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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
DE CRIANÇAS DE 06 A 10 ANOS NO ENSINO FUNDAMENTAL
Por: Renata Guanaes Fogaça
Orientadora
Profª. Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
DE CRIANÇAS DE 06 A 10 ANOS NO ENSINO FUNDAMENTAL
Apresentação de monografia à AVM Pós-Graduação
“Lato Sensu”, Projeto A Vez do Mestre como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicomotricidade.
Por.: Renata Guanaes Fogaça.
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AGRADECIMENTOS
A todos os meus queridos alunos que me
despertam a curiosidade e a vontade de cada
vez mais entendê-los e ajudá-los. Em
destaque, meu aluno Breno Carvalho do
Nascimento que me encantou com seu
jeitinho especial e me encorajou nessa nova
jornada. A querida professora e orientadora,
Fátima Alves, por me apoiar no
desenvolvimento desse trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha queria e amada
família, em especial Sergio Guimarães Fogaça
(em memória), meu pai que com certeza, está
orgulhoso de mim, mais uma vez. E como
educadora e incentivadora, espero estar
contribuindo para um brilhante futuro da minha
sobrinha e afilhada Mariana Fogaça.
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RESUMO
Quando a criança chega à escola traz consigo marcas dos primeiros
anos de vida. Um conjunto de pré-requisitos, de atitudes e valores que servirá
de base para o sucesso ou fracasso escolar. A referência de vida que a criança
traz são características de seu comportamento, aspecto biológico, psicológico e
social, portanto é preciso analisar e avaliar as causas que levam a criança
apresentar dificuldades de aprendizagem considerando as alterações em
qualquer um desses aspectos. O corpo em sua totalidade é o eixo de
percepção existente, o agente do sujeito na percepção do mundo que o
envolve. A aprendizagem é vista como um sistema dinâmico de interação, pois
o processo humano é biológico, intelectual, emocional e social e se relacionam
entre si. Os processos cognitivos básicos interferem no processo da
aprendizagem do sujeito onde aprender resulta das condições e oportunidades
proporcionadas ao aluno, sejam elas culturais, econômicas e educacionais.
Sendo o corpo sinônimo de movimento, uma ação da criança sobre o mundo
em que vive, a educação psicomotora é um meio prático de auxiliar no
processo de maturação que resulta a aprendizagem. Atualmente, as
dificuldades de aprendizagem é um grande problema para o sistema
educacional. A parceria da família com os educadores juntamente com o
auxílio do profissional da psicomotricidade é de suma importância para
identificar os bloqueios existentes, fazendo uma relação de dados entre o
aluno, a escola e a família.
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METODOLOGIA
Esse trabalho caracteriza como pesquisa bibliográfica, com o
objetivo de produzir novos conhecimentos a respeito da minha prática
pedagógica, para melhor resolver determinadas dificuldades de aprendizagem.
Diante das dificuldades que encontrei em sala de aula, em detectar
o motivo pelo qual a criança apresenta uma dificuldade de aprendizagem,
resolvi fazer uma pesquisa que me orientasse e mostrasse o caminho correto a
percorrer.
A pesquisa foi de natureza quantitativa e qualitativa, descritiva e
analítica das dificuldades de aprendizagem, uma análise das causas e
implicações no processo pedagógico, buscando ajuda de muitos autores para
desenvolver o tema trabalhado.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - O QUE É PSICOMOTRICIDADE 11
CAPÍTULO II - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 17
CAPÍTULO III – O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA 27
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 44
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INTRODUÇÃO
A psicomotricidade possui vários conceitos. Muitos deles
confundidos entre as pessoas que acreditam ser apenas algo relativo ao
movimento corporal. Na realidade, o conceito de psicomotricidade vai muito
além da simples movimentação do corpo, uma vez que contribui de maneira
significativa para a formação e estruturação de todo o esquema corporal. Ela
pode ser definida como a consciência de que o corpo, mente e espírito estão
intimamente conectados, mediante a ação. A afetividade e a formação de
personalidade da criança também estão associadas à psicomotricidade. Por
tudo isso, a abordagem da psicomotricidade na aprendizagem é importante,
pois ela explica como a criança busca experiências com seu próprio corpo, seja
para movimentar-se, seja para se expressar.
É fato que a psicomotricidade é importante para a vida do ser
humano, e é exatamente por isso, que se torna ainda mais importante procurar
entender e analisar as definições para essa ciência, a fim de ensinar como
aplicá-las em situações educacionais fundamentais.
A psicomotricidade torna-se um assunto muitas vezes
desconhecido pelos pais e profissionais da educação. O conhecimento a
respeito da psicomotricidade para o profissional da educação é indispensável,
apesar de que, muitas vezes é ignorado, pois sua filosofia estimula traçar um
perfil psicológico do aluno. O fato é que a ciência do movimento constitui-se
uma importante ferramenta para desenvolver a capacidade postural, uma
imagem mental do corpo e, por conseguinte, trabalhar o intelectual da criança,
uma vez que corpo e mente são intimamente ligados no ser humano.
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A psicomotricidade está completamente ligada com a
aprendizagem e vários são os aspectos que interferem positivamente ou
negativamente na aprendizagem do indivíduo.
Durante o período escolar, encontramos crianças que apresentam
as chamadas “Dificuldades de Aprendizagem”. O termo Dificuldades de
Aprendizagem refere-se a um tipo de transtornos que se manifesta por
dificuldades significativas o uso e aquisição da fala, escrita, leitura e
habilidades matemáticas.
As dificuldades se manifestam em diversas áreas de
aprendizagem, quanto aos tipos é possível destacar os seguintes: verbais
(dificuldades para adquirir os processos simbólicos da leitura, escrita e
matemática) e não verbais (problemas de adaptação social).
A escola e o educador são considerados os primeiros a detectar
que o aluno está manifestando Dificuldades de Aprendizagem, pois exercem
papel fundamental na formação da criança.
Há muito tempo, educadores vêm realizando pesquisas e
investigando as causas que possam justificar as Dificuldades de
Aprendizagem. A partir do momento que o profissional da educação tenha
consciência sobre o assunto psicomotricidade, saiba reconhecer isso na
criança e propor atividades que instiguem a todos ao movimento corporal,
muitas das Dificuldades de Aprendizagem serão amenizadas.
A Psicomotricidade pode auxiliar no enfrentamento das
Dificuldades de Aprendizagem através de orientação e ação pontual sobre as
situações já existentes ou na prevenção.
Deste modo, com o trabalho adequado da psicomotricidade em
sala de aula e com auxílio e dedicação do educador, poderá amenizar as
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Dificuldades de Aprendizagem apresentadas pelos alunos, diminuindo o
fracasso escolar, contribuindo para uma educação de qualidade. A educação
psicomotora, quando aplicada, é preponderante para o sucesso no sistema
escolar.
O presente trabalho divide-se em três capítulos, o primeiro
apresentará o conceito de psicomotricidade, baseado em diversos autores da
área.
O segundo capítulo, buscará a análise e compreensão da definição
das Dificuldades de Aprendizagem.
