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ORIENTADOR:
Prof. Vilson Sérgio
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM ALUNOS COM
HIDROCEFALIA
Prof.ª Luciana Francisca Cabral
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Luciana Francisca Cabral
AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM ALUNOS COM
HIDROCEFALIA
Rio de Janeiro 2016
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela oportunidade de aprendizado, ao meu marido pelo incentivo e, também, aos professores e amigos pela colaboração.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido pelo seu carinho e apoio incondicional. Aos meus alunos especiais por me motivarem a vencer mais um desafio.
5
RESUMO
O presente trabalho refere-se a um estudo sobre a ação
psicopedagógica em alunos com hidrocefalia.
A dificuldade de aprendizagem é muito comum em crianças que
receberam esse diagnóstico em virtude de a lesão afetar o cérebro, alterando
estruturas integrantes do sistema nervoso fundamentais para o processo de
aprendizagem.
Esta pesquisa aponta as implicações dessa patologia no processo
de aprendizagem, tomando como base os aspectos neurocientíficos, além de
propor medidas de intervenções psicopedagógicas.
Para alcançar estes objetivos, foi realizada uma pesquisa
bibliográfica baseando-se em estudos de especialistas da área da saúde que
vêm contribuindo para melhorar a qualidade de vida de crianças hidrocefálicas,
como neurologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e neurocientistas.
Palavras-chave: Mediação psicopedagógica; hidrocefalia; aprendizagem.
6
METODOLOGIA
Para a elaboração deste trabalho, realizaremos leituras de diversas
bibliografias relacionadas com o tema proposto. Trata-se de uma pesquisa
bibliográfica cuja pretensão, mais do que apontar caminhos, é de ser um
instrumento de reflexão para todos os profissionais envolvidos no processo de
ensino-aprendizagem.
No que se refere à abordagem teórica, basearemos a pesquisa nos
seguintes autores: Marta Pires Relvas (Neuroaprendizagem na escola
inclusiva); Geraldo Peçanha de Almeida (Neurociência e a aprendizagem),
Simaia Sampaio (Dificuldade de aprendizagem e atividades
neuropsicopedagógicas de intervenção e reabilitação); entre outros; além de
artigos e sites acadêmicos de especialistas da área da saúde que contribuem
para melhorar a qualidade de vida de crianças diagnosticadas com hidrocefalia,
como neurologistas, enfermeiros, fonoaudiólogos e psicólogos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A RELAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO COM A APRENDIZAGEM
1.1. O Processo da Aprendizagem na Visão da Neurociência 9
1.2. Como o Sujeito aprende? 18
CAPÍTULO II
HIDROCEFALIA: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
2.1. O que é Hidrocefalia? 23
2.2. Como a Hidrocefalia Pode Interferir na Aprendizagem? 26
2.2.1. Hidrocefalia e as Complicações na Linguagem e Escrita 27
CAPÍTULO III
PROPOSTAS PSICOPEDAGÓGICAS PARA ALUNOS COM HIDROCEFALIA
3.1. A Utilização de Exercícios Para Estimulação Cerebral 31
3.2. A Importância do lúdico Em Atividades Psicopedagógicas 33
CONCLUSÃO 41
REFERÊNCIAS 45
ÍNDICE DE FIGURAS 47
8
INTRODUÇÃO
Constata-se que a dificuldade de aprendizagem é uma questão que
se apresenta e pode ser identificada na trajetória acadêmica e social, visto que
envolve o desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Nesse contexto, a atuação
psicopedagógica é relevante, pois, através de um olhar diferenciado e
aplicação de técnicas específicas, é possível atuar como mediador no sentido
de identificar as dificuldades que o aluno apresenta e propor estratégias que
favoreçam a acessibilidade aos conteúdos curriculares.
Nesse sentido, faz-se necessário termos o entendimento das
disfunções e/ou distúrbios que interferem na aprendizagem, visando, dessa
forma, atender às diferenças e ressignificar informações pertinentes ao
conteúdo curricular, pensando em promover a adaptação do contexto escolar
aos alunos especiais.
É importante termos em mente que a proposta de inclusão é acolher
e dar condições para que os alunos possam exercer seus direitos de forma
plena, para que a inclusão não seja meramente formalidade.
Em função da realidade do fracasso escolar, a importância da
intervenção psicopedagógica vem sendo debatida. Sendo assim, este trabalho
mostra-se relevante, pois traz como questão central as implicações que a
hidrocefalia pode causar no processo de aprendizagem de alunos que
receberam esse diagnóstico na primeira infância, com o objetivo de apontar
caminhos para a prática de ensino.
Este trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo
destina-se a analisar o desenvolvimento das habilidades que propiciam o
processo de aprendizagem de forma geral. O segundo capítulo visa
compreender a hidrocefalia e as possíveis complicações cognitivas. No terceiro
capítulo, propõem-se medidas de intervenção psicopedagógicas em alunos
com hidrocefalia.
9
CAPÍTULO I
A RELAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO COM A
APRENDIZAGEM
1.1. O Processo da Aprendizagem na Visão da Neurociência
A neurociência estuda o funcionamento do sistema nervoso, ou seja,
a sua estrutura, o seu funcionamento e a relação com o comportamento e com
a mente; assim como suas alterações. Dentro da neurociência, existem
estudos específicos, como: fisiologia, comportamento, farmacologia,
aprendizagem, entre outros. No entanto, a área que abordaremos refere-se ao
aprendizado.
Conforme nos esclarece Pereira (2014):
[...] a Neurociência objetiva explicar, modelar e descrever os mecanismos neurais que sustentam os atos perceptivos, cognitivos ou motores, disponibilizando os fundamentos necessários à orientação de aprendizagem. (PEREIRA, 2014, p. 146)
No campo da Neurociência, encontra-se o estudo da
neuroaprendizagem que tem nos revelado aspectos importantes do cérebro e
apontado caminhos que nos possibilitam investigar como o sujeito aprende.
Nesse sentido, é possível refletirmos o processo de inclusão e, ao mesmo
tempo, corroborarmos informações válidas que nos facilitarão compreender o
processo cognitivo dos alunos com distúrbios e dificuldades de aprendizagem.
Sob o ponto de vista de autores que analisam a dificuldade de
aprendizagem, o emocional tem forte impacto sobre o cognitivo. Entretanto,
constata-se que as instituições de ensino não priorizam a educação emocional;
sequer a emoção do aluno é levada em consideração durante o processo de
aprendizagem.
De acordo com Fonseca (2007), a dificuldade de aprendizagem é
um tema de reflexão interdisciplinar e complexa porque o sujeito no seu
10
processo de aprendizagem articula combinações únicas e talentos individuais.
O autor citado, define as dificuldades de aprendizagem como:
[L] conjunto heterogêneo de desordens, perturbações, transtornos, incapacidades, ou outras expressões de significados similar ou próximo, manifestando, dificuldades significativas, e ou específicas, no processo de aprendizagem verbal, isto é, na aquisição, integração e expressão de uma ou mais, das seguintes habilidades simbólicas: compreensão auditiva, fala, leitura, escrita e cálculo. (FONSECA, 2007, p. 136)
Esse autor traça um paralelo entre o processo de aprendizagem e a
integridade do cérebro. Menciona, ainda, uma analogia entre as dificuldades de
aprendizagem e as disfunções cerebrais. Sobretudo, explica tais processos
levando em consideração as relações intra e inter-hemisféricas que ocorrem no
cérebro. Assim sendo, nos esclarece que, apesar das contribuições, das
diversas investigações e explicações teóricas sobre esse assunto, existem
muitos abismos para compreendermos a sua complexidade; por isso a
ineficácia dos instrumentos de diagnósticos de intervenção.
Na visão de Relvas (2014, p. 23), em relação as dificuldades de
aprendizagem, existem patologias que se combinam em diferentes graus de
intensidade e, às vezes, são concomitantes, pois trazem um comprometimento
neurobiológico na estrutura cerebral. A autora ressalta a importância de
estudarmos a neuroaprendizagem cognitiva e a define da seguinte forma:
[L] o estudo científico da aprendizagem que promove ao educador acompanhar os diversos desempenhos escolares dos estudantes na sala de aula, reconhecendo as áreas específicas do cérebro que poderão ser estimuladas no ato de aprender. (RELVAS, 2014, p. 20)
É imperativo ressaltar a contribuição da neuroaprendizagem, pois,
ao mesmo tempo que nos possibilita reconhecer as áreas do cérebro para que
possam ser estimuladas, nos permite compreender os diversos transtornos que
dificultam o acesso ao conhecimento.
A autora segue analisando que qualquer alteração no funcionamento
do cérebro acarreta perda significativa no que se refere à qualidade de vida do
indivíduo, pois áreas importantes do cérebro responsáveis pela atenção,
11
orientação, percepção, memória, linguagem, entre outras, são fundamentais
para que ocorra a aprendizagem.
