ambiente próprio
para uma saudável educação humana, afectiva e cristã, em
que os jovens aprendam a usar a liberdade e a projectar a
vida segundo o coração de Deus.
De modo particular, os padres e os religiosos são cha-
mados a deixar transparecer, na sua vida pessoal e comu-
nitária e na sua missão, a beleza e a alegria do sacerdócio e
da vida consagrada. Nenhum jovem poderá, de facto, sen-
tir um chamamento, se os seus olhos não puderem ver ao
vivo na pessoa, na vida e no ministério dos padres a alegria
contagiante de alguém que é feliz.
Neste sentido é de aproveitar a celebração de ordena-
ções, profissões de religiosos e respectivos aniversários
jubilares como ocasiões preciosas de evangelização e pro-
posta vocacional, envolvendo os jovens na preparação e na
celebração.
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
4.4. Grande Oração pelas Vocações
Sabemos pela fé que toda a vocação é dom de Deus
como aliás toda a vida e vitalidade da Igreja. Por isso
devemos implorar também este dom. É um compromisso
que se deve estender a todo o povo de Deus e ser assumido
por cada comunidade. Por este caminho passa o processo
misterioso de toda a vocação apostólica. A vocação nasce
da invocação, isto é, da oração.
A oração, se inserida num caminho de fé, abre os co-
rações a Deus, põe-nos à escuta e torna-os disponíveis a
qualquer solicitação da graça. Feita a nível comunitário,
cria o ambiente propício para qualquer semente que o
Senhor aí queira semear. Assim, a cultura da oração gera
também uma cultura vocacional.
Faço pois um sentido apelo a toda a Diocese e a todas as
comunidades e movimentos para dar vida a uma “Grande
Oração pelas Vocações”: uma oração vivida com intensa
confiança e perseverança, capaz de envolver pessoalmente
todos os membros do povo de Deus e a realizar com opor-
tunas modalidades comunitárias, de modo programado e
calendarizado ao longo do ano e não episódico ou pontual.
Neste aspecto existem algumas propostas concretas: a
quinta-feira vocacional, em cada mês, com celebração da
Eucaristia ou uma hora de adoração eucarística, a inclu-
são de uma prece pelas vocações em todas as celebrações
comunitárias, fomentar grupos de oração pelas vocações.
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
Além disso, podem promover-se tempos fortes de oração
no Dia Mundial das Vocações, no Dia do Seminário, na
semana vocacional paroquial.
Em cada vigararia haverá uma vigília de oração pelas
vocações que espero seja preparada por uma equipa de
padres e leigos e bem participada pelos fiéis.
4.5. Serviços de apoio e dinamização
Sendo a pastoral vocacional algo que diz respeito a todo
o povo de Deus, são todavia necessários serviços de apoio e
animação como o Secretariado Diocesano da Pastoral Vo-
cacional, que ao longo deste ano nos propomos reactivar. É
um organismo de comunhão e instrumento ao serviço da
pastoral vocacional na Diocese. Nele devem estar represen-
tadas todas as vocações desde os esposos aos consagrados.
Compete-lhe promover itinerários vocacionais específicos
e coordenar as iniciativas de pastoral vocacional existentes
na Diocese; formar os animadores vocacionais e cuidar que
no povo de Deus se crie uma cultura vocacional; participar
na elaboração do programa pastoral diocesano e colaborar
particularmente com a pastoral familiar e juvenil.
Quero aqui recordar que todos os sectores da pastoral
diocesana são chamados a terem presente a dimensão
vocacional. Peço pois a colaboração cordial de todos em
espírito de comunhão.
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
5. A vós jovens: levantai-vos e não tenhais medo!
A vós, jovens, reservo uma palavra amiga de encoraja-
mento. Sei como é difícil a um jovem orientar-se e orientar
a própria vida em sentido diverso e melhor, segundo o pro-
jecto de Deus, neste mundo que se assemelha a uma grande
feira em que são oferecidos os mais variados projectos e
modelos, cada qual na embalagem mais sedutora. Quero
dizer-vos, por experiência própria, que em Jesus Cristo en-
contramos tudo o que torna a vida verdadeira, digna, livre,
nobre, grande e bela. Não vos deixeis cair na indiferença,
na superficialidade e na mediocridade de vida.
