direito processual civil i |processo declarativo| · 2020. 6. 6. · direito processual civil i...
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I |Processo Declarativo|
TRAMITAÇÃO PROCESSUAL - TRAÇOS GERAIS
> Enquadramento
No processo civil (que é diferente do processo penal), temos: - Autor (lado ativo - lado que propõe a ação) - Réu (lado negativo). Note-se que pode haver mais que um autor em determinada ação e, mais que um réu noutra. > Quando nos deparamos com mais que um autor ou, mais que um réu, dizemos que há um
litisconsórcio (pluralidade de partes).
Quando o autor intenta uma ação pretende ver o seu problema resolvido. Assim, quando o juíz resolve a ação, dizemos que o este está a reconhecer o mérito da causa - o
juíz toma uma decisão sobre o problema que opõe as partes.
> A decisão de mérito opõe se à decisão de forma. Decisão de forma - o juíz declara que não está em condições de decidir sobre o problema que opõe
as partes. Ex. A bateu em B e, B propõe uma ação na qual pede uma indemnização a A. O Juíz decide sobre essa mesma a indemnização - o juíz decide sobre o mérito da causa. — No entanto, se o juíz diz “autor tu propuseste a ação num tribunal que é
incompetente” - verificamos uma decisão de forma - faltava-lhe um pressuposto processual
(condição que tem de se verificar/estar preenchida para o juíz conhecer sobre o mérito da causa).
> Tramitação Processual
O 1º ato do processo inicia-se aquando o autor propõe a ação através de uma petição
inicial e, a entrega da petição na secretaria do tribunal. (SITIOS - é o programa electrónico pelo qual se envia a petição inicial e se dá, respetivamente, o
início do processo.)
Posto isto, a secretaria do tribunal recebe a petição do SITIOS e faz duas coisas: 1. Autuação - criação de uma pasta para processo (ato meramente administrativo - não
relevante); 2. Distribuição - significa que se procede à distribuição o processo a um juíz concreto. Hoje
em dia é através de um sorteio electrónico.
Direito Processual Civil 1 |Diana C.Jorge|
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NOTA: Proceder - em Processo Civil significa que o autor ganha o caso/ a ação. Prosseguir - verbo “continuar”.
A seguir ao supra mencionado, verifica-se a citação do réu que, é feita pela secretaria
oficiosamente (sem ninguém suscitar)/pedir/mandar). — O Autor tem o dever de indicar a morado do réu na petição inicial de forma a que a
secretaria envie uma carta a este a avisar que foi constituído parte do processo.
Citação - ato através do qual se dá a conhecer ao réu que foi formulada uma ação contra si. Até
este ponto, só o tribunal e o autor faziam parte do processo. Com a citação, o réu é chamado,
como parte, para o processo.
NOTA: Quando o autor propõe uma ação, este pretende uma decisão de mérito que lhe seja favorável,
claramente.
— Quando a ação procede (vence), o juíz condena no pedido - decisão de mérito. — Não obstante, pode acontecer que o juíz conclua que o autor não tem razão (ação não
procede) - o juíz absolve do pedido (absolvição do réu do pedido) - decisão de mérito. — O juiz, podem ainda, em 3º lugar, decidir que não se pode pronunciar sobre a ação -
decisão de forma - o juíz diz que não está em condições de decidir (falta algum dos
pressupostos) - absolvição do réu da instância (daquela relação processual). > Quando o réu é absolvido da instância, não tendo existido nenhuma decisão de
mérito formulada, nada impede o autor de voltar a propor uma ação igual. > Se o juíz conhece o mérito da causa, a situação fica esclarecida e o autor não
pode voltar a propor a mesma ação.
O réu tem 30 dias para apresentar contestação. A contestação serve para: 1. O réu se defender; 2. Contra-atacar o autor (reconvenção ou pedido reconvencional - é um pedido
formulado pelo réu, na sua contestação, contra o autor. Normalmente exige-se que tenha alguma
coisa a ver para não tornar a relação mtuito complexa).
Dentro desta defesa do réu verificamos: - defesa por impugnação - o réu impugna o que autor disse (“o que autor disse aqui não é
verdade”).
NOTA: Para ser mais fácil identificar o porquê do réu estar a impugnar a ação, o autor, na sua
petição inicial, deve fazê-la por números. Ou seja, cada número tem um tópico para
analise. A escrita por números corresponde à escrita por artigos. Deste modo, o mesmo se
verifica para a contestação - escritas por artigos.
Direito Processual Civil 2 |Diana C.Jorge|
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A estes, chamam-se articulados. Já o juíz não tem de escrever nada por artigos. Tudo o que as partes escrevem são requerimentos. Tréplica - desapareceu em 2013.
- defesa por exceção - significa que se vai introduzir um elemento novo no processo. Já não estamos numa defesa em que o réu disse “que é mentira”. O réu acrescenta, efetivamente,
algo de novo. As exceções podem ser: > PERENTÓRIAS (quando esse algo de novo tem que ver com o mérito da causa) -
se ação do autor não proceder, réu absolvido do pedido. > DILATÓRIAS (quando esse algo novo tem que ver com a forma) - art. 576º, nº2
CPC - se ação do autor não proceder, réu absolvido da instância.
NOTA: — Nem todas as exceções são feitas pelo réu. O juíz também pode suscitar exceções
dilatórias oficiosamente. Art. 577º CPC - lista de exemplos de situações dilatórias - situações que impedem juíz de decidir
sobre o mérito da causa - consequência: absolvição da instância. Já nas exceções perentórias o juíz tem de esperar que as partes as aleguem - este não as pode
suscitar.
• Resumo: Na contestação podemos ter: defesa por impugnação / defesa por exceção /
reconvensão.
Se o autor fizer o pedido de ação e, o réu responder apenas defendendo-se na contestação, acaba a
fase dos articulados. Se o réu fizer um pedido reconvencional (ou seja, contra-atacar o autor na contestação), há um
terceiro articulado: a réplica.
Posto este atos concluídos, inicia-se a fase da gestão do processo. O processo segue para o juíz: o juíz recebe os atos e lê-os. Chegando ao fim da leitura, o juíz tem de tomar decisão - decisão essencial que tem de
tomar: > ação prossegue (continua) ou, ação não prossegue. Aqui, o juíz tem de verificar se estão preenchidos os pressupostos processuais. Esta
primeira análise é meramente formal. A seguir a esta análise, o juiz profere então, o despacho saneador (lista de “compras” de
pressupostos processuais). — Se houver exceção dilatória logo aqui há uma absolvição do réu da instância.
Contudo, antes do despacho saneador, o juíz tem de emanar um despacho pré-saneador ou
despacho de aperfeiçoamento - que serve para o juíz convidar o autor e o réu a mudar coisas nos
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articulados - coisas que fazem com que pressupostos processuais que estão em falta passem a estar
preenchidos. Se estiverem todos os pressupostos preenchidos e, por isso, não tiver de convidar as partes
a fazerem alguma coisa, não se verifica a necessidade de emanar este despacho pré-saneador. Note-se, no entanto, que não pode haver absolvição da instância se o juíz não tiver tentado
resolver a situação em falta.
Existem duas audiências em Processo Civil: a audiência prévia e, a grande audiência de
julgamento. Audiência prévia - o mais importante aqui é o juiz ouvir as partes a falar.
Quando não se verifica a réplica, o 1º momento em que o autor pode dar resposta ao réu é
na audiência previa.
Se o juíz considerar que o processo é para continuar, inicia-se uma série de atos que é a
produção de provas. > Despacho do art. 596º: despacho em que o juíz faz uma lista de tudo o que falta
provar (ainda dentro desta fase).
Dá se agora inicio à fase terminal do processo - fase da audiência final. Vamos para o julgamento. Produz-se as provas: filmes, gravações, documentos, depoimentos, etc. Termina a audiência judicial com as alegações. Procede-se à decisão final por parte do juíz que pode decidir a favor da: - absolvição do pedido; - condenação do pedido; - absolvição o réu da instancia.
Concluindo: 3 FASES DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
1. FASE DOS ARTICULADOS 2. FASE DA GESTÃO DO PROCESSO 3. FASE DA AUDIÊNCIA FINAL
1. Petição Inicial 2. Contestação (caso nesta se verifique um contra-ataque do réu perante o autor:) 3. Réplica
1. Despacho Pré-saneador (só se necessário) 2. Audiência Prévia 3. Despacho Saneador
(Inicia-se o julgamento com a respetiva produção de provas e termina com as alegações) 1. Decisão Final do juíz
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PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE
• O processo não é um fim em si mesmo. É antes um instrumento utilizado para fazer valer
determinados direitos materiais.
> Nunca é possível, através do processo, conseguir produzir efeitos
que, não se conseguiriam produzir de igual forma, fora do processo.
Exemplo: se A e B têm de tomar em conjunto uma decisão sobre a
casa de morada de família - vender - necessário autorização dos 2
cônjuges em direito civil. Em processo, não podemos obter o objectivo
“sozinhos” que não se poderia obter em civil.
2. PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO
• Regulando o processo civil a discussão judicial de relações jurídicas privadas e estando
estas na disponibilidade das partes, diz-se que o processo civil é, essencialmente,
dispositivo, ou seja, está dependente da livre disponibilidade das partes, podendo estas
instaurá-lo ou não, fazê-lo continuar ou não e mesmo pôr-lhe cobro.
> ASSIM: A disponibilidade das relações jurídicas privadas repercute-se
na disponibilidade do processo.
Manifesta-se em 3 vertentes essenciais:
— Impulso Processual; — Delimitação dos contornos fácticos do litígio; — Limites da sentença.
1. Princípio da Instrumentalidade
2. Princípio do Dispositivo
3. Princípio do Contraditório
4. Princípio da Igualdade das Partes
5. Princípio da Cooperação e da Boa Fé
6. Princípio da Gestão Processual
7. Princípio do Inquisitório
8. Princípio da Auto-Suficiência
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3.PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
• Consubstancia o direito de conhecimento da pretensão contra si deduzida e o direito de
pronúncia prévia à decisão - art. 3º, nº1 e nº2 CPC.
