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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Contribuições dos estudos neurocientíficos no distúrbio da
atenção e a aquisição de 2° idioma nos adolescentes de 12 a
17 anos
Elisabete da Silva Santos
ORIENTADORA:
Professora
Marta Relvas
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em (Neurociência pedagógica). Por: Elisabete da Silva Santos
Contribuições dos estudos neurocientíficos no distúrbio da
atenção e a aquisição de 2° idioma nos adolescentes de 12 a
17 anos
Rio de Janeiro 2016
AGRADECIMENTOS
A Deus, aos meus pais, principalmente minha mãe
(em memória), ao meu namorado Alex Cardoso, as
professoras Marta Relvas e Mônica Panasco.
DEDICATÓRIA
Dedico a minha mãe que sempre me apoiou e
desejou que ampliasse e aprofundasse meus
estudos. Ao meu pai, aos meus filhos: Pedro
Henrique e Rafael Vitor, sem esquecer-se do meu
amor Alex Cardoso.
RESUMO
A atenção é um instrumento fundamental para o ensino de maneira geral.
Contudo, observa-se que dentro de sala de aula os alunos demonstram mais
desatenção para as atividades propostas, inclusive no ensino do segundo
idioma. A neurociência aborda esse assunto, de forma objetiva para auxiliar
os alunos e professores para o melhor entendimento de como ocorre a atenção
e a desatenção no cérebro e como pode ser revertida alcançando, com
sucesso, o objetivo final - a aprendizagem. A importância de aprender um
segundo idioma é cada vez mais exigida na sociedade contemporânea, mas
existem alguns indivíduos que apresentam muitas dificuldades para aprender
outro idioma. Seja na memorização dos novos vocábulos, na pronúncia correta
ou na interação da conversação.
Palavras chaves: atenção, aprendizagem, déficit de atenção e
neurociências
METODOLOGIA
O presente estudo tem como base na produção de artigos científicos e
bibliografias de autores nacionais e internacionais que desenvolvem pesquisas
e estudos de acordo com a neurociência. As pesquisas e estudos têm
apresentado ótimo entendimento do funcionamento do sistema nervoso
aplicado na educação.
Ao selecionar os materiais coletados foi de grande importância que estivessem
de acordo com as perspectivas do estudo.
Os principais autores que contribuíram para a realização deste trabalho foram:
Roberto Lent, Roberte Metring, Lou de Oliver, Marta Relvas, Ramon Cosenza,
José S. Schwartzman entre outros.
SUMÁRIO
Sumário
Introdução 08
CAPÍTULO I
A Fisiologia da atenção no cérebro 10
1.1 A atenção e suas bases neurais 15
1.2 A Atenção dentro da sala de aula 17
1.3 A motivação no aprendizado do segundo idioma 20
CAPÍTULO II
A aprendizagem no cérebro 23
1.1 Plasticidade cerebral 28
1.2 O ciclo do sono 30
1.3 O cérebro bilingue 32
1.4 A aprendizagem segundo os teóricos 34 Piaget e Vigotski CAPÍTULO III
Dificuldades de aprendizagem 39
1.1 Transtornos de déficit de atenção 42
1.2 Jogos para melhorar o desempenho escolar 47
1.3 O papel do professor 51
CONCLUSÃO 56
BIBLIOGRAFIA 58
8
INTRODUÇÃO
O Cérebro é o centro de comando de todo o corpo e responsável
pela a parte motora - sensitiva, pelas emoções, necessidades primitivas,
pensamentos e ações. Confirmado por estudos, o cérebro é capaz de muito
mais atividades que ainda não se conhece, contudo mesmo sendo um órgão
complexo, ainda é o mais importante para a execução destas funções.
Pesquisadores e cientistas têm realizado descobertas
surpreendentes a respeito das funcionalidades do cérebro. Com uso cada vez
mais das tecnologias avançadas de neuroimagem é possível obter um
mapeamento de áreas específicas para a compreensão de estímulos externos
e como estes influenciam no processo da aprendizagem.
Por este motivo, a neurociência se aprofunda nesses estudos para
compreender também as dificuldades de alunos que chegam às escolas
apresentando dificuldades no aprendizado. A neurociência pedagógica faz
tentativas de encontrar respostas para tais casos que ocorrem a cada dia; de
como acontece todo o processo atencional desta criança ou adolescente, de
que forma é trabalhado as dificuldades dentro de sala de aula e como os
professores podem ajudar esse indivíduo fazendo de suas aulas mais
motivadoras.
Sabe-se que, grande parte no processo da aprendizagem a emoção
está envolvida. O cérebro sabe aprender de forma natural e intuitiva, pois
segundo Relvas, quanto mais conexões, mais memória. E justamente a
memória é um dos instrumentos principais para uma aprendizagem
significativa.
Este trabalho tem como objetivo de encontrar respostas para as
dificuldades que um educando apresenta ao aprender outro idioma, tendo
como base, pesquisas, estudos e afirmações de estudiosos, neurocientistas e
teóricos da educação. No capítulo I o estudo procura entender como funciona
todo o processo da atenção no cérebro e como a motivação pode influenciar
9
nesse na aprendizagem. No capítulo II serão apresentados alguns conceitos de
aprendizagem, os maiores influenciadores neste processo e o que os teóricos:
Jean Piaget e Lev Vigotski definem nas suas teorias em relação à
aprendizagem. No capítulo III serão apresentados as dificuldades e transtornos
que o aluno tem para aprender outro idioma e de que forma o professor pode
atuar para reverter o quadro dessas dificuldades.
A construção deste trabalho se pauta basicamente na pesquisa
bibliográfica, utilizando-se de autores como: BEAR (2008), RELVAS (2011 e
2014), LENT (2010), SCHWARTZMAN (2008) entre outros.
Á luz da pesquisa feita com as obras dos autores citados deseja-se
encontrar um vínculo entre a prática de atividades estimuladora do cérebro
aprendente ou a dificuldade de aprendizagem deste sujeito frente a outro
idioma.
10
CAPÍTULO I - A fisiologia da atenção no cérebro
O cérebro é uma “máquina” insubstituível e mutável onde
processam todas as informações necessárias para o funcionamento do corpo.
Ele é responsável pelo o “certo” e o “errado”, pois o cérebro processa e
comanda os sentidos, percepções, comportamentos, afetos, atitudes,
sentimentos, emoções, memórias, esperanças e movimentos. O cérebro é
considerado por muitos pesquisadores o centro nervoso mais importante de
todo o sistema humano.
No interior desse centro de comando geral, o cérebro
desempenha múltiplas funções e habilidades, mas dentre elas destaca-se os
mecanismos atencionais que são bases importantes para a memória e o
processo de aprendizagem.
Os estudos sobre os mecanismos atencionais não são recentes.
A atenção é considerada um importante instrumento para a compreensão dos
processos perceptivos e as funções cognitivas. De um contexto histórico,
alguns modelos teóricos foram apresentados para determinar o momento em
que os estímulos são selecionados. Um exemplo mais objetivo por William
James ( psicólogo e filósofo 1842 – 1910; citado por Kandel, 1997:323):
“Milhões de itens (... ) são apresentados aos meus sentidos e nunca
entram propriamente na minha consciência. Por quê? Porque não têm
interesse pra mim. Minha experiência é aquilo que eu concordo em
prestar a atenção. (... ) Todos sabem o que é atenção. É a tomada de
posse da mente, de uma forma clara e vívida de um dentre o que
parecem ser vários objetos possíveis e simultâneos ou linha de
pensamento. A focalização e a concentração da consciência são suas
essências. Esta implica, a abstenção de algumas coisas para poder
lidar eficazmente com outras.”
“O cérebro é fundamental para quem
deseja compreender o contexto neural
no cotidiano...”
( Marta Relvas )
11
Neste relato há três características importantes da atenção: a
possibilidade de exercer o controle voluntário da atenção; incapacidade de
atender a diversos estímulos ao mesmo tempo de caráter seletivo e focalizado;
a capacidade limitada do processo atencional. Portanto, define-se a atenção
como a capacidade de o indivíduo responder aos estímulos sejam eles
significativos ou não. Nesse processo, o sistema nervoso é capaz de manter
um contato seletivo com as informações que chegam através de órgãos
sensoriais, dirigindo a atenção para aquilo que seja relevante.
Segundo Ramon Cosenza, a atenção é selecionar a informação
que é mais importante. Ainda, segundo Cosenza somos capazes de focar cada
momento e determinados aspectos sejam eles importantes ou não tão
importantes. Há condições adversas que prejudica a atenção e o processo
cognitivo tais como: ansiedade e estado de alerta extremo.
O sistema nervoso permite a interação com o ambiente,
identificando e selecionando estímulos para a nossa sobrevivência ou que nos
ameace. O cérebro faz isso continuamente utilizando-se dos processos
atencionais. Ele está sempre disposto a prestar a atenção e direciona para os
estímulos significativos, ou seja, que despertam interesse.
A atenção, também, funciona como se fosse uma janela aberta
para o mundo, segundo Cosenza, na qual dispomos de uma lanterna para
iluminar os aspectos que sejam mais interessantes usando a modalidade
sensorial que é a visão.
Cosenza faz um detalhamento dos processos atencionais,
segundo ele a atenção pode ser reflexa ou voluntária sendo regulada “de baixo
para cima” ( bottom up ) quanto “de cima para baixo” ( top down ). No
“Não é possível prestar a atenção consciente em
duas tarefas ao mesmo tempo: o que o cérebro
faz é alternar sua atividade entre elas.”
( Ramon Cosenza )
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primeiro caso pode ser chamada de reflexa onde tem como a captura por
estímulos periféricos intensos ou inusitados - como se fosse uma sirene ou um
farol – que estão ligados a mecanismos instintivos ou que são aprendidos. O
segundo refere-se à atenção voluntária onde o processamento atencional é
controlado por mecanismos cerebrais que permitem o foco em aspectos que
são considerados oportunos em um determinado momento, como por exemplo:
ter atenção quando o professor estiver falando. No cotidiano, ambos os
aspectos de regulação contribuem, de forma alternada, para que a atenção
aconteça.
