ensino de física moderna e contemporânea e a revista ciência hoje
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
LINHA DE INVESTIGAÇÃO: EDUCAÇÃO E CIÊNCIA
ENSINO DE FÍSICA
MODERNA E CONTEMPORÂNEA E A REVISTA CIÊNCIA HOJE
Dissertação apresentada como
exigência parcial para obtenção do
título de MESTRE EM EDUCAÇÃO na
área de Educação e Ciência, do curso
de Mestrado em Educação da
Universidade Federal de Santa
Catarina.
Marco Antônio Simas Alvetti
Orientador: Prof. Dr. Demétrio Delizoicov
Florianópolis - SC
março de 1999
2
...caos; imprevisibilidade de
comportamento... o leito não linear
segue para dentro do Universo...
música quântica.
Chico Science
3
Para meus pais, pelas oportunidades
que me proporcionaram .
Para Marta e Yuri, pelo amor, carinho e
paciência.
Para o prof. José Antônio Guimarães
Monteiro (em memória).
4
AGRADECIMENTOS
Ao prof. Dr.Demétrio Delizoicov, orientador e amigo, por ter
compreendido a minha forma “quântica” de produção intelectual, e por
ter partilhado comigo a sua dedicação, competente e honesta, à
educação popular.
Aos professores do curso de pós-graduação, pelos
ensinamentos que oportunizaram.
Às “meninas” do GEPECISC: Adriana, Alcionete, Clara, Jane,
Juliana, Nadir e Vivian, pela amizade, ajuda e vivências compartilhadas.
À profa Célia Soares e aos amigos Guilhermano, Leninha e
Celeste, pelo”empurrão”inicial.
À Sônia Salém e Maria Regina Kawamura, pelo envio do banco
de dados, ainda na versão preliminar, elemento fundamental para a
realização da pesquisa empírica desta dissertação.
À Luisa Massarani pela companhia “virtual” durante os
momentos de elaboração, e pela ajuda no capítulo sobre divulgação
científica.
Aos colegas, funcionários e alunos do Centro Educacional
Setor Oeste, em especial, aos professores Alexandre, Marcos e Paulo
Roberto, às professoras da Biblioteca, e ao diretor e amigo Clóvis.
À família da rua da Amizade: Luís, Iara, David, Lucas e Ariel,
por ter amenizado a solidão da chegada na ilha, e até hoje, fazer-me
pensar na concepção do que é ser amigo.
Aos amigos do “Santinho”: Nando, Renata, Daniel e Janaína,
pela amizade e incursões “aquáticas” inesquecíveis.
À Fundação Educacional do Distrito Federal, em especial, ao
pessoal da comissão de bolsas, por oportunizar a realização deste
5
estudo.
Ao CNPq, pelo auxílio financeiro.
A todos que aqui não estão relacionados, mas que
participaram de uma forma ou outra, na realização deste trabalho.
Não tenho palavras para agradecer a todos vocês!
6
RESUMO
________________________________________________________________
Na perspectiva de uma renovação dos conteúdos programáticos escolares, devido àpouca disponibilidade de material didático que insere a Física Moderna e Contemporânea (FMC)no ensino médio, neste trabalho articula-se uma alternativa: a utilização do material dedivulgação científica, em particular a revista Ciência Hoje (CH), editada desde 1982 pelaSociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se diferencia das outraspublicações nacionais, devido à qualidade da informação veiculada, à confiabilidade da autoriados artigos e ao seu perfil editorial.
Esta pesquisa avalia as possibilidades pedagógicas dos artigos dessa Revista, para asua utilização na formação inicial e continuada de professores de Física, como forma desubsidiar a introdução da FMC no ensino médio. Por meio de um banco de dados, que contémregistros sobre divulgação científica para o ensino de Física, foram levantados os artigos que sãoutilizados na análise, considerando os aspectos da conceituação e da linguagem envolvidas nodiscurso do texto e as suas implicações para o uso pedagógico. Para a devida transposiçãodidática dos artigos, utiliza-se a abordagem temática, contextualizando a análise no espaçoescolar.
A utilização desse material parece ser uma boa alternativa, se tivermos como metaimplantar disciplina(s) específica(s) para abordar a FMC nos cursos de formação de professores,bem como a sua introdução no ensino médio.
7
ABSTRACT
Facing a renovation of school contents subjects, due to few availability of didacticmaterial wich introduces contemporary and modern physics in high school, this work articulatesa alternative: the utilization of science popularization’ press material, particulary the publicationcalled Ciência Hoje, printed since 1982 by Sociedade Brasileira para o Progresso daCiência(SBPC), wich is different from others brazilian publications, due to information quality,reliability of articles’authorship and its editorial profile.
This research evaluates pedagogic possibilities of this magazines articles, for itsutilization in the initial and inservice education of physics teachers in high school.
By a databank that has records about science popularization for physics education,were taken articles wich were used in the analysis. It consideres the aspects of its contents andlanguage used in the text speech and its implications for the pedagogic use.
To fullfil the Didactic Transposition of articles, it’s used Thematic Approach ,contextualizing the analysis in the school.
The use of this material seems to be a good alternative, if it’s aimed the criation ofspecific subjects to approach the contemporary and modern physics in teachers’education as wellas its introduction in high school.
8
SUMÁRIO
Introdução..............................................................................................11
Capítulo I- Por um ensino de física contemporâneo............................16
1.1A questão do ensino da física no ensino médio..........................16
1.2 Física e cidadania....................................................................20
1.3 A renovação dos conteúdos programáticos escolares e
os conceitos unificadores..............................................................23
1.4 Abordagem temática e conceitos unificadores...........................28
Capítulo II-A Física Moderna e Contemporânea no ensino médio........36
2. Uma divisão didática da ciência física........................................37
2.1 A inserção da Física Moderna e Contemporânea
no ensino médio.......................................................................38
2.2 Abordagens metodológicas.......................................................40
2.3.Uma proposta para o ensino de FMC:Abordagem Temática.......49
Capítulo III- A divulgação científica e o ensino de física.....................55
3.1.Algumas considerações sobre a comunicação científica............56
3.1.1 A gênese do periódico científico............................................58
3.1.2.A democratização do conhecimento científico.........................59
3.2 A SBPC e a Revista Ciência Hoje..............................................70
3.3 A divulgação científica e a divulgação científica escolar.............76
3.4 A transposição didática.............................................................80
Capítulo IV-A construção de uma proposta de ensino..........................88
4.1 Estabelecendo a pesquisa........................................................88
4.2 O procedimento para a avaliação do uso didático dos artigos.....90
4.2.1 O estudo piloto do material.....................................................91
9
4.2.2 A amostra da pesquisa.........................................................94
4.2.3 Caracterizando a análise dos artigos....................................96
4.3 Uma visão panorâmica dos artigos..........................................99
4.3.1 Os artigos e sua relação com a física escolar.......................99
4.3.2 A qualidade da informação veiculada....................................102
4.3.3 Aspectos da linguagem e da transposição
didática dos artigos.............................................................104
4.4 Caracterizando os grupos dos artigos....................................119
4.4.1 Grupo I..............................................................................120
4.4.2 Grupo II.............................................................................122
4.5 Artigos exemplares...............................................................125
Considerações finais.........................................................................133
Bibliografia........................................................................................138
Anexo I...............................................................................................149
Anexo II..............................................................................................152
Anexo III.............................................................................................161
Anexo IV.............................................................................................163
Anexo V..............................................................................................167
10
INTRODUÇÃO_______________________________________________________________
Durante os meus dezenove anos de magistério, trabalhando
principalmente com o ensino da física, em escolas públicas de nível
médio, observava, em periódicos1, a produção acadêmica desenvolvida
nas três últimas décadas. Essa produção pode ser localizada, por
exemplo, consultando-se o catálogo de dissertações de mestrado e
teses de doutorado sobre o ensino da física, editado pelo Instituto de
Física da Universidade de São Paulo (IFUSP), que contém os resumos
dos trabalhos realizados no período de 1972 a 1995. Há, também, o
Banco de Dados Enfis (Salém, Kawamura, 1996), que contém registros
sobre a produção escrita acerca do ensino da física — desde teses e
dissertações a artigos de revistas de divulgação científica do Brasil.
Em 1987, ingressei na equipe de ensino de física do Centro
Educacional Setor Oeste — escola da rede oficial de ensino do Distrito
Federal. Por meio da experiência com esse grupo, percebi a
possibilidade de realizar um trabalho de qualidade na escola pública, a
minha opção política como professor-educador.
Afastado do meio acadêmico desde a minha graduação —
Licenciatura Plena em Física —, na Universidade Federal de
Pernambuco, em 1983, aguardava o momento propício para colaborar
com as discussões de novas propostas de ensino, no sentido de mudar
práticas tradicionalmente estabelecidas. Ingressei, em março de1995, no
Curso de Mestrado, do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Licenciado da
Fundação Educacional do Distrito Federal, instituição da qual integro o
quadro de docentes de 1o e 2o Graus, como concursado, adquiri novo
ânimo para continuar a acreditar em mudanças na prática pedagógica de
1 Em especial, o Caderno Catarinense de Ensino de Física, publicação do Departamento de Física da UniversidadeFederal de Santa Catarina, que assino desde 1987.
11
professores de escolas públicas.
Durante a minha participação no Grupo de Estudos do Ensino
de Ciências Naturais de Santa Catarina (GEPECISC), ligado ao
programa de Pós-Graduação, que, entre outras atividades, trabalha com
a formação de professores e a problemática do livro didático, comecei a
delimitar a minha problemática para estudo. Conheci, com maior
profundidade, as discussões sobre as deficiências dos livros didáticos
de ciências e as alternativas que poderiam ser utilizadas para a melhoria
do processo ensino-aprendizagem.
Desde a década de 70, a pesquisa na área de ensino da física
vem desenvolvendo parte de sua produção voltada para as novas
perspectivas curriculares: inserção da História da Ciência, Física
Moderna e discussões acerca da Ciência, Tecnologia e Sociedade no
ensino médio.
Diferentes de propostas de melhorias apenas metodológicas,
estas, ao contrário, propõem a renovação dos conteúdos existentes nos
programas tradicionais da física na escola.
Decorrente dessas discussões e produto de grupos de
pesquisa nacionais, hoje, contamos com livros brasileiros destinados à
formação de professores, que modificam a apresentação fragmentada
dos conteúdos da física .
Os dois universos, os materiais alternativos aos livros
didáticos tradicionais e a renovação dos conteúdos nos programas da
física escolar, definiram a minha opção de desenvolver uma pesquisa a
partir da articulação entre a revista de divulgação científica Ciência
Hoje, editada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), desde 1982, e a inserção da Física Moderna e Contemporânea
no ensino médio.
A minha opção em utilizar a mídia impressa neste trabalho não
é excludente, pois acredito que a utilização de outras mídias parece ser
um campo bastante promissor, quer para uso na educação, quer como
12
problema de pesquisa em ensino de ciências.
Procuro, assim, delinear opções didático-pedagógicas que
possam auxiliar os professores de física na tarefa de abordar
conhecimentos contemporâneos, que, mesmo sendo veiculados pelos
meios de comunicação, estão ausentes da maioria dos livros didáticos
de física para o ensino médio.
Conhecimentos tais como: efeito fotoelétrico, átomo de Bohr,
laser, entre outros, não são contemplados pelos nossos deficientes e
parecidos currículos de física. Usualmente, são divididos em blocos
tradicionais, tais como: Mecânica, Física Térmica, Ondas, Óptica e
Eletromagnetismo, normalmente ditados por manuais de ensino. Na
prática pedagógica de nossas escolas, esses blocos reduzem-se à
Cinemática, às Leis de Newton, à Termologia, à Óptica Geométrica, à
Eletricidade e aos Circuitos Simples.
Dificilmente, nesse contexto, são trabalhados conceitos da
física desenvolvidos neste Século. Observa-se, nos currículos da física
escolar no Brasil, a ausência quase total desses conteúdos. Os livros-
texto mal conseguem trabalhar a Termodinâmica e o Eletromagnetismo
Clássico, teorias formuladas no final do Século XIX.
Por um lado, para fazer frente a essa situação, os produtos
mais recentes da ciência devem estar presentes nos cursos de formação
de professores de física. Por outro lado não existem livros-texto de
ensino médio que apresentam esses assuntos de forma sistemática — o
que abre espaço para a utilização de materiais alternativos.
Atualmente, há no mercado algumas revistas que atendem à
curiosidade dos que não se contentam em aprender apenas os
conteúdos científicos existentes nos programas de ciências do ensino
fundamental e médio. As publicações Globo Ciência/Galileu ,
Superinteressante, Ciência Hoje, e Ciência Hoje das Crianças, disputam
espaços nas bancas de jornais e revistas e nas bibliotecas brasileiras. A
revista Ciência Hoje contém artigos de autores reconhecidos pela
comunidade acadêmico-científica e contempla uma abordagem
13
multidisciplinar, com pluralidade de visões de um mesmo tema,
variedade de recursos, atualidade, com qualidade dos assuntos
veiculados. Esses aspectos foram fundamentais para a minha opção de
realizar um trabalho sistemático com essa Revista.
Os textos de divulgação científica devem ser inseridos no
espaço escolar, mas, de forma diferente da apresentação fria e
desinteressante dos conteúdos tradicionais. Nesse sentido, as questões
precípuas que permeiam este trabalho são:
• Quais são as potencialidades dos artigos da revista Ciência
Hoje, sejam de ordem pedagógica, epistemológica ou
metodológica, para trabalhar conceitos da Física Moderna e
Contemporânea?
• Como utilizar esses artigos de forma sistemática no
contexto escolar?
Diante disso, este trabalho procura contribuir para a utilização
de material de divulgação científica, em particular a revista Ciência Hoje
(doravante CH), na formação de professores de física do ensino médio,
para inserir assuntos da Física Moderna e Contemporânea (doravante
FMC) no conteúdo programático escolar.
Estruturei esta dissertação em quatro capítulos. No capítulo I,
apresento a argumentação de autores que defendem a inserção dos
conteúdos culturais na escola dita tradicional. No campo da Educação
Geral, apoio-me em autores que fundamentam o que vem sendo
denominada "educação progressista" e os seus desdobramentos na área
do ensino de ciências, em particular, na abordagem temática aplicada no
ensino da física.
Reforço, nas discussões desenvolvidas, o sentido cultural da
ciência. A cultura, nesse caso, é entendida como o conjunto dos valores
materiais e espirituais criados pela humanidade ao longo da História.
Nessa perspectiva, defendo que os conhecimentos científicos atuais,
constituintes da cultura de época, devem ser inseridos ainda no ensino
14
médio, inclusive como forma de reforçar uma educação para a
cidadania.
No segundo Capítulo, realizo um levantamento das iniciativas
que procuram inserir a FMC no ensino médio. Mesmo utilizando-me de
autores estrangeiros para caracterizar as principais correntes de
abordagens metodológicas, para a inserção do assunto, localizo a
produção nacional que vem investindo nessa inovação curricular.
No Capítulo III, discuto o universo ainda novo para a área
educacional: o jornalismo científico e a divulgação científica. Dessarte,
aproximo a produção do material de divulgação científica com a sua
transposição didática, visando à formação de professores de física do
ensino médio. Apresento uma visão geral da revista CH, abordando o
seu histórico, vinculado à SBPC, a sua finalidade e o seu formato
editorial. Argumento que vêm crescendo as discussões que procuram
inserir no espaço escolar novas linguagens para a apropriação dos
conhecimentos científicos, em particular, conhecimentos modernos e
contemporâneos.
No Capítulo IV, desenvolvo a dimensão metodológica da
pesquisa, revelando os resultados da análise feita com os artigos da CH
e definindo as possibilidades pedagógicas para a sua utilização na
formação de professores, na perspectiva da inserção de assuntos da
FMC.
A análise está vinculada à abordagem temática, por meio do
programa proposto no livro Física (Delizoicov e Angotti, 1992), como
forma de articular conhecimentos da ciência física aos da física escolar,
e minimizar a fragmentação do conteúdo programático escolar.
Tenho por objetivo, com a pesquisa, sugerir possibilidades que
contribuam para a formação, inicial ou continuada, de professores de
física no ensino médio.
15
CAPÍTULO I
POR UM ENSINO DE FÍSICA CONTEMPORÂNEO
————————————————————————————————
1.1 A questão do ensino da física no ensino médio
A consideração de alguns dados auxilia a contextualizar a
preocupação principal deste trabalho. A crise educacional brasileira,
particularmente no ensino médio, com um dos mais baixos percentuais
latino-americanos de matrícula2, vem-se agravando, devido às políticas
públicas adotadas pelo governo brasileiro, condizentes com as políticas
do Banco Mundial para os países emergentes, segundo documento do
SINPRO (1998, p. 19).
Um rápido quadro da situação do ensino médio pode ser
exemplificado, pelo fato de que apenas 11% da população entre 18 a 24
anos freqüentam a universidade e, desses, apenas 3,5% estão em
universidades públicas (ver documento SINPRO, p. 24). Assim sendo, a
grande maioria dos alunos, tanto da redes de ensino pública como da
particular, não ingressa na universidade. A partir desses dados, é
obrigatória a discussão da questão terminalidade-continuidade.
Professor, majoritariamente de ensino público do ensino
médio, tenho sempre me deparado com duas grandes questões: (1) a
terminalidade do ensino médio, e (2) o ensino da física para o ingresso
na universidade. O debate terminalidade-continuidade divide e acirra as
discussões que podem levar a um processo que nos desvia de uma
questão mais importante: a qualidade do ensino médio.
Nesse âmbito, concordo com Angotti (1991, p. 79), quando
afirma que é a qualidade da escola que deve ser focalizada. Esse autor
2 Segundo dados do IBGE (1996), apenas 25% da população na faixa etária de 15 a 17 anos estão matriculados noEnsino Médio.
16
alega que ainda não temos um ensino médio configurado e que cabe aos
educadores comprometidos lutar pela sua expansão, isto vinculado à
sua reformulação.
Terrazan (1994, p. 37-41), tratando da mesma questão, lembra
que o ensino da física, nesse nível de escolaridade, é o último contato
formal do estudante com essa ciência. Afirma que os aspectos básicos
relativos à construção dessa área de conhecimento devem ser
contemplados no ensino médio.
Ainda sobre esta questão, propõe que:
“A Física desenvolvida na escola média deve permitir aos
estudantes pensar e interpretar o mundo que os cerca (...) Nesse
nível de escolaridade devemos estar formando um jovem, cidadão
pleno, consciente e sobretudo capaz de participação na sociedade.
Sua formação deve ser o mais global possível, pois sua capacidade
de intervenção na realidade em que está imerso tem relação direta
com sua capacidade de leitura, de compreensão, de construção
dessa mesma realidade.” (Terrazan , 1994, p. 39)
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB/96), consoante Hosoume et alii (1998, p. 1), já sinaliza para essas
mudanças ao comentar a Resolução do Conselho Nacional de Educação
(CNE), de 10 de julho de 1998 :
“(...) o sentido estritamente propedêutico do ensino médio regular,
assim como o caráter estritamente instrumental do ensino médio
profissionalizante, devem ambos dar lugar a um aprendizado que
faça sentido desde logo, independentemente de etapas posteriores
da educação e, também, que tenha a universalidade que o
treinamento profissional raramente possui.” (Housome et alii, 1998,
p. 1)
Nessa perspectiva, o ensino da física no ensino médio não
pode privilegiar uma formação que apenas prepare para a universidade,
mas, sim, que prepare o indivíduo para uma intervenção mais crítica na
17
realidade que o cerca.
Como Terrazan (1996) propõe, antes de discutir-se a
importância atribuída a uma inclusão de um determinado conteúdo
científico em uma programação escolar, é necessário discutir a
compreensão crítica do conhecimento científico no conjunto dos
conhecimentos.
Assim, torna-se necessário esclarecer a relação que se
estabelece entre o conhecimento científico e a cultura na atual
configuração social em que vivemos, e a situação das ciências, em
particular das ciências naturais, na sociedade e na escola. (Terrazan,
1994, p. 12)
Observam-se, pois, dois aspectos: primeiro, o conhecimento,
entendido em um aspecto mais geral, como participante na formação
cultural de uma sociedade; segundo, de acordo com Terrazan (1994, p.
14) "decorrência do primeiro, é que 'igualadas', em seus aspectos
gerais, as diversas formas de conhecimento de que a humanidade
dispõe, pode-se passar a uma caracterização da ciência dentro dos
marcos da nossa discussão".
A ciência, entendida por Terrazan como um componente
estruturador de uma cultura, pode ser utilizada como uma das
alternativas para elaborar-se uma concepção filosófica. Esse caráter
epistemológico da ciência auxiliará na definição de concepções que
permeiam a postura de quem se propõe a discuti-la.
Professores apresentam posturas filosóficas e educacionais
quando estão na sala-de-aula, de forma explícita ou implícita. Um
exemplo dessa afirmação é demonstrada nos trabalhos desenvolvidos
por Becker (1993) e Borges (1991), em que aparecem, nos grupos
estudados, as concepções de ciência e produção de conhecimento, nem
sempre percebidas pelos próprios docentes e geralmente associadas a
concepções empiristas.
Os professores de física, em particular, transmitem essas
18
concepções, seja por meio da sua postura pedagógica, do seu discurso
ou pelo livro-texto adotado. A determinação dessas concepções é de
fundamental importância para que as comparemos com outras, e as
discutamos, dialogicamente, com os alunos, para a explicitação do que é
a atividade científica e as suas relações com a sociedade.
Essa discussão está distante da realidade da nossa escola,
reforçando ainda mais a supremacia da ciência em relação a outras
atividades humanas. Somada à nossa realidade escolar, encontra-se a
idéia dominante, na sociedade ocidental, de que as ciências naturais são
superiores às ciências humanas e outros saberes.
O sucesso dos desenvolvimentos científicos, especialmente
aqueles ocorridos na segunda metade do Século passado, explicam,
historicamente, a predominância dessas idéias. Os insucessos e abalos
em suas bases, e as conseqüências sociais e tecnológicas negativas
mais recentes, não foram suficientes para diminuir o esplendor desse
período, como relata Terrazan.
“O progresso científico nesse período foi notável. Seja pela
quantidade de informações produzidas, pelas soluções obtidas para
os problemas da época, pela geração de novas áreas autônomas
do conhecimento, pela criação de inúmeras sociedades de
especialistas em vários países ou pelas indústrias nascentes
baseadas nos novos desenvolvimentos, a ciência cresceu e
transbordou.” (Terrazan, 1994, p.17)
Neste Século, por um lado, os avanços obtidos em decorrência
das duas grandes guerras mundiais, mantiveram o prestígio da sua
imagem. Por outro lado, aumentaram as críticas, principalmente, devido
às seqüelas deixadas pela indústria bélica. Hoje, convivemos com duas
imagens opostas da ciência: uma imagem legitima, a venda dos
atraentes produtos tecnológicos atuais, e outra imagem que a
responsabiliza por seus resultados maléficos à sociedade e ao Planeta
(ver Terrazan, 1996, p. 3).
No ambiente escolar, encontra-se outra contradição. As
19
disciplinas das ciências naturais, em particular a física no ensino médio,
possuem uma importância muito maior do que o interesse por parte dos
alunos adolescentes. Nesse sentido, Snyders (1988) alega que a escola
tradicional não propicia as devidas satisfações requeridas pelos
estudantes, durante os vários anos dedicados aos seus estudos.
Essa falta de interesse, em consonância com o autor, é
agravada pela distância da escola com as discussões sobre temas
atuais. Como exemplo, tem-se a questão do custo-benefício dos
progressos científicos das últimas décadas.
1.2 Física e cidadania
A questão levantada ao final do item anterior é consensual no
meio acadêmico, mas, ainda não é aceita pela grande maioria dos
professores de física do ensino médio, em particular os que trabalham
em escolas públicas.
“(...) como ensinar uma ciência que consideramos importante para a
formação da cidadania, quando jovens, futuros cidadãos, não a
apreciam e nem a consideram relevante?” (Terrazan, 1996, p. 3)
Deve-se considerar um aluno como um "governante em
potencial" (Terrazan, idem), exercendo a sua função pública e
igualando-se a todos os outros cidadãos, com direito ao saber e à
formação. De acordo com algumas tendências de inovação curricular da
área do ensino de física, pode-se estabelecer, quando na ação
pedagógica, alguns elementos importantes para a formação da
cidadania.
A educação do cidadão deve contemplar a historicidade dos
fatos, as suas tradições, de forma a capacitá-lo a inovar os saberes
atuais; isto é, não se transforma o que não se visualiza.
Para o exercício da discussão democrática dos aspectos da
Ciência e da Tecnologia, o aluno-cidadão precisa conhecer os debates
atuais desse tema, gerados em vários segmentos de comunidades,
20
científicas ou não.
Esses elementos reforçam ainda mais o sentido cultural da
ciência. Para Sodré (citado em Zanetic, 1989), a cultura, nesse caso, é
entendida como o conjunto dos valores materiais e espirituais, criados
pela humanidade ao longo da história.
Consoante Zanetic (1989), o conhecimento científico deve ser
inserido nesse conjunto, evitando-se a dicotomia entre cultura
humanística e cultura científica. O conhecimento científico deve ser
caracterizado como produto da vida social, dessarte marcado pela
cultura de época, como parte integrante, influenciando e sendo
influenciado pelos outros conjuntos de conhecimento.
Esse aspecto cultural da física está contemplado, também, nas
idéias de autores, que, para Pierson (1997), caracterizam a linha de
pesquisa que defende que a transformação no ensino de física implica
uma renovação do conteúdo programático tradicional e não-somente a
melhoria de abordagens metodológicas:
“Organizada a partir de meados da década de 70, tendo como
coordenador principal o Prof. Dr. Luís Carlos de Menezes, hoje
podemos identificar esta linha de pesquisa com o trabalho
desenvolvido pelo grupo “ Reelaboração de Conteúdo e Formação
de Professores”, vinculado ao Departamento Física Experimental do
Instituto de Física da Universidade de São Paulo, formado pelos
professores do IFUSP, Prof. Dr. Luís Carlos de Menezes, Profa Dra.
Yassuko Housome, Prof. Dr. João Zanetic, Profa Dra. Maria Regina
D. Kawamura, em colaboração com os professores da Universidade
Federal de Santa Catarina, Prof. Dr. Demétrio Delizoicov e o Prof.
Dr. José André Angotti, assim como a Profa Dra. Marta Maria
Castanho A. Pernambuco, da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte.” (Pierson, 1997, p. 149)
A posição que assumo neste trabalho está em sintonia com as
idéias dos autores supramencionados, identificando-se com as posições
de educadores progressistas, tais como Freire (1975), Snyders (1988) e
21
Giroux (1986), e defende a perspectiva da transformação dos conteúdos
culturais escolares.
Compondo esse contexto, está a necessidade de introduzir-se,
ainda no ensino médio, conhecimentos, que, historicamente, foram
produzidos pela humanidade desde os seus primórdios até os nossos
dias. Isso se justifica pelo fato de que não se pode participar de
discussões sobre a relação risco-benefício da ciência sem conhecer-se
as transformações ocorridas, incluindo-se os conhecimentos
desenvolvidos nos últimos anos, em particular, a Física Moderna e
Contemporânea3.
Essa discussão é ainda mais pertinente quando se observa,
como mencionado anteriormente, que, no Brasil, a maioria dos alunos
matriculados no ensino médio não ingressam nas universidades. Deve-
se outrossim considerar, que, nem todos os que ingressam no ensino
superior, se dirigirão para carreiras técnico-científicas. Isso significa
dizer, que, para muitos, o ensino médio será a última oportunidade para
entrar em contato com discussões sistemáticas sobre a ciência e as
suas relações com outros saberes.
“Nesta perspectiva, conteúdos de Física Moderna e Contemporânea
correspondem a uma necessidade vital de nossos currículos de
física escolar. A própria importância dos temas de física moderna e
contemporânea na constituição da física, enquanto área do
conhecimento científico, exige sua inclusão nos currículos
escolares.” (Terrazan, 1994, p. 34)
A discussão sobre o papel da ciência física na sociedade não
pode ser realizada sem o conhecimento da produção científica da
atualidade. A formação do indivíduo deve equilibrar-se entre a aquisição
de conhecimentos especializados, decorrentes da sua profissão ou dos
seus interesses particulares, e conhecimentos mais universais, mais
amplos e abstratos, imprescindíveis para a sua participação na vida
societária e exercício da cidadania. O conhecimento dos conceitos e
22
modelos da FMC insere-se nesses dois níveis formativos.
Não é difícil encontrar-se argumentos sobre a formação
inadequada dos professores de física do ensino médio (ver Strieder e
Terrazan, 1998, p. 15-17; Costa e Santos, 1998, p. 137-139; Arruda e
Villani, 1998, p. 251-253) ou sobre os elementos que devem estar
presentes em sua formação (ver Delizoicov, 1995), particularmente, no
que se refere ao tratamento de assuntos contemporâneos da física.
Diante disso e conciliado com a experiência de vários anos de
resistência ao ensino tradicional, mas, nem sempre, praticando um
ensino renovado, a opção de intervenção deste trabalho é no espaço da
formação de professores.
Busco, desse modo, auxiliar o “professor transformador”, que,
consoante Delizoicov (1995, p. 59), ”(...) é ser crítico atuando para
mudar, no sentido de detectar, desvelar e explicitar as contradições,
sociais buscando, consciente e coletivamente caminhos para uma ação
emancipatória e transformadora.".
É, sobretudo, para esse perfil de profissional que se dirige este
trabalho, na expectativa de também contribuir para que outros venham a
sensibilizar-se com essa perspectiva de atuação.
1.3 A renovação dos conteúdos programáticos escolares e os
conceitos unificadores
A interação da ciência física com a organização social e com a
cultura, consoante Zanetic (1989,p.5), mudou o papel do ensino de física
neste final do século XX. A partir da segunda metade do século XVII, a
ciência física sofre influências profundas da sociedade, ao mesmo tempo
que influencia vários aspectos da vida social por meio do seu papel na
indústria, comércio, organização militar, inclusive nos demais setores
culturais. Enfim, enfocado por esta outra perspectiva, consoante com
Zanetic (1989) “a física também é cultura”.
3 No próximo capítulo será melhor explicitado o que significa Física Moderna e Contemporânea.
23
De acordo com essa posição, Zanetic (1989) argumenta que é
necessário discutir o papel da cultura ou das culturas no espaço escolar,
eminentemente com relação à renovação dos conteúdos programáticos
escolares.
A renovação dos conteúdos recebe significado particular por
intermédio de Snyders (1988), educador francês que vem influenciando
os seus pares brasileiros, no que diz respeito a questões educacionais
comuns ao seu país, contribuindo para a implantação do que vem sendo
denominada "educação progressista".