> Está em causa assegurar às partes o direito de serem ouvidas como ato
prévio a qualquer decisão que venha a ser proferida no processo.
4. PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES
• Supõe uma inevitável equidistância jurisdicional que, mais não é, do que uma decorrência,
ao nível do direito processual civil, da norma constitucional que consagra a igualdade dos
cidadãos perante a lei - art. 13º CRP.
• Previsto no art. 4º CPC:
- é fundamental que o tribunal trate as partes em termos de corrigir eventuais
desigualdades e em termos de evitar a criação de desigualdades.
IMPULSO PROCESSUAL
Pretende-se assinalar que a existência (e a pendência) de uma ação deriva da pura vontade dos particulares.
A ação só existe a partir do momento em que é recebida em juízo a respetiva petição inicial - art. 259º, nº1 CPC, sendo tal
apresentação a expressão de um poder atribuído aos particulares de disporem da sua própria esfera jurídica.
DELIMITAÇÃO DOS CONTORNOS FÁCTICOS DO
LITÍGIO
Devem ser as partes a carrear para os autos os factos que sustentam as respetivas pretensões. O autor, deverá alegar os
factos que dão consistência ao pedido por si formulado. O réu deverá alegar os factos que servem de base à sua defesa.
MTS: Princípio da disponibilidade do objeto.
LIMITES DE SENTEÇA
Trata-se da necessária correspondência entre o pedido formulado pelo autor e a decisão firmada na sentença, na medida em que o
juiz não pode condenar em objeto diverso do pedido ou em quantidade superior à peticionada pelo autor - art. 609º, nº1 CPC. É o que também se designa por Princípio do pedido, no sentido de que o pedido formulado pelo autor define os limites da sentença.
Nessa conformidade, será nula a sentença que condene em quantidade superior ou em objeto diversos do pedido - art. 615º,
nº1, e) CPC.
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5. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
• Apela ao contributo de todos os intervenientes processuais na realização dos fins do
processo e responsabilizando-os pelos resultados obtidos.
> Implica determinados deveres processuais de cooperação, tanto para as
partes e seus mandatários, como para o juiz, havendo todos de colaborar
entre si, desse modo contribuindo para se obter, com brevidade e eficácia, a
justa composição do litígio, tal como estabelece o art. 7º, nº1 CPC.
• Cumpre referir que a omissão grave do dever de cooperação faz incorrer a parte faltosa na
chamada litigância de má fé, nos termos do art. 542º, nº2, c) CPC - o que implica a sua
condenação em multa e indemnização à parte contrária, se esta a pedir.
6. PRINCÍPIO - DEVER DA GESTÃO PROCESSUAL
• Gestão Processual é a direção ativa e dinâmica do processo, tendo em vista:
- a rápida e justa resolução do litígio;
- a melhor organização do trabalho do tribunal.
• Destina-se a garantir uma mais eficiente tramitação da causa, a satisfação do fim do
processo ou a satisfação do fim do ato processual.
• Previsto no art. 6º CPC.
• Cumpre salientar - art.6º, nº1, parte final CPC:
> a intervenção do juiz, traduzida na adoção de mecanismos de simplificação
e agilização processual, deve ser antecipada da audiência das partes, como
meio de materializar uma visão participada do processo.
• A intervenção do juiz no domínio da gestão processual é algo inerente às suas funções e que
não carece de nenhum impulso nesse sentido - art. 6º, nº2 CPC.
7. PRINCÍPIO DO INQUISITÓRIO
• Previsto no art. 411º CPC.
• À luz do art. 342º CC:
nº1 - àquele que invoca um direito cabe fazer prova dos factos
constitutivos do direito invocado;
DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA - art. 6º, nº2
LEBRE DE FREITAS MTS
O juiz pode fazer tudo para sanar o vício. Mas, é um poder-dever (pode fazê-lo e deve fazê-lo mas, não é obrigatório que o faça).
Trata-se de uma norma injuntiva, o juiz deve fazer tudo para ajudar a sanar o vício.
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nº2 - sendo que a prova dos factos impeditivos, modificativos ou extintivos
do direito invocado compete àquele contra quem a invocação é feita.
• Este preceito estabelece o ónus da prova dos factos que sustentam as pretensões deduzidas
pelas partes, sendo habitual afirmar-se que:
- o autor tem o ónus da prova quanto aos factos que integram a
causa de pedir; - o réu tem o ónus da prova quanto aos factos em que se baseiam as
exceções.
8. PRINCÍPIO DA AUTO-SUFICIÊNCIA
• Tudo se resolve no processo.
• Todos os elementos que se mostrem relevantes para o processo apreciam-se no mesmo.
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CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
> Quanto ao objeto
> Art. 10º, nº2 CPC:
“As ações declarativas podem ser de simples apreciação, de condenação, constitutivas”.
NOTA:
• Como classificar, quanto ao objeto, uma ação em que se peça a declaração de nulidade de um
negócio jurídico? > Ação de simples apreciação.
AÇÕES DECLARATIVAS
Aquilo que o autor pretende é que o tribunal profira uma declaração final de direito, isto é, uma sentença que ponha cobro ao conflito que o separa do réu e que, dessa forma, componha definitivamente tal litígio. A ação declarativa esgota-se com esta sentença, ou seja, com esta declaração que emerge de determinado juízo decisório, o que não quer significar que o réu, apesar de condenado, cumpra.
AÇÕES EXECUTIVAS
Sucede à declarativa. Nesta, serão desencadeados outros mecanismos processuais destinados a, por via coerciva, assegurar ao credor o efetivo recebimento da quantia cujo pagamento o réu foi condenado.
AÇÃO DE SIMPLES APRECIAÇÃO
Art. 10º, nº2, a) CPC
São aquelas que visam obter unicamente a declaração da existência (apreciação positiva) ou inexistência (apreciação negativa) de um direito ou de um facto. > O Autor apenas solicita que o tribunal aprecie essa situação de incerteza jurídica e ponha cobro a tal insegurança, declarando se determinado direito (ou facto) existe ou não, conforme se peticionou.
AÇÃO DE CONDENAÇÃO
Art. 10º, nº2 , b) CPC
Estas ações visam obter a condenação do réu no cumprimento de uma obrigação. > Quer isto significar que esta ação visa obter uma sentença que, caso seja no sentido da procedência e caso não venha a ser acatada pelo réu, pode servir de base à instauração da competente ação executiva.
AÇÃO CONSTITUITIVA
Art. 10º, nº2, c) CPC
Visam autorizar uma mudança na ordem jurídica existente. Pretende produzir-se um novo efeito jurídico, seja criando uma relação jurídica nova, seja modificando ou extinguindo uma relação jurídica já existente. > O Autor pretende obterem novo efeito jurídico material, a declarar na respetiva sentença.
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Não produzindo o negócio jurídico quaisquer efeitos, a sentença limitar-se-á a declarar isso
mesmo.
• E, como classificar, quanto ao objeto, uma ação em que se peticione a anulação de um negócio
jurídico? > Ação de natureza constitutiva extintiva. Apesar da sua invalidade, o negócio foi produzindo efeitos, os quais perduram até serem
“liquidados” pela sentença de anulação, sendo certo que tais efeitos até podem consolidar-se,
por via da confirmação - art. 288º CC.
> Quanto à forma
Art. 546º, nº1: o processo pode ser comum ou especial. 1
nº2: o processo especial aplica-se aos casos expressamente designados na lei, observando-
se o processo comum em todos os restantes. > OU SEJA: são especiais apenas (e só) os processos que a lei designa e trata como tal.
- O âmbito de aplicação do processo comum é definido a contrario sensu.
Os processos especiais estão agrupados no Livro V do CPC, correspondendo aos arts. 878º a 1081º +
todos aquelas que qualquer outro diploma expressamente preveja e regule como tal.
— Constituem processos especiais:
> Processo de prestação de caução - 906º
> Processo de prestação de contas - 941º
> Processo de consignação em depósito - 842º
> Processo de divisão de coisa comum - 925º
> Processo de regulação e repartição de avarias marítimas - 953º e 955º
> Processo de reforma dos autos - 959º
> Processo de indemnização contra magistrados - 967º
> Processo da revisão de sentenças estrangeiras - 978º
> Processo de justificação da ausência - 881º
> Processo de liquidação da herança vaga em benefício do estado - 939º
> Processo de divórcio e separação sem consentimento do outro cônjuge -
931º
> Processo de tutela de personalidade - 878º
> Processo de apresentação de coisas e documento s
> Processo de inquérito judicial à sociedade
O processo declarativo comum segue forma única - art. 548º CPC -, pelo que todas as ações comuns terão a 1
mesma tramitação.
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> Processo especial para cumprimento de obrigações pecuniárias
emergentes de contratos DL 269/98 - o montante não pode exceder 15.000 euros correspondentes
a metade da alçada da Relação - caso contrário aplicar-se-á o processo comum 2
> Processo de insolvência e recuperação de empresas
> Processo de expropriação litigiosa.
> Quanto aos interesses em discussão
• Processo de Jurisdição Litigiosa
Normalmente a ação supõe a existência de um conflito de interesses, um litígio entre as
partes. É a necessidade de resolver esse litígio que justifica o recurso à via judicial.
• Processo de Jurisdição Voluntária
Há determinadas ações que não visam resolver um conflito de interesses, antes regular
judicialmente um interesse comum a ambas as partes. Estas ações existem pela circunstância de esse interesse, embora comum, ser perspectivado
de modo diverso pelas partes.
Nestes processos, as decisões podem ser tomadas segundo critérios de conveniência e de
oportunidade, o que significa que as decisões podem ser fundamentadas num critério não
normativo: esse critério assenta na discricionariedade judiciária, porque é ele que
pressupõe o uso daqueles juízos de conveniência e de oportunidade - Princípio da livre
atividade investigatória do tribunal (art. 986º, nº2 CPC).
