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EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A RECICLAGEM COMO UM INSTRUMENTO PARA A SENSIBILIZAÇÃO AO MEIO AMBIENTE ESCOLAR.
Cleonice Moreira Morales1
Diesse Aparecida Sereia2
RESUMO
O presente artigo resulta do trabalho pedagógico de oficinas de reciclagem desenvolvido com alunos de 3ª série do Ensino Médio Noturno do Colégio Estadual D. Pedro de Foz do Iguaçu - Pr. O trabalho com reciclagem de resíduos domiciliares propicia o conhecimento cotidiano dos meios para reaproveitar ou reutilizar os resíduos gerados pelo homem no ambiente doméstico, incentivando tais práticas nas relações com o meio ambiente. O desenvolvimento de educação ambiental no sentido de promover a coleta seletiva contribui para incentivar práticas de reutilização e redução na geração de resíduos, o que se alcança a partir do incentivo ao consumo consciente. Por isso, o desenvolvimento de projetos de conscientização a partir da realização de palestras, debates, apresentação de filmes, documentários e oficinas de reciclagem de resíduos, contribuem para formar cidadãos conscientes em relação ao destino correto dos resíduos domésticos. A realização do projeto de reciclagem contribuiu para esclarecer os alunos sobre as muitas possibilidades de realizar a coleta seletiva no ambiente doméstico contextualizando os conhecimentos de educação ambiental.
Palavras-chaves:Percepção Ambiental, Resíduos Domésticos, Ecologia.
INTRODUÇÃO
O destino dos resíduos sólidos é um dos problemas mais graves enfrentados
pela sociedade atual, este problema deve ser analisado sob diferentes aspectos que
abrangem o ponto de vista ambiental, social, político e econômico, tornando-se um
desafio a ser vencido nos meios educacionais. Segundo a Secretaria do Meio
Ambiente (SEMA, 2005) os resíduos impactam negativamente sobre a flora, o ar, a
água e o solo, sendo que tais ações só podem ser contornadas se a população
desenvolver a consciência da necessidade de reciclar e de dar o destino correto aos
resíduos.
1 Professora regente da disciplina de Biologia no Colégio Estadual D. Pedro II- Foz do Iguaçu - PR.2 Orientadora, Profª Msc. Diesse Aparecida Sereia, docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE - Campus de Cascavel.
O desenvolvimento de projetos de educação ambiental na escola contribui
para estimular a participação da comunidade na manutenção da escola e das ruas,
geralmente com as metas de geração de renda com a venda de material coletado.
Desta forma, os objetivos são de curto prazo e o estímulo para a realização de
coleta seletiva acaba quando o objetivo foi alcançado. Assim, para Torres (2003) é
necessário lembrar que o trabalho voltado para a reciclagem traz grandes
contribuições para toda a comunidade escolar, principalmente na destinação correta
dos resíduos sólidos, estendendo-se à comunidade do entorno, principalmente
porque a sociedade atual organiza-se em grandes aglomerados de pessoas que
gera uma grande quantidade de resíduos diariamente sem que as pessoas
detenham conhecimento sobre a melhor maneira de dispor destes resíduos sem
gerar danos ao meio ambiente.
Desta forma, o estudo se desenvolveu tendo como campo de aplicação das
oficinas de reciclagem os alunos das 3ª séries do Ensino Médio do Colégio Estadual
D. Pedro II.
O objetivo do desenvolvimento das oficinas foi promover a aprendizagem
sobre a coleta seletiva e a reutilização dos resíduos, incentivando e sensibilizando a
comunidade escolar e seu entorno sobre as práticas em relação às questões
ambientais. Para tanto, o projeto teve como objetivos específicos reutilizar os
resíduos gerados pelo consumo, transformando em artesanato; formar
conhecimentos sobre a importância da coleta seletiva tanto entre os alunos quanto
na comunidade; sensibilizar para a prática do reaproveitamento e para a riqueza que
pode ser gerada na coleta seletiva dos resíduos para as famílias e cooperativas
especializadas nessa ação de preservação; minimizar a produção de resíduos que
são destinados erroneamente ao aterro sanitário; promover a interação entre a
escola e as organizações que realizam coleta seletiva; desenvolver nos educandos
uma formação voltada para a visão crítica, reflexiva, criativa e capaz de transformar
as ações promovendo a melhoria da qualidade de vida; e, realizar exercícios
práticos de formação em relação à seleção de resíduos, buscando conhecer os tipos
de resíduos e o destino de cada um.