Há várias pesquisas sobre esses mecanismos cerebrais que
regulam a atenção. Uma das mais recentes pelo o psicólogo norte – americano
e neurocientista Michael Posner juntamente com sua equipe desenvolveram
um modelo que prevê três circuitos neuronais – um está relacionado ao estado
de alerta, outro à orientação e outro ao controle do foco de atenção. O primeiro
é de vigilância ou o estado de alerta. Ao longo das 24 horas do dia passamos
por um ciclo que vai do sono profundo a vigília completa, e a atenção
consciente ocorre a partir de determinado nível de vigilância. Os neurônios
situados no tronco encefálico são os que regulam esses níveis de alerta. Esses
neurônios distribuem seus prolongamentos por extensas áreas do córtex
cerebral.
De acordo com Cosenza, o segundo circuito é o orientador e
seus centros mais importantes se localizam no córtex frontal e no córtex
parietal. Esse circuito é importante para mudar o foco da atenção para outro,
quando isso se faz necessário. Um exemplo simples é quando um indivíduo
está interagindo em uma conversa em um pequeno grupo de pessoas em uma
festa e ouve seu nome sendo pronunciado em outro grupo próximo. De
imediato o foco de atenção que esse indivíduo tinha em seu grupo direciona ao
outro, abandonando o foco atencional e passa a prestar a atenção no que está
sendo dito e que tenha relação com esse indivíduo, ou seja, ele retira o foco da
atenção de uma modalidade sensorial e muda esse foco para outra
modalidade. Há evidências que a acetilcolina (controla a atividade de áreas
13
cerebrais relacionadas à atenção, aprendizagem e memória ) influencia para o
funcionamento dessa rede cerebral.
O terceiro circuito permite que se mantenha a atenção de forma
prolongada ao mesmo tempo em que são inibidos os estímulos distraídores. É
chamado de atenção executiva onde a autorregulação modula o
comportamento de acordo com as demandas cognitivas, emocionais e sociais.
Esse circuito é principal elemento de controle “de cima para baixo” e depende
da atuação de regiões corticais situadas na superfície do hemisfério cerebral do
córtex pré – frontal medial e o cíngulo anterior. Nesse circuito atua a dopamina
( controla níveis de estimulação e controle motor em diversas áreas do cérebro)
que sinaliza a recompensa iminente.
De acordo com Lent (2002), de um modo geral a atenção envolve
dois aspectos fundamentais:
Alerta – representa o estado geral de sensibilização dos
órgãos sensoriais e o estabelecer e manter o tônus cortical para receber
os estímulos.
A atenção propriamente dita – que envolve a focalização do
alerta sobre determinados processos mentais e neurobiológicos.
Existem outras definições para a atenção descritas por outros
pesquisadores usando diferentes pontos de vista - atenção voluntária e
involuntária. Segundo Dalgalarrondo ( professor titular de psicopatologia -
UNICAMP ) a atenção voluntária abrange a seleção ativa e analisa o
individuo em uma atividade, está ligada à motivação, expectativa e interesse.
Assim, obtendo um olhar a uma determinada modalidade, por exemplo, da
leitura, outras atividades poderão ficar inibidas. Já atenção involuntária
compete aos estímulos de ações inesperadas. São os que nos chamam a
atenção, ou seja, o indivíduo opta a sua atenção. Como por exemplo:
tamanho, cor, intensidade e movimento. Esse tipo de atenção intervém por
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processamento automático das informações, não precisa do controle
consciente do indivíduo.
As formas de pesquisas que envolvem a atenção tiveram
mudanças significativas ao longo dos séculos, principalmente com o uso da
neuroimagem onde é possível, atualmente, evidenciar as estruturas cerebrais
e neurofisiológicas que cercam os processos atencionais. Há outras formas
de apresentar as subdivisões da atenção: seletiva, alternada, sustentada e
dividida. A atenção seletiva está ligada aos mecanismos básicos que auxiliam
os mecanismos atencionais, ou seja, a competência do individuo de priorizar
alguns estímulos em relação a outros. A atenção alternada o individuo tem a
habilidade de alternar seu foco de atenção. A atenção sustentada é onde o
individuo mantém seu foco de atenção em determinado estímulo. A atenção
sustentada é aquela que o indivíduo tem de manter o foco de atenção em um
determinado alvo ou sequencia de estímulo durante todo o período da
realização da tarefa. E, por fim, a atenção também pode ser dividida onde o
individuo executa duas (ou mais) tarefas ao mesmo tempo. Um simples
exemplo é conversar e realizar outra atividade. Alguns estudos direcionados a
esse tipo de atenção revelam que uma das informações pode estar sendo
processada de forma automática enquanto a outra por meio de esforço
cognitivo.
Entretanto a busca intensa de informações de diversas fontes
costuma induzir a uma atenção dispersiva. Um exemplo claro desta atenção
dispersiva são os adolescentes que abusam da sua capacidade emocional.
Eles estudam em frente à TV ou ouvindo música alta. Essas informações são
processadas ao mesmo tempo e o cérebro é obrigado a alterar a atenção entre
as informações concorrentes onde parte dessas informações será perdida, pois
o cérebro processará a melhor informação de cada vez. O cérebro tem
motivação intrínseca para aprender, mas está disposto para aquilo que
reconheça como significante. Portanto é importante captar a atenção e
apresentar o conteúdo a ser estudado de maneira que reconheçam como
importante. As habilidades de seleção da atenção de estímulos relevantes e a
15
inibição dos estímulos distraídores são fatores essenciais para a cognição e o
processo de aprendizagem.
A atenção e suas bases neurais
O estado de atenção envolve o estado de alerta ou vigília anterior,
no qual necessita de tônus cortical adequado para a recepção dos estímulos
que chegam aos órgãos sensoriais. Segundo o professor de psicologia da
FFCLRP – USP Marcos Lira Brandão - encontra-se no tronco cerebral a
formação reticular onde a mesma é capaz de ativar o córtex cerebral a partir
do SARA, sistema ativador reticular ascendente. A ação se faz através de
conexões da formação reticular com os núcleos inespecíficos do tálamo. É a
formação reticular que é responsável pela regulação do estado de alerta e
auxilia o processo atencional. As informações vindas dos receptores
sensoriais passam pela formação reticular de onde atingem as fibras para
estruturas diencefálicas e corticais. Assim, elas têm como função de mediar
entre os estímulos internos e o mundo externo como a atenção seleciona os
estímulos permitindo a interação do meio. Alguns pesquisadores acreditam
que todo esse processo seja neuroquimicamente feito por neurônios
dopaminégicos.
Ainda descrevendo o sistema reticular ativador pode ser dividido
em duas partes principais: componentes mesencéfalico e talâmico. O primeiro
é formado pela substância reticular. A estimulação dessa região produz fluxo
difuso de impulsos através de áreas talâmicas para áreas dispersas no córtex
cerebral, produzindo um estado geral de vigília. O componente talâmico
produz ativação de regiões específicas do córtex.
Assim os neurônios do córtex parietal recebem informações
sensoriais do tálamo e das áreas de associação corticais. As informações
motoras são procedentes dos núcleos da base e as informações límbicas são
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do giro do cíngulo e da amígdala. Todas essas áreas recebem aferências da
formação reticular que regula o nível de ativação de cada uma delas. De forma
contrária o sistema reticular ativador pode ser inibido ou ativado por diferentes
sinais do córtex.
Lent define os mecanismos da atenção em explícita e implícita
onde a explícita ou aberta o foco de atenção coincide na fixação visual, ou seja,
aos movimentos oculares. Têm-se mais a atenção na seleção de objetos a
serem percebidos. A atenção implícita ou oculta não coincide apenas com o
olhar, mas também fazendo uso de outros sentidos, no caso auditivo. Pode-se
executar atividades de leitura e ouvir música ao mesmo tempo.
Lent ainda exemplifica os mecanismos da atenção quando
queremos localizar uma palavra em negrito durante uma leitura. Ocorrem
transmissões de informações do córtex pré-frontal, em especial o campo ocular
frontal, que através de estímulos, se atrelam aos movimentos oculares ao foco
atencional. Ao mesmo tempo esses comandos acionam os axônios que
estabelecem conexões recíprocas com os neurônios visuais onde estes são
carregados de identificar a espessura dos traços que compõe a letra. Os olhos
percorrem as páginas enquanto os axônios atencionais ( o que executa a
função nesse instante ) aumentam a incitabilidade dos neurônios visuais
encontram a palavra em negrito, esses neurônios de forma imediata
respondem com maior freqüência tendo de forma espontânea ou sensibilizado
pela atenção, ou por ter ocorrido um sincronismo de disparo que aumentara a
soma temporal nas sinapses que formam as cadeias dos neurônios visuais.
Desta forma o cérebro é habilitado para a identificação rapidamente e eficiência
dos formatos das letras, em especial em negrito.
Em novas pesquisas realizadas com tomografia por PET, foi
verificado que a atenção seletiva, principalmente visual e auditiva depende da
informação sensorial a ser processada. A visual ativou a região do córtex
visual, parietal e pré-frontal; já a tensão seletiva incitou o córtex auditivo,
parietal inferior, pré-frontal e cingulado anterior.
17
Por fim, nos processos atencionais muitas áreas do cérebro são
ativadas trabalhando de forma integrada para que os componentes estejam
em harmonia. O controle e organização da atenção têm papel fundamental na
disposição para agir e o controle inibitório também na execução e
planejamento direcionados à metas e auto-regulação da ação, onde esta tem
relação com as áreas anteriores do cérebro, principalmente nas áreas pré-
frontal.
A atenção dentro de sala de aula
Existem professores que citam o comportamento de seus alunos
em sala de aula. A maior reclamação deles é a atenção ou falta dela.
Conforme o descrito anteriormente, como ocorre o funcionamento da atenção
no cérebro e suas funções. Não se pode deixar de atrelar, neste caso relação
atenção e aprendizagem com a memória, pois juntas integram o processo de
aprendizagem. Para compreender melhor como funciona esse processo, de
como a atenção se relaciona com a cognição chegando ao resultado final que
é a aprendizagem.
Verifica-se mais profundamente a relação da atenção com a
cognição e pode intensificar o processo de aprendizagem em sala de aula.
