direitos humanos e violência prof. uedson nascimento uma visão humana
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Direitos humanos e violência
Prof. Uedson Nascimento
Uma visão humana
Os problemas ligados à violência
são numerosos, complexos e de
natureza distinta
ViolênciaSociologia: causas e efeitos da violência.Antropologia: ritos e manifestações da
violência em diversas comunidadesPsicologia: a violência como manifestação
inata de instintos primitivosDireito: legitimidade do seu emprego e sua
justificação racional.
A violência está ainda enredada em problemas conceituais referentes à
distinção entre:
Poder X Coação
Vontade consciente X pulsão
Determinismo X Liberdade
A violência é um fenômeno:
Multicausal
Multifacetado
Não transparente
O que é a violência?
Toda ação cometida ou omitida que implique a morte de uma ou mais pessoas ou que lhes inflige, de maneira intencional ou não, sofrimento, lesões físicas, psíquicas ou morais contra a sua vontade ou com o concurso da mesma
Convém, todavia, indagar:
Por que agimos de forma violenta?Por que somos, em princípio, contra a
violência e, em certas ocasiões, a praticamos?
Em que situações a violência pode ser praticada?
Podem existir uma fundamentação racional e uma justificação moral da violência?
“ Por que morrer e matar de raiva, de fome e de sede são
tantas vezes gestos naturais ?”
Caetano Veloso
A violência envolve
Ações
Pessoas
Situações
Violência: conotação pejorativa
Horroriza
Constrange
Envergonha
Inquieta
Aterroriza
Revolta
A violência e a questão da moralidade
A violência pode ser considerada como um ato moralmente negativo, mas nem todo ato moralmente negativo se caracteriza como violento
Violência e poder
O poder da violência nem sempre se traduz em violência do poder
Existem formas de poder que são exercidas de maneira não violenta
O caráter positivo da violência
Levantes revolucionários
Guerras de libertação
Força policial
Violência
Caráter plurifacetado
Complexidade
É comum se pensar a violência apenas em seus
aspectos físicos
Torturas
Agressões
Maus tratos
Homicídios
Lesões corporais
Roubos
Mutilações ferimentos
Sofrimento
Mortes
O problema social da violência
Fragmentação do espaço urbanoDegradação da vida nas grandes
cidadesMiséria econômicaMarginalização socialDesempregoDesegregação da família
Acesso desigual à terraConcentração fundiáriaEstruturas arcaicas de poderViolação dos direitos civis dos
trabalhadores ruraisMilícias armadas por latifundiáriosPrecarização das relações de
trabalho
Os fatores sócio econômicos são quase sempre necessários para explicar certos tipos de violência, mas não são suficientes para elucidar a sua origem.
A desigualdade social é um fator predisponente e, em alguns casos, condicionante da violência, mas tudo depende do contexto, das relações intersubjetivas, dos fatores psicossociais, da estatura moral dos indivíduos, ou seja, o problema envolve dimensões existenciais complexas
Nosso modo de compreender e definir a violência depende:
Valores sociais
Regras culturais
Ordenamentos normativos
Circunstâncias históricas
O surgimento e o recrudescimentoda violência depende do modo como a ela reagimos
A questão é:
Por que somos tão instáveis em nossas formas de compreensão e em nossas atitudes de reprovação da violência?
A violência simbólica
Violência da neutralidadeViolência da calmaViolência da indiferençaViolência do silêncioViolência da covardiaViolência do egoísmo
Deve-se evitar:
A naturalização do fenômeno da violência
A violência não é diretamente proporcional ao acirramento da luta pela sobrevivência
Existem muitos atos violentos destituídos de interesse de sobrevivência
A violência = simples instinto de agressão
Agressividade
Instinto de combate
Todavia, no homem o instinto de combate ultrapassa o interesse de sobrevivência da espécie
Os sistemas de controle (direito, moral, religião) e os ritos de inibição (esportes, artes) da agressividade não conseguem suprimir os impulsos hostis e destrutivos dos homens
Hobbes : Homo homini lupus
Fatores desencadeadores da violência
Perda de referenciais éticosIndividualismo anárquicoSegregação socialCultura do medoExacerbação dos conflitosEnfraquecimento dos laços de sociabilidade
Desapego aos princípios de justiçaCorrupção e apologia da criminalidadeDiscriminação a grupos e minoriasHerança histórica do autoritarismoRelações sociais baseadas no
mandonismoHierarquização e desigualdades sócio-
econômicasAnomia
A adoção de penas draconianas, a ameaça da pena de morte ou a redução do limite etário de imputabilidade também não são suficientes para arrefecer a marcha crescente da violência enquanto fenômeno de sociedade
Cultura da violência
Violência da cultura
Banalização da violência
Coisificação do homemDesumanização dos indivíduosPerseguição/aniquilamentoExclusão/marginalizaçãoEliminação de toda qualidade humana
superior
Violência: o que justifica a sua emergência?
A impotência da razão (crise da racionalidade) ?
A fraqueza da vontade (moral hedonista)?O modelo de civilização?O determinismo biológico?A nossa insensibilidade aos fenômenos
extremos?
Como conter a marchar irrefreável da violência?
Fortalecendo uma educação em direitos humanos?
Por intermédio de campanhas conscientizadoras?
Com o combate ostensivo ao crime organizado?
Instituindo uma cultura da paz baseada na fé em Jesus ?
A questão é:
Como encontrar respostas ou saídas para o insano, a brutalidade, a selvageria?
O espanto e a perplexidade são asúnicas armas que nos restam diante da tragédia, do atroz, do mal radical?
“Todo monumento de cultura é também monumento de barbárie”
Walter Benjamin
A violência e a questão do mal
O que é o mal?
Qual a sua origem ?
Por que o praticamos?
O mal é uma perversão da razão ou é produto da fraqueza da
vontade?
Em face de tantos genocídios, limpeza étnica, massacre de populações civis, tribalismos e intolerância, como acreditar no progresso moral da humanidade?
O mal é uma entidade metafísica, um fato natural ou é produto da decisão humana ?
Intelectualismo moral socrático ninguém pratica o mal deliberadamente (o mal está ligado à ignorância.
Kant mal radical liberdade autonomia da vontade decisão consciente.
O problema da radicalidade é substituído hoje pelo da banalidade do mal (Hannah Arendt)
O mal pode apresentar-se em cidadãos comuns, sujeitos normais, pessoas honestas e responsáveis.
Somos mãos por essência e por natureza, o mal habita em nós.
Arendt denuncia a normalidade de seus autores. Homens ordinários que se transformam em assassinos cruéis. A ameaça aterradora de indivíduos comuns que se transmutam em diabos com formas humanas
Mal ordinário
Como entender e justificar as numerosas zonas sombrias que habitam nosso comportamento ?
Como compreender o problema da existência do mal em um mundo governado por um Deus bom ?
Como aceitar aquilo que não pode ser justificado?
O mal desafia o pensamento porque elimina a medida do humano
Como instituir uma cultuar da paz num mundo onde os fenômenos extremos são sempre possíveis?
Os gregos já vaticinavam:
A história transformou o trágico não em destino, mas em terror
Muitas coisas são inquietantes, mas nada é mais inquietante do que o homem
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