eficiencia energetica habitacoes interesse social
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Eficiência Energéticaem Habitações deInteresse Social
9Dezembro de 2005
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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SILAS RONDEAU
Ministro de Estado
ALOÍSIO VASCONCELOS
Presidente da Eletrobrás
RUY CASTRO
Diretor de Projetos Especiais e Desenvolvimento Tecnológico e Industrial
GEORGE ALVES SOARES
Chefe do Departamento de Desenvolvimento de Projetos Especiais
FERNANDO PINTO DIAS PERRONE
Chefe da Divisão de Projetos Setoriais de Eficiência Energética
MINISTÉRIO DAS CIDADES
MARCIO FORTES DE ALMEIDA
Ministro de Estado
RODRIGO JOSÉ PEREIRA-LEITE FIGUEIREDO
Secretário-Executivo
INÊS DA SILVA MAGALHÃES
Secretária Nacional de Habitação
RAQUEL ROLNIK
Secretária Nacional de Programas Urbanos
ABELARDO DE OLIVEIRA FILHO
Secretário Nacional de Saneamento Ambiental
JOSÉ CARLOS XAVIER
Secretário Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana
JOÃO LUIZ DA SILVA DIAS
Presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU
AILTON BRASILIENSE PIRES
Diretor do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran
MARCO ARILDO PRATES DA CUNHA
Presidente da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre –TRENSURB
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Esta publicação que ora lançamos na 2ª Conferência Nacional das Cidades em Brasília, neste
dezembro de 2005, é o primeiro exemplar da série Cadernos MCidades – Parcerias que pretendemos
conduzir com outras instituições públicas de governo, sobre temas de interesse comum da
administração pública, da ciência e da sociedade, como é a marca do Governo do Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Este Caderno 9 – Eficiência Energética em Habitações de Interesse Social trata da relação entre
as energias naturais e as energias culturais, da utilização racional do conhecimento e tem como objetivo
colaborar para a difusão de métodos de simples compreensão, cujo resultado pode ser significativo
na melhoria das condições de moradia e de vida do povo brasileiro.
Na oportunidade, efetivam-se, mais uma vez, os propósitos do Acordo de Cooperação Técnica
firmado entre o Ministério das Cidades e o Ministério das Minas e Energia, com a interveniência da
ELETROBRÁS, relacionados às ações para o uso eficiente de energia elétrica, medidas de economia, saúde
pública e meio ambiente.
É com grande satisfação que apresento à sociedade brasileira este trabalho, fruto do esforço e
dedicação de muitos e que a muitos outros chegará para nossa gratificação e resultados para todos.
MARCIO FORTES DE ALMEIDA
Ministro de Estado das Cidades
APRESENTAÇÃO
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A energia elétrica tornou-se essencial à vida moderna e ao homem, cuja satisfação das necessidades
básicas requer quantidades energéticas mínimas. Utilizá-la de maneira correta, diminuindo os
desperdícios e impactos sobre o meio ambiente, constitui um importante parâmetro a ser considerado
no exercício da cidadania.
As edificações, responsáveis por cerca de 48% do consumo total de energia elétrica no Brasil,
apresentam grande potencial de otimização energética, particularmente em conseqüência do
desenvolvimento de novos materiais, equipamentos, conceitos arquitetônicos e tecnologia construtiva.
Ciente da importância desse setor no âmbito da conservação de energia elétrica, a ELETROBRÁS,
no âmbito do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica - PROCEL, promove, desde 1985,
diversas ações com o objetivo de incentivar o uso eficiente da energia e dos recursos naturais, tais
como água, ventilação e energia solar, nas edificações. Em 2003, com a criação do PROCEL EDIFICA,
essas ações foram ampliadas e organizadas de acordo com diretrizes que levem ao desenvolvimento
de:
• requisitos básicos para uma arquitetura mais integrada ao meio ambiente e recursos naturais;
• indicadores de eficiência energética em edificações;
• certificação de materiais e equipamentos;
• procedimentos para regulamentação / legislação;
• mecanismos para aporte de recursos financeiros e remoção de barreiras para implementação
de projetos;
• projetos educacionais e de interesse social.
Neste contexto, temos a grande satisfação de apresentar este Caderno de “Eficiência Energética
em Habitações de Interesse Social”, elaborado em parceria com o Ministério das Cidades, para auxiliar
os segmentos envolvidos com os programas de habitação social no Brasil na compreensão do tema
da eficiência energética em edificações e na obtenção de resultados que minimizem os custos dos
empreendimentos.
Esperamos, com esta iniciativa, estar contribuindo para a produção de uma arquitetura que aproveite
ao máximo as condições bioclimáticas existentes do local onde será construída, para a redução do
consumo de energia e para a garantia do conforto ambiental dos moradores das habitações de
interesse social.
ALOISIO VASCONCELOS
Presidente da ELETROBRÁS
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO 7
PANORAMA ENERGÉTICO NACIONAL 9
ESTRUTURA DO MERCADO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL 11
CONSUMO DE ENERGIA FRENTE AO CENÁRIO ECONÔMICO 13
CONSUMO DE ENERGIA FRENTE À DINÂMICA POPULACIONAL 14
POTENCIAL DE ECONOMIA DE ENERGIA ELÉTRICA NAS EDIFICAÇÕES 16
REFLEXÕES SOBRE O SEGMENTO DAS HABITAÇÕES DE INTERESSE
SOCIAL E SEU PAPEL NA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 19
DIRETRIZES DE PROJETO PARA HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL 22
CONCEITOS BÁSICOS DE PROJETO E ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO
BRASILEIRO 25
ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO 29
O MICROZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO PARA A ESCOLHA DE
ESTRATÉGIAS ARQUITETÔNICAS LOCAIS 32
ESTRATÉGIAS PARA CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 35
VENTILAÇÃO PERMANENTE 37
VENTILAÇÃO CONTROLADA 47
RESFRIAMENTO EVAPORATIVO 49
MASSA TÉRMICA PARA RESFRIAMENTO 53
RESFRIAMENTO ATIVO (AR-CONDICIONADO) 54
UMIDIFICAÇÃO 57
MASSA TÉRMICA PARA AQUECIMENTO 58
AQUECIMENTO SOLAR PASSIVO 60
CALEFAÇÃO 61
ILUMINAÇÃO NATURAL 64
SOMBREAMENTO 67
USO DA ENERGIA SOLAR – COLETORES SOLARES TÉRMICOS 75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIA DE APOIO 85
SITES DE INTERESSE 86
GLOSSÁRIO 87
ANEXOS 91
O PAPEL DA VENTILAÇÃO NATURAL NAS EDIFICAÇÕES – METODOLOGIA
DE OBTENÇÃO DA PROPOSTA DE ZONEAMENTO EÓLICO PARA FINS DE
LEVANTAMENTO DO POTENCIAL DE USO EM HIS 93
DIAGRAMA BIOCLIMÁTICO DE GIVONI 107
TIPOS POSSÍVEIS DE ABERTURAS DE JANELAS. VANTAGENS E DESVANTAGENS 108
DIVERSOS FATORES DE SOMBRA NORMALMENTE UTILIZADOS EM PROJETOS 110
VALORES DE TRANSMISSÃO DE CALOR PARA VIDROS 110
FATORES DE REFLEXÃO (%) DE DIFERENTES MATERIAIS OPACOS E CORES (FONTE:
CINTRA DO PRADO, L. – ILUMINAÇÃO NATURAL – SÃO PAULO – FAU – USP, 1961) 111
TABELA DE ILUMINAMENTO MÉDIO EM PLANO HORIZONTAL 112
ALGUNS SOFTWARES DE APOIO À CONCEPÇÃO DE HIS 113
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Este caderno tem por finalidade facilitar a compreensão sobre o tema da Eficiência Energética,
quando aplicada às edificações destinadas à habitação de interesse social, principalmente para os
diversos segmentos envolvidos no assunto — governamental, empresarial, financeiro, acadêmico,
organizações não-governamentais e comunitárias.
É importante que os programas de habitação social no Brasil estejam preparados para
aproveitar o conjunto de recursos ambientais existentes, de forma a reduzir o consumo de energia,
minimizar os custos dos empreendimentos, da manutenção e da operação e, principalmente,
garantir o conforto ambiental nessas edificações, tendo em vista seus efeitos diretos sobre a saúde
e a produtividade dos moradores.
Neste contexto, este trabalho contribui para a produção de uma arquitetura que aproveite ao
máximo as condições bioclimáticas existentes do local onde será construída, atenuando os
aspectos negativos e potencializando os positivos.
Para tanto, torna-se primordial o conhecimento das especificidades climáticas e culturais de
cada região, das rotinas de uso da edificação e do perfil dos usuários envolvidos ao longo do Brasil
— rural ou urbano — de forma a garantir o atendimento das suas necessidades básicas de
iluminação, ventilação, aquecimento de água, arrefecimento e outras, a um custo menor e com
mais eficiência energética e qualidade ambiental.
É imprescindível que estes conhecimentos sejam aplicados a todas as etapas da concepção do
projeto de arquitetura: desenho do loteamento, implantação da edificação no lote, tratamento da
superfície no entorno, volumetria e organização dos espaços internos, escolha dos elementos e
materiais do envelope construtivo; e, sobretudo, na escolha, dimensionamento e proteção externa
das aberturas e coberturas. Isto para que o conjunto da edificação resultante seja o mais adequado,
influenciando diretamente na melhoria do desempenho energético.
Considerando o desafio de uma única publicação para todo o território nacional, com suas
extremas diversidades climáticas, geográficas e culturais, este caderno está estruturado da seguinte
maneira: no capítulo seguinte é apresentado um panorama geral do mercado de energia elétrica
no Brasil e do comportamento do consumo de energia, relacionado-os com os aspectos
econômicos e de evolução demográfica; em seguida, são feitas reflexões sobre o segmento das
habitações de interesse social e seu papel na eficiência energética e sumarizados os conceitos
básicos das especificidades bioclimáticas das regiões brasileiras, os instrumentos que subsidiam a
sua compreensão e as aptidões para a escolha das estratégias que devem ser adotadas ainda na
fase do projeto de arquitetura. Por fim, são abordados os aspectos essenciais para o uso da energia
solar para aquecimento da água.
Espera-se, dessa forma, contribuir para sensibilizar a sociedade sobre a importância e os
benefícios da garantia do conforto ambiental e do uso eficiente de energia nas habitações de
interesse social, tendo a certeza de que todos podem sair beneficiados, uma vez que a busca por
soluções integradas para os problemas e desequilíbrios incidentes sobre as cidades brasileiras é
condição necessária para a garantia da saúde e da qualidade de vida das populações.
INTRODUÇÃO
Panorama EnergéticoNacional
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A conjuntura econômica e a evolução
demográfica, relacionada à dinâmica de
crescimento do número de domicílios,
impactam de diversas formas na variação do
consumo de energia elétrica do País.
Entretanto, a influência sobre o consumo
residencial não se dá apenas por meio do
crescimento populacional, como também pelo
nível de urbanização, pelo poder de compra de
equipamentos eletroeletrônicos e pela
formação de hábitos de consumo.
Boa parte destes fatores econômicos e
demográficos não se manifesta de modo
uniforme em todo o País, têm taxas, efeitos e
influências diferentes em cada região, em cada
unidade da federação ou mesmo em suas
capitais e cidades.
Neste capítulo, é apresentada uma visão
geral do Sistema Interligado Nacional (SIN) e
do comportamento do consumo de energia
elétrica, relacionando-os com diversos
aspectos do cenário econômico e os principais
índices e tendências vinculados às projeções
demográficas e de crescimento de domicílios.
Como pode ser concluído, estes fatores são
expostos como determinantes para o
planejamento do sistema eletroenergético
nacional, a universalização do atendimento
elétrico e as políticas de eficiência energética
em edificações.
ESTRUTURA DO MERCADO DE ENERGIA
ELÉTRICA NO BRASIL
A energia elétrica, no Brasil, é de origem
predominantemente hidráulica, o que leva à
construção de barragens e estruturas para o
aproveitamento dos rios, com conseqüente
inundação de áreas para formação dos
reservatórios. A geração complementar de
eletricidade para atender o mercado
consumidor é feita através de usinas térmicas
convencionais e nucleares. Este sistema de
geração é de propriedade de diversos agentes
e, atualmente, apresenta a seguinte proporção
entre suas fontes (Figura 1):
Para levar a eletricidade aos diversos
centros consumidores, o sistema brasileiro
dispõe de mais de 175 mil km de linhas de
transmissão, também é multiproprietário,
interligando os aproveitamentos de geração,
localizados em todo o território nacional, às
outras estruturas e subestações, a partir de
onde a energia é distribuída para os grandes
centros consumidores. Há, também, pontos de
interligação com sistemas elétricos de outros
países da América do Sul (BEN, 2004).
Em 2004, pela primeira vez após a crise no
fornecimento de energia elétrica de 2001, o
consumo de energia elétrica total fornecida
(exclui a parcela de autoprodução) foi superior
ao verificado antes do racionamento (Figura 2).
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A participação de cada região geográfica,
no consumo total de energia elétrica fornecida,
apresenta a distribuição representada na
Figura 3, a seguir.
As taxas de crescimento de 2004, em
relação a 2003, no Brasil e por região
geográfica (incluindo os sistemas isolados),
junto com os valores consolidados de
consumo de energia, estão resumidas na
Tabela 1.
medidas de racionalização de energia e das
mudanças de hábitos de consumo,
incorporados após a crise energética.
O consumo de energia elétrica pode ser
dividido em classes de consumidores, quais
sejam: Residencial, Comercial, Industrial e
Outros (reúne as subclasses Poderes
Públicos, Serviços Públicos, Iluminação
Pública, Consumo Próprio e Rural). Um
gráfico, resumindo os percentuais de
participação destas classes, com base no
consumo faturado em 2004, é apresentado
na Figura 5.
Salienta-se que as classes de consumo
possuem diferentes percentuais de
participação, conforme a região geográfica,
unidade da federação ou mesmo cidade. Da
mesma forma, suas taxas são dinâmicas e o
crescimento depende de vários fatores
TABELA 1: CONSUMO ANUAL DE ENERGIAELÉTRICA FORNECIDA EM 2004, POR REGIÃO(FONTE: EPE)
REGIÃO CONSUMO ANUAL TAXA DEGEOGRÁFICA DE FORNECIMENTO CRESCIMENTO
(GWH) (2004/2003)
Norte 19.882 7,6%
Nordeste 53.683 6,0%
Sudeste 172.666 4,0%
Sul 55.322 3,2%
Centro-Oeste 19.220 5,8%
Brasil 320.772 4,5%
Os programas de universalização do
atendimento elétrico levaram à ligação de um
número expressivo de novos consumidores,
em especial os de baixa renda. Desta forma,
apesar do crescimento no consumo total de
energia, no País, o consumo médio mensal por
consumidor está estabilizado em um patamar
inferior aos anteriores ao ano de 2000 (Figura
4), o que espelha um forte efeito residual das
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sazonais e/ou regionais, dentre os quais os
econômicos, como políticas fiscais de incentivo
às indústrias ou obras de infra-estrutura, e os
de caráter demográfico, como migrações
internas ou crescimento populacional.
CONSUMO DE ENERGIA FRENTE AO
CENÁRIO ECONÔMICO
O crescimento do consumo de energia
elétrica está vinculado às conjunturas
econômicas, cujos índices e indicadores de
desempenho são essenciais na análise da
compreensão do mercado de energia. Neste
aspecto, após a crise no fornecimento de
eletricidade de 2001, houve uma retração no
consumo, logo seguida de crescimentos
sustentáveis, quando comparados os anos de
2002 com 2001 e de 2003 com 2002,
acompanhando o crescimento do PIB. Da
mesma forma, a taxa de crescimento do
consumo de energia elétrica fornecida de
2004, em relação a 2003, de 4,5%, está
diretamente relacionada ao incremento de
5,2% do PIB nacional (EPE, 2005).
Pela sua própria natureza, o consumo de
energia da classe industrial é influenciado
pelo desempenho e pelo comportamento
da atividade deste setor, quer na produção
de bens de capital ou na de bens de
consumo. As necessidades de formação de
estoques, o grau de utilização da
capacidade instalada, as variações sazonais
dos ciclos de produção e os contratos de
exportação são apenas alguns dos fatores
relacionados à atividade industrial, com
reflexos sobre a energia elétrica
demandada pelo setor.
A classe comercial é extremamente
heterogênea, englobando diversos ramos de
atividades, tais como: comércio atacadista,
varejo, shopping centers, hotéis, instituições
financeiras etc., e seu desempenho também
está vinculado aos aspectos econômicos.
Apenas a título ilustrativo, existe uma
correlação forte entre as políticas monetárias
que determinam a capacidade de crédito,
tanto o pessoal quanto o empresarial, o que
leva a variações no volume de vendas,
prestação de serviços, quantidade de
clientes e horas trabalhadas nos
estabelecimentos de comércio, o que, por
sua vez, implica em flutuações no consumo
de energia elétrica. Há, também, outros
aspectos importantes relacionados a
características sazonais (como festas
populares, fluxos turísticos e outros) e
vegetativos (p.ex.: crescimento populacional
e expansão de áreas urbanas, com
conseqüente aumento na demanda de bens
e serviços), que influenciam o consumo de
eletricidade do setor comercial (EPE, 2005).
Por sua vez, o desempenho da classe
residencial está relacionado ao cenário
econômico, quando visto sob a ótica dos
aspectos de concessão de crédito e poder de
compra de eletroeletrônicos, hábitos de
consumo, programas de renda familiar e de
universalização dos serviços de energia
elétrica.
Na Tabela 2, a seguir, são apresentadas as
taxas de crescimento do ano de 2004, em
relação a 2003, para as diversas classes de
consumo, discriminadas por região.
TABELA 2: TAXAS DE CRESCIMENTO 2004/2003,DAS CLASSES DE CONSUMO, POR REGIÃO(FONTE: EPE)
CLASSES DE CONSUMO
REGIÃO INDUSTRIAL COMERCIAL RESIDENCIAL OUTROS TOTAL
Norte 9,7% 5,4% 3,4% 7,9% 7,6%
Nordeste 9,9% 4,1% 4,0% 0,0% 6,0%
Sudeste 6,5% 4,5% 3,0% -3,5% 4,0%
Sul 6,3% 4,4% 1,2% -2,4% 3,2%
Centro-Oeste 5,6% 5,7% 4,8% 7,2% 5,8%
Brasil 7,2% 4,5% 3,0% -1,1% 4,5%
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CONSUMO DE ENERGIA FRENTE À
DINÂMICA POPULACIONAL
Em termos regionais houve aspectos
importantes, nos últimos 20 anos ou mais, que
revelam processos migratórios intensos entre
as regiões do Brasil. Estes movimentos estão
relacionados à expansão e ocupação das
fronteiras agrícolas do País, redundando em
taxas de crescimento mais acentuadas nas
regiões Norte e Centro-Oeste, com perda da
participação das demais regiões, no total da
população residente do Brasil. A Tabela 3
sintetiza as taxas de crescimento, de
participação e as populações residentes,
discriminadas por região do Brasil.