Este estudo teve como temática a reciclagem e a coleta seletiva de resíduos
sólidos, visando desenvolver práticas de educação ambiental com alunos de nível
médio. A reciclagem dos resíduos sólidos se apresenta como um dos meios de
preservar a natureza que deve ser ensinado na escola. A reflexão crítica sobre o
destino correto que deve ser dado aos resíduos deve ser uma preocupação da
educação dos cidadãos visando propiciar às gerações futuras a garantia de
sobrevivência no planeta.
RECICLAGEM E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O trabalho destinado a esclarecer a importância da reciclagem para a
sociedade e para o meio ambiente deve ser estruturado deve ser desenvolvido na
educação básica de forma a esclarecer e a formar novas condutas interferindo na
postura do educando diante da vida e nas relações deste com o ambiente natural
onde vive.
Segundo o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA, 2005), no
Brasil, o meio ambiente se encontra em constante ameaça, pois o crescimento
desordenado de atividades produtivas contribui para a degradação da
biodiversidade, isso contribui para que se torne necessário educar as futuras
gerações para uma convivência equilibrada com o meio ambiente de forma a
garantir que sejam preservados os recursos que garantem a vida com qualidade.
Atualmente, a educação ambiental vem sendo desenvolvida como tema
transversal da educação básica e realizada a partir de projetos que são organizados
nas propostas pedagógicas das escolas, por isso compreendem ações de
reciclagem, preservação da água e outras atividades facilmente assimiladas pelos
educandos, principalmente quando os projetos são destinados a alunos das séries
iniciais do ensino fundamental.
Para Fuchs (2008) a Política Nacional de Educação Ambiental apresenta
como um de seus princípios o pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas na
perspectiva da interdisciplinaridade, a lei determina que a educação ambiental seja
trabalhada em todas as áreas do conhecimento desenvolvendo os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação
do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à qualidade e
sustentabilidade da vida.
O Programa Nacional do Meio Ambiente (PRONEA, 2005) estabelece
objetivos para a realização da Educação Ambiental, principalmente no que diz
respeito aos princípios formação reflexiva e crítica de forma a contribuir para a
construção de uma concepção de mundo justa e democrática.
Os PCNs (1997) apresentam definições que são de grande importância para
o desenvolvimento da Educação Ambiental, pois estabelece as diferenças entre
termos que definem o ambientalismo no mundo todo: Proteção, Preservação,
Conservação, Recuperação, Degradação.
O quadro 1 abaixo apresenta essas definições destes termos comparando a
sua importância dentro do conceito de educação ambiental.
Quadro 1 – Síntese dos termos relacionados ao Meio Ambiente.
Termos de proteção Definição do termoProteção É a defesa do que está ameaçado, significar proteger o que está em
perigo de destruição. No Brasil as formas de proteção é estabelecida por Áreas de Proteção Ambiental (APAs) que são áreas do território protegidas pela União para garantir o bem-estar das gerações futuras.
Preservação Preservação é a ação de proteger contra a destruição e qualquer dano ou degradação um ecossistema, uma área geográfica ou espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção, adotando medidas preventivas e de vigilância.
Conservação Trata-se da utilização racional de recursos de forma a garantir a sua renovação e sustentação, usando apropriadamente dentro dos limites capazes para manter a qualidade e o equilíbrio aceitável, Assim, conservar implica em manejar, usar com cuidado, manter.
Recuperação Consiste em recuperar o equilíbrio perdido estabelecendo características do ambiente original. Quando ocorre degradação de uma área cabe ao destruidor ressarcir através do pagamento de multa financeira de modo a custear a reabilitação da área destruída, seja por reflorestamento, limpeza e outras medidas que contribuam para atenuar o dano causado ao ambiente.
Degradação Consiste de alteração e desequilíbrio provocados pela ação prejudicial aos seres vivos ou o impedimento de reprodução de processos vitais existentes antes da alteração. A degradação é o impacto ambiental causado pela ocupação do meio natural por obras, pessoas e outros meios de exploração da natureza.
Fonte: PCNs, (1997, p. 35 – 37) adaptado pela autora.