Para alguns educadores ter a atenção de seus alunos parece
tarefa impossível. Para falar de comportamentos e desenvolvimento em sala
de aula se faz necessário atrair a atenção deste aluno para que ele tenha foco
“Desde os processos de atenção e
memória, sem os quais a aprendizagem
não seria possível.” ( Vitor da Fonseca )
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no conteúdo que está sendo aplicado, respeitando todas as regras que este
indivíduo traz em seu desenvolvimento emocional. Segundo Ruenda e
Alonso, “O desenvolvimento emocional é formado a partir de uma diversidade
de habilidades cognitivas, incluindo a capacidade de regular o comportamento
com flexibilidade, de forma voluntária, exigindo esforço (função executiva),
dependendo fortemente do amadurecimento dos lobos frontais”. Portanto a
atenção executiva possui um destaque maior porque é nela que se encontra a
dificuldade dos alunos.
A atenção executiva é o sistema de gerenciamento de
recursos cognitivos emocionais, no qual a principal tarefa é a solução de
problemas. Possibilita perceber e responder de modo adaptativo aos
estímulos. Portanto, pode-se definir que as funções executivas é um conjunto
responsável por iniciar e desenvolver uma atividade com o objetivo, ou seja, a
capacidade que o indivíduo tem de realizar ações voluntárias independentes,
autônomas, auto-organizadas e direcionadas às metas como, por exemplo,
uma produção textual que exigirá desse indivíduo a realização das ações
citadas gerando um esforço cognitivo. Elas formam processos
multidimensionais de controle cognitivo que se caracterizam por serem
voluntários e exigir um alto esforço.
As estruturas neurais responsáveis pelas funções executivas
estão localizadas nos lobos frontais, no qual se divide em: córtex motor e pré-
motor, córtex paralímbico e córtex pré – frontal. O controle executivo
encontra-se ligado ao córtex pré-frontal onde mantém as conexões recíprocas
com as áreas corticais e sub corticais ocasionando, de forma especial,
monitorar e participar dos processos cognitivos.
A função executiva permite regular uma variedade de redes tais
como as respostas emocionais e as informações sensoriais. Esta é importante
para a maioria das habilidades e relacionada com o rendimento escolar do
aluno. Conhecer a função da atenção executiva e seu relacionamento com o
desenvolvimento emocional dará ao educador uma visão mais ampla de seu
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aluno como um sujeito único que possui dificuldades e habilidades
específicas. Elas ainda incluem a capacidade de avaliar, organizar e alcançar
metas, bem como a capacidade de adaptar um comportamento com
flexibilidade ao ser confrontado com novos problemas e situações.
São através das decisões dentro do ambiente escolar que o
educador encontrará, nos seus alunos, situações – problema com
relacionamento entre os colegas – emocional; ou em situações cognitivas –
ensino da matemática. Sabe-se que o educador atual que busca
conhecimentos para compreender o cotidiano processo de aprendizagem
desses cérebros que chegam até a escola, não pode apenas ser de forma
conteudista. Esse indivíduo que chega à sala de aula cheio de emoções é um
sujeito único e criar laços afetivos ajuda na aprendizagem, pois na função
executiva relaciona nas emoções desse individuo.
De forma mais prática, o educador pode explorar a função
executiva de seu aluno utilizando seu tom de voz colocando estado de alerta
dele em ação, aumentando ou diminuindo seu tom de voz ao ler um texto, por
exemplo. Assim, o educador terá, também, a focalização de seus sentidos (
visual e auditivo ) concentrados na informação que estiver sendo transmitida.
Assim, conhecendo bem como funciona as funções executivas, o educador
poderá, enfim, obter a atenção de seu educando conseguindo seu objetivo
final que é o aprendizado do mesmo.
A postura do professor em sala de aula deve acompanhar a
realidade do aluno, sendo ele que deve procurar a melhor forma de adequar o
conteúdo curricular à linguagem que os alunos estão acostumados, criando
canais de comunicação que despertarão o interesse e conseqüentemente a
“As funções executivas são processos
multidimensionais de controle cognitivo que se
caracterizam por serem voluntários e exigir um
alto esforço.”(Ruenda & Alonso) 2013)
20
atenção estará voltada para melhor aproveitar o aprendizado, assim tornando
as aulas mais atrativas e conseguindo a atenção necessária.
Motivação no aprendizado do segundo idioma
Em um mundo cercado de muitas tecnologias de fácil acesso e as
diversas informações que essas nos trazem. Em uma análise mais cautelosa,
observa-se pelos os meios de comunicação, como rádio, a apresentação em
massa de músicas estrangeiras, em especial o inglês. Em sala de aula muitos
alunos associam esta vivência com as músicas inglesas e seus cantores
favoritos. Essas atitudes ajudam para associar novos vocábulos e fortalecer o
aprendizado, contudo muitos alunos acham que o professor de inglês só deve
ensinar música como conteúdo, mas o objetivo do ensino de Língua Inglesa
vai mais além.
A importância de aprender um segundo idioma está sendo mais
exigido a cada dia no mercado de trabalho. Os pais investem nesse segmento
cada dia mais cedo em seus filhos visando apenas o resultado final – falar
fluentemente um segundo idioma. Conhecer dois idiomas, por exemplo,
mostra benefícios nas áreas lingüísticas e sociocognitivas. Além disso, pode
obter melhor desempenho nos testes cognitivos que exigem a atenção como
exemplo: tarefas de resoluções não verbais construindo flexibilidade mental e
ter duas interpretações ao mesmo tempo de um vocábulo trabalhando a
memória. Segundo Bear, Connor, Paradiso ( 2002 ) a motivação pode ser
pensada como a força que obriga um comportamento a acontecer, ou seja, o
que impulsiona a fazer algo, desperta o interesse em alguma coisa e está
“Se uma pessoa não pode aprender de
maneira que é ensinada, é melhor
ensiná-la da maneira que pode
aprender”. ( Marion Welchmann )
21
contido diretamente no sistema límbico chamado por alguns especialistas de
sistema do prazer ou dopamínico.
Alguns pesquisadores definem a motivação no aprendizado do
segundo idioma de diferentes formas: a motivação é considerado no modelo
sócio-educativa de segunda aquisição de linguagem (Gardner, 1985), o
modelo de contexto social (Clément, 1980), autodeterminação (Noels, e
Clément, 1996), comunicação (MacIntyre, Clément, Dörnyei, & Noels, 1998).
Segundo o professor de psicologia Robert C. Gardner,
( universidade de Western Ontario, Londres ), há um modelo mais simples de
entendimento da relação entre motivação e o aprendizado do segundo
idioma:
Contexto cultural Contexto educacional
Integração --- Atitude de aprendizagem
Motivação
Comportamento - Persistência - Contato cultural - Retenção do idioma
Sala de aula
Realização - Língua e Uso
Contudo, o um modelo real mais motivador é a sala de aula onde
o professor deve interagir com seus alunos trazendo para este ambiente,
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instrumentos incentivadores e buscar o que o pode ser mais atrativo para o
grupo para o seu objetivo final – a aprendizagem.
23
CAPÍTULO II - A aprendizagem no cérebro
Como visto no capítulo I a atenção é fundamental para o processo
de aprendizagem. A aprendizagem é um processo físico que ocorre em um
sistema biológico, segundo Lent, todos os animais são capazes de aprender o
que significa que todos têm algum tipo de memória. Contudo a interação com o
meio externo é essencial para que o indivíduo possa a partir das observações,
tentativas de acertos, erros e reflexões obter a aprendizagem, pois ela é
mutável, assim como o cérebro. O indivíduo aprende para a vida e nela está
contido cheio de estímulos que propiciam a aprendizagem.
Todo o processo de aprendizagem ocorre no cérebro e as células
responsáveis por este processo são os neurônios. O cérebro humano é
composto de cerca de cem bilhões de neurônios.
A parte mais importante do cérebro para a aprendizagem são os
dendritos, pois são eles que fazem mais conexões com o corpo. Os dendritos
são fibras que crescem a partir dos neurônios quando o aluno presta a
atenção, escreve, fala ou pratica sobre algo que houve a interação. A
aprendizagem ocorre de forma natural, pois há um crescimento dos dendritos e
eles levam um tempo para crescer, pois dependem da prática e da repetição.
Neste caso o dever de casa é perfeito para que ocorra a fixação do conteúdo
apresentado. Quando o indivíduo pratica algo os dendritos ficam mais grossos
“O neurônio é a principal unidade sinalizadora do sistema nervoso e
exerce as suas funções com a participação dos gliócitos. É uma célula cuja
morfologia está adaptada para as funções de transmissão e processamento de
sinais: tem muitos prolongamentos próximos ao corpo celular (os dendritos), que
funcionam como antenas para os sinais de outros neurônios, e um
prolongamento longo que leva as mensagens do neurônio para sítios distantes
(o axônio).”
( Roberto Lent - Cem bilhões de neurônios )
24
com uma camada de gordurosa chamada bainha de mielina. Quanto mais
grossos os dendritos, mais rápido ocorre os sinais sinápticos.
A sinapse ocorre quando dois dendritos crescem juntos e um
ponto de contato é formado. As mensagens são enviadas de um neurônio para
outro como sinais elétricos que viajam através das sinapses. Os
neurotransmissores são produtos químicos atuantes nesses processos, pois
transportam os sinais elétricos através das sinapses.
livro “Transtorno de Déficit de Atenção” – José Salomão Schuwartzman
Quanto mais conexões neurais o indivíduo pode produzir, melhor o
processo de aprendizagem, porque as conexões neurais são responsáveis pelo
transporte que são interligadas. Forma-se uma teia neural que resulta na
aprendizagem seja ela motora, sensorial, sentidos biológicos, visuais, olfativo e
“Os neurônios comunicam-se através de estruturas chamadas sinapses, que
consistem cada uma delas em uma zona de contato entre dois neurônios (... ) é capaz
não só de transmitir mensagens entre duas células, mas também de bloqueá-las ou
modificá-las inteiramente: realiza um verdadeiro processamento de informação.”