Já no terceiro capítulo, será analisada a importância da
psicomotricidade nas séries iniciais como método de diagnosticar, reduzir e
prevenir as Dificuldades de Aprendizagem, apresentadas pelos alunos.
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CAPÍTULO I
O QUE É PSICOMOTRICIDADE
Podemos dar inúmeras definições para Psicomotricidade. Uma
delas, de AAP (2007) e Santos (2006) é a seguinte: “A psicomotricidade pode
ser definida como o campo transdisciplinar que procura compreender e
investigar as relações e influências recíprocas e sistêmicas entre o campo
psicológico e o campo motor, tendo como objectivo principal desenvolver a
capacidade de ser e de actuar num contexto psicossocial”. Outra, mais
diretamente relacionada com a aprendizagem, conforme Galvão, diz que:
“O termo psicomotricidade se divide em duas partes: a motriz e o psiquismo, que constituem o processo de desenvolvimento integral da pessoa”.
(Fonseca, 2004, p.:16). A palavra motriz se refere ao movimento, já psico
determina a atividade psíquica em duas fases, a sócio-afetiva e cognitiva. Em
“Entender o cérebro de uma criança
e a forma de ele se desenvolver é a
chave para se entender a
aprendizagem.”
Jane M. Healy
“Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. È sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o cognitivo”. (GALVÂO, 1995, p. 10)
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outras palavras, o que se quer dizer é que na ação da criança se articula toda
sua afetividade, todos seus desejos, mas também todas suas possibilidades de
comunicação e articulação de conceitos.
Inicialmente a psicomotricidade estava relacionada a uma
concepção neurofisiológica, ancorada na neuropsiquiatria infantil, mas o
interesse de estudiosos de outras áreas, como psicólogos e professores, foi
mudando o enfoque deste trabalho. Os autores que mais influenciaram os
psicomotricistas nesta mudança foram Wallon, Piaget e Le Boulch, que em
suas obras tratam da formação da inteligência a partir da experiência motriz da
criança.
Vários estudos já foram realizados neste sentido e atestaram a
importância do desenvolvimento psicomotor e cognitivo desde a primeira
infância, já que o desenvolvimento psicomotor é de grande importância
inclusive para o aprendizado da leitura e escrita e que as crianças com nível
superior de desenvolvimento conceitual e psicomotor são as que apresentam
os melhores resultados escolares.
Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (1999),
psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através
do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo,
bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os
objetos e consigo mesmo.
Dessa forma, tem como objetivo incentivar a prática do movimento
em todas as etapas da vida de uma criança, contribuindo para a formação e
estruturação do esquema corporal; promovendo a união do ser corpo, ser
mente, ser espírito, ser natureza e ser sociedade; promover a utilização do
corpo na expressão de sentimentos; compreender a forma como a criança
toma consciência do seu corpo, localizando-se no meio e espaço.
Psicomotricidade, portanto, é um temo empregado para uma
concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências
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vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua
linguagem e sua socialização.
A Psicomotricidade é uma prática pedagógica que visa contribuir
para o desenvolvimento integral da criança no processo de aprendizagem,
favorecendo os aspectos físicos, mental, afetivo – emocional e sócio cultural,
buscando sempre estar condizente com a realidade dos estudos.
Segundo Le Boulch (1969), a Psicomotricidade se dá através de
ações educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança,
proporcionando-lhe uma imagem do corpo contribuindo para a formação de sua
personalidade.
A Psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as
atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento
e ao domínio do seu próprio corpo. Por isso a Psicomotricidade é um fator
essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança.
A estrutura da Educação Psicomotora é a base fundamental para o
processo intelectivo e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui
do geral para o específico; quando uma criança apresenta Dificuldades de
Aprendizagem, o fundo do problema, em grande parte, está no nível das bases
do desenvolvimento psicomotor.
Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da
psicomotricidade são utilizados com frequência. O desenvolvimento do
esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação temporal e
pré-escrita são fundamentais na aprendizagem; um problema em um destes
elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.
Segundo Fonseca (1992), a Psicomotricidade é indicada para as
seguintes problemáticas: com incidência corporal (dispraxia, lateralidade,
desarmonias tônico-emocionais, estruturação temporal e espacial, problemas
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psicossomáticos, perturbações da imagem corporal, perturbações do esquema
corporal, instabilidade postural); com incidência cognitiva (déficits de atenção,
de memória, de organização perceptiva, simbólica e conceitual); ou com
incidência relacional (inibição, hiperatividade, agressividade, dificuldades de
comunicação).
A psicomotricidade pode ser classificada em dez funções
psicomotoras: esquema corporal, tônus da postura, coordenações globais,
motricidade fina, organização espacial e temporal, ritmo, lateralidade, equilíbrio
e relaxamento, definidas abaixo:
Esquema corporal - A consciência do corpo é o reconhecimento do conjunto
de estruturas representativas, simbólicas e semióticas que servem de base à
ação. É a noção da imagem do corpo e dos meios de ação que estabelecem,
com a memória, a formação do esquema corporal, ou seja, é a capacidade da
criança de conhecer cada parte do seu corpo, sua habilidade na
movimentação.
O esquema corporal desempenha um papel fundamental no
aprendizado da leitura e escrita.
Tônus da postura - O tônus está ligado com as funções do equilíbrio e
regulações mais complexas do ato motor.
Coordenações globais - Chamada também de motricidade ampla, é definida
como a colocação em ação simultânea de grupos musculares diferentes. É o
conjunto de habilidades desempenhadas com o corpo todo, buscando a
harmonia e o controle de movimentos amplos, como receber e arremessar uma
bola por exemplo.
Motricidade fina - Em suma pode-se afirmar que motricidade fina resume-se a
movimentação de pequenos músculos, englobando principalmente a atividade
manual e digital, ocular, labial e lingual.
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Organização espacial e temporal - A organização espacial é a capacidade de
situar-se, orientar-se e movimentar-se em um espaço, tendo sempre como
referência a própria pessoa. Refere-se às relações de perto, longe, em cima,
embaixo, dentro, fora, etc.
Ritmo – É uma ordenação específica, característica e temporal do ato motor,
ordenação esta que se refere a processos parciais interligados no ato motor.
Há ainda uma ligação entre ritmo e organização espacial e temporal.
Lateralidade - É a manifestação de um lado preferencial na ação, vinculado a
um hemisfério cerebral; é necessário que não se discrimine a esquerda e a
direita.
A aquisição deste conceito para a aprendizagem da leitura e escrita
é de fundamental importância, sendo que sua falta implica em confusão na
orientação espacial, podendo resultar em dificuldades tais como: troca de
letras, palavras e escrita em espelho.
Equilíbrio - É a noção de distribuição do peso do corpo em relação ao centro
de gravidade, podendo ser trabalhado estática e dinamicamente. Os exercícios
de equilíbrio têm a finalidade de melhorar o comando nervoso, a precisão
motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no espaço.
Um mau equilíbrio motor afeta a construção do esquema corporal,
porque traz como consequência a perda da consciência de algumas partes do
corpo.