Almeida (2015, p. 23), em seus estudos, destaca as áreas cerebrais
responsáveis pelas atitudes e pelo comportamento humano; é possível que em
uma mesma área, dentro do cérebro, ocorra atividades diferentes. Por
conseguinte, verifica-se que existem partes delimitadas no cérebro, nas quais
atividades específicas de comando são processadas. Desse modo, devemos
lembrar que todo o comando do corpo humano, seja ele sensitivo ou motor,
está ocorrendo em local específico do nervo craniano.
A contribuição de Almeida ocorre em função de ele analisar a
construção do aprendizado infantil concomitantemente com o desenvolvimento
do cérebro. Para tanto, é necessário que ocorra a transmissão sináptica no
sistema nervoso por meio de impulso elétrico ou químico. A seguir,
abordaremos brevemente a formação do Sistema Nervoso.
O Sistema Nervoso é dividido em: Sistema Nervoso Central (SNC) e
Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC é composto pela medula espinhal,
cérebro, bulbo, cerebelo e ponte. O SNP é formado pelo Sistema Nervoso
Voluntário, Sistema Nervoso Autônomo e Arco Reflexo.
Encontram-se, nesse sistema, os neurônios — unidade funcional —
e as células da glia ou neuróglia. Os neurônios são as células responsáveis
pela recepção e transmissão dos estímulos que recebemos do meio interno e
externo, são células compostas de um corpo celular e de finos prolongamentos
celulares chamados de neuritos. Estes podem ser subdivididos em: dendritos,
prolongamentos ramificados que funcionam como receptores de estímulos, e
axônios, prolongamentos que atuam como condutores dos impulsos nervosos.
Por conseguinte, a área de passagem do impulso nervoso de um neurônio para
a célula próxima denomina-se sinapse. Sendo assim, “Sinapse é um tipo de
junção especializada em que um terminal axonal faz contato com outro
neurônio ou tipo celular [...]” (TARCITANO, 2014, p. 219). O autor citado nos
explica que a cada experiência as redes de neurônios são rearranjadas,
favorecendo novas sinapses.
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Todas as ligações bioquímicas são fundamentais no processo de
aprendizagem. Logo, caso ocorra no circuito neurobiológico das estruturas e
funções do cérebro um bloqueio nos circuitos neurais, problemas emocionais
como depressão, fobias, entre outros, podem surgir (RELVAS, 2014, p. 31).
Em função de tudo que já foi mencionado, devemos destacar a
importância da saúde mental no que se refere à preservação do cérebro, órgão
essencial à vida. Esse órgão regula todas as nossas atividades mentais e
corporais, deste modo, a sua importância é inquestionável, pois sabemos que é
por meio dele que conseguimos nos mover, perceber e interpretar o mundo no
qual vivemos. A consciência de quem somos, o nosso pensamento e emoções,
tudo isso é regulado pelo cérebro. Sendo assim, abordaremos como é
composto o cérebro humano.
Há dentro da caixa craniana o que denominamos de massa cinzenta
e massa branca, sendo dividido em dois hemisférios por intermédio do corpo
caloso, além do tronco encefálico e cerebelo.
De acordo com neurologistas, as funções das áreas corticais formam
a base do processo de aprendizagem. Por esse motivo, apontaremos algumas
estruturas integrantes do sistema nervoso, fundamentais para o processo de
aprendizagem, pois nessas estruturas ocorrem as conexões cerebrais.
Começaremos definindo o córtex cerebral que é a fina camada de
substância cinzenta que reveste o centro branco medular de todo o encéfalo
(SANTOS, 2002). Ele pode ser dividido em numerosas áreas, em função de
sua complexidade, possibilitando vários mapas de compartimentos. Entretanto,
esta é a divisão mais utilizada.
O córtex cerebral é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais,
cada qual assume funções específicas: Frontal; Occipitais; Temporais e
Parietais, como visto na imagem abaixo:
13
Figura 1: Divisão do córtex cerebral Fonte: http://2.bp.blogspot.com/
Córtex pré-frontal: trata-se de um tecido com uma espessura entre
1 e 4 mm e estrutura laminar composta por 6 camadas distintas de diferentes
tipos de corpos celulares. É constituído por células neuróglias e neurônios.
As células neuróglias têm como função nutrir, isolar e proteger os neurônios.
De acordo com estudos, a importância do córtex pré-frontal na aprendizagem é
que ele comanda a capacidade de raciocinar, de resolver problemas e
determina as respostas do comportamento do indivíduo ao estímulo recebido.
Lobo frontal: localizado na parte da frente do cérebro; nele estão
incluídos o córtex motor e o córtex pré-frontal. Tem como função o
desenvolvimento do pensamento, da linguagem, da criatividade, da abstração,
respostas afetivas, julgamentos sociais, assim como determinação para
executar ações e atenção seletiva.
Toda nossa coordenação e motricidade é controlada pelo córtex
motor, principal região do cérebro, responsável por movimentos como andar,
correr, entre outros. Nesse contexto, o córtex motor do hemisfério direito
controla o lado esquerdo do corpo, enquanto o do hemisfério esquerdo controla
o lado direito. De acordo com o professor de psicopatologia da UNICAMP,
Dalgalarrondo (2008, p. 189), a apraxia da marcha caracterizada como a
incapacidade para iniciar o movimento e organizar a atividade gestual da
marcha é o resultado de lesões dos lobos frontais e subcorticais e de
alterações ligados à hidrocefalia de pressão normal.
É válido ressaltar que os neurônios dessa região estão diretamente
conectados com o cerebelo. Portanto, a aprendizagem motora e os
movimentos de precisão são executados pelo córtex pré-motor, que fica mais
14
ativo do que o restante do cérebro no momento em que o indivíduo executa um
movimento somente na imaginação, ou seja, sem executá-lo.
Segundo pesquisas nessa área, toda vez que um indivíduo realiza
uma atividade difícil que exige esforço para descobrir como resolvê-la, a
atividade no lobo frontal aumenta, visto que o córtex frontal é ativado sempre
que escolhemos, decidimos e avaliamos os resultados.
Para os psicólogos, o lobo frontal é considerado o centro de controle
emocional e área relacionada com a personalidade; já que, além das funções já
mencionadas, são atribuídas a ele outras funções, como: o controle de
impulsos e comportamentos sociais e sexuais (DREWS, 2008).
Assim, alunos que tenham sofrido traumas ou lesões no lobo frontal
poderão apresentar dificuldade na função motora referente à execução de
movimentos finos e na força dos braços, alterando a grafia e a habilidade de
desenhar e recortar, por exemplo.
De acordo com neurocientistas, lesões nessa área podem causar
impacto no pensamento divergente, ou na flexibilidade, na habilidade de
resolver problemas, interferindo na atenção e na memória.
Outro problema detectado por estudiosos refere-se ao prejuízo na
habilidade de interpretar respostas ambientais que certamente interferirá no
aprendizado das ciências humanas, visto que o aluno poderá ter dificuldades
de fazer associações e interpretações.
Lobos Occipitais: localizam-se na parte inferior do cérebro, sendo
coberto pelo córtex cerebral. É importante destacar as funções do lobo occipital
sensitivo; suas principais funções são realizar: a integração visual, a percepção
do movimento, a rotação e perseguição visual; além de identificar figuras de
fundo, reconhecer as relações espaciais e perceber velocidades.
Os lobos occipitais também são conhecidos como córtex visual
porque processam os estímulos visuais captados pelos nossos olhos. Desse
modo, existem nos lobos occipitais subáreas que são responsáveis por
processar os dados visuais que recebemos do meio externo, após terem
passado pelo tálamo, visto que há relações entre este e o córtex cerebral. O
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tálamo é necessário para quase todas as funções corticais, ou seja, há
comunicações em duas direções: córtex-tálamo, uma vez que cada área do
córtex cerebral é conectada a uma parte específica do tálamo.
O lobo occipital é dividido em dois lóbulos laterais, direito e esquerdo,
relacionados com os hemisférios cerebrais direito e esquerdo. Como já
afirmamos, a função principal do lóbulo occipital é a visão e tudo que se
relaciona ao processamento visual. Consequentemente, ele nos permite
distinguir e compreender as mais diversas tonalidades de cores existentes na
natureza. Verifica-se que esse lobo assume outra função relevante que é a
capacidade de interpretar o que se vê, ou seja, é através dele que
conseguimos compreender e diferenciar as formas. Sendo assim, lesões nessa
parte do cérebro podem afetar a visão e/ou a capacidade do indivíduo de
compreender o que está vendo e de realizar a discriminação de cores.