A escola deve colaborar na formação de cidadania inserindo em seu currículo
os princípios formadores que conduzem à educação ambiental, como não existe
uma disciplina específica de educação ambiental, torna-se necessário desenvolver
essa temática de forma transversal, ou seja, inserida de forma interdisciplinar nas
disciplinas do currículo básico. Desta forma, a educação ambiental compete a todos
os educadores de todas as áreas do conhecimento, devendo-se ter o cuidado para
que ela seja realmente trabalhada em todas as disciplinas, a fim de evitar que um
educador esteja esperando que o outro faça a inserção na disciplina e acabe por
nenhum deles desenvolver esse conhecimento.
O Gerenciamento de Resíduos Sólidos tem como objetivo a coleta seletiva
dos resíduos sólidos gerados nas atividades humanas. São ações voltadas à
redução, reaproveitamento e reciclagem de resíduos sólidos que tem potencial valor
e impactam o meio ambiente se não tiverem destinação correta.
Mucelin (2004) explica que as ações humanas na terra tiveram início a cerca
de um milhão de anos e vem modificando e transformando o ambiente. O homem
explora os recursos do planeta para garantir a sobrevivência de sua espécie, porém
as suas ações geram impacto sobre o meio ambiente. A produção de alimentos é o
exemplo mais significativo da ação humana, pois é a base de sustentação da vida.
Desta forma, tornou-se necessário estabelecer políticas que determinassem
um novo compromisso que conduzisse ao “desenvolvimento sustentável” 3. Essa
premissa contribuiu para o surgimento de novas políticas em defesa do crescimento
econômico com base na igualdade social e conservação ambiental.
Com a necessidade de conservar o ambiente o lixo passou a ser gerido de
forma mais consciente, fazendo com que sejam tomadas medidas para diminuir os
impactos associados a aglomerados de restos, que num primeiro momento eram
inúteis ao homem e que num segundo momento, reforçado pela falta de matéria
prima disponível, são vistos como alternativas de geração de divisas.
O estabelecimento de políticas ambientais exigiu a adoção de diretrizes de
forma a orientar o gerenciamento de resíduos com coerência, desenvolvendo
tecnologias e usando técnicas eficientes de controle, reciclagem, reaproveitamento
dos resíduos gerados.
Gonçalves (2005) comenta que o sistema de produção capitalista caracteriza
a sociedade de consumo, onde a desigualdade social, o consumo sem limites e o
desperdício contribuem para o crescimento da produção de resíduos e para a
utilização dos recursos naturais em larga escala.
No Brasil, uma lei busca possibilitar a regulação dos resíduos. A Política
Nacional de Resíduos Sólidos desenvolve-se em consonância com as Políticas
Nacionais de Meio Ambiente, de Recursos Hídricos, de Saneamento e de Saúde,
cujos objetivos, princípios, fundamentos, diretrizes, instrumentos, planos e
programas são previstos na lei. As políticas ambientais devem envolver o poder
público e a sociedade civil trazendo como resposta a tomada de decisão tanto na 3 O desenvolvimento sustentável pode ser definido como aquele capaz de satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. (Fonte:www.bage.rs.gov.br).
prevenção quanto a tomada de medidas de saneamento ambiental (TORRES,
2007).
O meio ambiente está doente e a sua cura depende da tomada de medidas
que viabilizem a reconstrução social, prevendo as necessidades compartilhadas de
sobrevivência, de saúde psicofísica e socioambiental, e que devem ser o ponto de
partida para uma interação entre ecologia, ética e política.
Neste sentido, a educação deve voltar-se para o desenvolvimento de ações
que conscientizem a população sobre a necessidade de consumir com consciência.
Torna-se necessário formar nas gerações futuras uma ideologia voltada para a
reciclagem, porém isso exige uma atitude crítica quanto aos valores e a hierarquia
de necessidades que foi definida no Fórum Global 92: 1º reduzir; 2º reutilizar; 3º
reciclar, pois essa ideologia privilegia a racionalidade de mercado e descuida-se da
dimensão educativo-comunicativa que é o instrumento básico para priorizar a
redução e reutilização na hierarquia dos valores da gestão (EIGENHEER, 1998).
As unidades domésticas, que geram lixo pelo consumo, e as empresas, que
geram lixo no processo de produção e colocação no mercado, não são atingidas por
propostas concretas de mudança dos hábitos de consumo e produção, pois,
geralmente, os projetos são voltados para o planejamento e a inserção dos
catadores, caracterizando um sistema de gestão pautado pelo viés da terceirização,
ou seja, os agentes ambientais estão sempre sob o controle da indústria da
reciclagem e com pouca margem de negociação quanto aos preços de mercado
(TORRES, 2007).