Snyders discorre sobre o fato de que a escola não propicia a
satisfação cultural, especialmente o que diz respeito ao mundo técnico-
científico e a consideração do balanço custo-benefício da tecnologia, e
que apenas aperfeiçoamento metodológico, "dourar a pílula", é
insuficiente para a transformação, que só poderá ser atingida via
renovação dos conteúdos culturais.
“Quero sustentar que é a renovação dos conteúdos que suscita a
renovação dos métodos, das relações entre professores e alunos,
das obrigações e de disciplina, pois aqui estão tantas
conseqüências dos conteúdos inculcados (...).” (Snyders, 1988,
p.186)
É importante que discirnamos entre o que é um conteúdo
cultural e o conteúdo do programa a que estamos acostumados a lidar
no dia-a-dia escolar. Quando se refere a conteúdos, conforme
argumenta Angotti (1991), Snyders não está referindo-se às "garrafas do
saber", a conteúdos fragmentados do ensino tradicional, mas, a
conteúdos ligados a conceitos universais, supradisciplinares.
Já na Introdução do seu livro Alegria na Escola, Snyders diz
que:
“(...) nossa escola tem uma terrível necessidade de ser
transformada. Esta renovação, quero afirmar que só pode se
realizar a partir de uma renovação do que há de essencial na
24
escola, específico na tarefa da escola: a cultura, cujo acesso e
participação são permitidos aos jovens pela escola. Daí minha
preocupação constante: renovar a escola a partir de uma
transformação dos conteúdos culturais.” (Snyders, 1988, p.11)
Snyders diferencia-se de outros autores ao utilizar o termo
alegria na discussão da teoria educacional:
“Popularizar a alegria escolar não me parece uma tarefa
impossível, quaisquer que sejam as dificuldades com as quais ela
se choca quando em contato com os fatos.” (Snyders, 1993, p.190;
grifo meu)
Nesse caso, alegria refere-se à satisfação encontrada nos
ganhos culturais, que, somente a escola pode proporcionar:
“Na escola, trata-se de conhecer alegrias diferentes que as da vida
diária; coisas que sacodem, interpelam, a partir do que os alunos
mudarão algo em sua vida, darão um novo sentido a ela, darão um
sentido a sua vida. Se é preciso entrar na classe, é porque, no
pátio, vocês não atingem o grau mais elevado de liberdade, nem de
alegria.” (Snyders, 1988, p.14)
Snyders utiliza categorias tais como cultura primeira e cultura
elaborada, mas, considera-se incapacitado para construir uma teoria das
culturas, como ele mesmo revela:
“Sou totalmente incapaz de construir uma exposição teórica sobre a
cultura, as culturas e de definir em que elas consistem. Seria
necessário enciclopédias, um enciclopedista. Na verdade, gostaria
de adotar uma perspectiva mais limitada e provavelmente mais
segura: evocar alguns exemplos, pensando antes de tudo na cultura
dos jovens, uma vez que se tratará finalmente de confrontos com o
escolar.” (Snyders, 1988, p.23)
Segundo Angotti (1991, p. 81), a cultura primeira está
associada ao "senso comum" de Gramsci, às concepções alternativas,
enquanto a cultura elaborada associa-se ao conhecimento
25
sistematizado, apoiado em teorias gerais que permitem sínteses em
direção às totalidades.
Snyders (op. cit.) não se refere à cultura elaborada como
cultura elitista, a partilhada pelas camadas sociais mais favorecidas,
mas está-se referindo à análise mais crítica, consciente e organizada da
realidade. Defende a apropriação da cultura elaborada no âmbito escolar
da educação formal e afirma que a sua apropriação não pode ser
efetivada sem a ruptura com a cultura primeira. A cultura elaborada não
é um refinamento da cultura primeira, do mesmo modo que a cultura
elaborada não é uma conseqüência natural do desenvolvimento da
cultura primeira.
Somente por meio dessa ruptura é que se estabelecerá uma
continuidade entre ambas as culturas, ou seja, uma continuidade que se
concretiza pela ruptura. Dessa forma, cultura primeira e cultura
elaborada convivem por meio de um processo de continuidade-ruptura.
“A relação que não cessei de evocar entre cultura primeira e cultura
elaborada é uma síntese complexa de continuidade e de ruptura,
onde nenhum dos dois elementos anula, engole o outro.” (Snyders,
1988, p.87)
Deslocando-nos para a área do ensino das ciências naturais
(doravante CN) podemos rever a discussão de Snyders no trabalho
desenvolvido por Angotti (1991, 1993).
Angotti afirma, que, assim como a cultura elaborada, o
conhecimento científico requer um processo de ruptura com o senso
comum, saber prático, associado às experiências vividas no cotidiano. E
alerta que não se trata de substituir um pelo outro por meio do processo
educacional:
“Um conhecimento diretamente ligado, preso ao senso comum é
utilizado por todos, mesmo por aqueles que atingiram níveis de
‘cultura elaborada’. Ocorre que os comportamentos associados a tal
conhecimento só podem ser criticados e comparados ao
26
sistematizado por esses poucos que transitam entre as duas
culturas, ou nos níveis de cultura. A grande maioria fica a depender
somente do senso comum, sem poder dimensioná-lo e criticá-lo.
Permanece imersa e aprisionada.”(Angotti, 1991, p. 102)
Esse processo tão importante de mudança não é auxiliado pelo
ensino das CN, que mais parece um "senso comum maquiado" (ver
Angotti, 1991, p. 102).
Angotti esclarece, que, o que é necessário para a aquisição
dos conhecimentos de Ciência e Tecnologia (doravante C&T) é o
estabelecimento do conflito, da ruptura com o senso-comum do alunos,
sintonizado com um conhecimento estruturado e ligado às discussões
epistemológicas atuais.
Aparentemente fragmentado, o conhecimento científico
possibilita uma abordagem mais universal, já que se apóia em teorias
gerais, fazendo com que a discussão dos conflitos existentes na relação
C&T incorporem-se no cotidiano pedagógico, fato que não acontece no
ensino da física da atualidade.
Diante da necessidade de mudar o quadro do ensino das CN,
uma forma de abordá-lo é por meio da utilização de conceitos que
estejam vinculados a uma ordenação mais estruturada dos saberes,
relacionados com conceitos supradisciplinares, denominados por Angotti
(1993, p. 103) "conceitos unificadores" (doravante C.U.), para que,
concomitantemente, evitem a fragmentação e constituam-se canais de
comunicação com o "conhecimento crítico em ciências sociais".
0 conceito, sempre presente nas leis e teorias, é o elemento
que pode ligar a teoria à prática. Como diz Angotti (1993, p. 191), “é o
‘regular transferível’ para inúmeras outras situações aplicáveis dessas
poucas leis e teorias”.
Por meio da sua característica de invariância, o conceito pode
ser utilizado como orientador na aquisição dos conhecimentos em CN,
diminuindo a desconexão entre os saberes ensinados, tanto para os
27
alunos como para os professores.
Os conceitos unificadores, ao mesmo tempo que estão
apoiados por aspectos epistemológicos e pedagógicos, podem trazer
para o espaço escolar a articulação entre o conhecimento científico e os
processos tecnológicos atuais, devido à sua característica mais aberta e
relacional, em oposição aos "famigerados" conteúdos.
Em outro sentido, os conceitos unificadores procuram
enfrentar o conflito entre o objeto e a sua idealização, encontrando
suporte teórico parametrizado pela necessidade de enfrentamento da
tensão entre fragmentos e totalidades do conhecimento científico (ver
Angotti, 1993, p. 192).
1.4 Abordagem temática e conceitos unificadores
A inserção do ensino de conceitos contemporâneos no ensino
médio, em particular a FMC, requer uma concepção nova de currículo,
que, simultaneamente, contemple uma educação para a cidadania e
aspectos epistemológicos da ciência física.
Uma concepção tradicional do ensino da física, mais próxima a
idéias empiristas sobre a ciência, e fragmentária, por excelência, pode
repetir com o ensino de conceitos da FMC o que realiza com os
desconexos conteúdos programáticos tradicionais. Uma proposta, que
pode diminuir a possibilidade de que isso ocorra, encontra-se na
abordagem temática.
A abordagem do programa escolar, por meio dos C.U., utiliza
elementos da abordagem temática (ver Freire, 1975; Snyders, 1988).
Nessa abordagem, a estruturação curricular é elaborada a partir de
temas que envolvam contradições em que a sociedade está imersa e
que proporcionem a renovação dos conteúdos programáticos escolares
em uma dimensão crítica. É o caso, por exemplo, do tratamento dos
conhecimentos paradigmáticos da física, especialmente os
contemporâneos, relacionados com as suas aplicações tecnológicas,
28
bem como com as suas implicações socioeconômicas, ao se abordar o
tema custo-benefício da Ciência e Tecnologia, conforme propõe Snyders
(1988).
A abordagem temática tem orientado a formação continuada
de professores de ciências e o currículo de escolas do Ensino
Fundamental (1a a 8a séries) de redes oficiais (ver Pontuschka, 1993;
Pernambuco, 1994); a produção de material didático-instrucional de CN
(ver Pernambuco, 1988, 1990) e da física para professores do ensino
médio (ver Delizoicov e Angotti, 1992).
A concepção de Freire (1975), do tema gerador, assim como a
de tema por Snyders (1988), sofrem grande influência com as crenças,
idéias hegemônicas, contradições e situações problematizadoras dos
grupos que freqüentam a escola, tornando a definição dos mesmos
tarefa difícil de ser empreendida. Já os C.U., por estarem associados ao
conhecimento científico e tecnológico, simultaneamente dimensionados
pelos aspectos pedagógicos e epistemológicos, podem facilitar a
escolha dos temas significativos, dimimuindo o universo de opções e,
conseqüentemente, a fragmentação:
“Os Conceitos Unificadores são complementares aos Temas e
carregam para o processo de ensino-aprendizagem a veia
epistêmica: na medida em que identificam os aspectos mais
partilhados (em cada época) pelas comunidades de C&T, sem
negligenciar os aspectos conflitivos.” (Angotti, 1993, p.193)
Angotti também defende a convivência entre a abordagem
temática e a escola de características de unitária, entendida
diferentemente de escola única (ver Pimenta, Gonçalves, 1990). Por
meio de temas que encerrem grandes contradições nacionais, temas
emergentes e atuais, como, por exemplo, FMC, será possível inserir,
culturalmente, um conhecimento ainda distante das populações.
Quatro conceitos unificadores propostos e caracterizados por
Angotti (1991) — transformação, regularidade, energia e escala —
tornam possível uma articulação estruturada entre os temas e as
29
situações neles envolvidas, com conceitos, definições, leis, modelos e
teorias, que compõem os paradigmas das ciências, da física
particulamente.
O C.U. transformação, considerado o mais simples dos quatro,
engloba as transformações que ocorrem com a matéria viva e ou não-
viva, no espaço e no tempo. As transformações aqui podem ser
trabalhadas desde de um nível elementar, a transformação de uma
planta, por exemplo, até níveis mais aprofundados, abstratos, como as
transformações da energia. Por meio da análise e da síntese das
diversas formas de transformações, pode-se chegar a uma melhor
compreensão do conhecimento científico e das suas implicações
tecnológicas.
O C.U. regularidade categoriza e agrupa as transformações
por meio de regras, semelhanças, ciclos abertos ou fechados, repetições
e ou conservações no espaço e no tempo. Pode ser entendida como a
regularidade das transformações, estabelecendo o vínculo que a ciência
faz entre transformações e regularidades.
“Em linguagem matemática, escrevemos que várias
Transformações (T) são dependentes (ou "função") de pelo menos
uma Regularidade (R), ou R = R (T).”(Angotti, 1993, p.195)
Sempre presente nas especulações anteriores à Ciência
Moderna, mas, aceita e socializada apenas em meados do Século XIX, o
conceito energia incorpora os dois anteriores e, em consonância com
Angotti (993, p. 195), é ”um sutil ‘camaleão’ do conhecimento científico".
Diferente da definição estática dos livros didáticos, da "capacidade de
realizar trabalho", esse conceito adquire várias formas: pode
transformar-se espacial e temporalmente, tanto na dinâmica dos objetos
quanto na dos fenômenos e sistemas, concomitantemente a que se pode
conservar nessas distintas formas ou se degradar quando na forma de
calor. Tem forte característica transdisciplinar e interliga os
conhecimentos específicos da C&T e as suas relações com a sociedade
— por exemplo, a utilização de fontes alternativas de energia.
30
O conceito escala assume o papel dimensionador dos eventos
estudados ,e também, dos processos de transformações e
regularidades. Pode-se referir a dimensões ergométricas, macro ou
microscópicas, em nível espacial, durações normais, instantâneas ou
remotas, em nível temporal, inclusive possibilitando introduzir a
discussão dos limites de validade das teorias:
“Quanto às restrições de domínios de validade das teorias clássicas
da mecânica e do eletromagnetismo, estão presentes pistas nas
escalas, que apontam para elementos de teorias contemporâneas.
Por exemplo, ao escrevermos Raios X e ‘gama’ enquanto ‘fótons’,
ao sugerirmos os acoplamentos espaço-tempo e massa-energia.
Em cada situação, professores e educandos terão opções para
busca de materiais que subsidiam um conhecimento novo, não
localizado facilmente nos livros didáticos com que estão
familiarizados, às vezes viciados, em adotar como única fonte de
saber.” (Angotti, idem, p.156)
Ao contrário da importância dada às unidades enquanto
dimensão no ensino tradicional4 , o C.U. escala pretende contribuir para
a capacidade de estimar, dimensionar com relativa precisão, atividade
típica do trabalho científico, em particular dos físicos.
Esse conceito pode aproximar o mundo escolar do mundo
vivido, como, por exemplo, no estudo da relação do tempo com a
energia térmica, produzida por um aparelho elétrico, e a sua relação
com o valor pago pelo fornecimento da energia elétrica.
Por sua vez, na perspectiva da abordagem temática, a
programação dos conteúdos programáticos e o seu desenvolvimento
didático-pedagógico em sala-de-aula, articulada com os conceitos
unificadores, é proposta em um modelo dialógico (ver Delizoicov, 1991),
que se fundamenta nas características essenciais do processo de
"codificação-problematização-descodificação", desenvolvido por Paulo
4 A análise dimensional que era um dos tópicos do programa tradicional do ensino de Física do Ensino médio e decerta forma, trabalhava o conceito escala; foi abolida há alguns anos.
31
Freire (1975).
Esse modelo procura realizar as rupturas necessárias entre a
cultura primeira e a cultura elaborada, “via problematização e aquisição
de conhecimentos, a partir da dialogicidade tradutora a ser estabelecida
em torno de situações significativas e temas geradores”.(Delizoicov,
1991, p.159)
Em outros termos, esse processo pode permitir que um
fenômeno e/ou situação codificado, seja descodificado, via diálogo e
problematização, devidamente mediado pelo professor.
Delizoicov (idem) fundamenta-se epistemologicamente em
autores atuais tais como Kuhn (1975) e Bachelard (1978), apoiando-se
pedagogicamente em educadores progressistas, assim como na sua
prática educacional em projetos das CN (ver Delizoicov, 1982; Angotti,
1982; Dal Pian, 1990; Pimenta, 1990). Uma atuação educacional, com
estas características, definem grupos de pesquisa, pesquisadores e
pesquisa na área do ensino da física, surgidos no Brasil após a década
de 70, como evidenciado na tese de doutorado de Alice Pierson (1997).
O meu objetivo é que esse modelo propicie rupturas, a partir
de conhecimentos científicos, organicamente articulados com os
conceitos universais da física e temas.
Esse modelo didático-pedagógico, segundo Delizoicov (1991,
pp. 181-182), divide-se em três momentos: (i) problematização inicial; (ii)
organização do conhecimento, e (iii) aplicação do conhecimento.
Há uma apresentação mais didática desses três momentos no
livro Física, dos professores Angotti e Delizoicov (1992).
A problematização inicial consiste em associar o conteúdo a
ser abordado ao universo dos alunos, levantando-se questões e
situações do grupo, onde o professor deve servir mais como facilitador
do que como fonte de informações, sempre observando os assuntos do
tópico, unidade ou tema central, organizando as discussões de forma
estruturada, evitando a perda da continuidade dos momentos
32
pedagógicos.
É interessante que o professor e os alunos levantem outras
questões e/ou situações, além das sugeridas no programa, levando em
consideração a região e o universo local.
No segundo momento, organização do conhecimento, serão
aprofundados definições, conceitos, relações e leis, com a devida
orientação do professor, como forma de sistematizar os conhecimentos
da física necessários ao desenvolvimento do programa e da
problematização inicial, com a orientação do professor.
No terceiro e último momento, aplicação do conhecimento,
como o próprio título define, é feita a abordagem sistemática do
conhecimento que vem sendo incorporado para analisar e interpretar
situações com ele relacionadas.
Esse momento pretende mostrar que o conhecimento, além de
ser uma construção histórica, é acessível a qualquer cidadão, que dele
pode fazer uso.
Os três momentos também permitem trabalhar as seguintes
contraposições, apresentadas no mesmo livro (ibidem, p.23), que
representam influências no plano pedagógico, na interação professor-
aluno:
1-)extensão x profundidade:
A discussão dessa contraposição pode ser resumida em duas
perguntas-chave:
“-A veiculação do conhecimento em sua extensão implica o ensino
enciclopédico e de caráter apenas de divulgação científica?
-A veiculação do conhecimento em profundidade significa apenas
conhecer tópicos de Cinemática, Termometria, Óptica geométrica
ou qualquer outro?” (Delizoicov e Angotti,1992, p.23)
Estas perguntas são respondidas através da argumentação de
o professor deve estabelecer um equilíbrio entre os dois elementos
33
mesmo com a interferência das condições existentes no seu local de
trabalho.
É possível uma abordagem em profundidade do tema central
proposto no livro evitando o corte sumário de tópicos importantes
existentes nos programas tradicionais em decorrência da falta de tempo,
dificuldade do assunto, etc.
2-) processo x produto:
Esta contraposição discute a ausência de discussões mais
atuais do processo de construção histórica da física, o que não é
atendido por simples biografias de cientistas famosos ou apêndices
históricos.
Sugere-se novamente o equilíbrio entre os dois elementos
acima já que ao mesmo tempo que a física altera, ela também é alterada
pelo contexto histórico-social das sociedades.
3-) cotidiano x distante:
Esta contraposição fala da abordagem da física do cotidiano,
estabelecendo uma conexão entre conhecimento científico e suas
possibilidades de aplicação na vida prática.
4-) senso comum x conhecimento sistematizado:
Aborda uma linha de pesquisa recente em ensino de física: As
concepções espontâneas, que representam o "choque" conceitual entre
conhecimentos anteriores e os conhecimentos veiculados na escola. A
falta de atenção nesta contraposição pode levar ao ensino de "situações
de quadro-negro" na escola e a utilização apenas do senso comum em
situações vivenciadas fora dela.
5-) diálogo x monólogo:
Esta contraposição discute o papel do professor não apenas
como transmissor de conhecimentos e informações, mas sim como
"problematizador" do processo de ensino-aprendizagem.
6-) desafio x verdade:
34
Esta contraposição incentiva a dialogicidade entre professor e
aluno, evitando a monotonia dos cursos tradicionais de física.
A idéia é, que, ao sistematizar os conhecimentos científicos
por meio dos momentos pedagógicos, o professor ao mesmo tempo em
que realiza a ruptura dos seus paradigmas conceituais dos
conhecimentos da ciência física, apropria-se de um modelo didático-
pedagógico que possibilitará a almejada renovação dos conteúdos
programáticos escolares.
Os momentos também podem servir como otimizadores das
tarefas pedagógicas:
“(...) a sua utilização não se restringe às atividades de sala de aula
ou à organização de programas escolares. São utilizados também
para organizar reuniões, desencadear um processo na escola,
planejar o trabalho das equipes.” (Pernambuco, 1994, p. 139)
Neste trabalho, as abordagens educacionais estão
direcionadas para o ensino médio, especialmente, para a formação
inicial e continuada de professores de física, na perspectiva curricular da
inserção da FMC.
35
CAPÍTULO II
A FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA NO ENSINO MÉDIO___________________________________________________________
No capítulo anterior explicitei alguns pressupostos que
caracterizam uma abordagem educacional progressista. Dessa forma
localizei o ensino de física como um aliado que pode trazer
contribuições significativas ao processo de formação de cidadãos
críticos e conscientes, capacitados a ler e interpretar o mundo, o seu
contexto e, assim atuar na perspectiva de transformação.
Neste capítulo focalizo um aspecto dessa perspectiva
educacional, ou seja, apresentando discussões que relacionam ciência
física e física escolar, procurando inserir conceitos da Física Moderna e
Contemporânea no ensino de física.
Sem querer esgotar o assunto, uma vez que o levantamento foi
panorâmico, a revisão bibliográfica que realizei, demonstra que nas
últimas décadas, tem estado presente a preocupação dos pesquisadores
da área em inserir conhecimentos contemporâneos , inclusive na
formação de professores.
36
2.Uma divisão didática da ciência física
Para definir o que é FMC, dividirei o desenvolvimento da
ciência física em três períodos (Akrill citado por Sun e Lau,1996, p.165):
I-Física Clássica (Física Newtoniana e eletromagnetismo
clássico
II-Física Moderna
III-Física Contemporânea
Segundo este autor, a Física Clássica corresponde ao período
compreendido entre o estabelecimento da Física Newtoniana e da teoria
clássica do eletromagnetismo até o final do século 19.
A Física Moderna corresponde ao período que vai desde o
final do século 19 até a segunda guerra mundial.
A Física Contemporânea inicia na década de 40 (após o início
da segunda guerra mundial) e vai até os dias de hoje.
Ostermann e Moreira (1998), também consideram a Física
Contemporânea iniciando-se na década de 40.
Para efeitos desta pesquisa estou considerando a Física
Contemporânea utilizando como critério a produção da ciência e
tecnologia, e suas relações com a sociedade. Para definir o início do
período da Física Contemporânea, tendo como marco a Segunda Guerra
Mundial, utilizo como referência as palavras de Moreira (1998, p.28):
“(...) foi a culminância de um processo de reordenamento
econômico político e militar do mundo. Instaurou também, e
definitivamente a ciência como matriz essencial para novos avanços
tecnológicos. O dramático fim da guerra, selado pela explosão das
bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, deixou claro o
poder que a ciência e a técnica haviam gerado. No pós-guerra uma
intensa produção acadêmica, com muitas aplicações tecnológicas dela
resultantes, contribuiu para que os Estados Unidos assumissem
definitivamente o papel central não só na ciência e na tecnologia, mas
37
também na economia mundial. Na Física de 50 anos atrás, algumas
novas teorias, descobertas e invenções registrariam essas mudanças.”
A contextualização da ciência atual, como particularizada no
trecho acima, exemplifica como características históricas, políticas e
culturais, podem estar presentes nos conhecimentos contemporâneos da
física.
2.1 A inserção da Física Moderna e Contemporânea no ensino médio
No Brasil, pode se considerar que a preocupação em
aproximar o ensino de física do ensino médio, da ciência física deste
século inicia de forma mais ampla na década de 60,a partir do "efeito
sputinik" (Oliveira, 1992,p.86).
Através da influência de vários projetos estrangeiros, tais
como o PSCS, BSCS,CBA, Chemstudy, amplamente analisados
(Hodson; Gil-Pérez, citados por Oliveira, 1992, p.86), o nosso ensino
experimentou a tentativa de ingressar na discussão de conceitos mais
contemporâneos da ciência.
Essa tentativa vem crescendo desde a década de 70 e a
produção de vários trabalhos acadêmicos pode ser constatada através
do Banco de Dados Enfis (Salém e Kamawura,1996) e pelos catálogos
de dissertações e teses (IFUSP,1992;1996).
Utilizando a tese de doutorado de Terrazan (1994), produção
referencial com relação a essa nova perspectiva curricular no país, pode
entender-se como vêem sendo desenvolvidas iniciativas nesse sentido.
Quatro grandes projetos brasileiros podem ser citados como
precursores nacionais da introdução de conceitos modernos da física,
são eles o PEF, Projeto de Ensino de Física, o PBEF, Projeto Brasileiro
de Ensino de Física, o FAI, Física Auto-Instrutiva, e mais recentemente
o GREF, Grupo de Reelaboração do Ensino de Física (Terrazan,1994,
p.51).
Os três primeiros datam do início da década de 70 e já foram
38
bastante analisados nos últimos anos, já o GREF teve seus volumes
editados no início da década de 90, vem sendo aplicado e analisado
através de vários trabalhos acadêmicos ( Satiro; Ambrózio; Laranjeiras;
Pereira; Piassi citados por Pierson, 1997, p.171-190). Em março de
1997, através de sua tese de doutorado, Alice Helena Campos Pierson,
estabelece com maior rigor as bases teóricas deste projeto, localizando-
o de forma mais clara no conjunto das diversas correntes atuais do
ensino de Física no país.
Terrazan (1994,p.53) destaca dentre os projetos estrangeiros
traduzidos ou utilizados no Brasil, e que continham assuntos da Física
Moderna: o PSSC, Physical Science Study Committee, o HPP, Harvard
Project Physics e o Nuffield com dois níveis, NSTP, Nuffield Science
Teaching Project e NAS, Nuffield Advanced Science. Os dois primeiros
produzidos nos E.U.A, respectivamente na década de 60 e no início da
década de 70, e o último na Inglaterra em meados da década de 60.
Por outro lado, Delizoicov (1995,p.2)afirma:
“Quais conhecimentos contemporâneos e como incluí-los no
currículo são problemas a serem enfrentados pelos agentes dos
institutos de formação de professores física.”
Segundo Ostermann (1998, p.111), existe consenso hoje, em
nível internacional, entre físicos e professores de física, quanto a
necessidade de inserir no ensino médio, assuntos de Física
Contemporânea nos currículos de física escolar.
Em agosto de 1992 realizou-se em Gramado-RS, a V Reunião
Latino-Americana de Educação em Física. Um dos grupos de trabalho,
coordenado por Eduardo Adolfo Terrazan e com participação de 15
pesquisadores de vários países (Argentina, Brasil, Colombia, Espanha,
México e Uruguai) discutiu o seguinte tema; "A Física Contemporânea
no ensino da física e a formação do professor de física". Em suas
recomendações finais, considerando-se que "a Física Clássica, a
Moderna, a Contemporânea e a atual constituem uma unidade"
(RELAEF,92), sugerem que:
39
“(..) 2- Nos cursos específicos de Física Contemporânea ( na
formação de professores) deve-se fazer uma seleção de temas
atuais e seus tratamentos devem estar de acordo com o
desenvolvimento dos conceitos físicos observando-se as mudanças
mais importantes em relação à Física Clássica. A seleção de
tópicos deve ser flexível e aberta, permitindo que estas disciplinas
possam ser utilizadas periodicamente como cursos de atualização
para os professores em exercício...
3- Nas disciplinas tais como Didática, Ensino de Física,
Instrumentação para o Ensino, Prática de Ensino, etc..., incluir a
discussão das formas de desenvolver os temas de Física Moderna
e Contemporânea nos cursos de ensino médio.
4- Deve-se implementar a produção de material didático necessário
que contemple os conhecimentos dos professores secundários e
dos especialistas da Universidade, através da participação conjunta
dos mesmos.” ( Terrazan, 1994,p.7; grifo meu)
As iniciativas em nosso país nesse sentido ainda são discretas
e mesmo havendo uma tendência em atualizar nossos programas de
física no ensino médio, na prática, muito pouco tem sido realizado
(Ostermann, et alii 1998, p.7).
Por esse motivo utilizarei um trabalho referencial nesse
sentido (Terrazan, 1994) para dar um panorama das principais correntes
metodológicas internacionais na área de ensino de ciências e de física.
2.2 Abordagens metodológicas
Terrazan (1994) realizando um levantamento sobre a temática
do ensino de FMC na escola média identifica três vertentes
representativas de abordagens metodológicas para a introdução do
assunto, particularmente da Física Moderna. O autor caracteriza,
contextualiza e analisa cada uma das seguintes abordagens:
1� Explorando os Limites dos Modelos Clássicos.
40
2� Evitando Referências aos Modelos Clássicos.
3� Escolhendo Tópicos Essenciais.
A primeira proposta é defendida por Daniel Gil Pérez e Jordi
Solbes (1988;1993), do grupo de pesquisa da Universidade de Valência,
na Espanha. Apresenta-se em bases construtivistas, respeitando a
evolução histórica dos conceitos físicos.
Segundo estes autores:
“1-A introdução da Física Moderna é feita sem tomar como ponto de
partida as dificuldades insuperáveis que originaram a crise da
Física Clássica, os limites de sua validade, sem tentar mostrar as
diferenças entre a visão clássica e a moderna sobre o
comportamento da matéria.
Definitivamente, o ensino de Física Moderna é caracterizada por
uma introdução desestruturada que simplesmente justapõe (às
vezes misturando) as concepções clássicas e as modernas,
prejudicando portanto, a correta compreensão de ambas e
proporcionando uma imagem deformada (muito linear) de como se
desenvolve a ciência e da própria metodologia científica.
2-Conseqüentemente, a referida apresentação dificulta que os
alunos tenham uma mínima compreensão, nem ao menos
qualitativa, das idéias e conceitos fundamentais do novo
paradigma.
3-Cabe inclusive esperar que a referida apresentação, pela sua
própria orientação que mascara a ruptura conceitual presente na
Física Moderna, seja acompanhada da introdução pelos mesmos
textos, de erros em torno de conceitos fundamentais.” (Gil-Pérez et
alii, 1988, p.17; tradução minha)
Este grupo tem publicado vários trabalhos relatando seus
resultados de investigações sobre o ensino de Física Moderna nas
escolas espanholas.
41
Através da análise de 42 livros didáticos utilizados na Espanha
para o ensino médio, foram identificados vários erros conceituais graves
que são reforçados pelos textos. Estes erros referem-se a quatro
aspectos fundamentais da Física Moderna:
a� A relação massa-energia;
b� dualidade onda-partícula;
c� relações de inderteminação;
d� idéia de partícula elementar.
Para cada um destes aspectos os autores (ibidem, p.19)
apresentam uma constatação do erros mais freqüentes encontrados
nestes livros, relacionados a seguir:
• são comuns afirmações de possíveis transformações
massa/energia , inclusive tendo sido encontrado o mesmo
tipo de erro em textos de nível universitário americanos
(Lehrman citado por Gil Pérez et alii, 1988);
• normalmente os textos reduzem a dualidade onda-partícula
somente ao aspecto ondulatório ou somente ao corpuscular;
• freqüentemente interpreta a inderteminação quântica como
falta de precisão dos instrumentos ou como pura
aleatoriedade;
• interpretação das partículas elementares através de uma
concepção mecanicista, onde são consideradas elementos
‘últimos’, sem estrutura interna.