( Lent p.13 )
25
gustativo. O indivíduo não é mais o mesmo. Segundo Relvas, o esquema a
seguir define melhor o seguimento do processo de aprendizagem:
APRENDIZAGEM
Informação sentidos biológicos
Estímulos neurais potencial de ação
Cérebro elaboração / interpretação de informações
A aprendizagem também é baseada na memória porque requer
armazenamento das informações e, assim também, a memória baseia-se na
aprendizagem onde o indivíduo estabelece novos conhecimentos com base na
estrutura de aprendizado anterior, os dados são anexados nessa estrutura por
associação, sendo assim, a memória torna-se a função mais importante do
cérebro. Ela está ligada ao aprendizado e a capacidade de repetição de
acertos e erros; além de ser capaz de planejar, abstrair, ter julgamento crítico e
atenção. Uma das características da memória é a capacidade de transferir
informações da memória de curto para longo prazo e essa capacidade é
extremamente importante para a aprendizagem. Para construir uma memória o
individuo passa por um processo de assimilação. Neste instante o hipocampo é
ativado ajudando a selecionar os aspectos importantes e esses, portanto serão
armazenados.
Entende-se de uma maneira geral que, a aprendizagem está
ligada a emoção, impulsiona o sentimento, que impulsiona a atenção, que
impulsiona a aprendizagem e a memória. Por isso a aprendizagem, em sala de
aula, deve ser envolvente, cativar o aprendente. De acordo com Damásio,
“Quanto mais conexões, mais memória!” ( RELVAS, 2009 )
26
pesquisas provaram que não somente isso não é possível, mas que também
nossas emoções afetam a aprendizagem e a compreensão. O professor pode e
deve ser afetivo com seu aluno. Criar um elo de amizade com limites e bom
senso, assim o aluno torna-se mais confiante e promove mais conexões. Essa
interação ocasiona mais rapidamente ao resultado esperado por todos – o
aprendizado. Somos 50% emoção e 50% social. Não há a possibilidade de
desassociar a emoção e o social.
O que é significante e tem sentido para o indivíduo, altera o gene
da célula nervosa na estrutura do hipocampo. Quando uma nova informação é
inserida para o aluno e é compreensível, ocorre o sentido e pode ser conectada
a experiências anteriores – significado – a retenção desta informação será
drasticamente aumentada. É como um “gancho” criando uma relação de
sentido e significado, por isso, no ensino de um segundo idioma há extrema
necessidade de ligar os conhecimentos próprios aos novos vocábulos. Ter um
arquivo, um vocabulário pré – existente para consolidar essas novas
informações que chegam ao cérebro, ou seja, a existência de signo e
significado lingüístico para um suporte interpretativo do idioma.
“Não dá para desassociar o biológico e o social –
o cérebro e o meio.” ( Henry Wallon)
“Aprendemos com a cognição, mas sem dúvida alguma, aprendemos
pela emoção, o desafio do professor é unir conteúdos coerentes, desejos,
curiosidades e afetos para uma prazerosa aprendizagem.” ( Marta Relvas )
27
A seguir, um exemplo para melhor compreensão na prática da
aprendizagem, segundo Marta Relvas.
Aprendizagem ativa
Experimentando desenhar Pensando investigar Fazendo questionar
Refletindo estabelecer hipóteses
Discutir pontos de vista oficinas de: Explorar ideias música Aplicar conhecimento teatro
Organizar dados exercício físico / brincar
Todos os itens acima são fatores importantes que impulsionam o
processo de aprendizagem de forma ativa, que podem ser estabelecidas pelo
professor. O “transmitir o conteúdo” não é garantia de sucesso no aprendizado,
contudo se há experimentações para integrar esse conteúdo, como os
exemplos acima, há uma perfeita harmonia para estabelecer as conexões
necessárias para consolidar a aprendizagem. Esse processo envolve todos os
sentidos: visual, motor e tátil, ou seja, segundo Relvas, o pensar sobre o
pensar. A aprendizagem, também, é um fenômeno individual e privado;
obedece às circunstâncias histórica e cultural de cada um.
Para Cosenza as estratégias de aprendizagem que têm mais
chance de obter sucesso são aquelas que levam em conta a forma do cérebro
“O aprendizado é uma arma poderosa na luta pela sobrevivência e é uma característica inata do cérebro.” ( Metring, 2014 )
APRENDER
28
aprender. É importante, segundo ele, respeitar os processos de repetição,
elaboração e consolidação. Também faz diferença utilizar diferentes canais de
acesso ao cérebro e de processamento da informação.
Plasticidade neural
A plasticidade neural ou neuroplasticidade é a habilidade cerebral
de se reorganizar por novas conexões neurais. É moldar a mente, cérebro
através da atividade onde se pode aprender em qualquer momento da vida. A
plasticidade permite que o cérebro expresse novos comportamentos e
juntamente com a aprendizagem transforma esse processo de reorganização
cotidiana, ou seja, a reestruturação do próprio cérebro.
No nascimento o ser humano possuí todos os neurônios que
precisa ao longo da vida. A cada novas experiências, novos contatos e
estímulos realizados em seu devido tempo possibilita as conexões sinápticas e
cria novas habilidades. É fazendo, portanto, novas conexões e potencializando
as áreas do cérebro relacionadas que obtém mudanças comportamentais,
possibilitando constante adaptação e readaptação durante toda a vida. A
plasticidade neural, portanto, é maior durante a infância, mas não significa que
desaparece na vida adulta. Um exemplo claro é o taxista, um profissional que
exercita diariamente a memorização de rotas e ruas da cidade ou bairro
estimulando e desenvolvendo o hipocampo ( região fundamental relacionado a
memória ). O exercício mental e o estímulo são conseqüências na produção de
novas células nervosas. Essa atividade possibilita a reabilitação de pessoas
com lesões cerebrais, por exemplo; e, também, para crianças e adolescentes
terem o melhor desempenho de aprendizagem para o tratamento de distúrbios
e transtorno de aprendizagem. Segundo alguns neurocientistas e psicólogos
indicam algumas atividades para o melhor desempenho da plasticidade.
29
O sono - é imprescindível para que todas as informações
novas sejam armazenadas. Dormir faz parte do processo de
aprendizagem;
Mão dominante – trocar de mão em tarefas cotidianas
como pentear os cabelos;
Cruzadinha ou caça-palavras – cronometrar o tempo de
cinco minutos, por exemplo, para as palavras encontradas. Após
conseguir o feito, fazer o mesmo diminuindo tempo;
Ditado invertido – onde o indivíduo escreve uma palavra,
por exemplo: aprendizagem e formar outra palavra com a última letra
desta e formar uma frase;
No aprendizado do segundo idioma, neste caso o inglês, os
professores usam um termo chamado “warm up”, “um aquecimento” para iniciar
a abordagem do tema trazendo para este aprendente um signo e significado de
novos vocábulos, parte gramatical e expressão idiomática sempre retomando o
que foi aprendido na aula anterior ao novo seja por meio de jogos, música ou
interação direta com o aprendente.
Portanto, praticar atividades físicas, leitura – usando a atividade
cerebral ocorre o processo de neuroplasticidade promovendo as sínteses dos
neurotransmissores. Com essas atividades fortalecem as células cerebrais,
afim de, conhecer e explorar a plasticidade neural em sala de aula propiciando
uma excelência em várias dimensões para este educando. Todavia a
plasticidade neural requer, também, a prática de exercícios, associação,
trabalhando a memória sentido e significado e, também motor. Potencializar as
habilidades promover novas conexões e, assim melhorando a qualidade de
transmissão dos impulsos nervosos.
“A plasticidade cerebral constitui um forte argumento
neurocientífico sobre a aprendizagem durante toda a existência
humana,” (Luiz Antonio Costa Tarcitano – “Que cérebro é esse que
chegou à escola?” p.236
30
Fica de forma evidente que, as modificações ocorridas no sistema
nervoso central através da plasticidade são maneiras que crianças, jovens e
adultos aprendem para toda a vida. Sendo assim, a plasticidade é uma
condição necessária para aprendizagem intrínseca do cérebro.
O ciclo do sono
O sono também é fator importantíssimo no processo de
aprendizagem. Segundo Relvas, não é a quantidade de horas do sono, mas a
qualidade que restabelecerá a aprendizagem, a memória e a atenção, ou seja,
a qualidade do sono é essencial para a consolidação do aprendizado. O sono é
o período em que o cérebro “passa” a limpo as novas informações adquiridas
ao longo do dia, isso significa que o aprendizado começa durante o dia, mas
sua consolidação na memória depende da noite de sono.
Dormir bem é extremamente importante para a aprendizagem.
Existem substâncias que são liberadas somente à noite, principalmente quando
sonhamos. O sono sem sonho repete a via neural de aprendizagem que força o
armazenamento de longo prazo. Dormir de 8 a 9 horas por noite resulta um
aumento para a retenção do aprendizado.
“Dormir bem para aprender melhor.”
( Fernando Louzada )
“O cérebro controla ativamente o sono, e é estimulado pela formação reticular mesencefálica não só para sair dele, mas também para iniciar os sonhos”. (Suzanna Herculano )
“A consolidação da aprendizagem se faz durante o sono
e depende do hipocampo. Nela se constroem conexões
entre diferentes áreas do córtex cerebral que armazena
a informação.” ( Ramon Cosenza , 2011)
31
As crianças e adolescentes precisam de um condicionamento,
horário e regras; sendo essas estabelecidas apresentarão melhor desempenho
para dormir e consequentemente um sono de excelente qualidade. O melhor
período para o estudante estudar é antes de dormir, porque ao dormir, nosso
cérebro descarta algumas informações. Tal prática é biologicamente normal,
pois aprendemos para esquecer. O cérebro descarta aquilo que não foi
consolidado.
Alguns indivíduos podem apresentar distúrbios do sono. De
acordo com a Classificação Internacional do sono existem algumas dificuldades
que a criança ou adolescente podem apresentar. Procurar ajuda de um
especialista é o mais indicado para ter um melhor desempenho no aprendizado
e a solução para a dificuldade do sono. Vejamos alguns exemplos:
• Insônia – dificuldade repetida em começar, manter ou
consolidar o sono. Alguns sintomas: déficit de atenção, irritabilidade,
sonolência diurna e desmotivação;
• Desordens respiratórias – como as apneias demonstram
sinas de sonolência diurna excessiva e despertares pequeno ou
frequentes durante a noite;
• Hipersonias – apresenta sonolência excessiva;
• Parassônias – são episódios de alterações motoras e
comportamentais durante o sono. Como, por exemplo: sonambulismo e
pesadelos.