Os estudos sobre os resíduos e seu destino culminaram com a classificação
dos mesmos de acordo com a matéria-prima de origem do resíduo, pois sabe-se que
esse é um fator preponderante no tempo de degradação desses dejetos.
Gestão de resíduos plásticos
O plástico tem origem no petróleo, formado por uma complexa mistura de
compostos que possuem diferentes temperaturas de ebulição que permite separar a
partir de um processo de destilação e craqueamento que dá origem ao eteno. Após
o processo de produção o plástico é gerado em forma de grãos que são enviados às
indústrias transformadoras que transformam a resina a partir de processos de
compressão, injeção, extrusão e laminação.
Como os plásticos são inertes e não tóxicos, são muito utilizados para
embalar alimentos, bebidas e medicamentos, também são ótimos isolantes térmico-
acústicos e maus condutores de eletricidade, além de resistentes ao calor e
flexíveis. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Paraná (SEMA, 2006) o maior
benefício do plástico é a sua capacidade de reciclagem, a deposição correta das
embalagens amplia o alcance da coleta seletiva.
O plástico pode ser reciclado de três maneiras: a reciclagem química que
permite que sejam misturados plásticos diferentes, com aceitação de determinados
graus de produtos contaminantes como tinta e papéis; a reciclagem mecânica que
possibilita que sejam obtidos produtos compostos por um único tipo de plástico, ou
produtos a partir de misturas de diferentes plásticos em determinadas proporções; e,
a reciclagem energética que se utiliza de resíduos plásticos como combustível para
gerar energia. O grande problema ambiental causado pelo uso indiscriminado de
embalagens plásticas reside no fato do plástico não ser biodegradável levando muito
tempo para ser decomposto e incorporado ao meio ambiente, portanto isso faz do
plástico um sério poluidor.
Coleta seletiva do Papel
O papel tem sua origem na madeira, a madeira passa por um processo
químico ou mecânico para se obter a pasta celulósica, posteriormente recebe
alvejantes e essa pasta celulósica torna-se branqueada e junto com aditivos
químicos se transforma em papel.
Existem diferentes tipos de papel que variam de acordo com sua composição
e gramatura, os principais são: papel cartão, papelão, cartões multicamadas,
gramatura.
Nem todo papel pode ser reciclado, aqueles que são contaminados com
produtos tóxicos, graxas ou gorduras e outros agentes poluentes, não podem ser
reaproveitados. Assim, são recicláveis: jornais e revistas, folhas de caderno,
formulários de impressão, caixas, aparas de papel gráfico, fotocópias, envelopes,
provas, rascunhos, cartazes velhos, papel de fax.
De acordo com a Resolução 275/01 do CONAMA a coleta seletiva é um
sistema que visa à coleta do material potencialmente reciclável previamente
separado na fonte geradora. Para separar o papel para a coleta seletiva deve-se:
1. As embalagens devem ser separadas após o uso;
2. Evitar misturar os materiais de papel recicláveis com os não recicláveis
3. Juntar os papéis numa mesma sacola
4. Ao depositar em lixeiras, colocar nas lixeiras de cor azul ou então junto com
materiais recicláveis para que o coletor realize a coleta de forma adequada.
A reciclagem de papel é tão importante quanto sua fabricação. A matéria-
prima já está escassa, mesmo com políticas de reflorestamento e com a
conscientização da sociedade em geral sobre a necessidade de reciclar.
Benefícios da seleção dos resíduos orgânicos
Os resíduos orgânicos compõem cerca de 50% do lixo domiciliar no Brasil e
são compostos por restos de frutas, verduras, legumes, flores, plantas e restos
alimentares, que pelo processo de compostagem podem ser reutilizados como
fertilizantes, aumentando a taxa de nutrientes do solo e a qualidade da produção
agrícola.
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Paraná (SEMA, 2006) a
importância dos resíduos orgânicos consiste na separação na fonte poupando
gastos de transporte, aumentando a vida útil dos sistemas de tratamento sanitários e
facilitando o reaproveitamento dos resíduos orgânicos. A educação ambiental e a
sensibilização cidadã permitem incorporar à população nestes processos.
Diante disso, as atividades relacionadas à educação ambiental envolveram a
prevenção da poluição esclarecendo sobre as melhores práticas em relação à
reciclagem, reutilização e redução de resíduos que colocam em risco a segurança
do meio ambiente.
