editorial - direção geral do património cultural · assim, o terceiro número da rp revista...
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editorial
REVISTA PATRIMÓNIO
A comunicação é, atualmente, um dos fatores essenciais dos nossos êxitos e dos nossos fracassos, coletivos ou indivi-duais. A permanente evolução das tecnologias de informação e comunicação, em simultâneo com o fenómeno da globali-zação, com crises sociais, económicas e ambientais e o surgi-mento de novos paradigmas e prioridades, coloca em questão muitas práticas no domínio do património cultural e, muitas vezes, o seu próprio sentido. Muitos acontecimentos recentes — crises económicas, conflitos, movimentos migratórios mas-sivos, catástrofes ambientais — projetados permanentemente para todo o mundo através dos mass media tornam ainda mais evidente a necessidade de se manterem vivas as memórias, através do património cultural, e de fazer a sua interpretação e a sua transmissão à luz do conhecimento e dos instrumentos atuais; de modo que a história não seja esquecida e que, com essa consciência, se possam construir sociedades mais solidá-rias, mais tolerantes, mais equilibradas e mais cultas. Comuni-car o património cultural implica saber, a cada momento e em cada contexto, o que pretendemos comunicar e para quem, através de que meios e, fundamentalmente, saber a razão por que o fazemos.
Assim, o terceiro número da RP Revista Património dedica o seu caderno a esta questão. Oito artigos refletem diferentes sensibilidades, perspetivas e práticas; iniciando com um ensaio global sobre as tecnologias da informação enquanto técnicas culturais e técnicas de mediação e transmissão da experiência inerentes à própria ideia de património, prossegue com uma reflexão sobre os desafios atuais para o entendimento de uma comunicação global que explore todo o potencial do patri-mónio cultural, e uma outra onde é focada a necessidade de uma permanente interação dos seus comunicadores com uma realidade em rápida mudança, exigindo estratégias articuladas e flexíveis. Outro autor fala-nos acerca de uma hipertrofia da memória e de uma obsessão patrimonialista que conduz a uma amnésia, traduzida nas representações do património cultural nos media. Numa visão de quem pensa a estratégia em televisão, outra reflexão equaciona a importância do serviço público (de media) enquanto instrumento de criação, arquivo e transmis-são, e o papel que deve ter na sua salvaguarda. Uma diferente abordagem desmonta aquilo que, frequentemente, separa os públicos dos conteúdos dos museus e dos monumentos, evi-denciando a importância do papel da mediação de conteúdos. A promoção (ou a inibição) da acessibilidade física, intelectual e social dos museus e a integração dos valores de inclusão nas suas estratégias e práticas são questões abordadas a seguir.
E, por fim, uma reflexão sobre a mediação como cerne da ati-vidade e existência do museu enquanto espaço público e so-bre o papel da educação para a sociabilização e para integra-ção das instituições culturais no quotidiano.
Em «Pensamento» um artigo dedicado ao Portal do Ar-queólogo (página eletrónica da DGPC que possibilita o acesso a conteúdos relacionados com o património arqueológico e a atividade arqueológica em Portugal continental) e uma re-flexão acerca da importância da figura legal da zona especial de proteção (ZEP) como instrumento de salvaguarda, gestão e valorização dos bens imóveis classificados, onde se explanam constrangimentos, virtualidades e metodologias. A questão da salvaguarda da paisagem urbana histórica é abordada através de um praticamente desconhecido estudo pioneiro desenvol-vido no final dos anos 60 para o Algarve; o Património Industrial e Técnico e toda a problemática que lhe está associada são também temas tratados nesta rubrica.
O novo Museu Nacional dos Coches fica documentado em «Projetos», através de quatro artigos — do sítio e do senti-do da arquitetura do novo edifício, a relação do projeto expo-sitivo com o novo edifício e com os objetos móveis expostos, o percurso criativo do coche para uma nova marca, concluindo com uma visão técnica e histórica do coche. Um texto sobre os restauros realizados no Claustro do Silêncio e na Sala das Conclusões do Mosteiro de Alcobaça, síntese descritiva e me-todológica, e ainda um artigo sobre o inventário do património cultural — o caso do arquiteto Norte Júnior, dando conta da extensa e riquíssima obra deste arquiteto em Lisboa — com-pletam esta rubrica.