Não vigora aqui o princípio da disponibilidade das partes sobre
o objeto, porque o tribunal pode investigar livremente os
factos, coligir as provas, ordenar os inquéritos, recolher as
informações convenientes e, recusar as provas consideradas
desnecessárias.
Além disto, nestes processos, não é admissível o recurso para o Supremo Tribunal de Justiça
das decisões proferidas segundo critérios de conveniência ou de oportunidade e as
respetivas decisões podem ser alteradas com fundamento em circunstâncias supervenientes,
de carácter objetivo ou subjectivo - art. 988º, nº1 CPC.
Alçada do tribunal: 2Entende-se por alçada um valor, fixado pela lei até ao qual um tribunal de instância julga definitivamente as causas da sua competência O conceito de alçada interessa pois, antes de mais, aos recursos: a decisão proferida em causa de valor contido na alçada do tribunal que a profere, não é, em regra, susceptível de recurso ordinário, ao passo que a proferida em causa de valor superior a essa alçada é, desde que seja desfavorável para o recorrente em valor superior a metade da mesma alçada.
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> A Causa de Pedir
O pedido ou pretensão apresenta-se duplamente determinada: - no seu conteúdo, referindo-se ao direito material, consiste na afirmação de uma
situação jurídica subjectiva atual ou; - na ação constitutiva, da vontade de um efeito jurídico baseado numa situação
subjectiva atual. Pode falar-se numa determinação material e de uma determinação processual da pretensão.
Ao autor não basta formular o pedido, tem também de indicar a causa de pedir, isto é,
alegar os factos constitutivos da situação jurídica que quer fazer valer ou negar.
DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA: Questionou-se se a causa de pedir era necessária:
Para a teoria da individualização - bastava ao autor indicar o pedido, como que
todas as possíveis causas de pedir podiam ser consideradas no processo, de tal modo
que ao responder à pretensão a sentença decidia em absoluto sobre a existência ou
não da situação jurídica afirmada pelo autos;
Para a teoria da substanciação -a afirmação da situação jurídica tem de ser fundada
em factos que exercem a função de individualizar a pretensão para o efeitos da
conformação do objeto do processo. Hoje é esta última teoria que está mais do que
consolida no nosso sistema processual.
O autor deve, na petição inicial, expor os factos que servem de fundamento ao pedido -
esses factos constituem a causa de pedir e esta, delimita os pedidos para o efeito de, juntamente
com ele e com as partes ser identificada a causa. Esta é insusceptível de ser repetida sem ofensa de caso julgado como lógica de consequência da
coincidência do objeto da decisão com o objeto do pedido
A nossa lei define a causa de pedir como o facto jurídico constitutivo do efeito pretendido
pelo autos, como tal, contraposto aos factos impeditivos, modificativos e extintos desse mesmo
efeito. Definição que aponta para a referência fundamental do conceito, para as normas de direito
substantivo em cuja previsão se contém o facto pelo qual estatuem o efeito jurídico pretendido.
A parte que invoca o direito tem de alegar os respetivos factos constitutivos, isto é, todos
aqueles que integram a previsão da norma ou das normas materiais que estatuem o efeito
pretendido. É admissível completar a sua previsão com uma alegação tardia de factos que a petição inicial
omitiu. A falta de alegação desses factos dá lugar à absolvição da parte contrária por insuficiência da
Direito Processual Civil 12 |Diana C.Jorge|
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fundamentação de facto do pedido ou seja, por insuficiência de uma causa de pedir que se deixou
incompleta.
Através da alegação desse facto construtivo, a causa de pedir exerce a sua função
delimitados do pedido ou pretensão, individualizando-o e, por outro lado, simultaneamente, exerce
essa sua outra função, que o fundamenta.
O pedido do autor, conformando o objeto do processo condiciona o conteúdo da decisão de
mérito, com que o tribunal lhe responderá: o juiz, na sentença, deve resolver todas as questões
que as partes tenham submetido à sua apreciação, não podendo ocupar-se de outras e não pode
condenar em quantidade superior ou em objeto diverso do que se pedir, sob pena de nulidade.
Ao autor não basta formular o pedido, este tem de ser fundamentado: de facto e de
direito.
O autor tem de indicar os fatos constitutivos da situação jurídica que quer fazer valer ou
negar, ou integrantes do facto cuja existência ou inexistência afirma, os quais constituem a causa
de pedir.
A causa de pedir são FACTOS.
DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA : 3
Que factos fazem parte da causa de pedir?
LEBRE DE FREITAS MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA
A causa de pedir engloba muitos factos lá dentro.
Faz uma interpretação restritiva pelo que, considera um número reduzido de factos a
integrar a causa de pedir.
Todos os factos que tenham acontecido para o dano surgir devem integrar a causa de pedir.
De entre todos os factos apresentados, temos de escolher aqueles que são suficientes para
individualizar a pretensão.
Quer os factos essenciais, quer os factos complementares fazem parte da causa de pedir.
Os factos que integram a causa de pedir têm de ser alegados pelas partes (não pode o juiz
alegar). Mas, tendo em conta que segundo esta posição, só entram nesta os factos essenciais,
que sucede com os outros? > Aos factos complementares aplica-se o art.
5º, nº2 CPC.
Ex.: Num caso de responsabilidade civil extracontratual.
Para LB basta que o facto, dano, culpa ou nexo de causalidade - que um destes - tenha ocorrido em Portugal para proceder à aplicação do art.
62º, b) CPC.
Ex.: Num caso de responsabilidade civil extracontratual.
Para MTS, só o facto e o dano é que são elementos essências pelo que, tendo um destes
ocorrido em Portugal, pode proceder-se à aplicação do art. 62º, b) CPC.
A culpa e o nexo de causalidade são factos complementares que não preenchem o âmbito
do artigo.
Divergência muito importante para efeitos do art. 62º, b) dado que, consoante a posição seguida, a aplicação 3
será feita de forma diversa.
Direito Processual Civil 13 |Diana C.Jorge|
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Exemplos:
1. Nas ações que têm como objeto um direito de credito a causa de pedir é a celebração de
um contrato. Não é o incumprimento que faz nascer o direito de crédito mas sim, a celebração do
contrato - facto que deu origem ao incumprimento.
2. Celebração do contrato de promessa de compra e venda com possibilidade de execução
especifica. Aqui o incumprimento já deve fazer parte a causa de pedir, pretende-se que o juiz se
substitua ao réu no cumprimento. Art. 830º - execução especifica - tem como pressuposto a existência de algum tipo de
incumprimento para além da celebração do contrato. Direitos diferentes têm factos que lhes dão origem diferentes.
3.Quando a fonte é a Responsabilidade Civil- os factos que integram são a ocorrência de um
facto, um dano, a culpa e o nexo de causalidade - contando a história do caso em concreto
Ilicitude não deve ser enquadrada uma vez que se trata de um juízo jurídico. > Ver quadro.
4. Quando se quer pedir uma indemnização em concreto e, esta é devida ao incumprimento,
este já faz parte da causa de pedir - reconhecimento de que causou danos.
> O valor da Causa
O valor da causa é expresso monetariamente e, representa a utilidade económica do
pedido.
O pedido pode: > Ter por objeto uma quantia pecuniária líquida; > Não ter valor determinado (há que encontrar o equivalente pecuniário
correspondente à utilidade visada). — O juiz fixa-o mais tarde. E, pode ainda, corrigir o valor da causa, posteriormente.
• Para a fixação do valor da causa, atende-se ao momento em que o pedido é deduzido.
Direito Processual Civil 14 |Diana C.Jorge|
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PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
> Enquadramento
• Podemos dizer que, a função de apreciação do mérito da causa, é a função natural e expectável
das decisões judiciais, na exata medida em que os tribunais existem para resolver litígios.
> No entanto, para que tal aconteça, para que essa função seja realmente cumprida,
é necessário que se verifiquem determinadas condições, que valem como condição
prévia ao conhecimento do mérito da causa: são os pressupostos processuais . 4
> Pelo contrário, o desrespeito pelos pressupostos processuais impede o juiz de se
pronunciar sobre o mérito da causa, devendo então ser proferida uma decisão que,
em vez de apreciar o mérito, se limita a um julgamento formal da lide que põe
termo ao processo e se traduz na absolvição do réu da instância, nos termos do art.
278º, nº1 CPC.
> A violação dos pressupostos processuais tem por efeito, em regra, a ocorrência de
excepções dilatórias, as quais constituem, antes de mais, argumentos de defesa ao
dispor do réu - arts. 576º, nº2 e 577º CPC.
• Pressupostos que iremos analisar, relativamente:
às Partes ao Tribunal ao próprio objeto da ação
1. Personalidade Judiciária 1. Competência Internacional 1. Aptidão da petição inicial
2. Capacidade Judiciária 2. Competência Interna 2. Não verificação de Litispendência e Caso Julgado
3. Legitimidade
4. Patrocínio Judiciário Obrigatório
5. Interesse em Agir
São os requisitos de ordem técnica necessários ao regular desenvolvimento da instância, permitindo que esta 4
culmine numa sentença que resolva, efetivamente, o litígio colocado à apreciação do tribunal.
Direito Processual Civil 15 |Diana C.Jorge|
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> Pressupostos relativos ao Tribunal
1. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Antes de verificarmos qual é o tribunal português (internamente) competente para julgar uma
causa, é necessário determinar se os próprios tribunais portugueses têm competência internacional
em face dos estrangeiros.
Portanto, o primeiro passo consiste em fixar a competência internacional dos tribunais
portugueses. Se tal competência se confirmar, o passo seguinte é apurar o tribunal internamente
competente.