TABELA 3: TAXAS DE PARTICIPAÇÃO E DE CRESCIMENTO MÉDIO ANUAL DE 1980-2004, DASPOPULAÇÕES RESIDENTES, POR REGIÃO DO BRASIL (FONTE: IBGE)
POPULAÇÃO EM 1980 PARTICIPAÇÃO POPULAÇÃO EM 2004 PARTICIPAÇÃO VARIAÇÃO ANUAL
Norte 5.979.043 5,0% 14.217.278 7,9% 3,7%
Nordeste 35.079.308 29,3% 50.057.162 27,8% 1,5%
Sudeste 52.048.665 43,4% 76.879.530 42,6% 1,6%
Sul 19.111.689 16,0% 26.501.204 14,7% 1,4%
Centro-Oeste 7.625.409 6,4% 12.650.357 7,0% 2,1%
Brasil 119.844.114 100% 180.305.531 100,0% 1,7%
De acordo com o Censo 2000, de 1995 para
o ano de 2000, houve um movimento
migratório entre unidades da federação de
cerca de 5,2 milhões de pessoas, com mais de
87% fixando-se em áreas urbanas, tanto
oriundas de outras áreas urbanas (75% das
migrações) como de áreas rurais (12,5% das
migrações totais).
Ainda conforme o Censo, a área rural
brasileira vem apresentando perdas
populacionais, com taxa de crescimento
negativa de 1,3%, de 1995 para 2000. A região
Norte, exceto pelo Acre e Tocantins,
apresentou saldo positivo nas entradas e
saídas das áreas rurais, caracterizando a
expansão das suas atividades econômicas,
embora o crescimento da população urbana
seja superior.
Depreende-se, assim, que as áreas urbanas das
grandes cidades, notadamente das capitais
estaduais, são pólos de atração aos migrantes de
outras cidades menores e de áreas rurais. Este
quadro deve manter-se inalterado nos próximos
anos, como indicam os estudos do IBGE.
No que tange o crescimento populacional, o
Censo Demográfico registra um acentuado
declínio na taxa de fecundidade das mulheres
entre 15 e 49 anos, nos últimos 20 anos, como
sintetizado na Tabela 4, abaixo.
Desta forma, os fluxos migratórios e o
crescimento populacional conduzem a
outro atributo com implicações diretas
sobre o consumo de energia elétrica: o
número de domicílios, sua distribuição
geográfica e sua condição de infra-
estrutura.
TABELA 4: TAXAS DE FECUNDIDADE DASMULHERES ENTRE 15 E 49 ANOS (FONTE: IBGE)
REGIÃO 1980 1991 2000 VARIAÇÃO
2000/1980
Norte 6,45 4,15 3,16 -51,0%
Nordeste 6,13 3,70 2,69 -56,1%
Sudeste 3,45 2,35 2,10 -39,1%
Sul 3,63 2,52 2,24 -38,3%
Centro-Oeste 4,51 2,66 2,25 -50,1%
Brasil 4,35 2,85 2,38 -45,3%
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A evolução do número de domicílios
particulares, de acordo com o Censo
Demográfico, apresenta um crescimento de 10
milhões, em 1950, para mais de 45 milhões, ao
final do século. As taxas registradas, no entanto,
foram diferenciadas, atingindo um máximo na
década 70-80, com cerca de 3,6% ao ano acima
do crescimento populacional. Nas duas últimas
décadas, no entanto, o ritmo estabilizou-se
com um comportamento descolado ao do
aumento da população.
A Tabela 5, a seguir, apresenta a evolução
destes números, comparando a situação de
1980 com a de 2004. Destaca-se o crescimento
das regiões Norte e Centro-Oeste, cujas
participações, em termos percentuais,
aumentaram com taxas superiores às da
média nacional.
A investigação e análise da infra-estrutura
de atendimento aos domicílios particulares
permanentes, tais como saneamento básico ou
ligação à rede elétrica, evidencia os aspectos
da qualidade de vida da população e permite
traçar as políticas públicas para suprir estas
deficiências. Assim, através do Censo 2000,
constatou-se que os municípios com perda
populacional, da mesma forma que aqueles
com crescimento acima de 3% ao ano, são os
que dispõem da infra-estrutura mais precária,
notadamente no que tange o abastecimento
de água e saneamento básico. Em ambos os
casos, o potencial de crescimento do consumo
de energia elétrica é significativo, colocando
tanto os municípios mais pobres, quanto os de
forte expansão demográfica, em situação de
prioridade para o acesso à rede elétrica.
Por outro lado, o indicador habitante por
domicílio, que é calculado como a razão entre
a população total e o número de domicílios
particulares permanentes ocupados, vem
apresentando trajetória decrescente a partir da
década de 1970, regredindo de uma taxa
superior a 5 habitantes por domicílio para
cerca de 3,7 habitantes por domicílio, no Censo
2000. Este dado reflete, de certa forma, novos
hábitos e costumes, onde as famílias recém-
formadas buscam sua independência
domiciliar.
Acrescente-se a todos estes indicadores de
crescimento populacional, movimentos
migratórios e estruturas domiciliares, o déficit
habitacional brasileiro, ora estimado em 7,2
milhões de residências e com trajetória
ascendente. Tem-se, além de uma visão mais
clara do problema da habitação no Brasil, uma
dimensão mais aproximada do potencial de
aumento do consumo residencial de energia
elétrica que pode ser agregado ao já existente
(Ministério das Cidades, 2004).
Do ponto de vista do Planejamento da
Expansão do Sistema Interligado Nacional, não
só o correto dimensionamento das redes de
transmissão e distribuição de energia e a
construção de novas estruturas para
interligação e para geração, como também as
políticas para o uso mais eficiente da energia
TABELA 5: TAXAS DE PARTICIPAÇÃO E DE CRESCIMENTO MÉDIO ANUAL DE 1980-2004, DOSDOMICÍLIOS PERMANENTES, POR REGIÃO DO BRASIL (FONTE: IBGE)
DOMICÍLIOS, EM 1980 PARTICIPAÇÃO DOMICÍLIOS, EM 2004 PARTICIPAÇÃO VARIAÇÃO ANUAL
Norte 1.062.146 4,2% 3.355.365 6,6% 4,9%
Nordeste 6.811.540 26,8% 12.854.300 25,3% 2,7%
Sudeste 11.796.270 46,3% 22.819.464 44,9% 2,8%
Sul 4.230.343 16,6% 8.099.596 15,9% 2,7%
Centro-Oeste 1.567.931 6,2% 3.720.094 7,3% 3,7%
Brasil 25.468.230 100% 50.848.819 100,0% 2,9%
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elétrica devem sempre atender às
necessidades das diversas classes de consumo
e a universalização do acesso à rede elétrica.
POTENCIAL DE ECONOMIA DE ENERGIA
NAS EDIFICAÇÕES
Os estudos de dimensionamento do
Sistema Interligado Nacional, embora
admitindo reduzidos riscos probabilísticos de
déficit no atendimento ao consumo, é feito a
partir dos valores de maior impacto, das
condições mais desfavoráveis de
carregamento médio (energia) e máximo
(demanda) das estruturas de geração,
transmissão e distribuição.
Com base nestas premissas são
estabelecidos os indicativos de necessidades
de novos investimentos na infra-estrutura, a
partir dos quais são realizados os leilões e
licitações de novas obras que atendam à
expansão do mercado de energia elétrica.
Uma outra via alternativa à expansão do
sistema elétrico é a do uso mais racional dos
recursos energéticos, por meio da disseminação
de hábitos, práticas e técnicas que conduzam à
economia de eletricidade nos diversos setores
da sociedade brasileira, sem implicar em
prejuízos para a produção industrial, às
necessidades do comércio e setores públicos e
ao conforto do consumidor residencial.
Como parâmetro, os investimentos
requeridos para a redução de 1 kW na
demanda de energia elétrica correspondem à
terça parte dos custos de implantação de
novos aproveitamentos para a geração deste
mesmo kW. Os benefícios são ainda maiores, se
quantificados os custos sociais decorrentes do
alagamento de terras produtivas, no caso de
construção de barragens, ou dos riscos
ambientais associados às usinas térmicas
convencionais ou nucleares.
Estima-se que cerca de 48% de toda a
energia elétrica consumida no Brasil tenha
origem nas necessidades de atendimento ao
conforto interno das edificações, seja na forma
de iluminação artificial, ventilação ou
condicionamento de ar forçados, que são
comuns à indústria, comércio ou residências,
ou nos usos mais específicos às habitações,
caso dos aparelhos eletrodomésticos ou do
aquecimento de água. A Figura 6, a seguir,
discrimina os percentuais de uso final de
energia elétrica, no consumo residencial.
O potencial de conservação de energia
elétrica em edificações já construídas chega a
30%, quando corretamente diagnosticados os
pontos a serem melhorados e adotados todos
os recursos técnicos e medidas para economia
no consumo (PROCEL, 2005).
Por outro lado, caso as técnicas e preceitos
para um melhor aproveitamento dos recursos
sejam adotados desde a fase de projeto, como
ventilação e iluminação naturais e energia
solar, além dos sistemas construtivos e
materiais adequados à região bioclimática
onde a edificação será construída, o potencial
de economia de energia é ainda maior,
atingindo cerca de 50%, comparativamente a
edificações semelhantes, que não adotem as
mesmas premissas arquitetônicas.
Como uma abordagem simplificada do
potencial técnico-teórico de economia de
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energia elétrica nas habitações, considere-se a
utilização dos chuveiros elétricos nas
residências a serem construídas para suprir o
déficit habitacional brasileiro. Tomando por
base o consumo médio residencial de 140
kWh/mês e considerando que 26% do uso final
de toda a energia elétrica do consumo
residencial é destinado ao aquecimento de
água e, por fim, com a hipótese básica de que
apenas 50% das 7,2 milhões de habitações
relativas ao déficit brasileiro pudessem dispor
de sistemas de aquecimento solar, tem-se o
seguinte cálculo:
a) Consumo total de energia elétrica mensal
nas 7,2 milhões de habitações:
Energia = 7.200.000 x 140 kWh/mês =
1.008 GWh/mês
b) Consumo de energia para aquecimento
de água em metade destas residências:
Consumo para o aquecimento de água =
1.008 GWh/mês x 26% x 50% = 131 GWh/
mês
c) Consumo de energia total anual evitado =
131 GWh/mês x 12 meses = 1.572
GWh/ano
Este montante de 1.572 GWh/ano é
comparável ao consumo total anual do estado
de Alagoas, e poderia ser revertido em novas
ligações com a rede elétrica, beneficiando
comunidades ainda não atendidas.
Os estudos de implantação de medidas de
conservação de energia também abordam a
viabilidade financeira do projeto, analisando a
adoção (ou não) de diversas soluções técnicas
possíveis para uma mesma situação
diagnosticada, comparando seus
investimentos e confrontado-os a seus
respectivos custos evitados, pela energia
economizada.
Assim, a expectativa de projetar e construir
as habitações de interesse social, aliando os
princípios e técnicas arquitetônicas para
aproveitamento do clima local, permite o uso
mais criterioso dos recursos naturais e da
própria energia elétrica. Adicionalmente, abre-
se uma perspectiva para o aumento da renda
familiar, não apenas pelo aspecto de redução
dos gastos com energia elétrica, mas como
pela possibilidade de geração de novos
empregos, com um mercado para profissionais
de instalação e manutenção de equipamentos,
sistemas e materiais ligados à eficiência
energética em edificações.
Reflexões sobre osegmento dashabitações de interessesocial e seu papel naeficiência energética
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No Brasil, a questão da habitação emerge,
enquanto problema social, já nos fins do
século XIX, com o crescimento da taxa de
urbanização nas cidades. As primeiras
manifestações governamentais são de caráter
higienista, com estímulo à atividade privada
para a construção de novas habitações, dentro
desta nova visão.
Nesse período, as habitações eram, em sua
maioria, cortiços e vilas operárias. A partir de
1964, o Estado consolida o seu papel de
promotor e articulador de interesses econômicos
diversos e de regulador de um sistema de
crédito, tendo como solução construtiva o
grande conjunto habitacional popular, adotado
como paradigma em todo o país.
As formulações mais recentes de governo
apresentam proposições acerca da
necessidade de investimentos, não só na
proposição da oferta, mas também na
melhoria das habitações já construídas e do
seu entorno, e na modificação das condições
mais gerais de vida dos moradores, como
emprego e renda. Admite, inclusive, que é
importante considerar os aspectos culturais, a
especificidade de cada lugar e as expectativas
diferenciadas das famílias quanto à sua
residência.
É deste período que emergem as questões
referentes à produção de “assentamentos
humanos sustentáveis”, tornando-se uma das
pautas de discussão presentes nas agendas
municipais, estaduais e nacionais. Praticamente
todas as agências de habitação, sejam elas
estaduais ou municipais, atuando na produção
habitacional, possuem na sua legislação um
artigo que caracteriza o tipo de habitação que
se pretende produzir, como no exemplo a
seguir.
“Art. 5° - A AGH (Agência Goiana de
Habitação), nos seus projetos e
empreendimentos habitacionais, tanto
nas cidades como na zona rural:
I - valorizará os materiais e as
tecnologias locais, com ênfase para
aquelas que priorizem o conforto
ambiental da habitação, combinado
com a redução de seus custos”. (AGH,
1999)
Uma habitação de interesse social apenas
difere de outra habitação pela pouca
disponibilidade financeira de seus moradores.
As necessidades são as mesmas, mas, em
função do objetivo de minimizar os custos de
investimentos, os espaços são reduzidos e os
projetos são simplificados.
A proporção da eficiência energética em
Habitação de Interesse Social (a partir de agora
denominada HIS) é uma política pública
relevante e que, quando comparada
economicamente a outras políticas
(considerando-se os aspectos financeiros e
também os sociais e ambientais), deve ser
priorizada, pois inclui valores como a redução
do consumo e da geração de energia, a
preservação dos recursos ambientais e a
proteção da saúde, qualidade de vida e
conseqüente produtividade da população.
No entanto, esta não tem constituído uma
prática comum. É recorrente a reprodução de
tipologias de arquitetura sem uma
preocupação maior com especificidades
regionais. Assim, uma mesma tipologia é
adotada em cidades com características
distintas, sendo desconsideradas as
diversidades socioeconômicas, culturais,
climáticas e tecnológicas entre as diferentes
regiões do Brasil, o que resulta em construções
de baixa qualidade construtiva que não
atendem às necessidades de seus usuários
(TAKEDA, 2005). Este fato não se deve somente
a uma reprodução de modelos indeterminada,
mas também, à ausência de um conhecimento
e sistematização de informações sobre
características climáticas regionais e sua
relação com algumas estratégias que
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garantam o conforto ambiental e o uso
eficiente de energia nessas edificações,
conforme será visto em capítulo específico.
A elaboração de projetos de HIS, adequados
ao clima e às características locais, não
representa apenas um benefício aos moradores
destas edificações, mas um projeto maior, de
âmbito nacional e cujo objetivo é a melhoria
dos assentamentos humanos e, principalmente,
da qualidade de vida nas cidades brasileiras.
Este objetivo encontra-se já estabelecido na
Agenda 21 e também nos compromissos
assumidos pelos municípios na Agenda
Habitat para a provisão de uma “moradia
adequada a todos” e a criação de
“assentamentos humanos sustentáveis”.
A relevância deste trabalho encontra-se
representada nas entrelinhas dos seguintes
objetivos assumidos:
“40 - (f ) Promover métodos de
construção e tecnologias disponíveis,
apropriadas, a custos acessíveis, seguros,
eficientes e ambientalmente corretos,
em todos os países, especialmente nos
em desenvolvimento, em níveis local,
nacional, regional e sub-regional, que
enfatizem a otimização do uso de
recursos humanos locais e estimulem
métodos de economia de energia e que
protejam a saúde humana”.
“85 - (g) Acesso a fontes de energia
sustentáveis”.
“90 - (h) Oferecer incentivos a
engenheiros, arquitetos e empreiteiros,
bem como seus clientes, para projetar e
criar estruturas e equipamentos
acessíveis e de baixo consumo de
energia por meio da utilização de
recursos localmente disponíveis e para
reduzir o consumo de energia nas
edificações em uso”. (FERNANDES, 2003).
Este caderno objetiva auxiliar o
atendimento desta demanda, na medida que
esboça questões que permitem a qualquer
agente envolvido na produção da HIS
reconhecer as características climáticas
específicas do lugar no qual pretende projetar.
Pretende ainda relacionar estratégias de
intervenções arquitetônicas, urbanísticas e
construtivas adequadas às características locais
identificadas, tendo em vista as diferenças
culturais, regionais e até mesmo orçamentárias
nas diversas regiões do país.
Com este objetivo, são traçadas aqui
algumas linhas de orientação geral para os
elementos projetuais mais significativos
— paredes, coberturas, aberturas, implantação
— de modo a atender às características
ambientais conhecidas na região e ao perfil do
usuário.
DIRETRIZES DE PROJETO PARA
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
A melhor eficiência energética de uma
habitação, seja ou não de interesse social, é
alcançada sempre que o binômio “necessidade
do usuário-oferta de qualidade” da edificação é
otimizado. Isto implica na busca de soluções
de projeto arquitetônico com o maior grau de
individualidade possível.
Significa conhecer a rotina do público-alvo e
a região em que estas habitações serão
inseridas, além de utilizar os conceitos
bioclimáticos e as tecnologias já disponíveis.
Conseguimos, assim, realçar as vantagens
encontradas em determinado local e corrigir ou
diminuir os incômodos existentes e previsíveis.
Conjugando este conhecimento e
oferecendo alguma liberdade de ajuste por
parte do usuário — janelas com alternativas
para obscuridade, iluminação, períodos
chuvosos, inverno ou verão —, é possível
imaginar a obtenção de uma edificação ainda
melhor para aquele morador.
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É ainda possível reunir várias localidades,
com semelhanças de altitude, umidade,
temperatura, sazonalidades, regime de chuvas
etc., em zonas que possuam as mesmas
disponibilidades ambientais para recomendar
um determinado tipo de projeto. São as
chamadas zonas bioclimáticas, ou seja, zonas
cujas características climatológicas se
assemelham o suficiente para que se possam
traçar diretrizes comuns.
O resultado deverá ainda, para ser
satisfatório, ser trabalhado em função das
especificidades culturais locais que fornecem
os materiais e sistemas construtivos mais
adequados, com maior sustentabilidade de
manutenção e permitindo futuras ampliações.
Em alguns países, como Portugal e França, a
reunião destas diretrizes já se dá — em termos
de legislação — em função da semelhança de
algumas regiões climáticas. Portugal foi o
último país da Comunidade Econômica
Européia a determinar o uso de uma regulação
para melhorar o desempenho térmico e
energético de seus edifícios, e este data de
1990. Já a primeira norma norte-americana
neste sentido data de 1972, e se transformou
em lei federal em 1992. No Brasil, entretanto,
o que se dispõe atualmente é apenas norma
voluntária – ABNT NBR 15.220-3, aprovada em
2005.