Terrazan (1994,p.73) ressalta que nessa análise, quase todos
os livros contribuem para uma visão distorcida dos procedimentos da
atividade científica. Fica evidenciado que na sua maioria, os textos não
fazem qualquer referência ao caráter não-linear do desenvolvimento da
física, às dificuldades que originaram a crise da Física Clássica e suas
profundas diferenças com a Física Moderna.
Gil Pérez e Solbes (1993) propõem um programa de atividades
42
para os alunos, baseadas em orientações construtivistas, como forma de
superar as dificuldades no tratamento da Física Moderna em sala de
aula. Nesse programa os alunos são incentivados a buscar soluções
frente à situações-problema, de maneira a reconstruir o conhecimento
científico e também perceberem algumas características da pesquisa
científica. A introdução ao estudo da Física Moderna basea-se em
quatro atividades:
“A.1. Rever alguns aspectos das principais contribuições (inclusive
as aplicações tecnológicas) do que é denominada Física Clássica
(isto é, a física construída, por exemplo, desde Galileo até
Maxwell).
A.2. Formar a imagem do conceito de matéria compatível com à
Física Clássica(particularmente, com relação aos conceitos
espaço,tempo, corpo e radiação.)
A.3. Reconhecer que a física é construída a partir do que é
denominado ‘senso comum da física’, que não é capaz de resolver
problemas relevantes. Reconhecer, ao mesmo tempo, que todos os
físicos que vieram antes de Galileo, não possuiam o novo
paradigma clássico.
A.4. Perceber que a Física Clássica conseguiu explicar
praticamente todos os fenômenos conhecidos, constituindo-se num
corpo coerente de conhecimento que falhou em uns poucos casos.
Enumerar alguns destes problemas.” (ibidem, p.258;tradução
minha)
Todo o programa de atividades foi aplicado para cerca de 180
alunos na faixa etária de 16 a 18 anos, e os resultados foram
comparados com aqueles alunos que foram submetidos ao ensino
tradicional, o grupo de controle. Evidenciou-se uma aprendizagem
significativamente maior do grupo experimental, onde apenas uma
pequena porcentagem não conseguiu perceber a existência de uma crise
no desenvolvimento da física do final do século 19.
43
Houve uma redução do número de alunos que não foram
capazes de estabelecer a diferença entre a Física Clássica e a Física
Moderna, assim como daqueles que mantinham a conceituação errada
da relação massa/energia ou sobre a dualidade onda-partícula.
Terrazan (1994,p.75) afirma que pensar a utilização da Física
Moderna e Contemporânea a partir dos limites da teoria da Física
Clássica pode adequar-se a nossa realidade educacional, pois
diferentemente da realidade espanhola, onde a FMC é trabalhada com
alunos do ensino médio, em nossos programas escolares não existe
esse assunto.
Como será visto no capítulo IV, o tratamento empírico que
desenvolverei, não se aprofundará nesse tipo de especificidade do
conteúdo da FMC, mas por outro lado, é de fundamental importância que
essa discussão esteja presente na intervenção junto a professores de
física, para que não se repita os mesmos erros apontados nos
resultados apresentados anteriormente.
A segunda proposta é desenvolvida por Helmut Fischler e
Michel Lichtfeldt (1992a; 1992b), da Universidade Livre de Berlim,
Alemanha. Argumentam os defensores dessa proposta que o uso de
conceitos e modelos clássicos ou semiclássicos como referência para
uma abordagem da formulação da Física Quântica interfere
negativamente na conceituação mental elaborado pelos alunos
(Terrazan, 1994), ou seja, defendem uma posição quase oposta à
anterior.
Estes autores, em linhas gerais, colocam que a aprendizagem
da Física Quântica por parte dos alunos é dificultada caso se utilize
concepções semiclássicas, tais como o modelo de Bohr e o conceito do
dualismo onda-partícula (Fischler e Lichtfeldt,1992b, p.181).
São analisados três textos didáticos ingleses, apontados como
exemplo de abordagens diferenciadas que introduzem os conceitos
quânticos, são eles: ”Understanding Physics for Advanced Level”
(Breithaupt citado por Fischler e Lichtfeldt,1992b,p.182); “Advanced
44
Physics”(Duncan citado por Fischler e Lichtfeldt,1992b, p.182); “Nuffield
Advanced Physics Course” (NAS citado por Fischler e Lichtfeldt,1992b,
p.182).
Fischler e Lichtfeldt utilizam como elemento de análise dos
textos acima, a maneira como é apresentado o modelo atômico de Bohr.
Segundo estes autores, é o texto de Breithaupt, o que mais dificulta o
entendimento dos conceitos quânticos, pois é o que mais detalha o
modelo de Bohr, inclusive relacionando o momento angular (m.v.r) de
um elétron que se move em órbita circular, com a expressão h/2π.
O texto do NAS fica numa posição intermediária, apresentando
os conceitos mais de acordo com a Física Moderna, mas por vezes
mesclando concepções clássicas com as quânticas. Por outro lado, o
texto de Duncan, utiliza apenas um único parágrafo para tratar do
modelo de Bohr. Os autores após a análise, apresentam cinco premissas
básicas para a introdução da Física Quântica no nível médio (Fischler e
Lichtfeldt,1992b, p.183-184):
I� evitar a referência à Física Clássica.
II� introduzir o estudo do efeito fotoelétrico utilizando as
características dos elétrons e não a dos fótons.
III� utilizar a interpretação estatística dos fenômenos
observados, evitando usar descrições dualistas.
IV� introduzir a relação de incerteza de Heisenberg no início
do estudo da Física Quântica.
V� Evitar trabalhar com o modelo atômico de Bohr quando
estiver utilizando o átomo de hidrogênio.
Com relação às premissas acima deve-se fazer alguns
questionamentos:
Como utilizar as características do elétrons e não as dos
fótons, sendo o efeito fotoelétrico um fenômeno tão importante na
definição da corpuscularidade da luz?
45
Como utilizar a interpretação estatística dos fenômenos sem
mencionar a interferência e medida, conceitos esses dualistas?
Como introduzir incerteza sem referência a conceitos clássicos
e/ou ondulatórios?
Mesmo não tendo a intenção de dar respostas a estas
questões, é importante que se discuta estes elementos ao trabalhar-se
assuntos da FMC no ensino médio.
Por outro lado, a partir de suas premissas , os autores
apresentam a seguinte seqüência programática para a introdução da
Física Quântica (ibidem, p184):
I� Difração de elétrons.
II� Experimento de dupla fenda.
III� Princípio de incerteza de Heisenberg.
IV� Quantização da energia para um potencial poço-
quadrado e para o átomo de Hidrogênio .
V� .Experimento de Franck-Hertz e análise espectroscópica.
VI� .Objetos quânticos de luz: fótons.
VII� .Problemas de interpretação (Causualidade na Física
Moderna, interpretação de Copenhagen, etc).
Os resultados da aplicação desse programa para alunos
secundaristas de 11 cursos de física de Berlim foram considerados
positivos se comparados com os resultados dos alunos de outros 14
cursos do grupo de controle. Os alunos do segundo grupo, incorporaram
o novo fenômeno utilizando antigas idéias mecanicistas, e os conceitos
da Física Quântica foram adquiridos apenas ao nível verbal, sendo
posteriormente abandonados.
Terrazan (1994,p.78) comenta que se deve atentar para o fato
de que o professor do nível médio de Berlim tem uma boa formação com
46
relação aos conceitos da Física Moderna e dispõe de amparo oficial,
através de treinamento em serviço, caso queiram aplicar a nova
abordagem.
Ainda segundo este autor, mesmo considerando-se que a
nossa realidade é outra, “introduzir conceitos já dentro de uma
formulação mais atualizada, desprovida de imagens presas aos
conceitos clássicos, pode parecer razoável.” (idem,ibidem)
Concordo com este autor, pois as concepções de ciência dos
professores de física em nosso país, em sua grande maioria, como
citado no capítulo I (Becker, 1993; Borges,1991) estão mais associadas
à concepções empiristas, e inserir assuntos de FMC em cursos de
formação de professores utilizando modelos semiclássicos poderia
agravar essa situação.
Finalmente, a terceira proposta, defendida por Arnold Arons
(1990), da Universidade de Washington, E.U.A, situa-se numa zona
intermediária em relação às anteriores. Mesmo respeitando a evolução
histórica dos conceitos físicos, Arons argumenta que não se pode
trabalhar todos os conceitos da Física Moderna no nível médio, sendo
suficiente trabalhar alguns conceitos como: elétrons, fótons, núcleos,
estrutura atômica e talvez os primeiros aspectos qualitativos da
relatividade (Terrazan,1994).
Do mesmo modo que Terrazan (1994), a perspectiva que
estamos adotando para o ensino de FMC no ensino médio, está de
acordo com alguns pontos desta proposta de Arons, no entanto,
destaca-se que a escolha destes tópicos essenciais pode levar a
resultados negativos.
“É uma idéia interessante, coerente, mas ao mesmo tempo
perigosa. No limite desta argumentação pode-se facilmente entrar
em defesa dos 'pré-requisitos' sem maiores críticas. Corre-se
também o risco de produzir uma programação tipo 'colcha de
retalhos' ,sem a unidade necessária (...)” (Terrazan,1994, p.81)
47
Terrazan (1996) propõe que alguns tópicos essenciais também
devem ser estabelecidos, mas de forma a constituir-se numa rede, que
estejam interrelacionados entre si e a estrutura interna da ciência física,
destacando que:
“Numa programação de um curso de física escolar, é necessário se
estabelecer um equilíbrio entre: o significado e a importância que
um conceito, modelo ou teoria científica pode assumir num contexto
escolar específico e a sua importância relativamente a sua posição
dentro do universo da ciência física.” (p.6)
Ao se caracterizar a física como área do saber interrelacionada
com outras áreas de conhecimento e com os aspectos sociais e
tecnológicos, é fundamental que se construa e compreenda um quadro
conceitual que ressalte a física como uma totalidade, ao contrário do
que vem sendo feito na maioria dos currículos atuais da física escolar,
particularmente no ensino médio, mesmo quando não se ocupam em
abordar FMC. Além disto, é necessário que a inserção desse assunto
evite a utilização de uma matemática mais complexa daquela abordada
no ensino médio.
Uma pesquisa realizada por Ostermann e Moreira (1998,
p.111) atualiza essa última abordagem, pois segundo eles:
“Este trabalho tem como objetivo aplicar a técnica Delphi (Linstone
e Turoff,1975) para investigar entre físicos, professores de física e
pesquisadores em ensino de física brasileiros, buscando o
consenso, que temas de Física Contemporânea deveriam ser
ensinados na escola média (...) não está claro que tópicos
contemporâneos deveriam ser abordados na escola média. É neste
sentido que esta pesquisa busca ser uma contribuição para o
tema.”
Os resultados dessa pesquisa demonstraram que são os
seguintes tópicos que, segundo as informações dos professores e
pesquisadores consultados, devem estar presentes numa possível
inclusão no currículo de física no ensino médio: efeito fotoelétrico, átomo
48
de Bohr, leis de conservação, radioatividade, dualidade onda-partícula,
fissão e fusão nuclear, origem do universo, raios X, metais e isolantes,
semicondutores, laser, supercondutores, partículas elementares e
relatividade restrita.
Deve-se atentar para o fato de que os tópicos acima envolvem
aspectos diferentes, por exemplo: a radioatividade é um fenômeno, o
átomo de Bohr refere-se a um modelo e a relatividade, uma teoria. Será
a forma de trabalhar didaticamente estes tópicos que determinará os
inter-relacionamentos entre fenômenos, teorias e modelos.
Utilizarei estes tópicos no capítulo IV para balizar a pesquisa
empírica desta dissertação, os quais servirão como referência para se
discutir a presença dos mesmos no material a ser analisado.
Observei em alguns trabalhos estrangeiros mais recentes, que
procuram inserir FMC no ensino médio (Lawrence, 1996; Davies, 1997;
Field,1997; Cuppari et alii, 1997; Li,1997; Sun e Lau, 1996) que essas
três abordagens são utilizadas juntas ou separadas, sem que haja uma
preocupação por parte dos autores em identificar-se com alguma delas.
Li (1996) relata em seu artigo, a história recente sobre as
mudanças no ensino de física na China, onde o autor declara que pouco
tempo de aula tem sido reservado para inserir conhecimentos
contemporâneos como maser, laser, ótica-não linear, etc. Ainda assim o
trabalho mostra através de uma tabela que no seu país, desde 1952, são
dedicadas, pelo menos oito horas de ensino de Física Atômica e Nuclear
nos cursos de física de nível médio.
2.3. Uma proposta para o ensino de FMC: Abordagem Temática:
No Brasil, algumas iniciativas pioneiras vem contribuindo para
inserir assuntos da FMC no ensino médio. Tomando-se como base os
trabalhos apresentados no XII Simpósio Nacional de Ensino de Física,
realizado em Belo Horizonte, em janeiro de 1997, pode-se constatar que
dos mais de duzentos trabalhos inscritos (entre comunicações orais e
49
painéis), pelo menos 20 se referiam diretamente ao ensino de FMC, seja
ao nível de formação de professores ou para utilização no processo de
ensino-aprendizagem.
Segundo Menezes e Hosoume (1997,p. 58):
“A necessidade de ensinar a Física Quântica, mesmo diante da
fragilidade dos conhecimentos de Física Clássica pelos alunos, leva
à conclusão de que não se deve aceitar a idéia restritiva de pré-
requisitos, que tende a julgar jovens adolescentes incapazes de
perceber a complicada lógica quântica, antes de dominarem todo o
instrumental clássico.”
O autor acima conduz o projeto para o ensino médio do Grupo
de Reelaboração do Ensino de Física (GREF), citado anteriormente (ver
item 2.1), vinculado ao Departamento de Física da USP, com mais de
dez anos de existência. Como citado anteriormente, produziu três
volumes de livros direcionados para professores de física.
Outra iniciativa que demonstra a importância que vem sendo
dada ao ensino de FMC pode ser evidenciada na publicação editada
pela Sociedade Brasileira de Física, através de um número especial da
Revista Brasileira de Ensino de Física (SBF,1997), contendo artigos de
vários autores, que tratam de assuntos da mecânica quântica. Mesmo
utilizando matemática superior, mas com uma linguagem técnica
acessível, essa publicação pode auxiliar na formação inicial ou
continuada de professores de física do ensino médio para o estudo de
conceitos atuais da mecânica quântica.
O livro Física (Delizoicov e Angotti, 1992), já citado no capítulo
I(ver item 1.4) como exemplo de uma abordagem temática, é outra
publicação dirigida para professores de física, que inclui em sua
proposta conceitos da FMC e tem sido objeto de trabalhos acadêmicos
da área de ensino de física (ver Auler, 1995; Auth, 1996; Camargo,
1996).
Utilizarei a proposta deste livro para o curso de física no
50
ensino médio, para orientar o tratamento didático do material empírico
desta dissertação, como explicitarei no capítulo IV.
A minha escolha em utilizar essa proposta justifica-se pelo fato
de que o livro contém referenciais teóricos da abordagem temática
desenvolvidos no capítulo I, em particular, os conceitos unificadores e
os momentos pedagógicos.
Além disto, a inclusão em seu programa de assuntos da FMC e
as sugestões de leituras de livros e artigos de divulgação científica se
identificam com a articulação que está sendo feita nesta dissertação. A
seguir farei uma rápida apresentação dessa publicação.
Na apresentação do livro explicita-se a clientela atendida:
alunos de licenciatura em física e professores de física do 20 grau.
Uma pergunta fundamental(inclusive já colocada no início
desta dissertação) abre a apresentação do trabalho:
“Para que serve o ensino de física no 20 grau?” (Delizoicov e
Angotti,1992, p. 13)
Ao mesmo tempo que deve atender a formação científica,
também deve aproximar-se de situações vividas pelos alunos, tanto de
ordem natural quanto de origem tecnológica, independe da possibilidade
do aluno dirigir-se para o terceiro grau ou para algum curso vinculado as
disciplinas da área das ciências naturais.
Os autores colocam que o ensino médio pode ser considerado
nível terminal de escolaridade:
“Portanto pode parecer difícil a utilização desta proposta pelos
professores que atuam com uma preocupação exclusiva em
preparar os alunos para exames vestibulares.” ( Delizoicov e
Angotti,1992;grifo dos autores)
É proposta uma temática central: Produção, distribuição e
consumo da energia elétrica, e sugerida atividades e leituras que
deverão ser "adaptadas"pelo professor, conforme o grupo alvo.
51
Os autores levantam uma outra questão quando mencionam a
utilização do livro didático:
“Esta proposta não é determinada por orientações de livros
didáticos, mas recorremos a eles com o objetivo de utilizá-los como
instrumentos que contribuem para o desenvolvimento do trabalho
docente.” ( Delizoicov e Angotti,1992, p14)
O livro propõe uma outra abordagem para o ensino de física
mas contando com a participação do professor, contendo orientações e
bibliografia que poderão subsidiar o trabalho de adaptação da proposta.
As orientações gerais( ibidem, p.17) iniciam comentando a
evolução do ensino de física desde a década de 70, e a ligação deste
trabalho com as novas tendências, colocando-se também como uma
nova abordagem seja de ensino ou de pesquisa.
A ciência física, considerada pelos autores como área de
conhecimento construída, contém elementos importantes para que o
cidadão os utilize na sua leitura e intervenção da realidade, posição
esta, presente na abordagem do tema central deste livro: Distribuição e
consumo de energia elétrica, que associados a outros temas mais
específicos realiza uma conexão entre o conhecimento em física e as
situações de relevância social, reais , concretas e vividas, e também de
sua aplicabilidade nessas ou em outras.
A ementa do programa é apresentada por meio de unidades e
tópicos específicos, cujo os desdobramentos são de responsabilidade do
professor, seguindo a posição dos autores de utilizar a participação ativa
dos mesmos, de maneira a contextualizar o curso com a realidade vivida
pelos seus estudantes.
Os pressupostos para a elaboração do programa ( ibidem,
p.22) definem a fundamentação teórica do trabalho, que pode ser
encontrada com maior aprofundamento nas teses de doutorado dos
autores (Delizoicov, 1991; Angotti, 1991), já discutidas no capítulo I
desta dissertação.
52
A apresentação do programa não se restringe à
compartimentalização das áreas da física de ensino médio, assim como
transcende a fragmentação das disciplinas de ciências naturais,
abordando diversas formas de "processos de transformação", buscando
"regularidades", conceitos esses supradisciplinares.
Define-se a característica supradisciplinar mencionada acima
através dos "conceitos unificadores", cuja outra função é a de reduzir a
fragmentação dos conteúdos e auxiliar na ligação das partes com o todo.
Os conceitos unificadores permitem uma maior
"movimentação"entre as fronteiras anteriormente estabelecidas,
presentes principalmente nos livros didáticos tradicionais.
Define-se então os quatro conceitos unificadores: processos
de transformação, ciclos e regularidades, energia e escalas.
A definição dos conceitos unificadores procurou privilegiar o
estudo dinâmico da física "que efetivamente busca uma aproximação
com a natureza na sua contínua evolução no tempo" (ver Delizoicov e
Angotti,1992, p.23).
A origem dos temas também pode ser encontrada
internamente na própria ciência e a utilização dos mesmos é pautada
por aspectos de ordem didática e curricular.
No final de cada tópico do programa são apresentadas
algumas leituras que poderão enriquecer o que foi discutido
anteriormente, estimulando os leitores a utilizarem com maior freqüência
periódicos especializados editados por grupos que possuam
credibilidade da comunidade acadêmico-científica. Dentre essas leituras
destacam-se vários artigos da revista Ciência Hoje, que na sua
maioria,constituiram a amostra do tratamento empírico dos artigos da
análise que será desenvolvido no capítulo IV.
Neste capítulo, delineei os elementos didáticos-pedagógicos
que servirão como subsídio para a avaliação do material de divulgação
científica, considerando-se suas possibilidades para uso na formação de
53
professores de física, objetivando a inserção de assuntos da FMC no
ensino médio. No próximo capítulo, serão discutidos os elementos da
área da comunicação que definem a divulgação científica e suas
características educacionais. Dessa forma procura-se estruturar
teoricamente o tratamento metodológico que será realizado no capítulo
IV.
54
CAP.III
A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E O ENSINO DE FÍSICA_________________________________________________
O termo Jornalismo Científico foi durante muito tempo
interpretado como Divulgação Científica. A veiculação de notícias sobre
fatos científicos em jornais, revistas, e outros meios de comunicação,
vem crescendo muito nas últimas décadas, da mesma forma que o
estudo e pesquisa das formas de apresentar esses fatos.
Hoje em dia existe uma quantidade considerável de material
do Jornalismo Científico5 e da Divulgação Científica, mas ainda não se
dispõe de uma quantidade expressiva de literatura atualizada que defina
teoricamente as diferenças entre essas duas modalidades de
comunicação(Hirata,1994, p.10).
Massarani(1998) em sua dissertação de mestrado, num dos
trabalhos mais recentes sobre a divulgação científica no Brasil, aborda a
questão numa perspectiva histórica. Essa autora, com larga experiência
em divulgação científica, também declara que não pretende “buscar uma
definição delimitada e restritiva”(ibidem, p11) sobre esse termo.
Mesmo não tendo como objetivo aprofundar-me nessa
questão, é necessário considerar alguns elementos que permeiam as
discussões procedentes da área da comunicação, sobre as diferença
entre o jornalismo científico e a divulgação científica. Na verdade,
busquei retirar desses debates os aspectos educacionais de ambas, a
fim de subsidiar a inserção da informação científica no espaço escolar,
na perspectiva de renovação dos conteúdos programáticos escolares.
5 Sobre esta afirmação pode-se observar o artigo de Bueno(1989, p.121-146) que contém vasta bibliografia sobre ojornalismo científico, dentre livros, artigos de revistas e jornais.
55
3.1. Algumas considerações sobre a comunicação científica
Segundo Hernandez-Cañadas (1987,p.16) o ato de comunicar
consiste nos seguintes elementos: fonte(quem comunica), mensagem(o
que se comunica), o canal(de que forma se comunica) e o receptor(para
quem se comunica).
Um caso particular da comunicação: a comunicação científica,
é definida por Garvey(citado por Hirata, 1994,p.10)através do conjunto
de atividades ligadas com a produção, disseminação e uso da
informação desde o instante em que um cientista concebe sua idéia para
a pesquisa, até que a informação sobre os resultados dessa pesquisa
seja constituída como conhecimento científico.
“Assim sendo, neste tipo de comunicação, a fonte é um
pesquisador, um cientista, um gerador do conhecimento científico; a
sua mensagem está constituída por um grupo de dados que
conformam o que chamaremos de informação científica.”
(Hernandez-Cañadas,1987, p.16)
A informação, nesse caso, pode ser transmitida através de
diversos canais, divididos em canais informais ou canais formais de
comunicação, onde os receptores podem ser outros cientistas ou
pessoas de fora da comunidade científica, por assim dizer, o público em
geral.
O autor coloca que o subsistema informal de comunicação da
ciência se inicia quando o cientista define uma idéia de pesquisa, “que
depois de amadurecida, é comunicada aos seus pares, com o intuito de
receber críticas, sugestões, principalmente no que se refere a aspectos
metodológicos, apoio e encorajamento para seguir adiante na sua
investigação”(ibidem, p.17).
Consiste numa informação de circulação restrita, direcionada a
pequenos grupos, sem regras nem padronizações, onde sua divulgação
se dá à critério do cientista. Ainda fazem parte desse subsistema, as
conversas entre pares, cartas e comunicações a conferências.
56
Segundo Braga(1974)outras formas de canais informais de
comunicação podem ser as reuniões, por exemplo, em centros de
pesquisa, onde especialistas se encontram por um período de curta
duração, constituindo um “colégio invisível”, mesma concepção do termo
empregada pelos cientistas que se reuniram para fundar em 1660, a
Royal Society.
Nesse meio, a circulação de informação é tipicamente
integrativa e avaliativa, permeada por “barreiras linguísticas,
econômicas, psicológicas e políticas.” ( ver Hernandez-Cañadas, 1987,
p.17).
Por outro lado, no subsistema de comunicação formal, a
informação é dirigida para um universo mais amplo, transmitido através
de regras e padrões de apresentação, onde seu fluxo é mais livre e
irrestrito.
Ainda segundo Hernandez-Cañadas, esse tipo de informação é
realizada através de veículos especializados, onde o artigo de periódico
constitui-se no principal canal utilizado, tais como: livros, relatórios,
monografias e pré-publicações (pré-prints).
Da mesma forma que a comunicação informal, a circulação da
informação no domínio da comunicação formal é avaliativa e integrativa,
com a existência de barreiras lingüísticas, econômicas, psicológicas e
políticas.
A fase em que o cientista elabora sua pré-publicação para
avaliação e publicação num periódico especializado é a fase que
demarca a fronteira entre os domínios informal e formal da comunicação
científica. Caso seja aceita para publicação, o seu conteúdo torna-se de
domínio público, não sendo mais o autor quem vai disseminar a
informação ali contida (Hernandez-Cañadas, 1987, p.18).
Afirma que a informação veiculada num artigo de periódico
poderá ser utilizada pelos leitores de diversas maneiras, tais como:fonte
de informação, pesquisa, catalogação e banco de dados. A pesquisa que
57
desenvolvi neste trabalho, como será visto no próximo capítulo, bem
demonstra essa afirmação.
O autor ainda coloca que com o tempo, a informação contida
no artigo transforma-se num escrito mais acurado e reavaliado, no
formato de um livro ou tratado, que de uma forma geral, define como os
resultados de uma pesquisa se convertem, gradativamente, em parte
integrante do conhecimento.
Nesse tópico, procurei delinar alguns elementos importantes
da área da comunicação para que se possa tratar dos assuntos que
abordarei a seguir.
3.1.1 A gênese do periódico científico:
Pode-se dizer que a literatura científica ocidental originou-se
na correspondência trocada entre cientistas, formando redes, que
posteriormente deram origem às academias e sociedades científicas. A
melhora no sistema postal na Europa foi um dos fatores que facilitou a
rápida difusão do conhecimento científico, tanto na forma manuscrita
quanto na impressa. A correspondência entre cientistas não era privada
e circulava entre indivíduos ou grupos interessados na leitura das
“novidades científicas”. ( Hernandez-Cañadas, 1987, p. 20)
Reis(1979, p131)comenta que:
“Antes do moderno jornalismo, qual o conhecemos com seus
periódicos populares, a informação circulava em cartas noticiosas,
não raro clandestinas e perseguidas pelas autoridades. Da matéria
dessas cartas, acrescida de novidades colhidas em outras fontes,
como atas e correspondências entre banqueiros, nasceram os
primeiros jornais, que em geral noticiavam mais o que era
estrangeiro, por menos visado pela polícia, e nada tinham da
palpitação e atualidade dos periódicos de hoje.”
Através da leitura dessas correspondências nas reuniões da
58
Royal Society, em 1665, nasceu o “Philosophical Transactions”, um dos
primeiros jornais científicos(Dick citado por Reis, 1972, p.131). Foi
somente a partir do século XIX que o periódico científico atingiu o seu
aspecto atual, ao mesmo tempo que o livro, antes principal veículo de
informação científica, passou a ter papel secundário como tal.
“A característica do moderno jornal científico, que é a publicação de
artigos originais bem documentados sobre trabalho realizado pelo
autor, só mais tarde surgiu, vencendo a resistência de numerosos
cientistas, que nessa mudança viam prática imoral quando
comparada à dignidade do livro.” (Reis, 1972, p.132)
O periódico científico surge como forma mais rápida de
disseminação das descobertas científicas, economicamente mais viável,
permitindo a publicação de trabalhos de muitos autores ao mesmo
tempo. ( Hernandez-Cañadas, 1987, p.20)
Um outro tipo de periódico surge a partir dos periódicos
científicos modernos, com a função de servir “de registro e forma de
difusão científica para a sociedade em geral.” (ibidem, p.23). Esse tipo
de periódico chamado de divulgação científica, apresenta uma forma
diferente, onde a intenção é utilizar uma linguagem mais acessível para
um público de não-especialistas, onde a sociedade, como um todo, pode
informar-se dos acontecimentos do mundo científico.
3.1.2. A democratização do conhecimento científico:
No Cap.I, desenvolvi uma argumentação onde o ensino deve
contemplar aspectos culturais, contemporâneos e que estimulem o
espírito de cidadania. Na área da comunicação científica também existe
a preocupação em colocar a sociedade a par dos acontecimentos da
ciência, como forma de ferramentar o cidadão para que participe mais
criticamente das decisões governamentais. Tanto a área educacional
quanto a área da comunicação comungam na necesssidade de inserir
novos conhecimentos para a formação de um cidadão crítico e atuante,
59
em particular, aquele pertencente a parcela da população que pôde
usufruir de alguns anos de escolarização.
Como Petrucci(1989,p.1) afirma, a maneira como o
desenvolvimento científico e tecnológico vem mudando, provoca várias
transformações e repercussões nos campos, econômico, cultural, ético,
permeando as decisões de caráter político. Essas transformações estão
presentes no dia a dia da população, seja nas relações mais próximas
ou mais distantes, inclusive no que diz respeito ao físico, afetivo,
profissional e cultural.
A autora, da área da comunicação, se aproxima das questões
levantadas nos capítulos anteriores sobre a renovação dos conteúdos
programáticos escolares, quando afirma:
“A forma e o grau de intensidade de participação da população no
processo de desenvolvimento e de transformações que vêm
ocorrendo na sociedade, assim como a possibilidade de usufruir e
de se apropriar dos resultados e avanços da ciência e tecnologia,
depende, em grande parte, do grau de informação e compreensão
que o Estado, os pesquisadores, a classe política, professores,
profissionais da comunicação, trabalhadores em geral, e demais
segmentos da sociedade tenham sobre o processo científico e
tecnológico.” (ibidem, p.1; grifo meu)
A autora comenta que a democratização do conhecimento
científico e tecnológico vem sendo cada vez mais discutido através de
documentos, congressos, seminários,etc.
Ainda assim uma pesquisa bianual realizada pela Fundação
Nacional da Ciência dos Estados Unidos, onde a pergunta sobre o
movimento relativo entre a Terra e o Sol foi respondida incorretamente
por 55% dos cidadãos entrevistados, demonstrou, como definido por
comunicadores e cientistas: “a ponta do iceberg da ignorância.”