Como se resolve um caso prático que comece com um problema de competência
internacional:
1º ponto: Verificar se o conflito é pluri-localizado
> só interessa determinar a competência internacional se os factos apresentados tiverem
conexão com mais de um ordenamento jurídico. Quando não se trata de um conflito que não é pruri-localizado, não é necessário proceder à
verificação da competência internacional. Passa-se portanto, para a análise de competência
interna.
Existem 2 cenários: — onde todos os países são amigos: aí, sempre que houver
problemas de conexão com os vários países, o autor que propuser uma ação,
propõe-a no seu domicilio e, a mesma é aí “resolvida”. Nesta situação, nunca
iam haver conflitos positivos de jurisdição (quando mais que um tribunal se
considera competente) nem, nunca iriam existir conflitos negativo de
jurisdição (quando nenhum tribunal se considera competente sobre o
assunto).
— onde todos os países são individualistas: aqui, teríamos cada país a dizer
“os meus tribunais são competentes para isto” e, faziam uma lista dessas
mesmas competências. Neste caso, vamos ter muitos conflitos positivos de
jurisdição. Esta situação foi a que aconteceu em muitos casos, durante muitos anos.
Portugal foi um desses casos - art.62º e 63º CPC (estes artigos são regras
unilaterais, fixadas pelo legislador português que dizem quando é que os
tribunais portugueses são ou não competentes). Todos os países têm as suas
próprias normas parecidas.
Direito Processual Civil 16 |Diana C.Jorge|
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PROBLEMA: Hoje em dia, deparamo-nos com uma situação mista: > temos tratados com alguns países e com outros não; > existe também o facto de sermos parte da UE. Assim, temos ao mesmo tempo regras unilaterais, tratados e regulamentos:
— para o mesmo problema jurídico, temos uma panóplia de leis potencialmente
aplicáveis. E, em cada ordenamento jurídico, temos de encontrar qual o instrumento
normativo que se aplica ao caso prático em analise. Mais acresce ainda, o facto de alguns destes instrumentos normativos se
contrariarem. Exemplo: - art. 71º, nº1 - “as ações devem ser propostas no domicilio do réu”; - art. 7º, nº1, a) do regulamento 1215/2012 - “as ações são propostas no local onde
a obrigação deva ser cumprida”. Como é que se sabe o que aplicar?
2º ponto: De entre os vários instrumentos normativos que regulam a competência internacional
dos tribunais portugueses, ver qual é o que é aplicável ao caso concreto
> ver os âmbitos de aplicação - CPC e regulamento 1215/2012 (para exames e orais de passagem só é necessário saber
estes)
2.1. Verificar primeiro se o regulamento da UE se aplica ao caso em virtude do
primado do direito da UE (art.8º CRP) (Este regulamento prevalece sobre o CPC. Só se não se aplicar este é que se passa
para a análise do CPC) - regras do âmbito de aplicação.)
Âmbito aplicação regulamento 1215/2012:
1. MATERIAL
> art.1º do regulamento: o regulamento aplica-
se a ações de matéria civil ou comercial. No caso: “isto é civil ou comercial” mas não
pode entrar no âmbito do nº2 (ver sempre o nº1 e o nº2).
2. TEMPORAL
> art. 66º do regulamento: só se aplica a ações
intentadas a partir de 10 de Janeiro de 2015. Ex.: só interessa a data da propositura da ação
e não, da ocorrência dos factos.
Direito Processual Civil 17 |Diana C.Jorge|
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Exceções do art. 6º do regulamento 1215/2012:
> Art.18º, nº1: situação específica de consumo - é independente do domicílio do réu (Não é um caso de dois privados em pé de igualdade. É um caso de um grande comerciante
com um consumidor comum.).
> Art. 21º, nº2: situação específica de contrato de trabalho - independentemente do
domicilio do réu.
>Art. 24º: aplica-se independentemente do domicílio do réu (se for alguma destas situações,
o regulamento aplica-se) - em matéria de direitos reais é onde o local está situado. Ex.: O réu não tem domicílio em nenhum Estado-membro. Se o seu imóvel, alvo de ação for
sito em Espanha, o regulamento aplica-se. MAS se o mesmo imóvel for sito em Marrocos, o
regulamento já não se aplica.
> Art. 25º: Pactos de jurisdição (são acordos em que as partes determinam qual o sítio em
que irá ter lugar o litígio em caso de necessidade). Ex.: Há um pacto de jurisdição válido (verificar requisitos) que dita que o litígio tem de ter
lugar num determinado país que é Estado-membro. Mesmo que o réu não tenha domicílio na
UE, o litígio vai ter lugar no Estado-membro acordado e, é o regulamento que é aplicado.
(Ordem a analisar no caso: 18, 21, 25, 24)
Âmbito aplicação CPC — Regra: os tribunais portugueses aplicam os artigos 62º e 63º sempre que a ação é proposta
em Portugal. — Não se utiliza o CPC e o regulamento ao mesmo tempo.
3. ESPACIAL / SUBJETIVO
> art. 6º do regulamento: a que ações é que
este regulamento se aplica? Artigo escrito pela negativa ou seja, diz-nos as
ações a que este regulamento não se aplica. Lei
ao contrario. Artigo diz:
— Se o réu não tem domicílio num Estado-
membro, aplica-se o código do país em questão
(em que ocorreu o facto). — Se o réu tem domicílio num Estado-membro,
aplica-se este regulamento com exceção dos
casos dos art. 18º, nº 1; 21º, nº2; 24º e 25º.
Direito Processual Civil 18 |Diana C.Jorge|
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3º ponto: Concluir se é o regulamento ou o CPC que se aplica.
4º ponto: Concluindo nós que o regulamento se aplica, verificar qual o tribunal competente.
Concluindo:
NOTA: AS EXCEÇÕES DO ART. 6º DO REGULAMENTO SÃO UTILIZADAS NA DETERMINAÇÃO DO REGULAMENTO
SER APLICÁVEL (OU NÃO) E, NA DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS. Ou seja, do regulamento retiramos duas coisas: 1. A sua aplicabilidade (ou não); 2. A competência internacional que este atribui.
REQUISITOS DOS PACTOS DE JURISDIÇÃO: — O Art. 25º do regulamento começa com a seguinte expressão “independentemente do
domicílio das partes” pelo que, considera-se que o domicílio destas é irrelevante. — O Pacto tem de escolher um tribunal de um Estado-Membro. — Tem de existir, efetivamente, um pacto jurisdição. — As partes não podem dizer simplesmente “escolhemos os tribunais portugueses para
resolver todos os problemas ao longo de toda a vida”. O que se faz é “todos os litígios que venham
a decorrer de X contrato, vai ser em Y tribunal - tem de existir uma delimitação da relação
jurídica. — ser escrito ou confirmado por escrito ; 5
— nº3 não interessa. — nº4 não pode afastar as regras dos artigos. — pacto não pode ser substantivamente nulo na lei do estado que as partes escolheram
(causas de nulidade do código civil) ——— presumir nos exercícios que este pressuposto está
preenchido. — nº5 ressalva: princípio da autonomia dos factos em relação ao contrato base - a
1. Trata-se de um conflito plurilocalizado.
2. Tendo em conta a quantidades existente de elementos normativos, procede-se à análise de
qual utilizar. Pelo art, 8º da CRP, tendo subjacente o princípio da primazia do direito europeu,
começamos por verificar se o Regulamento se aplica ou não.
3. O REGULAMENTO APLICA-SE / O REGULAMENTO NÃO SE APLICA
4. Averiguar qual o tribunal competente.
Considera-se reduzido a escrito o acordo constante de documento assinado pelas partes, ou o emergente de 5
troca de outros meios de comunicação.
Direito Processual Civil 19 |Diana C.Jorge|
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invalidade do contrato não afeta imediatamente a validade do pacto de jurisdição - esta tem de ser
avaliada a parte.
| Se preencher os requisitos todos, pacto válido.
ATRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA INTERNACIONAL AOS TRIBUNAIS
NOTAS quanto aos artigos:
Art. 7º: - nº1 — matéria contratual; - nº2º — matéria extracontratual; - nº3 — PIC (pedido de indemnização civil) - infrações penais e danos (ex. ofensas
integridade física); - nº4 — objeto cultural; - nº5 — exploração de sucursal;
HIERARQUIA REGULAMENTO 1215/2012 CPC HIERARQUIA
Artigos usados para verificar a aplicação do regulamento:
1º, nº1 e nº2; 66º, 6º
Artigos usados para dar competência aos tribunais:
(4, 5, 7, 8, 9, …, 25)
Artigos usados para dar competência aos tribunais: 62º
e 63º CPC
24º Art. 24º > não é preciso ver mais artigos para além deste
Art. 63º (= 24º) > utiliza-se em matérias que excedam o art.
24º Reg.63º
15º, 19º, 23º
Art. 25º > atribui a competência exclusiva salvo
exceção do seu nº4 > Exclusão: 15º, 19º, 23º 24º
Art. 62º, a) > Critério coincidência ou dupla
territorialidade 94º
25ºArt. 10º a 23º > Trata
competências específicas: Seguros / Consumo / Trabalho
Art. 62º, b) > Critério Causalidade
62º, a) 62º, b) 62º, c)
10º a 23º Art. 4º > Regra GeralArt. 62º, c) > Critério
Necessidade (NUNCA SE APLICA)
4º + 7º, 8º, 9º
Art. 7º, 8º, 9º > Regras Especiais
5º
Art. 5º > Diz-nos que a regra geral é cumulativa com as
regras especiais pelo que, é o autor que escolhe o tribunal. As
regras não se sobrepõem.
Direito Processual Civil 20 |Diana C.Jorge|
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- nº6 — fundador; - nº7.
Art. 8º: vários réus / vários pedidos.
Art. 9º: Navios.
Art. 24º, nº1: Direitos reais e arrendamentos — Atente-se que a nulidade de contratos que
se considerem sobre matéria real ainda é matéria contratual (uma vez que, em questão,
está a análise da validade do contrato).