Procurai dar à vossa vida um projecto belo. Se, no
mais íntimo, sentirdes o chamamento do Senhor ao sacer-
dócio ou à vida religiosa, sede generosos, não o recuseis!
Cultivai os anseios próprios da vossa idade, mas não
fecheis o coração aos apelos de Deus. E se vos assaltar
o temor, ouvi a palavra de encorajamento de Cristo aos
apóstolos após a contemplação da Transfiguração e que
faço minha: “levantai-vos e não tenhais medo”!
Com palavras de João Paulo II quero expressar a mi-
nha confiança em vós: “O terceiro milénio aguarda a con-
tribuição de uma multidão de jovens consagrados, para
que o mundo se torne mais sereno e capaz de acolher Deus
e, n’Ele, todos os Seus filhos e filhas” (VC 106).
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D. ANTÓNIO MARTO - BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
Ouso mesmo oferecer-vos uma breve oração:
Senhor Jesus,
Torna-me atento e vigilante
No discernimento da vontade do Pai,
Para que eu possa em tudo realizar a vocação
Com que Ele, desde sempre, me quis e amou.
Na hora da dúvida e da provação
Dá-me a certeza de não estar só
Mas de saber e querer-Te próximo,
Para viver contigo a minha oferta,
Seguindo-Te humilde e confiadamente
No serviço da Tua Igreja e do mundo.
Para terminar, quero fazer um pedido premente a to-
dos, irmãos e irmãs na fé desta Igreja de Leiria – Fátima:
acolhei esta carta como impulso para uma meditação
sobre a vocação cristã, para uma mais intensa correspon-
sabilidade de todos os cristãos na promoção das vocações,
sobretudo sacerdotais; fazei tudo o que seja possível, em
particular através da oração, para que este Ano Pastoral
dedicado às vocações dê muitos frutos. Seria a melhor e
mais bela prenda que me poderiam oferecer neste primei-
ro ano como vosso bispo.
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DESCOBRIR A BELEZA E A ALEGRIA DA VOCAÇÃO CRISTÃ
Mesmo nos momentos difíceis da história, o Espírito
Santo trabalha e encoraja-nos a semear com confiança,
sobretudo no coração das novas gerações. É uma certeza
da fé.
Contemplando Maria, a cheia de graça, a mulher do
“sim” a Deus, compreenderemos e ajudaremos a com-
preender a beleza de uma existência entregue ao pro-
jecto de Deus. Com Ela seremos capazes de fazer opções
vocacionais para que esta beleza se torne vida e irradie
para o mundo.
Saúda-vos afectuosamente,
† António Marto
Bispo de Leiria-Fátima
8 de Setembro de 2006
Festa da Natividade de Nossa Senhora
Índice
[Introdução] ...... P.5
1. Novo contexto vocacional hoje ...... P.7
2. A beleza da vocação cristã ...... P.92.1. “E Deus viu que tudo era muito belo” (Gen 1,31): Toda a vida é vocação2.2. “Fala, Senhor; o teu servo escuta” (1Sam 3,10): A vocação como diálogo2.3. “Vinde e vede” (Jo 1,39): A vocação como encontro com Cristo2.4. “É belo estarmos aqui” (Mat 17,4): A vocação como vida bela em Cristo2.5. “Fui eu que vos escolhi” (Jo 15, 16): A vocação como eleição de amor
3. Vocação e vocações na Igreja ..... P.163.1. Variedade de dons e chamamentos3.2. Necessidade urgente de sacerdotes e consagrados
4. Novo ardor da pastoral vocacional: da alegria de ser chamado à coragem de chamar ..... P.20
4.1. A comunidade cristã, casa e escola vocacional4.2. Acompanhamento vocacional em cada idade4.3. Testemunho vocacional contagiante4.4. Grande Oração pelas Vocações4.5. Serviços de apoio e dinamização
5. A vós jovens: levantai-vos e não tenhais medo! ..... P.28
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