A aprendizagem precisa acontecer de forma espiral. As
informações devem ser repassadas várias vezes, pois dificilmente aprende-se
“Esquecer para lembrar.” (Ivan Izquierdo )
35
Biólogo e psicólogo, Piaget ( 1896-1980 ) apresentou a teoria dos
estágios cognitivos, onde toma como base seus próprios filhos e também
outras crianças. Concluiu que havia diferença entre pensamentos, no qual, às
crianças faltavam habilidades que as impediam de pensar como indivíduos
adultos. Em sua teoria, Piaget propõe a existência de quatro estágios de
desenvolvimento cognitivo no ser humano. Influenciou de forma profunda e
significativa a educação. Segundo ele a criança só poderia aprender o que ela
estaria preparada para assimilar, e ainda defendia que as crianças
desencadeavam ativamente o desenvolvimento onde a primeira infância e
adolescência são fases que ocorrem mudanças qualitativas no pensamento.
Na visão de Piaget o conhecimento é um processo ativo na infância onde a
criança é capaz de criar e testar sua visão de mundo.
Assim, Piaget apresentou quatro estágios universais qualitativos
diferentes:
Sensório motor ( 0 a 2 anos ) – nesta fase o bebê é capaz
de organizar atividades relacionadas ao seu meio usando as atividades
sensoriais e motoras.
Pré – operatório ( 2 a 7 anos ) - a criança utiliza símbolos
para representar pessoas e lugares. Segundo Piaget, nesta fase não
tem pensamento lógico.
Operatório concreto ( 7 a 11 anos ) – a criança resolve
problemas mas não consegue pensar abstratamente.
Operatório – formal ( 11 anos em diante ) – pensa
abstratamente, pensa em possibilidades e lida com situações
hipotéticas.
“... caracterizou a formação da inteligência por estágios, que refletem as diferentes formas de organização mental traduzidas nas estruturas do conhecimento. Cada estágio implica um nível de preparação e de acabamento.” ( Relvas, 2009 - p.118 )
36
Nas observações de Piaget, a adaptação à realidade do ambiente
depende do conhecimento como: organização – criação de esquemas formas
de organizar informações sobre o mundo; adaptação – maneira que a criança
lida com as novas informações, a partir daquilo que ela já sabe subdividindo-se
em assimilação e acomodação; equilibração – estabelece assimilação para a
acomodação onde juntas produzem equilíbrio.
Esse biólogo e grande observador define, de uma maneira geral,
que o conhecimento é gerado pela a interação do sujeito com seu meio, dessa
forma a aquisição do conhecimento depende tanto das estruturas cognitivas
quanto ao próprio sujeito em relação com o objeto.
Lev Vigotski ( 1896 – 1934 ) psicólogo e neurologista defendia a
teoria histórico – cultural, no qual segundo ele, as características típicas do ser
humano não nascem com o indivíduo, mas resultam da interação dialética do
homem e seu meio.
Apresentava quatro pontos que caracterizavam o funcionamento
psicológico humano:
Filogênese – história da espécie humana
Ontogênese – história da pessoa
Sociogênese – história cultural do meio onde o indivíduo
está inserido
Microgênese – singularidade do desenvolvimento
Suas ideias foram avanços importantes sobre o indivíduo e
sociedade. Para Vigotski as características humanas não estão presentes no
nascimento do indivíduo. Não são hereditárias e nem são adquiridas ao meio
externo contrariando as teorias de Piaget.
37
Vigotski apresenta o resultado da interação entre o indivíduo e o meio,
sendo assim, caracterizado de sociocultural. Ele argumenta que ao mesmo
tempo o homem atua na natureza transformando-a, e ele mesmo sofre os
efeitos dessas mudanças que promove. Assim, não se concebe o
desenvolvimento do individuo como linear universal ou previsível. Segundo
Relvas, Vigotski entende o cérebro como um sistema flexível, apto a novas e
diferentes funções, sem mesmo que haja transformações ao meio físico.
Segundo ele, as relações humanas têm origem entre o homem e o mundo; isto
justifica que o desenvolvimento da mente se constrói ao longo da vida e está
literalmente ligada ao desenvolvimento histórico e as formas sociais humanas
( o histórico – cultural ). Vigotski conceitua o cérebro como base de
funcionamento biológico e psicológico, no qual cada individuo e espécie
carrega quando nasce. Ele concebe o cérebro apto para servir novas e
diferentes funções contribuindo, a cada estágio, na construção do
conhecimento voltada para a aprendizagem e o desenvolvimento da
inteligência do sujeito.
Vigotski, ainda, defende a ideia da mediação onde há relação do
homem entre si e o mundo, e por meio de sistema de signos intervindo ao seu
meio. Esses signos, chamados por ele de “instrumentos psicológicos”
regulariam as ações do psiquismo das pessoas auxiliando as atividades. Todo
aprendizado é necessariamente mediado - e isso torna o papel do ensino e do
professor mais ativo e determinante. Para Vigotski, o primeiro contato da
criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a
participação de um adulto. Ao momento do aprendizado a criança se apropria
do mesmo, tornando-se voluntária e independente. Desenvolve estruturas
intelectuais dando saltos em nível de conhecimentos. O ensino, para Vigotski,
deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender
sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o
"Na ausência do outro, o homem
não se constrói homem".
( Vigotski )
38
aprendizado vem antes. Isso se aproxima a zona desenvolvimento iminente
onde o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está
perto de conseguir fazer.
Por isso o princípio da mediação ser tão importante para Vigotski; o
professor precisa saber identificar as capacidades de cada aluno e trabalhá-las
para um melhor aprendizado. O bom ensino é aquele que estimula a criança a
atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina
completamente. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire
também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento
psicológico.
“O ser humano se torna Homem pela aprendizagem.” (Sara Pain)
“A criança pensa em cima
de lembranças.”
(Vigotski )
39
CAPÍTULO III - Dificuldades de aprendizagem
Há inúmeras vertentes que podem levar o aluno a apresentar
dificuldades de aprendizado tais como: problemas familiares, proposta do
currículo escolar, capacitação do professor ou déficit cognitivo. Contudo,
observa-se que os problemas mais notórios são nos campos do
comportamento e da aprendizagem (memória, atenção, percepção, atividade
motora, emoções e sociabilidade).
Segundo Relvas, a dificuldade de aprendizagem é quando a
criança apresenta uma determinada limitação temporária em uma
determinada ação. Essa dificuldade que este individuo apresenta pode ser de
uma maneira pontual, ou seja, demonstra uma dificuldade específica seja na
escrita, leitura ou cálculos matemáticos. Ocorre uma discordância entre o
cognitivo e o desempenho escolar. A dificuldade de aprendizagem está ligada
a uma disfunção no sistema nervoso central onde ocorrem falhas na
interligação em várias regiões do cérebro que pode ser superadas ou
agravadas dependendo de que forma esse indivíduo receberá como
estímulos externos para melhor consolidação da aprendizagem.
Relvas, exemplifica ainda que a dificuldade de aprendizagem
pode estar envolvida a uma vivência que o indivíduo trás, seja a morte de um
familiar ou pessoa muito próxima ou até mesmo a separação dos pais
atingindo, assim, momentaneamente sua capacidade de atenção, percepção
e assimilação; porém, esse indivíduo pode apresentar resiliência ou
neuroaprendência, cujo significa a capacidade que o próprio indivíduo tem de
superar; dar a volta por cima.
“As crianças ao apresentarem uma determinada dificuldade e/ou transtorno
não significa que tenham uma deficiência intelectual. (... ) apresentam sua
inteligência cognitiva intencional perfeita, apenas possuem ritmos de
aprendizagem cognitiva (... ) diferentes.” ( Marta Relvas – Sob o comando
do cérebro p.174 )
40
Por meio de pesquisas, alguns autores como: Fonseca (2007),
Weiss (1994) , Bergantini ( 2001 ), Garcia ( 1988 ) entre outros, em busca de
descrever as dificuldades de aprendizagem, elaborou-se uma síntese:
Dificuldade transitória em uma única área – apesar de ser uma
dificuldade pontual, se não superada pode trazer dificuldades na aquisição de
conhecimentos propostos. Quando o professor percebe que um aluno não
está conseguindo assimilar determinado conteúdo, é importante que o
professor desenvolva estratégias variadas, expondo o assunto de diferentes
maneiras, até que seja possível a superação da dificuldade.
Dificuldade global – envolve aspectos sociais, culturais e
emocionais. A estrutura cognitiva encontra-se intacta. Pode ser causada por:
transferência de escola, no qual pode haver dificuldade da criança interagir ao
grupo; a metodologia e avaliação apresentada na escola; fuso horário
atingindo o ciclo cicardiano; e uso de medicamentos cujos os efeitos
colaterais interferem diretamente na aprendizagem.
Dificuldade neurológica – envolve a área da educação
especial/inclusiva. É importante não rotular esse aluno e sim avaliar sua
funcionalidade nas diferentes áreas de conhecimentos.
Disfunção cerebral (distúrbios de aprendizagem) – afeta áreas
específicas relacionadas à linguagem oral, leitura, escrita e ao cálculo.
Sugere-se o uso das estratégias indicadas pela Teoria das Múltiplas
Inteligências (GARDNER, 1995; ANTUNES, 1998; ANTUNES, 2008).
Dificuldades de atenção e memória – em relação à atenção, o
aluno não seleciona estímulos importantes, pois presta atenção em outros
estímulos do ambiente.
Dificuldades emocionais – processos psicológicos básicos,
como a percepção, a memória e a atenção/concentração, estão diretamente
41
ligadas à aprendizagem. Esse individuo pode apresentar comportamentos de
insegurança e baixa autoestima, outros podem apresentar sentimentos de
raiva e afastamento das tarefas escolares.