Em «Opinião» somos conduzidos por um universo de ar-quiteturas e patrimónios habitualmente menos conhecidos, alguns insólitos, outros raros, cobrindo uma vasta cronologia e enquadrando-os dentro de uma visão territorial. Por fim, «Sociedade» proporciona-nos uma reflexão sobre a relação entre o campo da educação escolar e o tratamento da herança patrimonial, com base em dois casos paradigmáticos do últi-mo quartel do século xix; outro artigo relata-nos a experiência de um circuito turístico industrial implementado em S. João da Madeira, falando-nos das dinâmicas geradas à sua volta e do seu impacto no desenvolvimento local. Com a diversidade temática que a carateriza e um leque alargado de contribui-ções e perspetivas disciplinares, a RP3 pretende assim contri-buir para o necessário debate de ideias em torno do papel do património cultural na sociedade.
Manuel Lacerda, diretor da RP
índicep a t r i m ó n i o c u l t ur a l
e c o m u n i c a ç ã o
6Mediação e Património:
cultura e mnemotécnicasMaria Teresa Cruz
42Os museus
seduzem-nos?Inês Fialho Brandão 60
A zona especial de proteção
como instrumento de gestão dos bens
imóveis classificadosPatrícia Zimbarra
Paulo Duarte
14 Retos en la
comunicación del patrimonio
culturalSantos M. Mateos Rusillo
46Educação
e mediação — uma função
partilhadaLiliana Coutinho 70
O pioneirismo de Cabeça Padrão na
salvaguarda do património urbano do Algarve
José AguiarVítor Ribeiro
Miguel Reimão Costa
32O património
do serviço público de media
Nuno Artur Silva
18Da incerteza à estratégia
Manuel Lacerda
p e n s a m e n t o
54Património
Eduardo Lourenço
38Muro de palavras
Pedro Bidarra 56Struggle for pleasure:
o Portal do Arqueólogo Filipa Neto
24O tempo do
património e o tempo dos media
António Guerreiro
82Património industrial:
conceitos de hoje, valores de futuro
Jorge Custódio 126Restauros no
Mosteiro de Alcobaça. O Claustro do Silêncio
e a Sala das ConclusõesAntónia Tinturé
Irene FrazãoMaria FernandesIsabel Costeira
Filipa Avellar
162Turismo industrial:
um caso de sucesso em São João da Madeira
Alexandra Alves
112A viagem do processo
criativo de uma marca. Museu dos Coches
António Roquette
p r o j e t o s
96Do Museu dos Coches e do chão da cidade
Ricardo Bak Gordon
134Norte Júnior:
um inventário, um autor, uma obra Deolinda FolgadoCatarina Oliveira
a c o n t e c e
168a b s t r a c t s
180
104O novo Museu dos Coches:
projecto expositivo Nuno Sampaio
o p i n i ã o
144Arquiteturas marginadas
Paulo Pereira
120Viaturas hipomóveis:
símbolos de PoderSilvana Bessone
s o c i e d a d e
154Uma história do presente:
inscrição e mobilização do património na
cultura escolar no final de Oitecentos
Jorge Ramos do Ó António Henriques
N.º 3 — DEZ. 2015
Diretor-Geral do Património CulturalJoão Carlos dos Santos
Produção editorialDireção-Geral do Património Cultural — Divisão de Documentação, Comunicação e Informática
DiretorManuel Lacerda
Coordenação editorialDeolinda Folgado
Colaboração especial na secção CadernoAnabela Carvalho
Colaboraram neste número:Alexandra Alves
Antónia Tinturé (DGPC)António GuerreiroAntónio HenriquesAntónio Roquette
Catarina Oliveira (DGPC)Deolinda Folgado (DGPC)
Eduardo LourençoFilipa Avellar