(Lewenstein, 1995)
Barros(1998,p.76) cita a mesma pesquisa quando se refere à
60
pouca importância dada à alfabetização científica nos currículos
escolares de ciências, particularizando para a situação do nosso país.
Segundo Almeida(1984), existem três argumentos que
justificam a divulgação dos conhecimentos científicos para o público em
geral:o progresso da ciência, fatores sociais e por último, justiça.
O primeiro argumento justifica-se pelo fato de que quanto mais
pesquisadores tiverem contato com os acontecimentos de outras áreas,
maior será o intercâmbio de idéias, processo fundamental para o
desenvolvimento de novas áreas de conhecimento.
O segundo defende que problemas sociais podem ser melhor
resolvidos através da colaboração de um número maior de cientistas. O
terceiro, mais voltado para o público em geral, justifica-se pelo fato de
que o cientista que recebe dinheiro público para suas pesquisas, por
uma questão ética, deve dar o retorno em termos de informação para o
cidadão que paga impostos.
Além destes argumentos também pode-se adicionar o papel
educacional da divulgação científica(Maltus citado por Hernandez-
Cañadas, 1987). Esse fator tem um especial interesse para este
trabalho, pois articula do ponto de vista da comunicação, a inserção da
divulgação científica no espaço escolar.
Para Ziman(1979) a obrigação do pesquisador não se resume
em acrescentar volumes aos arquivos bibliográficos, mas ao contrário,
contribuir com sua pesquisa para a estruturação da ciência e transformar
a informação em conhecimento público.
Algumas controvérsias existem com relação às diferenças do
jornalismo científico e divulgação científica.
Segundo Bueno(1985), o uso indiscriminado do termo
jornalismo científico tem contribuído para “legitimar algumas imprecisões
e ambiguidades conceituais”. Este autor utiliza Pasquali(1979)para
conceituar três elementos importantes no quadro teórico do jornalismo
científico;difusão, disseminação e divulgação.
61
Pasquali afirma que a difusão e a divulgação se direcionam
para um público universal, enquanto a disseminação está mais voltada
para a comunidade de especialistas.
No entanto, esse autor exclui a utilização do termo difusão
quando se trata de comunicar informações de ciência e tecnologia em
particular, pois entende que esse tipo de informação se restringe a um
público especializado.
Para Bueno(1985) essa restrição não existe, pois considera o
termo difusão como de caráter global, que circunscreve, inclusive, os
demais termos citados. Afirma que difusão científica se refere “a todo e
qualquer processo ou recurso utilizado para veiculação de informações
científicas e tecnológicas.” (p.1421).
Bueno afirma que a difusão científica abrange periódicos
especializados, bancos de dados, os sistemas de informação acoplados
aos institutos e centros de pesquisa, serviços de bibliotecas, reuniões
científicas, as seções especializadas das publicações de caráter geral,
as páginas de jornais e revistas destinadas à ciência e tecnologia, o
cinema de caráter científico, incluindo também os chamados colégios
invisíveis.
Este autor coloca que o conceito de difusão científica, visto
dessa forma, incorpora a divulgação científica a disseminação científica
e o próprio jornalismo científico, e pode dividir-se em dois
momentos:difusão para especialistas e difusão para o público em geral.
De outra forma, o conceito de disseminação da ciência e
tecnologia pressupõe a transferência de informações, transcritas através
de códigos especializados, a um público formado por especialistas e
também possui doís níveis.
O primeiro é a disseminação entre pares, ou seja, entre
especialistas da mesma área do conhecimento ou áreas afins, possuindo
duas características:o público ao qual se dirige é especializado, com um
conteúdo específico e com um código fechado em relação a informação
62
transferida. Revistas de geologia, física ou ortodontia são exemplos de
veículos desse nível de disseminação
O segundo nível, é a disseminação extrapares, ou seja, para
especialistas fora da área de conhecimento do objeto da disseminação.
Diferencia-se do primeiro por seu código em que a informação é
transferida, embora fechado, tenha a possibilidade de tradução. Tem-se
ainda, nesse caso, um público especializado, embora não
necessariamente naquele domínio específico. Uma revista de economia
política ou de ciências sociais poderia ser um exemplo, pois pode ser
lida por diferentes especialistas, e não obrigatoriamente por
economistas, cientistas políticos ou sociólogos(Bueno,1985,p.1421).
Assim sendo, o conteúdo dessas publicações contribui para
que haja interesse por parte dos diferentes especialistas. Também deve-
se considerar as situações onde são disseminadas, intencionalmente,
informações especializadas, para uma audiência também especializada.
Como exemplo dessa situação, pode-se considerar um curso de
homeopatia para médicos alopatas.
O autor explica que nestes dois níveis não se pode falar em
difusão para o público em geral, visto que o código, o conteúdo e mesmo
o próprio ambiente em se efetiva a disseminação eliminam, a princípio,
os não especialistas.
Já a divulgação científica, segundo Bueno, muitas vezes
denominada de popularização ou vulgarização científica, abarca a
utilização de recursos, técnicas e processos para veicular as
informações da ciência e tecnologia para o público não especialista.
Segundo Pasquali citado por Bueno(1985):
“(...) entende-se por divulgação o envio de mensagens elaboradas,
mediante a recodificação de linguagens críticas a linguagem
omnicompreensíveis, à totalidade do público receptor
disponível.”(p.1421)
Mas Bueno ressalta que a divulgação não utilize como canal
63
de comunicação, apenas a imprensa:
"É importante frisar que a divulgação científica não se restringe ao
campo da imprensa. Inclui os jornais e revistas, mas também os
livros didáticos, as aulas de ciências do 20 grau, os cursos de
extensão para não especialistas, as estórias em quadrinhos, os
suplementos infantis, muitos dos folhetos utilizados na prática de
extensão rural ou em campanhas de educação voltadas, por
exemplo, para as áreas de higiene e saúde, os fascículos:
produzidos por grandes editoras, documentários, programas
especiais de rádio e televisão,etc." (p.1422;grifo meu)
O grifo acima ressalta mais uma indicação que vem orientando
este trabalho no sentido da utilização do material da divulgação
científica no âmbito escolar.
Por outro lado, Castilho(1997, p.5), baseada em pesquisas
realizadas nos conteúdos de um número significativo de livros didáticos
de ciências naturais, chama a atenção para o fato de que muitos desses
materiais veiculam uma visão distorcida da ciência, da tecnologia e de
quem a produz, apresentando o conhecimento como acabado,
determinista, descontextualizado e desatualizado.
Para Santos(citado por Bueno,1985, p.1422), a distinção entre
o jornalismo científico e a divulgação científica está no objetivo do
comunicador da mensagem, afirmação com a qual Bueno(1985,
p.1422)discorda, pois acredita que na prática o que define a diferença
entre um e outro são as caracterísiticas específicas do código utilizado e
da formação do profissional encarregado da comunicação.
José Reis, divulgador pioneiro em nosso país6, utiliza ambos
os termos de forma indiscriminada:
“Por divulgação entende-se aqui o trabalho de comunicar ao
6 Uma descrição panorâmica da contribuição deste autor pode ser encontrada no artigo de autoria do mesmo:”OCaminho de um Divulgador” (Reis, 1982, p.800-816). Dentre outros prêmios devido as contribuições deste autorpara a divulgação científica no país, foi instituído pelo CNPq, em 1978(PETRUCCI,1989,p.04), o prêmio que levao seu nome, voltado para iniciativas desta natureza
64
público, em linguagem acessível, os fatos e princípios da ciência,
dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos
jornalisticamente relevantes como motivação para explicar os
princípios científicos, os métodos de ação dos cientistas e a
evolução das idéias científicas.” (Reis citado por Bueno 1985,
p.1422)
Reis sempre ressaltou o papel educacional da divulgação
científica:
“Há muito chegamos à convicção de que a ciência, em nosso país
custeada quase que exclusivamente pelos cofres públicos, requer,
para o apoio que merece, a compreensão da comunidade. Mas
esse entendimento não se consegue, ao contrário do que parecem
imaginar muitos cientistas, pela mera exaltação dos méritos da
ciência; atinge-se pela paciente educação do povo a respeito do
que ela faz e das implicações e suas conquistas (...) É indiscutível,
ao menos em nosso meio, o relevante papel que os cientistas têm
tido na adoção de melhores métodos de ensino das ciências e, e
por extensão, do ensino em geral.” (Reis, 1974, p.657)
Esses pronunciamentos desse importante divulgador, feitas
ainda na década de 70, em muito se identificam com as argumentações
feitas nos capítulos anteriores sobre a importância de inserir os
conhecimentos científicos contemporâneos no ensino, como forma de
preparar o estudante para exercer a sua cidadania.
Por outro lado, como argumentado por Bueno (1985, p.1421),
“o rigor conceitual obriga-nos a distinguir jornalismo científico da
divulgação científica”. O primeiro, definido através da estrutura
conceitual do jornalismo em geral, deve apresentar as seguintes
características: atualidade, universalidade, periodicidade e difusão.
“Na prática, isso significa dizer que ele (o jornalismo científico) se
define:pela atualidade, ocupando-se de fatos (eventos e
descobertas)ou pessoas (cientistas,tecnólogos, pesquisadores) que
estejam direta ou indiretamente relacionados com o momento
65
presente;pela universalidade, abrigando os diferentes ramos do
conhecimento científico; pela periodicidade, mantendo o ritmo das
publicações ou matérias, certamente antes em conformidade com o
desenvolvimento peculiar da ciência do que com o próprio ritmo de
edição dos veículos jornalísticos(oportunidade, segundo Groth); e
pela difusão, o que pressupõe a sua circulação pela coletividade.”
(Groth citado por Bueno,1985, p.1421)
Mello(1983, p.24) conceitua o jornalismo científico como
“processo social que se articula a partir da relação ( periódica/oportuna )
entre organizações formais ( editoras/emissoras ) e coletividade
(públicos/receptores) através de canais de difusão
(jornal/revista/rádio/televisão/cinema ) que asseguram a transmissão de
informações (atuais) de natureza científica e tecnológica em função de
interesses e expectativas (universos culturais ou ideológicos).”
Sem querer prolongar-me neste debate, em linhas gerais,
pode-se definir o jornalismo científico por meio de seis funções
básicas:informativa, educativa, social, cultural, econômica e político
ideológica(Bueno,1985). Dessas, obviamente, a que mais interessa para
esse trabalho é a função educativa.
Segundo Bueno, a função educativa tem merecido maior
atenção de estudiosos e profissionais da área. Acuña ( citado por
Bueno, 1985, p.1424) ressalta que o jornalismo científico tem um
componente educativo importante ao discutir a ética científica, podendo
servir para fundamentar idéias e condutas da coletividade. Ainda afirma
que aumenta a responsabilidade do jornalista no papel de educador,
caso emita a crítica ou o simples comentário da informação que está
veiculando.
Calvo Hermano(citado por Bueno, 1985, p.1425) afirma que as
atividades de vulgarização científica e do ensino são complementares,
mas com a diferença de que na última o processo de
“realimentação”está sempre presente. Bueno (ibidem) discorda dessa
posição citando Paulo Freire quando denuncia que a relação professor-
66
aluno nem sempre é dialógica, por isso, ausente de uma plena
realimentação.
Mas o jornalismo científico como prática educativa apresenta
problemas tais como:reducionismo da informação, ausência de uma
mensagem didática e positiva, falta de rigor científico, tendência ao
sensacionalismo e falta de fontes seguras de informação.
De uma forma geral, Mello (1982,p.19) argumenta que o
“jornalismo contemporâneo tem uma ideologia própria, que se manifesta
através de duas características básicas: sensacionalismo(para vender a
notícia é preciso despertar as emoções do público consumidor) e a
atomização (o real é percebido não em sua totalidade, mas em seus
fragmentos:política, economia, esporte, ciência, etc).”
Talvez aí esteja uma das características marcantes que
diferenciam a divulgação científica do jornalismo científico. A primeira
pode conter características como as relacionadas acima, mas a sua
periodicidade e seu público leitor fazem a diferença no objetivo da
informação.
Outra questão importante a se destacar refere-se a atividade
de divulgação científica realizada por um profissional não especializado,
como destacado por Freire-Maia (1990,p.211):
“O mais grave problema da divulgação científica pela imprensa é
decorrente, no entanto, dos jornalistas não especializados. As
notícias são divulgadas sem uma apreciação crítica e sem
avaliação correta de todos os aspectos envolvidos.”
Epstein (1997,p.22-39) cita um caso sobre os efeitos negativos
da publicação prematura de uma notícia da área médica, iniciada por um
periódico científico internacional e depois seguida por vários outros,
inclusive por um jornal nacional de larga circulação. As questões
levantadas por ele como:”O que faz com que um tema latente emerja
subitamente na mídia de divulgação científica?” (...)” Quais as vantagens
e desvantagens para o público num sentido geral, em se divulgar temas
67
de saúde ainda controversos?”, implicam numa discussão que foge aos
objetivos deste trabalho, mas serve como subsídio para avaliar-se a
qualidade da informação científica veiculada por um periódico de
divulgação científica.
Certamente que um profissional da área de comunicação não
pode dominar todos os conhecimentos científicos dos artigos que
publica, da mesma forma que o profissional da área da ciência e
tecnologia não pode dominar as especificidades da comunicação para
um público em geral. Necessário se faz então que haja uma ação
conjunta entre ambos profissionais, e essa é mais uma “pista”para
definir o perfil editorial de um periódico de divulgação científica que
veicule informação de qualidade.
Por último cabe ressaltar que neste capítulo,toda a discussão
que realizei aborda um veículo de informação; o texto impresso em
papel, que não é o único, e muito menos o “predileto”dos jovens da
atualidade como colocado por Kawamura (1998,p.87). A autora
referindo-se ao impacto das novas linguagens tecnológicas na
sociedade atual, em particular no âmbito escolar, comenta:
“Faz parte da política editorial de vários jornais de circulação diária,
no resto do mundo e no Brasil, o aumento da utilização de imagens
e de textos breves, com a concomitante diminuição de escritos mais
longos e, em geral, mais profundos.” (idem,ibidem)
Pode parecer que está faltando uma discussão mais
abrangente, pelo fato de que a divulgação científica na atualidade não
se resumir na informação impressa, mas por outro lado, deve-se
considerar que as informações contidas nos novos meios de
comunicação serão “alimentadas” por aquelas contidas nos meios
tradicionais.
“Sabemos que a escrita e a literatura têm espaço garantido na vida
cultural futura e serão incorporadas a novas formas de expressão,
da mesma forma que a oralidade sobrevive até hoje. Da mesma
forma como o vídeo não significou o fim do cinema, nem a
68
fotografia o fim da pintura.” (ibidem,p.100)
Consoante com Kawamura(1998), destaco:
“Com certeza, como viajantes do mesmo barco, falta-nos
perspectiva histórica para compreendermos as mudanças que estão
em curso. Mas com mais certeza ainda, o que não podemos é
ignorar essas mudanças.” (idem;101)
De certa forma, o papel das novas tecnologias estão inseridas
neste trabalho, pois no capítulo IV será mostrado como um Banco de
Dados foi de fundamental importância na análise dos dados empíricos
constantes da pesquisa, demonstrando suas possibilidades de utilização
por parte de professores do ensino médio.
Após as discussões destes últimos itens pode-se concluir que
na perspectiva adotada nesta pesquisa, ou seja, formação de
professores de física, é na veiculação da informação científica através
dos artigos da divulgação científica que se encontra elementos da área
da comunicação com maiores possibilidades de uma utilização
pedagógica. Mesmo que o jornalismo científico, como colocado
anteriormente, possua sua função educativa, outras características mais
ligadas ao jornalismo em geral(o sensacionalismo por exemplo),
diminuem a possibilidade de utilização dos seus artigos para o
tratamento aqui pretendido.
A seguir será traçado um pouco da história e do perfil de uma
revista de divulgação científica, em particular, utilizando-se das
discussões anteriores para justificar a sua utilização como objeto de
estudo desta dissertação.
69
3.2 A SBPC e a Revista Ciência Hoje
Neste tópico apresento um rápido histórico da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência(SPBC) e da criação de um de
seus veículos de divulgação:a revista Ciência Hoje. Procuro assim,
justificar a utilização dessa revista como objeto de análise deste
trabalho, já que hoje conta-se com outras publicações nacionais que
procuram divulgar o conhecimento científico contemporâneo.
A SBPC surge num momento crítico da vida nacional. Adhemar
de Barros após ser eleito governador de São Paulo em janeiro de 1947,
retira preciosos recursos financeiros das universidades e instituições de
pesquisa paulistas (Carvalho,1998, p.19 ). Essa atitude provoca
indignação de muitos cientistas que convencidos da importância de
associações como a Royal Society e a Associação Americana para o
Avanço da Ciência(AAAC), decidem partir para a criação de uma
sociedade nacional para “defesa da ciência no Brasil.”(idem,ibidem)
Segundo Videira(1998, p.22), a“década de quarenta é singular
para nosso país”, marca o fim do Primeiro Governo Vargas, em 1945,
coincidindo com a queda de outros regimes totalitários de países
europeus. Durante a década de 30 criam-se e reformulam-se
importantes instituições de pesquisa e ensino no país, tais como:a
Universidade do Distrito Federal ,criada em 1935, a Universidade de São
Paulo, criada em 1934 e o Instituto Oswaldo Cruz, que é reestruturado
na segunda metade da década. Por outro lado, somente na década de
40 é que se consolida o que foi criado até aquela época.
Ainda segundo Videira(ibidem, p.24), nesse período
contribuiram para tornar uma época singular no desenvolvimento da
ciência no país,o número de cientistas, brasileiros e estrangeiros que
trabalhavam aqui. Um dos principais periódicos científicos brasileiros, os
Anais da Academia Brasileira de Ciências, passava a ser publicado
regularmente, caracterizando a atividade científica profissional.
Um grupo de cientistas, inclusive, Maurício Rocha e Silva, que
70
recém havia descoberto a bradicinina7 , reúnem-se no dia 8 de junho de
1948 no Instituto Biológico para discutir o estatuto da sociedade e eleger
“os membros que cuidariam da sua elaboração:Jorge Americano, José
Reis, Paulo Sawaya, José Ribeiro do Valle, Gastão Rosenfeld e Rocha e
Silva. ‘Esse dia marca o início da SBPC’, considerava Rocha e
Silva.”(Carvalho,1998,p.19)
Depois de um mês , após várias reuniões um grupo bem maior,
no prédio da Asssociação Paulista de Medicina, assina a ata de
fundação da SBPC. Em outubro de 1949, realiza-se em Campinas,a
primeira reunião anual da Sociedade e em abril, ocorre o lançamento do
primeiro número da revista Ciência e Cultura, publicação científica da
SBPC, mais voltado para a disseminação científica, até hoje em
circulação. A partir deste período em diante, com reuniões anuais
realizadas em várias regiões do país, a Sociedade passou a crescer não
só numericamente, ganhando credibilidade tanto no âmbito científico,
quanto no político.
Segundo o farmacologista Sérgio Henrique Ferreira, atual
presidente da Sociedade:
“A política de ciência no país, a partir dos anos 50, esteve voltada
para a formação de pessoal, para a estruturação da pós-graduação
no país, através de um modelo que , inclusive, se mostrou muito
produtivo, e a SBPC teve papel fundamental nesse processo. Mas
ela não se limitou a atuar apenas nesse campo, pois sempre teve
claro que falar de desenvolvimento científico de um país envolve
também falar de ensino em todos os níveis - do primário à pós-
graduação; estimular e fortalecer as sociedades científicas e
difundir o conhecimento científico. A existência da SBPC é um
estímulo, uma presença no país, porque nestes 50 anos alcançou
credibilidade.”(Szklo e Ivanissevich, 1998, p.9)
7 A descoberta da bradicinina, em 1948, é um dos orgulhos da produção científica nacional.Esta substância,pesquisada até hoje, está presente na base do desenvolvimento dos medicamentos anti-hipertensivos, e ironicamente,é importada pelo nosso país.(CARVALHO E ESTRADA,1998, p.37).A descoberta desta substância e a SBPC sãoconsideradas irmãs gêmeas, comemorando juntas o seu aniversário(CARVALHO, p.19)
71
A SBPC desde sua criação vem sofrendo várias reformulações,
e além de ter sido a incubadora de outras sociedades científicas
nacionais, lutou pela criação do Conselho Nacional de Pesquisa(CNPq),
das FAPs(fundações de amparo à pesquisa) e do Ministério da Ciência e
Tecnologia, auxiliando no crescimento e diferenciação da ciência
brasileira.(idem,ibidem)
Atualmente suas reuniões anuais contam com a participação
de cerca de 70 sociedades e associações científicas de diversas áreas,
onde:
“(...)professores e estudantes discutem seus programas de
pesquisa. Temas e problemas nacionais e regionais são debatidos
com participação franqueada ao público em geral. Através de suas
secretarias regionais promove simpósios, encontros e iniciativas de
difusão científica ao longo de todo o ano. Mantém ainda quatro
projetos nacionais de publicação:a revista Ciência e Cultura(1948)
e a revista Ciência Hoje(1982),que se destinam a públicos
diferenciados, o Jornal da Ciência Hoje (1986) e a revista Ciência
Hoje das Crianças (1986). ” (SBPC,1998.p.87)
Dentre essas publicações, a revista Ciência Hoje(CH), por
estar mais voltada para a divulgação científica, será mais explorada
neste trabalho.
Antes de ser apresentada em 7 de julho de 1982, na abertura
da 34a Reunião Anual da SBPC, realizada em Campinas, muitas
articulações foram realizadas para que isto acontecesse. Segundo
Alberto Passos Guimarães Filho, editor-fundador e atual membro do
Conselho Diretor da revista:
“As condições que propiciaram o surgimento da revista Ciência
Hoje se relacionam intimamente ao processo que fez da SBPC a
maior sociedade científica do país (...) Em 1978, Roberto Lent
redige uma proposta para a criação de uma revista brasileira de
divulgação científica, a partir de uma discussão que tivemos.(...)
Depois de longas discussões, o nome Ciência Hoje é escolhido
72
para o projeto. Em fins de 1978, as discussões do grupo conduzem
ao texto “Ciência Hoje - uma revista de difusão científica”,
amplamente distribuído para a comunidade científica. (...) Por
quase três anos, o projeto praticamente não avança, até que, em
maio de 1980, a diretoria da SBPC decide formar uma comissão
para estudar a criação de uma revista de divulgação científica. José
Goldemberg, então presidente da sociedade, convida Darcy
Fontoura de Almeida, José Reis, Henrique Krieger e Alberto Passos
Guimarães Filho para formar a comissão. (...) No início de 1982,
finalmente, surgem as condições necessárias à realização do
projeto.” (Guimarães Filho, 1992, p.40-41)
Através do finaciamento do CNPq, Finep e da própria SBPC, a
revista teve como editores fundadores:Roberto Lent, Alberto Passos
Guimarães Filho, Darcy Fontoura de Almeida e Ennio Candotti, e um
conselho editorial com nomes de vários estados .(idem, ibidem).
Em seu editorial de apresentação declara que:
“Tem a intenção de manter aberto um canal de comunicação direta
entre a comunidade científica e o público leitor...” (SBPC,1982,p.6)
O primeiro número teve uma tiragem de 15 mil exemplares,
mas precisou ser reeditado devido a inesperada venda nas bancas de
revista. Seis meses após o seu lançamento já tinha quatro mil
assinantes e no final de 1982, recebe menção honrosa do prêmio José
Reis, faturando o mesmo no ano seguinte. Em março de 1987, a partir
do número 29, passa a ter publicação mensal. ( Weingrill, C.et
alii,1992,p.38)
A partir de sua publicação surgem o Jornal da Ciência Hoje e o
encarte infantil, Ciência Hoje das Crianças, destinado ao público
infantil,editado no número 27 da revista , tornando-se mais tarde uma
publicação independente, inédita em termos nacionais e internacionais.
Ao longo se sua existência a CH editou números especiais tais
como:Caos e o Meio Ambiente, Amazônia, Nordeste,etc. Também foram
publicados volumes especiais,tais como:Amazônia e Eco-Brasil. (idem.
73
ibidem.)
Na verdade essa revista faz parte de um grande projeto onde
inclui-se o Informe Ciência Hoje,o Jornal Ciência Hoje, a revista Ciência
Hoje das Crianças , o BBS(Bulletin Board System), CD-rom's,o Ciência
Hoje on line, a publicação direcionada à professores Ciência Hoje na
Escola.(Massarani,1997)
A essa família acima veio juntar-se o suplemento Technologia,
que aborda a produção tecnológica nacional e mais recentemente, na
revista CH de número 140, foi lançada uma nova publicação,”o número
zero do suplemento especial Explora!, dedicado a estudantes e
professores de ensino médio que gostam de aprender juntos através de
experiências” (SBPC,1998,p.1).
O primeiro número da revista CH, além dos artigos, continha
as seções: Tome Ciência, Tecnologia, Documento, Humor, Resenhas de
leitura, Perfil e É bom saber. Atualmente, impulsionada por uma nova
concepção, segundo editorial da revista no140(julho de 1998),declara
que:
“ (...) em seus 16 anos de vida, Ciência Hoje jamais inovou tanto de
uma vez só (...) Esta edição é mais que especial para a equipe que
faz a revista. É especial porque ela inaugura um projeto gráfico
arrojado, calcado em mudanças na linha editorial que vêm
acontecendo ao longo do último ano (...) Sem perder o rigor e a
qualidade científica de seus artigos, Ciência Hoje tem procurado
atingir um público cada vez mais amplo, adotando uma linguagem
mais simples e didática (...) E agora presenteia o leitor com um
projeto gráfico moderno, ágil e elegante, para facilitar a leitura da
revista e tornar suas páginas ainda mais bonitas.”
(SBPC,1998,p.1;grifo meu)
As seções da revista sofreram várias mudanças ao longo do
tempo,mas pode-se citar características de algumas delas8:
8 Será tomado como referência a revista CH de n.119, de abril de 1996.
74
A seção ‘Cartas’ procura ser o canal de conversação com o
leitor, onde são feitas inclusive correções de artigos anteriores; ‘Um
Mundo de Ciência’ constitui-se em artigos curtos sobre várias áreas da
ciência, que podem ser tomados de periódicos científicos nacionais ou
internacionais;’Entrevista’, como o própio nome já diz, procura
entrevistar personalidades reconhecidas da comunidade científica
nacional e internacional;’Perfil’ apresenta histórico e produção científica
de importantes cientistas; ‘Resenha’ apresenta livros de autores
reconhecidos que tratam de assuntos das mais diversas áreas do
conhecimento científico. Outras seções tais como ‘É Bom Saber’,
‘Ciência em Dia’, seguem as mesmas características da seção ‘Um
Mundo de Ciência’, mas tratando de aspectos diferentes da produção
científica atual.
O rigor e a qualidade científica dos artigos são características
que justificam a utilização dessa revista como objeto de estudo...e não
foram descobertas por acaso. O Grupo de Estudo e Pesquisa em Ensino
de Ciências Naturais de Santa Catarina (GEPECISC), ligado ao
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa
Catarina, a exemplo de outros grupos (Sousa et alii,s/d), tem se
debruçado sobre as possibilidades didáticas dos materiais de divulgação
científica, em particular, a revista Ciência Hoje das Crianças(doravante
CHC).
A escolha do GEPECISC em trabalhar inicialmente com essa
publicação, justifica-se pelo seu caráter multidisciplinar e público, com
assuntos relativos às ciências humanas, exatas, biológicas, cultura geral
e popular, onde suas matérias são escritas por autores reconhecidos
pela comunidade acadêmica, interessados em divulgar ciência. Dentre
outras atividades, o GEPECISC (1996) elaborou um Banco de Dados,
atualmente com mais de 500 artigos da CHC,de modo a subsidiar as
atividades de formação de professores e o uso didático dos artigos.
Por outro lado, tendo participado das atividades do GEPECISC
durante a realização das disciplinas do mestrado, observei que as
75
características da CHC eram a “herança”da revista CH, como deveria de
ser. Junta-se a essas características o histórico citado anteriormente,
qualificando ainda mais essa publicação para uma pesquisa acadêmica.
Mais especificamente com relação a área de ensino de física
pode-se citar que a revista CH, segundo um levantamento inicial no
Banco de Dados Fisbit(Salém e Kawamura, 1996b), contendo artigos de
divulgação científica relacionados com a física, apresenta 199 de um
total de 291 registros, somente dessa revista, que se relacionam com a
Física Moderna e Contemporânea. A pesquisa empírica apresentada no
capítulo IV será baseada neste levantamento.
Este item demonstrou que a revista CH apresenta
características tais como qualidade, rigor e procedência acadêmica das
informações veiculadas. Todos os artigos, com raras exceções, são de
autores reconhecidos pela comunidade acadêmica nacional e
internacional, o que diferencia essa publicação das outras publicações
existentes no mercado.
Não se pretende invalidar a utilização de outras publicações de
divulgação científica, ao contrário, este trabalho pode definir parâmetros
para a utilização de qualquer material de divulgação científica, em
particular, para a renovação dos conteúdos programáticos escolares.
A escolha inicial por utilizar a publicação da SBPC, em
síntese, justifica-se pelo seu perfil acadêmico e tradição junto à história
cultural recente de nosso país.
3.3 A divulgação científica e a divulgação científica escolar:
Cabe aqui diferenciar a divulgação científica como tal e a
divulgação científica para professores de física. Enquanto no primeiro
caso fala-se do público em geral que necessariamente não domina
conceitos técnico-científicos, no segundo, ao contrário, lida-se com uma
clientela cuja área de atuação possibilita uma outra leitura dos artigos da
revista CH.
76
Mesmo não sendo considerados como uma comunidade de
especialistas das áreas de conhecimentos abordadas nos artigos,
caracterizando uma disseminação científica, por outro lado, também não
se pode dizer que um professor ou futuro professor de física é um
público em geral.
Além de possuir um maior conhecimento de termos técnicos
presentes nestes artigos, a sua leitura é carregada de uma
intencionalidade pedagógica, ou seja, a leitura pode subsidiar o aumento
do seu universo de conhecimento da física escolar articulado com a
estrutura interna da ciência física.
Nesse caso, o material de divulgação científica possibilita uma
intervenção didático-pedagógica na formação de professores, aqui
particularizada pela inserção curricular da FMC no ensino médio.
Além disto, o uso de material de divulgação científica justifica-
se,em parte, devido ao fato de que a maioria dos livros didáticos9
atualmente existentes no mercado não atendem a função de desenvolver
a FMC no ensino médio de forma sistemática e atualizada(Santos et
alii,1996, p.1;Garcia Molina e Abril,1997, p.74)
Terrazan(1994) ainda que numa rápida análise, confirma essa
situação, ressalvando que o livro Curso de Física (Luz e Álvares, 1993),
dos autores Beatriz Alvarenga e Antônio Máximo, que dentre outras
qualidades, procura inserir conceitos contemporâneos.