Segundo Simone Magalhães, (especialista em dificuldades de
aprendizagem - UERJ) classifica três fatores importantes que contribuem para
a dificuldade de aprendizagem:
Fatores neurobiológicos – relacionados ao recém nascido
como asfixia neonatal, baixo peso, anemia, viroses, etc.
Fatores socioculturais – crianças oriundas de famílias
pobres, má alimentação, pouca estimulação, sistema educacional
rígido e sala de aula superlotada.
Fatores psicoemocionais – a influencia da mãe na
educação da criança é o que mais interfere neste fator. Mães
deprimidas, abandonadas, ansiosas e frustradas.
De acordo com os estudos de Pain (1985 ), Weis ( 1994 ) e
Manolio (2009 ) a escola pode contribuir de maneira significativa para a
superação deste aprendente em relação a sua dificuldade de aprendizado,
intervindo de forma positiva no processo cognitivo.
- Fornecer meios onde o aluno possa superar dificuldades com base
em conhecimentos anteriores;
- Fornecer relações interpessoais adequadas entre os colegas e
professores;
- Contribuir para não agravar os problemas de aprendizado
melhorando as condições de ensino e interagindo com a família.
Cosenza afirma que as dificuldades de aprendizagem resultam de
muitos aspectos que interferem na aquisição de novos esquemas, ou seja, na
reorganização do cérebro para a produção de novos comportamentos. Pode
estar relacionado à anomalia do funcionamento do sistema nervoso. Embora
42
a aprendizagem ocorra no cérebro, nem sempre ele é a causa original das
dificuldades de aprendizado. Como depende da interação do indivíduo com o
ambiente, as falhas na aprendizagem podem estar relacionadas ao individuo
ou ao ambiente. Pode ocorrer que o individuo não apresente qualquer
alteração na estrutura ou funcionamento do sistema nervoso, e ainda assim,
pode apresentar dificuldades de aprendizado. Para Cosenza o principal
estimulador para a aprendizagem é o ambiente, onde este pode contribuir
positivamente ou negativamente no processo de aprendizagem.
Transtornos de déficit de atenção
O Transtorno de Déficit de Atenção (TDA) é um diagnóstico
fornecido por profissionais como psicólogos e neurologistas para nomear um
comportamento desatencional com ou sem histórico de hiperatividade. O TDA
é mais fácil de diagnosticar em crianças e adolescentes que apresentam
atividades motoras muito acentuadas, inadequada ou excessiva. Esses
indivíduos apresentam grande dificuldade de relacionamento com os colegas
como, por exemplo, intrometer-se em brincadeiras, dificuldades de
permanecer no seu lugar na sala de aula, não conseguem prestar a atenção
no que as outras pessoas dizem, precipitam respostas, não conseguem fixar
o que aprendem ou em casos mais graves nem conseguem aprender. Porém
tais comportamentos e ações não podem ser confundidos com má educação.
Esse indivíduo apresenta sinais de desenvolvimento inadequado em relação à
sua idade mental e cronológica. Segundo Schwartzman, um determinado
nível de atividade e dispersão é um comportamento normal apresentadas em
crianças de dois anos, contudo a partir dos sete anos é um comportamento
anormal. Segundo Olivier, crianças que apresentam o TDA pode ter um
aprendizado satisfatório, mas ser disperso ou desatento, hiperativo ou
extremamente tímido ou alternando hiperatividade e retração.
43
Ao longo dos anos o TDA obteve várias nomenclaturas para
descrever e definir sinais e sintomas de quem o apresenta. Em 1902 o médico
inglês George Fredick Still foi o pioneiro ao interessar por crianças que
apresentavam comportamentos agressivos, desafiantes, indisciplinados,
cruéis e com dificuldades na atenção. Analisando esses comportamentos
nomeou de “defeito no controle moral”, na sua visão essas crianças teriam
dificuldades na inibição de respostas aos estímulos e identificou algum tipo de
influência hereditária.
Meyer (1904) e Goldstein (1936) observaram comportamentos
semelhantes descritos por Still, porém em crianças que haviam sofrido lesões
cerebrais traumáticas e sugeriram os termos “distúrbio orgânico de
comportamento” e “lesionado cerebral”. Em 1917 e 1918 em decorrência a
uma encefalite epidêmica, Hohman observou comportamentos similares. Até
então normais, essas crianças apresentaram problemas referente à atenção,
concentração, afeto e memória. Hohman, porém interpretou esses problemas
a sequelas do processamento inflamatório do SNC. Tomando como base
essa suposição, Hohman refere-se a essas crianças que, mesmo sem
evidência de lesão cerebral, se comportavam de forma peculiar, passou a
utilizar o rótulo de “lesão cerebral mínima”. Naquela época não se fazia ainda
distinção de quadro comportamental e dificuldades de aprendizagem escolar.
Para os médicos o termo LSM se referia mais especificamente a
comportamentos, mas para os educadores, se referia diretamente aos
problemas de aprendizagem. Em seus estudos, Gabriel Weiss (1976) por um
longo período veio provar que ao passar dos anos o individuo que
apresentava uma diminuição no nível de atividade na adolescência, contudo
os problemas com a atenção e controle de impulsos permaneciam na vida
adulta.
Segundo Schwartzman, o TDA, com ou sem hiperatividade
atualmente é considerado um dos problemas comportamentais crônicos da
infância mais comuns. Pelo aumento da sua identificação nos últimos anos e
o número de crianças que recebem medicação estimulante por conta deste
44
diagnóstico é uma grande preocupação para pais, educadores e profissionais
da saúde.
Estudos mostram que 5% a 10% das crianças em atividade
escolar apresentem o TDA e muitas dessas crianças continuarão
apresentando o transtorno na fase adulta. Segundo a Associação Americana
de Psiquiatria revela que esse problema pode ser encontrado na população
adulta variando de 2% a 7% e as mesmas fontes referem-se que cerca de
25% dos casos encontra-se algum parente próximo também afetado, o que
demonstraria a importância de fatores familiares. São mais perceptíveis em
sala de aula onde podem ocorrer cerca de 20% a 80% de casos, as
dificuldades de aprendizagem escolar, podem ser decorrentes diretamente
das dificuldades de concentração ou representar uma comorbidade com
transtornos específicos como: dislexia, disgrafia ou discalculia.
De acordo com Schwartzman, há evidências genéticas que
estejam presentes nas crianças diagnosticadas com TDA, uma vez que essas
crianças são medicadas com medicamentos que melhor funcionam para o
controle do transtorno são os dopaminérgicos. Schwartzman supõe que uma
disfunção da formação reticular do tronco cerebral e/ou desequilíbrio entre os
neurotransmissores dopamina, noradrenalina e, possivelmente a serotonina.
Segundo Oliver, em suas pesquisas a origem do transtorno pode ser causado
por anoxia perinatal e por outros fatores que provocam uma grande descarga
elétrica no cérebro. Para ela, há algum tempo atrás, acreditava-se que ao
chegar à fase da adolescência, os sintomas diminuiriam devido às mudanças
físicas da própria idade. Contudo, já provado cientificamente que isso não é
verdade. Por isso médicos e psicólogos recomendam um bom tratamento, a
fim de evitar ou acentuar o transtorno na vida futura desse individuo.
“Ele (TDA) não é transtorno de aprendizagem (TA), mas os
sintomas são desatenção, impulsividade que afetam
secundariamente a aprendizagem.” ( Relvas, 2011)
45
Os sinais e sintomas encontrados no individuo dependem da faixa
etária. Não é incomum que os pais informem que essas crianças, quando
bebês, eram agitadas, irritadiças, apresentavam dificuldades no sono ou sono
interrompido. À medida que essas crianças cresciam os sinais ficam mais
evidentes de agitação, hiperatividade, dispersão e impulsividade, não
necessariamente todos juntos. Esse excesso de atividade não é voluntário e
independente do desejo da criança, e por muitas vezes, são repreendidas
pelos pais ou professores e poderá apresentar grande dificuldade em tolerar
frustrações.
De acordo com o DSM V, as dificuldades de aprendizagem e no
uso das habilidades acadêmicas devem-se pelo menos a um dos sintomas a
seguir e os mesmos persistirem no mínino de seis meses:
Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço
( lê palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e
hesitante, frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade
de soletrá-las);
Dificuldade para compreender o sentido do que é lido ( pode ler
o texto com precisão, mas não compreende a sequência, as
relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que
é lido);
Dificuldades para escrever ( pode adicionar, omitir ou substituir
vogais e consoantes);
Dificuldades com a expressão escrita ( comete múltiplos erros
de gramática ou pontuação nas frases; emprega organização
inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem
clareza);
Dificuldades no raciocínio ( tem grave dificuldade em aplicar
conceitos, fatos ou operações matemáticas para solucionar
problemas quantitativos)
Conforme as descrições do DSM V, a classificação atual para a
categoria TDA e/ou TDAH é de transtornos do neurodesenvolvimento, no
qual as características diagnósticas dos transtornos da aprendizagem
46
apresentam uma origem biológica que é a base das anormalidades no nível
cognitivo as quais são associadas com as manifestações comportamentais.
A origem biológica inclui uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e
ambientais que influenciam a capacidade do cérebro para perceber ou
processar informações verbais ou não verbais com eficiência e exatidão.
Segundo o DSM V, o transtorno de déficit da atenção ou
transtorno específico da aprendizagem em crianças do ensino fundamental
costuma se manifestar como uma dificuldade acentuada para aprender a
correspondência entre letra e som principalmente na aprendizagem com a
Língua Inglesa. Nos indivíduos que aprendem o idioma inglês, a avaliação deve
incluir uma análise sobre se a fonte das dificuldades de leitura é uma
proficiência limitada no idioma ou um transtorno específico da aprendizagem.
Fatores de risco para transtorno específico da aprendizagem entre aqueles que
aprendem inglês incluem história familiar de transtorno específico da
aprendizagem ou atraso de linguagem na língua nativa, bem como dificuldades
de aprendizagem em inglês e incapacidade de acompanhar os colegas.