Lobos temporais: localizam-se nas partes laterais de cada
hemisfério do cérebro. Nesses lóbulos, também, encontra-se área de
associação denominada de auditiva secundária; esta tem a função de
processar os sons que captamos do meio ambiente. Desse modo, é possível
fazermos a distinção dos sons que conhecemos, isto nos possibilita
reconhecermos tudo que ouvimos. A outra função é de processar informações
visuais.
Drews (2008), em seu artigo, destaca pesquisas que apontam oito
sintomas relacionados com lesões nessa região, os quais interferem
diretamente na aquisição do conhecimento. São eles: perturbações na
sensação e percepção auditiva, alteração na atenção seletiva de inputs
auditivos e visuais, desordem na percepção visual, perturbação na organização
do material verbal, na compreensão da linguagem, na memória de longo prazo,
alterações na personalidade, no comportamento afetivo e no comportamento
sexual.
Pesquisas indicam que crianças com lesões nessa região podem
apresentar perda na lembrança de conteúdos verbais e visuais, perda no
reconhecimento de sequências tonais, dificuldade na categorização de
palavras e figuras em função da alteração e perdas no material mnemônico e
16
verbal. Pressupõe-se que o desenvolvimento da habilidade de compreender e
distinguir fonemas depende do bom funcionamento desses lóbulos.
Lobos parietais: localizam-se na parte superior da caixa craniana.
Podem ser divididos em duas subáreas: a anterior e a posterior. A área anterior,
denominada córtex somatossensorial, tem como função operar as informações
sensoriais formando, assim, uma única percepção, a qual denominamos de
cognição. Contudo, a segunda área é responsável por elaborar um sistema
compreendido como coordenada espaciais, a qual representa o mundo que
vivemos (DREWS, 2008). Em outras palavras, a segunda área analisa,
interpreta e integra as informações recebidas pela área anterior ou primária,
permitindo-nos a localização do corpo no espaço.
Drews (2008) nos esclarece que pessoas com lesões nessa região
geralmente apresentam anormalidades ligadas à imagem corporal e às
relações espaciais. O autor segue descrevendo as síndromes ligadas aos lobos
parietais. Vejamos a seguir:
A Síndrome de Gerstmann ocorre em função de danos no lobo
parietal esquerdo, próximo ao lobo temporal. Pode causar confusão entre
esquerda e direita, perda de memória, dificuldade de escrita (agrafia); assim
como dificuldades com a matemática (acalculia), podendo, também, produzir
desordens na linguagem (afasia) e dificuldades de perceber objetos (agnosia).
Esta última, trata-se de uma perturbação que se caracteriza pelo fato da
pessoa poder ver e sentir os objetos, mas não consegue associá-los ao papel
que habitualmente desempenham nem à sua função, ou seja, consiste na
impossibilidade de identificar as diversas formas existentes na natureza; até
mesmo os sons.
Todavia, agnosia não é uma alteração exclusiva das sensações nem
mesmo da capacidade de perceber objetos, e sim uma alteração intermediária
entre sensação e percepção. É importante ressaltar que a Síndrome de
Gerstmann, também, pode causar dificuldade para falar, ataxia cerebral
(instabilidade), demência progressiva, distúrbios visuais, cegueira e surdez.
Indivíduos com lesões no lobo parietal direito podem apresentar
negligência a uma parte do corpo ou do espaço. Esse distúrbio é denominado
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de Negligência Contratual, o qual interfere nas habilidades de preservação da
saúde, como tomar banho, por exemplo, comprometendo cuidados essenciais
à manutenção do corpo.
A Apraxia Construcional refere-se à “[...] incapacidade de construir
figuras geométricas, montar um cubo ou quebra-cabeças ou desenhar um cubo
ou outras figuras geométricas” (DALGALARRONDO, 2008, p. 189).
De acordo com Flórez e Rodrígues (2000), a Síndrome de Balint
refere-se à incapacidade de o sujeito perceber, por meio da visão, estímulos
simultaneamente em função da paralisia do olhar, a qual impossibilita o
indivíduo de fixar o olhar em um objeto de cada vez.
Nas palavras dos autores citados acima, prejuízo referente ao
processo de aprendizagem é notável, já que o aluno que apresenta essa
síndrome consegue compreender o discurso oral, mas tem dificuldades na
leitura de palavras escritas, pois apresenta progressiva perda na capacidade
de juntar as palavras. Pelo mesmo motivo, a leitura, também, fica
comprometida.
Segundo estudos realizados por neurologistas, indivíduos que
apresentam lesões entre os lobos parietotemporal esquerdo podem ter
problemas na memória verbal e na habilidade de recordar sequências
numéricas. Já os que apresentam danos na área parietotemporal direita
desenvolvem problemas na memória não verbal, podendo apresentar
mudanças pontuais na personalidade. Todavia, lesões na área de associação
parietotemporo-occipital interferem na escrita (alexia e agrafia).
Ademais, faz-se necessário destacarmos uma estrutura fundamental
para o processo de aprendizagem que é a Zona de Wernicke para a qual
convergem informações dos lobos occipitais e temporais. A sua principal
função consiste em propiciar a produção de discursos; assim como organizar
palavras e frases.
1.2. Como o sujeito aprende
Primeiramente, devemos lembrar que o conhecimento não ocorre,
somente, por intermédio das instituições, ou seja, aprendemos com a
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convivência e experiência, pois estamos inseridos em um contexto social. É
válido, também, destacar que o aprendizado ocorre de forma diferente
dependendo das estruturas que envolvem o processo da aprendizagem, como:
atenção, memória e compreensão (RELVAS, 2014, p. 20).
No entanto, as atividades neurocerebrais são fundamentais nesse
processo. Estudos na área da neurociência nos mostram que as atividades
neurocerebrais operacionalizam as nossas ações. Pesquisas apontam a
importância da alimentação e das reações químicas no nosso organismo, além
de nos revelarem o percurso químico, a influência das atividades físicas e do
estresse.
Estamos de acordo com Almeida (2014, p. 44) quando afirma que
talvez a mais importante descoberta da ciência que estuda o cérebro seja a
plasticidade cerebral, pois tem como objetivo compreender como o cérebro se
modela em função das experiências do indivíduo, reformulando as conexões de
acordo com as suas necessidades. Por esse motivo, estudiosos pesquisam a
capacidade regenerativa do cérebro.
Ainda segundo o autor citado, pacientes que sofreram lesões
cerebrais graves, por meio de técnicas de terapia, obtiveram recuperação
motora, na fala e em atividades cognitivas. Essas descobertas abriram
caminhos fundamentais para que educadores pudessem compreender a
dificuldade de aprendizagem levando em consideração aspectos importantes
do funcionamento das atividades cerebrais.
Almeida (2014) segue argumentando que os neurônios podem
migrar para outras áreas cerebrais e que eles podem nascer todos os dias, pois,
estão submetidos à “[L] influência de fatores de crescimento, medicamentos,
atividade física e a desafios intelectuais [...]” (p. 47). Contudo, vale lembrar que
a composição orgânica de cada sujeito é individual; portanto, a possibilidade de
plasticidade do cérebro, também, depende das condições de cada um.
Nesse contexto, a plasticidade sináptica compreendida como
mudanças que ocorrem nas conexões interneurais nos processos envolvendo a
aprendizagem deve ser levada em consideração, pois as sucessivas sinapses
possibilitam o surgimento de novas vias de comunicação entre os neurônios.
19
Em outras palavras, sob o ponto de vista da neurociência, o sistema nervoso é
dinâmico. Logo, o sujeito está aprendendo constantemente.
Pressupõe-se, então, que a aprendizagem desempenha um papel
primordial para a plasticidade neural, visto que os estímulos dos órgãos dos
sentidos estão diretamente conectados aos neurônios sensitivos, motores e de
associação, os quais se localizam no SNP, na medula espinhal e no encéfalo.
Sendo assim, o esforço que o aluno faz para memorizar provoca mudanças
neuroquímicas, bem como a formação de novas sinapses, pois estimulará a
sua aprendizagem que pode estar centrada mais na percepção dos estímulos
visuais e/ou auditivos, por exemplo (ALMEIDA, 2015).
Por tudo isso que já foi mencionado, entendemos que o ato de
aprender passa por estímulos e motivações internas e externas; entretanto,
cada um tem uma forma particular de aprender. Devemos considerar, todavia,
que para ocorrer a aprendizagem é preciso direcionarmos a atenção para o
nosso foco de interesse, pois só assim conseguiremos armazenar na memória
as informações cruciais para a consolidação da aprendizagem.
Nas palavras de Copetti (2009, p. 37), recebemos vários tipos de
informações que chegam até o nosso cérebro através dos sentidos (audição,
olfato, visão, tato e gustação); mas é a atenção que determina o que será
processado pelo cérebro, pois é ela que seleciona as informações que nos
interessam.
Contudo, alguns distúrbios podem interferir nesse processo; e por
este motivo a criança apresentará um déficit atencional, o que significa dizer
que, em termos gerais, ter ou manter a atenção não depende da vontade dela.