Filipa Neto (DGPC)Inês Fialho BrandãoIrene Frazão (DGPC)
Isabel Costeira (DGPC) José Aguiar
Jorge CustódioJorge Ramos do ÓLiliana Coutinho
Manuel Lacerda (DGPC)Maria Fernandes (DGPC)
Maria Teresa CruzNuno Artur SilvaNuno Sampaio
Patrícia Zimbarra (DGPC)Paulo Duarte (DGPC)
Paulo PereiraPedro Bidarra
Ricardo Bak GordonSantos Mateos Rusillo
Silvana Bessone (DGPC)
Colaboraram na secção Acontece: Ana Carvalho Dias (ACD), DGPC/DEPOFAna Cristina Araújo (ACA), DGPC/LARQ
Ana Quinta (AQ), DGPC/DEPOFÂngelo Silveira (AS), DGPC/DEPOFAntónio Carvalho (AC), DGPC/MNA
António Faria (AF), DGPC/DDCIAnouk Faria da Costa (AFC), DGPC/DBC
Clara Camacho (CC), DGPC/DMCCClara Vaz Pinto (CVP), DGPC/MNT
Flipa Neto (FN), DGPC/DBCIsabel Cruz de Almeida (ICA), DGPC/MJ e TB
José Carlos Alvarez (JCA), DGPC/MNTD
Manuel Oleiro (MO), DGPC/DMCCMargarida Donas Botto (MDB), DGPC/DDCI
Maria Antónia Pinto de Matos (MAPM), DGPC/MNAzMaria Fernandes (MF), DGPC/DEPOF
Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), DGPCMuseu Nacional de Arte Contemporânea
(MNAC), DGPCNuno Fradique (NF), DGPC/DMC
Patrícia Soares (PS), DGPC/DEPOFPaulo Costa (PC), DGPC/MNE
Rui Ferreira da Silva (RFS), DGPC/DDCISamuel Rego (SR), DGPC
Sónia Gabriel (SG), DGPC/LARQTeresa Abreu (TA), DGPC/DDCI
Teresa Pacheco Albino (TPA), DGPC/DPIMITeresa Mourão (TM), DGPC/DMC
Design gráficoSilvadesigners
Revisão de textoImprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A.
Pré-impressão e impressãoImprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A.
DistribuiçãoImprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A. / HT — Dist.
Comercialização de Produtos Culturais
EdiçãoDireção-Geral do Património Cultural
Imprensa Nacional–Casa da Moeda, S. A.
ISSN: 2182-9330
Depósito legal N.º 365161/13
N.º de edição1020861
RP — Revista PatrimónioPublicação da DGPC — Direção-Geral
do Património CulturalPalácio Nacional da Ajuda
1349-021 LisboaTel: +351 213614336Fax: +351 213628472Email: dgpc@dgpc.pt
www.patrimoniocultural.pt
Os artigos da RP – Revista Património são da exclusiva responsabilidade dos respetivos
autores e não refletem, necessariamente, o ponto de vista da direção da publicação ou da DGPC.
© RP /DGPC© textos e imagens
DGPC e respetivos autores
Imagens Capa
Museu do Côa. Sala A. José Paulo Ruas/DGPC, 2010. Dedicado à arte paleolítica do Vale do Côa (Património Mundial da Humanidade), 2010.
Visita escolar Monika S. Jorge Trepa. Fundação de Serralves, Museu de Arte
Contemporânea, Porto, 2015.
Artur Agostinho entrevista João Villaret, 1957. Arquivo RTP.
Museu da Fábrica do Inglês em Silves, interior. Jorge Custódio, 2001.
Locomotiva a vapor, Estação ferroviária do Tua.Manuel Lacerda, 2010.
Exterior do Museu dos Coches. José Paulo Ruas/DGPC, 2015.
Imagens Contracapa
O aeroporto internacional, símbolo e placa giratória da globalização.
Manuel Lacerda, 2014.
Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra.EU no musEU — projecto de aproximação à arte de
públicos com demência (e. g. doença de Alzheimer) e seus cuidadores informais — Menção honrosa, Prémio
Acesso Cultura 2015.
Castro Marim: panorâmica. Padrão et al.: 1965-1970, vol. 14
(Castro Marim, 1968), foto 4.
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