MATERIAL E MÉTODOS
O desenvolvimento das ações previstas na Unidade didática planejada
aconteceram em forma de projeto que teve como temática a educação ambiental
como elemento fundamental na formação de consciência em relação à questão da
redução, reutilização e reciclagem do lixo doméstico.
Na semana de 23 a 31 de agosto de 2011 foi apresentado o projeto para os
alunos, professores e equipe pedagógica do colégio, quando foram apresentados os
conceitos pesquisados de forma sintética, estabelecendo uma relação de
familiaridade com o assunto o que teve como objetivo repensar o consumo.
Entre os dias 01 a 23 de setembro de 2011 foram realizadas oficinas de
reciclagem de garrafas PET, que promoveu a aprendizagem de fabricar flores de
plásticos com esse tipo de material reciclado.
Entre os dias 26 de setembro a 07 de outubro foram desenvolvidas pesquisas
sobre a utilização dos três R’s: reciclar, reduzir e reaproveitar, quando foram usados
filmes, documentários, pesquisas em livros e on line, demonstrando as diferentes
formas de realizar a reciclagem.
Entre os dias 10 e 31 de outubro foram realizados debates com os alunos a
respeito da redução de resíduos, além de promover uma oficina de reciclagem
usando restos de tecidos e botões para fabricar fuxico.
De 01 de novembro a 16 de dezembro foram estudados os benefícios da
reciclagem, quando os alunos visitaram a fábrica da Polibol, e foram também
apresentados os resultados do trabalho expondo trabalhos e avaliando os estudos
realizados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos resultados compreende um relato das atividades propostas,
principalmente porque foi necessário adaptar o planejamento das ações propostas
na unidade didática por não contar com a disponibilidade de tempo da Presidente da
Associação dos Agentes Ambientais de Foz do Iguaçu, para realizar a ação e a
entrevista planejada. Assim os alunos foram observados em ações como a
apresentação de painéis e a exposição dos materiais reciclados nas oficinas que
contribuíram para avaliar a participação dos alunos no projeto.
A realização das oficinas apresentou uma boa participação dos alunos que
demonstraram habilidades e muita boa vontade, além de colaborar com inovações
no desenvolvimento de reciclagem de garrafas PET, cestos de papel jornal e reuso
de embalagens PAK que foram transformadas em embalagens de presentes.
Para realizar as ações de reciclagem e aproveitamento dos resíduos houve
uma oficina para ensinar a cortar, dar forma ao plástico, realizar a montagem das
peças, conforme apresentam as imagens da figura 1 a seguir:
Figura 1. Flores de Garrafa PET e cesto de papel.
Fonte: Acervo da Autora
As flores foram realizadas tendo o plástico de garrafas PET como matéria
prima, inicialmente as flores são moldadas e depois tingidas para completar a ação,
os arranjos são diferentes e realizados com criatividade. A reciclagem de papel se
apresenta também com a transformação do material em matéria prima para a
confecção de cestos e outros objetos.
A política dos três R’s foi amplamente discutida com os alunos, após a
apresentação de documentários, leitura de textos e reportagens, pesquisa em livros
e on line, formando amplo conhecimento sobre as práticas que se devem formar
para manter o máximo possível de seleção na coleta dos resíduos domésticos.
Os resultados dos estudos foram apresentados em forma de poesia e painéis
expostos juntamente aos artesanatos realizados com resíduos coletados e
reciclados, podendo ser visualizado nos registros fotográficos do evento. A figura 2
apresenta os painéis montados para o evento da exposição.
Figura 2 . Painéis do evento sobre reciclagem.
Fonte: Acervo da autora
Os painéis apresentaram poesias, artesanato em material reciclado,
representando a medida exata dos conhecimentos construídos pelos alunos.
Outra atividade realizada com os alunos foi o debate sobre o consumo e a
redução de resíduos, além de promover uma oficina com a reutilização de botões e
tecidos para fazer peças usando a técnica do ‘fuxico’, conforme se apresenta na
figura a seguir.
Figura 3. Toalha feita em fuxicoFonte: Acervo da autora
Existem materiais inusitados que podem ser utilizados na criação de outros
produtos, um desses é o tecido. A habilidade em criar com tecidos os fuxicos e
trabalhar as cores e estampas formando desenhos transforma em arte coisas que
iriam para o lixo.