Relaxamento - Fenômeno neuromuscular resultante de uma redução de
tensão da musculatura esquelética. Pode ser dividido em relaxamento total,
diferencial e segmentar, sendo que o primeiro envolve todo o corpo e está
diretamente vinculado a processos psicológicos, o segundo responde pela
descontração de grupos musculares que não são necessários à execução de
determinado ato motor específico e o último é alcançado em partes do corpo.
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Com isso e apesar de vários estudos já demonstrarem a
importância da psicomotricidade no desenvolvimento cognitivo, na
aprendizagem da leitura e escrita e na formação da inteligência,
tradicionalmente a escola tem dado pouca importância à atividade motora das
crianças, reduzindo-a a visão de que o movimento é algo essencialmente
motor, destacado das outras esferas do desenvolvimento.
Como professores, precisamos pensar no desenvolvimento da
criança de forma integrada, buscando atender aos aspectos físicos, afetivos,
sociais e cognitivos. Assim, torna-se indispensável uma ampla utilização do
movimento, realizado através de atividades psicomotoras conscientes.
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CAPÍTULO II
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
A Definição do Comitê Nacional Americano de Dificuldades de
Aprendizagem (National Joint Committee of Learning Disabilities, 1988) é a
seguinte:
De acordo com Grigorenko, Sternenberg (2003, p.: 29), “Dificuldade
de Aprendizagem significa um distúrbio em um ou mais dos processos
psicológicos básicos envolvidos no entendimento ou no uso da linguagem, fala
“As Dificuldades de Aprendizagem constituem um ou mais défices nos processos essenciais da aprendizagem que necessitam de técnicas especiais de educação (definição por défice). As crianças com Dificuldades de Aprendizagem apresentam discrepância entre o nível da realização esperado e o atingido em linguagem falada, leitura, escrita e matemática (definição por discrepância). As Dificuldades de Aprendizagem não são devidas a deficiências sensoriais, motoras, intelectuais, emocionais e/ou a falta de oportunidade de aprendizagem (definição por exclusão)”.
“A psicomotricidade está presente em todas as atividades da nossa vida cotidiana. Seria natural que, desde cedo, as crianças pudessem aprender esta educação pelo movimento”. MEUR; STAES, 1984
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ou escrita, que pode se manifestar em uma aptidão imperfeita para ouvir,
pensar, falar, ler, escrever, soletrar ou realizar cálculos matemáticos”.
O homem, diferente dos outros animais, que no curso de seu
desenvolvimento vive a experiência individual adquirida durante toda a sua
vida, vive um segundo tipo de experiência que o transforma em um ser
diferente dos demais, pela sua capacidade de assimilação e apropriação da
experiência acumulada pelo gênero humano. Este tipo de experiência, para
que seja significativa, deve ser permeada por afetividade, já que cognição e
afeto caminham lado a lado na trilha do conhecimento humano. Por isto
mesmo, aprender é um exercício constante e tem que estar de braços abertos
para todo e qualquer conhecimento. Aprendizagem é a mudança de
comportamento, seja essa mudança por fatores intrínsecos ou extrínsecos ao
sujeito aprendiz.
Para reconhecer em uma criança a Dificuldade de Aprendizagem, se
faz necessário primeiramente entender o que é aprendizagem e quais os
fatores que nela interferem. Pode se dizer que aprendizagem é um processo
complexo que se realiza no interior de um indivíduo e se manifesta em uma
mudança de comportamento.
Para estabelecer se houve ou não aprendizagem é preciso que as
mudanças ocorridas sejam relativamente permanentes. Existem, pelo menos,
sete fatores fundamentais para que tal aprendizagem se efetive e são eles:
saúde física e mental, motivação, prévio domínio, maturação, inteligência,
concentração ou atenção e memória. A falta de um deles pode ser a causa de
insucesso e das Dificuldades de Aprendizagem que irão surgindo.
A partir disso, pode-se entender que uma criança é dita com
Dificuldades de Aprendizagem quando apresenta desvios de expectativas de
comportamento do grupo etário a que pertence, ou seja, quando ela não está
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ajustada aos padrões da maioria desse grupo, e, portanto, seu comportamento
é perturbado, diferente dos demais.
Podem-se destacar algumas das principais causas das Dificuldades
de Aprendizagem, como causas físicas, sensórias, neurológicas, intelectuais ou
cognitiva, socioeconômicas e emocionais, sendo esta última uma das principais
causas que podem dificultar a aprendizagem. Como resultado, as crianças
com Dificuldades de Aprendizagem têm, muitas vezes, baixos níveis de
autoestima e de autoconfiança, o que pode conduzir à falta de motivação,
afastamento, crises de ansiedade e estresse e, até mesmo, depressão.
As crianças com Dificuldades de Aprendizagem podem apresentar
uma série de características próprias e problemas associados, estes fatores
podem agir individualmente ou interrelacionados. Os seguintes problemas são:
atenção, percepção, cognitivos, memória, psicomotores e emocionais. Dentre
as características pode-se observar diversos tipos de mudança no
comportamento. Por manifestarem insegurança e baixa autoestima, tende a
apresentar ansiedade, regressão, oposições, agressividade reacional, tensão e
problemas nos relacionamentos interpessoais, tudo isso acarretada em um
rebaixamento em suas habilidades sociais.
O problema no desenvolvimento da aprendizagem da leitura, escrita
e aritmética tem sido uma forte barreira para muitas crianças e professores. O
educador, escola, a família e a sociedade envolvem aspectos socioculturais
importantes para o aprender de uma criança. Segundo Paulo Freire:
“Aprender a ler e escrever é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade”. (FREIRE, 1990, p.:8)
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O educador desempenha um papel importante na identificação da
dificuldade, por isso deve ter a capacidade de identificar o melhor para a
criança utilizando, se possível, variação metodológica dentro de sala de aula.
O problema de aprendizagem traz sofrimento para as crianças, e
este, pode ser traduzido por comportamentos de desinteresse, desatenção e
irresponsabilidades. Quando isso ocorre não adianta apenas pensar no reforço
ou aulas particulares. A identificação das causas que estão gerando essas
dificuldades requer uma intervenção especializada.
As Dificuldades de Aprendizagem, de acordo com Cruz, V. (1999),
são:
Dificuldade Global – É uma situação mais preocupante. Pode ser
grave e envolve aspectos sociais, culturais e emocionais. Os fatores sociais
desfavoráveis também estão implicados na gênese de dificuldades escolares,
sendo a família e o ambiente escolar os principais motivos, pois visam
conteúdos em ação na procura de uma melhor educação e formação de
valores humanos que nos une. Mas detêm um papel fundamental no
desenvolvimento das capacidades e das atitudes da criança perante a
transmissão dos demais saberes: saber ser, saber estar e saber fazer, no
desenvolvimento das relações interpessoais, no incentivo à autoestima,
empatia, tolerância enfim, na educação. Na Dificuldade Global não há nada de
orgânico. A estrutura cognitiva está intacta, o nível intelectual é normal, mas
mesmo assim provoca insucessos.