Conceitos básicos deprojeto e zoneamentobioclimático brasileiro
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A habitação possui requisitos distintos para
os ambientes, em função de rotinas de uso
comuns, e outros que variam culturalmente ao
longo das regiões brasileiras, podendo ser
identificados pelo arquiteto do
empreendimento, dentre eles, destacam-se:
– A rotina do sono, que requer níveis reduzidos
de ruído, aceitáveis de temperatura, umidade,
renovação de ar e de obscuridade;
– A rotina da preparação da comida, feita
no interior, na zona de alpendre ou
varanda ou no exterior, que requer
índices maiores de luminosidade e de
renovação de ar, além de uma fonte
energética para cocção;
– A do asseio, que conjuga níveis de
luminosidade a uma renovação de ar de
caráter controlado, além de fonte
energética de aquecimento de água;
– As sociais, do estudo, da leitura e da
conversa, cujos requisitos permeiam os
valores colocados acima, mas que podem
possuir certos conflitos de proximidade
(como assistir televisão e estudar).
Neste contexto, a interface que uma
edificação e seu entorno fazem com o
microclima externo e as condições internas da
habitação podem ser divididas, do ponto de
vista do tema eficiência energética, em HIS, em:
– Fonte de aquecimento ou resfriamento;
– Fonte de umidificação;
– Fonte de incremento/redução de
renovação do ar;
– Fonte de aproveitamento da radiação solar
existente para fins de aquecimento de água;
– Fonte de iluminação natural;
– Fonte de ruído, levando o morador ao
fechamento de vãos de abertura não
permanentes.
Procura-se, por meio de estratégias de
arquitetura bioclimática, a serem detalhadas,
auxiliar a identificação dos recursos ambientais
externos e, conhecendo-se as necessidades do
indivíduo daquela região, propô-las, de modo a
otimizar as benesses e restrições do exterior
com os requisitos do interior, via soluções
objetivas de projeto de arquitetura. Ao se
melhorar as condições de conforto, haverá
redução do consumo de energia e a demanda
por equipamentos eletromecânicos para este
fim também diminuirá.
É importante entender que a escolha das
estratégias também deve ser feita em função do
período de ocupação dos ambientes ao longo
do dia e das estações. O período de ocupação
possui igual importância na concepção do
projeto de arquitetura bioclimática em termos,
sobretudo, da organização dos ambientes em
função da orientação solar e da definição de
beirais e espessuras de fachadas, segundo o
clima em que sejam construídos.
As figuras seguintes ilustram os diferentes
mecanismos de troca de calor que ocorrem
nas faces externas e internas da edificação e
exemplifica a disposição dos cômodos, em
função do período de ocupação.
FIGURAS 7 E 8: O PERÍODO DE OCUPAÇÃO E A DISPOSIÇÃO DOS AMBIENTES
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Dando continuidade a trabalhos
anteriormente desenvolvidos pelo
Programa Nacional de Conservação de
Energia Elétrica – PROCEL, adotam-se, nesta
publicação, as estratégias mundialmente
reconhecidas do Prof. Baruch Givoni,
adaptadas em 1994, para países em
desenvolvimento (Givoni, B. [1992]. O
diagrama abaixo e as legendas das
estratégias sugeridas formam a base
conceitual do Zoneamento Bioclimático
Brasileiro (ABNT, 2005) e deste trabalho.
Legenda:
Zona Estratégias
1 Conforto higrotérmico
2 Ventilação
3 Resfriamento evaporativo
4 Massa térmica para resfriamento
5 Ar-condicionado
6 Umidificação
7 Massa térmica e aquecimento solar
8 Aquecimento solar passivo
9 Aquecimento artificial
10 Ventilação + massa térmica para resfriamento
11 Ventilação + massa térmica para resfriamento + resfriamento evaporativo
12 Massa térmica para resfriamento + resfriamento evaporativo
FIGURA 9: DIAGRAMA BIOCLIMÁTICO DE GIVONI (1992)FONTE: GIVONI, IN LAMBERTS ET ALLI
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Além dos dados de temperatura e umidade, é
igualmente importante o conhecimento
adequado de outras condições meteorológicas —
disponibilidade de ventos, radiação solar, índice de
nebulosidade, altitude, pressão do ar e outros
parâmetros — conjugando-os aos limites de
aplicação das principais estratégias bioclimáticas,
vernaculares ou não, referenciadas na bibliografia
corrente e consolidadas na pesquisa. (GIVONI)
ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO
BRASILEIRO
O Zoneamento Bioclimático de um país tem por
objetivo ser um instrumento facilitador da escolha
das estratégias de projeto de arquitetura que
aproveitem das benesses dos diversos climas para
atender às necessidades de conforto dos moradores.
Em alguns países de menor porte, como
Portugal e França continental, a reunião das
diretrizes bioclimáticas para habitações já se
dá em termos de legislação e em função das
semelhanças climáticas. Em Portugal, por
exemplo, com um território pequeno, foram
definidas nove zonas distintas para gerar
diretrizes para suas construções residenciais.
O primeiro passo no sentido de normatizar
um zoneamento bioclimático brasileiro foi
apresentado na norma ABNT NBR 15.220-3,
aprovada em 30 de maio de 2005, que definiu
oito zonas bioclimáticas e recomendou as
primeiras diretrizes de projetos para as mesmas.
Embora o Brasil conte com 5.560 municípios
(IBGE, 2001), foram utilizados dados de 330
estações climáticas não igualmente distribuídas
no território nacional, considerando a
temperatura e a umidade média do ar.
FIGURA 10: ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO SEGUNDO A ABNT NBR 15.220-3:2005
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A seguir são apresentadas as informações
do potencial eólico de uso para edificações,
essencial na escolha das estratégias ligadas à
renovação do ar. Pelo mapa é possível
observar que cidades como Manaus, Belém e
Vitória possuem diferentes disponibilidades de
vento e, portanto, merecem um tratamento
diferenciado na adoção das estratégias.
FIGURA 11: ZONEAMENTO BRASILEIRO EM FUNÇÃO DO POTENCIAL EÓLICO PARA UTILIZAÇÃO EMHIS – EDIFICAÇÕES COM RENOVAÇÃO DE AR A 1,5 M E 6 METROS DO SOLO
REGIÃO PORÇÃO DA REGIÃO V VENTO (M/S) A 1,5M V VENTO (M/S) A 6M
Bacia Amazônica Geral <0,53 <1,7
Ocidental e Central Norte 2,2 - 3,3 3,7 - 5,5
Bacia Amazônica Geral <0,8 <1,9
Oriental Elevações 1,8 - 2,0 4,0 - 5,0
Zona Litorânea - Norte 1,4 - 2,0 4,2 - 6,3
Nordeste Sul 2,6 - 3,9 4,4 - 6,6
Zona Norte 2,5 - 2,9 4,7 - 5,3
Litorânea NE(RJ), S(ES) 3,1 - 4,7 4,2 - 6,0
Nordeste - Rio(RJ) - 1,4
Sudeste Serra do Mar 0,67 3
Elevações Nordeste - Centro e Sul 1,6 - 2,0 3,6 - 4,5
Sudeste Geral 1,5 - 2,0 3,1 - 4,2
Planalto Norte 1,1 - 1,5 1,8 - 2,5
Central Sul 1,8 - 2,2 3,1 - 3,7
Planaltos Geral 1,4 - 1,7 3,0 - 3,6
do Elevações 1,8 - 2,0 3,8 - 4,4
Sul Litoral Sul >3,0 >4,6
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Como o projeto de uma habitação, incluindo
HIS, não pode dispensar as vantagens
oferecidas pelos diversos climas, nem
negligenciar seus períodos de maior hostilidade,
foi feito um primeiro estudo da disponibilidade
de ventos para as alturas de ocorrências
necessárias às edificações de pequeno porte
(1,5m e 6m), baseado no potencial eólico
apresentado no Atlas Eólico Brasileiro de 1990
(AMARANTE, 2005). A metodologia de cálculo
encontra-se detalhada em anexo.
Desta forma propõe-se que, o arquiteto,
após ter identificado na norma em qual Zona
Bioclimática o seu projeto se localiza, passe ao
zoneamento eólico para verificar a
disponibilidade eólica.
Para efeito do trabalho aqui apresentado, as
zonas de disponibilidade eólica acima descritas,
quando acopladas às zonas bioclimáticas da
norma ABNT NBR 15.220-3, formam o que
chamamos de macrozonas bioclimáticas, e os
dois mapas, juntos, permitem uma primeira
compreensão das disponibilidades climáticas
brasileiras, que devem ser associadas à
elaboração do projeto de arquitetura. Propõe-se,
também, que um microzoneamento seja
realizado após essa fase, para incorporação das
especificidades de cada local.
Para maior visibilidade do que foi apresentado,
a figura a seguir exemplifica a superposição da
Zona Bioclimática 8 (Z8), da NBR 15.220-3, ao
mapa de potencial eólico. Como proposto,
percebe-se que a antiga homogeneidade
bioclimática entre as cidades de Manaus, Belém e
Vitória se desfaz, face à simples inclusão do
critério da disponibilidade eólica. De toda forma,
é sempre bom salientar, dada a complexidade do
tema, que mesmo com este aperfeiçoamento, os
ajustes das estratégias aqui propostas e suas
eventuais interações, permanecem sendo objeto
de estudo técnico desenvolvido por arquitetos
ou conhecedores da realidade local, habilitados
nas questões de bioclimatismo e eficiência
energética em edificações.
FIGURA 12: EXEMPLO DE SOBREPOSIÇÃO DO MAPEAMENTO EÓLICO AO ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO
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O MICROZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO
PARA A ESCOLHA DAS ESTRATÉGIAS
ARQUITETÔNICAS LOCAIS
As especificidades do local de implantação
do empreendimento podem modificar a
intensidade e a perenidade de algumas
decisões, bem como gerar novas relações de
projeto.
Empreendimentos em locais de grande
altitude, em regiões de áreas densamente
urbanizadas, em faixas de influência de
grandes massas de água, em encostas, entre
outros, oferecem particularidades que
merecem ser exploradas para um melhor
desempenho global da edificação. A próxima
FIGURAS 13 E 14: REGIÕES COM CARACTERÍSTICAS DE BAIXADA E DE ENCOSTA
FIGURA 15: REGIÕES COM CARACTERÍSTICAS DE ALTITUDEFONTE: AVENTURE-SE.IG.COM.BR/.../ 2/51-CENTRAL.HTML
seção apresenta algumas das principais
estratégias de arquitetura bioclimática.
Um mesmo município pode possuir regiões
que se inseririam em zonas climáticas distintas,
caso a escala fosse maior. Por exemplo, o
município do Rio de Janeiro, de apenas 1.182,3
km2, possui regiões de grande densidade urbana
em baixadas, mas também em encostas. Possui
também regiões com características de altitude e
outras de planícies à beira-mar e, ainda, regiões
de planícies com grande densidade urbana
próximas a grandes massas d’água, como
observamos nas fotos ilustrativas a seguir.
Surge então a necessidade evidente de um
microzoneamento que responda à percepção de
como a gente do lugar entende a realidade local.
33Eficiência Energética em Habitações de Interesse Social CA
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Estratégias distintas precisam, portanto, ser
utilizadas quando da concepção da edificação,
incluindo implantação, para locais da mesma
macrozona bioclimática, para permitir o
devido aproveitamento das potencialidades
microclimáticas e subseqüente bom
desempenho energético.
Assim, para melhor entender o microclima
do local do empreendimento, ou ajudar em
sua definição, foi montado um questionário,
apresentado ao final deste capítulo, para
fazer os ajustes acima. A resposta de
interesse é relacionada com o local
específico onde será realizada a construção
e, mesmo que o leitor não disponha dos
dados climáticos de medição, é importante
responder, ainda que de uma forma empírica
ou subjetiva, já que os dados gerais da
cidade não correspondem às características
microclimáticas locais.
As perguntas do questionário são baseadas
no diagrama bioclimático, proposto por Givoni
(1992), bem como na avaliação da
disponibilidade de ventos no local, incluindo
freqüência, intensidade e direção dos ventos.
Assim, deve-se primeiro responder sobre a
existência ou não de ventos no exato local
onde a habitação será construída. Observe que
este local pode ter características diferentes do
resto da cidade, em função da proximidade a
relevos, adensamentos urbanos, massas
d’água, pedreiras, etc., portanto, as respostas
são específicas. A seguir, responder sobre a
umidade e a temperatura do ar. No
cruzamento dessas duas respostas serão
encontradas as indicações das estratégias a
serem adotadas.
Deve ser observado, ainda, que algumas
vezes haverá necessidade de se dar duas
diferentes respostas, em função de
características climáticas que variam ao longo
do ano. O arquiteto deverá estar atento a esse
fato, pois ele terá como respostas um elenco
maior de estratégias bioclimáticas que serão
úteis em diferentes períodos. Deve-se procurar
o balanceamento da solução adotada no
projeto.
As estratégias arquitetônicas obtidas, ao se
responder o questionário, são descritas no
próximo capítulo. Por fim, salienta-se que
foram acrescentadas às estratégias propostas
por Givoni o uso da luz natural e do
sombreamento, fatores que também são
preponderantes quando se visa proporcionar
conforto com menor uso de energia elétrica.
FIGURA 16: REGIÕES COM CARACTERÍSTICAS DEPLANÍCIES COM GRANDE DENSIDADE URBANAPRÓXIMAS A GRANDES MASSAS D’ÁGUAFONTE: JP.DOUZE.ORG/PHOTOS/ MAIN.PH
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PERGUNTAS SOBRE HÁ VENTOS NO LOCAL. NÃO HÁ VENTOS
ASPECTOS DO CLIMA DEFINIÇÕES MAIS É ÚMIDO? ALTERNA É SECO? É ÚMIDO? ALTERNA É SECO?
LOCAL AO LONGO PRECISAS PERÍODOS PERÍODOS
DO ANO ÚMIDOS E ÚMIDOS E
SECOS? SECOS?
O local é extremamente Temperatura mínima 2, 8, 9, 2, 7, 8 2, 7, 8, 9 2, 8, 9, 2, 7, 8, 2, 7, 8,
frio? mensal abaixo de 10, 12 9, 10, 12 10, 12 10, 12 9, 10, 12 9, 10, 12
10,5°C
O local é frio? Temperatura mínima 2, 8, 10 , 2, 8,10, 2, 7, 8, 2, 8, 10, 2, 7, 8, 2, 7, 8,
mensal entre 10,5°C 12 12 10, 12 12 10, 12 10, 12
e 14°C
O local tem temperaturas Temperatura entre 2, 10 2, 10 2, 6, 10 1, 2, 10 1, 2, 10 1, 2, 6, 10
de conforto? de 18oC e 29°C
O local é quente? Temperaturas entre 1, 2, 10, 11 2, 10, 11 2, 4, 6, 10, 1, 2, 10, 11 1, 2, 3, 4, 1, 2, 3, 4,
29°C e 36°C 11 10, 11 6, 10, 11
O local é muito quente? Temperatura máxima 1, 2, 5, 2, 5, 10, 2, 4, 5, 6, 1, 2, 5, 10, 1, 2, 3, 4, 1, 2, 3, 4,
acima de 36°C 10, 11 11 10, 11 11 5, 10, 11 5, 6, 10, 11
TABELA 6: QUESTIONÁRIO PARA O AUTOMICROZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO
ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS
Legenda:
1. Ventilação permanente
2. Ventilação controlada
3. Resfriamento evaporativo
4. Massa térmica para resfriamento
5. Resfriamento ativo
6. Umidificação
7. Massa térmica para aquecimento
8. Aquecimento solar passivo
9. Calefação
10. Iluminação natural
11. Sombreamento
12. Ventilação higiênica
Tem
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Neste capítulo, são sugeridas algumas
estratégias arquitetônicas que buscam trazer
para o universo do arquiteto um repertório de
soluções variadas, na construção de
edificações adequadas ao clima local. Estas
soluções foram extraídas da observação da
arquitetura vernacular e da relação
bibliográfica consultada.
Dada a complexidade da interação entre as
estratégias, torna-se imprescindível o
conhecimento específico do local e de suas
especificidades para o uso das mesmas.
Foram estabelecidas estratégias básicas
para locais quentes e locais frios. Onde a
umidade puder ser um fator de restrição,
diretrizes específicas são mencionadas.
Entretanto, muitos municípios lidam com a
gestão de climas mistos. Neste caso, onde
um estudo individualizado se faz mais que
nunca necessário, uma diretriz preliminar
indicaria privilegiar as estratégias de
ventilação permanente em climas quentes
para as decisões de grande escala, como o
projeto do loteamento, e controlar o acesso
aos ventos quando se tratar da ocupação do
lote, da forma da casa e do projeto de
esquadrias.
Do ponto de vista de insolação, por
exemplo, a estratégia seria inversa: o projeto
do loteamento previria o acesso ao sol para a
situação climática de maior necessidade – o
inverno – e as decisões arquitetônicas ligadas
à ocupação do lote, forma da habitação etc.,
teriam o papel de conciliar as exigências para
ocasiões de calor e frio.
VENTILAÇÃO PERMANENTE
A ventilação permanente nas habitações é
necessária à manutenção da qualidade de ar e à
exaustão dos gases e odores produzidos na
cozinha e banheiros. No entanto, quando o local
onde será construída a edificação for frio, as
estratégias de ventilação permanente devem ser
adotadas com cautela, visando principalmente
promover a renovação do ar, de forma a não
causar desconforto aos seus moradores.
Por outro lado, sempre que este local for
quente e úmido e sem ventos, é de extrema
importância adotar as estratégias de
ventilação permanente, visando amenizar o
calor e melhorar o conforto térmico das
habitações em todas as horas do dia.
Quanto ao projeto do loteamento:
a. Projetar loteamento com divisas descontínuas, facilitando a passagem dos ventos entre as
habitações, que também devem ser desalinhadas.
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b. Em locais de clima quente, evitar o sopé de morros para localização dos lotes residenciais.
c. Já nos casos de clima frio e respeitando a orientação para fins de insolação e a densidade urbana
do local, evitar os cumes dos morros na localização dos lotes residenciais.
d. Para locais quentes sem problemas de umidade alta, não obstruir os eventuais acessos de lagos,
mares e rios. Projetar traçados de vias que permitam o fluxo de ar vindo dos corpos d’água.
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e. Para locais frios, controlar os eventuais acessos de lagos, mares e rios, o que pode ser feito com
vegetação densa. Projetar traçados de vias que permitam o acesso à insolação, mas que não
incrementem o fluxo de ar vindo dos corpos d’água.
f. Em climas quentes, plantar árvores de tronco alto na direção dos lotes para permitir a
permeabilidade do vento e reduzir a temperatura do mesmo. Pode também ser usada alguma espécie
que permita a poda de galhos baixos mantendo a copa larga e alta.
Em locais de clima frio, preferir árvores de espécies caducas, que perdem as folhas no inverno. Desta
maneira, o acesso dos raios baixos de sol no inverno à edificação estará garantido.
g. Revestir o solo predominantemente com cobertura vegetal. As áreas de estacionamento de
veículos devem ser previstas fora da origem dos ventos quando estes forem na direção das janelas da
edificação.