Como já afirmamos, para aprender não basta, somente, ter atenção,
o cérebro precisa ser capaz de guardar as informações para utilizá-las de
forma correta. Nesse sentido, Fonseca (2007) afirma que: “Quando se aprende
o cérebro necessita processar o material a ser aprendido, independente de
cada sujeito o realizar de forma diferente, de acordo com a preferência do seu
estilo de aprendizagem” (p. 6). Com base nessa informação, destacamos o
papel da memória no processo de aprendizagem.
20
Almeida (2015, p. 42), em seu livro, reuniu reportagens de
especialistas sobre a memória. Todos são unânimes em ressaltar a relevância
dela para adquirirmos o conhecimento.
A memória está diretamente ligada à aprendizagem, pois além de
possibilitar a retenção do conhecimento, ativa a imaginação, a interpretação, a
problematização, entre outros processos mentais.
Na interpretação de Nunes e Oliveira (2010),
A memória é a capacidade do ser humano de conservar e relembrar mentalmente conhecimentos, conceitos, vivências, fatos, sensações e pensamentos [L]. A memória refere-se, também, à retenção de habilidades adquiridas ou de informação. (NUNES; OLIVEIRA, 2010, p. 61)
Dessa forma, voltamos para a pergunta inicial. Como o sujeito
aprende?
Para tentar responder a essa pergunta, recorreremos aos relatos de
neurocientistas sintetizados por Almeida (2015). Segundo eles, a formação de
uma memória resulta de modificações ativadas por sinal, nas conexões das
redes neurais. Quando uma informação é recebida, as proteínas e os genes
são ativados nos neurônios pós-sinápticos. Proteínas são produzidas e
reencaminhadas pré e pós-sinápticos. Essas proteínas servem ao esforço e à
construção de novas sinapses.
Ainda de acordo com especialistas, toda vez que uma nova memória
é formada, uma rede específica de neurônios é elaborada em diversas
estruturas cerebrais; a lembrança que foi memorizada é registrada da mesma
maneira no córtex, por ser este o local de armazenamento. Destacam, também,
que todas as informações passam pelo hipocampo, estrutura localizada entre
os dois hemisférios; partindo dessa estrutura, espalhando-se por toda
superfície do cérebro (ALMEIDA, 2015, p. 44-45).
Fundamentada nos estudos de Almeida (2015, p. 49-50), podemos
afirmar que existem vários tipos de memórias. No entanto, abordaremos as
principais.
Memória de curto prazo: fica retida no cérebro durante o tempo
necessário para a informação ser processada, mantendo-se poucos segundos
21
ou minutos, e é vulnerável a interferências. Pessoas com lesões no lobo frontal
apresentam problemas nesse tipo de memória.
Memória de longa duração: é a capacidade de recordar informações
mais tardiamente, ou seja, a pessoa consegue reter informações por período
indeterminado e sem necessidade de esforçar-se.
Memória explícita ou declarativa: refere-se à aquisição de fatos, de
experiências e informações, ou seja, é a memória acessível à consciência.
Memória implícita ou não declarativa: refere-se a várias formas de
memória não diretamente acessíveis pela consciência, ou seja, esse tipo de
memória está ligado a procedimentos que dependem do aprendizado ou
habilidades motoras específicas e normalmente requerem múltiplas repetições.
Assim, para que a aprendizagem ocorra, é necessário que a criança
tenha a área da memória preservada. Ademais, faz-se necessário lembrarmos
que ter atenção é fundamental, visto que, segundo os estudos realizados nas
áreas comportamentais e neurofisiológicas, o sistema nervoso só processa
aquilo que o sujeito foca, ou seja, o objeto da sua atenção. Em suma, ter
atenção é imprescindível para que ocorra a memorização e, consequentemente,
o aprendizado.
22
CAPÍTULO II
HIDROCEFALIA: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
2.1. O que é hidrocefalia?
A abordagem da hidrocefalia que apresentaremos a seguir está de
acordo com a visão de neurologistas do hospital Santa Mônica de Goiás que
pesquisaram a relação da hidrocefalia com a dificuldade de aprendizagem.
Posto isso, “Define-se hidrocefalia como aumento da quantidade de Líquido
Cefalorraquidiano (LCR) dentro da caixa craniana, principalmente nas
cavidades ventriculares” (CAVALCANTE et al., 2012, p. 57).
O que é líquido cefalorraquidiano (LCR)? É um líquido que se
encontra nos ventrículos cerebrais, nas cisternas ao redor do encéfalo e no
espaço subaracnoide, ao redor do encéfalo e da medula espinhal. Além de
proteger o cérebro, tem como função remover resíduos metabólicos por meio
da drenagem permanente das cavidades ventriculares, assim como do espaço
subaracnóideo.
A hidrocefalia é uma malformação do SNC, visto que, na pessoa
acometida, o líquido que se forma no interior do cérebro não é absorvido pela
corrente sanguínea; especificamente, pelo sangue venoso. Na imagem abaixo,
observa-se como ocorre a circulação do LCR.
Figura 2: Circulação do líquido cefalorraquidiano Fonte: oimedicina.wordpress.com
Conforme relato dos neurologistas supracitados (CAVALCANTE et
al., 2012), o LCR é produzido nos plexos coroides; seguindo dos ventrículos
23
laterais para o terceiro ventrículo, no qual parte do líquido é adicionado e
depois segue para baixo por meio do aqueduto Sylvius onde mais uma parte é
adicionada. Logo, o LCR sai do quarto ventrículo através de três pequenas
aberturas: dois forames laterais de Luschka e um forame medial de Magendie;
transpondo a cisterna magna, que é um espaço localizado atrás do bulbo e
abaixo do cerebelo. A cisterna magna dá continuidade ao espaço subaracnoide
que permeia todo o encéfalo, assim como a medula espinhal.
Verifica-se que há causas diferentes que explicam o quadro de
hidrocefalia, que pode ser de origem congênita ou adquirida. A primeira ocorre
com o nascimento, a causa exata é normalmente desconhecida, mas pode
estar ligada à genética ou a infecções durante a gravidez. A segunda está
associada a traumas ou doenças que acontecem durante ou após o
nascimento, como, por exemplo, infecção no cérebro ou na coluna vertebral
(meningites), trauma craniano, cisto e/ou tumores cerebrais.
Não obstante, a hidrocefalia pode ser classificada de outra maneira.
A seguir apontaremos, de forma resumida, diferentes causas dessa patologia.
1- Hidrocefalia obstrutiva (não comunicante): causada por um
bloqueio no sistema dos ventrículos do cérebro. Tal bloqueio impede que o
líquido cérebro-espinhal percorra as áreas que cercam o cérebro e a medula
espinhal. Observa-se, nesse caso, a estenose do aqueduto que ocorre por
causa de um estreitamento do aqueduto de Sylvius; trata-se de um canal que
liga dois dos ventrículos cerebrais (cavidade dentro do cérebro).
2- Hidrocefalia não obstrutiva (comunicante): está relacionada com
problemas ligados à produção ou absorção do líquido cérebro-espinhal.
3- Hidrocefalia de pressão normal: é um tipo adquirido de
hidrocefalia comunicante. Constata-se um aumento dos ventrículos, porém,
estes não estão sob alta pressão. Esse tipo é mais comum em idosos.
O quadro clínico mais comum em bebês é: cabeça grande; dilatação
macia e “inchada” em cima da cabeça (fontanela anterior dilatada); irritabilidade;
ataques epiléticos e retardo no desenvolvimento físico e mental. A criança,
também, pode apresentar sonolência, vômitos e falta de apetite. Em
24
adolescentes, além dos sintomas citados, somam-se: zumbidos, alteração na
marcha, queda da própria altura, falta de concentração.
Conforme pesquisas baseadas em procedimentos de autópsia da
UNICAMP1; quando a causa da hidrocefalia é a malformação do aqueduto de
Sylvius ou a malformação de Arnold Chiari, a dilatação ventricular é simétrica,
afetando, porém, sempre com maior intensidade, as regiões posteriores dos
ventrículos laterais (lobos parietais posteriores e occipitais).
Segundo médicos residentes do hospital Santa Mônica de Goiânia
(2012):
As manifestações clínicas dependem da idade da criança. Naquelas em que as suturas ainda não estão fechadas o que chama a atenção é o aumento do perímetro cefálico. Após o fechamento que ocorre a partir dos dois anos de idade, os pacientes podem evoluir com papiledema, perda gradual da visão, distúrbio hipotalâmico, transtorno de aprendizagem e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. (CAVALCANTE et al., 2012, p. 59)
De acordo com o Dr. Charles Kondageski2, neurocirurgião infantil do
Instituto de Neurologia do Hospital Ecoville, existem dois tipos de intervenções
cirúrgicas: derivações liquóricas e as cirurgias endoscópicas. A primeira é feita
com dois cortes, um na cabeça e outro no abdômen, com a finalidade de
introduzir um cateter para drenar o excesso do líquido. Pode-se, também,
utilizar válvulas programáveis que possibilitam o ajuste do ritmo da drenagem.