Disfunção Cerebral – Nestes casos as crianças são inteligentes,
socialmente são normais e apresentam informações verbais adequadas. Suas
dificuldades ocorrem em áreas específicas, por exemplo, uma incapacidade de
identificar as letras e consequentemente as palavras. Uma área do cérebro não
funciona adequadamente, neste caso aquela responsável pela percepção e
análise visual. O restante do cérebro está intacto. Esta Disfunção Cerebral
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afeta áreas específicas relacionadas à linguagem, leitura, escrita, cálculo,
motricidade, raciocínio, memória, atenção etc. Essas crianças sofrem muito e,
muitas vezes, são confundidas como crianças pouco inteligente, preguiçosa,
desleixada, quando na verdade o seu impedimento não é a nível intelectual,
mas de execução. As principais disfunções são: Disfasia, Dislexia, Disgrafia,
Disortografia, Discalculia, Déficit de Atenção, Lesão Cerebral, Dislalia ou
Gaguez.
Disfasia – A criança pode ter dificuldade em nível de expressão
(disfasia expressiva) ou compreensão (disfasia compreensiva). Clinicamente o
comprometimento é importante, pois são crianças que não elaboram frases,
expressam as partes finais das palavras. O risco desta criança apresentar
dilexia ou disortografia na idade escola é muito grande. Deve-se considerar que
as “disfasias” são quadros preocupantes e graves diferentes da “dislalia” ou
“atraso simples da linguagem” em que ocorrem trocas simples e evoluem para
melhora rapidamente com atendimento fonoaudiológico e que estão
relacionados à maturidade. A disfasia é caracterizada por voz arrastada, lenta.
Está relacionada à lesão motora e não à área da linguagem leitura (dislexia).
Dislexia – É uma Dificuldade de Aprendizagem na área da leitura,
escrita e soletração. Não é o resultado de má alfabetização, desatenção,
desmotivação, condição socioeconômica ou baixa inteligência. É uma condição
hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda, alterações no
padrão neurológico. Por sua complexidade de ser diagnosticada por uma
equipe multidisciplinar. Apenas aos 8-9 anos de idade pode-se afirmar que a
criança é disléxica. É uma dificuldade duradoura na aquisição da leitura,
podendo variar desde uma incapacidade quase total em aprender a ler, até
uma leitura quase normal, mas silabada, sem automatização. O quadro básico
é de uma criança que apresenta dificuldade para identificação dos símbolos
gráficos. A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de
sucesso no futuro. Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas
têm até uma maior probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a
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batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula
sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com os
problemas e com o estresse.
Disgrafia – É a dificuldade (parcial), porém não na impossibilidade
para a aprendizagem da escrita de uma língua. Acontece devido a uma
incapacidade de recordar a grafia da letra. Ao tentar recordar este grafismo,
escreve muito lentamente o que acaba unindo inadequadamente as letras,
tornando a letra ilegível. A disgrafia é também chamada de letra feia. Algumas
crianças com disgrafia possui também uma disortografia, amontoando letras
para esconder os erros ortográficos. Mas não são todos disgráficos que
possuem disortografia.
A disgrafia se subdivide, segundo Fonseca (1995), em:
Ø Disgrafia Específica - Não se estabelece uma relação entre o
sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as
palavras e as frases. A isto se denomina simplesmente
disgrafia.
Ø Disgrafia Motora – Ocorre quando a motricidade está
particularmente em jogo, mas o sistema simbólico não. A isto
se denomina discaligrafia, entendendo-a não somente como o
resultado de uma alteração motora, mas também de fatores
emocionais (restrição do eu etc.), o que altera a forma da
letra. O termo Disgrafia Motora (discaligrafia) consiste na
dificuldade de escrever em forma legível. Os indicadores mais
comuns da discaligrafia são: micrografia, macrografia, ambas
combinadas, distorções ou deformações, dificuldades nos
enlaces, traçados reforçados, filiformes, tremidos, inclinação
inadequada, aglomerações etc. A criança consegue falar e ler
e as dificuldades ocorrem na execução de padrões motores
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para escrever letras, números ou palavras. Pode ocorrer
defeito motor ou apenas a nível de integração (neste caso, a
criança vê a figura, mas não sabe fazer os movimentos para
escrever as letras).
Disortografia – Muitas vezes acompanha a Dislexia, mas pode
também vir sem ela. É a impossibilidade de visualizar a forma correta da escrita
das palavras. A criança escreve seguindo os sons da fala e sua escrita, por
vezes, tornam-se incompreensível. Geralmente as trocas de grafemas que
representam fonemas homorgânicos acontecem por problemas de
discriminação auditiva.
Discalculia – É uma desordem neurológica específica que afeta a
habilidade de uma criança de compreender o mecanismo do cálculo, a solução
dos problemas e manipular números. Pode ser causada por déficit de
percepção visual. O termo Discalculia é usado frequentemente ao consultar
especificamente à inabilidade de executar operações matemáticas ou
aritméticas, mas é definido por alguns profissionais educacionais como uma
inabilidade mais fundamental para conceitualizar números como um conceito
abstrato de quantidades comparativas. Apresenta problemas de diferenciar
entre esquerdo e direito, falta senso de direção (para o norte, sul, leste e
oeste), pode também ter dificuldade com um compasso, dificuldades
frequentes com os números, confundindo as operações etc. É um quadro bem
mais raro e quase só acontece acompanhado de síndromes.
Déficit de Atenção (com ou sem Hiperatividade) – É um quadro
em que os impulsos a nível cerebral se dão em uma velocidade muito acima do
normal. É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na
infância e frequentemente o acompanhará por toda a sua vida. As
consequências podem ser diversas, como falta de atenção, impulsividade e
agressividade e, também, criança portadora desse quadro tende a ser
desorganizada, desleixada e desastrada. O Déficit de Atenção pode estar
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associado ou não à Hiperatividade. Ocorre predominantemente em meninos
com início antes dos 7 anos de idade. A criança pode apresentar dificuldade na
aprendizagem escolar (algumas vezes associadas a outras disfunções) ou
distúrbio de conduta. Não se deve considerar toda criança Hiperativa como de
causa neurológica.
Lesão Cerebral – Afeta a criança como um todo. Pode ser
sensorial, isto é, auditivo ou visual, mental, quer dizer, rebaixamento da
capacidade intelectual ou, ainda, emocional grave, como Autismo ou Psicose.
No obstáculo sensorial, a criança frequentemente pode ser trabalhada em
classe regular. Sendo deficiência mental leve, também poderá ser trabalhada
em sala de aula regular, com mediador. Se for uma deficiência mental
moderada ou um problema emocional sério, a criança deve ser encaminhada à
uma classe especial. O obstáculo global é diferente do funcional, no sentido de
que afeta a criança como um todo e principalmente no caso da deficiência
mental, a criança apresentará dificuldade em todas as áreas.