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h. Utilizar obstáculos ou afastar as edificações residenciais das fontes promotoras de ruído
projetadas ou existentes no entorno, sem que a ventilação seja comprometida. No caso de climas frios,
um muro robusto é a melhor solução. Já em locais quente, muitas vezes a solução ideal é não
localizar as aberturas na fachada voltada para a fonte de ruído, evitando que se deteriore a
ventilação natural.
Solução para locais quentes
Solução para locais frios
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Quanto ao lote e à implantação:
a. Para ventos frontais à fachada da casa em locais quentes, retirar os obstáculos de seu caminho,
como caixa de medidores ou arbustos baixos e densos.
b. Já para locais frios, colocar obstáculos porosos no caminho dos ventos frontais à fachada. Manter
o ângulo de acesso à insolação de inverno gerenciado por beirais como caixa de medidores ou arbustos
baixos e densos.
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c. Em climas secos, prever espelhos d’água, tanques ou lagos em frente às janelas e na direção do
vento.
d. Em função da velocidade de vento disponível, uma boa opção é afastar muros para distâncias até
duas vezes sua altura.
e. Caso isto não seja possível, pensar em uma construção em dois pavimentos, com a localização dos
ambientes mais sensíveis a ventilação, como os quartos, no segundo andar.
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f. Evitar muros totalmente fechados. Preferir muros vazados, grades ou cercas vivas. Usar espécies
como esponjinha (coriandra sp.) ou “boné de turco” (hibiscus sp.), ou espécies locais de folhagem
pouco densa.
g. Para ventos paralelos à fachada, direcionar o vento via “septos” – paredes opacas ou cercas-vivas –
para as aberturas na fachada da casa. Colocar obstáculos rígidos em ângulo de 45° com a fachada, a
fim de tentar direcionar o vento para as janelas. Podem ser muros opacos, pequenos anexos e casa de
cachorro, dentre outros.
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h. Para situações de inexistência de ventos, criar aberturas inferiores deixando cobertura vegetal
baixa próxima ao piloti ou piso elevado, caso haja. Deixar saídas na parte superior da casa para obter o
efeito termo-sifão.
Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. Capturar o vento frontal para o interior da casa através de aberturas no alto das paredes externas
e também na parte de baixo das portas, neste caso sempre que o exterior não tiver poeira.
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b. Privilegiar todos os cômodos com aberturas para ventilação e iluminação naturais (cobogós,
venezianas fixas).
c. Priorizar pé direito alto, permitindo ventilação permanente junto ao forro.
d. Optar por forro ventilado. Executar aberturas entre este e o telhado, nas paredes externas voltadas
para onde o vento for mais freqüente, com cobogós, venezianas e tijolos furados inclinados. Diferentes
possibilidades para o forro: placa de compensado, gesso, trançado de palha e pano.
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e. As portas internas da habitação devem ser de veneziana ou conter venezianas inferiores e
superiores, exceto nos cômodos com ar-condicionado.
Quanto ao interior da casa – a divisão dos cômodos e seu revestimento:
a. Possibilitar que o ar quente retido nos ambientes suba e saia por alguma abertura superior, como
por exemplo uma chaminé.
b. O efeito Venturi pode ser usado para diminuir a temperatura do ar no interior da habitação,
utilizando a abertura de entrada do ar menor do que a de saída.
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VENTILAÇÃO CONTROLADA
Quando o local onde será construída a
residência apresentar regime de vento
inconstante, os sistemas de ventilação
controlados pelo usuário são mais vantajosos.
b. Abrir janelas na direção dos ventos incidentes, protegidas do sol da tarde.
Desta forma, em dias quentes e com pouco
vento, a casa pode estar aberta à circulação
de ar, enquanto que em outros, mais frios ou
com muito vento, o usuário pode dosar a
ventilação conforme sua demanda de
conforto.
Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. Possibilitar, com portas e janelas abertas, que o fluxo de ar atravesse a edificação da zona mais
fresca para a mais quente; e contribuir para que o ar percorra a mínima distância e com o menor
número de obstáculos vazados no interior da edificação.
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c. Usar portas externas sombreadas passíveis de serem meio de ventilação, sem perder a privacidade.
Exemplo: portas cortadas acima da maçaneta (tipo balcão); portas com a parte superior em veneziana;
porta dupla, sendo uma de grade.
d. Projetar a janela de forma a conciliar as diversas necessidades de uso, como em situação diurna de
chuva e calor. Prever o uso de venezianas.
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e. Não obstruir a ventilação na parte posterior da geladeira, pois isto implica no mau funcionamento
do motor.
RESFRIAMENTO EVAPORATIVO
O resfriamento evaporativo retira o calor do
ambiente pela evaporação da água e,
conseqüentemente, aumenta a umidade
relativa do ar e reduz sua temperatura. Esta
estratégia pode ser adotada em regiões
quentes e secas e em épocas do ano com
essas mesmas condições de temperatura e
umidade relativa do ar.
Existem dois tipos de resfriamento
evaporativo: o direto, no qual a evaporação da
água ou das plantas atua no ambiente a ser
resfriado; e o indireto, em que a evaporação da
água ou das plantas diminui a temperatura da
superfície de contato com o ambiente a ser
resfriado.
Recomenda-se o resfriamento evaporativo
direto apenas nas situações de temperatura
indicadas pela Carta Psicrométrica de Givoni,
pois a taxa de ventilação do ambiente precisa
ser suficiente para evitar a retenção de vapor
d’água.
Retirar o calor do ar através da
umidificação do mesmo aproxima a
edificação da zona de conforto, pois reduz as
trocas de calor por condução, convecção e
irradiação, resultando inclusive na
diminuição do consumo de energia por
resfriamento ativo (ventilador e ar-
condicionado).
Vale ressaltar que as soluções de
resfriamento evaporativo e umidificação
compartilham as mesmas estratégias.
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Quanto ao projeto do loteamento:
a. Em empreendimentos que tratem do loteamento e dos equipamentos públicos aplica-se a
estratégia de resfriamento evaporativo através da implantação, na direção dos ventos, de fontes, lagos e
espelhos d’água em praças, escolas, postos de saúde e próximos às casas. O ar seco quando umidificado
pela água se resfria, criando um microclima mais ameno. Da mesma forma, quanto maior for a
cobertura vegetal tanto melhor será este efeito.
b. Sempre que possível implantar loteamentos em áreas próximas ao mar, lago, prado, rio e matas,
com o intuito de aproveitar a umidade gerada por esses recursos naturais.
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Quanto ao lote e à implantação:
a. Utilizar vegetação no entorno, prioritariamente voltada para o vento dominante.
A evapotranspiração das plantas permite a troca de calor, fazendo com que o vento que passa próximo
à vegetação perca calor e entre na casa com uma temperatura mais baixa.
Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. O calor irradiado pela cobertura para o interior – quando feita com laje de concreto – representa
uma parcela considerável dos ganhos térmicos de uma edificação. Para amenizar este efeito em climas
ou períodos quentes, utiliza-se a cobertura naturada ou cobertura verde, ou seja, um jardim suspenso
que, ao realizar o sombreamento da cobertura e perder calor através da evapotranspiração das plantas,
ameniza a temperatura radiante no interior da casa. Esse sistema deve contar com a
impermeabilização da laje, drenagem de águas pluviais com brita ou argila expandida e vegetação
resistente à insolação direta e que necessite de pouca rega. A cobertura naturada também é uma
estratégia utilizada em massa térmica para resfriamento que será vista mais à frente.
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b. As paredes externas também podem receber proteção de plantas trepadeiras, pois a temperatura
superficial da parede será reduzida pelo sombreamento e evapotranspiração das plantas,
representando menor ganho térmico no ambiente interno. Esta proteção pode ter como suporte um
treliçado de madeira, uma tela ou uma grade. Para climas com períodos frios, optar por plantas com
folhas caducas, pois no verão a “parede verde” irá proteger o ambiente interno da radiação solar e no
inverno, quando as folhas caírem, ela permitirá a absorção do calor.
c. Para locais com umidade muito baixa, privilegiar a orientação dos cômodos de maior permanência,
geralmente sala e quartos, voltando-os para os recursos de resfriamento evaporativo vistos acima. Lembre-
se que a otimização desse recurso deve seguir a orientação correta em relação aos ventos.
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MASSA TÉRMICA PARA
RESFRIAMENTO
A massa térmica para resfriamento é
indicada para local seco e baseia-se no
princípio de acúmulo de calor pelo invólucro
construtivo – paredes e cobertura – retardando
a entrada de calor nos ambientes até que o frio
da noite, do lado externo, recupere parte do
fluxo de calor que iria entrar na edificação. A
amplitude térmica do local é assim reduzida
no interior da habitação.
Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. A cobertura naturada possui uma grande massa térmica que retardará a passagem de calor para
dentro da casa. Esse sistema deve contar com a impermeabilização da laje, drenagem de águas pluviais
com brita ou argila expandida e vegetação resistente à insolação direta.
b. A fachada que recebe sol e não pode ser protegida da radiação solar por proteção externa é a grande
candidata a receber uma parede construída com material de alta densidade ou maior espessura,
retardando a passagem do calor (atraso térmico) para o ambiente interno, deixando-o mais fresco no
período da noite devido à temperatura mais amena e à ventilação adequada para dissipar o calor.
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RESFRIAMENTO ATIVO (AR-
CONDICIONADO)
O resfriamento artificial será empregado
somente nos momentos em que, por excesso
de temperatura ou umidade, o conforto
higrotérmico não puder ser alcançado somente
com o auxílio do resfriamento natural.
Em geral, nas habitações de interesse social
esta não é uma situação constante. Assim o
cômodo deve ser projetado de forma a
retardar ao máximo possível o inicio da
entrada do condicionamento artificial.
Esta estratégia gera um consumo de
energia elétrica que pode ser racionalizado se
os aparelhos de ar-condicionado forem
corretamente utilizados e seguirem algumas
recomendações de instalação e manutenção.
Ele deve ser previsto em paralelo às
recomendações projetuais (pé-direito e circuito
elétrico) para instalação pelo usuário da ventilação
mecânica com o uso de ventiladores e exaustores.
Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. O sistema de ventilação mecânica mais utilizado para fazer circular o ar é o ventilador, podendo
ser móvel ou fixo no teto. Para melhor aeração recomenda-se, quando possível, a fixação no teto ou o
mais próximo deste. Alguns ventiladores de teto também podem funcionar como exaustores, sugando o
ar quente para fora do ambiente. Neste caso, um acesso ao forro ventilado pode gerar uma renovação
de ar refrescante.
Considerar pé-direito que permita 1 metro de colocação de ventiladores de teto e no mínimo 2 metros
sob este. Prever no eletroduto da iluminação do teto a passagem da instalação para sua colocação.
b. Quando não for possível a instalação de ventiladores no teto, instalá-los no alto, nas paredes junto
ao forro.
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c. O aparelho de janela de ar-condicionado deve ficar a uma altura média de 1,70m (próximo à
altura humana) possibilitando a sensação direta de resfriamento.
d. Proteger aparelhos de ar-condicionado da insolação direta a qualquer hora. Para tal, usar o beiral
da cobertura ou algum outro tipo de proteção, como PVC, madeira e até mesmo o concreto. Se possível
colocar o aparelho em fachada não exposta ao sol do momento do seu uso, mas manter suas aberturas
laterais de ventilação desobstruídas.
e. O ambiente refrigerado deve ser bem vedado. Utilizar portas e janelas com venezianas fixas sempre
com fechamento externo. Evitar frestas nas paredes, pisos ou tetos. Vede corretamente ao redor do vão
de encaixe do ar-condicionado, pois é comum que o ar escape com facilidade por estas frestas. Essas
medidas diminuem a perda do ar refrigerado para o ambiente externo, acarretando em um menor
consumo de energia.
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f. O dimensionamento e o tipo de ar-condicionado devem ser adequados ao ambiente e à
quantidade de pessoas que nele permanecem. Optar por aparelhos mais eficientes, com selos PROCEL
de desempenho e economia de energia, que facilitem a limpeza freqüente do filtro, pois além de manter
o ambiente saudável, também beneficia no rendimento do aparelho.
g. Os ambientes interno e externo precisam ser desobstruídos próximo ao aparelho de ar-
condicionado, permitindo a ventilação do motor. Um meio externo, com árvores plantadas , cobertura
vegetal etc., permite que o ar de renovação, captado pelo aparelho, melhore seu rendimento, uma vez
que o ar vindo do exterior será mais fresco, economizando a energia elétrica despendida para sua
refrigeração.
h. Quando o uso do ar-condicionado for inevitável, associá-lo ao ventilador pode diminuir o
consumo de energia elétrica. Quando o ventilador é acionado ele provoca uma sensação de frescor na
pele e com isso o ar-condicionado pode funcionar com ajuste do termostato para o frio mínimo, ou
seja, com menor utilização do motor e menor consumo de energia.
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i. O exaustor é um sistema de ventilação mecânica que, por pressão negativa, promove a retirada do
ar quente do ambiente interno para o exterior. Este aparelho é muito utilizado em cozinhas com o
intuito de amenizar a temperatura ambiente devido ao cozimento dos alimentos. Nestes casos, devem
ser posicionados o mais próximo possível de fornos ou fogões.
UMIDIFICAÇÃO
Em casos em que a temperatura do ar estiver
dentro da zona de conforto – entre 20°C e 29°C –
porém a umidade relativa do ar estiver abaixo do
limite de conforto – menor ou igual a 20% –
ocorrerá o desconforto térmico dos usuários pelo
ressecamento do ar. Nesta situação, a melhor
solução será umidificar o ar do ambiente através
de recipientes com água, plantas, fontes e
espelhos d’água, tentando não reduzir a
temperatura. Para tal, a taxa de ventilação da casa
deve ser controlada, evitando que o resfriamento
evaporativo do ambiente prevaleça em relação à
umidificação do ar, que tem por finalidade
manter o vapor d’água em nível adequado.
Vale ressaltar que resfriamento evaporativo e
umidificação compartilham as mesmas estratégias.
Quanto ao lote e à implantação:
a. Em climas ou períodos do ano em que a umidade absoluta do ar é muito baixa, a existência de
pequenos lagos, piscinas ou outras áreas molhadas voltadas para a direção do vento e perto das janelas
da edificação também causam o resfriamento evaporativo desejado. Colocar áreas de tanque e destinadas
ao varal de roupas paralelas à direção dos ventos e ortogonais às fachadas onde estão as janelas é uma
solução simples para umidificar o ar no interior da casa. Caso o costume local permita o uso de chuveiro
externo, a fachada orientada a favor do vento é um bom lugar para implantação do mesmo.
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MASSA TÉRMICA PARA
AQUECIMENTO
Deve-se empregar a estratégia de massa
térmica para aquecimento da edificação
quando o clima da região possuir temperatura
de bulbo seco (TBS) entre 14°C e 20°C.
A cobertura e as paredes externas e internas
devem ser mais espessas, armazenando o calor
da radiação solar ao longo do dia e devolvendo
esse calor ao ambiente durante a noite,
geralmente quando a temperatura é mais baixa.
Quanto ao projeto do loteamento:
a. Em empreendimentos que tratem do loteamento e dos equipamentos públicos aplica-se a
estratégia de massa térmica para aquecimento através da colocação, na direção dos ventos, de pisos
(exceto pisos de passeio) e monumentos em pedra e outros materiais que absorvam o calor. Estes
materiais ao receberem a radiação solar se aquecerão. O ar frio ao passar por eles receberá – por
convecção – calor, aumentando a temperatura do ar de acesso às aberturas das edificações. Da mesma
forma, quanto maior for a cobertura vegetal tanto melhor será este efeito.
Quanto ao lote e à implantação:
O uso de pisos impermeáveis, tipo cimentado, no entorno da casa irradia o calor proveniente do sol
para a fachada da casa.
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Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. A maior densidade ou espessura das paredes externas permite que a entrada do frio no
ambiente seja retardada e que o calor, produzido pelas fontes internas passivas ou ativas
(aquecedores), demore a sair. A utilização do tijolo deitado é a sugestão mais simples para construir
paredes mais espessas. Paredes duplas também podem ser construídas para manter o ambiente
aquecido durante a noite.
b. As vedações translúcidas devem ser orientadas sempre em função do período de insolação para
que recebam a carga térmica solar e aqueçam o ambiente com maior rapidez. Entretanto, devem prever
uma maior espessura de proteção, postigos externos ou vidros duplos para que no período da noite
possa reter o calor gerado.
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c. Em geral, quanto mais baixo for o teto, mais aquecido ficará o ambiente.
AQUECIMENTO SOLAR PASSIVO
O aquecimento solar passivo é indicado
quando as temperaturas externas de bulbo seco
(TBS) permanecem entre 10,5°C e 14°C. Ele
aproveita-se do fato de que, quando a radiação
solar incide sobre as superfícies, sua absorção
gera uma radiação térmica que se irradia de volta
ao ambiente. Como o vidro é praticamente
transparente à radiação solar, mas opaco à
radiação térmica, o resultado é o aquecimento
do ambiente interno da casa. A grande estratégia,
portanto, é o uso de panos de vidro nos
ambientes na direção da trajetória solar.
Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. O ganho direto de calor através do sol pode ser obtido com aberturas zenitais, como clarabóias e
domos. Solução particularmente interessante para banheiros e outras áreas frias da edificação,
cuidando apenas para a questão do ofuscamento sobre superfícies de leitura e trabalho. Deve-se
atentar para a necessidade de se ventilar ou proteger as aberturas zenitais através de forro ventilado,
por exemplo, em caso de climas mistos.
Outra maneira de se obter aquecimento a partir do sol é pintando as paredes externas da casa de cor
escura, que absorve a radiação solar e irradia o calor para o ambiente interior.
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b. Também podem ser usados estufas e solários. Em períodos quentes do ano, abrir as janelas
externas da estufa evitará que o calor irradie para dentro da casa.
Inverno e verão
c. Deve-se ser prudente quanto ao uso de vidros duplos para estancar a perda por condução entre as
faces dos vidros. Uma solução de menor custo e menor eficiência é o uso de laminados translúcidos,
como segundo vidro, ou formatos menores de vidros.
CALEFAÇÃO
Em temperaturas inferiores a 10,5°C será
necessário o uso de aquecimento artificial para
atingir o conforto térmico. Porém, recomenda-
se sempre a associação de aquecimento solar
passivo e aquecimento artificial, com o
objetivo de minimizar o consumo de energia
na edificação.
As recomendações de vedação e
estanqueidade se assemelham às do ar-
condicionado, apenas lembrando que a
ventilação higiênica para renovação do ar
precisa ser mantida.
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Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. Evitar frestas e vãos abertos para diminuir a ventilação e dificultar a perda do ar aquecido.
b. Utilizar isolamento térmico na constituição das paredes externas nos ambientes com
aquecimento.
Quanto ao interior da casa – a divisão dos cômodos e seu revestimento:
a. A calefação pode ser feita com lareiras e fogões à lenha, que mantêm o calor no ambiente mesmo
após o fogo ser apagado, pois os materiais das suas paredes são de alta inércia térmica, como a pedra
ou o tijolo refratário.