Por outro lado, é crescente a argumentação segundo a qual:
"Não é necessário um levantamento minucioso para constatar que
está havendo uma crescente preocupação com a difusão de
conhecimentos científicos para um público amplo e
diversificado...Como ficam a escola, o ensino formal de ciências e
da física nesse contexto? Que respostas têm sido dadas, no espaço
9 A poucos dias de encerrar a revisão desta dissertação tive a oportunidade de conhecer a sexta edição do livro textode física para o ensino médio do autor PARANÁ(1997), publicado pela editora Ática, que numa visão geral, inserede forma sistemática vários elementos da História da Ciência, Física do cotidiano, FMC, CTS, etc.Mesmo estandovinculada ao programa tradicional de física, esta obra apresenta uma característica inovadora em relação a outroslivros texto.
77
escolar, para essa demanda?"(Salém e Kawamura,1996c,p.17)
Propõe-se, então, a abertura de um canal de comunicação com
outros agentes: aqueles representados pela divulgação científica
(Bueno,1985).
Nesse campo de debates pode-se encontrar dois autores que
foram utilizados no capítulo I, os quais defendem a apropriação dos
conteúdos culturais no âmbito escolar. Zanetic(1998) utiliza textos
literários de escritores e cientistas para estabelecer a relação entre a
literatura e a cultura científica, onde se referencia no trabalho de
Snyders(1993), que por sua vez desenvolve uma discussão da inserção
dos conteúdos culturais na escola através da análise de obras literárias
universais.
Mesmo tratando-se de textos literários, em última análise,
indicam necessidades de buscar-se outros canais de comunicação entre
conhecimento científico e conhecimento escolar, numa perspectiva
cultural.
Num outro trabalho, voltado para utilização de textos de livros
de divulgação científica no ensino de física,Almeida e Silva também
ressaltam o seu aspecto cultural :
“(...) como o contato do estudante com a ciência fora da escola se
entrelaça com a ciência escolar?Qual o papel da leitura nesse
entrelaçamento?De que maneira o hábito de leitura de livros
didáticos determina novas leituras?
O texto de divulgação científica assume um papel importante na
tentativa de se responder essas questões (...) É um texto que pode
fazer parte do nosso universo cultural de leitura juntamente com
romances, contos, poesias, jornais e revistas (...)” (1998,p.73)
Fica claro aqui que a utilização da divulgação científica está de
acordo com a fundamentação teórica que permeia este trabalho, como
explicitado nos dois primeiros capítulos.
Almeida(idem,1998, p.55) afirma que é considerável a
78
bibliografia sobre pesquisas que associam questões de linguagem,
leitura, escrita e educação em ciências. Mas a perspectiva desta
dissertação está mais voltada para possibilidades pedagógicas dos
textos de divulgação científica, portanto neste momento não será
aprofundado uma discussão nos aspectos linguísticos desses materiais.
Kawamura e Salém(1998) realizaram uma pesquisa onde
procuraram determinar um referencial de análise do material de
divulgação, tentando explicitar potencialidades ou identificar limitações
para a sua utilização em sala de aula. Este trabalho se aproxima muito
do que aqui vem sendo desenvolvido, pois segundo as autoras:
”Não se pretendeu apontar materiais bons ou limitados, mas
essencialmente explicitar os elementos que possibilitem a um
professor a caracterização e seleção de diferentes tipos de
materiais segundo seus própios objetivos.” (ibidem, p.217)
Contudo, as mesmas autoras em outro trabalho(idem,1996),
argumentam que os textos de divulgação científica devem ser inseridos
no espaço escolar, mas de forma diferente da apresentação fria e
desinteressante dos conteúdos tradicionais. Assim, Almeida(1998,p.54)
também destaca que o simples uso ou substituição de textos de um tipo
por outros de natureza diferenciada pode não mudar a qualidade da
atividade pedagógica.
“Um texto com características totalmente divergente das do manual
didático pode ser trabalhado pelo professor e visto pelo estudante
segundo os mesmos“ hábitos de leitura”, que um e outro foram
construindo em anos de escolarização.” (idem,ibidem)
Essa discussão é fundamental, pois determina uma hipótese
deste trabalho:a utilização do material de divulgação para a inserção de
assuntos da FMC nos cursos de formação de professores de física,
implica em que a atividade pedagógica esteja permeada por uma
abordagem não tradicional, aqui representada pela abordagem temática.
Por outro lado, num estudo realizado por Salém e
79
Kawamura(1996c) relativamente aos livros de divulgação científica, onde
vários desses livros foram analisados como meios a serem utilizados no
espaço escolar, destacam-se as seguintes limitações:
"Não são operacionais, falta formalizar, não estão estruturados para
uso em sala de aula;são, muitas vezes abertos demais, com textos
longos e linguagem sofisticada. Tornam difícil a avaliação do
aprendizado. Enfim,não são didáticos. “ (p.7;grifo do autor)
Ao considerá-los, portanto, como material com potencial para
auxiliar, de algum modo, no ensino de ciências naturais, de física
particularmente, uma necessária adaptação se faz necessária.
De modo semelhante pode-se constatar que artigos de revistas
de divulgação científica também têm limitações para uso didático em
sala de aula, uma vez que não foram produzidos e editados com essa
finalidade.
A seguir será apresentada uma proposta que procura dar
subsídios para uma estruturação didática do material de divulgação
científica, em particular, dos artigos da revista CH relacionados à FMC.
Esta busca por uma leitura pedagógica dos materiais de divulgação
científica, mais voltada para o ensino de ciências do que para um
público em geral,estabelece portanto o que se pode chamar uma
‘divulgação científica escolar’, ambas modalidades voltadas para a
formação sócio-político-cultural do cidadão.
3.4 A transposição didática
Uma forma de inserir o material de divulgação científica no
contexto escolar pode ser articulada através do trabalho de
80
Castilho(1997), onde utiliza elementos da transposição didática para dar
subsídios teóricos à utilização didática desses materiais.
O conceito de transposição didática foi desenvolvido pelo
sociólogo Michel Verret em 1975 e posteriormente utilizado no campo da
matemática, por Yves Chevallard, em 1985, repercutindo posteriormente
no meio dos pesquisadores de didática das ciências de áreas como
biologia, física, química, entre outras(ibidem,p9).
O subtítulo do trabalho de Chevallard,”Do saber sábio ao saber
ensinado”(no original”Du savoir savant au savoir enseigné”), trata dos
círculos do saber. Segundo este autor alguns conteúdos do saber
científico destinado a ser trabalhado na escola, podem sofrer um
conjunto de transformações que o tornam apto a compor o conjunto dos
objetos a serem ensinados. Para este autor existem três tipos de
saberes:
O”savoir savant”ou saber sábio(saberes produzidos pela
comunidade científica, dentro de seus estatutos e critérios
compartilhados);o “savoir a enseigner”ou saber a ensinar(saberes
produzidos pelos autores de livros didáticos, especialistas da disciplina,
porfessores e opinião pública) e o “savoir enseigné”ou saber ensinado(o
saber que realmente é ensinado na sala de aula.
O processo para que um objeto do saber se transforme em
objeto de ensino, num sentido mais amplo, é denominado de
transposição didática. (Chevallard citado por Castilho, 1997,p.10)
Através de estudos feitos sobre as transformações que o
conhecimento científico sofre desde sua produção até chegar no âmbito
escolar, pode-se observar que a natureza do conhecimento é alterada,
pois perde a dimensão dos problemas em que o pesquisador estava
inserido, suprime-se a história a qual estava ligada a pesquisa e
fragmenta-se o saber, não levando-se em conta as redes de relações
com outros conceitos. (Chevallard citado por Castilho, 1997,p.10).
Sobre estas transformações, referindo-se especificamente ao
81
saber transmitido nos livros texto ( Pinheiro citada por Alves Filho,
1998,p.152 ) :
“Os livros textos dos cursos universitários de carreira científica se
caracterizam pela descontextualização. Seus autores, cientistas,
valorizam a observação e a experimentação de tal modo, que
desenvolvem um efeito de dogmatização. A reestruturação e
reorganização do saber científico se apresenta em seqüências
cronológicas diferentes, com omissão de partes ou processos de
produção ou ainda cronologias invertidas. Se continuarmos nos
livros textos do ensino médio, iremos constatar uma
descontextualização mais profunda. É nessa literatura que novos
elementos passam a fazer pressão, contribuindo para uma maior
descaracterização e simplificação.
Astolfi e Develay(1995)afirmam que a transposição didática
cria, por vezes, novos objetos de saber que não apresentam
equivalência com o saber de referência, criando-se uma “epistemologia
escolar” distinta da epistemologia do saber produzido pela comunidade
científica:
“(...) a escola nunca ensinou saberes(“em estado puro”, é o que se
desejaria dizer), mas sim conteúdos de ensino que resultam de
cruzamentos complexos entre uma lógica conceitual, um projeto de
formação e exigências didáticas.” (ibidem, p.51)
As transformações sofridas pelo conhecimento, ao longo do
processo de transposição e como ela ocorre, consiste o objeto de estudo
da transposição didática, que por sua vez, leva ao exercício de uma
vigilância epistemológica, ou seja, analisar à distância, a deformação,
entre objeto do saber e o objeto de ensino. (Arsac citado por
Castilho,1997,p.10).
Exercer a vigilância epistemológica é pensar que a fabricação
de um objeto de ensino das disciplinas científicas começa muito antes
da escola. É pensar que as configurações que assumem os saberes
escolares não são fruto apenas dos desejos do sistema didático. As
82
transformações decorrentes da textualização do saber e as pressões
exercidas por outros agentes externos ao ambiente escolar, influenciam
fortemente a modelagem do saber a ensinar(Perrelli, 1996,p.82)
Para Astolfi e Develay(1995) três pontos devem ser
considerados nas mudanças do estatuto epistemológico que se operam
a partir do “savoir savant”ou saber sábio.
O primeiro ponto está ligado às modificações efetuadas entre o
contexto da produção do conhecimento e a lógica subjacente na
disseminação científica entre pares. Dito de outra forma, os
pesquisadores, a partir de seus registros particulares, realizam a
textualização dos mesmos com o fim de disseminar os resultados do
conhecimento produzido e nesse processo ocorre, geralmente, que as
angústias , incertezas, ‘erros’ e motivações pessoais são suprimidas em
nome de uma pseudouniversalização dos resultados obtidos.
O segundo ponto se refere à seleção do conteúdo
programático escolar- “savoir a enseigner”ou saber a ensinar, ligado ao
projeto educativo que se pretende desenvolver.
Nesse caso, Castilho(1997, p.11) propõe a utilização de um
projeto educacional em bases filosófica-epistemológica de progressista,
mesma proposta defendida neste trabalho e desenvolvida no capítulo I.
O terceiro ponto a ser considerado refere-se à sistematização
didática. Astolfi e Develay(1995) reportam-se a pesquisas que buscam
analisar os processos e os resultados das transformações já efetuadas e
daquelas em andamento, para identificar possibilidades e elementos que
permitam construir proposições sistemáticas de transposição didática.
A partir das considerações deste terceiro ponto, e juntamente
com as discussões dos capítulos anteriores, pode-se explicitar como
sistematizar os artigos da revista CH, para sua utilização didática, em
particular, para abordar conceitos da FMC na formação de professores
de física.
Astolfi e Develay(1995)salientam que é ao nível da elaboração
83
curricular que se deve introduzir conceitos como:1-práticas de referência
(Martinand citado por Astolfi e Develay,1995); 2-níveis de formulação de
um conceito (Host et alii citado por Astolfi e Develay,1995); 3-tramas
conceituais (Giordan e Astolfi citado por Astolfi e Develay,1995).
O primeiro pode ser entendida como uma crítica à
transposição didática que se limita somente ao ‘texto do saber’, ou seja,
o conteúdo programático escolar isolado:
“Essas práticas são, por exemplo, atividades de pesquisa, de
engenharia, de produção, domésticas, culturais, que podem servir
de referência a atividades científicas escolares, e a partir das quais
se examinam os problemas a resolver, os métodos e atitudes, os
saberes correspondentes.” (Grando, 1995)
Nessa perspectiva, a inserção de assuntos da FMC existentes
nos artigos da revista CH, como defendido anteriormente, podem
atender a necessidade de reformular as metodologias, atitudes e
principalmente à renovação dos conteúdos programáticos escolares. A
proposta apresentada por Arons, no capítulo II, onde a inserção dos
assuntos de FMC deve ser feita através de tópicos essenciais, pode ser
utilizada para trabalhar com os artigos da revista.
O segundo, níveis de formulação de um conceito, refere-se a
variedade de enunciados necessárias à construção progressiva de um
conceito em função dos níveis de escolaridade dos alunos e dos
problemas propostos. Assim sendo, são considerados aspectos
psicogenéticos, epistemológicos e lingüisticos.
No capítulo I foi desenvolvida a fundamentação teórica dos
conceitos unificadores que procuram redefinir a concepção de
“conteúdo” no ensino de ciências:
“Os educadores não detalham o conceito de ‘conteúdo’quando o
abordam. De maneira muito geral, entendemos conteúdos como ‘o
conhecimento que deve ser transmitido, ou aquilo que se costuma
ensinar nas escolas’. São os ‘judas’da malhação pedagógica para
84
alguns, são deuses intocáveis que dão passagem ao saber crítico
para outros. Provocam intenso debate porque consistem justamente
no núcleo de apoio que justifica a instituição escolar.
Conteúdos são limitados pela aprendizagem, são universais embora
possam adquirir ênfases distintas para latitudes e longitudes
diversas. São as bases do saber conquistado pelas gerações
anteriores, para transferência e implementação e mesmo
transformação pelas gerações atuais e futuras. São tudo isso,
talvez mais. Estão presentes em cada área, reconhecidos,
geralmente conhecidos pelos docentes, contém um traço inercial
que dificulta sua oxigenação, atualização e, mais ainda sua
substituição por outro.” (Angotti, 1991,p.111)
Em sua tese de doutorado, Angotti ao tratar do conceito
unificador energia , afirma que:
“Os professores de física, química e biologia enfrentam dificuldades
na leitura de periódicos de divulgação atualmente nas bancas,
como ‘Ciência Hoje’ da SBPC, principalmente os artigos sobre
tópicos contemporâneos do seu campo de formação, mais ainda
artigos sobre tópicos contemporâneos ou não fora do seu campo de
atuação. Energia está lá, permeando todos esses artigos. Mesmo
implicitamente, está lá!” (ibidem, p.137)
Os conceitos unificadores, devido as suas dimensões
pedagógicas e epistemológicas,podem balizar a utilização dos
‘conteúdos’ presentes nos artigos da revista CH, inclusive atendendo
aos aspectos epistemológicos do conhecimento científico.
Por outro lado , a fundamentação teórica dos momentos
pedagógicos apresentada no capítulo I, permite atender aos aspectos
psicogenéticos quando defende o processo de ruptura com o
conhecimento da cultura primeira, caracterizado pelas ‘concepções
espontâneas’ dos alunos.
“A aquisição dos paradigmas da ciência deverá ocorrer num
85
processo de ruptura com aquele conhecimento prevalente para que
seja possível a continuidade da interpretação dos fenômenos, via
conhecimento produzido pela ciência e não pelo conhecimento
vulgar.” (Delizoicov, 1991,p.62)
O tratamento metodológico para leitura dos artigos da revista
CH através dos momentos pedagógicos pode possibilitar a pretendida
ruptura, nesse caso, como colocado por Carvalho e Gil-
Pérez(1995,p.14),objetivando o professor no sentido de realizar a
“ruptura com visões simplistas sobre o ensino de ciências”.
Retomando as indicações feitas por Astolfi e Develay,
finalmente o terceiro ponto, as tramas conceituais que:
“(...) trata-se de diferentes conceitos que distribuem em forma de
uma rede ou trama e evoluem para elucidar uma mesma noção.
Dentre outras características a trama conceitual permite múltiplas
entradas, encaminhamentos modulados, os enunciados são
hierarquizados entre si e o conjunto resulta em resumo orientado.
Ela pode ser elaborada para atender ao desenvolvimento de um
programa anual ou simplesmente ao estudo de um capítulo.”
(Castilho,1997,p.14).
Para atender a essa orientação pode-se lançar mão da
proposta contida no livro Física (Angotti e Delizoicov,1992). Como
especificado no capítulo II, este livro contempla os elementos da
abordagem temática discutidos anteriormente, apresentando um
programa de um curso de física de ensino médio, incluindo uma ementa
especificando unidades e tópicos.
Essa proposta pode subsidiar a estruturação das ‘tramas
conceituais’para a utilização dos artigos da revista CH, organizando-os
dentro de uma programação escolar. A utilização dessa proposta
também justifica-se, em parte, pelo fato de que os autores inserem
assuntos da FMC no programa, inclusive citando artigos da revista CH
como leituras recomendadas no final de alguns tópicos.
86
Essa breve apresentação dos elementos da transposição
didática demonstra que esse pode ser um caminho para instrumentalizar
a utilização dos artigos da revista CH numa perspectiva didático-
pedagógica, em particular na formação de professores de física. Nesse
contexto, Castilho(1997,p.14)conclui que:
“(...) os cursos de formação de professores podem contribuir para
instrumentalizá-los para uma ‘vigilância epistemológica’ da
transposição didática, quer a nível dos programas oficiais de ensino
quer a nível da divulgação do conhecimento científico.”
Nesse capítulo, procurei justificar a presença da divulgação
científica dentro do espaço escolar, em particular, na utilização dos
artigos da revista CH relativos a FMC para formação de professores de
física. No próximo capítulo apresentarei o tratamento investigativo dos
artigos, explicitando como as discussões feitas anteriormente foram
inseridas neste processo.
87
CAPÍTULO IV
A CONSTRUÇÃO DE UMA PROPOSTA DE ENSINO________________________________________________________
4.1Estabelecendo a pesquisa
Nos capítulos anteriores foi possível delinear os pressupostos
teóricos que irão compor o tratamento dos artigos da revista Ciência
Hoje(CH), em particular, aqueles que se referem aos assuntos de FMC.
Situei a perspectiva deste tratamento no campo pedagógico, onde os
elementos da comunicação discutidos no capítulo III serviram
principalmente como parâmetros para subsidiar a justificativa da minha
opção em utilizar o material de divulgação científica, em particular, a
revista CH .
Os fundamentos teóricos que desenvolvi nos capítulos I e II
contemplam uma abordagem educacional progressista e um ensino de
física do ensino médio voltado para a formação da cidadania,
identificado com os constituintes culturais da sociedade. Essa
perspectiva conduz a uma proposta de ensino transformadora que
permeia a avaliação pedagógica dos artigos da revista. Neste capítulo
resgatarei os aspectos relevantes do tratamento dos artigos da revista
nas suas dimensões descritivas e analíticas.
.A inserção dos assuntos da FMC que discuti no capítulo II
servem como catalisadores dessa nova interação, contrapondo-se a
88
apresentação tradicional do conteúdo programático escolar.
A abordagem supradisciplinar dos conceitos da física escolar,
através dos conceitos unificadores serão usadas para localizar os
artigos no espaço escolar, realizando a necessária transposição didática
como defendido no capítulo III.
Respaldado nessa perspectiva de renovação dos conteúdos
programáticos o que pretendo é avaliar as possibilidades pedagógicas
dos artigos da revista CH para utilização na formação de professores de
física do ensino médio, procurando inserir assuntos da Física Moderna e
Contemporânea.
Levantei os artigos por meio do Banco de Dados Fisbit(Salém
e Kawamura, 1996b)referente a artigos de divulgação científica. Na
versão utilizada constam cerca de 200 títulos entre artigos, perguntas de
leitores, entrevistas ou notícias publicados em periódicos ou jornais,
além de centenas de livros. As principais fontes são:revista Ciência Hoje
e Ciência Hoje das Crianças;Superinteressante;Globo Ciência; revistas
especializadas com matérias sobre ensino de ciências ou física, jornal
Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo; livros de divulgação
científica publicados em língua portuguesa e alguns paradidáticos.
Para esta pesquisa foram relacionados ao todo 199 artigos que
tratam de conceitos da FMC, dentre os 291 registros existentes das
várias seções da revista Ciência Hoje(artigos,perguntas, box e notícias),
compreendido cronologicamente entre o início da revista, em 1982, até
dezembro de 1996.
Esse estudo sobre os artigos será caracterizado através dos
aspectos da conceituação e da linguagem envolvidos, tendo em vista as
suas implicações para o uso pedagógico. Dessa forma, procurei
subsidiar uma prática de ensino transformadora utilizando os artigos da
revista.
A forma como foi articulada cada etapa desta análise, os
subsídios utilizados e a reflexão dela extraída, é o que apresentarei a
89
seguir.
4.2 O procedimento para a avaliação do uso didático dos artigos
Para o tratamento dos artigos, devido a própria característica
da amostra, optei pela análise documental numa perspectiva qualitativa,
em particular, pela análise de conteúdo,ou seja,"um conjunto de técnicas
de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos
e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores
quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção das mensagens”(Bardin
citado por Triviños,1995,p.160).
O desenvolvimento da análise de conteúdo pode ser dividida,
metodologicamente, em três momentos: pré-análise, exploração do
material e tratamento dos resultados e interpretações.
O primeiro momento consiste na escolha do material a ser
pesquisado, na formulação das hipóteses , na determinação dos
indicadores que definirão as regras de recorte de categorização e
codificação(Bardin, 1994) e no ensaio das técnicas de análise.
O segundo momento consiste na administração das técnicas
definidas no primeiro momento, sobre o material a ser pesquisado.
O terceiro e último momento consiste nas operações
estatísticas, na síntese e seleção dos resultados, e nas inferências e
interpretação dos mesmos. Finalmente, os resultados da análise serão
usados com fins teóricos ou pragmáticos.
As operações estatísticas não serão utilizadas neste trabalho,
optando por uma abordagem qualitativa dos resultados, como sugerido
por Triviños(1995):
“Talvez pela influência positivista, Bardin enfatiza os
aspectos’quantitativos’que podem ser enfocados pelo método. Nós,
ao invés, ressaltamos, precisamente, a importância do método no
campo da pesquisa qualitativa.” (p.160)
90
A seguir apresentarei como estas etapas foram
operacionalizadas nessa pesquisa.
4.2.1 O estudo piloto do material
Para o estudo piloto foram escolhidos 15 artigos, apresentados
no anexo I, do total de 199 relacionados a Física Moderna e
Contemporânea da revista Ciência Hoje, levantados previamente no
Banco de Dados Fisbit. Esses artigos são sugestões de leituras
existentes no livro Física (Delizoicov e Angotti, 1992), citados como
referências no final de cada tópico.
As datas dos artigos, em sua maioria, estão compreendidas
entre os anos de 1982(Ano da publicação do primeiro número) e 1987, e
apenas um datado de 1996.
Neste momento pretendi levantar algumas características que
deveriam ser avaliadas nos artigos e até avaliar se o material poderia
ser usado para inserir assuntos da FMC.
Neste estudo piloto as seguintes características foram
consideradas:
1. Assunto em relação à ciência física.
2. Assunto em relação à física escolar.
3. Conceitos Unificadores.
4. Relação ciência física x contexto escolar
5. Linguagem(Presença de termos técnicos e matemáticos)
6. Concepções
Com respeito ao primeiro item, a maioria dos artigos se
relacionam ao eletromagnetismo, seja ele clássico ou quântico, em
segundo lugar se relacionam com a Mecânica Quântica, e na mesma
proporção aqueles relacionados com Termodinâmica, Teoria Geral da
Relatividade,Gravitação e Interações Fortes .
91
Com exceção de três artigos, na maioria das vezes não tive
problemas para identificar o assunto, sendo para isto necessário
‘desligar-me’ da tendência fragmentária de abordar os conteúdos
programáticos da física escolar. Assim, por exemplo, um artigo de
Astronomia pode estar relacionado à Teoria da Relatividade Geral, à
Mecânica Quântica , Eletromagnetismo, etc. Observei qual o tema
principal que estava sendo abordado no artigo, procurando identificar o
caráter universal do mesmo.
Nesta pequena amostra observei a predominância de
conceitos anunciados a partir do início deste século.
O conceito unificador que mais se destaca é o da energia,
devido ao seu caráter supradisciplinar e "camaleonesco" dentro do
conhecimento científico, vindo a seguir o conceito regularidades,
devidamente ligado ao conceito transformações, pois procurei identificar
aquele que se apresentava com maior evidência no conteúdo do artigo.
Dessa forma, o conceito que apresentou maior dificuldade de ser
identificado, foi o de escalas.
A dificuldade de encontrar um único conceito isolado na
maioria dos artigos(11), demonstrou a potencialidade da utilização dos
mesmos para explorar os artigos de forma não fragmentada.
Com relação a contextualização da ciência física numa
programação escolar, observei que apenas um artigo não apresentava
coerência entre o seu conteúdo e a sua utilização didática. Todos os
outros artigos atendiam a essa relação.
A linguagem técnica e matemática era adequada para a
utilização na formação de professores, necessitando em alguns casos
de alguns pré-requisitos tais como conceitos da mecânica quântica e
elementos para interpretar gráficos um pouco mais elaborados.
Já para a utilização direta em sala de aula, faz-se necessário
alguns ‘nivelamentos’ matemáticos e uma escolha mais criteriosa.
Devido a forma de apresentação de alguns artigos,as vezes, muito
92
monótona, tornando a leitura pouco atraente para alunos já
acostumados com linguagens mais modernas, inclusive existentes nos
materiais de divulgação científica voltados para o público leitor jovem.
Todos os artigos são escritos por autores procedentes de
instituições reconhecidas pela comunidade científica,relacionadas a
seguir:
1. Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.
2. Centro de Pesquisas de Energia Elétrica.
3. Dept. de Filosofia da Universidade de Campinas.
4. Instituto Astronômico e Geofísico da USP.
5.Instituto de Física e Química da USP-São Carlos.
6. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
7. Instituto Tecnológico da Aeronáutica/Centro de Tecnologia
Aeroespacial.
8. Observatório Nacional(Dois).
9. Petrobrás.
10. Universidade Católica do Chile.
11. Universidade de São Paulo(USP).
12. Universidade do Estado de São Paulo.
13. Universidade Federal de Pernambuco.
14. Universidade Federal Fluminense.
Com a análise desta pequena amostra inferi que os artigos
apresentavam viabilidade para serem utilizados de forma sistemática em
cursos de formação. Apresentavam riqueza de temas associados à
Física Moderna e Contemporânea, contextualizados com sua aplicação
escolar.
Demonstravam possibilidade de serem balizados através dos
conceitos unificadores e trabalhados por meio dos momentos
93
pedagógicos.
Apareceram várias concepções, demonstrando também a
riqueza dos artigos para uma utilização em análises de conteúdos sobre
produção de conhecimento, epistemologia, história da ciência,etc. Esse
também poderia ser um outro recorte, mas que não será explorado nesta
dissertação.
A linguagem era adequada para utilização na formação de
professores, sendo necessário alguns nivelamentos para adaptar-se à
utilização didática. Outra característica editorial refere-se a qualidade da
informação, já que os artigos eram escritos por autores reconhecidos,
procedentes de instituições reconhecidas.
4.2.2 A amostra da pesquisa
Este primeiro momento também serviu para encontrar na
amostra dos 199 artigos levantados inicialmente, aqueles que seriam
melhor aproveitados para uma avaliação pedagógica. Observei que os
artigos apresentavam uma estruturação mais adequada para a utilização
didática, o mesmo não acontecendo com todos os registros de outras
seções da revista, tais como box, notícias e perguntas. Os artigos, além
de serem mais extensos, apresentavam o assunto abordado de forma
mais completa, com uma maior quantidade de informações, incluindo em
alguns casos, sugestões de leitura e indicando outros artigos da própria
revista, relacionados ao tema tratado. Isto serviu como critério para
definir a amostra inicial, resultando em 144 artigos, os quais estão
relacionados no anexo II.
Na tabela da próxima página podemos observar a distribuição
dos artigos , onde utilizei como critério de agrupamento, o número de
vezes que a palavra-chave(existente no banco) aparece no conjunto dos
144 artigos levantados.
As palavras-chave desta tabela são aquelas que apresentam
um significado mais amplo com relação às outras existentes em cada
registro levantado no banco Fisbit(Salém e Kawamura, 1996b).
94
Tabela 1:Agrupamento dos registros utilizando as palavras-chave do banco de dados Fisbit.10
PALAVRA-CHAVE N. DE ARTIGOS PARACADA PALAVRA-CHAVE
TOTALPARCIAL
ASTRONOMIA 26 26ENERGIA NUCLEAR 12 12CAOS E FRACTALENERGIAÓPTICA(LINEAR E NÃO-LINEAR)
08 24
FÍSICA QUÂNTICA 07 07HISTÓRIA DA CIÊNCIA 06 06ESTRUTURA DA MATÉRIA 05 05COSMOLOGIA 04 04ASTROFÍSICACRISTAL LÍQUIDOFÍSICA E MEDICINAFÍSICA NUCLEARMEIO AMBIENTERAIO CÓSMICOS
03 18
ACELERADOR DE PARTÍCULASÁTOMOENERGIA ELÉTRICAENERGIA SOLARESTRUTURA CRISTALINAPARTÍCULAS ELEMENTARESPROGRAMA ESPACIALRADIAÇÃORADIOATIVIDADERELATIVIDADESISTEMA SOLAR
02 22
ARMA NUCLEARATMOSFERACIÊNCIA E ARTECRIOGÊNIAELETROMAGNETISMOENERGIA HIDROELÉTRICAFENÔMENO CRÍTICOFOTOQUÍMICAFUSÃO NUCLEARGEOFÍSICAGRAVITAÇÃOMAGNETISMOMECÂNICA ESTATÍSTICAPERCOLAÇÃORADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICASISTEMA GRANULARSISTEMA NÃO-LINEARSOLSUPERFLUIDOVIAGEM ESPACIAL
01 20
TOTAL DE ARTIGOS 144
No passo seguinte, estabelecida a minha hipótese de que os
artigos da revista podem ser usados para inserir assuntos de FMC,
procedi a construção da ficha de análise, apresentada no anexo III,
10 O agrupamento das palavras-chave utiliza como único critério, o número de vezes que as mesmas aparecem noconjunto dos 144 artigos..
95
fundamentada nas discussões desenvolvidas nos capítulos I, II e III.
Esta análise foi subsidiada pela proposta de que a inserção
desses assuntos deve ser feita a partir de um programa de ensino não
tradicional, nesse caso, particularizada pela abordagem temática através
dos conceitos unificadores, visando dois níveis de formação de
professores do ensino médio: inicial e continuada.