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL NO CPC
> Há 5 normas, no CPC, que nos dão a Competência Internacional:
• art. 63º CPC = art. 24º do Regulamento > não serve para reconhecer competência internacional. Tornou-se irrelevante. Só naquilo em que o art. 63º seja mais amplo que o 24º, é que o mesmo se aplica.
• art. 94º CPC: PACTO DE JURISDIÇÃO
• art. 62º CPC > a), b), c) - são alternativos. Basta que um se aplique para que se atribua competência internacional aos
tribunais portugueses.
a) - Critério de coincidência ou dupla territorialidade Lógica: “eu, legislador, não vou perder tempo a fazer normas a mais por isso, a partir de uma
norma, vou remeter para as restantes. Ex.: art.72º - regra sobre território. Por remissão do art. 62º, a), remete-se para a norma do art.
72º para a competência territorial. Art. 62º, a) tem um duplo efeito de concorrência internacional (remete para os arts.70º a 84º com
exceção do art. 80º, nº3 CPC)
b) - Critério da Causalidade Só identificar a causa do pedido. Ex.: causa de pedir - celebração do contrato 2 hipóteses: — se contrato é celebrado em Portugal - Tribunais Portugueses são competentes; — se contrato não é celebrado em Portugal - Tribunais Portugueses não são competentes
Direito Processual Civil 21 |Diana C.Jorge|
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NOTA: > Para se concluir que os tribunais portugueses não são competentes há que analisar alinha a
alinha. > Para se concluir que os tribunais portugueses são competentes basta analisar uma alinha, se ela
se verificar não temos de verificar as outras. > Se houver uma regra especifica para o nosso caso prático (70 a 79) - ja não se vai ao 80º (regra
geral Pessoas Singulares) nem 81º (regra gral Pessoas Coletivas) - aplicam-se só quando não há
matéria específica.
c) - Critério da Necessidade Nunca se aplica. Serve para situações objetivamente ou subjetivamente impossíveis. Requisitos: direito de alguém conseguir chegar aos tribunais (acesso à justiça) e, uma conexão
real e importante com o Estado português. Ex.: os únicos tribunais competentes são os de um pais que está em guerra civil / desastre natural
e, os tribunais portugueses não se importam de “ficar” com essa competência. A não ser que seja
evidente no caso prático, não se aplica.
Direito Processual Civil 22 |Diana C.Jorge|
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2. COMPETÊNCIA INTERNA
Como se resolve um caso prático que comece com um problema de competência interna:
Depois de se concluir que os tribunais portugueses são competentes, cabe determinar qual a
competência interna.
1. EM FUNÇÃO DA JURISDIÇÃO (matéria) > dos tribunais administrativos e fiscais > dos tribunais judiciais - Art. 4º a contrario do estatuto tribunais administrativos e fiscais (ETAF) - Art. 40º LOSJ
2. EM FUNÇÃO DA HIERARQUIA > todas as ações começam pela 1ª instância. > o valor da alçada serve para saber até que patamar se pode subir em recurso. > é da competência da 1º instancia porque não é da competência nem da relação, nem do
supremo - Art. 67º a 69º CPC.
3. EM FUNÇÃO DO TERRITÓRIO > olha-se para o tema da ação e, se for uma das que entra nas especiais - 70º a 79º CPC. > se não for, 80º a 81º CPC.
• Situação em que os tribunais portugueses são competentes MAS ARTIGOS NÃO APONTAM PARA
PORTUGAL (o local que indicam para o julgamento da ação não é em território nacional):
Art. 80º, nº3 CPC - se mais nada tiver ligação a Portugal, usa-se este critério
e, se nada mais se verificar, a ação tem lugar em Lisboa. Ressalva: > art. 62º, a) remete para 70º a 84º com exceção do 80º, nº3. Finalidade: dar uma solução para determinar qual o tribunal nacional quando
já temos uma norma a dizermos que os tribunais portugueses são
competentes.
• QUESTÃO DOUTRINÁRIA DA DUPLA FUNCIONALIDADE:
Alguns autores defendem que podemos retirar do regulamento a competência
interna - MTS: — Em todas as regras que apontam para o estado, ficamos a saber para qual
estado irá a ação.
Direito Processual Civil 23 |Diana C.Jorge|
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No entanto, veja-se o art. 7º que menciona “os tribunais do lugar” - diz-nos
o que Professor que, esta norma está a determinar não só a competência
internacional como também, a competência territorial.
Nestes casos, quando o regulamento se aplica, usa-se os mesmos artigos para
determinar a competência internacional e a competência territorial.
4. EM FUNÇÃO DA MATÉRIA
Chegados a este ponto, já sabemos que estamos num tribunal judicial de 1ª
instância de um determinado território. Não sabemos ainda, concretamente, qual dos tribunais é
competente. - Portugal está dividido em comarcas. - Em cada comarca, há um tribunal de comarca.
> Em 2003 criaram-se os Tribunais de Competência Territorial alargada (art. 83º
LOSJ) - servem para matéria muito específica: - Tribunal da propriedade intelectual – artigo 111º da LOSJ; - Tribunal da concorrência, regulação e supervisão – artigo 112º da LOSJ;
- Tribunal marítimo – artigo 113º da LOSJ; - Tribunal de execução das penas – artigo 114º da LOSJ; - Tribunal central de instrução criminal – artigo 116º da LOSJ.
A sua jurisdição abrange mais que uma comarca.
> Vai para os Tribunais de Comarca tudo o que não for para os tribunais de
competência alargada (lógica residual).
TRIBUNAIS DE COMARCA:
TRIBUNAL DE 1ª INSTÂNCIA
TRIBUNAIS DE COMARCATRIBUNAIS DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL
ALARGADA
A primeira coisa que fazemos, é ver se há algum tribunal de competência territorial alargada
competente. Em princípio, não sairá um destes tribunais, pelo que, a primeira coisa que teremos
de dizer na resolução do caso prático será: em razão da matéria, esta ação não é da competência
dos tribunais de competência territorial alargada.
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• Juízo de Proximidade — pode haver 2/3 — para efeitos de competência não importa. Ações não são propostas lá. Serve de sala de audiências ou “sala de fotocópias” - meramente burocrático/administrativo. (Não releva para efeitos do caso prático)
• Juízos de Competência Especializada - art. 81º, n3 LOSJ Dentro dos juízos de competência especializada, começamos por afastar todos aqueles que não
são os centrais cíveis e os locais cíveis ou seja, dizemos que não é da competência dos tribunais
de família e menores, de trabalho e de comércio e dos outros (penal e execução). ATENÇÃO: já saiu em exames tribunal de família e menores e tribunal de comércio, por
isso, temos de ter atenção às ações que cabem dentro de cada tribunal do artigo 81o no3 da
LOSJ. Depois de afastarmos estes 3 vamos para o juízo central cível:
• Juízo Cível Central (art. 117º, nº1 LOSJ: vai para o juízo cível central acções de matéria cível) Requisitos: - só vão ações que são de processo comum; - e valor da causa superior a 50.000€
• Juízo Cível Local - art. 130º LOSJ (Requisitos: - processo especial; - valor da causa inferior a 50.000 (competência residual).
NOTAS:
Juízos de Competência Genérica - toda a estruturação supra mencionada caba por ser, na
realidade, um pouco artificial. Nem todas as comarcas têm todos os tipos de tribunais até
porque, não existe essa necessidade devido ao volume de trabalho e ações propostas nessas
mesmas matérias. Como tal, existem estes juízos de competência genérica que, são
tribunais que têm competência para julgar várias matérias e, não apenas, alguma em
específico.
Questão da Competência em razão da Forma do Processo: - Quando se tem um problema com a forma do processo (importante para
distinguir se devemos seguir para um juízo cível central ou local), recorre-se à analogia para
com o valor da causa — afirmam ser situações semelhantes — a incompetência sobre a forma
de processo é considerada relativa.
Direito Processual Civil 25 |Diana C.Jorge|
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INCOMPETÊNCIA
> O que acontece se, neste esquema todo, se encontrar uma incompetência?
1. Incompetência em relação de quê? (ex.: matéria/hierarquia…) - identificar violação;
2. Incompetência absoluta (art. 96º CPC) ou relativa (art. 102º CPC)? (— Há duas incompetências que podem resultar de normas de violação do
regulamento - incompetência internacional e incompetência territorial nos casos em que o
regulamento tenha dupla funcionalidade);
3. Esta incompetência é, ou não, de conhecimento oficioso? (— No caso prático, é nos dito o que as partes dizem. Pelo que, se a ação não for de
conhecimento oficioso e as partes não a alegaram, o juiz nada pode fazer. — Se a incompetência for de conhecimento oficioso, devemos dizer até quando é
que o juíz pode dizer que é incompetente. Há casos em que o juiz pode conhecer até à
sentença e há outros em que o juiz só pode conhecer até ao despacho saneador.
> Para determinar se é de conhecimento oficioso ou não temos de
recorrer tanto ao CPC como ao regulamento, dependendo de onde for
a norma violada. Se a norma violada for do CPC vamos ao CPC, se for
do regulamento, vamos ao regulamento.)
4. O que é que o juiz pode fazer? - continuar com a ação e conhecer o mérito da causa (verifica-se quando se trata de um
Num caso prático, a ordem a seguir será: 1. Esta ação não é da competência dos tribunais de competência alargada - art. 111º e ss da
LOSJ. 2. Pelo que, a mesma segue para um tribunal de comarca. 3. Existem vários tipos de tribunais de comarca pelo que, verifica-se necessário averiguar qual o
competente. 4. Mostra-se desde já importante dizer que não se trata de um caso nem de família, nem de
comércio, nem de trabalho assim como, de nenhum dos restantes processos especiais pelo que,
não se trata de um juízo de competência especializada. 5. Assim sendo, cabe indagar se a ação se enquadra num juízo cível central ou, num juízo cível
local. 6.Ver requisitos de ambos. 7. Concluir qual o competente com base nos dados apresentados.