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b. Como em geral os equipamentos para calefação requerem chaminés para exaustão do ar
queimado, uma boa idéia pode ser sua utilização atravessando cômodos do andar superior, que, por
radiação, serão aquecidos naturalmente.
c. Em geral, os aquecedores podem ser elétricos, a gás, a lenha, a carvão e a óleo combustível. Os
aquecedores elétricos são os mais utilizados e podem ser de vários tipos: radiação incandescente, painel
radiador, convector elétrico, ar-condicionado de ciclo reversível e aquecedor central. O calor gerado pelos
aquecedores elétricos é emitido para o ambiente através da convecção e da irradiação. A maioria dos
aquecedores elétricos possui alta temperatura superficial.
Cada um desses equipamentos requer instalação diferenciada. A tomada, por exemplo, para sua
instalação deve estar localizada de forma que o radiador instalado abranja todo o local sem anteparos.
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ILUMINAÇÃO NATURAL
As estratégias para promover a iluminação
natural nas edificações são recomendadas para
todos os tipos de microclima, pois além de
promoverem conforto lumínico e salubridade,
são bastante eficazes na busca pela eficiência
energética das edificações. A grande indicação
de projeto refere-se ao fato de que, a não ser
que se queira o efeito térmico da radiação solar,
o que se deseja é apenas a luz do céu, o que
fará que a trajetória solar seja considerada
quando da determinação dos panos de
abertura. Cuidado maior deve ser tomado em
locais de clima quente para evitar o ganho
térmico através da radiação solar direta.
Quanto ao projeto do loteamento:
a. Em empreendimentos que tratem do loteamento e dos equipamentos públicos, a oferta de
iluminamento é diretamente proporcional à largura das ruas, pela visão do céu que virão a oferecer às
fachadas. Em ruas estreitas vê-se pouco o céu e, conseqüentemente, há pouca luz incidente nas edificações.
Quanto ao lote e à implantação:
a. Da mesma forma, o gabarito e o afastamento lateral das divisas devem considerar o fator de visão
do céu para facilitar a iluminação natural lateral.
Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. Usar prateleiras de luz ou beirais luminosos para refletir a luz para o interior do cômodo.
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b. Usar elemento externo móvel, como venezianas e persianas, para controlar e dosar a luz natural e
a insolação direta no interior da casa.
c. Em função da latitude, do efeito térmico pretendido e do nível de iluminamento natural do local
onde será construída a moradia, deve-se aproveitar a luz natural em ambientes de uso permanente,
desde que a abertura esteja protegida da radiação solar direta entre 10 horas da manhã e 16 horas,
evitando, assim, a formação de fungos e ácaros.
d. Colocar sempre aberturas para iluminação natural nas cozinhas e banheiros, preferencialmente
sobre pias e áreas de preparo de alimentos.
e. A altura da janela deve ser proporcional à profundidade do cômodo. Embora varie em função da
luminosidade de cada localidade, em geral a altura mínima de verga deve ser cerca de 40% da
profundidade do cômodo. Por exemplo, um cômodo com cinco metros de profundidade deve ter sua
janela a pelo menos dois metros de altura. Corrigir profundidades superiores ao alcance da luz natural
colocando novas janelas. Esta estratégia resulta em redução do uso da iluminação artificial em boa
parte do dia, contribuindo para a economia de energia na edificação.
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f. Em locais de clima frio ou misto, uma boa opção para iluminação natural dos banheiros é a
iluminação zenital com proteção e ventilação, usando telhas de vidro sobre forro translúcido ventilado.
Além de reduzir o uso da iluminação artificial, este recurso melhora o conforto térmico na hora do
banho, conforme explicitado no item sobre aquecimento solar passivo.
Quanto ao interior da casa – a divisão dos cômodos e seu revestimento:
a. Procurar colocar o máximo de aberturas entre cômodos, sem problema de privacidade, para
aumentar o alcance da luz natural. Podem ser também divisórias translúcidas, como blocos de vidro, ou
mesmo vãos junto ao teto.
b. Procurar trabalhar o teto em cor clara ou reflexiva para aumentar o alcance da luz natural e o
rendimento do sistema de iluminação artificial.
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c. Deixar pontos de luz em número suficiente e com acionamentos independentes uns dos outros,
para que só se acenda a lâmpada necessária para cada atividade. Iluminação pontual complementar à
luz do teto pode ser ligada diretamente na tomada.
d. As lâmpadas devem estar no máximo a 2,60m do piso (um pouco acima da altura da porta) e se
possível com luminárias eficientes, que aproveitem ao máximo a distribuição do fluxo luminoso no
ambiente.
SOMBREAMENTO
O sombreamento, estratégia não
determinada por Givoni no diagrama
bioclimático, pode e deve ser aplicado – em
graus diversos de eficiência – em toda a área
do diagrama onde a temperatura do ar local
(medida meteorologicamente sempre à
sombra) ultrapassa o limite mínimo de
temperatura de conforto, em torno de 20°C.
É um procedimento que visa evitar o
sobreaquecimento das superfícies expostas à
insolação direta.
Quando as edificações são erguidas em
locais quentes e com forte insolação, uma
boa estratégia para prover conforto térmico
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é o sombreamento das fachadas, coberturas
e esquadrias. Este recurso deve estar
modulado pela iluminação natural do
ambiente, ou seja, sem prejudicar a entrada
de luz difusa, porém evitando, de modo
geral, a insolação direta no interior da casa.
Em climas quente-úmidos, o sombreamento
deve ser projetado de forma a permitir
alguma entrada de radiação direta,
normalmente antes das 10 horas da manhã
ou após as 16 horas, para reduzir os efeitos
da umidade sobre os ambientes.
Quanto ao lote e à implantação:
a. Para combater a insolação intensa no piso do entorno da casa, promover o plantio nas vias de
circulação de árvores ou arbustos perenes e de poucas raízes. Em função da necessidade ou não de uso da
ventilação, usar espécies locais de porte baixo, como eugênias (pitangueiras, jabuticabeiras, cerejeiras), cássias
e quaresmas, que diminuem a intensidade do vento. Caso seja necessário conciliar com a ventilação, priorizar
espécies com copa alta e tronco sem galhos até 2,5 metros quando adultas ou aquelas passíveis de podas.
Este plantio deve obedecer à geometria solar, de forma a garantir que as sombras projetadas
incidam sobre as aberturas e demais fachadas que se deseje proteger.
b. Para reduzir o albedo (reflexão da radiação no solo em direção à casa), promover a cobertura vegetal via
colocação de grama e arbustos onde não houver trânsito e na direção das aberturas, com opção de grandes
vasos de plantas. Evitar ao máximo as superfícies impermeáveis, que devem ter acabamento claro para evitar
o acúmulo de calor. Assim evita-se que durante a noite o piso irradie o calor guardado e aqueça o ambiente
ao redor da casa. Preferencialmente, revestir com grama ou, onde houver pisoteio constante e tráfego de
veículos, com pavimentação de blocos de concreto vazados plantados com grama dentro.
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c. Para barrar a radiação solar direta nas janelas, utilizar pérgulas com trepadeiras (exemplos no
sudeste: alamanda, thumbergia, maracujá, eugênia, passiflora) ou mesmo vasos pendentes.
d. Para combater a insolação à tarde, plantar arbustos em frente às fachadas voltadas na direção
Norte, Noroeste e Oeste, preferencialmente no caso de quarto. Se necessário, plantar árvores de copa
densa. Localizar as janelas preferencialmente nas fachadas Leste (sol de manhã) ou Sul, principalmente
para os quartos. Estudar a relação entre a insolação e a direção dos ventos e privilegiar este último a até
45° com a fachada.
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e. Prever anexos que protejam a casa da insolação intensa, sem dificultar o aproveitamento dos
ventos.
Quanto aos elementos da casa – fachadas, cobertura e janelas:
a. Quando há insolação intensa no verão, usar beirais generosos e varandas nas orientações Norte
ou Norte e Sul nas latitudes próximas ao Equador.
b. Nos climas quentes e úmidos as caixas d’água superiores devem ser cobertas por telhados ventilados.
Para o uso racional da água, usar caixas de descarga eficientes nos vasos sanitários, reduzindo o consumo
de água e, conseqüentemente, de energia elétrica para o enchimento da caixa d’água.
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c. Proteger a insolação lateral nas fachadas com árvores de tronco alto, para não reduzir o acesso à
ventilação.
d. Sempre proteger as janelas da insolação direta, exceto para banheiros, áreas de serviço e quartos
até as 9 horas da manhã.
e. Quando há insolação intensa na cobertura durante todo o dia, ou seja, quando não há sombra
projetada por arborização, topografia ou outra edificação mais alta, verificar a possibilidade de criação
de telhado de várias águas, reduzindo a metragem da água virada para Norte.
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f. Quando não for possível a construção de um telhado de diversas águas, preferir telhados de uma
água voltada a Sul. Voltada a Norte deve-se construir somente a área de cobertura necessária à
colocação de coletores solares. Nestes casos, observar a inclinação de telhado adequada, que irá variar
de acordo com a latitude local. Para detalhes, consultar o capítulo seguinte.
g. Optar preferencialmente pelos seguintes materiais de cobertura: telhas não pintadas ou
envernizadas de barro, capa e calha desconectadas, demais telhas de barro diversas, telhas de fibras
vegetais onduladas pintadas de branco acrílico, neve brilhante ou em outra cor clara. Preferir sempre
revestimentos claros.
h. As lajes descobertas ou com revestimento asfáltico precisam ser cobertas com telhado e é preciso
criar um vão, de maneira a garantir a ventilação entre o telhado e a laje, dissipando o calor e fazendo
com que ele não passe para o interior da habitação.
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i. Caso não seja possível instalar um telhado sobre a laje, esta deve ser protegida com isolamento
térmico, ou outro material que diminua a carga térmica da insolação, como o revestimento cerâmico
claro ou treliça com vegetação.
j. Colocar uma superfície de alumínio, como, por exemplo, papel alumínio colado sobre compensado ou
isopor, sobre a face interna inferior do forro. O forro de alumínio não pode ser hermeticamente vedado. A
pouca capacidade térmica do alumínio é usada para reduzir a radiação vinda do telhado, deixando, no
entanto, que o calor se esgueire aos poucos entre as placas e saia pelo ático.
l. Utilizar hera tipo unha de gato (fícus pumila) sobre parede reestucada com traço forte (atenção às fissuras)
sem cal. Podem ser usadas trepadeiras sobre alambrados, cercas de madeira ou tela plástica aberta.
m. Revestir as paredes externas com pintura ou revestimento cerâmico em cor muito clara.
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n. Sombrear as paredes externas com beiral ou toldo ventilado.
Quanto ao interior da casa – a divisão dos cômodos e seu revestimento:
a. Dispor os cômodos pouco ocupados à tarde e à noite – cozinha, banheiro e área de serviço –
para as fachadas Norte, Noroeste ou Oeste. Já os quartos devem ser dispostos voltados para fachadas
Leste, Sul ou Sudeste. Verificar a proximidade de fontes de ruído consideradas incômodas pelos
moradores.
b. Em climas quentes, o piso dos quartos onde incidir a radiação solar não deve ser em cor escura ou
em pedra.
Uso da energia solar –coletores solarestérmicos
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Devido à procura do homem pela maior
utilização de fontes de energia renováveis e
economicamente viáveis, a busca pelo uso de
coletores solares para aquecimento de água
tem crescido no Brasil e em todo o mundo.
A aplicação desta tecnologia simples, de
médio custo e de fácil manutenção se faz
associada a decisões de arquitetura no tocante a
posicionamento de telhados, dimensionamento
de ático e mesmo especificação de torneiras.
São necessários cálculos simples de
dimensionamento de água quente, um
adequado posicionamento dos coletores e
reservatórios, a escolha de equipamentos que
tenham selo de qualidade, para garantia de
qualidade e longevidade do sistema e, sobretudo,
uma solução de arquitetura que preveja esta
situação para os projetos em andamento e para
as construções já executadas.
Neste documento procuramos trazer
orientações simples, rápidas e objetivas, que
permitam auxiliar nas decisões do projeto de
cobertura que possam contemplar esta
instalação.
Os coletores devem ser colocados em sua
posição ideal, para aproveitar plenamente a
trajetória do Sol, ou seja, a Norte1 em nosso
hemisfério ou a Sul no hemisfério Norte (que
ainda contempla pequena parte do território
brasileiro), com inclinações ideais variando em
função da latitude, como apresentado a seguir.
O DIMENSIONAMENTO
Para o projeto, segue-se uma série simples
de quatro passos de concepção, associados a
informações de fontes fidedignas (INMETRO,
ABNT, INMet) para os cálculos necessários:
- Cálculo do consumo de água quente;
- Cálculo do número de placas de
coletores;
- Cálculo e localização da superfície de
telhado virada a Norte mínima útil;
- Escolha dos equipamentos de consumo,
como torneiras e misturadores.
Estas decisões nos levarão a um projeto de
arquitetura que respeite as necessidades de
funcionamento do sistema, como ilustrado abaixo:
Quantidade de água quente necessária a
cada tipo de projeto:
Para dimensionar o número de coletores e o
volume do boiler a serem utilizados num
determinado projeto, é necessário saber o
número de usuários e o tipo de atividade
envolvendo água quente. Esse cálculo nos dará
a quantidade de água quente necessária por
dia2. A partir daí é só escolher um reservatório
térmico que atenda a estas especificações.
Vários autores nos dão valores médios para
o consumo de água quente3. O importante é1 Norte solar, ou verdadeiro, e não o Norte magnético.
FIGURA 17: DESENHO ESQUEMÁTICOFONTE: WWW.SOLETROL.COM.BR
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verificar se o usuário está “na média” ou se
precisa de um suplemento (desperdício
assumido, doentes em casa, piscinas, locais
muito frios, aparição de hóspedes freqüentes
etc.).
Abaixo selecionamos alguns dos consumos
médios, retirados da Norma NB–128 da ABNT e
do Manual de Prédios Eficientes em Energia
Elétrica, do IBAM/PROCEL, que se
complementam:
2 A questão da altitude também merece ser considerada: quanto
mais alto, menores são, para um mesmo local, as temperaturas
noturnas, por exemplo, e maior costuma ser o consumo de água
quente.
3 Caberá ao arquiteto, se quiser otimizar financeiramente sua
escolha, verificar a redução possível no volume do reservatório
e no número de placas coletoras quanto mais baixa for a
latitude de seu local, pois, quanto mais próximo ao Equador,
menores serão os requisitos de água quente ao longo dos dias
do ano.
TABELA 7: CONSUMO DIÁRIODE ÁGUA QUENTE POR DIA(FONTE: ABNT – NB 128 – TABELA I)
Alojamento
provisório de obra 24 litros por indivíduo
Casa Popular ou rural 36 litros por indivíduo
Residência 45 litros por indivíduo
Apartamento 60 litros por indivíduo
Quartel 45 litros por indivíduo
TABELA 8: CONSUMO MÉDIO DE ÁGUAAQUECIDA EM AMBIENTES RESIDENCIAIS(FONTE: IBAM/PROCEL – MANUAL DEPRÉDIOS EFICIENTES EM ENERGIAELÉTRICA, RIO, 2003)
Chuveiro 50 litros por banho
Banheira para uma pessoa 100 litros por banho
Banheira para duas pessoas 200 litros por banho
Torneira de água quente 50 litros por dia
Máquina de lavar pratos 150 litros por dia
Máquina de lavar roupa 150 litros por dia
Este cálculo nos permite chegar ao
dimensionamento do reservatório térmico de
água quente, que opcionalmente poderá ser
um boiler ou aquecedor elétrico de
acumulação, caso se entenda que é
interessante ter a opção de também aquecer
a água, alternativamente, com energia
elétrica.
Podemos colocar todo o volume em um
só reservatório térmico — o que é o mais
simples em termos de instalação — ou, em
caso de problemas de peso na estrutura ou
altura do forro, em dois. Esta solução é
bastante recomendável quando
abastecemos também a cozinha com o
mesmo sistema.
A seguir são apresentados valores indicados
pela ABNT e por alguns fabricantes que
receberam o selo PROCEL:
TABELA 9: DIMENSIONAMENTOINDICADO PARA AQUECEDORESELÉTRICOS DE ACUMULAÇÃOFONTE: ABNT – NB 128 – TABELA II
CONSUMO CAPACIDADE DO POTÊNCIA
DIÁRIO A AQUECEDOR (KW)
70°C (LITROS) (LITROS)
60 50 0,75
95 75 0,75
130 100 1,00
200 150 1,25
260 200 1,50
330 250 2,00
430 300 2,50
570 400 3,00
700 500 4,00
850 600 4,50
1150 750 5,50
1500 1000 7,00
1900 1250 8,50
2300 1500 10,00
2900 1750 12,00
3300 2000 14,00
4200 2500 17,00
5000 3000 20,00
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Cálculo do número de placas de
coletores
O funcionamento do sistema de
aquecimento solar depende
fundamentalmente da qualidade das placas
coletoras e do correto dimensionamento de
seu número.
A qualidade deve ser atestada pela
outorga do selo de qualidade ISO 9001 ou
pelo selo PROCEL/INMETRO. Dada à facilidade
de certificação, uma placa não certificada
deve ser considerada suspeita quanto a seu
funcionamento ao longo do tempo. Se a
borracha vedante for de má qualidade, pode
ressecar, e o ar quente aprisionado escapará.
O vidro poderá trincar pela diferença brusca
de temperatura entre períodos de intensa
insolação e chuvas repentinas, tão comuns ao
nosso clima, e que são outros problemas que
podem conduzir à perda de aquecimento da
água.
CAPACIDADE (LITRO) DIÂMETRO (M) COMPRIMENTO (M) POTÊNCIA PRESSÃO
75 litros 0,46m 0,78m 1.500W
100 litros 0,46m 1,00m 1.500W
150 litros 0,46m 1,40m 1.500W
200 litros 0,56m 1,20m 3.000W 4 Kg/cm2
300 litros 0,56m 1,70m 3.000W
400 litros 0,64m 1,70m 5.000W
500 litros 0,64m 1,90m 5.000W
TABELA 10: DIMENSIONAMENTO INDICADO PARA AQUECEDORES SOLARES DE ACUMULAÇÃOFONTE: ACQUASOL - WWW.CLICKRJ.ACQUASOL.COM.BR
TABELA 11: DIMENSIONAMENTO INDICADO PARA AQUECEDORES SOLARES DE ACUMULAÇÃOBOILERS DE BAIXA PRESSÃO FONTE: SOLETROL - WWW.SOLETROL.COM.BR
CAPACIDADE DIÂMETRO COMPRIMENTO POTÊNCIA PRESSÃO PESO
(LITROS) (MM) (MM) (WATTS) (M.C.A.) (KG)
200 900 1600 213 / 217
300 900 21003500 2(cobre) 5(inox)
317 / 322
400 900 2440 422 / 429
500 900 2840 528 / 536
TABELA 12: DIMENSIONAMENTO INDICADO PARA AQUECEDORES SOLARES DE ACUMULAÇÃOBOILERS DE ALTA PRESSÃO FONTE: SOLETROL - WWW.SOLETROL.COM.BR
CAPACIDADE DIÂMETRO COMPRIMENTO POTÊNCIA PRESSÃO PESO
(LITROS) (MM) (MM) (WATTS) (M.C.A.) (KG)
500 900 2840 536
600 900 31923500 40
643
800 900 4010 862
1000 900 4950 1075
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Já o projeto da área (ou do número de
placas) depende basicamente de 4
parâmetros4, alguns intimamente ligados à
decisão do arquiteto e do terreno escolhido.