Todavia, na cirurgia endoscópica, o corte é realizado somente na cabeça, visto
que se introduz um endoscópio nos ventrículos cerebrais para a drenagem do
excesso de líquido.
Pesquisas mostram que a introdução de válvulas na caixa craniana
por meio de cirurgia permite a redução da pressão intracraniana, ou seja, o
tratamento consiste na derivação liquórica. Dessa forma, a interposição de
válvulas drena o LCR para o peritônio (cavidade abdominal) ou para o coração
1 Disponível em: <www.anatpat.unicamp.br/taneumeningite.html>. Acesso em:10/05/2016 2 Disponível em: <www.copacabanarunners.net/hidrocefalia.html>. Acesso em:10/05/2016
25
(átrio direito). Os neurologistas ressaltam que “quanto maior o tempo para o
diagnóstico, maior é a dilatação ventricular e consequentemente maior serão
as lesões encontradas [...]” (CAVALCANTE et al., 2012, p. 60).
Consequentemente, a drenagem do líquido com o auxílio das válvulas melhora
o funcionamento neuroquímico e cognitivo, assim como interfere no
funcionamento neuropsicológico com resultados positivos na memória,
coordenação motora e cognição.
A hidrocefalia pode ser identificada a partir de uma ultrassonografia,
tomografia computadorizada ou ressonância magnética. A imagem abaixo nos
mostra uma tomografia computadorizada: na imagem localizada à esquerda foi
detectado hidrocefalia, e na direita um cérebro normal.
Figura 3: Tomografia computadorizada de hidrocefalia Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:MBq_Hydrocephalus.jpg
2.2. Como a hidrocefalia pode interferir na aprendizagem?
Na opinião de neurologistas do Hospital Santa Mônica
(CAVALCANTE et al., 2012), mesmo após a intervenção cirúrgica, as crianças
com hidrocefalia podem apresentar distúrbios de linguagem, de escrita e de
memória.
Especialistas já demostraram, por meio de pesquisas, que a
dilatação ventricular e hipertensão intracraniana interferem no desenvolvimento
físico e cognitivo; logo, no processo de aprendizagem. Muitos pesquisadores
26
relatam que alunos com hidrocefalia, tanto os que possuem comorbidade ou
não, apresentam comprometimento cognitivo e alteração comportamental.
Sob o ponto de vista da neurociência cognitiva que estuda o
mecanismo cerebral, uma alteração no cérebro pode causar lesões que
alterarão funções importantes para o bom desenvolvimento do indivíduo. Por
esse motivo, dependendo da área de acúmulo do LCR, o aluno poderá
apresentar disfunções ou distúrbios que afetarão a sua atenção, concentração,
memória e coordenação motora.
A seguir, apontaremos dificuldades de aprendizagem na linguagem
e na escrita.
2.2.1. Hidrocefalia e as complicações na linguagem e escrita
A linguagem refere-se à habilidade de um indivíduo se comunicar.
Sobremaneira, ela se divide em: falada, escrita, pragmática e sinais.
Faz-se necessário esclarecer que há diferenças entre
desenvolvimento da fala e da linguagem. De acordo com Martins e Prates,
(2011):
Linguagem é o sistema simbólico usado para representar os significados em uma cultura, abrangendo seis componentes: fonologia (sons da língua), prosódia (entonação), sintaxe (organização das palavras na frase), semântica (vocabulário) e pragmática (uso da linguagem). (MARTINS; PRATES, 2011, p. 55)
Assim, a linguagem falada envolve a fala, troca de ideias,
pensamentos e intensões; a escrita refere-se a transformações dos sons da
fala em símbolos escritos, enquanto a leitura se traduz em codificação desses
símbolos; a pragmática envolve a mensagem não verbal e a de sinais é a
linguagem dos surdos, LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais.
Dentro da linguagem falada, temos a linguagem expressiva e a
compreensiva. Segundo Copetti (2009):
Estas duas formas de linguagem são comandadas por diferentes áreas do cérebro, que levam o nome de seus descobridores. A linguagem expressiva localiza-se na parte anterior do cérebro, no lobo frontal, e é chamada de Broca. A linguagem receptiva localiza-se mais posteriormente no cérebro, na região temporal superior, e é chamada Área de
27
Wernicke. Ambas, localizam-se, geralmente, no lado esquerdo. (COPETTI, 2009, p. 58-59)
As complicações neurológicas, em um quadro de hidrocefalia,
podem comprometer a linguagem, as funções orofaciais e a audição. Sendo a
fala o canal que possibilita a expressão da linguagem — correspondendo,
dessa forma, à realização motora da linguagem —, crianças com hidrocefalia
podem apresentar alterações no desenvolvimento do controle motor oral que
afetará a linguagem expressiva. Dependendo da área cerebral lesionada,
poderão apresentar bloqueio na linguagem compreensiva.
Nesse contexto, alunos com hidrocefalia poderão ter problemas no
processamento fonoaudiológico, que é a capacidade de perceber e manipular
sons da fala. É válido lembrar que perceber o som é diferente de ouvir o som,
ou seja, o aluno pode ouvir, mas não fazer a distinção dos sons.
Outro problema, nessa área, refere-se a dois distúrbios conhecidos
como aprosódia motora e aprosódia sensitiva: os dois ocorrem em função de
uma lesão no hemisfério direito. O primeiro é uma incapacidade de conferir
ritmo e musicalidade ao discurso; enquanto que o segundo traduz-se como a
incapacidade de compreender o conteúdo emocional do discurso, pois o sujeito
não percebe as mudanças de ritmo. Desse modo, a criança apresentará
dificuldades para fazer uma boa leitura com ritmo e entonação, além de não
entender a subjetividade e possíveis ironias contidas em um texto. Acrescenta-
se a essas dificuldades a compreensão da sintaxe, devido a sua complexidade.
Por tudo isso, faz-se necessário que o psicopedagogo atue na
estimulação desse campo, extremamente importante para o desenvolvimento
do indivíduo. Em seguida, abordaremos as dificuldades em relação à escrita.
Geralmente, a criança antes de entrar na escola já adquiriu
destrezas necessárias para desenvolver a escrita. A evolução dessa habilidade
está atrelada ao desenvolvimento da motricidade, que perpassa por vários
fatores estruturais, como: orgânicos, motores, psicológicos, ambientais e
sociais.
Vejamos a definição desse conceito:
Pode se conceituar motricidade como o resultado de traduções
28
e organizações perceptivas e motoras, expressas em movimentos, ou seja, o movimento humano resulta de traduções perceptivo-motoras que o indivíduo desenvolve, aprende e estabelece no seu organismo. (AMARAL, 2014, p. 117)
Dessa forma, caso a criança acometida pela hidrocefalia tenha uma
lesão no córtex motor, automaticamente, ela apresentará uma paralisia
contralateral e aumento moderado do tônus muscular. No entanto, se a lesão
estiver em outra parte do cérebro, a criança poderá apresentar um distúrbio
denominado de negligência contralateral, em que ignora toda a parte
contralateral do corpo.
É comum indivíduos com hidrocefalia apresentarem alteração
psicomotora. Este tipo de disfunção interferirá diretamente na aquisição da
escrita, visto que o aluno que não tem desenvolvida a habilidade manual não
conseguirá ter domínio do lápis na hora que escreve. Sendo assim, o
comprometimento na motricidade poderá caracterizar uma disgrafia.
Problemas na motricidade fina interferem na apreensão de objetos,
já que se trata de movimentos que exigem maior precisão, como, por exemplo:
destreza para manipular objetos e coordenação entre os movimentos dos olhos
e das mãos, assim como o controle dos dedos, das mãos e dos braços.
No que se refere à motricidade grossa, verifica-se comprometimento
no desenvolvimento da marcha, pois trata-se do controle corporal, como:
equilíbrio estático e dinâmico, postura, descolamento e balanço do corpo.
Nesse sentido, poderá ocorre dificuldades de execução da lateralização, ou
seja, na discriminação entre direta e esquerda. Somado a isso, poderá
apresentar dificuldades de compreender e interpretar gráficos. Ademais, de se
localizar no espaço geográfico no qual está inserido. Nesse caso, observam-se
crianças que constantemente esbarram seu corpo em objetos ao se
deslocarem.
Na visão de Boulch (1988, p. 33), discordâncias que o sujeito
demostra na organização do olhar e da escrita poderão levá-lo a apresentar
dislexia em função do desequilíbrio no domínio da cruzada da mão e da própria
visão. O autor citado afirma que, ao lermos um texto, executamos sucessões
29
de movimentos oculares bruscos e ritmados, obrigatoriamente da esquerda
para direita. Ele argumenta que a prevalência ocular é motora, e não sensorial,
ou seja, há motricidade na coordenação dos olhos e das mãos.