Direito Processual Civil 26 |Diana C.Jorge|
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caso de não conhecimento oficioso e partes não a alegarem); - absolver o réu da instância; - remessa para o tribunal competente — só entre tribunais portugueses.
• Para saber se é absolvição do réu da instância ou se há lugar à remessa temos de recorrer
ao CPC, porque o regulamento nada diz sobre isso.
NOTAS: - Se houver mais que uma incompetência com consequências diferentes, o juiz deve sempre
absolver o réu da instância.
- A remessa é só entre tribunais portugueses, nunca para tribunais estrangeiros. > violação de soberania > De que servia processos escritos em pt para tribunais alemães?
Consequência da Incompetência Absoluta: - absolvição do réu da instância; - indeferimento liminar da petição inicial — O QUE É?
> a 1% dos processos que entram no tribunal aplica-se regime
antigo - ex. providências cautelares: assim que autor propõe a
ação no tribunal, a secretaria envia a petição inicial
diretamente para o juiz ainda antes, de citar o réu. — Se o juiz, ao ler a petição inicial, verificar que é
incompetente (e for caso de incompetência oficiosa) dá o
indeferimento liminar da petição inicial (= absolvição do réu da
instância mas, não se pode absolver o réu quando o mesmo
ainda não faz parte do processo - só o começa a ser aquando a
citação e, tudo isto, ocorre antes desta).
NORMAS REGULAMENTO
> O que é que acontece se eu concluir que o regulamento se aplica, que é um caso do
artigo 24º, e os tribunais competentes são os franceses, mas a ação é proposta em Portugal?
- A norma violada é o artigo 24º, é uma incompetência absoluta em razão da
nacionalidade. - É de conhecimento oficioso? — Como a norma violada é do regulamento 1215/2012, recorremos
a este para responder a esta pergunta: o artigo 27º do regulamento 1215/2012 diz-
nos que é de conhecimento oficioso. - O que é que o juiz deve fazer?
Direito Processual Civil 27 |Diana C.Jorge|
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— Deve absolver o réu da instância – artigo 99º, nº1, 1ª parte do
CPC.
E se o artigo violado for o artigo 4º do regulamento 1215/2012? Ex.: O artigo 4º diz tribunais espanhóis e o artigo 7º diz tribunais franceses e a ação foi proposta em
Portugal:
- Incompetência absoluta em razão da nacionalidade – artigo 96º alínea a) do CPC; - É de conhecimento oficioso? O artigo 28º exige algumas condições para que a
incompetência seja de conhecimento oficioso: O lugar onde a ação foi proposta não pode ser o do domicílio do réu – neste caso
verifica-se; O réu não comparecer – não comparecer significa, à luz do processo civil
português, que o réu não pratica o primeiro ato processual que lhe é permitido, a
contestação.
Conclusão: — Se o réu não contestar, o juiz deve declarar-se oficiosamente incompetente. — E se o réu tiver comparecido, ou seja, tiver contestado?
Se estamos a perguntar se é de conhecimento oficioso ou não, é porque o réu
não invocou, porque se o réu tiver invocado o juiz é obrigado a conhecer,
porque ele é obrigado a conhecer tudo o que o réu invoca – por isso, esta
pergunta só interessa se o réu não tiver invocado; se o caso prático diz que o
réu invocou a incompetência, não interessa saber se é de conhecimento
oficioso, porque se o réu já invocou a incompetência o juiz tem de decidir se
é incompetente ou não (o juiz já sabe que é incompetente).
Se o réu não invocou e não compareceu, vamos ao artigo 28º do regulamento
– é de conhecimento oficioso; Se o réu não invocou, mas compareceu, vamos ao artigo 26º do regulamento –
o tribunal torna-se competente, a isto chama-se celebração tácita de um
pacto de jurisdição
PACTO TÁCITO – nome que se dá à situação em que o regulamento se aplica, a ação é proposta num
tribunal incompetente, mas essa incompetência não decorre da violação do artigo 24º do
regulamento 1215/2012. O réu contesta, mas não diz que o tribunal é incompetente. Porque é que chamamos a isto um pacto tácito? Porque entendemos que se o autor escolheu um tribunal diferente daquele
que resultava do regulamento, e o réu apareceu e não disse que o tribunal era incompetente, é
porque o réu tacitamente está a aceitar, nestes casos o juiz deve considerar-se competente.
Direito Processual Civil 28 |Diana C.Jorge|
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Até ao réu se apresentar o tribunal era incompetente, depois do réu se apresentar, o tribunal torna-
se competente, em virtude da falta de alegação da competência.
Pode haver pacto tácito sem ter havido pacto de jurisdição antes.
CONCLUSÃO QUANTO AO CONHECIMENTO OFICIOSO DA INCOMPETÊNCIA DECORRENTE DA
VIOLAÇÃO DE NORMAS DO REGULAMENTO:
Quando é violado o artigo 24º do reg: - Art 27º do regulamento 1215/2012 - quando o artigo 24º for violado – é sempre de
conhecimento oficioso, quer compareça ou não compareça;
Quando qualquer outro artigo do regulamento for violado, para sabermos o que é que o juiz deve
fazer, temos de analisar se é um caso do artigo 26º ou do artigo 28º do regulamento:
ART. 28º ART. 26º
- Réu não invocou a incompetência - Nem, compareceu em tribunal
- Réu não invocou a incompetência - Mas, compareceu em tribunal
SITUAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA (de conhecimento oficioso)
SITUAÇÃO DE PACTO TÁCITO - nome que se dá à situação em que:
> o regulamento se aplica, > a ação é proposta num tribunal incompetente
mas, essa incompetência não decorre da violação do art. 24º,
> o réu contesta mas não diz que o tribunal é incompetente.
Entende-se então que, se o autor escolheu tribunal diferente daquele que resultava do
regulamento e, o réu apareceu e não contestou a incompetência, acha-se que de forma tácita, o
mesmo concorda com a escolha do tribunal - então o juiz deve considerar-se competente.
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> Resumo sobre a Incompetência
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA (art. 96º) - deriva da infração de regras de: — competência internacional; — competência material; — competência hierárquica; — preterição de tribunal arbitral.
• Ambas as partes podem arguir a incompetência absoluta do tribunal e, pode o próprio tribunal
dela conhecer oficiosamente, tudo isto em qualquer estado da causa e, enquanto não houver
sentença transitada em julgado proferida sobre o fundo da causa - art. 97º, nº1.
Deste conhecimento oficioso estão excluídas: — a incompetência internacional decorrente da violação de pacto privativo de jurisdição; — a preterição de tribunal voluntário.
(Isto porque, a incompetência destes, tem origem na violação de convenção assente na
disponibilidade das partes. Ao propor a ação em desrespeito pela convenção o autor demostra que não quer observá-la. Cabe ao réu fazer valer tal convenção: - se arguir incompetência o juiz irá apreciá-la e decidir em conformidade; - se não arguir é porque ele próprio pretende deixar cair a convenção.)
• Contudo, este regime apresenta-se diferente se apenas respeitar às regras da competência
material, no âmbito dos tribunais judiciais, caso em que só pode ser arguida e suscitada
oficiosamente até ser proferido despacho saneador ou, não havendo lugar a este, até ao início da
audiência final - art. 97º, nº2.
Concretizando: > Se uma ação foi proposta num tribunal judicial e, a competência era de um
tribunal administrativo - há incompetência absoluta em razão da matéria - regime do art. 97º, nº1.
> Se uma ação foi proposta na secção cível da instância central e, a competência é
da secção de comércio - há também uma incompetência absoluta em relação da matéria - mas,
como são os dois tribunais (secções) em apreço ambos judiciais - regime do art. 97º, nº2.
| A incompetência absoluta é insanável. Por isso, uma vez detectada e declarada, tem como efeito a absolvição do réu da instância - art.
99º, nº1 e, 278º, nº1, a).
Direito Processual Civil 30 |Diana C.Jorge|
-
INCOMPETÊNCIA RELATIVA (art. 102º)
• Resulta da violação das regras de competência interna: — em razão do valor; — em razão do território; — desrespeito da competência convencional firmada ao abrigo do disposto no art. 95º.
• Há que distinguir duas características de incompetência relativa:
• Quanto à arguição da incompetência relativa, resulta do art. 103º, nº1 que cabe ao réu e deve ter
lugar na contestação. - Sendo o autor admitido a responder a tal arguição no articulado subsequente da acção
(103º, nº2).
• A Incompetência Relativa tem de se mostrar decidida até ao despacho saneador, podendo nele ser
incluída tal decisão quando o tribunal se declara competente - art. 104º, nº3.
Incompetência relativa Oficiosa
Deriva da violação das regras de competência: > em razão do valor - art. 104º, nº2; > em razão do território de que as partes não podem dispor - art. 104º, nº1 + 95º, nº1 in fine.
Incompetência relativa Inoficiosa
Respeita à infração: > das regras de competência interna territorial de que as partes podem dispor e; > ao desrespeito pela competência territorial que tenha sido fixada por convenção das partes ao abrigo do art. 95º.
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> Pressupostos relativos às Partes
1. PERSONALIDADE JUDICIÁRIA
• A personalidade judiciária, nos termos do art. 11º, nº1 CPC, consiste na susceptibilidade de ser
parte, estabelecendo o nº2 do mesmo preceito a seguinte equiparação: quem tiver personalidade
jurídica tem igualmente personalidade judiciária.
> Ser parte: significa ser demandante ou demandado em juízo (autor ou réu);
> Personalidade Jurídica: é a susceptibilidade de se ser titular de direitos e estar adstrito a
deveres e obrigações a quando o seu nascimento completo e com vida - art. 66º, nº1 CC. — Qualquer pessoa, maior ou menor, capaz ou incapaz, pode ser parte numa causa.