- Inexistência de sombras projetadas sobre
as placas (árvores, construções vizinhas,
caixa d’água superior, casa de elevadores,
etc.), principalmente no inverno;
- Orientação do coletor — a trajetória
virtual do sol de Leste a Oeste permite
que o coletor orientado a Norte
potencialmente receba sol o dia inteiro,
reduzindo a área de coleta ou o número
de placas; valores até 15° NE ou 15° NO
não afetam significativamente a
eficiência do sistema;
- Inclinação do coletor — o ideal é colocá-
lo perpendicular à altura solar média do
inverno ao meio-dia, ou seja, a latitude do
local acrescida de 15° é uma boa
estimativa para aquecimento de água
com foco no período de inverno.
Na realidade, a inclinação ideal do coletor
baseia-se no estudo da diferença de altura
solar entre verão e inverno.
Em cada estação, o melhor aproveitamento
dos coletores se dá quando estes estão
perpendiculares à sua altura ao meio-dia.
4 Alguns outros fatores – como a temperatura da água da rede e
as condições de nebulosidade – também intervêm neste
processo e devem ser levados em conta em situações climáticas
mais severas ou necessidade de cálculos mais precisos.
FIGURA 18: ALTURAS DIFERENTES DO SOL AO MEIO DIA DO SOLSTÍCIO DE VERÃO E OTIMIZAÇÃODOS COLETORES POR ESTAÇÃO
Evidentemente, no inverno, algumas vezes
e em alguns locais, estes valores ótimos
obtidos podem se revelar não adequados
para a cobertura ou telhado idealizado.
Nestes casos, a solução de arquitetura será
incorporar a área necessária na superfície do
FIGURA 19: PROJETO DE TELHADOS PARA INCORPORAÇÃO DE COLETORES OTIMIZADOS PARA INVERNO
telhado da forma mais integrada possível.
Uma segunda opção é conciliar valores
menos eficientes no extremo inverno, porém,
mais integrados aos valores tradicionais de
inclinação de telhas de barro e onduladas,
com um aumento da área coletora.
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Os valores abaixo ilustram inclinações de
coletores para algumas cidades brasileiras,
considerando a orientação Norte e a latitude
do local, segundo alguns fabricantes e
comparadas com o programa RADLITE 2
(CASTRO).
TABELA 13: INCLINAÇÃO DOS COLETORES, SEGUNDO FORNECEDORES E LOCALIDADESFONTES: DIVERSAS
INCLINAÇÃO DOS COLETORES ESPECTROSOL PANTHO COMÉRCIO PROGRAMA RADLITE
LOCALIDADE (LATITUDE) LTDA (LAT + 10°) (+OU-5°)
Belém (1°27’21’’S) 10º 11,5° 1,50°
Manaus (3°06’07’’S) 10° 13,15° 3,10°
Fortaleza (3°43’02’’S) 10º 13,75° 3,75°
Maceió (9°39’57’’S) 10° 19,65° 9,65°
S. Luiz (2°31’47’’S) 10° 12,65° 2,50°
Natal (5°47’42’’S) 10° 15,75° 5,75°
J. Pessoa (7°47’42’’S) 10° 17,10° 7,10°
Recife (8°03’14’’S) 10° 18,10° 8,02°
Goiânia (16°40’43’’S) 20º 26,65° 16,65°
Aracaju (10°54’40’’S) 20º 20,90° 10,90°
Salvador (12°58’16’’S) 20° 22,95° 12,95°
Rio de Janeiro (22°54’10’’S) 30º 32,90° 22,90°
S. Paulo (23°32’51’’S) 30° 33,50° 23,50°
B. Horizonte (19°55’15’’S) 30° 29,90° 19,90°
Vitória (20°19’10’’S) 30° 30,30° 20,30°
Curitiba (25°25’40’’S) 35º 35,40° 25,40°
Florianópolis (27°35’48’’S) 40º 37,55° 27,55°
P. Alegre (30°01’59’’S) 40° 40° 40°
Salientando, mais uma vez:
– Que nas latitudes muito próximas ao
Equador (0°), mesmo que os valores
indiquem uma inclinação muito baixa,
será necessário pensar na questão do
escoamento das águas de chuvas que
são também responsáveis pela contínua
limpeza dos coletores;
– Que, para otimizar a situação de inverno,
será preferível trabalhar com a altura
solar do solstício de inverno e não com a
simples latitude.
Cálculo da superfície de telhado
A superfície útil para colocação dos
coletores é retangular (eliminada a zona do
espigão) e voltada para o Norte.
Uma vez tendo o diâmetro do reservatório e
a área de coleta solar expressa em número de
coletores (com suas respectivas dimensões),
podemos calcular a superfície de telhado que
será aproveitada para sua colocação,
considerando alguns requisitos
termodinâmicos de funcionamento do sistema.
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Olhando o desenho esquemático acima,
que mostra um corte vertical padrão,
verificam-se espaços não-aedificand, resultado
de algumas decisões a critério do arquiteto:
– Como a caixa d’água deve ser limpa, é
preciso prever uma altura para que se
tire a tampa e se limpe o lado interno (H);
– Em seguida, um outro dado (h), é o
resultado da altura da caixa d’água
projetada, mais o espaço para colocação
do joelho que leva até a entrada de água
fria do reservatório (boiler) e que deve ser
mais baixo para que a gravidade faça
naturalmente o abastecimento da água fria
necessária da caixa d’água para o boiler;
– Para o sistema funcionar corretamente
por termo-sifão, é necessário um desnível
vertical (Y) mínimo de 30cm5 entre a
parte de baixo do boiler e a saída de
água quente (parte superior) da placa
coletora, bem como um desnível da
parte de cima do coletor para a entrada
de água quente do boiler.
Obtendo o diâmetro do reservatório
apropriado e o número de placas necessárias,
segundo a área por placa de cada fabricante, é
possível colocar os valores no corte
esquemático da Figura 20 acima e determinar
que região do telhado (X) não pode ser
ocupada com os coletores.
Naturalmente, são possíveis outras
disposições relativas ao sistema reservatório-
caixa d’água-coletor. Por exemplo, alinhadas
no sentido longitudinal, desde que os
desníveis sejam respeitados. Da mesma forma,
para os que podem optar por telhados com
pé-direito alto, o reservatório na posição
vertical é ainda mais eficiente.
Seguindo estes procedimentos, um projeto
de cobertura estará preparado para receber, a
qualquer momento, a instalação de coletores
solares para aquecimento de água.
O não atendimento a esse
dimensionamento, porém, pode gerar
necessidade de mudanças na inclinação do
telhado, apêndices metálicos sobre o mesmo,
FIGURA 20: CORTE ESQUEMÁTICO DE UM TELHADO COM OS PRINCIPAIS ELEMENTOS PARAAQUECIMENTO SOLAR – FUNCIONAMENTO POR TERMO-SIFÃO
5 Alguns fabricantes falam em máximo de 5 metros para baixa
pressão.
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ou ainda espaços insuficientes para a
colocação dos coletores necessários. Além
disso, o eventual excesso de cobertura não
aproveitável orientada para Norte repercutirá
negativamente no conforto térmico de verão,
por favorecer o sobreaquecimento dos
ambientes, na maior parte do território
brasileiro.
Torneiras e misturadores
Uma das maiores causas de falha do projeto
de sistema de aquecimento solar costuma ser
seu principal alvo: o usuário.
Como visto na seção anterior, acertar o
consumo de água quente diário é o primeiro
passo. O segundo é ajudar o usuário — via
projeto de arquitetura — a administrar a vazão
e a temperatura da água.
A vazão representa a quantidade de água
— em l/s — que o usuário usa para seu banho.
Varia de pessoa para pessoa o “jato” de água de
banho desejado, o que é um direito que deve
ser respeitado. Entretanto, quando
aumentamos a vazão de água fria só porque a
água está quente — e é preciso que se diga
que ela pode sair entre 50°C e 70°C — estamos
desnecessariamente consumindo a
quantidade de água quente no boiler.
Em geral, no inverno, os primeiros usuários
recebem a água inicialmente em uma
temperatura mais baixa, porque os canos estão
frios (e às vezes não isolados), o que os impele
a abrir muito a água quente e em seguida
bastante da água fria para “compensar” o
excesso de temperatura da água recebida.
A solução arquitetônica é a especificação do
monocomando ou misturador, e não de duas
torneiras separadas, quente e fria. O
monocomando é um registro de banheiro que
conjuga estas duas funções: vazão e
temperatura de água. Assim, o usuário tomará
banho na vazão desejada, com a temperatura
desejada, sem que o sistema perca
desnecessariamente água quente.
FIGURA 21: ALGUNS EXEMPLOS ENCONTRADOSNO MERCADO DE MISTURADORES/MONOCOMANDOS PARA CHUVEIRO E PIAFONTES: DIVERSOS FABRICANTES
Coletores em lajes planas
O uso do sistema por termo-sifão parte do
princípio físico de que a água aquecida pelo
Sol, por se tornar mais leve, ascende e, contida
pelos tubos, vai naturalmente para o boiler. Por
isso, sua posição deve ser mais elevada que a
do coletor. A alimentação de água fria do
boiler também se dá naturalmente, por
gravidade. É necessário então que a base da
caixa d’água esteja acima da entrada de água
fria do boiler, e que a alimentação para a
distribuição se dê por gravidade, a partir da
saída de água quente, motivo de sua
instalação acima do forro.
No entanto, algumas vezes, em prédios
multifamiliares, é necessário colocar estes
coletores sobre lajes. O cálculo é um pouco
menos simples que o apresentado, porque
envolve por vezes alguns outros
equipamentos complementares, mas a sua
estimativa de área disponível é similar.
No contexto destas recomendações, o
importante é saber que os coletores ficarão
alinhados, faceando a direção Norte, com a
inclinação necessária para o local.
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O procedimento para o cálculo da
área necessária não muda. Uma vez
encontrado, determina, em função do
coletor escolhido, o número de placas a
utilizar.
FIGURA 22: CROQUIS DE ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS DE COLETORES COLOCADOS SOBRE LAJE PLANA
A questão das sombras projetadas
permanece, acrescida apenas daquelas
projetadas de uma fileira de coletores sobre a
que a segue atrás. Um estudo sobre as cartas
solares permite calcular seu espaçamento.
Apoio elétrico ou a gás
O sistema de aquecimento solar é contínuo
durante o dia, até nos nublados. Entretanto,
mesmo quando bem projetado, pode não ser
suficiente para atender sozinho a esta
demanda não projetada, em função de uma
série de dias nublados sucessivos, de um
aumento imprevisto no consumo, por conta de
visitas, doenças etc.
Neste caso, projeta-se o que se chama de
“sistema auxiliar ou de apoio”. Pode ser elétrico
— uma resistência que já vem colocada dentro
do reservatório, acionada manualmente ou
automaticamente via termostato — ou a gás,
através de um aquecedor de passagem. Esse
sistema — que funciona quando o sistema
não consegue atender sozinho a sua demanda
— garante a qualidade do serviço de
fornecimento de água quente e, mesmo
quando acionado, consumirá menos que o
padrão, uma vez que estará trabalhando sobre
uma água pré-aquecida pelos raios do sol.
O cálculo preciso da quantidade de
coletores em cada local depende, além das
etapas descritas aqui, do conhecimento de
dados como a temperatura de água da rede, a
quantidade de dias nublados seqüenciais e a
garantia das especificações técnicas contidas
no folheto do fabricante (propriedades óticas
dos vidros, resistência das borrachas de
vedação etc).
Com estes dados podemos utilizar
programas computacionais (por exemplo, F-
chart, Sunchart) para fazer os cálculos com
precisão. Eles certamente garantem a melhor
relação custo-benefício.
Se for, porém, necessário um cálculo rápido,
preliminar para um estudo, considerando a
otimização dos parâmetros anteriores (latitude,
inclinação, sem sombras próximas e tubulação
de saída isolada) é possível utilizar o seguinte
método para o cálculo da área de coletores:
Quantidade de placa (m2) = 1m2 de placa
inicial para iniciar o sistema + 1 m2 para cada
100 litros de água quente, ou fração.
Ex: Para 250 litros de água quente, previstos
para o boiler, usar: 1+3 = 4 m2 de placa de
coletor.
Este cálculo preliminar de forma alguma
deve substituir um cálculo mais acurado, na
fase de concepção do projeto.
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http://www.astrosol.com.br/sites/astrosol/
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http://www.astrosol.com.br/sites/astrosol/
produto_aquecedor_solar_convencional.asp
http://www.soletrol.com.br/Orcamentos/
especifique_on-line/
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COMITE D’ACTION POUR LE SOLAIRE. E-mail
SUNNIE.WATT@utopia.fnet.fr
CONSULTA DE LATITUDE. http://
www.aondefica.com/lat_3_.asp
PROCEL. PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO
DE ENERGIA ELÉTRICA. Http://
www.eletrobras.com/procel
GLOSSÁRIO
Barlavento – lado de onde vem o vento ou lado
exposto ao vento.
Calor – calor é a energia transferida entre corpos de
diferentes temperaturas e ocorre até que os dois
atinjam uma mesma e nova temperatura, situada
entre as anteriores. É medido em unidade de
energia, que no sistema internacional é
representada pelo Joule (J).
Clima – é o conjunto de fenômenos
meteorológicos que caracterizam, durante um
período longo, o estado médio da atmosfera e
sua evolução em determinado lugar.
Cobertura naturada – ou cobertura verde, tipo de
cobertura, feita com brita ou argila expandida e
vegetação resistente à insolação direta e que
conta com um sistema de drenagem de águas
pluviais.
Condensação – é a troca térmica proveniente da
mudança de estado gasoso para líquido. O ar
possui uma certa capacidade de retenção de
água, sob a forma de vapor, que aumenta,
sobretudo à medida que a temperatura aumenta.
Quando o ar é resfriado, esta capacidade se reduz,
podendo chegar a uma temperatura limite
(temperatura de ponto de orvalho).
Condução – consiste na troca de calor entre dois
corpos em contato, ou dois pontos de um
mesmo corpo, que estejam a temperaturas
diferentes. O valor desta troca é chamado de
densidade do fluxo térmico.
Condutividade térmica – propriedade física que
depende da densidade do material e representa
sua capacidade de condizir maior ou menor
quantidade de calor por unidade de tempo. Sua
unidade é W/mK.
Convecção – troca de calor entre dois corpos em
contato, sendo um deles sólido e outro fluido
(líquido ou gás), que estejam a temperaturas
diferentes.
Diagrama psicrométrico – reunião de dados de
temperatura (seca e de bulbo úmido) e umidade
(absoluta e relativa) do ar, sob forma de gráfico
segundo as relações encontradas na natureza.
Domicílio – local de moradia, estruturalmente
separado e independente, constituído por um
ou mais cômodos, limitado por paredes, muros,
cercas etc., coberto por um teto, e que permite
que seus moradores se isolem, arcando com
parte ou todas as suas despesas de alimentação
ou moradia.
Energia – no contexto da dualidade energia-potência,
seria a potência utilizada por um determinado
período de tempo. Sua unidade é o Joule.
Equinócio – época do ano em que a trajetória
aparente solar nos oferece, em toda a Terra, a
mesma duração para o dia e para a noite.
Acontece 2 vezes por ano, nos dias 23 de
setembro e 22 de março.
Evaporação – é a troca térmica proveniente da
mudança de estado líquido para o gasoso de um
corpo, no nosso caso, a água. O fenômeno
inverso chama-se Condensação.
Evapotranspiração – é quando numa superfície
vegetada ocorrem simultaneamente os
processos de evaporação e transpiração. É
controlada pela disponibilidade de energia, pela
demanda atmosférica e pelo suprimento de
água do solo às plantas. A disponibilidade de
energia depende do local e da época do ano.
O local é caracterizado pelas coordenadas
geográficas (latitude e altitude) e pela topografia
da região. A latitude determina o total diário de
radiação solar potencialmente passivo de ser
utilizado no processo evaporativo.
Higrotermia – existe uma relação indissociável
entre o valor da temperatura e da umidade do ar
para o conforto humano, assim, em Conforto
Ambiental usa-se este termo – higrotermia –
para caracterizar a relação destas duas
grandezas físicas, ao invés de simplesmente
Térmica ou Higrometria.
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HIS – mesma coisa que Habitação de Interesse
Social.
Hora legal – é aquela que marca nosso relógio
(quando certo), em cada cidade. Altera-se em
algumas épocas do ano – horário de verão –
quando, pelo fato da trajetória solar ser mais
extensa, e o dia começar mais cedo e
terminar mais tarde (ver diagramas solares),
opta-se por retroceder em uma hora os
relógios.
Hora solar – a hora que é marcada nos gráficos
solares, no entanto corresponde à realidade, ou
seja, o meio-dia solar acontece quando o Sol
passa pelo meridiano local, dividindo o dia em
duas metades idênticas. As demais horas se
somam ou se subtraem como as legais. Há
alguns outros fatores que a diferenciam da hora
legal, ligados, sobretudo ao fato de que a Terra
não é, como a abstraímos, esférica, nem roda
precisamente sobre seu eixo. De uma forma
geral, a zero hora de cada dia é marcada sobre o
meridiano de Greenwich, que por convenção
possui a longitude 0°. A partir daí, a cada 15° de
longitude, contabiliza-se uma hora a mais ou a
menos, segundo se esteja a leste ou a oeste dele.
No Brasil, nosso meridiano de referência é o que
passa por Brasília. Assim, para um cálculo preciso,
a diferença em graus de longitude em relação a
ela14 dará, na proporção de 4 minutos para cada
grau de distância, a hora solar da localidade.
Índice de resistência térmica de vestimentas –
NBR 15 220-1 – resistência térmica da
vestimenta à troca de calor sensível por
condução, convecção e radiação entre a pele e a
superfície externa da roupa. Símbolo: Ir; Unidade:
clo (1clo= 0,1555 (m².K/W)
Metabolismo – é a produção de calor interna ao
corpo humano, permitindo a este manter sua
temperatura interna em torno de 36,7°C. Ao
metabolismo de base de um corpo em descanso
se soma um valor metabólico necessário à
execução de uma determinada atividade.
Microclima – clima específico de uma área
geográfica muito reduzida, que se diferencia, por
circunstância de relevo ou urbanização, do clima
da região que a cerca.
Potência – no contexto térmico seria a
capacidade máxima de produzir/consumir
energia de um corpo, seja uma lâmpada ou
uma hidroelétrica. É medida em Watt. Outras
expressões também traduzem potência como:
J/s, kcal/h, Btu/h ou HP.
Radiação – troca de calor entre dois corpos sem
contato entre si, que estejam a temperaturas
diferentes. A troca é feita através de suas
capacidades de emitir e absorver energia térmica.