Apliquei a análise em uma amostra ampliada de 82 artigos11,
relacionados no anexo IV, onde referenciei cada artigo por um número,
que a partir de agora servirão para facilitar a identificação dos mesmos.
Nos próximos itens serão apresentados os detalhes da análise, os
subsídios utilizados, resultados e reflexões.
4.2.3 Caracterizando a análise dos artigos
Com a intenção de introduzir didaticamente assuntos da FMC
nos cursos de formação de professores, utilizei os seguintes critérios
para articular a análise dos dados referentes aos artigos:
1� A contextualização dos assuntos dos artigos com relação
aos conteúdos programáticos escolares.
2� A linguagem utilizada no artigo.
3� A possibilidade de transposição didática do artigo.
A operacionalização dos critérios foi realizada da seguinte
forma:
a� Utilizar a proposta apresentada no livro Física (Delizoicov e
Angotti, 1992)para localização do assunto do artigo dentro
de uma programação escolar.
b� Considerar a linguagem apresentada no texto em dois
níveis:linguagem matemática e linguagem técnica. Avaliar
esses dois níveis através da perspectiva da divulgação
científica para professores de física, ou seja, no sentido de
11 A disponibilidade das revistas e o tempo para análise, definiram este número de artigos, dentre o total de 144artigos levantados.
96
utilizar uma linguagem acessível a essa clientela.
c� Identificar a presença dos conceitos unificadores e a
possibilidade de utilizar os momentos pedagógicos como
dinamizadores da transposição didática do artigo.
Considerando que a linguagem é uma referência marcante na
definição do material de divulgação científica, como argumentado no
capítulo III, observei que poderia servir como elemento aglutinador da
análise, pois apresentava características que possibilitariam agrupar os
artigos sem perder inferências com os outros critérios adotados.
No universo dos 82 artigos analisados , cronologicamente
distribuídos desde a criação da revista em 1982 até os últimos registros
do Banco Fisbit de dezembro de 1996, pude dividí-los em três grupos:
I� Artigos com uma linguagem técnica elaborada.
II� Artigos com uma linguagem técnica acessível mas com uma
linguagem matemática elaborada.
III� Artigos com uma linguagem técnica e matemática
acessíveis.
Para definir a linguagem técnica considerei a quantidade de
termos mais específicos de uma certa área de conhecimento presentes
no artigo.
Mesmo sendo veiculados em uma linguagem de divulgação
científica, e passando por uma revisão de linguagem(edição de texto)
pelos editores da revista, alguns artigos apresentavam termos que não
poderiam ser traduzidos para uma linguagem mais simples, devido ao
fato de que isso poderia distorcer a informação apresentada.
Sobre essa questão Almeida argumenta que:
“Não queremos defender que toda a produção científica possa ser
comunicada em linguagem comum, sabemos que isso é impossível
ou a linguagem não seria constitutiva dessa produção (...) ”
(Almeida, 1998, p.62)
97
Considerei um artigo com linguagem técnica elaborada quando
haviam muitos termos específicos presentes no texto.
Para definir a linguagem matemática observei a presença ou
não de matemática superior, em formalismos, gráficos, etc.
Considerei a linguagem matemática acessível quando o artigo
não continha matemática superior.
No primeiro grupo(linguagem técnica elaborada), encontrei 4
artigos , isto é, 5% da amostra, independente da presença ou não de
matemática superior. Abaixo relaciono os artigos, onde a primeira
coluna, como explicitado anteriormente, refere-se ao número do mesmo
no anexo IV.
tabela 2: artigos com linguagem técnica elaborada.
n0 título
11 Uma teoria matemática descreve as mudanças de fase:o exemplo da
Percolação
28 Alta tensão por um fio
42 Harmonia das bandas cristalinas
44 A grande explosão
No segundo grupo II(linguagem técnica acessível e linguagem
matemática elaborada), encontrei 13 artigos, ou seja, 16% da amostra.
tabela 3: artigos com linguagem técnica acessível e
matemática elaborada.
n0 título
27 Nas malhas da energia
33 Táquions
34 Luz e matéria:As surpresas da interação
46 Fenômenos de Agregação
48 A Dança dos Spins
49 A desordem inevitável
98
50 O infinito em cores
51 Caos na Mecânica Quântica?
52 Caos no mundo atômico e subatômico
61 Controle do átomo:passos em direção aos avanços do próximo século
68 Epidemia:Uma questão para a Física?
75 Separando isótopos com lasers
80 O que avalanches de grãos de arroz podem revelar aos físicos?
No terceiro grupo (linguagens acessíveis) encontrei 65 artigos,
totalizando 79 % da amostra. Pelo fato de serem muitos artigos utilizei o
próprio anexo IV para relacionar este grupo, sendo estes indicados por
meio de asteriscos (*).
A partir destes grupos pude identificar as características dos
artigos mais adequados como referenciais para uma utilização do
material de divulgação científica na formação de professores na
perspectiva de balizar o ensino de FMC no ensino médio.
Nos próximos itens apresentarei mais detalhes dos artigos de
cada grupo.
4.3 Uma visão panorâmica dos artigos
Formatei os 82 artigos analisados num banco de dados para
facilitar o acesso as informações necessárias que apresentarei a seguir.
4.3.1 Os artigos e sua relação com a física escolar
Por meio do livro Física (Delizoicov e Angotti, 1992), em
particular, utilizando o diagrama que mostra a rede formada pelos
diversos assuntos da ementa do programa ( ibidem, p. 18-19), pude
relacionar os conceitos da FMC tratados nos artigos com a física
escolar. Como discutido no capítulo II, busquei avaliar o equilíbrio entre
o conceito da ciência física e sua contextualização na física escolar.
Esse outro olhar para o conjunto de artigos, localizados no
99
Banco de Dados Fisbit a partir das palavras-chaves relacionadas a FMC,
segundo a tabela 1 ( pág.95 ), permitiu classificá-los, por exemplo,
considerando os conceitos, modelos e teorias da física empregados
em cada artigo para a compreensão/explicação do(s) fenômeno(s) nele
analisado(s), fornecendo um enquadramento capaz de caracterizá-lo
segundo critérios mais próximos do currículo da física escolar. O gráfico
a seguir sintetiza a distribuição para os 82 artigos analisados levando
em conta esse aspecto, que fornece subsídios que auxiliam professores
de física do ensino médio a promover um ensino na perspectiva de uma
Abordagem Temática.
Neste gráfico não estou privilegiando fenômenos, modelos ou
teorias, pois a referência para apresentação desta distribuição está
relacionada a trama conceitual proposta no livro Física (Delizoicov e
Angotti, 1992, p.18-19), referente a temática desenvolvida no livro.
sol (3,6%)
mecânica (17,3%)
óptica (6,5%)
gravitação (10,8%)
relatividade (2,9%)
física quântica (5,0%)reações nucleares (5,0%)mudanças de estado (4,3%)
eletromagnetismo (14,4%)
partículas e ondas (7,9%)
eletrodinâmica (4,3%)
radiação (5,8%)
geral (4,3%)
outros (7,9%)
Gráfico 1: Distribuição dos assuntos da física escolar presentes nos
artigos da amostra.
Procurei agrupar os conhecimentos e tópicos da ementa do
programa, de tal modo que um mesmo artigo pode estar contemplado
em mais de um item desta distribuição. Na denominação dos grupos
acima pode-se notar que além dos grandes blocos da física escolar
100
(mecânica, eletromagnetismo,etc), usei também como critérios, assuntos
específicos (sol, radiação,etc). Isto se deve ao fato de que alguns
artigos possuiam características mais gerais do que outros.
Para simplificar a visualização, agrupei em ‘outros’ os
assuntos: termodinâmica, circuitos elétricos, aparelhos elétricos, lei de
Ohm, ligação química, ciclo de água e calor.
Agrupei alguns assuntos tais como caos, percolação,
cosmologia, de áreas de conhecimentos mais contemporâneas, no
conjunto ‘geral’. Neste caso, esses conhecimentos abrangem diversos
assuntos da programação escolar.
A distribuição dos assuntos que apresentei no gráfico 1
demonstra que os assuntos vinculados à mecânica(17,3%) e ao
eletromagnetismo(14,4%) são os que mais estão presentes. Deve-se
lembrar que esses assuntos estão associados a artigos sobre
conhecimentos da FMC, e quando me refiro a tópicos tais como
mecânica ou eletromagnetismo, não estou me referindo
necessariamente à Física Clássica.
Fenômenos, teorias e modelos, tais como: relatividade(2,9%);
Física Quântica(5%); reações nucleares(5%); gravitação(10,8%);
partículas e ondas(7,9%), mais diretamente associados à FMC, também
estão presentes na distribuição do gráfico 1.
Segundo o estudo de Ostermann e Moreira(1998, p.113) os
temas da FMC sugeridos para serem abordados no ensino médio,
foram:efeito fotoelétrico, átomo de Bohr, leis de conservação,
radioatividade, dualidade onda-partícula, fissão e fusão nuclear, origem
do universo, raios X, metais e isolantes, semicondutores, laser,
supercondutores, partículas elementares e relatividade restrita.
No gráfico 1 encontram-se vários destes temas, inclusive de
forma implícita em certos assuntos. Por exemplo, no conjunto das
partículas e ondas pode-se incluir o efeito fotoelétrico, átomo de Bohr,
radioatividade , ou ainda , a dualidade onda-partícula.
101
Essa constatação corrobora minha opção por inserir assuntos
da FMC através de tópicos essenciais, consoante com Arons(1990),
como argumentei no capítulo II.
Os artigos que analisei levando em conta esse aspecto,
também fornecem subsídios que podem auxiliar professores de física do
ensino médio a promover um ensino na perspectiva de uma abordagem
temática.
4.3.2 A qualidade da informação veiculada
Para inferir sobre a qualidade da informação dos artigos defini
dois aspectos: autores e instituições. Dentre os 82 artigos da
amostra, apenas em um não continha a autoria do texto.
A tabela apresentada no anexo V relaciona os autores, o
número de artigos publicados na amostra dos 81 artigos e suas
respectivas instituições.
Na tabela abaixo relaciono aqueles autores que escreveram
dois ou mais artigos na amostra analisada:
Tabela 4
Autor n0 de art.
Bagnato, V.S. 02
Bertulani, C.A. 02
Kirchhoff, V.W.J.H 02
Matsuura, O. T. 03
Moreira, I. C. 03
Pacheco, J. A. F. 03
Alguns autores escreveram com relativa frequência para a
revista, mas na sua grande maioria, não identifiquei autores que
102
escrevem artigos habitualmente12.
Caso a parte é o do autor Ildeu de Castro Moreira, do
Departamento de Física da UFRJ, que já participou da equipe editorial
da revista CH, tem grande experiência em divulgação científica e
recentemente orientou a dissertação de mestrado de Luisa
Massarani(1998), já citada anteriormente13. Mais adiante voltarei a
mencionar esse autor, mostrando mais detalhadamente um artigo de sua
autoria.
A relação das instituições dos autores da amostra confirma o
que havia mencionado no capítulo III, ao justificar a utilização da revista
CH para esta análise. Observa-se que dentre as instituições
reconhecidas, existem universidades, centros de pesquisa, orgãos
públicos da área tecnológica, nacionais e internacionais.
Na tabela abaixo relaciono as instituições dos autores que
publicaram mais de dois artigos na amostra analisada:
tabela 5
Instituição n0 art.
Univ. de São Paulo 13
Univ. Fed. do Rio de Janeiro 12
Observatório Nacional 08
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas 07
Pont. Univ. Católica/RJ 05
Inst. Nacional de Pesquisas Espaciais 04
Univ. de Campinas 04
Univ. Fed. Fluminense 04
Univ. Fed. de Minas Gerais 04
12 Deve-se atentar para o fato de que a amostra dos 81 artigos refere-se somente a assuntos da FMC.13 Veja comentários desta dissertação no capítulo III.
103
Univ. Fed. de Pernambuco 03
Univ.Est. de São Paulo 02
Almeida ao comentar a sua opção por utilizar textos
produzidos por cientistas, afirma que:
“(...) Estes (os cientistas) conhecem cada condição e cada
procedimento do processo de produção das idéias que visam
divulgar, freqüentemente sabem inseri-las numa visão global da
ciência a que essas idéias pertencem e, talvez o mais importante, é
provável que, além de resultados e procedimento, julguem
importante divulgar valores associados à sua produção.” (Almeida,
1998, p.63)
Esta fala da autora, ao mesmo tempo que subsidia a minha
opção em utilizar a autoria dos artigos como um dos critérios para
avaliar a qualidade da informação, também corrobora a argumentação
da transposição didática do ‘saber sábio’, quando afirma que o cientista
pode julgar que valores surgidos da pesquisa devem ser compartilhados
pelo público a que se dirige.
Os aspectos da autoria dos artigos que observei neste item,
servem como parâmetro para a análise da qualidade da informação de
qualquer material de divulgação científica que seja inserido no espaço
escolar.
4.3.3 Aspectos da linguagem e da transposição didática dos artigos
Coloquei estes dois aspectos no mesmo item desta visão
panorâmica porque a linguagem técnica e matemática utilizada nos
artigos, como caracterizei anteriormente, está associada a escolha
daqueles textos que são mais adequados como referenciais para uma
utilização do material de divulgação científica na formação de
professores na perspectiva de balizar o ensino de FMC no ensino médio,
como apresentado no trabalho de Alvetti e Delizoicov (1998,p.232-234).
104
Retomando a divisão dos artigos por intermédio da linguagem
técnica e matemática, encontrei os seguintes resultados:
No grupoI (linguagem técnica elaborada), relacionados na
tabela 2 encontrei 4 artigos que apresentam uma grande quantidade de
termos e expressões específicas da área de conhecimento abordada.
Um exemplo deste grupo pode ser dado pelo artigo Alta tensão
por um fio" (Pires e Vaccari, 1986), onde a autor utiliza vários termos
técnicos específicos de sua área, como podemos observar no trecho
abaixo:
“O sistema de transmissão em CC não apresenta problemas de
perda de sincronismo por consistir numa operação
assíncrona.”(p.53)
Nesse grupo a utilização dos textos merecem uma maior
tradução para uma linguagem mais acessível, mesmo assim podendo
ser usados didaticamente.
No grupo II(linguagem técnica acessível e linguagem
matemática elaborada), relacionados na tabela 3 encontrei 13 artigos
que lançam mão de formalismo matemático e físico-matemático de nível
superior tais como: integrais, equações de transições de estados(ver
Terry, 1986, p.40-46), transformações de Lorentz(ver Recami et alii,
1986, p.48-59),etc.
Cabe ressaltar, no entanto, que nem sempre a não utilização
de linguagem matemática elaborada facilita a atividade docente no
processo de ensino-aprendizagem de determinados conteúdos
programáticos escolares. É o caso do artigo "A estranha natureza da
Realidade Quântica" (Brown,1983,p.24-32), exemplar no assunto que
aborda mas mesmo não explicitando matematicamente a formulação e
as conseqüências do uso da função de onda, pode constituir-se em
dificuldade de entendimento para professores não familiarizados no
estudo da Mecânica Quântica, com seus desdobramentos no ensino de
ensino médio. O trecho a seguir exemplifica esta situação:
105
“Uma vez conhecidas o estado de um sistema em um dado instante
de tempo e a lei que governa sua evolução futura, esta teoria nos
diz quais são os resultados possíveis de futuras medições
efetuadas no sistema, atribuindo probabilidades a cada um desses
resultados.” (p.26)
Caso este artigo fosse utilizado num curso de formação
continuada de professores de física de ensino médio seria mais eficiente
introduzir a equação de Schrödinger tentando associá-la a equações da
matemática e ao estudo de probabilidades ao nível do ensino médio,
mostrando suas semelhanças e diferenças.
No grupo III (linguagem técnica e matemática acessíveis)
encontrei 65 artigos (ver relação no anexo IV) com uma linguagem
acessível para professores de física, ou seja, termos técnicos e
formalismo matemático condizente com a física escolar do ensino médio.
Em alguns casos a linguagem acessível é acompanhada por
uma apresentação gráfica atraente com fotos, diagramas e desenhos,
como é o caso do artigo "A matéria superaquecida-supercomprimida”
(Bertulani, 1988,p.48-54), que bem poderia ser parte de um livro texto do
ensino médio, pois, como será visto mais adiante, conjuga
características de um texto didático.
Na página seguinte pode-se observar uma das páginas do
artigo.
106
Para visualizar, abra o arquivo m107.zip
107
Outro artigo exemplar é "Os Primórdios do Caos
Determinístico" de autoria do físico Ildeu de Castro Moreira (1992, p.10-
16) que mesmo em se tratando de conceito novo e complexo, aborda de
forma clara e direta a retrospectiva histórica deste assunto. No final do
artigo o autor declara:
“Concluo com afirmação vaga de que o caos é velho e é novo ...
ressurge das cinzas o debate sempre quente do determinismo, o
significado das leis da natureza e nossa capacidade de prever
eventos futuros.” (p.16)
O trecho acima ressalta a importância de certos elementos ao
se ‘produzir’ um texto de divulgação, onde a difusão da informação
científica é escrita por meio de um estilo literário polido.
Como Almeida afirma:
“Talvez seja necessário juntar um certo talento literário e um pouco
de “técnica de redação”, e então, o que será produzido senão um
bom texto de divulgação científica?” (Almeida, 1998, p.63)
Esse aspecto da linguagem dos artigos do grupo III,
caracteriza um referencial para a utilização do material de divulgação
científica no âmbito escolar, em particular, na formação de professores.
A linguagem acessível de um texto científico pode diminuir a
dificuldade em trabalhar uma das etapas da sua transposição didática,
ou seja, aquela referente ao procedimento para que um objeto do saber
a ser ensinado, neste caso, veiculado pelo texto, se torne um objeto de
ensino.
Nesse sentido, a tarefa de instrumentalizar o professor de
física para realizar a ‘vigilância epistemológica’ da transposição didática,
eliminaria uma decodificação mais extensa dos termos constantes do
texto, facilitando o trabalho de sistematizar os artigos em uma
programação escolar orientada pela abordagem temática, em particular,
108
utilizando os conceitos unificadores e os momentos pedagógicos. Essa é
a perspectiva desta dissertação!
Com relação a identificação dos conceitos unificadores nos
textos dos artigos da revista14, farei apenas uma análise panorâmica
desta questão. Nos itens a seguir, quando detalharei alguns artigos
exemplares, os conceitos unificadores presentes serão mais
explicitados.
Mesmo não podendo ser considerados como conceitos
unificadores, os modelos da ciência física propiciam uma aproximação
com o conceito unificador regularidades.
O entendimento dos modelos presentes nos artigo podem
servir como balizadores da discussão das invariâncias dos problemas
estudados e das mudanças nas teorias ao longo da história da ciência:
“O regular é a obediência às regras das teorias e modelos que
procuram copiar a natureza, com a melhor validade para a sua
época. As teorias substituídas por outras, mais explicativas e
densas, menos frágeis para a época. Contudo, as novas estão
carregadas de regularidades.” (Angotti, 1991, p.126)
Por outro lado, conceitos da FMC possibilitam explicitar o
caráter não linear da produção científica, ao mesmo tempo que
demonstram a regularidade das teorias desenvolvidas.
Modelos também são facilitadores para que se compreenda
que ‘a ciência física não é a descrição da natureza’, podendo-se atenuar
o surgimento de visões simplistas sobre o ensino de ciências (Carvalho
e Gil-Pérez, 1995, p.14).
Nos artigos analisados encontrei vários modelos que podem
ser explorados para identificar o conceito unificador regularidades.
Como sugerido por Angotti (1991, p.131), os conceitos
unificadores, quando aplicados didaticamente, não devem ser
14 Utilizei basicamente a fundamentação teórica e os exemplos de aplicação didática contidos na tese deAngotti(1991, p.130-133; p.148-160).
109
trabalhados de forma isolada.
Mais adiante irei associar os modelos presentes nos artigos, à
algumas de suas possíveis transformações, procurando encontrar
‘pistas’ para articular o par de conceitos unificadores regularidades-
transformações.
A seguir relaciono alguns artigos e os respectivos modelos,
onde procurei agrupar aqueles que apareceram com maior freqüência;
tabela 6: Modelos referentes à mecânica relativística e
quântica:
n. título (modelo)
2 Nascimento, vida e morte das estrelas modelos da mecânica relativística
7 A estranha natureza da realidade quântica modelo da relatividade e da mec.
quântica
38 O efeito Hall Quântico modelo quântico
42 Harmonia das bandas cristalinas modelo quântico do novo material
56 Mecânica quântica:um desafio à intuição modelo da mec. quântica
58 Bohm, Einstein e a ciência no Brasil modelo da mecânica quântica
Muito embora os modelos da tabela abaixo(tabela 7) não
tenham o mesmo “status” daqueles modelos da tabela 6, uma vez que
estes estão associados à teorias, é interessante que se explicite que
para interpretação dos fenômenos enfocados nos artigos, também são
construídos modelos, ainda que não estejam associados,
necessariamente, à teorias já aceitas.
tabela 7: Modelos da astronomia, astrofísica e cosmologia:
n. título (modelo)
4 Novas teorias do cosmo modelos cosmológicos
6 Missão Voyager: Viagem à Júpiter modelos dos satélites de Júpiter
12 Manchas estelares modelo que explica as manchas e
os outros modelos presentes
110
29 Halley;presença no céu por mais de 12
mil anos
modelo do comportamento do
cometa
31 A origem da lua modelo da formação da lua
40 O início e o fim modelos das teorias cosmológicas
e subjacentes.
44 A grande explosão modelo do universo
57 A origem do mundo modelos de cosmologia(Big
Bang)e outros.
62 Como nascem os cometas modelos atuais do comportamento
dos cometas
67 Grande Muralha no Céu do Sul mapa do universo
69 Neutrinos Solares modelos sobre o comportamento
físico do sol
70 Água em interiores planetários modelos sismológicos
76 Há uma galáxia gigante à nossa porta modelo de universo
tabela 8: Modelos caóticos:
n. título (modelo)
23 Caos no espaço modelo caótico
47 Os Primórdios do Caos Determinístico modelo do caos e sua evolução na
histórica
48 A Dança dos Spins modelo do caos no magnetismo
49 A desordem inevitável modelo caótico
50 O infinito em cores modelo matemático do caos
determinístico
51 Caos na Mecânica Quântica? modelo do sistema
caótico.Conservação da energia
52 Caos no mundo atômico e subatômico modelo caótico
63 Sincronizando o caos modelo caótico
111
tabela 9: Modelos das partículas:
n. título (modelo)
18 A Matéria indivisível modelos das partículas
43 A matéria superaquecida
supercomprimida
o novo modelo atômico
73 Do elétron ao quark top modelo atual do átomo
74 O Brasil na caça ao quark top estudo dos modelos das partículas
77 Detector de raios cósmicos ficará nos
Andes
o modelo atômico atual
Além dos modelos descritos nas tabelas anteriores, que
possibilitam articular os conceitos unificadores, o artigo “Constantes,
Eclipses, nêutrons e conchas” (Sisterna, 1992, p.26-33), por exemplo,
que trata de constantes fundamentais da ciência física e da ciência em
geral, apresenta uma característica explícita do conceito unificador
regularidades.
Com relação o conceito unificador transformações , os artigos
da revista CH podem auxiliar ao estudo do seu caráter dinâmico,
diferentemente da concepção deste conceito trabalhado no ensino
tradicional:
“Infelizmente, nos bancos escolares, essa categoria da
Transformação é bastante desprezada. Prevalecem os nomes sem
os significados, as definições para memorização, e mesmo nos
cursos de graduação em ciências naturais, para professores,
tecnólogos e engenheiros, seu sentido essencialmente dinâmico é
pouco acentuado.” (Angotti, 1991, p.124)
Nesses artigos, o conceito transformações e sua relação com
o conceito regularidades, aparece referindo-se ao macro e ao micro,
112
seja nas interações entre partículas elementares (ver Lopes, 1995, p.43-
44) ou na transformação da energia liberada na colisão do cometa
Shoemaker-Levy 9 com Júpiter (ver Matsuura, 1994, p.8-11).
Na tabela abaixo relaciono alguns artigos e possíveis formas
de explorar o conceito unificador transformações. Para evitar uma
apresentação fragmentada, utilizarei artigos que foram relacionados
para exemplificar os modelos, separando-os por meio da sua dimensão
espacial.
tabela 10: As transformações na dimensão microscópica:
n. título (modelo) c.u (transformações)
18 A Matéria indivisível modelos das
partículas
nas interações entre as
partículas
43 A matéria superaquecida
supercomprimida
o novo modelo
atômico
nos vários tipos de núcleos
73 Do elétron ao quark top modelo atual do
átomo
nas interações entre as
partículas
74 O Brasil na caça ao quark
top
estudo dos
modelos das
partículas
(idem)
77 Detector de raios
cósmicos ficará nos
Andes
o modelo atômico
atual
dos raios cósmicos
tabela 11: As transformações na dimensão macroscópica:
n. título (modelo) c.u (transformações)
4 Novas teorias do
cosmo
modelos
cosmológicos
dos modelos ao longo da História
da Ciência
12 Manchas estelares modelo que explica
as manchas e os
outros modelos
presentes
nas reações nucleares existentes
no Sol
113
29 Halley;presença no
céu por mais de 12 mil
anos
modelo do
comportamento do
cometa
nas reações existentes no
cometa
40 O início e o fim modelos das
teorias
cosmológicas e
subjacentes.
processos de transformações
presentes nos vários modelos
44 A grande explosão modelo do universo mudanças nos modelos ao longo
da História da Ciência
57 A origem do mundo modelos de
cosmologia(Big
Bang ) e outros.
mudanças no Universo ao longo
dos anos
62 Como nascem os
cometas
modelos atuais do
comportamento dos
cometas
na energia liberada na colisão
69 Neutrinos Solares modelos sobre o
comportamento
físico do sol
nas interações da energia solar
A apresentação acima ainda contempla a associação dos
conceitos unificadores transformações e regularidades presentes nos
artigos, com o conceito unificador escalas, no sentido espacial.
O conceito unificador energia com seu “forte traço
transdisciplinar” (Angotti, 1991, p.135), pode ser trabalhado
diferentemente do ensino tradicional através de assuntos da FMC, em
particular naqueles contidos nos artigos da revista.
Dessa forma definindo este conceito para além da ‘capacidade
de realizar trabalho’, assuntos contemporâneos são alternativas para
trabalhar o aspecto cultural da energia no ensino médio:
“Ainda, enquanto ‘agente das transformações’, energia poderá e
deverá, num futuro não distante, emergir socialmente como
conceito tão ou mais importante do que o conceito primitivo de
massa. (...) A imponderabilidade do conceito, que sempre dificultou
sua efetiva compreensão e utilização, se superada resultará em
114
ganhos culturais, consequentemente sociais.” (ibidem, p.136-137)
A apresentação panorâmica de alguns artigos contendo as
possibilidades de trabalhar o conceito unificador energia também estará
interligada às dimensões apresentadas no texto, dessa forma continuo a
contemplar o aspecto não fragmentário dos conceitos unificadores.
tabela 12: A seguir apresento alguns artigos que possibilitam
explorar o conceito unificador energia na dimensão macroscópica;
n. título c.u (energia)
2 Nascimento, vida e morte das estrelas energias envolvida nos processos
4 Novas teorias do cosmo energias envolvidas nos modelos
12 Manchas estelares energia solar e energia das ondas
eletromagnéticas
26 Na rota do Halley energias envolvidas no fenômeno
32 A supernova em NGC 5128 energia emitida pela supernova
44 A grande explosão energias envolvidas no processo
57 A origem do mundo energias envolvidas nos processos
62 Como nascem os cometas energias liberadas na colisão
tabela 13: Na dimensão microscópica;
n. título c.u (energia)
15 Radiação de Síncroton energias da radiação do Síncroton, das radiações
eletromagnéticas em geral e do fóton
18 A Matéria indivisível energias associada às partículas
38 O efeito Hall Quântico energias dos estados da matéria
42 Harmonia das bandas
cristalinas
energias envolvidas nos modelos quânticos
43 A matéria superaquecida
supercomprimida
energias envolvidas nos vários tipos de núcleos
48 A Dança dos Spins energias envolvidas nas excitações das ondas de
115
spins
52 Caos no mundo atômico e
subatômico
energias envolvidas nos processos
61 Controle do átomo:passos
em direção aos avanços
do próximo século
energias envolvidas nas interações entre os átomos
75 Separando isótopos com
lasers
energias envolvidas no método da separação
77 Detector de raios
cósmicos ficará nos
Andes
energia dos raios cósmicos
Dois artigos podem ser citados como exemplos de uma
apresentação da energia em ambas dimensões:
tabela 14
n. título c.u (energia)
40 O início e o fim energias envolvidas nas partículas e nas
áreas da FMC
69 Neutrinos Solares energias dos neutrinos e do sol
Por último, o conceito unificador escalas. Esse conceito já foi
abordado quando na apresentação dos outros três (Regularidades,
transformações e energia) no seu aspecto espacial, por isso gostaria de
ressaltar o aspecto que diz respeito ao limite das validades das teorias,
como argumentado no capítulo I ( veja p.31 ).
Nesse contexto, assuntos da FMC abordados nos artigos desta
amostra podem contribuir para discutir-se as mudanças nos modelos da
ciência física, contrastando com os modelos clássicos comumente
ensinados na escola.
Um exemplo desta questão pode ser dado pelo artigo ”Caos na
Mecânica Quântica?” (Almeida, 1992, p.48-55), onde o autor diferencia a
Mecânica Clássica e a Mecânica Quântica com relação aos sistemas
caóticos.
116
Por outro lado, os momentos pedagógicos além de estarem
presentes na proposta desenvolvida no livro Física (Delizoicov e Angotti,
1992), devido a seu caráter ‘fractal’, podem balizar a metodologia
didático-pedagógica no tratamento do texto ao trabalhar-se nos cursos
de formação inicial e continuada.
A idéia é que a leitura do artigo para a devida transposição
didática seja conduzida através do modelo didático-pedagógico dos
momentos pedagógicos, pois ao mesmo tempo que organiza o trabalho
com os artigos, estimula a utilização destes momentos na prática
pedagógica em sala de aula.
Com relação aos artigos da amostra tentei identificar aqueles
que poderiam ser utilizados no primeiro momento de um curso sobre um
assunto específico de FMC, ou seja, artigos que poderiam servir como
problematizadores iniciais.
Na amostra identifiquei 48 artigos que depois da devida
transposição didática poderiam ser utilizados para introduzir um certo
assunto de FMC numa programação escolar. Por exemplo, o artigo
“Supercondutividade” (Balseiro e Cruz, 1988, p.27-35) aborda este
assunto sem a necessidade de que o leitor tenha algum conhecimento
anterior sobre esse fenômeno.