Por tudo que mencionamos, podemos afirmar que o trabalho do
psicopedagogo, ao receber um aluno com hidrocefalia ou ao notar sinais desta
patologia ainda não diagnosticada em um aluno, é de fundamental importância
no sentido de realizar a intervenção psicopedagógica; principalmente na
educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, uma vez que
poderá auxiliar nos aspectos relativos à aprendizagem.
Dessa forma, somente após o diagnóstico, o aluno poderá ser
encaminhado para outros profissionais que o auxiliarão a recuperar ou
minimizar alterações na coordenação motora (fisioterapeuta, psicomotricista,
terapeuta ocupacional), comprometimento na comunicação ou na função
orofacial e/ou deglutição (fonoaudiólogo) e problema emocional (psicólogo).
30
CAPÍTULO III
PROPOSTAS PSICOPEDAGÓGICAS PARA ALUNOS
COM HIDROCEFALIA
3.1. A utilização de exercícios para estimulação cerebral
Objetivamos, por meio deste capítulo, propor atividades que possam
ser utilizadas por profissionais que atuam na intervenção psicopedagógica em
alunos hidrocefálicos com dificuldades de aprendizagem.
Em função das complicações cognitivas e motoras causadas por
essa patologia, buscaremos exercícios que alicerçam a prática educativa,
indicados ao desenvolvimento da coordenação motora e do pensamento lógico;
tais atividades são direcionadas a alunos do primeiro e do segundo segmento
do ensino fundamental. Sendo assim, as propostas pedagógicas envolvem
movimentos rítmicos e sequências lógicas por meio de atividades lúdicas e
jogos.
Nas palavras de Suesco (2015, p. 11), as atividades envolvendo
exercícios físicos e mentais trazem muitos benefícios para o corpo e,
consequentemente, para o cérebro que, também, necessita ser estimulado. A
autora acrescenta, ainda, que:
Para o hidrocefálico, o estímulo sensorial, advindo do exercício cerebral, oferta condições de assimilar, construir, adequar e organizar as ações para um desenvolvimento pleno e satisfatório. (SUESCO, 2015, p. 11)
Estamos de acordo com a autora quando relaciona as atividades de
coordenação motora global às ações básicas do dia a dia, como andar, correr,
rolar, entre outras. Nesse fato está a importância de associarmos as atividades
pedagógicas aos movimentos do corpo.
Muitos autores já mencionaram a importância de os professores
criarem conexões entre o que estão ensinando e os conhecimentos que os
alunos trazem por meio de observações e experiências. Sobretudo, é
31
fundamental que os educadores utilizem outros recursos, além de textos e
aulas expositivas, uma vez que a neuroaprendizagem já nos revelou como o
cérebro aprende e a importância dos estímulos para que ele possa captar
informações de diferentes formas. Nesse sentido, verifica-se a contribuição das
imagens, das músicas, da dramatização, de atividades lúdicas e jogos.
É consensual entre os profissionais concatenados com o processo
de ensino-aprendizagem a importância de atividades lúdicas, pois é
reconhecido o seu valor para o desenvolvimento emocional e cognitivo das
crianças. Sabe-se, atualmente, que a cada desafio o cérebro que está em
processo de aprendizagem faz várias conexões que propiciam o aprendizado.
Portanto, motivar a criança é investir no seu desenvolvimento pleno.
Pesquisadores revelam que, ao brincar, o cérebro humano, que se
encontra na primeira infância, por intermédio dos erros e acertos, vai criando
estratégias e se desenvolvendo a cada desafio que se apresenta.
A autora Simaia Sampaio postou em seu blog um artigo interessante
publicado na revista Mente e Cérebro, especializada na divulgação de artigos
de psicanalistas, psiquiatras e neurocientistas; no qual faz alusão à importância
de atividades lúdicas para o desenvolvimento cerebral, por ativar o córtex pré-
frontal em formação. Na visão do autor, o cérebro da criança, por estar em
processo de formação, ainda não é capaz de organizar suas ações, fazer planos,
elaborar estratégias e, por esse motivo, os estímulos, por meio de atividades
lúdicas, podem contribuir para o amadurecimento desta região do cérebro3.
Cientes da importância do lúdico como ferramenta para o
aprendizado, apresentaremos, a seguir, como os jogos e brincadeiras podem
contribuir para o aprimoramento cerebral.
3.2. A importância do lúdico em atividades psicopedagógicas
Ao pesquisarmos o sinônimo de lúdico nos dicionários, constatamos
3 Disponível em: <http://simaia.blogspot.com.br/search/label/Ludicidade>. Acesso em:01/06/2016
32
que ele está relacionado com os jogos, com o divertimento, com a atividade
criativa, tendo como propósito o prazer. Dentro dessa lógica, muitos
pesquisadores atribuem a atividades lúdicas a possibilidade de a criança
perceber, experimentar e de internalizar, de forma descontraída, o aprendizado
e, desse modo, amadurecer.
De acordo com Dallabona e Mendes (2004, p. 1), “A literatura
especializada no tema não registra concordância quanto a um conceito comum
para o lúdico na educação”. Todavia, acredita-se que, por meio da atividade
lúdica, é possível proporcionar ao educando aprendizado. As referidas autoras
destacam “[L] que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de
passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial”. (DALLABONA; MENDES,
2004, p. 2).
Sendo assim, o lúdico é visto como uma metodologia que visa ao
desenvolvimento global do educando abarcando o cognitivo, o social e o
psicológico. Parafraseando as autoras citadas, enquanto metodologia, a
atividade lúdica precisa ser planejada para que o educador possa obter o
resultado esperado, visto que, ao se sentir seguro e motivado ao realizar uma
atividade pedagógica, de forma descontraída, o aluno elabora estratégias,
analisa, viabiliza; tudo isso objetivando solucionar os problemas inerentes a
atividade proposta (DALLABONA; MENDES, 2004, p. 2).
3.3. Propostas Pedagógicas que Auxiliam na Consciência
Corporal e na Psicomotricidade
Na visão de Le Boulch (1988), a aquisição da escrita exige que a
criança já tenha desenvolvido a função de ajustamento, ou seja, antes que a
criança aprenda a ler, o trabalho psicomotor terá como objetivo proporcionar-
lhe a motricidade espontânea, coordenada e rítmica que lhe dará base para
evitar, mais adiante, o problema de disgrafia.
Discorre o autor que a habilidade manual pode ser desenvolvida por
meio da utilização da modelagem, do recorte, da colagem e, também, por
intermédio de exercícios de dissociação ao nível das mãos e dos dedos, visto
que são atividades de percepção do corpo. O autor supracitado nos dá
33
exemplos de atividades que, na nossa visão, poderão ser aplicadas em alunos
hidrocefálicos matriculados no primeiro segmento.
Por ser tratar de atividades que proporcionam o desenvolvimento da
motricidade fina, da coordenação visomotora, da lateralidade, do fortalecimento
do tônus muscular, pois crianças com lesões no córtex motor precisam de
exercícios específicos direcionados para a habilidade da escrita, é importante
lembrarmos que as atividades precisam ser ajustadas à idade e série dos
educandos.
As atividades descritas abaixo, propostas por Le Boulch (188, p. 68),
têm como objetivo desenvolver a habilidade manual e a melhoria das praxias
finas da mão e dos dedos. Vejamos:
Atividades com modelagem: objetiva-se, por meio desses exercícios,
incentivar a percepção tátil por intermédio da criação de objetos, animais e
bonecos; assim como exercitar a flexibilidade, a firmeza da mão, ou seja, a
sensibilidade. Para tanto, é necessário apreender o material, afundar os dedos,
esmagar a massa, modelando-a, fazendo bolinhos de diferentes tamanhos,
rolinhos e bolachas.
Atividades com recortes: objetiva-se, por meio desses exercícios,
desenvolver a dissociação dos dedos e uma boa mobilidade do punho ao
utilizar a tesoura e fazer diferentes movimentos com as mãos. No primeiro
momento, a criança poderá apresentar dificuldades de manusear a tesoura;
nesse caso inicia-se a atividade executando recortes livres. Com o tempo,
deve-se incentivá-la a fazer recortes de tiras retas, onduladas, formas
geométricas, ou seja, formas diferentes. Deve-se sugerir que ela recorte
objetos, animais, imagem de pessoas, entre outros.
Atividades com colagem: o objetivo é trabalhar a leveza dos gestos,
precisão ao manusear o pincel e colar as imagens no local desejado,
sequência lógica e criatividade. Para isso, deve-se trabalhar com tesoura,
pincel e cola. Nessa atividade, sugere-se que a criança, depois de recortar,
faça colagens decorativas explorando formas diferentes e cores diversas.