Esta troca variará segundo os aspectos
geométricos e físicos das superfícies envolvidas.
Os principais coeficientes envolvidos serão os
coeficientes de absorção (?) e de emissividade (?).
Solstício – época do ano em que a trajetória
aparente do Sol faz o seu percurso mais
extremo. Existem dois solstícios: o de verão,
onde ocorre o dia mais longo do ano, e o de
inverno, que nos oferece o dia mais curto do
ano. No hemisfério Sul, o solstício de verão
acontece no dia 22 de dezembro às 12:00h
(hora solar), momento em que no Hemisfério
Norte estará, por oposição, acontecendo o
solstício de inverno.
Sotavento – lado contrário ao de onde vem o vento
ou lado protegido do vento.
Neutralidade térmica – segundo a NBR 12 220-1, é
o estado físico no qual a densidade do fluxo de
calor entre o corpo humano e o ambiente é igual
à taxa metabólica do corpo, sendo mantida
constante a temperatura do corpo. Sem símbolo
ou unidade registrados.
Temperatura – é a grandeza física que permite
medir quanto um corpo está frio ou quente, em
relação a determinados padrões fixos na
natureza. O padrão mais conhecido é o da escala
Celsius (ou centígrado) (°C), que divide dois
destes pontos, o da fusão do gelo e o da
evaporação da água em 100 partes, chamadas
graus. Esta mesma parte, mas aplicada a um
outro valor, do teórico zero absoluto, forma a
escala Kelvin (K).
Temperatura de bulbo seco – temperatura do ar
medida por um termômetro com dispositivo de
proteção contra a influência da radiação térmica.
Símbolo : TBS
; Unidade °C.
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Temperatura de bulbo úmido – Temperatura de
evaporação da água medida por um termômetro
com bulbo envolto por uma mecha mantida
úmida com água destilada e ventilado por um
ventilador ou pelo movimento giratório de um
psicrômetro. Símbolo: TBU
. Unidade °C.
Temperatura resultante – temperatura resultante
das principais influências térmicas em
determinado ambiente, simplificadamente é a
média aritmética da temperatura do ar e das
paredes circunvizinhas.
Umidade do ar – umidade atmosférica é o
resultado da evaporação contínua das águas, do
solo úmido e da transpiração dos animais e
vegetais.
Umidade absoluta (ou específica) do ar –
quantidade de água retida no ar. É expressa em
gramas de água por cada Kg de ar seco ou em
gramas de água por m3 de ar seco.
Umidade relativa – é a relação entre a quantidade
de água contida no ar na temperatura ambiente
e aquela máxima que ele poderia conter à
mesma temperatura. Assim, um ar a 0% é
certamente um ar seco, e ele saturará a 100%.
Anexos
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O PAPEL DA VENTILAÇÃO NATURAL NAS
EDIFICAÇÕES – METODOLOGIA DE
OBTENÇÃO DA PROPOSTA DE
ZONEAMENTO EÓLICO PARA FINS DE
LEVANTAMENTO DO POTENCIAL DE USO
EM HIS
Atualmente, as questões ambientais, sociais
e econômicas têm levado os profissionais de
arquitetura e engenharia a uma nova postura
quando da realização de um projeto
arquitetônico. A questão da sustentabilidade,
que tem um enfoque holístico, apresenta
desafios de aplicabilidade para o setor da
construção civil.
As questões energética e ambiental
constituem-se agora pontos a serem
analisados ao longo do processo de projeto: a
economia da energia, a eficiência energética, o
uso de fontes alternativas de energia, o
conforto ambiental e a salubridade dos
usuários, o uso da água, como também os
impactos nocivos da edificação ao entorno
ambiental. Este novo enfoque deve ser dado
desde a concepção arquitetônica.
Neste contexto, uma edificação é
considerada eficiente em termos energéticos
quando vem possibilitar o seu uso com um
menor dispêndio de energia elétrica para fins
de aquecimento de água, climatização e
iluminação interior.
Para edificações de interesse social, deve ser
dada uma ênfase ao uso de meios e recursos
naturais. Assim, materiais, arquitetura,
dispositivos arquitetônicos e processos
construtivos devem estar em consonância
com as premissas de uma qualidade ambiental
— conforto e salubridade — e com uma
menor demanda de eletricidade.
A ventilação natural é um destes recursos
que podem ser utilizados nas edificações, de
modo a proporcionar conforto higrotérmico e
salubridade aos ambientes. Na maioria dos
casos, a ventilação mínima necessária para a
qualidade do ar interior (ventilação higiênica) é
facilmente conseguida através de infiltrações
pelas frestas de portas e janelas. Porém, o
mesmo não ocorre quando se deseja um bom
controle térmico numa situação de verão.
Neste caso, maiores índices de renovação de ar
serão necessários, ou seja, é essencial uma
maior velocidade do ar no interior da
edificação.
O vento, ao incidir e contornar a edificação,
provoca o arrefecimento de sua superfície
envoltória. Decorrente deste escoamento de ar
criam-se diferenciais de pressão, entre pontos
tomados nas superfícies a barlavento (+) e a
sotavento (-). Estes diferenciais de pressão
podem ser aproveitados para ventilação
natural no interior da edificação, se forem
realizadas aberturas nestas superfícies. Assim,
os ganhos térmicos interiores devido a
iluminação artificial, fontes internas de calor,
equipamentos elétricos e pessoas podem ser
extraídos pela ventilação natural criada pelo
diferencial de pressão nas fachadas.
Outro recurso de ventilação natural que
pode ser usado nas edificações é dado pelo
efeito do diferencial térmico entre a massa de
ar interior (quente) e aquela exterior (fria). Este
efeito, denominado de termo-sifão, pode ser
aproveitado nas edificações se as janelas
forem colocadas em alturas distintas,
favorecendo o aparecimento de fluxos de ar
convectivos ascendentes, conduzindo a
energia térmica para o exterior. O uso de um
pé-direito alto e janelas situadas em alturas
mais distantes o possível irá favorecer este
mecanismo de trocas de calor nas edificações.
Também deve ser lembrado que a
ventilação tem um papel importante no
arrefecimento exterior de uma edificação,
contribuindo para que as trocas térmicas por
convecção dos telhados e paredes com o ar
do ambiente exterior sejam intensificadas,
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reduzindo a carga térmica transferida para o
interior da edificação através das paredes. Daí a
importância do estudo de orientação,
materiais, acabamento superficial das fachadas
e a volumetria da edificação face às condições
locais de insolação e ventos dominantes.
Convém ser observado que o conforto
higrotérmico humano é resultante da
conjugação de parâmetros físicos
(temperaturas de bulbo seco e úmido do ar,
temperatura radiante, umidade e velocidade
do ar); fisiológicos (idade, sexo, características
individuais, aclimatação) e externos
(vestimenta, carga metabólica da atividade).
Há normas específicas estabelecendo padrões
de conforto: ISO 7730 e NR 17 (Portaria N°3214).
A partir do conhecimento dos valores
assumidos pelas variáveis físico-ambientais e
da velocidade do ar no interior da edificação,
pode-se analisar, com o uso das normas, se
aquele ambiente irá proporcionar aos
ocupantes um nível adequado de conforto
higrotérmico.
OS DADOS EÓLICOS DISPONÍVEIS
A distribuição geral dos ventos sobre o
Brasil é controlada pelas grandes escalas
atmosféricas (sinóptica e geral planetária).
Este perfil geral apresenta variações
significativas na mesoescala (nível regional) e
na microescala (nível local) devido à
diversidade das características do terreno, tais
como a geometria e altitude, presença de
obstáculos, cobertura vegetal e existência de
grandes extensões de massas de água. Estes
fatores atuantes nas escalas menores podem
resultar em regimes locais de vento bastante
diferenciados. No intervalo de horas ou dias,
os ventos podem apresentar muita
variabilidade, porém, mantendo um regime
diurno predominante que é regido pelas
influências locais e regionais. Os regimes
anual e sazonal são controlados de forma
predominante pelas grandes escalas
atmosféricas.
O aproveitamento da energia dos ventos
para a geração de eletricidade se dá numa
faixa de velocidades de 2,5 à 15m/s e os
rotores eólicos são dispostos em alturas acima
de 50m do solo.
No presente trabalho foram utilizados
vários dados e informações básicas,
constantes dos Atlas Eólicos, recentemente
publicados em 2001 e 2005 no Brasil, e
especialmente aqueles referentes à
distribuição geográfica dos regimes de vento,
às velocidades médias anuais e direções
preferenciais, assim como as características de
rugosidade dos terrenos.
A distribuição dos regimes de vento é
apresentada através das seguintes sete
mesoescalas regionais:
Bacia Amazônica Ocidental e Central
É a denominada depressão equatorial e está
compreendida entre as latitudes 10° S e 5° N e
longitudes 77° W e 55° W. O clima da região é
do tipo equatorial úmido, com temperaturas
médias em torno dos 25°C e um índice
pluviométrico de 2000mm/ano.
Os gradientes de pressão atmosférica são
pequenos e os ventos alíseos de leste têm
fraca intensidade. A velocidade média anual
dos ventos à uma altura de 50m não chega a
alcançar 3,5 m/s. A rugosidade média do
terreno, Zo = 0,8m. As noites são
caracterizadas por calmarias e ventos
descendentes das montanhas, que são fracos
e ocasionais, nas áreas à leste e sul desta
grande região. Durante o dia, há a ocorrência
de ventos localizados devido ao
aquecimento desigual das superfícies,
induzindo pequenos diferenciais devido à
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vegetação, disponibilidade hídrica do solo e
cobertura vegetal.
Na porção norte desta Bacia, na Serra da
Pacaraima (RO), há a ocorrência de ventos
persistentes de leste a nordeste que podem
atingir velocidades médias anuais de 6 a 9 m/s
a uma altura de 50m do solo, sendo a
rugosidade Zo = 0,2 m.
Bacia Amazônica Oriental
Está situada numa faixa de 100km de
largura, indo da longitude 55° W, cidade de
Santarém (PA), até à região costeira do
Amapá e Maranhão. Na sua porção norte, há
a ocorrência dos ventos alíseos de leste a
nordeste, e na porção sul os ventos são de
leste a sudeste. A média anual de
intensidade dos ventos a uma altura de 50m
não atingem 3,5 m/s. A rugosidade do
terreno é Zo = 0,5m.
Em algumas elevações próximas à costa, as
velocidades médias alcançam de 7,5 à 9m/s
para uma altura de 50m.
Zona Litorânea Norte – Nordeste
Faixa costeira com largura de 100 km que
se estende do norte do Amapá ao Cabo de
São Roque, no Rio Grande do Norte. Os
ventos dominantes são os alíseos de leste e
brisas terrestes-marinhas. Na porção norte
(Amapá e Pará) a intensidade média anual
dos ventos numa altura de 50m vai de 5m/s
à 7,5m/s, para uma rugosidade do terreno
Zo = 0,4m.
Na porção ao sul, compreendendo
Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte,
devido ao menor albedo do solo, as superfícies
se aquecem mais durante o dia, favorecendo
ao mecanismo terral-brisas, gerando os ventos
com médias anuais maiores, de 6m/s à 9m/s a
uma altura de 50m. O que vai corresponder
nas alturas de 6m e 1,5m do solo e uma
rugosidade Zo = 0,2m.
Litoral Nordeste- Sudeste
Compreende a faixa com largura de 100 km
indo do Cabo de São Roque (RN) até ao Estado
do Rio de Janeiro.
Na região do Rio Grande do Norte a
velocidade média anual dos ventos varia de 8
a 9m/s e direção sudeste, para uma altura de
50m e rugosidade Zo = 0,3m.
Mais para sudeste esta faixa de velocidades
é reduzida para 3,5 a 6m/s.
Na região compreendida pelas latitudes 21°
S e 23° S a 50m de altura as velocidades
médias de 3,5 a 4m/s leste-sudeste, para uma
rugosidade Zo = 3m.
Na Serra do Mar a velocidade média anual é
de 6,5m/s, para uma rugosidade Zo=1m. Na
Região dos Lagos a faixa de velocidades
médias anuais a 50m de altura é de 6 a 7m/s,
para uma rugosidade Zo = 0,005m.
Na cidade do Rio de Janeiro a velocidade
média anual está na faixa de 3,5 a 4m/s, para
uma altura de 50m, direção quadrante Sul,
sendo Z0 = 3m.
Elevações Nordeste-Sudeste
São áreas de serras e chapadas que se
estendem para o interior numa faixa até 1000 km
distantes da costa, indo do RN ao RJ (Diamantina,
Espinhaço, etc ) . As velocidades médias anuais dos
ventos nas porções central e sul são de 6,5m/s a
8m/s ; enquanto nas demais são de 5,5 a 7,7m/s
para uma altura de 50m, direção leste e sudeste,
e uma rugosidade de sítio Zo = 0,4m.
Planalto Central
Situa-se da Bacia Amazônica e da margem
esquerda do rio São Francisco até às
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fronteiras com Bolívia e Paraguai. Os ventos se
deslocam de leste-sudeste. Na porção norte,
limite da Bacia Amazônica, atingem
velocidades médias anuais a uma altura de
50m na faixa de 3m/s à 4m/s, enquanto que
mais ao sul (Mato Grosso do Sul) as
velocidades vão de 5m/s a 6m/s, rugosidade
Zo = 0,2m.
Planaltos do Sul
Região compreendida ente a latitude de
24° S (São Paulo), até ao sul do Rio Grande
do Sul.
Os ventos têm a direção nordeste e na
faixa de 5,5m/s a 6,5m/s e em localidades
de maior altitude alcançam de 7m/s a 8m/s,
para o nível de 50m do solo, sendo a
rugosidade Zo = 0,45m.
No litoral sul há a ocorrência do mecanismo
terra-brisas marinhas e a direção dos ventos de
leste-nordeste. As velocidades médias anuais
alcançam valores acima de 7m/s a uma altura
de 50m, para uma rugosidade Zo =0,1m.
EXTRAPOLAÇÃO DOS DADOS EÓLICOS PARA
O NÍVEL DAS EDIFICAÇÕES
Considerando a questão da ventilação nas
edificações, notadamente aquelas para o uso
unifamiliar, as alturas assumidas para avaliação
das intensidades dos ventos deverão ser
menores que 50m, como por exemplo a altura
de uma janela (1,5m) ou uma casa de dois
andares (6m). Para tanto, vão se constituir
como dados de entrada para os cálculos: a
altura de 50m e aquela altura onde se deseja
conhecer a velocidade, além do valor da
velocidade média anual dos ventos na altura
de 50m.
O perfil vertical de velocidade média anual
dos ventos pode ser aproximado pela seguinte
Lei Logarítmica (AMARANTE):
U(Z) = ( Uo/k) ln( Z/Zo)
(1)
onde U(Z) é a velocidade do vento na altura
Z, Zo é a rugosidade do terreno, k é a constante
de Von Kármán e Uo é a velocidade de atrito
(raiz quadrada do quociente da tensão
cisalhante pela massa específica do ar).
Escrevendo esta equação para duas alturas
distintas Z1 e Z2 num mesmo sítio, pode-se
obter a seguinte relação:
U(Z2) / U(Z1) = ln(Z2 / Zo) / ln(Z1/Zo)
(2)
Desta forma, para cada uma das sete
regiões brasileiras definidas em termos eólicos,
podem ser estimadas intensidades médias
anuais de velocidade de vento para alturas
próximas ao solo. Os resultados obtidos estão
apresentados na Tabela 1.
Estes valores se referem às estimativas
realizadas para o potencial de ventilação
disponível numa região determinada. Não são
consideradas as condições do sítio, face à
topografia local, influências da aerodinâmica
interna e externa da edificação, sua orientação
e forma de implantação, além de interferências
do entorno próximo.
É possível, a partir deste potencial de
velocidades externas à edificação e da
permeabilidade ao vento das fachadas, se
estimar um valor para a velocidade média no
interior de uma edificação de 1 andar, com
janelas abertas em paredes opostas e
direcionadas frontalmente ao vento, Givoni
(1978), através da relação:
Vi = 0,45 [ 1 – exp(- 3,48x)] U
(3)
Sendo U a velocidade do vento no exterior
da edificação (m/s); Vi a velocidade média do
vento no interior da edificação (m/s); x = Área
da janela/Área da parede.
Exemplificando, seja uma casa na região da
Bacia Amazônica Oriental e para a qual se
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deseja ventilar, estabelecendo duas janelas em
paredes frontais ao vento (no caso, direção
leste-nordeste) ocupando 60% da superfície.
Neste caso, usando a Tabela 1, retira-se que a
média anual da intensidade do vento a uma
altura de 1,5m é inferior a 0,8m/s. Assumindo o
valor de 0,5 m/s, e aplicando a equação (3),
resulta para a velocidade média no interior do
aposento:
Vi = 0,45 {1 – exp[( -3,48) ( 0,6)] }(0,5) =
0,197m/s
Observa-se que, se for aumentada para
100% a permeabilidade das paredes, a
velocidade do ar interior irá passar para
0,218m/s. Houve um aumento da velocidade,
mas este valor pode ser ainda baixo
considerando que nesta região a umidade é
alta. A condição de conforto higrotérmico
somente será alcançada através da
combinação de estratégias bioclimáticas para
o projeto desta edificação.
RESULTADOS
A reunião destas informações sobre o
território brasileiro, a partir das informações
disponíveis – mencionadas na bibliografia
anexa –, permitiu a elaboração de uma
proposta de zoneamento preliminar do
potencial eólico disponível a 1,5 e 6,0 metros,
utilizado comumente nas morfologias das
habitações de interesse social.
Evidentemente , as questões ligadas ao
entorno ambiental (obstruções, implantação) a
nível local, podem alterar estes valores –
normalmente reduzindo-os –, tornando portanto
esta análise conservadora, mas, no entanto, é um
passo a mais na busca de subsídios para
elaboração de projetos de cunho bioclimático.
Esta metodologia pode ser aplicada a qualquer
escala, desde que seus elementos topográficos
(ambiente natural e construído) e de intensidade e
direção do vento estejam disponibilizados.