Apresenta gráficos, desenhos, boxes (um aborda questões
históricas, outro fala da teoria BCS15, e os dois últimos descrevem a
busca da teoria que explique o fenômeno), sugestões de leituras e uma
fotografia de monocristais supercondutores feita através de
microfotografia eletrônica de varredura, onde é apresentado a devida
escala para que o leitor não seja confundido (na próxima pág.).
15 Teoria microscópica da supercondutividade, formulada em 1957 pelos físicos norte-americanos J.Bardeen, L.N.Cooper e T.R. Schrieffer, cujo nome leva as iniciais de seus formuladores.
117
Para visualizar, abra o arquivo m118.zip
118
O aspecto introdutório do artigo pode ser exemplificado pelo
seu parágrafo inicial :
“A resistência oferecida pelos metais à passagem de uma corrente
elétrica transforma parte da energia em calor, que se dissipa no
ambiente. Por esse motivo, uma porcentagem significativa dos
gastos com produção eletricidade não traz benefício algum.
Em 1911, foi descoberto que certos metais, quando submetidos a
temperaturas muito baixas, poderiam conduzir a eletricidade sem
apresentar nenhum tipo de resistência. Abriram-se então as portas
para uma verdadeira revolução tecnológica” (ibidem, p.27)
Este artigo consta nas referências bibliográficas do texto:
“Supercondutividade: Uma proposta de inserção no ensino médio”, de
Ostermann et alii(1998), da série: “Textos de Apoio ao Professor de
Física”, que procura atender a formação inicial e continuada numa
perspectiva inovadora.
Finalmente nessa apresentação panorâmica dos artigos que
analisei, encerro observando que dos 82 artigos, 37 apresentavam
sugestões de leituras, característica dos textos mais longos e que
contém uma maior quantidade de informações sobre o tema abordado.
Alguns artigos apresentavam referências a outros artigos da mesma
revista dentro do próprio texto, que de certa forma complementavam o
tema discutido.
A seguir apresentarei alguns artigos que representam cada um
dos grupos citados anteriormente e por fim, detalharei alguns artigos
exemplares para a utilização didática.
4.4 Caracterizando os grupos dos artigos
Na página 97, apresentei a divisão dos 82 artigos da amostra
em três grupos. A seguir apresentarei de forma mais detalhada alguns
artigos representantes de cada um destes grupos, procurando definir
aqueles, que na perspectiva desta dissertação, possibilitam uma melhor
119
transposição didática para inserir assuntos de FMC no ensino médio por
meio de uma abordagem temática.
Nos itens a seguir utilizarei a mesma referência dos artigos
relacionados no anexo IV.
4.4.1 Grupo I
O artigo “Uma teoria matemática descreve as mudanças de
fase: o exemplo da Percolação” (artigo n. 11), é um bom exemplo de um
texto mais voltado para especialistas do que para um público em geral.
O autor não se preocupa em utilizar farta linguagem técnica e
matemática específica tais como: probabilidade, configurações
percolantes, comprimento de correlação, etc.
Nesse caso, o texto mesmo tendo passado pela edição da
revista, para a sua utilização didática deverá haver um ‘nivelamento’ do
formalismo matemático mais adequado para o ensino médio.
Outro artigo que caracteriza este grupo, já citado
anteriormente, é “Alta tensão por um fio” (artigo n. 28). Além de utilizar
vários termos técnicos da área, apresenta fórmulas bastante específicas,
como por exemplo, a que calcula o custo da energia entregue no
terminal receptor (Box da pág.52), onde existem 10 variáveis! (na pág.
seguinte)
Assim, seria mais didático trabalhar com apenas algumas
variáveis mais importantes de maneira a verificar a proporcionalidade
entre elas e o custo da energia, um exemplo de como explorar o
conceito unificador escalas.
Ainda assim, o artigo poderia ser utilizado didaticamente para
trabalhar o processo de produção da energia elétrica, mas somente
depois de uma tradução didática do texto.
120
Para visualizar, abra o arquivo m121.zip
121
4.4.2 Grupo II
Nesse grupo, onde é mais evidente apenas o formalismo
matemático mais elaborado, o artigo “O que avalanches de grãos de
arroz podem revelar aos físicos” (artigo n. 80) é um bom exemplo desta
situação.
Este artigo aborda a teoria moderna de fenômenos críticos e
transições de fase, desenvolvida a partir da década de 60, portanto,
assunto de Física Contemporânea. Um texto que pode inclusive servir
de exemplo de um conceito supradisciplinar da ciência física, pois
explicita a universalidade da ‘criticalidade auto-organizada’, comparando
vários sistemas físicos como: gravitacionais, termodinâmicos,
mecânicos,etc.
Em várias partes, no texto, é repetido o conceito de
‘universalidade’:
“Os físicos sempre procuram descobrir, entre os inúmeráveis
aspectos dos fenômenos naturais, alguns poucos mecanismos que
sejam essenciais (...) Tais propriedades são denominadas
‘universais’ (...)
O sucesso das idéias de ‘universalidade’ em transições de fase foi
encorajador (...) Eles comprovam, em particular, que a
‘universalidade’ desse fenômeno é restrita a classes de sistemas
em que o atrito tem intensidade tal que consegue mantê-lo
continuamente no limiar crítico.” (Queiroz, 1996, p.6-8)
Mas o autor utiliza algum formalismo matemático superior
(função de probabilidade, por exemplo) e em certo trecho, utiliza um
raciocínio matemático implícito que não é de fácil entendimento para um
professor não familiarizado com a análise dimensional:
“As pilhas (de arroz) foram confinadas entre duas placas de vidro
(...) separadas por uma distância da ordem do tamanho de um grão,
de modo que a situação experimental tornou-se efetivamente
122
bidimensional.” (ibidem, p.7)
Seria também, uma ótima oportunidade para trabalhar o
conceito unificador escalas. Mas a presença deste formalismo
matemático (explícito e implícito) não torna o texto inviável para sua
utilização didática em cursos de formação de professores de física.
Essa é a característica marcante dos artigos do grupo II;
linguagem acessível, mas com algum formalismo matemático.
Outro artigo característico deste grupo é “Táquions” (artigo n.
33), que aborda a revolução ocorrida com o advento da mecânica
relativística com um texto atraente e bem acessível, onde o autor utiliza
textos da literatura universal, consoante com Zanetic (1998),na
perspectiva desta dissertação, isto é, a ciência física enquanto elemento
cultural de uma sociedade. A seguir cito um trecho da poesia “Burnt
Norton” (Eliot citado por Recami et alii, 1986, p.55) constante de um dos
boxes do artigo:
“O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é irredimível.
O que poderia ter sido é uma abstração
Que permanece, perpétua possibilidade,
Num mundo apenas de especulação.”
Este artigo apenas se distancia de uma utilização didática para
o ensino médio quando trabalha com as transformações de Lorentz e
quando utiliza alguns gráficos que representam os táquions e os
brádions em três dimensões, e da radioemissão oriunda de uma fonte
Superluminal (na pág. seguinte), mas que diferentemente dos artigos do
grupo I, não compromete o texto como um todo.
123
Para visualizar, abra o arquivo m124.zip
124
Neste caso a transposição didática do texto para ser
trabalhado em cursos de formação de professores de física é mais
simples daquela que pode ser feita com artigos do grupo I.
Este artigo é um bom exemplo de como um assunto de FMC
pode mudar concepções clássicas sobre a ciência e seus processos,
exemplificado num trecho do final do mesmo:
“Tudo o que pode ser pensado de forma não contraditória deve
existir em algum lugar de um universo ilimitado...” (ibidem, p.59)
Mas para que um professor de física do ensino médio inicie o
seu curso discutindo o trecho acima com seus alunos, é necessário que
esteja bem informado e que tenha planejado o seu programa utilizando
uma abordagem não tradicional, essa é a hipótese defendida nesta
dissertação.
Neste sentido, a seguir apresentarei alguns exemplares de
artigos que acredito serem mais indicados para a sua utilização em
cursos de formação de professores de física do ensino médio, seja
inicial ou continuada, atendendo ao que foi argumentado no parágrafo
anterior, ou seja, material de divulgação científica que possa subsidiar a
renovação dos conteúdos programáticos escolares.
4.5 Artigos exemplares
Neste item, que também pretende ser conclusivo para esta
dissertação, apresentarei alguns artigos exemplares do grupo III que no
meu entender contém as características do material de divulgação que
possibilita a inserção de assuntos da FMC de forma sistemática e
didática em cursos de formação de professores de física do ensino
médio, na perspectiva de que venham a ser utilizados com os alunos
deste nível de escolaridade.
A medida que irei descrevendo estes artigos exemplares,
serão realçados aqueles elementos que procuram atender as
características do texto de divulgação científica que pode ser inserido no
125
espaço escolar na perspectiva defendida ao longo dos capítulos
anteriores, qual seja, a renovação dos conteúdos programáticos
escolares balizada por uma concepção da ciência física como integrante
do conjunto cultural da sociedade.
Para comentar estes artigos exemplares, utilizarei como
referência aqueles que constam no livro Física (Delizoicov e Angotti,
1992), fazendo assim a conexão destes com a ementa do programa
proposto, inserindo os artigos nessa abordagem, como argumentado nos
capítulos I e II.
Procuro dessa forma articular a minha fundamentação teórica
desenvolvida no capítulo I, com a proposta defendida no capítulo II para
inserir assuntos da FMC no ensino médio, no caso, a abordagem
temática.
O artigo “Energia e Sociedade” (artigo n.36), com forte
característica das relações da CTS, que descreve a evolução da
utilização da energia pelo homem, desde a descoberta do fogo até os
dias de hoje, pode ser explorado em dois momentos do curso:
primeiramente quando o professor está preparando a discussão sobre a
conservação da energia, começando por Galileu e indo até as
publicações de Helmholtz sobre as transformações entre formas
distintas de energia (ver Delizoicov e Angotti, 1992, p.57-58).
Neste caso, o artigo da revista pode ser explorado para a
conceituação dos processos de transformações, tanto da energia,
quanto da forma como a sociedade moderna passou a utilizar a mesma.
O trecho a seguir, que ‘abre’ o artigo, demonstra a sua
potencialidade didática associada a riqueza de articulações:
“Embora não se possa fazer previsões alarmistas para os próximos
50 anos, é certo que a civilização do petróleo - uma construção do
século XX - cedo ou tarde chegará ao fim. Impõe-se, por isso,
desde já, uma reflexão sobre o perfil do sistema energético num
futuro não muito longínquo.
126
Se a questão fosse de ordem estritamente econômica, a solução
não seria difícil: bastaria estabelecer os parâmetros necessários à
formalização de uma análise de custo/benefício para cada opção.
Mas isso não é suficiente: as relações entre energia e sociedade
são bem mais complexas.” (p.31)
Num outro momento, o artigo acima pode ser utilizado para
trabalhar o Tópico 4: O calor trabalha-máquinas térmicas do livro Física
(ver Delizoicov e Angotti, 1992, p.113-116), onde o texto é bastante rico
em informações sobre os motores à vapor, à explosão e elétrico, como
pode ser evidenciado no trecho abaixo:
“(...) ainda na primeira metade do século XIX, tinham sido iniciadas
pesquisas visando a construir um motor a pistão comandado por ar
aquecido pela combustão. A meta era um motor pequeno, capaz de
vencer as limitações da máquina de costura.”(p.35)
Já um outro trecho aborda a energia em sua forma mais
moderna:
“Quando o preço do petróleo quadruplicou (1973-74), a
transformação da energia nuclear em fonte energética básica
parecia inevitável. Abria-se a nova fase na história da humanidade
(..) ” (p.37)
Este artigo concilia várias abordagens do ensino da física
numa perspectiva renovadora: relações da Ciência, Tecnologia e
Sociedade, que é a característica marcante do artigo, História da
Ciência e Física Moderna e Contemporânea.
Essa é mais uma das possibilidades didáticas do trabalho com
artigos de divulgação científica, a articulação da inserção de assuntos
da FMC com outras tendências curriculares inovadoras da área do
ensino de física desenvolvidas nas últimas décadas.
Na página 38 do artigo encontra-se um gráfico da evolução do
consumo humano diário de energia per capita em calorias, que é um
bom instrumento para trabalhar-se o conceito unificador escalas.
127
Para vizualizar, abra o arquivo m128.zip
128
Além dessas qualidades didáticas, este artigo, como tantos
outros, apresenta sugestões de leituras tais como: ”Histoire des
techniques” (Guille citado por Oliveira, 1987, p.38), Historia de la
tecnologia (Derry e Williams,idem, ibidem) e A nova aliança (Prigogine e
Stengers, idem, ibidem). Dessa maneira o artigo pode trasformar-se num
multiplicador de informações para auxiliar na formação do professor de
física, seja ela inicial ou continuada.
O artigo “O início e o fim” (artigo n.40), exemplar de artigo de
FMC, aborda as teorias cosmológicas existentes com esquemas
bastante didáticos, mencionando várias áreas da Ciência Física
Moderna e Contemporânea. Sua leitura é sugerida no último tópico da
ementa: Energia solar e a terra: fusão nuclear (ver Delizoicov e Angotti,
1992, p.157), que apresenta como objetivo:
“Indicar ordem de grandeza de energia incidente e acumulada na
Terra, a partir do Sol. Descrever reações nucleares com liberação
de energia resultante da fusão no Sol. Identificar energia liberada
na fusão com perda de massa solar. Aplicar numericamente os
conceitos e novas relações em um exemplo.” (Delizoicov e Angotti,
1992, p.158)
O artigo comenta várias escalas de energia presentes nos
modelos de universo auxiliando na percepção da relação entre o
conceitos unificadores escalas e regularidades, como sugerido por
Angotti (1991, p.148):
“O tratamento mais equilibrado das duas grandezas que formam
nosso palco pode facilitar mais tarde compreensões mais recentes
desse palco, que não mais separam o tempo do espaço mas os
conectam em espaço-tempo. Essa nova compreensão rompe
drasticamente com o nosso senso comum; é desejável que alunos
tenham oportunidade, ao final do segundo grau, de serem
introduzidos a essas noções da física do século XX.”
O artigo inclusive apresenta um quadro descrevendo as
129
dimensões da energia que poderia ser explorado juntamente com o
quadro apresentado no trabalho de Angotti (1991, p.149-151), onde
ordens de grandeza de comprimento são comparadas com as
regularidades de cada dimensão.
Uma forma de organizar essa atividade metodologicamente
num curso de formação inicial ou continuada, poderia ser feita através
dos momentos pedagógicos, onde no primeiro momento poderia ser
realizada uma leitura com o respectivo levantamento de dúvidas sobre
termos, conceitos e modelos presentes no texto, para que no segundo
momento essas dúvidas fossem discutidas e organizadas utilizando-se o
quadro citado acima como referência. No terceiro momento poderia ser
feita a relaboração do texto para a sua utilização em sala de aula.
Dessa forma se garantiria a relação dialógica pretendida na
abordagem desta dissertação.
A presença de termos específicos da física escolar podem
balizar a utilização didática do artigo, por exemplo, na unidade 6:
Transporte de Energia (ver Delizoicov e Angotti, 1992, p.148), é
proposto como objetivo do tópico 1: Fenômenos ondulatórios:
“Enunciar as leis da reflexão e da refração.
Caracterizar os fenômenos de difração, interferência e polarização
de ondas.
Identificar os fenômenos ópticos nos instrumentos mais simples e
descrever o seu princípio de funcionamento.”(idem, ibidem)
A seguir vou citar alguns trechos do artigo “Holografia- A luz
congelada” (artigo n.20), sugerido para explorar o tópico acima, que
contém os conceitos dos seus objetivos:
“A holografia começou a nascer em 1948, quando o húngaro Dennis
Gabor (prêmio Nobel de Física em 1971) publicou a descrição de
um novo princípio óptico que combinava com perfeição
surpreendente os fenômenos da interferência e da difração na
reconstrução de ondas. (...) Após o processamento fotográfico, o
130
filme volta a ser iluminado com um dos feixes, devolvendo uma
imagem virtual que reconstitui a imagem do objeto. Sendo obtidos
de uma única fonte monocromática... (...) Os hologramas podem
agir também como lentes focalizadoras, de fácil reprodução e
alinhamento.” (p.38-45)
Os trechos acima demonstram que o artigo pode ser explorado
para alcançar os objetivos do tópico, pois utilizam conceitos pertinentes,
ao mesmo tempo que insere um assunto da Física Contemporânea.
A citação acima também confirma a argumentação
desenvolvida no capítulo III, onde diferenciei a divulgação científica para
o público em geral e a divulgação para professores de física.
Os termos e conceitos descritos no artigo dificultam o
entendimento do tema abordado para um leitor não familiarizado com a
física escolar, mesmo havendo a preocupação do autor em esclarecer
por meio de boxes, alguns conceitos da ótica. Isto já não se aplicaria a
um professor de física de ensino médio acostumado a trabalhar com
esses conhecimentos.
Neste caso o professor se encarregaria de realizar a devida
transposição didática como sugerido pelos autores quando no segundo
momento (organização do conhecimento) do desenvolvimento do tópico:
“A seguir, discuta as propriedades de difração e interferência da
luz. Neste caso, é interessante fazer analogias com os fenômenos
bastante comuns de difração e interferência de ondas na superfície
da água.” (Delizoicov e Angotti, p.150)
Nos artigos exemplares apresentados neste item destaquei
vários aspectos que confirmam as possibilidades didáticas dos artigos
da revista Ciência Hoje para inserir assuntos da FMC em cursos de
formação de professores de física do ensino médio.
Mesmo não esgotando todas as possibilidades didáticas que
cada artigo apresentava, creio serem suficientes as que foram
apontadas para inferir que o material de divulgação científica pode ser
131
sistematizado no espaço escolar.
A seguir, além das reflexões retiradas desta dissertação,
apresentarei indicações que acredito serem básicas na hora da escolha
de quais materiais de divulgação científica permitem uma exploração
didática, em particular, para inserir assuntos da FMC no ensino médio.
132
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta dissertação pretendi abordar novas linguagens:
curriculares, didático-pedagógicas, da comunicação científica e da
tecnologia - sempre permeadas por uma concepção de educação
transformadora.
Em particular, uma educação científica que contemple a
formação para a cidadania, numa perspectiva do ensino de física como
elemento cultural de uma sociedade.
Nos capítulos anteriores desta dissertação procurei demonstrar
que outros materiais didáticos, no caso, artigos de revista de divulgação
científica, podem auxiliar os formadores de professores de física do
ensino médio na tarefa de mudar a prática pedagógica para um ensino
que ao mesmo tempo seja tradicional, no sentido de respeitar as
questões histórico-culturais de nossa sociedade, e suficientemente novo
para preparar o cidadão para o próximo século, inserindo novas formas
de pensar e agir em sua vida cotidiana. Sobre isto Freire argumenta que:
“(...) nem sempre é viável a quem realmente opta pelas
transformações fazê-las como gostaria e no momento em que
gostaria. Além do desejo de fazê-las, há um viável ou um inviável
histórico do fazer.
Qualquer que seja o momento histórico em que esteja a sociedade,
seja o do viável ou do inviável histórico, o papel do trabalhador
social que optou pela mudança não pode ser outro senão o de atuar
e refletir com os indivíduos com quem trabalha para conscientizar-
se junto com eles das reais dificuldades da sua sociedade.” (1979,
p.55-56)
133
O entendimento de conceitos da FMC podem propiciar essa
consciência mais do que a visão estreita produzida pela física escolar
abordada no ensino tradicional.
Neste trabalho procurei conciliar a minha experiência
profissional com as experiências adquiridas durante a realização da
minha pós-graduação, em particular, adquiridas nas discussões sobre
como produzir outras alternativas aos livros didáticos, ciente de que
pesquisas recentes apontam para deficiências deste material como
únicos auxiliares na programação escolar.
A análise dos artigos da revista Ciência Hoje associada à
abordagem temática possibilitou descortinar os elementos didáticos
presentes nos textos. Mesmo não tendo sido meu objetivo nesta
dissertação, este trabalho possibilita reunir elementos para uma futura
avaliação da qualidade do material de divulgação científica, seja para
sua utilização didática ou não.
Alguns elementos se evidenciaram mais importantes na
escolha de um artigo de divulgação científica para sua utilização
didática, são eles:
I� A confiabilidade na autoria do artigo.
II� A relação entre o assunto abordado no artigo e sua
contextualização numa programação escolar.
III� A linguagem ,seja técnica ou matemática, implícita ou
explícita, apresentada no artigo.
IV� A relação do artigo com a programação escolar planejada.
Após o tratamento dos artigos inferi que o artigo de divulgação
científica mais indicado para ser utilizado em cursos de formação de
professores, seja inicial ou continuada, no mínimo, necessita;
I� Ser escrito por autores reconhecidos pela comunidade
científica, sejam cientistas ou não.
II� Os assunto(s) da ciência física abordado(s) no artigo,
134
deve(m) ser coerente(s) com a ementa do programa escolar
que se pretende explorar.
III� A linguagem técnica deve ser acessível, evitando-se o
excesso de termos específicos. A linguagem matemática
deve estar presente somente para facilitar o entendimento
do conceito abordado,neste caso, evitando-se o formalismo
mais avançado da física-matemática.
IV� O artigo deve apresentar possibilidades de ser inserido de
forma sistemática numa programação escolar previamente
definida, coerente com os objetivos educacionais almejados
pelo professor, aqui defendido como progressista.
Permeando estas indicações está a metodologia de trabalho
dos textos com os professores, que procuram realizar a transposição
didática do mesmo. De acordo com as argumentações apresentadas no
capítulo I, esta metodologia deve ser dialógica, objetivando realizar as
necessárias rupturas das visões do senso comum pedagógico tradicional
tão presentes em nossa realidade escolar.
Esta dissertação prescindiu de uma trabalho junto à
professores afim de testar as hipóteses levantadas, mas a intenção aqui
foi de primeiramente avaliar as possibilidades desta intervenção e dar
subsídios para a sua execução.
Também acredito que esse trabalho abre caminho para que
professores de física de ensino médio e seus formadores utilizem
materiais de divulgação científica, seja na forma impressa ou não, em
suas atividades pedagógicas, de forma sistemática e articulada a uma
proposta não tradicional de ensino, no sentido de não perder ‘as alegrias
e satisfações’ que somente a cultura elaborada pode propiciar.
Esse trabalho contribui no sentido de que materiais
alternativos aos livros didáticos possam ser utilizados de forma dirigida e
sistemática no âmbito escolar, contrariando concepções do senso
comum de que apenas serviriam para ‘ilustrar’aulas de ciências ou
135
simplesmente complementar conteúdos do ensino tradicional. Busco
desta maneira defender o aspecto formal da educação escolar,
consoante com Snyders:
“O que me parece caracterizar a escola é uma organização
sistemática e contínua das situações: primeiramente, há “pré-
requisitos”, isto é, uma preparação, um grau de preparação
considerado indispensável ao que se faz; e portanto uma certa
homogeneidade de formação, de conhecimentos (...)
Em seguida, procede-se em ordem: há etapas, não se deve
queimar as etapas, menos ainda ignorar sua existência. Uma
sucessão coerente, do graduado; passo a passo; há um programa
progressivo, uma “progressão”, como se dizia na linguagem dos
antigos professores. Cada novo momento integra-se ao que
precede, consolida o que precede e serve de garantia para ir mais
além; cada degrau é um ponto de apoio para atingir o degrau
seguinte.”(1988, p.202)
Ainda não contamos com um número significativo de pesquisas
sobre a qualidade de nossos livros didáticos de física do ensino médio,
mas observando-se a situação já anunciada dos livros de ciências do
ensino fundamental e particularmente com relação ao ensino da FMC,
materiais de divulgação científica apresentam-se como boas alternativas
didático-pedagógicas como defendi nesta dissertação.
Nesta dissertação limitei-me a pesquisar a mídia impressa, por
entender que a inserção de materiais de divulgação científica no espaço
escolar, por si só, já implica em explorar um terreno ainda
desconhecido, não podendo nesse momento avaliar as potencialidades
de outras mídias.
Por outro lado, o texto impresso ainda é fonte referencial de
textos eletrônicos, com isto, esta dissertação apresenta uma
contribuição para que sejam conduzidas novas pesquisas no sentido de
avaliar a inserção, sistemática, de outras mídias no âmbito escolar.
136
Uma das possíveis continuidades deste trabalho foi
descortinada num rápido ensaio com professores de física da escola
pública onde leciono. Neste ensaio, seguido de uma entrevista semi-
estruturada, três professores fizeram uma leitura crítica de um dos
artigos analisados, onde utilizei o apoio metodológico dos momentos
pedagógicos.
Mesmo que despretensiosamente, este ensaio indicou
possibilidades do texto de divulgação científica orientar, com rigor
científico, o trabalho de formação(inicial ou continuada) de professores
de física, objetivando tratar assuntos de FMC no ensino médio,
articulados a um programa escolar previamente definido.
Neste trabalho não procurei encontrar a resposta de como
renovar o ensino de física utilizando o material de divulgação científica,
ao contrário, acredito que as argumentações desenvolvidas aqui servirão
como subsídio para que outras formas de abordagens sejam
pesquisadas e divulgadas no sentido de auxiliar o professor de física do
ensino médio na tarefa de transformar a sua atuação docente no espaço
escolar.
137
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ZIMAN, J.Conhecimento Público.São Paulo,Ed. USP(Coleção o Homem
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148
ANEXO I
149
Artigos analisados no estudo piloto:(Estes artigos foram formatados pelo Banco de Dados, portanto podem apresentar
erros de acentuação)
1-AUTOR: CONTINENTINO, Mucio AmadoTITULO: Vidros de spin: novos desafios do magnetismoPUBLICACAO:3(17): 72-80(*)LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, mar/abr/1985
2-AUTOR: MUNIZ, Ramiro;LOBO, RobertoTITULO: Radiacao de sincrotronPUBLICACAO: 2(11): 38-43LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, mar/abr/1984
3-AUTOR: LUNAZZI, Jose JoaquimTITULO:Holografia- A luz congeladaPUBLICACAO: 3(16): 36-45LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, jan/fev/1985
4-AUTOR: TOFFOLI, Luiz Carlos;ALENCAR, Dacio Figueiredo de;MELLO, Marcio RochaTITULO: A energia do gasPUBLICACAO: 3(15): 62-8LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, nov/dez/1984
5-AUTOR: MARQUES, Gil da CostaTITULO: O inicio e o fimPUBLICACAO: 6(33): 32-40LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, jul/1987
6-AUTOR: KIRCHHOFF, Volker W J H; MOTTA, Adauto G; AZAMBUJA, Sidney OTÍTULO: Camada de ozonio: um filtro ameacadoPUBLICAÇÃO: , 5(28): 29-33LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, jan/fev/1987
7-AUTOR: NOVELLO, MarioTÍTULO: Novas teorias do cosmosPUBLICAÇÃO: , 1(3): 54-9LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, nov/dez/1982.
8-AUTOR: CLARO, FranciscoTÍTULO: O efeito Hall quanticoPUBLICAÇÃO: , 6(31): 36-42LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, maio/1987
9-AUTOR: PACHECO, J Antonio de FreitasTÍTULO: Vento solar e ventos estelaresPUBLICAÇÃO: , 1(1): 54-7
150
LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, jul/ago/1982.
10-AUTOR: PICAZZIO, EnosTÍTULO: MeteoritosPUBLICAÇÃO: , 4(22): 68-72LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, jan/fev/1986.
11-AUTOR: BROWN, HarveyTÍTULO: A estranha natureza da realidade quanticaPUBLICAÇÃO: , 2(7): 24-32LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, jul/ago/1983
12-AUTOR: TERRY, Leslie Afranio et alTÍTULO: Nas malhas da energiaPUBLICAÇÃO: , 4(23): 40-6LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, mar/abr/1986
13-AUTOR: SILVA, Licio daTÍTULO: Inverno nuclear: e o Brasil?PUBLICAÇÃO: , 5(30): 54-62LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, abr/1987.
14-AUTOR: ARAUJO, Cid B de;LEITE, Jose R RiosTÍTULO: Luz e materia: as surpresas da interacãoPUBLICAÇÃO: , 5(27): 38-42LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, nov/dez/1986
15-AUTOR: DESTRO, Marcelo G; RODRIGUES, Nicolau A S; RIVA, Rudimar; SCHWAB,CarlosTÍTULO: Separando isotopos com lasersPUBLICAÇÃO: , 20(117) : 22-7LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, fev/1996
(*)Esta referência contém:volume(número)intervalo de páginas
151
ANEXO II
152
Artigos levantados no Banco Fisbit :
-Esta relação foi retirada do próprio Banco, portanto não apresenta acentuação.-A referência da publicação segue o mesmo sistema do anexo I.