Trabalhos manuais: o objetivo é trabalhar a preensão ao pegar e
34
manejar diferentes objetos com as mãos e com os dedos. Pode-se trabalhar
com bolas de gude, pérolas ou miçangas. Para tal, a criança deve agarrar os
objetos com as mãos, com o polegar médio etc. Com o intuito de potencializar
a habilidade manual, pode-se fazer malabarismo com uma só mão ou com as
duas. Na sequência, pede-se que jogue a bola de uma mão para outra,
trabalhando, portanto, o equilíbrio.
Dentro dessa atividade com o malabarismo, podemos trabalhar com
objetos mais pesados do que a bola a fim de fortalecer o tônus muscular. Para
isso, utiliza-se um saco cheio de sementes: a criança deve jogá-lo de uma mão
para outra, apertando os dedos no momento da apreensão. Com esse mesmo
exercício, trabalha-se, concomitantemente, as articulações dos punhos e dos
cotovelos, envolvendo, também, os ombros da seguinte forma: coloca-se o
saco de sementes sobre a mão aberta jogando-o de uma mão para a outra; no
segundo momento, joga-se para o dorso da mesma mão e depois para o dorso
da mão oposta; no terceiro momento, o saco é jogado da mão para o antebraço.
Com o objetivo de exercitar mais os dedos das mãos, pode-se
trabalhar com barbante. Um exemplo seria pedir para a criança amarrar um
barbante ao redor do lápis ou de outros objetos. Manusear papelotes, também,
é um ótimo exercício, como, por exemplo, abrir e fechar balas.
Atividades com traçados: essa atividade educa o gesto gráfico e a
precisão dos traços. Além de desenvolver a coordenação motora fina e a
coordenação visomotora, estimula a orientação espacial e a lateralidade. A
atividade consiste em fazer figuras pontilhadas; pode-se trabalhar com diversas
formas: fazendo círculos contínuos, semicírculos abertos na parte superior,
guirlandas, arcos, ondas e espirais. Dependendo do objetivo a ser atingido, é
possível trabalhar séries estáveis, crescentes ou decrescentes; todos nos
permitem exercitar a velocidade e precisão dos movimentos. De acordo com a
faixa etária e a série do aluno, pode-se utilizar numerais, desenhos, entre
outros. Sendo assim, a criança vai desenvolvendo, aos poucos, o ritmo do
traçado, a orientação da esquerda para direita; adquirindo, desse jeito, o
controle da velocidade e a manutenção de sua constância, que serão obtidos
por exercícios em séries crescentes e decrescentes (BOULCH, 1988, p. 32).
35
Tomando como base as informações do autor citado acima, a qual
vai ao encontro da proposta pedagógica disponível no site
simaia.blogspot.com.br, da psicopedagoga Simaia Sampaio, vejamos a seguir:
Reúna canudos coloridos, que serão cortados pelo aluno em
pedaços pequenos; depois o educando irá encaixá-los em um barbante ou
nylon. No intuito de exercitar, também, a atenção, é possível trabalhar com
sequência de cores, ou seja, o aluno poderá agrupar três canudos azuis,
depois amarelos e assim por diante. Observa-se que, ao dispor de forma
alternadas canudos coloridos, trabalha-se sequência lógica e atenção.
Ao analisar essa atividade, pensamos em aumentar o desafio para o
aluno da seguinte forma: além de agrupar os canudos com cores distintas, ele
deverá acrescentar, na sequência, miçangas ou bolinhas pretas, criando, assim,
uma outra sequência. Faz-se necessário lembrarmos que devemos iniciar com
atividades mais simples, e de acordo com o desenvolvimento do trabalho,
aumenta-se as dificuldades. Quanto mais objetos diferentes o aluno manusear,
mais exercitará a atividade motora fina e a concentração.
As próximas atividades estão relacionadas com o desenvolvimento
psicomotor global. Para tanto, utilizam-se duas bolas. O interventor
(psicopedagogo ou professor de educação física) deverá posicionar-se de um
lado, e o aluno do outro. As bolas são arremessadas simultaneamente. No
entanto, o aluno deverá acompanhar com os olhos o movimento da bola que o
interventor jogou, e não o movimento da bola jogada por ele. Apesar de ser um
exercício aparentemente simples, exige concentração.
São, também, exemplos de atividades que visam exercitar a
percepção corporal, espacial, temporal, desenvolvendo a coordenação motora
ampla: atividades como pular corda com os pés juntos de um lado para o outro;
cabo de guerra (puxar a corda de um lado para o outro); rodar o bambolê em
cada braço e depois na cintura. Sendo assim, trabalha-se o controle motor
global e o equilíbrio possibilitando que a criança desenvolva a consciência
corporal e a coordenação visomotora.
A seguir, baseando-nos nos exercícios anteriores, elaboramos uma
atividade manual na qual o educando exercitará a psicomotricidade fina, além
36
da percepção e observação. Para
tanto, deve- se utilizar folhas de
papel A4 branca, tesoura
sem ponta, barbante, cola
bastão e lápis de cor. O trabalho
consiste em reproduzir
paisagens do cerrado brasileiro
no verão e no inverno. Será
necessário que antes de iniciar
a atividade o aluno observe fotos ou imagens disponíveis na internet ou em
livros para que perceba as diferenças da paisagem em cada estação.
Caso essa atividade seja aplicada por um professor de geografia, ele
poderá aprofundar a questão demostrando, por meio das imagens, a relação
entre vegetação e o clima, por exemplo, visto que no inverno seco, por
escassez de umidade relativa no ar, a vegetação perde as folhas para diminuir
o processo de evapotranspiração e, por esse motivo, ela fica com aparência de
vegetação “morta”. Já no verão, devido à umidade do ar, as folhas renascem e
a vegetação ganha outro aspecto.
Principais características da vegetação do cerrado: ela é adaptada
ao clima seco (semiárido). A baixa umidade no ar favorece queimadas, por
esse motivo, as árvores apresentam troncos retorcidos e raízes profundas para
retirar água do lençol freático. Sendo assim, o psicopedagogo deverá estimular
o aluno a observar atentamente essas características. Pode-se trabalhar com
fotos ou desenhos, como as imagens a seguir: a figura 3 representa o cerrado
no inverno, já a figura 4 representa o cerrado no verão.
37
Figura 4: Paisagem do cerrado no inverno
Figura 5: Paisagem do cerrado no verão Fonte: www.google.com.br
Proposta nº 1 – Mostre ao aluno imagens do cerrado brasileiro nas
duas estações marcantes: o inverno seco e o verão chuvoso. Peça que ele
observe atentamente as características da vegetação. Nessa atividade, pode-
se trabalhar com desenho ou recorte e colagem.
Primeiro observe as imagens do cerrado no verão e no inverno.
Agora faça a representação do cerrado no verão. Desenhe o sol e as nuvens
no céu, as folhas nas árvores, flores nos cactos; pinte a vegetação e o solo.
No segundo momento, você reproduzirá o inverno seco. Faça as
nuvens no céu. A vegetação no inverno perde as folhas, então desenhe as
folhas sobre o solo e, para destacar as raízes que mantém as árvores vivas,
coloque sobre elas barbantes. Lembre-se de pintar o solo.
Proposta nº 2 – Pesquise na internet ou em livros um ou dois
animais que fazem parte desse ecossistema. Recorte e cole a(s) figura(s) nas
duas representações.
Proposta nº 3 – Qual imagem do cerrado você achou interessante?
Faça uma redação sobre ela.
É fundamental adequar as atividades à série do educando. Contudo,
é imprescindível manter os estímulos e os desafios para que ele desenvolva o
38
seu cognitivo.
A seguir, trabalharemos com a lógica matemática. Para tanto,
tomaremos como base o plano cartesiano que é muito utilizado na construção
de gráficos. A criação do Sistema de Coordenadas Cartesianas é uma
ferramenta importante, pois pode ser utilizada na matemática, química, física e
geografia. Em relação à construção do conhecimento geográfico, pode-se
associá-lo à latitude e à longitude e, também, ao Sistema de Posicionamento
Global (GPS); ambos têm como objetivo trabalhar a localização no espaço
terrestre. Podemos utilizar exemplos práticos para que o aluno consiga
entender como funciona esse sistema. A partir desse conhecimento, é possível
criar jogos com o aluno. Para tanto, é preciso montar o plano de coordenadas e
pensar no objeto que deverá ser localizado. No processo de construção do
plano cartesiano, o desenho é uma ferramenta importante, pois o aluno fará as
linhas utilizando régua. É válido ressaltar que, nesse momento, exercita-se a
precisão dos dedos, a leveza das mãos, a acuidade visual e a lógica
matemática. Observe imagem abaixo.