Dislalia ou Gaguez – Consiste na má articulação das palavras, seja
omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um pelo outro, ou ainda
distorcendo fonemas. A falha na articulação das palavras pode ainda ocorrer
no nível de fonemas ou de sílabas. É uma perturbação da fala caracterizada
por uma hesitação repetitiva, demora na emissão das palavras ou pelo
prolongamento anormal dos sons. A Gaguez começa, geralmente, na infância e
em 90% dos casos antes dos 8 anos de idade. Há, portanto, várias causas
possíveis para a Dislalia ou Gaguez. A psicanalista Nicole Fabre, afirma que a
Gaguez é mais do que tudo “um sintoma que traduz um conflito intrapsíquico, o
qual sem ser expremido fica no fundo da garganta com as palavras que não
conseguem sair”. Outros males se podem associar à Dislalia: crispação (ao
nível dos lábios, da língua, da laringe e até do peito), palidez, transpiração
excessiva, rubor intenso, tremores e muitas vezes, tiques. A criança gaga
possui, geralmente, uma inteligência normal. Toda criança vítima deste
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complexo distúrbio da fala, diante qualquer tensão aumenta a sua extrema
dificuldade em falar.
Segundo Fonseca (2004, p.:53), a criança com Dificuldades de
Aprendizagem apresenta-se com o seguinte desenvolvimento psicomotor:
• Organização tônica (tensão muscular permanente) diferente,
paratonias (dificuldade de relaxamento voluntária);
• Diadococinésias (dificuldade em realizar movimentos
alternados e opostos);
• Sincinésias (movimentos imitativos, parasitas e
desnecessários);
• Função de equilibração (provas de imobilidade caracterizada
por perturbações posturais e vestibulares; provas de equilíbrio
estático e dinâmico e de locomoção férteis em reequilibrações
abruptas, quedas unilaterais, dismetrias);
• Problemas de noção de corpo e lateralização (dificuldades em
integrar perceptiva, consciente e cognitivamente o seu corpo
e/ou dificuldades nas noções espaciais básicas;
esquerda/direita/frente/trás);
• Estruturação espaço-temporal (uma das mais fracas nas
crianças com Dificuldades de Aprendizagem) com
dificuldades de memória de curto termo (visual) e rítmica
(auditiva), e na verbalização ou em simbolizar a experiência
motora;
• Praxias globais e finas surgem com lentidão ou impulsividade.
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Muitas das dificuldades escolares não se apresentam em função do
nível da turma a que as crianças chegaram, mas segundo Le Boulch (1983) e
Meur & Staes (1984), em relação à elementos básicos ou “pré-requisitos”,
condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, que constituem a
estrutura da educação psicomotora. Nesse sentido, é de suma importância a
atividade lúdica, realizada através de atividades psicomotoras, no sentido de
colaborar para o desenvolvimento integral da criança, e para que ela possa
sedimentar bem esses “pré-requisitos”, fundamentais também para a sua vida
escolar.
Considerar o gesto ou a linguagem corporal como forma de
expressão do ser humano é um caminho para reconhecer a importância da
atividade corporal no processo da aprendizagem.
“O corpo é, de fato, um lugar original de significações específicas e, por ser parte integrante de nosso universo de símbolos, é produto e gerador, ao mesmo tempo, de signos”. Coste (1981, p.: 46)
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27
CAPÍTULO III
O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA
Psicomotricista é o profissional habilitado com curso superior da
área da saúde e da educação que previne, avalia, trata e estuda o indivíduo na
aquisição e no desenvolvimento de transtornos psicomotores. Este profissional
auxilia na equipe intervindo nas bases de estimulação motora e psicomotora,
educando o movimento ao mesmo tempo que põe em jogo as funções da
inteligência.
Durante anos a Psicologia buscou compreender e solucionar o
desenvolvimento da criança na medida em que ela cresce e amadurece
fisicamente, pois sua inteligência também se desenvolve e muda seu
comportamento social e emocional. Assim, surge a educação psicomotora,
entendida como uma metodologia de ensino que instrumentaliza o movimento
humano enquanto meio pedagógico para favorecer o desenvolvimento da
criança. De acordo com Airton Negrine a educação psicomotora pode ser
compreendida como uma técnica:
“Psicomotricidade que se faz apreender, mover, impulsionar, agir o corpo com emoção e afetividade intensificando o intelecto”. Fátima Alves (2001)
A educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e jogos adequados a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de ser. Devendo estimular, de tal forma, toda uma atitude relacionada ao corpo, respeitando as diferenças individuais (o ser é único, diferenciado e especial) e levando a autonomia do indivíduo como lugar de percepção, expressão e criação em todo seu potencial. (NEGRINE, 1995, p. :15).
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28
No entanto, essa técnica não pretende realçar a automação, a
eficácia, a destreza motora ou o rendimento motor. Pretende, na verdade,
transformar o corpo em um instrumento de ação sobre o mundo, em que
permitira a interação com os outros. Através de várias pesquisas, estudiosos
do assunto acreditam que a Psicomotricidade auxilia e capacita melhor o aluno
para uma melhor assimilação das aprendizagens escolares. Assim, buscou-se
trazer seus recursos para a sala de aula, na modalidade da educação
psicomotora.
Durante vários estudos, cientistas tentaram distinguir o principal
objetivo da educação psicomotora, destacando o aspecto fundamental dessa
técnica, que é ajudar a criança chegar a uma imagem do corpo operatório,
permitindo que ela se desenvolva da melhor maneira possível, tirando o melhor
partido de todos os seus recursos, preparando-a para a nova etapa do
desenvolvimento motor e consequentemente afetivo e cognitivo.
Além de apresentar esse objetivo, a educação psicomotora abrange
algumas metas, sendo elas: a aquisição do domínio corporal, definindo a
lateralidade, a orientação espacial, desenvolvimento da coordenação motora,
equilíbrio e a flexibilidade; controle da inibição voluntária, melhorando, o nível
de abstração, concentração, reconhecimento dos objetos através dos sentidos
(auditivo, visual, etc.), desenvolvimento sócio-afetivo, reforçando as atitudes de
lealdade, companheirismo e solidariedade. Assim, Le Boulch destaca a
importância da psicomotricidade ser trabalhada na escola nas séries iniciais:
A educação psicomotora deve ser enfatizada e iniciada na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência. Deve ser
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praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas. (LE BOULCH, 1984, p. 24).
O principal objetivo da educação psicomotora não se restringe ao
conhecimento da criança sobre uma imagem do seu corpo, ou seja, ela não se
prende apenas ao conteúdo, mas auxilia na descoberta estrutural da relação
entre as partes e a totalidade do corpo, formando uma unidade organizada,
instrumento da relação com a realidade. Assim, quando mais cedo abordado
no ambiente escolar mais os alunos poderão conhecer-se melhor,
desenvolvendo a maturidade, a consciência e a inteligência apropriada aos
seres humanos. Le Boulch aponta o objetivo central da educação psicomotora:
O objetivo central da educação pelo movimento é contribuir para o desenvolvimento psicomotor da criança, da qual depende, ao mesmo tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar. (LE BOULCH, 1984, p. 24).
Segundo Negrine (1995, p. 20) um dos argumentos que justificam a
educação psicomotora na educação básica durante a fase pré-escolar é a
evidência sobre seu papel na prevenção das dificuldades de aprendizagem.