• As pessoas coletivas, dotadas de personalidade jurídica, têm igualmente personalidade judiciária. É o que se verifica relativamente às: - Associações constituídas por escritura pública; - Fundações reconhecidas pela autoridade administrativa competente; - Sociedades comerciais devidamente registadas; - Sociedades civis sob forma comercial.
| Este é o pressuposto dos pressupostos processuais relativo às partes, na medida em que,
faltando ela, não há sequer parte no processo.
NÃO OBSTANTE, acontece que a lei atribui personalidade judiciária a certas
“entidades” que não têm (ou ainda não têm) personalidade jurídica. — Casos de “extensão de personalidade judiciária” - art. 12º e 13º.
Art. 12º CPC Acontece com: a) herança jacente e património autónomo (PA) - PA é um conceito indeterminado; a alínea
a) baseia-se no critério da indeterminação dos titulares - pode propor-se diretamente contra o
património autónomo quando não seja possível colocar ação diretamente contra titular. Cabe: fundos de investimento imobiliário - geridos por bancos ou instituições financeiras. STJ: estes fundos cabem neste artigo através de interpretação extensiva - embora determináveis
não estão determinados.; b) associações sem personalidade jurídica e as comissões especiais; c) sociedades civis; d) sociedades comerciais no período de tempo entre a celebração do contrato constitutivo
e o momento do registo definitivo - ainda não têm personalidade jurídica mas, já têm
personalidade judiciária;
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e) condomínio resultante da propriedade horizontal; f) navios.
Art. 13º CPC Prevê ainda a atribuição de personalidade judiciária às sucursais, agências, filiais, delegações ou
representações (de determinada pessoa coletiva, em dois casos:
> nº 1: se o facto essencial da ação foi praticado pela sucursal (personalidade judiciária); - Quando agência celebra contrato, se não tem personalidade jurídica,
quem tem é a sociedade. Autor pode propor contra a sucursal ou contra a sociedade. MTS: podem estar as duas em litisconsórcio voluntário. Pode sempre pôr-se ação contra a sociedade.
OU SEJA: Autor = Sociedade + Sucursal Réu = Sociedade + Sucursal
> n º 2: o facto não foi praticado pela sucursal mas a ação é proposta contra esta. Facto foi praticado pela sociedade mãe que, tem sede no estrangeiro.
- 2 requisitos para aplicação: — ação tem de ter por objeto uma obrigação (dívidas); — exigência que a contra-parte seja alguém com alguma conexão com
Portugal - português OU parte domiciliada em Portugal.
NOTA: País estrangeiro em que a sociedade-mãe tem sede é Estado-Membro? - NÃO: - regulamento não se aplica; - se requisitos preenchidos: art. 12º, nº3 CPC; - SIM: > MTS: temos um conflito pruri-localizado.
— Quando estamos a falar de competência internacional, se o
regulamento se aplicar em todos os seus critérios, a regra geral
é que o tribunal competente será o do domicílio da sociedade
pelo que, os tribunais portugueses não serão competentes.
— Ao propor a ação contra a sucursal, e não contra a
sociedade, eu consigo tornar os tribunais portugueses
competentes (facilitar a proximidade territorial) - ideia de
modelar a competência. NO ENTANTO, se o regulamento se
aplicar, não podemos dar personalidade judiciária as sucursais
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modelando a competência internacional - não se pode modelar
a competência.
• Se estivermos numa situação de competência internacional e concluirmos que o regulamento se
aplica, o art.13º, nº2 não se pode aplicar - estaríamos a modelar as regras de competência do
regulamento. A NÃO SER QUE o próprio regulamento dê relevância às sucursais — alinhamento
entre o CPC e regulamento - uma só situação: art. 7º, nº5 do Regulamento.
• Ato praticado pela sociedade em que a sucursal é que é alvo de ação: > exploração de sucursal TJUE integram se 2 coisas: 6
1. atividade da própria sucursal; 2. tudo o que é preciso fazer para que a sucursal consiga desenvolver a sua
atividade.
— MAS, tudo isto, só quando temos a sociedade ou sucursal como ré - MTS.
| A falta de personalidade judiciária deriva da inexistência da pessoa jurídica pelo que, o vício é
insanável.
PORÉM, art. 14º CPC prevê um caso excecional:
— Estabelece que a falta de personalidade judiciária das sucursais,
agências, filiais, delegações ou representações fica sanada pela
intervenção da administração principal e a ratificação ou repetição do
processado.
Caso: Há falta de personalidade judiciária
Lado Ativo - Se Sucursal for autora da causa: > Juiz deve ordenar a citação da respetiva administração principal. Esta pode:
— intervir e ratificar o processado (confirmar os atos praticados pela sucursal) - fica
regularizada a instância; — intervir e não ratificar, mas repetindo antes o processado (isto é, praticando os
atos de forma diversa = apresentar nova petição inicial) - fica regularizada a
instância; — não intervir - persiste o vício - absolvição do réu da instância.
Lado Passivo - Se Sucursal for ré da ação: > Basta proceder à citação da administração principal:
Exploração de sucursal - tudo o que seja necessário para a sucursal trabalhar, dentro do desenvolvimento da 6atividade da sucursal e, MTS: só para quando o problema relacionado com a sucursal é para o lado passivo. ou seja, sociedade ou sucursal como ré.
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- do lado do réu, para a situação ficar sanada basta o chamamento desta na
medida que, caso a mesma não intervenha, o processo continua a decorrer
como se o réu nunca tivesse contestado - administração principal incorre em
revelia - arts. 567º e 568º CPC.
2. CAPACIDADE JUDICIÁRIA
> Art. 15º, nº2 CPC: a capacidade judiciária decorre da capacidade jurídica prevista no
art. 67º CC. OU SEJA: quem tem capacidade de exercício de um direito também tem capacidade judiciária.
| Portanto, ou a parte pode, por si, estar em juízo (o que significa ter
capacidade judiciária), ou não pode - aqui, a sua intervenção judicial deverá
fazer-se através de representante legal, nos termos do art. 16º, assim ficando
suprida a sua incapacidade.
Os casos de incapacidade previstos na lei são: — menoridade - art. 122º CC; 7
— maior acompanhado.
| A falta de capacidade judiciária é sanável, através da representação - art. 16º.
— 16º CPC - suprir > havendo incapacidade, vamos a este artigo ver como é que se tem de
propor a ação. O autor terá de estar representado; se for réu tem de identificar o
representante. — 27º CPC - sanar > quando o autor faz alguma coisa mal - a ação foi mal proposta -
encontra-se uma exceção dilatória de incapacidade.
ESQUEMATICAMENTE:
Quem tem capacidade de exercício - art. 67º CC - tem capacidade judiciária - art. 15º, nº2 CPC.
Incapacitados previstos na lei:
• Menores;
• Maiores Acompanhados.
Da conjugação do art. 123º CC com o art. 15º, nº2 CPC resulta que o menor não tem capacidade judiciária. 7O menor deve estar judicialmente representado pelos seus progenitores ou, subsidiariamente, por um tutor. Atente-se, contudo, ao disposto no art. 127º CC, que a título excepcional reconhece validade a certos atos e negócios jurídicos praticados pelo menor. > Tendo capacidade jurídica para a prática destes atos e negócios, pode então o menor litigar por si próprio em ações que os tenham por objeto.
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Assim: > Para suprir incapacidade: Art. 16º CPC - havendo incapacidade, devemos ir ver como é
que se propõe a ação.
Se o incapacitado for:
AUTOR — tem de estar representado ou autorizado para submeter a petição inicial; RÉU — o autor, na petição inicial, tem de indicar o representante.
> Se algo foi mal feito no processo: Art. 27º a 29º CPC - Sanação do Vício
Art. 27º CPC: é dada a possibilidade, após a correta citação do representante, que
este possa ratificar ou repetir os atos processuais praticados pelo incapaz. Repetição: prazo de 30 dias desde que é citado.
Art. 28º CPC: papel do juíz oficiosamente.
Art. 29º CPC: as pessoas coletivas precisam que alguém pratique os atos por elas -
representação orgânica: caso de incapacidade quando não é o legítimo
representante a propor a ação, nos termos dos estatutos da própria sociedade. Quem precisa de autorização é o representante da parte (= representantes da
sociedade têm que ter autorização da própria sociedade).
Este artigo serve para sanar a falta da autorização em questão.
NOTA:
• Quanto aos menores - alguns pais precisam de autorização do Ministério Público
para proporem determinadas ações - art. 1889º CC.
• Quando ao maior acompanhado, já não entra no âmbito deste artigo - não tem
regime previsto na lei. No entanto, aplicamos o mesmo regime para o prazo de pedir autorização mas,
não podemos aplicar o art. 29º CPC diretamente uma vez que, não está previsto
para estas situações. Contudo, como serve para sanar a falta de autorização
aplica-se, analogicamente, ao maior acompanhado.
• Quanto às pessoas coletivas stricto sensu - a sua representação ocorre nos termos
do art. 163º, nº1 CC.
• Quanto às sociedades civis - a representação das mesmas segue os paramentos do
art. 996º, nº1 CC.
• Quanto às sociedades em nome coletivo e às sociedades por quotas - são
representadas pelos gerentes - art. 192º, nº1 e 252º, nº1 CSC.
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Situações em que a autorização pode ser necessária:
> A parte precisa de autorização de terceiro (ex.: o menor é a parte mas precisa de
autorização de terceiro que, é o representante e, em princípio serão os pais); > O representante precisa de autorização (ex.: caso das empresas em que o gestor da
empresa é o representante da mesma mas, continua a precisar da autorização da empresa
em si).
Regimes em Especial
> MENORES
• Art. 122º CC.
• Em princípio carecem de capacidade de exercício de direitos: art. 123º CC.
• Pelo que, carecem de capacidade judiciária - art. 16º, nº2 CPC.
• A incapacidade é suprida pelo exercício das responsabilidades parentais / tutela / administração
de bens.