Figura 6: Plano de coordenadas
É importante lembrarmos que o conhecimento espacial, como norte,
sul, leste, oeste, nos possibilita desenvolver a noção de lateralidade. Sendo
assim, antes de se iniciar essa atividade, o psicopedagogo deverá trabalhar
esse conceito com aluno, ou seja, exercitará a percepção espacial a partir do
corpo do educando, fazendo com que ele tenha noção dos objetos que se
localizam a sua direita, esquerda, frente e trás. Dito isso, é importante realizar
uma atividade interdisciplinar envolvendo o professor de geografia e
matemática, uma vez que, para encontrar a exata posição de um determinado
ponto no espaço, é possível considerar conceitos importantes de latitude,
39
longitude, paralelos, meridianos. Por conseguinte, a lógica matemática poderá
ser trabalhada utilizando conceitos de forma simples ou aprofundando o
conhecimento, de acordo com as possibilidades. Nesse sentido, é possível
trabalhar, também, os conceitos de vértice, figuras geométricas, polígonos,
área, perímetro etc.
Ademais, dando seguimento à proposta apresentada, verifica-se
outra possibilidade de exercício: utiliza-se papel quadriculado ao propor que o
aluno encontre os pares ordenados de cada ponto, que poderá ser um objeto,
como a localização de carteiras dos colegas da classe, ou de um local, como a
própria sala de aula, o pátio da escola, a escola, a rua, o bairro, a cidade etc.
Outra possibilidade, especificamente na área da matemática, refere-se à
localização de extremidades de retas, segmentos, intersecção de pontos e
cálculos de vértices de pares ordenados, entre outros. Pensando-se em outra
possibilidade de interdisciplinaridade, é de grande valia a proposta de trabalhar
com desenhos geométricos englobando, também, o conhecimento da disciplina
de artes.
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CONCLUSÃO
Durante o desenvolvimento deste trabalho, mergulhamos em vastas
leituras relacionadas com a hidrocefalia, dificuldade de aprendizagem e a
construção do conhecimento, as quais viabilizaram a compreensão de
conceitos relacionados com o sistema nervoso, sinapses, sistemas atencionais,
os mecanismos da memória, plasticidade cerebral e tantos outros que
fundamentam o processo de aprendizagem. Todas essas informações são
valiosas, pois alicerçam a prática psicopedagógica.
A contribuição da neurociência é fundamental, pois nos revela como
o cérebro humano aprende; além de nos explicar como lesões em
determinadas áreas do cérebro podem comprometer o aprendizado. Desse
modo, o estudo sobre plasticidade cerebral nos dá subsídios para a elaboração
de intervenções psicopedagógicas adequadas a cada caso. É mister que esses
conhecimentos nos possibilitem ampliar as atividades educacionais, criando
estratégias de ensino de acordo com as necessidades dos alunos.
Sabemos que o campo da neurociência é muito vasto, e por esse
motivo encontramos neurocientistas e adeptos, em áreas afins, que se
debruçam nos estudos e na divulgação de suas pesquisas, como no campo da
medicina, da psicopedagogia, da fonoaudiologia e da psicologia. Graças à
contribuição desses profissionais, podemos interligar saberes que nos dão
condições de avançar no nosso propósito.
Dessa forma, a contribuição dos profissionais da área da saúde,
especialmente de neurologistas que investigam a hidrocefalia e as suas
complicações no processo de aprendizagem, é de grande valia para
entendermos as dificuldades que enfrentam os educandos com essa patologia.
O LCR se encontra nos ventrículos cerebrais, nas cisternas ao redor
do encéfalo e no espaço subaracnoide ao redor do encéfalo e da medula
espinhal. Ele tem como função proteger o cérebro e remover resíduos
metabólicos por meio da drenagem constante das cavidades ventriculares.
Contudo, se ocorrer malformação no SNC ou em consequência de traumas no
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crânio, pode-se ter o diagnóstico de hidrocefalia.
Neurologistas revelam como a hipertensão intracraniana
compromete o desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo em crianças em
idade escolar. Sendo assim, os estudos de caso em forma de relatos
esclarecem as causas do baixo rendimento dos alunos, além de comprovarem
que as complicações neurológicas causadas pela hidrocefalia comprometem a
linguagem e a escrita.
Sobretudo, esses profissionais informam que, após a cirurgia e com
a introdução de válvulas, o paciente, normalmente, apresenta melhora
progressiva. Entretanto, algumas crianças podem apresentar distúrbios
decorrentes do quadro clínico.
Constata-se que o diagnóstico precoce e a terapia adequada são
essenciais para o desenvolvimento cognitivo e neuromotor da criança. Dessa
forma, após o diagnóstico, o aluno deverá ser encaminho pela escola para
profissionais que o auxiliarão no seu desenvolvimento global.
Já foi confirmado, por meio de estudos, que os problemas
fonológicos interferem diretamente na leitura e escrita. Sendo assim, se o aluno
apresenta dificuldades nessa área, o psicopedagogo precisa fazer o devido
relato e encaminhá-lo para um fonoaudiólogo. Concomitantemente, realizar o
acompanhamento desse educando pelo corpo docente.
Se a criança se encontra matriculada na pré-escola ou no primeiro
segmento do ensino fundamenta, os educadores precisam estar atentos aos
seguintes sintomas: sonolência, vômito, falta de apetite, alterações na marcha,
queda da própria altura e falta de concentração. Nesse caso, o psicopedagogo
institucional fará a devida investigação com o responsável utilizando-se de
questionário.
Na visão de vários neurocientistas, a plasticidade cerebral é uma
das descobertas mais importantes da ciência, pois nos mostra como ocorre as
conexões e a capacidade regenerativa do cérebro. Portanto, a plasticidade
sináptica está interligada à aprendizagem.
Dentro dessa lógica, o sistema nervoso é dinâmico, e este fato
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justifica o constante processo de aprendizagem. A partir dessa perspectiva,
conclui-se que os estímulos são fundamentais e que o esforço que o indivíduo
faz para memorizar provoca mudanças neuroquímicas. Em função de tudo isso,
o educando precisa ter motivações internas e externas para assimilar o
conhecimento e aprender.
Nesse sentido, é vital para o desenvolvimento do aluno hidrocefálico
receber estímulos na parte psicomotora com o objetivo de exercitar e
desenvolver a motricidade global e fina, pois a motricidade está ligada à
organização corporal.
Verifica-se que problemas na motricidade grossa comprometem a
marcha alterando o equilíbrio do corpo, extremamente importante para o bom
desempenho dinâmico e postural, assim como já foi comprovado que disfunção
motora interfere diretamente na habilidade de escrita.
As complicações na linguagem prejudicam a comunicação de forma
geral, seja na fala, na escrita ou na pragmática. Portanto, o estímulo sensorial e
motor ajudam o cérebro a se reorganizar. Por isso, é de suma importância
atentarmos para atividades lúdicas que facilitam o processo de aprendizagem.
Dessa maneira, é possível obter excelentes resultados, desde que se tenha em
mente o objetivo a ser alcançado. Por conseguinte, tais atividades precisam ser
ajustadas à dificuldade que o educando apresenta, assim como a sua idade e
série escolar.
Vimos, por meio de estudos, que o lúdico permite que a criança
experimente e internalize atividades de forma mais serena, sem a tensão e
preocupação com o acerto que muitas vezes é o impedimento para o seu
desenvolvimento.
Para trabalhar com atividades lúdicas, o psicopedagogo e
profissionais da educação poderão adequar a sua metodologia utilizando
música, jogos, enfim, atividades recreativas que desenvolvem o cognitivo, a
motricidade e o social. Para isso, o educando deverá estar motivado,
favorecendo, desta forma, a sua superação.
Sendo assim, atividades manuais como modelagem com massa,
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recortes e colagem ajudam a desenvolver a habilidade manual, além de
fortalece o tônus muscular. Consequentemente, a autoconfiança do educando
aumenta, pois ele passa a ter mais destreza ao manipular lápis e objetos
necessários para o desenvolvimento da escrita. Ademais, atividades com
traçados trabalham a percepção e lateralidade.
É evidenciado que as atividades físicas favorecem o
desenvolvimento psicomotor global. Sendo assim, é importante resgatar alguns
exercícios com bolas, cordas, bambolês, entre outros, que permitem
desenvolver a percepção corporal visando ao equilíbrio e ao controle do corpo.
Em suma, por meio de atividades psicopedagógicas, é possível oportunizar o
aluno hidrocefálico a alcançar o seu desenvolvimento emocional, psicomotor e
cognitivo.
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Divisão do córtex cerebral 13
Figura 2: Circulação do líquido cefalorraquidiano 23
Figura 3: Tomografia computadorizada de hidrocefalia 26
Figura 4: Paisagem do cerrado no inverno 38
Figura 5: Paisagem do cerrado no verão 38
Figura 6: Plano de coordenadas 39
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