dívida pública acumulação de capital e desenvolvimento
Post on 23-Jan-2017
169 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Dívida Pública, Acumulação de Capital e Desenvolvimento
MTC, 18 de abril de 2016
PAULO RUBEM SANTIAGOPROFESSOR DA UFPEPRESIDENTE DA FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO
A imposição da dívida pública por dentro da Constituinte de 1986
Como eles explicam a Dívida Pública
1. Discurso de natureza contábil. A dívida complementa a arrecadação fiscal diante dos gastos públicos;
2. O Brasil deve ser capar de manter a estabilidade da relação DÍVIDA / PIB para ser considerado BOM PAGADOR pela comunidade financeira;
3. Assim as Agências Internacionais de Classificação de Risco nos dão BOAS NOTAS , trazendo “ investidores estrangeiros” ao país
4. Nisso se omite DELIBERADAMENTE os esclarecimentos acerca da formação da DÍVIDA, sua natureza e suas alterações ao longo do tempo, mas se liberam as despesas com a mesma (LRF);
5. Também não explicam como a DÍVIDA PÚBLICA cresceu e se tornou a principal despesa do TESOURO NACIONAL por anos e anos e quem dela se beneficia;
Teses e Publicações( 1 e 2 ) Paula Puliti – Doutorado em Comunicação, USP “O Juro da notícia: O jornalismo econômico pautado pelo mercado financeiro”, Editora Insular, 2014, Florianópolis( 3 ) Ricardo K.Iwata – Doutor em Ciências Sociais - 1999“Ordem mundial e agências de rating: o Brasil e as agências na era global, 1996-2010”, Editora SENAC, 2012, São Paulo(4 ) Gerson Lima – Professor Doutor UFPR “Economia, Dinheiro e Poder Político”- 2012 – IBPEX-Curitiba(5) José Marcelino Pinto e Silvana Aparecida de Souza ( Orgs)“Para onde vai o dinheiro ? Caminhos e descaminhos do financiamento da educação” , Editora Xamã, 2014, São Paulo.(5) João Sicsu - Organizador“ Arrecadação, de onde vem; Gastos públicos, para onde vão”, Editora Boitempo, 2007, São Paulo,
As manobras a favor da dívida pública
Não se explica a relação entre a DÍVIDA PÚBLICA e a POLÍTICA MONETÁRIA, em especial entre a DÍVIDA e os mecanismos de COMBATE À INFLAÇÃO.Como eles se desenvolvem e de que forma alimentam a dívida pública?
A INFLAÇÃO, A MOEDA E A TAXA BÁSICA, A SELIC
O pensamento dominante é de que a INFLAÇÃO é um fenômeno RELACIONADO COM A MOEDA, UMA QUESTÃO MONETÁRIA, Assim busca-se reduzir a quantidade de moeda em circulação e a moeda-crédito via bancos. É preciso controlar essa moeda disponível;O Banco Central obtém dinheiro diariamente junto aos Bancos. Em troca, o BC transfere aos bancos os Títulos Públicos recebidos do Tesouro Nacional, com compromisso de recompra-los em um dia ou mais. A taxa SELIC é a taxa usada para remunerar esses títulosQuem define a taxa SELIC ? A SELIC é fixada pelo COPOM –Comitê de Política Monetária do Banco Central (pós-fixada) e serve de referência para a remuneração de outros tipos de títulos também emitidos pelo Tesouro Nacional, como aqueles corrigidos pela variação cambial, por índice de preços, etc.
Para eles a inflação cai com menor, quantidade de moeda em circulação,
via aumento dos juros, queda dos salários e desemprego
“ Uma taxa de inflação baixa e estável é condição sine qua non para o crescimento de longo prazo(...) . A curto prazo, contudo, a redução da inflação exigiria aumentar a taxa de desemprego na economia.” ( e reajustes menores aos salários = menos moeda nas mãos do povo = menor poder de compra )
(*) “ O Regime de Metas de Inflação no Brasil: o que pode ser mudado? ” , Luiz Fernando de Paula e Paulo José Saraiva,CARTA MAIOR, 12 de maio de 2015
As determinações de 1999 ( Brasil assina acordo com o FMI )1. Inflação se combate olhando-a para frente, com um regime de metas de inflação, RMI, que no Brasil tem metas ANUAIS2. As medidas anti-inflacionárias visam trazer a inflação para a META em um ano. A META ( 4,5% ) é medida pelo IPCA e tem intervalos ( 2 pontos ) para menos ou para mais;3. Estabeleceu-se em 1999 que ao lado do RMI se adotaria uma política de câmbio flutuante4. Estabeleceu-se também que seria contabilizada a formação do superávit primário5. A essa combinação se chamou de TRIPÉ MACROECONÔMICO
Medindo-se o IPCA para se combater a inflação
A manipulação do índice e a elevação dos juros
Preços administrados/monitorados e comercializáveis são insensíveis às taxas de juros ( +/- 60% do IPCA ) . E por que os juros sobem para reduzi-los?
ÁguaLuzTelefoniaIPTUIPVA PassagensSubmetidos a outras regras/contratos
Gêneros e Produtos agrícolas com desempenho tanto no mercado interno quanto externo
Gêneros e Produtos sensíveis às enchentes, às secas, pragas, deficiências de logística
Ambos sujeitos aos choques de oferta
Para entender a dívida pública e que interesses isso representa
O diagnóstico correto:
O capitalismo desenvolveu em quatro décadas um modo de acumulação de riquezas sobre a economia e as nações periféricas: A financeirização
Com isso, progressivamente, a maior taxa de retorno sobre o capital aplicado deixou de vir da atividade produtiva (D-M-D) para sair da esfera financeira, com transações em :1. Títulos públicos ( DÍVIDA PÚBLICA ) 2. Ações de privadas, 3. Transações com dólar, euro e outras moedas 4. Novos produtos financeiros, os derivativos.