O reaproveitamento de caixas PAK, ou longa vida também foi abordado e
muitas caixinhas de leite viraram pacotes de presente, embalagens ou mesmo porta
trecos, como técnicas foram utilizadas a colagem, a pintura e o resultado foi muito
bonito demonstrando que os alunos possuem muita criatividade.
Figura 4 . Reaproveitamento de caixas PAKFonte: Acervo da autora
Sem dúvida aprender praticando no ambiente escolar acrescenta ao saber
uma característica de verdade e de pesquisa que resultam em ações mais efetivas.
Esta é uma maneira de promover a contextualização do conhecimento, aproximando
as ações da realidade dos alunos e trazendo um resultado objetivo.
Uma das atividades realizadas envolveu a visita à fábrica da Polibol que
trabalha na reciclagem de plásticos. A fábrica está situada no município de Santa
Terezinha de Itaipu e esta atividade acrescentou um conhecimento muito
significativo para os alunos.
A visita foi realizada no dia 22 de novembro e contou com um
acompanhamento técnico da gerência da empresa, iniciando pela apresentação da
estrutura física da empresa, das máquinas que beneficiam o plástico e de todo o
processo pelo qual a matéria prima passa até se tornar tubos de polietileno voltando
a ser matéria prima para realizar outros recipientes.
O plástico beneficiado na Polibol é resultante de sacos plásticos, sacolas,
embalagens. Nesta fábrica não são recicladas garrafas PET. O material que resulta
do beneficiamento é denominado macarrão de plástico e depois é triturado para
fabricar outros produtos. A figura 5 apresenta uma vista aérea da fábrica da Polibol
Figura 5 . Vista aérea da Fábrica da Polibol.
Fonte: Polibol, 2011.
A fábrica está situada no Parque Industrial do município de Santa Terezinha
de Itaipu e conta com uma área muito ampla de construção, o ambiente é
organizado de forma a otimizar o processamento do plástico coletado.
O plástico é colocado numa máquina que vai moendo os sacos até que eles
sejam transformados numa pasta aquecida, que passando por um processador vai
saindo em forma de tubos que os funcionários denominam de macarrão de plástico.
Os tubos também são triturados e se transformam em bolinhas de polietileno,
esse é o principal produto comercializado pela fábrica. A matéria que resulta da
fábrica é subproduto para a fabricação de outros derivados de plásticos, é o “plástico
reciclado” que vai retornar ao consumo em forma de outro produto ou embalagem.
A visita à fabrica levou os alunos a perceberem a importância da reciclagem
evitando que mais matéria prima seja desperdiçada indo parar nos lixões.
Figura 11. Bolinhas de polietileno comercializadas pela fábricaFonte: Polibol, 2011
Após a realização de uma visita, de aulas criativas, conversas com artesãos,
debates sobre documentários assistidos, a pesquisa necessitou de uma resposta
dos alunos para o problema levantado quando o projeto iniciou.
O questionário aplicado para todas as turmas de 3ª série do Ensino Médio
noturno e teve como objetivo identificar o nível de envolvimento dos alunos em
ações de educação ambiental no ambiente escolar e do comprometimento com a
prevenção e coleta seletiva no ambiente doméstico. Participaram da pesquisa 65
alunos sendo 37 do gênero masculino e 28 de gênero feminino.
O tempo de permanência na escola é um dos levantamentos feitos para a
comprovação da necessidade de se trabalhar a coleta seletiva e realizar a educação
ambiental dos alunos, mesmo porque estes alunos estão no último ano do ensino
médio e em breve deixarão os cursos de educação básica. O que torna importante o
desenvolvimento de educação ambiental e coleta seletiva, principalmente porque os
alunos são adultos e podem ser responsáveis por ações comunitárias de defesa do
meio ambiente.
Conforme o gráfico 1, é possível observar que a maioria dos alunos já
estudam na escola há mais de 5 anos, assim a formação dos alunos em relação à
coleta seletiva não pode prescindir de conhecimento educacional dirigido para a
educação ambiental.
Gráfico 2 - Tempo aproximado em que estuda nesta escola
O papel da escola é realizar ensinamento capaz de formar uma concepção
sobre a necessidade de selecionar os resíduos sólidos para a reciclagem, quando foi
perguntado aos alunos se eles fizeram treinamento sobre coleta seletiva, 80%
reconhece que sim e 20% declara que nunca participou deste tipo de treinamento.