Segundo Schwartzman, existem outros fatores mais compreensíveis e
notórios, adaptados de acordo os casos atendidos por profissionais, para a
identificação de uma criança com TDA :
Crianças que esquecem com facilidade;
Parece não ouvir o que está sendo dito;
Não conseguem terminar tarefas e inicia outras sem
concluir a anterior podendo passar horas diante da tarefa sem
conseguir terminá-la;
Tem dificuldades de seguir regras;
Distraem-se facilmente
Contudo todos causam um prejuízo cognitivo. De acordo com o
DSM-V, especificamente ao Transtorno de Déficit de Atenção é a desatenção
apresentadas com freqüência. Dentre os citados, relutam em envolver-se em
tarefas que exijam o esforço mental constante e frequência de esquecimento
de tarefas diárias.
47
De acordo com Oliver, para essas crianças diagnosticas com
TDA, dependendo do caso, o melhor tratamento é a terapia com a ajuda de
um bom profissional e um acompanhamento psicopedagógico, sem excluir a
participação dos pais e professores num trabalho em conjunto e a favor da
criança. Ela pode ser estimulada a prática de esportes, incentivar a praticar
jogos que exijam concentração tais como: xadrez e jogo da memória
respeitando o tempo da criança na exceção da tarefa, realizar trabalhos
artísticos, estabelecer horários para dormir, comer, estudar e brincar, e o mais
importante elogiá-los aumentando sua autoestima quando apresentar
progressos. Em casos mais severos, além do tratamento multidisciplinar, se
faz necessário por prescrição de um especialista, ao tratamento
medicamentoso.
Jogos para melhorar o desempenho escolar
Ao longo dos anos tem-se exigido mais o entendimento de uma
língua estrangeira na sociedade e a Língua Inglesa é a mais estudada e
falada em todo o mundo. Por fatores culturais e históricos, a Língua Inglesa
foi inserida como opção do segundo idioma no currículo escolar. Contudo, os
educadores buscam estratégias mais modernas e de fácil aceitação para
obterem resultados satisfatórios no processo de aprendizagem.
Há alguns anos atrás o ensino de Língua Inglesa era feito de
maneira remota e nada atrativa para o aluno. Uso de repetições de vocábulos,
pronúncia e gramática tornava o ensino de idioma desmotivador. Segundo
Vera Lúcia Paiva ( Profª Dr e pesquisadora CNPq -UFMG ), o ensino de
Língua Inglesa se faz necessário e o mesmo seja contextualizado com
recursos visuais e auditivos, uso de drills para aprimorar a conversação e
interação em sala de aula. Paiva enfatiza que é importante para o professor o
conhecimento da linguística moderna e fazer reflexões das leituras abordadas
trazendo a realidade de mundo e a do aluno. Paiva cita ainda um exemplo
48
ocorrido na década de 70 à metodologia e material elaborado pela professora
Solange Ribeiro de Oliveira (UFMG) onde os principais objetivos abordados
nos materiais incluíam as habilidades: compreensão da língua falada,
capacidade de falar, habilidade de leitura e escrita.
Segundo Paiva, o professor não deve somente limitar-se com o
uso de livros didáticos e atividades extraídas da internet. O professor pode
explorar o que a internet trouxe de melhor: a integração com o outro,
principalmente pelas redes sociais. De maneira mais clara, Paiva afirma que o
uso da língua deve ser feita em prática social da linguagem juntamente com
ferramentas tecnológicas a favor do ensino de línguas estrangeiras. Paiva cita
um trabalho de pesquisa que acompanhou de uma professora de inglês e sua
didática em sala de aula. Essa professora trabalhava com seus alunos e os
materiais que era disponibilizado. Seu recurso era o uso de papel grande
onde desenhava o contorno do corpo de seus alunos e preenchia os espaços
em branco com o conteúdo abordado. Na interpretação de Paiva era o
preenchimento de um fantasma da dificuldade no aprendizado da língua
inglesa classificado por ela, como uma dos melhores recursos para a
aprendizagem trabalhando o sensório-motor e cognitivo.
Além da abordagem didática e metodológica, o lúdico integra
nesse composto formando uma tríade para o ensino de línguas estrangeiras.
Alguns autores valorizam o lúdico como ferramenta pedagógica fundamental ao
desenvolvimento dos aspectos sociocognitivos dos educandos, com o intuito de
promover a motivação e a aprendizagem mais significativa. Segundo
Vigotski (1994), a motivação é um dos fatores principais, não só de
aprendizagem como também de aquisição de uma língua estrangeira. O uso
das atividades lúdicas tem como objetivo ajudar o aluno a minimizar as
dificuldades em sala de aula. As atividades propostas devem ser dinâmicas,
desafiadoras despertando o gosto e a curiosidade do conhecimento.
O papel do professor é fundamental ao elaborar essas atividades,
pois ele deve ter o conhecimento da turma para a aplicação efetiva da
49
atividade. Segundo Moser (2004), “alguns grandes educadores do passado já
reconheciam a importância das atividades lúdicas no processo
ensino/aprendizagem.” O lúdico deve ser usado como um recurso pedagógico,
pois apresentam dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço
espontâneo integrando diversas dimensões de personalidade: afetiva, motora e
cognitiva. O desenvolvimento do aspecto lúdico além de facilitar a
aprendizagem, contribui para o desenvolvimento pessoal, social e cultural,
colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil,
facilita os processos de socialização, comunicação e expressão.
Segundo Metring, o lúdico ainda é a melhor forma de acessar o
cérebro por várias vias sensórias, pois, desde cedo nosso cérebro gosta de
brincar. Isso se expande para todas as faixas etárias. Metring afirma que na
brincadeira, o sistema límbico permite maiores impressões de prazer do que
de desprazer. Através do lúdico que os alunos são capazes de explorar sua
criatividade, aprimorando sua conduta no processo de ensino-aprendizagem,
auto-estima e principalmente realizar novas conexões neurais. Os jogos
apresentam, também, uma concepção teórica profunda e uma concepção de
prática atuante e concreta, promovendo participação, cooperação, alegria,
diferencial, prazer e motivação. A sala de aula se torna um espaço de
construção e dialogia, com interação entre os indivíduos, promovendo um
movimento transdisciplinar e ambiente favorável para o ensino e o
aprendizado. No lúdico o professor pode instigar os alunos a buscarem
respostas e soluções ao tema proposto.
Além disso, o trabalho com atividades lúdicas pode ser de grande
valia no intuito de compreender as manifestações dos vários tipos de
inteligências em momentos distintos, de interpretação, comunicação,
expressão oral, corporal, etc., tais atividades possuem potencial para
“É necessário que os professores recebam formação que os capacite
a entender o tipo de aprendizagem que provém do uso bem
empregado das brincadeiras e das oportunidades para brincar.”
(Bomtempo 2004 p.124)
50
desenvolver todas as inteligências especialmente aquelas que por questões
sócio-culturais se mostram mais deficitárias. Levando assim todos os alunos a
vivenciarem na aula de Língua Inglesa formas de participação que possibilitem
estabelecer relações entre ações individuais e coletivas.
Segundo Simone Magalhães, o jogo possibilita ao educando ser
um sujeito interativo, facilitando a sua apreensão do conhecimento. Estudos
cognitivistas dirigem suas investigações para os processos de aquisição do
conhecimento, na construção dos esquemas de assimilação justificando as
práticas dos jogos. O aluno é sujeito da aprendizagem, não o objeto, afirma
Simone Magalhães; é da interação entre os processos internos (aluno) e os
processos externos (o ensino) que ocorre a aprendizagem e abordagens
cognitivas, ele é ativo e age sobre o conhecimento.
Para Santos (2000), “Os jogos tornam a aula bem mais atraente,
devolve ao professor seu papel como agente construtor do crescimento do
aluno, elimina o desinteresse e, portanto, a indisciplina, devolvendo a escola a
sua função de agência responsável por pessoas mais completas.” As
atividades lúdicas têm o poder sobre o aluno por facilitar tanto o progresso de
sua personalidade, como o progresso de casa uma de suas funções
psicológicas, intelectuais e morais.
Para obter-se um melhor aproveitamento do ensino de Língua
Inglesa, dentre as atividades com jogos, pode-se agregar as atividades
musicais, cujo no contexto cotidiano, é muito bem aceita entre os
adolescentes. Para Mirayga (1992), a música como instrumento para o
aprendizado de línguas, é extremamente motivador, uma vez que os ritmos e
“Entendendo a atividade do jogo como atividade social específica e
fundamental que garante a interação e construção de
conhecimentos da realidade pelas crianças, é que nos faz
estabelecer um vínculo com o jogo e sua função pedagógica.”
( Magalhães 2014 p.81)
51
melodias são responsáveis pela a retenção de diferentes tipos de informações
na memória.
Em conseqüência, os alunos tornam-se mais emotivos e este canal
afetivo propicia a armazenagens de experiências e impressões no cérebro,
assim como a fixação de estruturas e palavras.
Outros pesquisadores são positivos ao inserir a música nas aulas
de Língua Inglesa. De acordo com Griffee (1992), a música tem característica
unificadora, ou seja, viver e sentir a música. Para ele a música é um
instrumento completo, pois fala diretamente de momentos ou experiências
vividas, acalmam e o mais importante é que afetam a emoção. E como já visto
a aprendizagem baseia-se na emoção.
Papel do professor
A aprendizagem está relacionada diretamente a emoção e a
memória, no qual o professor deve ter a concepção de despertar um ensino
significativo para este aluno trabalhando essas competências. Criar
possibilidades e ações fazendo com que este aluno obtenha um maior
interesse. Segundo Relvas, o professor deveria ser um estimulador de
aprendizagem, um verdadeiro “jardineiro” de memórias cognitiva, afetiva e
emocional. O papel do professor não é transmitir conhecimentos, mas provocar
desafios, permitir o diálogo entre a emoção e afeto e não somente transmitir
conteúdo, mas também promover a relação individual e em grupo para um
melhor desempenho do cérebro social assim, valorizando a aprendizagem, pois
a emoção interfere no processo de retenção da informação. O professor
também é capaz de impactar o aluno de modo que ele experimente e, assim,
possa aprender. A motivação também é um instrumento favorável para ser
utilizado pelo professor. A partir do momento em que a motivação é empregada
em sala de aula, despertando a atenção que é fundamental na aprendizagem.