Onde está a crise?
A dívida públicaUm fenômeno aparentemente contábil, é, na verdade, um sistema que funciona há séculosÉ estruturado para que os países centrais / atores financeiros, nos séculos XX / XXI extraiam riqueza dos estados-nacionais/ países periféricos;No século XX, a partir dos anos de 1970, passou a exercer papel preponderante no processo de acumulação do capital na esfera financeira. No Brasil sustenta-se desde 1999 nessas bases:
1. Defesa da Estabilidade monetária2. Diagnóstico da inflação via IPCA 3. Controle do déficit público e responsabilidade fiscal4. Influência sobre a política monetária e as autoridades monetárias 5. Representantes do mercado financeiro ocupam as funções
públicas de qualquer governo
Meirelles e Levy : Dos bancos para o governo
“ Dívida Pública, Política Econômica e o financiamento das universidades federais nos governos Lula e Dilma (2003-2014) ”
Doutorado em Políticas Públicas e Formação Humana - Rio de Janeiro 2015
Tese de Luiz Fernando Reis, página 25.
IMPOSIÇÃO : Ajuste fiscal é necessário para garantir receitas a serem aplicadas no
pagamento da dívida pública
O esforço fiscal visa recuperar a capacidade do tesouro em realizar uma meta de superávit primário rigorosa;
Para isso cortam-se certos tipos de gastos públicos, mudam-se as desonerações e anuncia-se um forte contingenciamento orçamentário;
Porta-vozes dos grupos financeiros afirmam que sem isso as agências internacionais devem rebaixar a nota de risco do país, afugentando-se os “investidores”.
O afastamento dos “ investidores ” pode comprometer o crescimento econômico, a geração de novos negócios, prejudicando o balanço de pagamentos, considerando-se o déficit da balança comercial ;
Contraditoriamente ( ? ), se de um lado há um esforço de corte de gastos, do outro, liderado pelo COPOM, mantem-se elevadas as despesas de caráter continuado com a altíssima taxa básica, a SELIC;
22
“O Estado de São Paulo”, 16 de janeiro de 2012
Ainda assim, adota-se a inflação “cheia ” ao se combate-la, com a elevação dos juros, que alimentam a dívida pública. Quem tem interesse na dívida pública ?
Estratégia pró-acumulação : Pressão pelo aumento do percentual de papéis no estoque
O controle de fachada : Juros “contra” a inflação Juros para a acumulação
A mesma SELIC usada contra a inflação é a SELIC que remunera títulos públicos ...
O Presidente do Banco Central ...
O risco da extinção das fontes de financiamento do estado
A elevação da taxa de juros e seus encargos diretos, o encurtamento dos prazos de vencimento dos estoques, o aumento da dívida com transformação dos juros não pagos em novas dívidas sangram cada vez mais as receitas fiscais
Isso joga o PIB para baixo, gera desemprego, reduzindo o consumo e a receita, já em queda por força das desonerações tributárias anti-cíclicas durante o auge da crise
Dívida Pública 1. Razões da dívida
2. Suas taxas de juros
3. Seu estoque e prazo médio
4. Como % do PIB
Tese de Luiz Fernando Reisp.167
Tese de Luiz Fernando Reisp.181
Tese de Luiz Fernando Reisp.197
Tese de Luiz Fernando Reisp.188
Estratégias 1. Pautar o debate da macroeconomia, do sistema financeiro e
da política monetária na universidade e nos movimentos sociais
2. Forjar a construção do Núcleo da Auditoria Cidadã da Dívida Pública em Pernambuco e em todos os estados
3. Forjar políticas de formação, produção de textos, vídeos, centradas nessa agenda, com atos e mobilizações
4. Construir uma nova hegemonia. Não basta denunciar. Há que se promover “ um debate intelectual e político sobre o significado do momento atual. Sem informação e sem debate não há conhecimento profundo sobre a realidade“
5. Por uma nova plataforma ética, democrática e econômica. 6. Podemos sair da crise, mas a manutenção do atual modelo
impedirá a expansão das conquistas e transformações sociais mais profundas ( emprego e renda, mídia, tributária, reforma política, finanças públicas etc ).
Para estudar o temawww.auditoriacidada.org.brwww.joseluisoreiro.com.brwww.dowbor.orgwww.fazenda.gov.brwww.cartamaior.com.brwww.plataformapoliticasocial.com.brwww.ipea.gov.brwww.inesc.org.brwww.akb.org.brwww.anpec.org.brwww.redefinanciamento.ufpr.br www.plataformadeesquerda.com.br www.facebook.com/paulorubemsantiago
A dívida em debate: Artigos que publiquei
http://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunistas/a-supremacia-dos-juros/
http://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunistas/brasil-o-fim-do-curto-prazo/
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Estabilidade-monetaria-A-fraude-dos-dogmas/7/32424
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Cuidado-com-as-armadilhas/4/34202
Autores ImportantesMaria Lucia Fatorelli –Auditoria Cidadã - AuditoraPaulo Nakatani – Professor Doutor UFES ( http://www.alemdeeconomia.com.br/blog/?p=5850 )Maria de Lourdes Rolemberg Mollo -UnBLuiz Fernando de Paula - UERJJosé Luis Oreiro – UFPR / UnBWilson Cano –UnicampLuiz Gonzaga Belluzzo -UnicampAndré Modenesi – UFRJJoão Sicsú – UFRJFernando Ferrari - UFRS
top related