Representação do Menor > Compete aos 2 progenitores se, ambos tiverem poder de exercício de responsabilidades
parentais - art. 16º, nº2 e nº3 CPC.
REGIME DAS INCAPACIDADES
> Autorização para prática de atos > Representação > Administração
Art. 16º CPC Art. 19º CPC
- Administração - Representação - Autorização para a prática de atos
Representante Citado Incapaz Citado
(Mas é necessário uma autorização para propor a ação)
Art. 20º CPC: Incapacidade de Facto
Art. 21º CPC: Subsuprimento do Réu Incapaz
Requisitos: 1. O réu ser incapaz; 2. O réu estar sujeito a representação ou administração; 3. O representante não contestou; 4. Não pode ter advogado (assim que for constituído advogado cessa a sub-rogação)
Art. 23º CPC: Subsuprimento do Autor Incapaz
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+ É necessário que ambos confiram procuração a mandatário judicial ou,
assinem as peças processuais - art. 223º, nº2 CPC.
NOTA:
• Relativamente ao art. 223º, nº2 CPC: Pais: há que chamar os dois; Pessoa Coletiva: se forem dois gerentes em representação, basta um ser citado.
> SE FALTA 1 PROGENITOR C/ PODER DE EXERCÍCIO DAS RESPONSABILIDADES PARENTAIS:
É fixado um prazo para o mesmo se pronunciar:
• Os atos processuais que os pais não ratificam não produzem efeitos.
Lado Ativo Lado Passivo
Falta representação Irregularidade representação
Sanação: art. 28º CPC - notificar os pais e, têm ambos que ir ratificar a Petição Inicial
Sanação: Citar o pai que falta e, este tem um prazo fixado para se pronunciar
Se nada diz, entende-se que ratificou tacitamente o que o outro progenitor
apresentou - art. 27º, nº3 CPC.
Se não concorda com o apresentado pelo outro progenitor: art. 18º, nº2 CPC
Art. 15º, nº2 CPC: os menores são capazes de
algumas coisas.
Há que ir ver ao CC se podem fazer o que o
caso concreto apresenta sozinhos ou não.
Art. 127º, nº1, a) Aplica-se a maiores de 16 anos
Art. 127º, nº1 c) Aplica-se aos negócios jurídicos da profissão
Art. 127º, nº1, b)
MTS: Nunca se aplica esta alinha! O princípio da instrumentalizada do art. 15º,
nº2 CPC que deveria ser absoluto, não se aplica
ao art. 127º, nº1, b) CC.
Ex.: Se a compra de um bem de baixo valor por
um menor de 10 anos, por qualquer
extraordinária circunstância, der origem a uma
ação em juízo, está-se necessariamente fora do
campo em atenção ao qual a capacidade foi
concedida, o campo dos atos “próprios da vida
corrente do menor ao alcance da sua
capacidade natural” pelo que, assim sendo,
deve o mesmo ser representado em juízo.
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NOTA:
• Se o menor, não tendo chegado a ser representado no processo, atingir a maioridade no
decurso do mesmo? MTS: a prática de qualquer ato no processo, depois de atingida a maioridade, sem reserva,
importa a ratificação tácita de tudo quanto foi irregularmente praticado.
> MAIORES ACOMPANHADOS (Interditos)
• Carecem sempre de capacidade de exercício - art. 138º, nº1 CC.
• A interdição é judicialmente decretada e é sempre total.
• A interdição é suprida pela representação nos termos do art. 16º, nº1 CPC.
> MAIORES ACOMPANHADOS (Inabilitados)
• Art. 153º + 154º CC.
• Regime: Autorização para certos atos
Do art. 19º CPC remete-se para o art. 223º, nº3 CPC: incapaz sujeito a autorização é o próprio que
é citado.
Caso a ação tenha sido mal proposta, teremos um caso de irregularidade de representação - 3
vícios:
LADO ATIVO LADO PASSIVO
Perante ações de disposição, o inabilitado carece de autorização - art. 153º, nº1 CC.
Perante ações de disposição, o inabilitado tem de ser representado (art. 153º, nº1 CC) embora, ele próprio também tenha de ser citado - art. 19º, nº1 CPC.
Quando caiba ao inabilitado a administração do seu património, ele pode propor livremente ações de administração - art. 154º, nº1 CC.
Quando caiba ao inabilitado a administração do seu património, ele pode por si só, estar em juízo.
1. Incapacidade stricto sensu (não há de todo representante);
2. Irregularidade de representação (existe um representante na ação mas, não é o representante legítimo);
3. Falta de autorização.
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Incapacidade Judiciária enquanto Pressuposto Processual:
|Se a irregularidade não for sanada: Absolvição do réu da instância.
Incapacidade Judiciária enquanto Pressuposto de Atos Processuais: (Falta um pressuposto de atos processuais, não do processo. O ato é inválido, com as respetivas consequências
- assinaladas no quadro.)
NOTA:
• Existem 2 pais, com o poder de exercício das responsabilidades parentais mas, só 1
representa. - Neste caso, aplica-se o art. 27º, nº2 CPC.
3. LEGITIMIDADE
A. LEGITIMIDADE SINGULAR
> Art. 30º, nº1 CPC: “O autor é parte legítima quanto tem interesse direto em
demandar; o réu é parte legítima quando tem interesse direto em contradizer”.
> nº2: define o alcance de “interesse” de que resulta a legitimidade : 8
- autor = utilidade derivada da procedência da ação = é parte legítima da
ação sempre que a procedência da mesma lhe venha a conferir uma vantagem
ou utilidade;
> Autor propõe ação por si só, sendo menor
ou interdito, ou se estiver irregularmente
representado ou ainda, se sendo inabilitado,
não tiver obtido autorização do curador
O próprio autor é incapaz.
> Se o autor instaurar uma ação contra o réu
incapaz, sem indicar o representante ou,
indica-o mal
O réu é, ele próprio, incapaz.
> Autor incapaz interpõe ação através do seu representante mas pratica outros atos sozinho
Os atos praticados sozinhos são inválidos! - Tudo se passa como se o autor não tivesse
replicado;
> Réu incapaz é citado e demandado na pessoa do representante mas, o primeiro pratica outros atos sozinho
- Tudo se passa como se o réu não tivesse contestado OU
- como senão tivesse comparecido à audiência prévia.
A Legitimidade não é uma qualidade pessoal, é uma qualidade posicional da parte face à ação.8
Direito Processual Civil 41 |Diana C.Jorge|
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- réu = prejuízo que dessa procedência advenha = é parte legítima da ação
sempre que se vislumbre que tal procedência lhe venha a causar uma
desvantagem.
MTS: Este artigo (30º, nº2 CPC) diz respeito ao interesse processual e não, há legitimidade.
> nº3: Para efeitos de determinação da legitimidade das partes, oferece-nos um
critério subsidiário: — sem prejuízo de disposição legal em contrário, a legitimidade apura-se
pela relação controvertida , tal como ela é configurada pelo autor - na petição inicial. 9
| A ilegitimidade singular é, pela sua própria natureza, insanável. Como tal, conduzirá à absolvição do réu da instância - art. 278º, nº1, d) CPC.
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL (= Legitimidade Indireta)
• Ocorre quando a parte legitimada não é o titular do objeto do processo ou seja, nas
hipóteses em que alguém faz valer em juízo, em nome próprio, um direito alheio.
• Art. 30º, nº3 CPC:
> a parte legitimada que não é titular desse objeto é o substituto processual;
> o seu titular é a parte substituída.
Concluindo:
— Situação em que alguém que não é sujeito da relação
controvertida passa a ter legitimidade mas, porque está no
processo em lugar do sujeito ideal.
• A substituição processual tem de ser por lei - art. 263º, nº1 CPC.
• Mas, a substituição processual, também pode ser voluntária isto é, também pode ter
por fundamento um ato processual de carácter negocial (Exemplos: art. 34º, nº1 CPC; 1678º, nº2, g) CC; 1437º, nº1 CC.)
— Só se pode verificar quanto à parte ativa;
— Só é eficaz se for autorizada antes da propositura da ação;
— Só é admissível quando a lei preveja.
• NOTA:
Se a substituição for revogada pela parte substituída durante a pendência da causa,
há que proceder à habilitação desta parte: o regime legal resulta da aplicação
analógica do disposto no art. 356º, nº1 CPC.
É a relação jurídica que constitui o objeto do processo.9
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• NOTA: Substituição processual aquando hipótese de falecimento do substituto processual
> Perante a morte deste substituto, deve habilitar-se a ocupar a sua
posição como parte, a parte substituída (e não os herdeiros do de
cujus).
— Aplica-se, analogicamente, os arts. 351º a 354º CPC.
B. PLURALIDADE DE PARTES
• A lei contempla diversas situações de pluralidade de partes.
• Esta pluralidade pode ser ativa (vários autores) / passiva (vários réus) / dupla (vários autores e
réus).
• Pode ainda ser inicial (logo no início da ação) / subsequente (tem lugar já na pendência da ação).
• As figuras de pluralidade de partes são:
Tipologia
REPRESENTATIVA NÃO REPRESENTATIVA
É aquela em que o substituto processual defende, primordialmente, interesses alheios.
É aquela em que o substituto processual age na defesa, ainda que não exclusiva, de interesses
próprios.
Ex.: o administrador de insolvência para ser parte em substituição do insolvente (art. 85º, nº3 CIRE)
Ex.: a legitimidade dos herdeiros do doador para a ação de revogação, por ingratidão da doação (art. 976º, nº3 CC)
PRÓPRIA IMPRÓPRIA
Aquela em que o substituto processual pode estar em juízo sem a presença simultânea do
titular do direito litigioso.
Aquela em que se exige a presença simultânea do substituto processual e da parte substituída.
Ex.: a legitimidade de cada um dos credores para exigir por inteiro a prestação indivisível - art. 538º, nº1 CC.
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