52
A tecnologia é um recurso funcional do professor do século XXI,
pois promove um grande impacto no momento da aprendizagem porque ocorre
uma interação da linguagem atual do aluno, independente da faixa etária. As
aulas saem do convencional e o próprio aluno cria expectativas positivas de
como será a próxima aula trazendo uma motivação extrínseca e intrínseca.
Com a tecnologia o professor sempre estará atualizado nas informações, torna-
se mais próximo e parceiro do aluno, não se mostra uma figura de detentor do
saber, mostra ter autoridade sem ser autoritário. Pesquisas apontam que as
principais razões de um professor utilizar tecnologia em sala de aula faz com
que atinja diversos tipos de aprendizagem, aumenta a motivação dos alunos,
reforça o conteúdo ensinado e provoca o interesse, o desafio, o diferencial,
onde dependendo de qual tipo de tecnologia que será usada na aula esse
aluno fará associações pertinentes e elabora o sentido e o significado ao seu
meio consolidando o que foi aprendido.
A aprendizagem significativa ajuda o aluno a construir sentido a
respeito de um conteúdo novo. A aprendizagem significativa atinge: o cérebro
racional onde ocorre a fixação da aprendizagem, o cérebro emocional onde
acontece a fixação das emoções e o cérebro primitivo onde os instintos inatos
são aflorados. Segundo Ausubel (1988), é indispensável para que haja uma
aprendizagem significativa, que os alunos se predisponham a aprender
significativamente, ou seja, é na aprendizagem significativa que o professor
desperta a sede do saber no aluno. Uma pesquisa realizada na década de
“O professor é capaz de alterar
um gene de uma célula neural.”
( Sônia Reis )
“É preciso entender como se
aprende para aprender como se
ensina.” ( Mônica Panasco )
53
oitenta com alunos de ensino médio revelou dois tipos de Pré – disposição
presentes entre eles: a aprendizagem superficial e a aprendizagem profunda. A
aprendizagem superficial ocorre quando o individuo tem a intenção de limitar-
se a preencher os requisitos de uma determinada tarefa, ou seja, há uma
imposição do professor. O aluno não faz reflexões sobre o assunto dado, não
argumenta, não há sentido nem significado para sua aprendizagem. A
aprendizagem profunda é quando acontece a interação do aluno para
compreender o significado do que estudam, o leva ao raciocínio, relaciona o
conteúdo a aprendizagens anteriores com suas experiências pessoais.
Existem dois pontos negativos que alguns professores aplicam
em sala de aula levando-as ao insucesso: dar aulas e dar respostas. Quando o
professor dá aula trás para o seu aluno um mundo pronto, mas que na verdade
deve-se construir junto com o aluno sendo ele o personagem principal e não
um sujeito passivo recebendo conteúdos prontos. Assim também ocorre
quando o professor dá respostas. Desmotiva o aluno, não permite que o
mesmo pense, pesquise, interrogue. Segundo Metring, se as respostas forem
dadas às crianças simplesmente irão armazená-las, mas se as questões forem
dadas, elas irão precisar elaborar respostas, assim usando o lobo pré-frontal, e
este individuo não somente se tornará inteligente mas também crítico e
transformador. E Metring completa afirmando que Piaget defendia a ideia de
que a criança para aprender deve ser desafiada, pois o desafio estimula o
córtex pré-frontal. Portanto aprender requer esforço e nesse esforço ocorre a
busca pelo saber, as respostas para as dúvidas. Na medida em que o
professor se preocupa mais em dar respostas do que fazer perguntas, evita
que o aluno faça o necessário esforço para aprender. Eis o passaporte para a
acomodação cognitiva.
“Por isso, o professor desempenha um papel ativo no processo de
educação: modelar, cortar, dividir e entalhar os elementos do meio para
que estes realizem o objetivo buscado”. (Vigotski, 2003, p.79)
54
Segundo Panasco o professor deve:
Fazer aprender
Ser o facilitador
Gestor das aprendizagens
Mediador da aprendizagem
A chave do sucesso para o aluno
Gestor do tempo
Guia das cognições
Segundo a profª Dr. Mônica Panasco, classifica ainda a aula
como estrutura facilitadora para que o aluno construa significado sobre o que
está sendo aprendido: na construção de sentido – o professor oferecer
contexto próximo a realidade do aluno; na apresentação de conteúdo – o
professor construir junto com o aluno; na verificação da aprendizagem –
apresentar desafios com valor sociocultural para checar se de fato os
conceitos foram entendidos.
Contudo, segundo a psicomotricista e professora Fátima Alves,
traça um perfil de relação professor – aluno usando as emoções segundo a
neurociência:
Os olhos – para ver os maravilhosos trabalhos de seus
alunos
A boca – para sorri todas as vezes que ele chegar e te
olhar
As mãos – para ajudar e abraçar
Uma mente inteligente – para pensar e saber como ajudar
os alunos
Orelhas – para ouvir todas as histórias que eles contam
Coração – para amá-los sempre
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De acordo com Metring, a memória é um componente valioso
para o professor quando estiver preparando seu planejamento de aula, pois a
memória é obra do cérebro todo, portanto, quanto mais estímulos atinjam as
áreas cerebrais, por mais de uma via sensória, é provável que haja mais
memorização do conteúdo apresentado. Segundo Metring, o conteúdo a ser
apresentado precisa levar em consideração, pois, do contrário, será muito
desinteressante, causando cansaço neuropsicológico, provocando baixo nível
de concentração e atenção e, por conseqüência, de retenção. Mas do
contrário, se este conteúdo vir de encontro às estruturas prévias para
enriquecê-las e de forma que possa ser associado a situações ou
necessidades reais do aprendiz, o professor alcançará seu objetivo com
sucesso.
Assim como visto no capitulo anterior, Vigotski define o professor
como o mediador destacando a sua teoria histórico – cultural. Segundo
Vigotski, a relação educador – educando não deve ser uma relação de
imposição, mas sim, uma relação de cooperação, de respeito e de crescimento.
O aluno deve ser considerado como um sujeito interativo e ativo no seu
processo de construção de conhecimento. Assumindo o educador um papel
fundamental nesse processo, como indivíduo mais experiente.
56
CONCLUSÃO
Este trabalho de pesquisa mostra um assunto tão complexo, porém
real para os educadores, no qual não parece caber conclusão, mas sim
algumas considerações referentes ao tema abordado.
Durante o período de pesquisa e estudo para fundamentar esta
monografia percebeu-se a grande importância de se conhecer a neurociência e
como ela pode interagir perfeitamente com a educação. Em especial, a
neurociência pedagógica, no qual está voltada para os profissionais de ensino
para fazer-se entender como funciona e conhecer o cérebro do aprendente,
suas áreas envolvidas e mecanismos específicos no processo da aquisição do
conhecimento.
Ao pesquisar como de fato ocorre o processo atencional no cérebro
fica claro e compreensível como o educando se comporta diante das
dificuldades em sala de aula. Os processos neurais e sinápticos entre os
neurônios, na criação das redes neurais, explicam como ocorre a
aprendizagem. É um processo que a pedagogia não tem o domínio, mas
juntamente com a neurociência, potencializa o educador mostrando os
melhores mecanismos de como o individuo pode usar o conhecimento.
Um dos pontos do estudo mais importantes foi reconhecer as
dificuldades do educando para as línguas estrangeiras e os que apresentam
transtornos no aprendizado, cujo, estão também, ligados à falta de atenção.
Visto que, não necessariamente as dificuldades apresentadas estão apenas
em uma disciplina específica. Há outros fatores biológicos que também
contribuem para isto.
De fato, para os professores do século XXI que encontram diversos
alunos nesta situação, o objeto principal é não lecionar de forma tradicional,
mas sim levar para a sala de aula todos os recursos e criatividades possíveis
tornando as aulas diferenciais e que atinjam o máximo de inteligências ali
57
presentes. A motivação é outro componente essencial para obter-se sucesso
nas aulas de língua estrangeira. Fazer sempre algo em que o aluno vai gerar
expectativas, positivas, para a próxima aula trazendo diretamente para a vida
deste aprendente o significado e o sentido de aprender outro idioma.
Em todos os processos ministrados pelo cérebro a todo instante
tem-se a ideia que de há uma necessidade constante de potencializar
atividades referentes à aprendizagem, de modo que o individuo tenha
requisitos como “ganchos” para aquisição de novos conhecimentos e saberes.
Por este pressuposto que a neurociência pedagógica tenta
responder a pergunta problema deste estudo: “Como a falta de atenção pode
influenciar a aprendizagem de um segundo idioma?” Como se observou
durante a pesquisa, o cérebro é mutável e o centro de comando do corpo e da
aprendizagem. Como o corpo precisa de exercício, assim também o cérebro,
para manter-se firme atendendo as necessidades de executar as suas
atividades: perceber, receber, processar e armazenar o conhecimento. De
uma maneira geral, não há fracasso para esse aprendente com dificuldades de
aprendizado e nem de desesperança para os educadores.
O momento é de estudos, observações, aprimoramento e
capacitação profissional para ajudar esse indivíduo ao resultado de sucesso.
Os instrumentos existem e a neurociência está presente para iluminar o difícil
caminho da arte de ensinar e aprender. A conquista da educação é possível.
58
BIBLIOGRAFIA
BEAR, M. F. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 3° Ed.
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http://www.juliofurtado.com.br/textodesafio.pdf >, SANTOS, J.C.F. acessado
em 10/11/2015
60
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I A Fisiologia da atenção no cérebro 10
1.1 A atenção e suas bases neurais 15
1.2 A Atenção dentro da sala de aula 17
1.3 A motivação no aprendizado do segundo idioma 20
CAPÍTULO II A aprendizagem no cérebro 23
1.1 Plasticidade cerebral 28
1.2 O ciclo do sono 30
1.3 O cérebro bilingue 32
1.4 A aprendizagem segundo os teóricos 34 Piaget e Vigotski CAPÍTULO III Dificuldades de aprendizagem 39
1.1 Transtornos de déficit de atenção 42
1.2 Jogos para melhorar o desempenho escolar 47
1.3 O papel do professor 51
CONCLUSÃO 56
BIBLIOGRAFIA 58
ÍNDICE 60
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