Os três R’s da coleta seletiva podem ser traduzidos em reciclar, reutilizar e
reduzir, exigindo de toda a sociedade uma reflexão a respeito da produção de
resíduos. O gráfico 2 apresenta o índice de conhecimento dos alunos a respeito da
política dos três R’s da coleta seletiva.
Gráfico 2 . Conhecem o programa dos Três Rs (Reciclar, Reutilizar e Reduzir)
A ausência de cuidados com a coleta seletiva de resíduos sólidos não é uma
questão relacionada ao desconhecimento, mas à negligência, pois em investigação
sobre o conhecimento a respeito desse assunto, 80% dos alunos investigados
informaram que reconhecem a escola como um agente poluidor do meio ambiente e
apenas 20% nãoadquiriram ainda essa consciência.
Ao constatar que as pessoas sabem que poluem o ambiente e não realizam
ações adequadas em defesa do meio ambiente ou pelo menos cuidando de seus
próprios resíduos, fica claro que adotar medidas preventivas de contaminação e
poluição ambiental é resultado de uma conscientização social e ambiental capaz de
levar as pessoas a uma ação de preservação e de conservação que garanta a vida
no planeta para as gerações futuras.
Neste contexto a coleta seletiva de resíduos sólidos no ambiente doméstico é
fundamental para garantir que a vida seja preservada, mantendo a água, o solo e o
ar livre de poluição. O gráfico 3 apresenta o parecer dos alunos sobre a importância
da coleta seletiva no ambiente doméstico.
Gráfico 3. Consideram importante a coleta seletiva no ambiente doméstico
A investigação sobre a coleta seletiva no ambiente doméstico apresenta uma
certeza de que 80% das pessoas sabem que é necessário evitar que plásticos,
papéis, metais e vidros sejam despejados no ambiente, além de que o lixo orgânico
pode se tornar um fomentador de energia, porém essa ação não se realiza porque já
se acostumou a colocar todos os resíduos juntos para que os agentes ambientais
executem a tarefa, é uma questão de comodismo que necessita ser combatido por
meio de uma educação ambiental eficiente desenvolvida no ambiente escolar.
Ao investigar sobre a coleta seletiva doméstica 36% dos investigados
informaram que a coleta em sua residência é feita uma vez na semana, 30% declara
que essa coleta se realiza duas vezes na semana e 34 % afirma que realizada a
separação e coleta diariamente. Isso indica que 90% dos investigados já realizam a
coleta seletiva no ambiente doméstico e 10% não tem esse tipo de preocupação.
Desta forma, ao questionar sobre a importância da realização de oficinas de
reciclagem na escola, os alunos foram unânimes em afirmar que isso é muito
importante e define para os participantes as melhores maneiras de reutilizar objetos,
reduzir o consumo e reciclar os resíduos produzidos em casa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste projeto de oficinas de reciclagem de resíduos na escola
contribuiu para esclarecer aos alunos que estão concluindo a educação básica que é
necessário não descuidar do meio ambiente e que a ação humana pode destruir o
planeta e consequentemente o futuro dos nossos descendentes.
O objetivo do projeto foi alcançado por ter promovido a aprendizagem da
coleta seletiva desenvolvendo técnicas de seleção e de transformação de resíduos
em flores, objetos de arte, utilitários e outros objetos que podem ser reproduzidos a
partir de resíduos recicláveis reutilizáveis.
Assim, a realização de oficinas de flores de garrafas PET, fuxico de retalhos,
cestos de papel, e outros objetos conduziram ao conhecimento, pois representam
ações motivadas por meio de palestras, entrevistas, discussão de documentários,
visita à fábrica de reciclagem de plástico Polibol.
O desenvolvimento do projeto permitiu formar uma consciência ambiental nos
alunos em relação à geração de resíduos e aos cuidados que se devem aos que
produzimos, os conhecimentos formados imprimem uma nova postura diante da
necessidade de coletar selecionando o que pode ser reciclado, reutilizado, mas além
disso foi possível também refletir sobre a redução do consumo adotando posturas
como usar garrafas retornáveis, sacolas de tecido para evitar o uso de sacolas
plásticas quando se vai ao supermercado e, quando for inevitável, selecionar os
resíduos no ambiente doméstico dando-lhe o destino correto.
A validade do projeto está intimamente ligada aos princípios da educação que
tem como obrigação formar cidadãos para viver em sociedade, realizando a
interação com os outros seres humanos, com o conhecimento e com a natureza de
maneira consciente.
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