Pois, é durante esse período que a personalidade de cada indivíduo vai sendo
moldada. É o momento em que a criança constrói os principais instrumentos
internos de que servirá primeiramente de maneira inconsciente e depois
conscientemente para interagir-se com a sua realidade externa. Assim, através
da interação com o meio, a criança descobre, inventa, resiste, pergunta,
argumenta e socializa-se. O que exige um bom acompanhamento daqueles
que estão presentes nessa construção simbólica (pais, professores, etc.) e no
seu desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo. Le Boulch menciona que a
educação psicomotora é uma preparação para a vida das crianças:
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A educação psicomotora na idade escolar deve ser, antes de tudo, uma experiência ativa de confrontação com o meio. Dessa maneira, esse ensino segue uma perspectiva de uma verdadeira preparação para a vida que se deve inscrever no papel de escola, e os métodos pedagógicos renovados devem, por conseguinte, tender a ajudar a criança a desenvolver-se da melhor maneira possível, a tirar o melhor partido de todos os seus recursos, preparando para a vida social. (LE BOULCH, 1984, p. 24).
A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde
que acriança passa a ter contato com o mundo ao seu redor. Pois, a criança ao
interagir com o meio físico e social, passa a se desenvolver de forma mais
abrangente e de maneira eficaz. Isto significa que a partir do envolvimento com
o meio social são desencadeados processos internos de desenvolvimento que
permitirão um novo patamar de aprendizagem. Diante da interação da criança
com o meio social, Negrine observa:
A criança, por meio da observação, imitação e experimentação das instruções recebidas de pessoas mais experientes, vivencia diversas experiências físicas e culturais, construindo, dessa forma, o conhecimento a respeito do mundo que a cerca. (NEGRINE, 1995, p. 23).
A educação psicomotora junto com o auxílio dos pais e do meio
escolar, têm a finalidade não de ensinar a criança comportamentos motores,
mas sim de permiti-lhe, mediante o jogo, exercer sua função de ajustamento,
individualmente ou com outras crianças. No estágio escolar, a prioridade
constitui a atividade motora lúdica, fonte de prazer, permitindo a criança
prosseguir na organização de sua “imagem de corpo” ao nível do vivido
servindo de ponto de partida na sua organização prática em relação ao
desenvolvimento de suas atitudes de análise perceptiva. Outro papel atribuído
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à educação psicomotora é a de prevenção, esse que é argumentado por
Fonseca:
A educação psicomotora pode ser vista como preventiva, na medida em que dá condições à criança desenvolver melhor em seu ambiente. É vista também como reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam desde o mais leve retardo motor até problemas mais sérios. É um meio de imprevisíveis recursos para combater a inadaptação escolar (FONSECA, 2004, p. 10).
A educação psicomotora, quando bem aplicada, é preponderante
para o sucesso no sistema escolar. Entretanto, é fundamental que a
participação do professor como pesquisador, principalmente nos assuntos
relacionados sobre Psicomotricidade. Dessa maneira, é interessante que o
docente intere-se sobre a educação psicomotora, do que essa trata essa
prática pedagógica; conhecer sua estrutura, o desenvolvimento psicomotor, as
implicações do sistema nervoso e a importância da maturação neurológica;
compreender como ocorre o desenvolvimento infantil (etapas do
desenvolvimento), as funções psicomotoras, as dificuldades de aprendizagem
presentes no ambiente escolar, para a organização, planejamento e
encaminhamentos acadêmicos.
O educador precisa saber se sua proposta de trabalho está de
acordo com as necessidades dos alunos, que caminho deve seguir, aonde
pretende chegar e qual a importância da psicomotricidade nas séries iniciais do
Ensino Fundamental.
Segundo Fonseca (2004, p.13), a Psicomotricidade inicialmente foi
vista como prescrição da medicina psiquiátrica – por Dupré, em 1920 –, atingiu
com Wallon (1925; 1934; 1947) e Ajuriaguerra (1977; 1988) uma dimensão
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teórico-prática, sobre o desenvolvimento humano, significativa, educativa,
reeducativa e psicoterapêutica.
A Psicomotricidade, em sua ação educativa, pretende atingir a
organização psicomotora da noção do corpo como marco espaço temporal do
“eu” (entendido como unidade psicossomática). Esse marco é fundamental ao
processo de conduta ou de aprendizagem, pois, busca conhecer o corpo nas
suas múltiplas relações: perceptiva, simbólica e conceitual, que constituem um
esquema representacional e uma vivência indispensável à integração, à
elaboração e à expressão de qualquer ato ou gesto intencional. Para Galvão a
Psicomotricidade pode ser vista como a ciência que estabelece a relação do
homem com o meio interno e externo:
Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. È sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o cognitivo (GALVÂO, 1995, p. 10).
A Psicomotricidade é um termo empregado para uma concepção de
movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo
sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua
socialização.
A Psicomotricidade permite ao homem sentir-se bem com sua
realidade corporal, possibilitando-lhe a livre expressão de seus sentimentos,
pensamentos, conceitos, ideologias. Mesmo que a Psicomotricidade assuma
grande importância na resolução de problemas encontrados em sala de aula,
ela necessariamente não é única solução para as Dificuldades de
Aprendizagem, mas sim o meio de auxiliar a criança a superar os obstáculos e
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prevenir possíveis inadaptações. Assim, essa procura proporciona ao aluno
algumas condições mínimas a um bom desempenho escolar e aumenta seu
potencial motor dando-lhe recursos para que o aluno obtenha progresso no
âmbito escolar.
Através da Psicomotricidade pode-se estimular e reeducar os
movimentos da criança. A estimulação psicomotriz educacional se dirige a
indivíduos sãos, através de um trabalho orientado à atividade motriz e as
brincadeiras. Na reeducação psicomotriz se trabalha com indivíduos que
apresentam alguma deficiência, transtornos ou atrasos no desenvolvimento.
Tratam-se corporalmente mediante uma intervenção clínica realizada por um
profissional especializado.
“O indivíduo não é feito de uma só vez, mas se constrói, através da interação com o meio e de suas próprias realizações”. (Fonseca, 2004, p.19).
Diante desta visão, a Psicomotricidade desempenha papel
fundamental, pois o movimento é um suporte que ajuda a criança a adquirir o
conhecimento de mundo que a rodeia através de seu corpo, de suas
percepções e sensações. Por esse motivo, a educação psicomotora tem sido
enfatizada em várias instituições escolares, aplicada nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, fase em que as crianças estão descobrindo a si mesmo e
o mundo em que vive.
Neuropsiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos reforçam cada vez
mais a importância do capital do desenvolvimento psicomotor durante os
primeiros anos de vida, entendendo que é nesse momento que as aquisições
são extremamente significativas a nível físico. Essas que marcam conquistas
igualmente importantes no universo emocional e intelectual.
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Sendo assim, instituições de ensino buscam oportunizar as crianças
condições de desenvolverem capacidades básicas, aumentar seu potencial
motor, utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como
as intelectuais, como também sanar as Dificuldades de Aprendizagem
apresentadas pelos alunos.