REGIÃO PORÇÃO DA REGIÃO V VENTO (M/S) A 1,5M V VENTO (M/S) A 6M
Bacia Amazônica Geral <0,53 <1,7
Ocidental e Central Norte 2,2 - 3,3 3,7 - 5,5
Bacia Amazônica Geral <0,8 <1,9
Oriental Elevações 1,8 - 2,0 4,0 - 5,0
Zona Litorânea - Norte 1,4 - 2,0 4,2 - 6,3
Nordeste Sul 2,6 - 3,9 4,4 - 6,6
Zona Norte 2,5 - 2,9 4,7 - 5,3
Litorânea NE(RJ), S(ES) 3,1 - 4,7 4,2 - 6,0
Nordeste - Rio(RJ) - 1,4
Sudeste Serra do Mar 0,67 3
Elevações Nordeste - Centro e Sul 1,6 - 2,0 3,6 - 4,5
Sudeste Geral 1,5 - 2,0 3,1 - 4,2
Planalto Norte 1,1 - 1,5 1,8 - 2,5
Central Sul 1,8 - 2,2 3,1 - 3,7
Planaltos Geral 1,4 - 1,7 3,0 - 3,6
do Elevações 1,8 - 2,0 3,8 - 4,4
Sul Litoral Sul >3,0 >4,6
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Finalmente, a superposição dos trabalhos
do zoneamento apresentados pela Norma
ANBT 15220-3, quando complementados pelo
MAPA DE ZONEAMENTO BRASILEIRO DO POTENCIAL EÓLICO PARA FINS DE PROJETOS DE HIS
do potencial eólico ao nível de uso das
edificações de /HIS, geram os seguintes 8
mapas:
99Eficiência Energética em Habitações de Interesse Social CA
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ZONA BIOCLIMÁTICA 1 (ABNT) + POTENCIAL EÓLICO PARA HIS
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ZONA BIOCLIMÁTICA 2 (ABNT) + POTENCIAL EÓLICO PARA HIS
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ZONA BIOCLIMÁTICA 3 (ABNT) + POTENCIAL EÓLICO PARA HIS
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ZONA BIOCLIMÁTICA 4 (ABNT) + POTENCIAL EÓLICO PARA HIS
103Eficiência Energética em Habitações de Interesse Social CA
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ZONA BIOCLIMÁTICA 5 (ABNT) + POTENCIAL EÓLICO PARA HIS
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ZONA BIOCLIMÁTICA 6 (ABNT) + POTENCIAL EÓLICO PARA HIS
105Eficiência Energética em Habitações de Interesse Social CA
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ZONA BIOCLIMÁTICA 7 (ABNT) + POTENCIAL EÓLICO PARA HIS
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ZONA BIOCLIMÁTICA 8 (ABNT) + POTENCIAL EÓLICO PARA HIS
107Eficiência Energética em Habitações de Interesse Social CA
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DIAGRAMA BIOCLIMÁTICO DE GIVONI
O diagrama de Givoni pode ser mais bem
explorado no programa Analysis Bio 2.0
(disponível no Laboratório de Informática ou
em download junto ao Labeee da UFSC).
Legenda:
Zona Estratégias mais eficientes
1 Conforto higrotérmico
2 Ventilação
3 Resfriamento evaporativo
4 Massa térmica para resfriamento
5 Ar-condicionado
6 Umidificação
7 Massa térmica e aquecimento solar
8 Aquecimento solar passivo
9 Aquecimento artificial
10 Ventilação + massa térmica para resfriamento
11 Ventilação + massa térmica para resfriamento. + resfriamento evaporativo
12 Massa térmica para resfriamento. + resfriamento evaporativo
Fonte: Givoni in LAMBERTS, DUTRA e PEREIRA
108CA
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TIPOS POSSÍVEIS DE
ABERTURAS DE JANELAS.
VANTAGENS E DESVANTAGENS
Características
Possui uma ou mais folhas
que podem ser
movimentadas em torno de
um eixo horizontal, com
translação simultânea deste
eixo.
É formada por uma ou mais
folhas que se movimentam
mediante rotação em torno
de eixos verticais fixos,
coincidentes com as laterais
das folhas.
Possui eixo de rotação
horizontal centrado ou
excêntrico não coincidente
com as extremidades
superior ou inferior da
janela.
Possui uma ou mais folhas
que podem ser
movimentadas mediante
rotação em torno de um
eixo horizontal fixo, situado
na extremidade inferior da
folha.
Possui uma ou mais folhas
que se movimentam por
deslizamento horizontal no
plano da folha.
Vantagens
• Efeito de sucção dos
ventos inferiores.
• Abrindo em ângulo de até
90º, facilita a limpeza e
ventilação.
• Permite 100% de
aproveitamento do vento
incidente.
• Fácil limpeza da face
externa.
• Boa repartição do fluxo.
Pode vir a aceitar fluxos
superiores e/ou inferiores.
• Ventilação constante em
dias de chuva sem vento.
• Pequena projeção interna e
externa, permitindo uso de
tela ou cortina.
• Boa para cômodos
pequenos, permite
superfícies abertas em
alturas diferentes.
• Não ocupa espaço interno.
• Fácil operação;
• Ventilação regulável
conforme abertura das folhas.
• Permite instalar grades,
persianas ou cortinas.
• Não ocupa espaço interno.
• Direciona o vento em
ambientes pequenos.
Desvantagens
• Se não puder abrir 90º,
diminui o fluxo horizontal.
• Ocupa espaço interno
quando aberta para dentro.
• Não permite regulagem ou
direcionamento do fluxo de ar.
• Não permite tela ou grade,
se abrir para fora, ou cortina,
se abrir para dentro.
• Não libera o vão
totalmente.
• Estanqueidade reduzida
devido ao grande
comprimento de juntas.
• Reduz a área de ventilação,
sobretudo em caso de chuvas.
• Difícil limpeza da face externa.
• Não permite o uso de tela
ou grade na face externa.
• Libera parcialmente o vão.
• Não direciona bem o fluxo
de ar.
• Por direcionar o vento,
deve ser usada em áreas
extensas e com um grande
número de folhas.
• Vão livre para ventilação de
apenas 50%.
• Riscos de infiltração de
água através dos drenos do
trilho inferior, em vedações
mal executadas.
• Dificuldade de limpeza da
face externa.
• Não direciona bem o fluxo
de ar.
Tipos de Abertura
109Eficiência Energética em Habitações de Interesse Social CA
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• Possui as mesmas
vantagens da janela de
correr, caso as folhas tenham
sistemas de contrapeso ou
sejam balanceadas, do
contrário, as folhas devem
ter retentores nas guias do
marco.
• Boa para cômodos
pequenos, permite
superfícies abertas em
alturas diferentes.
• Não ocupa espaço interno.
• As mesmas vantagens das
janelas de abrir e de tombar
(pode ser utilizada destas
duas formas).
• Facilidade de limpeza da
face externa.
• A janela pivotante
horizontal permite
direcionamento do fluxo de
ar para cima ou para baixo.
• Além das desvantagens da
janela de correr, exige
manutenção mais freqüente
para regular a tensão dos
cabos e o nível das folhas.
• Risco de quebra de cabos.
• Difícil limpeza da face
externa.
• Não permite o uso de tela
ou grade na face externa.
• Libera parcialmente o vão.
• Não direciona bem o fluxo
de ar.
• Necessita grande rigidez
no quadro da folha para
evitar deformações.
• Limitação no uso de
grades, persianas ou telas.
• Acessórios de custo
elevado.
• Dificuldade para instalação
de tela, grade, cortina ou
persiana.
• Para grandes vãos
necessita de fechos
perimétricos.
Possui uma ou mais folhas
que se movimentam por
deslizamento vertical no
plano da folha.
Possui uma ou mais folhas
que podem ser
movimentadas mediante
rotação em torno de um
eixo horizontal fixo, situado
na extremidade superior da
folha.
Possui uma ou mais folhas
que podem se movimentar
em torno dos eixos vertical e
horizontal, coincidentes
com a lateral e extremidade
inferior da folha,
respectivamente.
Possui uma ou várias folhas
que podem ser
movimentadas mediante
rotação em torno de um
eixo horizontal ou vertical ,
não coincidente com as
laterais e extremidades da
folha.
Características Vantagens DesvantagensTipos de Abertura
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DIVERSOS FATORES DE
SOMBRA NORMALMENTE
UTILIZADOS EM PROJETOS
TIPO DE OBJETO ARQUITETÔNICO FS FATOR DE SOMBRA
SERVINDO COMO MÁSCARA (OU RADIAÇÃO LUMINOSA OBSTRUÍDA)
Brises verticais (E-O) de cor clara (para lat 30°S) 0.40
Brises verticais (E-O) de cor média (para lat 30°S) 0.50
Brises horizontais (N-S) de cor clara (para lat 30°S) 0.50
Brises horizontais (N-S) de cor média (para lat 30°S) 0.60
Toldo de cor claro 0.60
Toldo de cor escura 0.80
Persiana de enrolar, fechada, deixando de abertura 5%, cor clara 0.80
Persiana de enrolar, fechada, deixando de abertura 5%, cor escura 0.90
Cortina de trama fechada, cor clara 0.70
Cortina de trama fechada, cor escura 0.85
Cortina de tecido de trama aberta, cor clara 0.30
Cortina de tecido de trama aberta, cor escura 0.50
Persiana de cor clara 0.60
Persiana de cor escura 0.80
VALORES DE TRANSMISSÃO
DE CALOR PARA VIDROS
COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSMISSÃO DE CALOR PARA ALGUNS TIPOS DE ENVIDRAÇAMENTO, DADO EM W/M2 ºC
(QUANTO MENOR O COEFICIENTE, MAIOR A CAPACIDADE DE ISOLAMENTO TÉRMICO)
Tipos de vidro Sem dispositivos de sombreamento Com dispositivos de sombreamento
(Vidros planos) Inverno Verão Inverno Verão
Simples, incolor 6,2 5,9 4,7 4,6
Duplos incolores, com
espaço entre vidros de:
5 mm* 3,5 3,7 3,0 3,3
6 mm* 3,3 3,5 2,7 3,1
13 mm** 2,8 3,2 2,4 3,0
* Espessura dos vidros = 3 mm** Espessura dos vidros = 6 mm
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FATORES DE REFLEXÃO (%) DE
DIFERENTES MATERIAIS OPACOS E
CORES (FONTE: CINTRA DO PRADO, L. –
ILUMINAÇÃO NATURAL – SÃO PAULO –
FAU – USP, 1961)
MATERIAIS /CORES (%) DE REFLEXÃO MATERIAIS/ CORES (%) DE REFLEXÃO
Aço inox 55-65 cores médias 30-50
Alumínio polido 60-70 cores muito claras 50-70
Asfalto sem poeira 7 cores muito escuras 0-15
Cal 85-88 esmalte 60-90
Casca de ovo 81 espelhos 80-90
Cerâmica vermelha 30 fazenda de veludo preto 0,2-1
Concreto aparente 55 fazenda escura (lã) 2
Cor amarela 30-70 gesso (branco) 90-95
Cor azul 5-55 grama escura 6
Cor bege 25-65 granilite 17
Cor branca 85-95 granito 40
Cor branca 85-95 livros em estantes 10-20
Cor cinzenta 25-60 madeira clara 13
Cor creme 60-68 madeira escura 7-13
Cor parda 8-50 marfim 71-77
Cor pérola 9999972 mármore branco 45
Cor preta 4-8 nuvens 80
Cor rosa 35-70 papel branco 80-85
Cor verde 12-60 pedregulho 13
Cor vermelha 10-35 terra 1-20
Cores claras 50-70 tijolo 13-48
Cores escuras 15-30 troncos de árvores 3-5
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TABELA DE ILUMINAMENTO MÉDIO EM
PLANO HORIZONTAL
ESTAÇÃO LATITUDE LONGITUDE ALTITUDE(M) MENOR VALOR SEGUNDO MENOR
(ESTADO) ANUAL -EH1 VALOR ANUAL -
(LUX) EH2 (LUX)
Boa Vista (RR) 2°49’N 60°39’W 90 26.100 26.800
Macapá (AP) 0°10’N 51°03’W 9 15.600 16.500
Uaupés (AM) 0°08’S 67°05’W 90 26.700 27.700
Manaus (AM) 3°08’S 60°01’W 60 23.100 24.300
Juazeiro (BA) 9°25’S 40°30’W 371 27.100 28.900
Rio Branco (AC) 9°58’S 67°48’W 136 29.200 32.200
Brasília (DF) 15°47’S 47°56’W 1158 20.100 23.200
Belo Horizonte(MG) 19°56’S 43°56’W 850 163700 19.000
Vitória (ES) 20°19’S 40°20’W 31 13.800 14.600
Alto Itatiaia (RJ) 22°25’S 11°50’W 2.199 18.400 19.700
Petrópolis (RJ) 22°31’S 43°11’W 895 18.100 19.700
Rio de Janeiro (RJ) 22°54’S 43°10’W 31 17.900 20.000
Cabo Frio (RJ) 22°59’S 42°02’W 7 18.400 19.900
São Paulo (SP)* 23°39’S 46°37’W 800 15.400 17.500
Ponta Grossa (PR) 25°06’S 50°10’W 869 7.600 9.300
Caxias do Sul (RS) 29°10’S 51°12’W 787 11.800 14.800
Porto Alegre (RS) 30°01’S 51°13W 47 9.500 11.600
Rio Grande (RS) 32°01’S 52°05’W 2 9.300 10.700
Dados de iluminamento médio em plano horizontal para algumas cidades brasileiras (Fonte: IPT - Recomendações para adequação
climática e acústica, 1986). Dados calculados em função dos valores de radiação média global no plano horizontal, considerando um fatorde eficiência luminosa para radiação igual a 100 lm/ w, distribuição típica de céu encoberto. Valores para 8 e 16horas.
* Os dados de São Paulo estão colocados como referência, pois estes dez últimos anos se caracterizaram na cidade por um forte
aumento da poluição do ar, o que deve modificar – atenuando – bastante os valores fixados.
113Eficiência Energética em Habitações de Interesse Social CA
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DESCRIÇÃO SUMÁRIA - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Geometria solar e cálculo de radiação; sistemas solares ativos
para aquecimento; análise climática, recomendações para
conforto térmico
O software auxilia no processo de adequação de edificações ao
clima local. Utiliza tanto arquivos climáticos anuais e horários
como arquivos resumidos na forma de normais climatológica
Laboratório de Eficiência Energética em Edificações/UFSC O
SOL-AR é um programa gráfico que permite a obtenção da carta
solar da latitude especificada, auxiliando no projeto de
proteções solare através da visualização gráfica dos ângulos de
projeção desejados sobre transferidor de ângulos, que pode ser
plotado para qualquer ângulo de orientação.
Arquitrop - Conforto Ambiental e Economia de Energia -
CONFORTO TÉRMICO E ECONOMIA DE ENERGIA NAS
EDIFICAÇÕES - Sistema integrado de rotinas e bancos de dados
para apoio às atividades de projeto em Arquitetura e
Engenharia Civil
Simulação térmica, dinâmica, monozona – calcula temperaturas
resultantes horárias (do ar e radiantes das paredes) e as cargas
potenciais para aquecimento e resfriamento dos edifícios.
Geometria solar e cálculo de radiação solar, plotagem de
resultados sobre Diagrama Bioclimático de Givoni. Considera o
horário de ocupação para o diagnóstico de conforto.
Comportamento dinâmico das construções, versão monozona e
multizona.
Cálculo de PMV e PPD.
Laboratório de Eficiência Energética em Edificações/UFSC
Software para cálculo da declinação magnética e outros
parâmetros correlatos, aplicável ao território brasileiro. Baseado
no algoritmo ELEMAG, CNPq – Obs. Nacional.
Estima o desempenho de projetos de iluminação natural em
seus primeiros estágios de desenvolvimento
Visualização de sombras e manchas solares em 3-D; cálculo de
radiação solar. Cálculo de cargas horárias de aquecimento e ar-
condicionado e temperaturas internas baseado no método da
admitância.
Análise térmica simplificada que leva em conta a inércia, usando
os conceitos de difusidade e efusividade.
Programa para estimar o calor e a luz provenientes do Sol.
Análise da distribuição da iluminação natural simplificada.
ALGUNS SOFTWARES DE
APOIO À CONCEPÇÃO DE HIS
NOME
Archipak
Analysis Bio
Analysis SOL-AR
ARQUITROP 3.0
Casamo-clim
Codyba
Comfort
Declinação
Magnética 2.0
DIAL
ECOTECT
LESOCOOL
LUZ DO SOL
RAFIS
AUTOR
S.Szocolay
Laboratório de
Eficiência Energética
em Edificações/UFSC
Laboratório de
Eficiência Energética
em Edificações/UFSC
Maurício Roriz -
Universidade Federal
de São Carlos
Centre d’Energétique
da Ecole des Mines de
Paris
CETHILL /Lyon
F.Butera et al
Laboratório de
Eficiência Energética
em Edificações/UFSC
LESO-PB
Square One
LESO - Lausanne
Maurício Roriz
R. Serra et al.
Fonte: LABEE e CORBELLA
Coordenação Geral do Caderno 9 - MCidades
Parcerias: Eficiência Energética em Habitações
de Interesse Social
DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO
INSTITUCIONAL – SE – MCIDADES
DIVISÃO DE PROJETOS SETORIAIS DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – MME
Autores:
Cláudia Barroso-Krause
LabHab/PROARQ/FAU-UFRJ
Louise Land B. Lomardo
LabCECA/TAR/GEU/EAU-UFF
Frederico Souto Maior
Eletrobrás/PROCEL
Equipe Fundação Euclides da Cunha
Cláudia Barroso-Krause
Louise Land B. Lomardo
Leopoldo Bastos
Luciana Beck
Estefânia Neiva de Aguiar
Danielle Barros Benedicto
Carla Rosa de Almeida
Linus Gomarovits Trindade
Ana Paula Venâncio
Lucia Peixoto
Clarissa Peixoto
Equipe Eletrobrás/Procel/Edifica
Frederico Souto Maior
José Luiz Grunewald Miglievich Leduc
Myrthes Marcele Farias dos Santos
Rebeca Obadia Pontes
Viviane Gomes Almeida
João Carlos Rodrigues Aguiar
Alessandra Nogueira Vallim
SILAS RONDEAU
Ministro de Estado
gabinete@mme.gov.br
ALOÍSIO VASCONCELOS
Presidente da Eletrobrás
eletrobr@eletrobras.com
RUY CASTRO
Diretor de Projetos Especiais e Desenvolvimento
Tecnológico e Industrial
dp@eletrobras.com
GEORGE ALVES SOARES
Chefe do Departamento de Desenvolvimento de
Projetos Especiais
dpe@eletrobras.com
FERNANDO PINTO DIAS PERRONE
Chefe da Divisão de Projetos Setoriais de Eficiência
Energética
dpee@eletrobras.com
PROCEL – Programa Nacional de Conservação de
Energia Elétrica
procel@eletrobras.com
www.eletrobras.com/procel
MARCIO FORTES DE ALMEIDA
Ministro de Estado
cidades@cidades.gov.br
REGINA PIRES
Assessoria de Comunicação Social
ascom@cidades.gov.br
RODRIGO JOSÉ PEREIRA-LEITE FIGUEIREDO
Secretário-Executivo
gab.secretariaexecutiva@cidades.gov.br
ELCIONE DINIZ MACEDO
Diretor de Desenvolvimento Institucional
elcione.macedo@cidades.gov.br
PAULO OSCAR SAAD
EGLAÍSA MICHELINE PONTES CUNHA
Gerência de Capacitação
capacitação@cidades.gov.br
FREDERICO RAMOS
Gerência de Informações
snic@cidades.gov.br
INÊS DA SILVA MAGALHÃES
Secretária Nacional de Habitação
snh@cidades.gov.br
JÚNIA SANTA ROSA
Departamento de Desenvolvimento Institucional e
Cooperação Técnica
snh-dict@cidades.gov.br
EMILIA CORREIA LIMA
Departamento de Produção Habitacional
snh-dph@cidades.gov.br
MIRNA QUINDERÉ BELMIRO CHAVES
Departamento de Urbanização e Assentamentos
Precários
snh-duap@cidades.gov.br
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