Para que esses objetivos sejam alcançados, as escolas estão
adotando metodologias que visem o desenvolvimento motor através de uma
série de exercícios psicomotores, jogos e brincadeiras. Essas atividades além
de desenvolverem as estruturas físicas, também auxiliam na maturação mental,
afetiva e social. No entanto, Negrine faz algumas observações sobre a adoção
das metodologias pelos professores:
Seja qual for à experiência proposta e o método adotado, o educador deverá levar em consideração as funções psicomotoras (esquema corporal, lateralidade, equilíbrio, etc.) que pretende reforçar nas crianças com as quais está trabalhando. Mesmo levando em conta que, em qualquer exercício ou atividade proposta, uma função psicomotora sempre se encontra associada a outras, o professor deverá estar consciente do que exatamente está almejando e onde pretende chegar. (NEGRINE, 1995, p.:25).
Contudo, em se tratando de educação psicomotora é importante
ressaltar nesse aspecto, que o professor primeiramente precisa conhecer sobre
o desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras, para posteriormente
organizar o seu planejamento de aulas.
O professor precisa ter muito claro qual o caminho a seguir, quais as
necessidades de seus alunos naquela etapa do desenvolvimento em
que se encontram e o que pretende alcançar com a realização de determinada
atividade, ou melhor, se sua proposta de trabalho está realmente de acordo
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com as necessidades daquele grupo. Acontece, muitas vezes, uma busca por
receitas, como os procedimentos de um jogo, por exemplo. Porém, dessa
forma, o professor acaba esquecendo-se da base fundamental, a
instrumentalização teórica. De nada adianta conhecer a brincadeira ou o jogo
psicomotor, se não souber aplicá-lo com significados no processo de ensino-
aprendizagem. Lapierre em relação às Dificuldades de Aprendizagem
menciona:
Nós deveríamos levar mais longe essa lógica; se a criança tem deficiências que a impedem de chegar ao cognitivo, é porque o ensino que recebeu não respeitou as etapas de seu desenvolvimento psicomotor. Sob o aspecto da prevenção, passaríamos da reeducação à educação psicomotora. Portanto, torna-se importante estudar as funções psicomotoras, bem como sua importância para o desenvolvimento infantil. (LAPIERRE, 2002, p. 25).
É importante o educador conhecer as funções psicomotoras e qual a
sua contribuição para o crescimento infantil, pois sem esse conhecimento, o
professor, poderá pular etapas do desenvolvimento motor o que causará
problemas futuramente as crianças.
Seguindo esse viés sobre ação educativa como reeducativa, é
interessante destacarmos a visão proposta por Le Boulch (1984), sobre a união
do aspecto funcional ao afetivo. Segundo o médico e professor de Educação
Física, tanto o aspecto funcional como o afetivo devem caminhar lado a lado
para que o desenvolvimento infantil seja completo.
Por meio do vínculo afetivo ou relacional podemos entender a
relação da criança com o adulto, com o ambiente físico e com as outras
crianças. A maneira como o educador penetra no universo da criança assume
aqui um aspecto essencial. É muito importante que o professor demonstre
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carinho e aceitação integral do aluno para que este passe a confiar mais em si
mesmo e consiga expandir-se e equilibrar-se. O bom desenvolvimento da
afetividade é expresso através da postura, das atividades e do comportamento.
Um educador, a partir de um bom conhecimento do desenvolvimento
do aluno, poderá estimulá-lo de maneira que as áreas motricidade, cognição,
afetividade e linguagem estejam interligadas.
O aluno irá se sentir bem na medida em que se desenvolver
integralmente através de suas próprias experiências, da manipulação
adequada e constante dos materiais que o cercam e também das
oportunidades de descobrir-se. E isso será mais fácil de conseguir se estiverem
satisfeitas suas necessidades afetivas, sem bloqueios e sem desequilíbrios
tônico-emocionais. Nesse sentido, pode-se afirmar o cuidado especial que se
deve tomar com as crianças sem seus primeiros anos de escolaridade.
Muitas Dificuldades de Aprendizagem podem surgir com uma
aprendizagem falha na escola. Está certo que algumas habilidades motoras
começam a ser desenvolvidas na família, mas não se pode negar a importância
dos primeiros anos de escolaridade.
Por outro lado, também há alunos que já vão para a escola com
problemas motores que prejudicam seu aprendizado. Existem alguns pré-
requisitos, do ponto de vista psicomotor, para que uma criança tenha uma
aprendizagem significativa em sala de aula. É necessário que, como condição
mínima, ela possua um bom domínio do gesto e do instrumento. Isso significa
que precisará usar as mãos para escrever e, portanto, deverá ter uma boa
coordenação fina. Ela terá mais habilidade para manipular os objetos de sala
de aula, como lápis, borracha, régua, se estiver ciente de suas mãos como
parte de seu corpo e tiver desenvolvido padrões específicos de movimentos.
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É importante, também, que ela tenha uma boa coordenação global,
saindo-se bem ao se deslocar, transportar objetos e se movimentar em sala de
aula e no recreio. Muitos dos jogos e brincadeiras, realizados nos pátios das
escolas, são, na verdade, uma preparação para uma aprendizagem posterior.
Com eles, a criança pode adquirir noções de localização, lateralidade,
dominância e, consequentemente, orientação espaço-temporal.
Um fator importante para a educação escolar é o desenvolvimento
do sentido de espaço e tempo. Uma boa orientação espacial poderá capacitá-la
a orientar-se no meio com desenvoltura. Do movimento que transcorre surgem
às noções de tempo, duração de intervalos, sequência, ordenação e ritmo.
Outro elemento importante, também como pré-requisito para uma boa
aprendizagem, é a acuidade auditiva e visual, mas só é possível propiciar estes
estímulos se eles estiverem integrados e bem orientados.
O aluno, ao perceber que tem dificuldades em sua aprendizagem,
muitas vezes começa a apresentar desinteresse, irresponsabilidade,
agressividade, hiperatividade, baixo nível de atenção, dificuldade para seguir
instruções, imaturidade social, dificuldade com a conversação, inflexibilidade,
fraco planejamento e habilidades organizacionais, distração, falta de destreza,
falta de controle dos impulsos, entre outros.
A dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo
rendimento por vontade própria, cabendo ao professor identificar as
Dificuldades de Aprendizagem do aluno buscando formas de auxiliá-lo.
É através do olhar atento do professor, enquanto mediador do
processo formal de ensino-aprendizagem, que se perceberá a evolução do
processo de construção do conhecimento do aluno ou as Dificuldades de
Aprendizagem geradas por ele, identificando os problemas que possam se
apresentar, através de uma investigação minuciosa de como cada criança se
apropria do conhecimento, procurando descobrir as potencialidades e
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limitações, habilidades e fraquezas de cada criança sob todos os aspectos que
envolvem este intrincado processo, que é o do aprendizado.
A Psicomotricidade infantil, como estimulação aos movimentos da
criança, tem como meta: motivar a capacidade sensitiva através das sensações
e relações entre o corpo e o exterior (o outro e as coisas); cultivar a capacidade
perceptiva através do conhecimento dos movimentos e da resposta corporal;
organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos através
de sinais, símbolos, e da utilização de objetos reais e imaginários; fazer com
que as crianças possam descobrir e expressar suas capacidades, através da
ação criativa e da expressão da emoção; ampliar e valorizar a identidade
própria e a autoestima dentro da pluralidade grupal; criar segurança e
expressar-se através de diversas formas como um ser valioso, único e
exclusivo e uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos
demais.
Deste modo, com o trabalho adequado da Psicomotricidade em sala
de aula e com o auxilio e dedicação do educador poderá amenizar as
Dificuldades de Aprendizagem presenciadas pelos educandos, diminuindo o
fracasso escolar, contribuindo para uma educação de qualidade.
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CONCLUSÃO
Após análise das informações coletadas, cujo objetivo foi verificar as
causas e implicações das Dificuldades de Aprendizagem, identificar as
problemáticas que afetam os alunos portadores dessas dificuldades e avaliar a
posição do psicomotricista, diante uma situação dessas, pude perceber que
não existe um único “culpado” pelo surgimento da Dificuldade de
Aprendizagem na criança.
Atualmente, a sociedade do conhecimento e da informação exige
cada vez mais rapidez na atividade intelectual, prescindindo da atividade
motora, é claro que as consequências se apresentam no tempo. E na
educação?
A escola ainda mantém o caráter mecanicista instalado, ignorando a
psicomotricidade nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Os professores
preocupados com a leitura e a escrita, muitas vezes não sabem como resolver
as dificuldades apresentadas por alguns alunos, rotulando-os. Na realidade,
muitas dessas Dificuldades de Aprendizagem poderiam ser resolvidas na
própria escola e até evitadas precocemente se houvesse um olhar atento e
qualificado dos agentes educacionais para o desenvolvimento psicomotor.
Entendemos hoje que a Psicomotricidade, oportunizando as crianças
condições de desenvolver capacidades básicas, aumentando seu potencial
motor, utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como
as intelectuais ajudaria a sanar estas dificuldades. Enfim, estimular atividades
corporais, para além da sala de aula, propiciando experiências que favorecerão
a motricidade fina, auxiliariam os alunos de ritmo normal e os de aprendizagem
lenta a vencer melhor os desafios da leitura e da escrita.
A atitude da escola frente à espontaneidade do movimento de cada
criança poderá senão determinar, pelo menos influenciar fortemente o rumo do
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processo de aprendizagem da criança. A escola que trabalha com especial
atenção para o desenvolvimento psicomotor da criança tende a contribuir no
bom aprendizado.
A educação psicomotora ajuda a adquirir o estágio de perfeição
motora até o final da infância, nos seus aspectos neurológicos de maturação,
nos planos rítmicos e espacial, no plano da palavra e no plano corporal.
Portanto, para a Psicomotricidade interessa o indivíduo como um
todo, procurando auxiliar se um problema está no corpo, na área da inteligência
ou na afetividade, então definir quais atividades devem ser desenvolvidas para
superar tal problema. O ideal seria que todos os educadores tivessem como
alicerce para as suas atividades a Psicomotricidade, pois fariam com que as
crianças tivessem liberdade de realizar experiência com o corpo, sendo
indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais.
A autencidade e a cumplicidade das relações no campo educacional,
que podem ocorrer espontaneamente, favorecem enormemente o
desenvolvimento das habilidades psicomotoras de forma altamente
significativa, facilitando assim, a aprendizagem e o desenvolvimento global das
crianças.
No decorrer da pesquisa observei que o bom desenvolvimento motor
contribui futuramente para o desenvolvimento não só físico, mas
consequentemente afetivo e cognitivo da criança.
Também notei que o desenvolvimento motor pode ser alterado por
condições biológicas ou ambientais, podendo impedir que a criança se
desenvolva como seus companheiros da mesma idade.
Mas, felizmente, a partir de estudos e pesquisas aprofundadas, os
cientistas compreenderam essas alterações, e puderam elaborar soluções
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clínicas e preventivas, no qual auxiliam no pleno desenvolvimento motor dos
indivíduos.
A partir dessa descoberta, elaborou-se o conceito da educação
psicomotora, no qual foi atribuído o principal objetivo, que é ajudar a criança
chegar a uma imagem do corpo operatório, permitindo que ela se desenvolva
da melhor maneira possível, tirando o melhor partido de todos os seus
recursos, preparando -a para a nova etapa do desenvolvimento motor, afetivo e
cognitivo.
Como argumenta Le Bouch (1984), a educação psicomotora
atingirá seus objetivos quando trabalhada na escola, nas séries inicias, pois é
nessa fase que a criança passa a conhecer a si, seu corpo, suas vontades,
constrói sua personalidade, definindo conceitos, pensamentos, ideias, crenças,
enfim, torna-se um ser consciente.
Entretanto, a educação psicomotora assumirá suas supostas
funções: (estimuladora, [re] educadora e terapêutica), quando o docente,
primeiramente, conhecer o desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras,
e posteriormente seus alunos, principalmente as dificuldades apresentadas por
eles, para que assim possam organizar o seu planejamento de aulas e garantir
uma aprendizagem de qualidade.
Pude, ainda, com essa pesquisa aprender mais sobre os mistérios
dos movimentos do corpo que estão interligados com as demais áreas do
conhecimento, como a linguagem oral, a escrita, as artes visuais, o raciocínio
lógico-matemático entre outros, o que me tornou ainda mais habilitada para
executar meu trabalho junto às crianças, das quais sou responsável.
Constatei que, por mais que se fale de objetivos para serem
alcançados em relação à psicomotricidade, cada pessoa tem a sua hora, a sua
maturidade física e pedagógica e ela deve ser respeitada.
-
42
BIBLIOGRAFIA
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ALVES, Fátima. Como Aplicar a Psicomotricidade – Uma Atividade
Multidisciplinar com Amor e União. Rio de Janeiro: Wak, 2011.
COSTE, J.C. A Psicomotricidade. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.
CRUZ, V. Problemas de Aprendizagem e Aspectos da Definição das DA,
Comunicação Apresentada na Acção de Formação Dificuldades de
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DE MEUR, A.; STAES, L. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. Rio de
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FONSECA, V. da. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
FONSECA, V. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre:
Artmed, 1995.
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. São Paulo: Cortez, 1990.
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LAPIERRE, A. Da Psicomotricidade Relacional à Análise Corporal da Relação.
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-
43
LE BOULCH, Jean. A Educação pelo Movimento: A Psicocinética na Idade
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NEGRINE, Airton. Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil: Psicomotricidade
Alternativas Pedagógicas. Porto alegre: Prodil, 1995.
www.aap.org
www.ebah.com.br
www.institutoatual.com.br
www.psicomotricidade.com.br
http://www.institutoatual.com.br/
-
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O QUE É PSICOMOTRICIDADE 11
CAPÍTULO II
AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 17
CAPÍTULO III
O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA 27
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 44
AGRADECIMENTOSSUMÁRIOCAPÍTULO I- O QUE É PSICOMOTRICIDADE 11CAPÍTULO II - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 17CAPÍTULO III – O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA 27
CONCLUSÃO 39BIBLIOGRAFIA 42ÍNDICE 44FOLHA DE ROSTO 2AGRADECIMENTO 3
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