1.(Artigo)AUTOR: ALMEIDA, Alfredo M Ozorio deTÍTULO: Caos na mecanica quantica?PUBLICAÇÃO: , 14(80): 48-55 Rio de Janeiro,mar/abr/19922.(Artigo)AUTOR: ARAUJO, Cid B de;LEITE, Jose R RiosTÍTULO: Luz e materia: as surpresas dainteracãoPUBLICAÇÃO: , 5(27): 38-42 Rio de Janeiro,nov/dez/19863.(Artigo)AUTOR: BAGNATO, Vanderlei Salvador;ZILIO, Sergio CTÍTULO: Controlando atomos com luzPUBLICAÇÃO: , 9(53): 40-6 Rio de Janeiro,maio/19894.(Artigo)AUTOR: BALSEIRO, Carlos;LA CRUZ, FranciscoTÍTULO: SupercondutividadePUBLICAÇÃO: , 9(49): 26-35 Rio de Janeiro,dez/19885.(Artigo)AUTOR: BARBIERI, Ronaldo SantosTÍTULO: Duplas imagens de quasares e lentesgravitacionaisPUBLICAÇÃO: , 6(31): 18-9 Rio de Janeiro,maio/19876.(Artigo)AUTOR: BARROS, Fernando de SouzaTÍTULO: Luminescencia, da alquimia a epocamodernaPUBLICAÇÃO: , 1(2): 50-5 Rio de Janeiro,set/out/19827.(Artigo)AUTOR: BERTULANI, Carlos ATÍTULO: A materia superaquecida esupercomprimidaPUBLICAÇÃO: , 8(46): 48-54 Rio de Janeiro,set/19888.(Artigo)AUTOR: BES, Daniel RTÍTULO: O xadrez nuclear: caminhos dodesarmamentoPUBLICAÇÃO: , 6(33): 21-4 Rio de Janeiro,jul/1987
9.(Artigo)AUTOR: BROWN, HarveyTÍTULO: A estranha natureza da realidadequanticaPUBLICAÇÃO: , 2(7): 24-32 Rio de Janeiro,jul/ago/198310.(Artigo)AUTOR: BUONOMANO, Vincent; FARIAS,Ruy H ATÍTULO: Mecanica quantica: um desafio aintuicãoPUBLICAÇÃO: , 14(83): 17-26 Rio de Janeiro,ago/199211.(Artigo)AUTOR: CARLEIAL, Aydano BTÍTULO: O Brasil no espaco cosmicoPUBLICAÇÃO: , 14(84): 31-5 Rio de Janeiro,set/199212.(Artigo)AUTOR: CARVALHO, Joaquim Francisco deTÍTULO: Lixo atomico: o que fazer?PUBLICAÇÃO: , 2(12): 18-24 Rio de Janeiro,maio/jun/198413.(Artigo)AUTOR: CASTRO, Jose d'Albuquerque eTÍTULO: Vidros metalicosPUBLICAÇÃO: , 1(5): 24-8 Rio de Janeiro,mar/abr/198314.(Artigo)AUTOR: CHAMBOULEYRON, JuanTÍTULO: Eletricidade solarPUBLICAÇÃO: , 9(54): 32-9 Rio de Janeiro,jun/198915.(Artigo)AUTOR: CLARO, FranciscoTÍTULO: O efeito Hall quanticoPUBLICAÇÃO: , 6(31): 36-42 Rio de Janeiro,maio/198716.(Artigo)AUTOR: CONTINENTINO, Mucio AmadoTÍTULO: Vidros de spin: novos desafios domagnetismoPUBLICAÇÃO: , 3(17): 72-80 Rio de Janeiro,mar/abr/198517.(Artigo)AUTOR: COUTINHO, SergioTÍTULO: "Vidros" que imitam o cerebroPUBLICAÇÃO: , 14(80): 8-9 Rio de Janeiro,mar/abr/1992.
153
18.(Artigo)AUTOR: DAMINELI NETO, AugustoTÍTULO: Nascimento, vida e morte das estrelasPUBLICAÇÃO: , 1(2): 10-9 Rio de Janeiro,set/out/198219.(Artigo)AUTOR: DAVIDOVICH, LuizTÍTULO: A busca dos computadores opticosPUBLICAÇÃO: 3(18): 12-4 Rio de Janeiro,maio/jun/198520.(Artigo)AUTOR: DAVIDOVICH, LuizTÍTULO: Hologramas dinamicos e espelhosconjugadosPUBLICAÇÃO: , 4(22): 16-8 Rio de Janeiro,jan/fev/198621.(Artigo)AUTOR: FIGUEIREDO NETO, AntonioMartins; TOURINHO, Francisco AugustoTÍTULO: Cristal liquido magnetico no BrasilPUBLICAÇÃO: , 13(77): 16-7 Rio de Janeiro,out/nov/199122.(Artigo)AUTOR: GLICK, Thomas FTÍTULO: Segredos do jovem EinsteinPUBLICAÇÃO: , 11(66): 60-1 Rio de Janeiro,set/1990.23.(Artigo)AUTOR: GOLDENBERG, JoseTÍTULO: O futuro da energia nuclearPUBLICAÇÃO: , 7(42): 34-42 Rio de Janeiro,maio/198824.(Artigo)AUTOR: GONZALEZ, Walter D et alTÍTULO: AurorasPUBLICAÇÃO: , 10(60): 26-31 Rio de Janeiro,dez/198925.(Artigo)AUTOR: GROSS, BernhardTÍTULO: Tchernobyl, um ano depois: o quehouve, afinal?PUBLICAÇÃO: , 6(32): 28-35 Rio de Janeiro,jun/1987.26.(Artigo)AUTOR: HARWOOD, John HTÍTULO: O cata-agua: energia para pequenascomunidadesPUBLICAÇÃO: , 2(10): 22-5 Rio de Janeiro,jan/fev/1984.27.(Artigo)AUTOR: IVANISSEVICH, AliciaTÍTULO: Novas esperancas para a fusao nuclearPUBLICAÇÃO: , 9(49): 10 Rio de Janeiro,dez/1988
28.(Artigo)AUTOR: JANNUZZI, Gilberto de MartinoTÍTULO: Conservacão de energia, meioambiente e desenvolvimentoPUBLICAÇÃO: , 11(66): 16-22 Rio de Janeiro,set/1990.29.(Artigo)AUTOR: KIRCHHOFF, Volker W J H;BROWELL, E V; FISHMAN, JTÍTULO: Ozonio "bom" versus ozonio "ruim": ocaso das manchas na baixa atmosferaPUBLICAÇÃO: , 15(85): 58-62 Rio de Janeiro,out/199230.(Artigo)AUTOR: KIRCHHOFF, Volker W J H;MOTTA, Adauto G; AZAMBUJA, Sidney OTÍTULO: Camada de ozonio: um filtro ameacadoPUBLICAÇÃO: , 5(28): 29-33 Rio de Janeiro,jan/fev/198731.(Artigo)AUTOR: LERNER, EugenioTÍTULO: Criogenia: quanto mais frio melhorPUBLICAÇÃO: , 3(13): 88-94 Rio de Janeiro,jul/ago/1984.32.(Artigo)AUTOR: LUNAZZI, Jose JoaquimTÍTULO:Holografia- A luz congeladaPUBLICAÇÃO: , 3(16): 36-45 Rio de Janeiro,jan/fev/1985.33.(Artigo)AUTOR: MARQUES, Gil da CostaTÍTULO: O inicio e o fimPUBLICAÇÃO: , 6(33): 32-40 Rio de Janeiro,jul/1987.34.(Artigo)AUTOR: MATSUURA, Oscar ToshiakiTÍTULO: A origem da luaPUBLICAÇÃO: , 5(25): 26-7 Rio de Janeiro,jul/ago/1986.35.(Artigo)AUTOR: MATSUURA, Oscar ToshiakiTÍTULO: Bem-vindo, Halley!PUBLICAÇÃO: , 4(21): 32-48 Rio de Janeiro,nov/dez/1985.36.(Artigo)AUTOR: MATSUURA, Oscar ToshiakiTÍTULO: Na rota do HalleyPUBLICAÇÃO: , 4(22): 8-10 Rio de Janeiro,jan/fev/1986.37.(Artigo)AUTOR: MELLO, Sylvio Ferraz deTÍTULO: Aneis PlanetariosPUBLICAÇÃO: , 1(4): 16-26 Rio de Janeiro,jan/fev/1983.
154
38.(Artigo)AUTOR: MIGNACO, Juan Alberto;SHELLARD, Ronald CintraTÍTULO: Quarks, leptons, gluons, w, z... : amateria indivisivelPUBLICAÇÃO: , 3(14): 42-9 Rio de Janeiro,set/out/1984.39.(Artigo)AUTOR: MOREIRA, Ildeu de CastroTÍTULO: Os primordios do caos deterministicoPUBLICAÇÃO: , 14(80): 10-6 Rio de Janeiro,mar/abr/1992.40.(Artigo)AUTOR: MOTTA, Arthur Moses Thompson;OLIVEIRA, Luiz Fernando Seixas deTÍTULO: Angra entra em operacão - Um reatornuclear pode explodir?PUBLICAÇÃO: , 2(8): 58-62 Rio de Janeiro,set/out/1983.41.(Artigo)AUTOR: MUNIZ, Ramiro; LOBO, RobertoTÍTULO: Radiacão de sincrotronPUBLICAÇÃO: , 2(11): 38-43 Rio de Janeiro,mar/abr/1984.42.(Artigo)AUTOR: NOVELLO, MarioTÍTULO: Novas teorias do cosmosPUBLICAÇÃO: , 1(3): 54-9 Rio de Janeiro,nov/dez/1982.43.(Artigo)AUTOR: NUSSENZVEIG, H MoysesTÍTULO: Caos no mundo atomico e subatomicoPUBLICAÇÃO: , 14(80): 6-8 Rio de Janeiro,mar/abr/199244.(Artigo)AUTOR: OLIVEIRA, Paulo Murilo Castro deTÍTULO: PercolacãoPUBLICAÇÃO: , 2(9): 17-25 Rio de Janeiro,nov/dez/198345.(Artigo)AUTOR: PACHECO, J Antonio de FreitasTÍTULO: A materia no universoPUBLICAÇÃO: , 13(74): 8 Rio de Janeiro,jul/1991.46.(Artigo)AUTOR: PACHECO, J Antonio de FreitasTÍTULO: Estamos descobrindo efeitosantigravitacionais?PUBLICAÇÃO: , 3(15): 20-2 Rio de Janeiro,nov/dez/1984.47.(Artigo)AUTOR: PACHECO, J Antonio de FreitasTÍTULO: Vento solar e ventos estelaresPUBLICAÇÃO: , 1(1): 54-7 Rio de Janeiro,
jul/ago/1982.48.(Artigo)AUTOR: PACHECO, J Antonio de Freitas;CODINA-LANDABERRY, S JTÍTULO: Sistema planetario em Vega?PUBLICAÇÃO: , 2(8): 12-3 Rio de Janeiro,set/out/198349.(Artigo)AUTOR: PACHECO, J Antonio de FreitasTÍTULO: Halley: presenca no ceu por mais de 12mil anosPUBLICAÇÃO: , 5(25): 16-7 Rio de Janeiro,jul/ago/1986.50.(Artigo)AUTOR: PANEPUCCI, Horacio et alTÍTULO: Novas imagens do corpo: tomografiado corpoPUBLICAÇÃO: , 4(20): 46-56 Rio de Janeiro,set/out/1985.51.(Artigo)AUTOR: PEREIRA, Enio BuenoTÍTULO: A radioatividade atmosferica naturalPUBLICAÇÃO: , 14(81): 42-50 Rio de Janeiro,maio/jun/199252.(Artigo)AUTOR: PICAZZIO, EnosTÍTULO: MeteoritosPUBLICAÇÃO: , 4(22): 68-72 Rio de Janeiro,jan/fev/1986.53.(Artigo)AUTOR: PINTO JUNIOR, Osmar;GONZALEZ, Walter DTÍTULO: Anomalia magnetica brasileiraPUBLICAÇÃO: , 9(52): 30-5 Rio de Janeiro,abr/1989.54.(Artigo)AUTOR: PINTO JUNIOR, Osmar;GONZALEZ, Walter D; PINTO, Iara R Cardosode Almeida; MENDES JUNIOR, OdimTÍTULO: O campo magnetico dos planetasPUBLICAÇÃO: , 14(79): 32-7 Rio de Janeiro,jan/fev/1992.55.(Artigo)AUTOR: PINTO, Iara R Cardoso de Almeida;PINTO JUNIOR, Osmar; GONZALEZ, Walter DTÍTULO: A energia das tempestadesPUBLICAÇÃO: , 11(61): 39-44 Rio de Janeiro,jan/fev/199056.(Artigo)AUTOR: PIRES, Antonio Teixeira; COSTA,Bismarck Vaz daTÍTULO: A desordem inevitavelPUBLICAÇÃO: , 14(80): 34-9 Rio de Janeiro,mar/abr/1992.
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57.(Artigo)AUTOR: PIRES, Flavio Braz; VACCARI,FranciscoTÍTULO: Alta tensao por um fioPUBLICAÇÃO: , 4(23): 49-53 Rio de Janeiro,mar/abr/1986.58.(Artigo)AUTOR: PLEITEZ, VicenteTÍTULO: Energia: controladora do universoPUBLICAÇÃO: , 14(84): 6 Rio de Janeiro,set/199259.(Artigo)AUTOR: POUPEAU, GerardTÍTULO: Missao Voyager: viagem aJupiter(Traducão de ROCHA,Marco AntonioEsteves da )PUBLICAÇÃO: , 1(6): 46-52 Rio de Janeiro,maio/jun/198360.(Artigo)AUTOR: RECAMI, Erasmo; FRACASTORO-DECKER, Maristella; RODRIGUES JUNIOR,Waldyr ATÍTULO: TaquionsPUBLICAÇÃO: , 5(26): 48-59 Rio de Janeiro,set/out/198660.(Artigo)AUTOR: REEVES, HubertTÍTULO: A grande explosaoPUBLICAÇÃO: , 8(47): 36-44 Rio de Janeiro,out/1988.62.(Artigo)AUTOR: REZENDE, Sergio MTÍTULO: A danca dos spinsPUBLICAÇÃO: , 14(80): 28-32 Rio de Janeiro,mar/abr/1992.63.(Artigo)AUTOR: ROBILOTTA, Manoel Roberto;COELHO, Helio TeixeiraTÍTULO: Forcas nuclearesPUBLICAÇÃO: , 11(63): 22-30 Rio de Janeiro,abr/maio/1990.64.(Artigo)AUTOR: RODRIGUES, Manoel Goncalves;CHAGAS, Nilo Koscheck dasTÍTULO: Com gas, rumo ao futuroPUBLICAÇÃO: , 15(85): 24-9 Rio de Janeiro,out/1992.65.(Artigo)AUTOR: ROSA, Luiz PinguelliTÍTULO: A seguranca de Angra IPUBLICAÇÃO: , 9(53): 24-32 Rio de Janeiro,maio/198966.(Artigo)AUTOR: SALINAS, Silvio R A
TÍTULO: Caos no espacoPUBLICAÇÃO: , 4(22): 12 Rio de Janeiro,jan/fev/1986.67.(Artigo)AUTOR: SANTOS, Marcus B LacerdaTÍTULO: Fase biaxial relanca interesse porcristais liquidosPUBLICAÇÃO: , 5(25): 18-20 Rio de Janeiro,jul/ago/1986.68.(Artigo)AUTOR: SILVA, Licio daTÍTULO: Inverno nuclear: e o Brasil?PUBLICAÇÃO: , 5(30): 54-62 Rio de Janeiro,abr/1987.69.(Artigo)AUTOR: SIMON, David NTÍTULO: Angra entra em operacão: caminhos edescaminhos da energia nuclearPUBLICAÇÃO: , 2(8): 50-3 Rio de Janeiro,set/out/1983.70.(Artigo)AUTOR: SIMON, David NTÍTULO: Angra entra em operacão: comofunciona o reator de AngraPUBLICAÇÃO: , 2(8): 54-7 Rio de Janeiro,set/out/198371.(Artigo)AUTOR: SISTERNA, Pablo; VUCETICH,HectorTÍTULO: Constantes, eclipses, neutrons econchas(Traducão de DUQUE-DUQUE-ESTRADA,Maria Ignez )PUBLICAÇÃO: , 14(82): 26-33 Rio de Janeiro,jul/199272.(Artigo)AUTOR: SOARES, Ivano DamiaoTÍTULO: Formacão de galaxias: uma teoria emcrisePUBLICAÇÃO: , 13(75): 11-2 Rio de Janeiro,ago/199173.(Artigo)AUTOR: TAMARIT, Francisco; CANNAS,Sergio; PENNA, Thadeu J P; OLIVEIRA, PauloMurilo Castro de; TSALLIS, Constantino;RESENDE, Helio F V.TÍTULO: O infinito em coresPUBLICAÇÃO: , 14(80): 40-6 Rio de Janeiro,mar/abr/199274.(Artigo)AUTOR: TERRY, Leslie Afranio et alTÍTULO: Nas malhas da energiaPUBLICAÇÃO: , 4(23): 40-6 Rio de Janeiro, mar/abr/198675.(Artigo)
156
AUTOR: TOFFOLI, Luiz Carlos; ALENCAR,Dacio Figueiredo de; MELLO, Marcio RochaTÍTULO: A energia do gasPUBLICAÇÃO: , 3(15): 62-8 Rio de Janeiro,nov/dez/198476.(Artigo)AUTOR: TORRES, Carlos Alberto P C OliveiraTÍTULO: Manchas estelaresPUBLICAÇÃO: , 2(9): 42-50 Rio de Janeiro,nov/dez/198377.(Artigo)AUTOR: TSUCHIDA, MasayoshiTÍTULO: Plutao, um planeta peculiarPUBLICAÇÃO: , 9(49): 14 Rio de Janeiro,dez/198878.(Artigo)AUTOR: VALADARES, Eduardo de Campos;MOREIRA, Marcus Vinicius B; BEZERRAFILHO, Jose Carlos; DIAS, Ivan FredericoLupianoTÍTULO: Super-redes: harmonia das bandascristalinasPUBLICAÇÃO: , 6(35): 44-52 Rio de Janeiro,set/198779.(Artigo)AUTOR: CHAVES, Carlos Mauricio G FerreiraTÍTULO: Fenômenos de agregacãoPUBLICAÇÃO: , 10(55): 26-32 Rio de Janeiro,jul/198980.(Artigo)AUTOR: BAGNATO, Vanderlei SalvadorTÍTULO: Os segredos do atomoPUBLICAÇÃO: , 10(60): 10-1 Rio de Janeiro,dez/198981.(Artigo)AUTOR: SILVA, Cylon E T Goncalves daTÍTULO: Sincroton : a primeira luzPUBLICAÇÃO: , 11(62): 72 Rio de Janeiro,mar/199082.(Artigo)AUTOR: BERTULANI, Carlos ATÍTULO: Nucleos exoticos: novas perspectivasem Fisica NuclearPUBLICAÇÃO: , 11(65): 60-2 Rio de Janeiro,ago/199083.(Artigo)AUTOR: FIELDER, Haide; MARTINS, AyrtonFigueiredo; SOLARI, Jaime ATÍTULO: Meio ambiente e complexoscarboeletricos: o caso candiotaPUBLICAÇÃO: , 12(68): 38-45 Rio de Janeiro,nov/199084.(Artigo)AUTOR: REZENDE, Sergio M; AZEVEDO,
AntonioTÍTULO: É possível controlar o caos!PUBLICAÇÃO: , 12(71): 61 Rio de Janeiro,mar/199185.(Artigo)AUTOR: PACHECO, J Antônio de Freitas(colab)TÍTULO: O Sol estará detectando ondasgravitacionais?PUBLICAÇÃO: , 2(10) : 15-6 Rio de Janeiro,jan/fev/198486.(Artigo)AUTOR: SCHELLARD, Ronald; LEO, SérgioTÍTULO: Novas partículas no horizonte da FísicaPUBLICAÇÃO: , 3(13) : 20-4 Rio de Janeiro,jul/ago/198487.(Artigo)AUTOR: SILVA, Gerbasi da SilvaTÍTULO: Radioisótopos para medicinaPUBLICAÇÃO: , 3(16) : 12-5 Rio de Janeiro,jan/fev/198588.(Artigo)AUTOR: SILVA, Ruy Pepe da; NASCIMENTO,Ivan CunhaTÍTULO: Sonda sensível a íonsPUBLICAÇÃO: , 4(24) : 10-1 Rio de Janeiro,maio/jun/198689.(Artigo)(PENDÊNCIA)AUTOR: MN & HHTÍTULO: Qual a origem das galáxias?PUBLICAÇÃO: , 4(24) : 16-7 Rio de Janeiro,maio/jun/198690.(Artigo)AUTOR: MARQUES, Gil da Costa; EBOLI,Oscar J P; SILVA, ElyTÍTULO: Origem dos raios cósmicos: finalmenteuma pistaPUBLICAÇÃO: , 4( 24) :09 Rio de Janeiro,maio/jun/198691.(Artigo)AUTOR: JABLONSKI, Francisco José;CAMPOS, Rodrigo PratesTÍTULO: A supernova em NGC5128PUBLICAÇÃO: , 5(26) : 12-4 Rio de Janeiro,set/out/198692.(Artigo)AUTOR: ROSA, Luiz PinguelliTÍTULO: Guerra nas estrelas?PUBLICAÇÃO: , 6(35) : 63-6 Rio de Janeiro,set/198793.(Artigo)AUTOR: MATSUURA, Oscar ToshiakiTÍTULO: Grãos de matéria orgânica no cometaWilson
157
PUBLICAÇÃO:, 7(42): 18 Rio de Janeiro,maio/198894.(Artigo)AUTOR: OPHER, ReuvenTÍTULO: O anel impossível de EinsteinPUBLICAÇÃO: , 8(47) : 12 Rio de Janeiro,out/198895.(Artigo)AUTOR: GOLDENBERG, JoséTÍTULO: A conservacão de energiaPUBLICAÇÃO: , 13(73): 48-54 Rio de Janeiro,jun/199196.(Artigo)AUTOR: FREIRE JÚNIOR, OlivalTÍTULO: Bohm, Einstein e a ciência noBrasil(Tradução de BARROS, Fernando deSouzaMOREIRA, Ildeu de CastroVIEIRA,Cassio Leite)PUBLICAÇÃO: , 15(90) : 44-7 Rio de Janeiro,maio/199397.(Artigo)AUTOR: ESCOBAR, Carlos OTÍTULO: Revolucão nas altas energiasPUBLICAÇÃO: , 15(86): Rio de Janeiro,nov/dez/199298.(Artigo)AUTOR: LEMOS, Jose P STÍTULO: A origem do mundoPUBLICAÇÃO: , 15(88): 28-34 Rio de Janeiro,mar/199399.(Artigo)AUTOR: DAVIDOVICH, LuizTÍTULO: A luz sem ruidoPUBLICAÇÃO: , 15(88): 4-6 Rio de Janeiro,mar/1993100.(Artigo)AUTOR: MOREIRA, Ildeu de CastroTÍTULO: De grao em grao... : comportamento damateria na formula granular ainda e um desafiopara os cientistasPUBLICAÇÃO: , 15(90): 6-7 Rio de Janeiro,maio/1993101.(Artigo)AUTOR: JANNUZZI, Gilberto de MartinoTÍTULO: Uso eficiente de energia na iluminacãoPUBLICAÇÃO: , 15(90): 20-5 Rio de Janeiro,maio/1993102.(Artigo)AUTOR: LEAL, Alexandre SoaresTÍTULO: A arte radiografada : o uso do raio-Xabre perspectivas no estudo de obras de artePUBLICAÇÃO: , 15(90): 50-1 Rio de Janeiro,maio/1993103.(Artigo)
AUTOR: FLEMING, HenriqueTÍTULO: A descoberta (rara) de um fenomenonovoPUBLICAÇÃO: , 16(96): 12-3 Rio de Janeiro,dez/1993104.(Artigo)AUTOR: MONSERRAT FILHO, JoseTÍTULO: De quem e a orbita geoestacionaria?PUBLICAÇÃO: , 17(98): 63-4 Rio de Janeiro,mar/1994105.(Artigo)AUTOR: COSTA, JorgeTÍTULO: Tomadas ligadas no SolPUBLICAÇÃO: , 17(98): 9 Rio de Janeiro,mar/1994106.(Artigo)AUTOR: MATSUURA, Oscar ToshiakiTÍTULO: Tempestades de poeira em MartePUBLICAÇÃO: , 5(29): 17-8 Rio de Janeiro,mar/1987107.(Artigo)AUTOR: OLIVEIRA, Adilson deTÍTULO: Energia & SociedadePUBLICAÇÃO: , 5(29): 30-8 Rio de Janeiro,mar/1987108.(Artigo)AUTOR: KIRCHHOFF, Volker W J H;SCHUCH, N J; HILSENRATH, E.TÍTULO: Buraco de ozonio: novidades no sulPUBLICAÇÃO: , 17(99):6-7 Rio de Janeiro,/abr/1994109.(Artigo)AUTOR: RIVEROS, Jose M.TÍTULO: Quimica com fotonsPUBLICAÇÃO: , 17(99):8-9 Rio de Janeiro,abr/1994110.(Artigo)AUTOR: ROSSI, Alexandre Malta; JESUS,Edgard Francisco de Oliveira deTÍTULO: A radiacão que conservaPUBLICAÇÃO: , 17(100):24-9 Rio de Janeiro,jun/1994111.(Artigo)AUTOR: MATSUURA, Oscar ToshiakiTÍTULO: Como nascem os cometasPUBLICAÇÃO: , 17(101):8-11 Rio de Janeiro,jul/1994112.(Artigo)AUTOR: BAGNATO, Vanderlei Salvador;ARAUJO, Maria Tereza de; GUEDES, Ilde;MILORI, Debora M B Pereira; ZILIO, Sergio C.TÍTULO: Controle do atomo: passos em direcãoaos avancos do proximo seculoPUBLICAÇÃO: , 17(101):28-34 Rio de Janeiro,
158
JUL/1994113.(Artigo)AUTOR: CARROLL, Thomas L.TÍTULO: Sincronizando o caosPUBLICAÇÃO: , 17(102):26-31 Rio de Janeiro,AGO/1994114.(Artigo)AUTOR: LEMOS, Jose P STÍTULO: O destino das estrelasPUBLICAÇÃO: , 17 (97) : 42-53 Rio de Janeiro,fev/1994115.(Artigo)AUTOR: CHISHOLM, Malcolm H; PUTILINA,Elena FTÍTULO: Cristais liquidos -organometalicos(Traducão de BERALDO,Heloisa O. - Dep. de Quimica - UFMG)PUBLICAÇÃO: , 18 (104) :32-7 Rio de Janeiro,out/1994116.(Artigo)(PENDÊNCIA)AUTOR:PELLEGRINI, P. e COSTA, L.N.TÍTULO: Grande muralha no ceu do sulPUBLICAÇÃO: , 18 (107): 14-6 Rio de Janeiro,mar/1995117.(Artigo)AUTOR: SANTOS, Claudia B dos; PASSOS,Afonso Dinis Costa; SILVA, Marco Antonio Ada; CALIRI, AntonioTÍTULO: Epidemia: uma questao para a fisica?PUBLICAÇÃO: , 18 (108) : 44-51 Rio deJaneiro, abr/1995118.(Artigo)AUTOR: BERTULANI, Carlos ATÍTULO: Neutrinos SolaresPUBLICAÇÃO: , 18 (108) : 52-64 Rio deJaneiro, abr/1995119.(Artigo)AUTOR: VIEIRA, Cassio LeiteTÍTULO: Mais um pedacinho de materiaPUBLICAÇÃO: , 8(46) : 17 Rio de Janeiro,mar/1995120.(Artigo)AUTOR: LASKAR, JacquesTÍTULO: A Lua e a origem do homem(Traducãode DUQUE-ESTRADA, Maria Ignes Duque)PUBLICAÇÃO: , 19(109) :14-22 Rio de Janeiro,maio de 1995121.(Artigo)AUTOR: FERRAZ-MELLO, SylvioTÍTULO: Caos, planetas e planetoidesPUBLICAÇÃO: , 19(109) :23-5 Rio de Janeiro,maio de 1995122.(Artigo)AUTOR: MANSO, Carlos Alberto
TÍTULO: Agua em interiores planetariosPUBLICAÇÃO: , 19(110) : 10-1 Rio de Janeiro,jun/1995123.(Artigo)AUTOR: ALBERICI, Rosana M; NOGUEIRA,Raquel F P; JARDIM, Wilson de FigueiredoTÍTULO: Energia solar no combate a poluicãoPUBLICAÇÃO: , 19 (110) :4-7 Rio de Janeiro,jun/1995124.(Artigo)AUTOR: BAGNATO, Vanderlei SalvadorTÍTULO: A condensacão de Bose-EinsteinPUBLICAÇÃO: , 19 (111) : 10-1 Rio de Janeiro,jul/1995125.(Artigo)AUTOR: VIZENTINI, Paulo G FagundesTÍTULO: As razoes de Hiroshima e NagasakiPUBLICAÇÃO: , 19 (111) : 40-3 Rio de Janeiro,jul/1995126.(Artigo)AUTOR: ALVES, Gilvan Augusto; SANTORO,Alberto; GOMES E SOUZA, Moacyr HenriqueTÍTULO: Do eletron ao Quark Top - Como veruma particula elementarPUBLICAÇÃO: , 19(113): 34-42 Rio de Janeiro,set/1995127.(Artigo)AUTOR: LOPES, Jose LeiteTÍTULO: O Brasil na caca ao quark topPUBLICAÇÃO: , 19(113): 43-4 Rio de Janeiro,set/1995128.(Artigo)AUTOR: SANTOS, Carlos Alberto dosTÍTULO: Raios X - descoberta casual oucriterioso experimento?PUBLICAÇÃO: , 19 (114) : 26-35 Rio deJaneiro, out/1995129.(Artigo)AUTOR: BARBUY, BeatrizTÍTULO: Que idade tem o bojo de nossagalaxia?PUBLICAÇÃO: , 20 (115) : 10-2 Rio de Janeiro,nov/1995130.(Artigo)AUTOR: EISENSTAEDT, Jean; VIDEIRA,Antonio Augusto PassosTÍTULO: A prova cearense das teorias deEinstein ou como a cidade de Sobral entrou paraa historia da cienciaPUBLICAÇÃO: , 20 (115) :24-33 Rio de Janeiro,nov/1995131.(Artigo)AUTOR: DESTRO, Marcelo G; RODRIGUES,Nicolau A S; RIVA, Rudimar; SCHWAB, Carlos
159
TÍTULO: Separando isotopos com lasersPUBLICAÇÃO: , 20(117) : 22-7 Rio de Janeiro,fev/1996132.(Artigo)AUTOR: KRAAN-KORTEWEG, Renee CTÍTULO: Ha uma galaxia gigante a nossaporta(Traducão de DUQUE-ESTRADA, MariaIgnez Duque, com revisão tecnica de RonaldShellard)PUBLICAÇÃO: , 20(117) : 44-7 Rio de Janeiro,fev/1996133.(Artigo)TÍTULO: Detector de raios cosmicos ficara nosAndesPUBLICAÇÃO: , 20(117) : 57-8 Rio de Janeiro,fev/1996134.(Artigo)AUTOR: MORAES, Cesar Amorim de;SANCHES, RosemaryTÍTULO: Um jeito de 'ouvir' as cores da naturezaPUBLICAÇÃO: , 20 (115) : 6-9 Rio de Janeiro,nov/1995135.(Artigo)AUTOR: DORIA, Mauro MTÍTULO: A curiosa 'anatomia' dossupercondutoresPUBLICAÇÃO: , 21(122) : 6-8 Rio de Janeiro,jul/1996136.(Artigo)TÍTULO: O mundo do infinitamente pequeno nasreacoes quimicas(Traducão de DUQUE-DUQUE-ESTRADA, Maria Ignez)PUBLICAÇÃO: , 21 (122) : 52-8 Rio de Janeiro,jul/1996137.(Artigo)AUTOR: VAUCLAIR, SylvieTÍTULO: Do Big-Bang as estrelas: a genese damateria(Traducão de DUQUE-DUQUE-ESTRADA, Maria Ignez)PUBLICAÇÃO: , 21(121) :14-8 Rio de Janeiro,jun/1996138.(Artigo)
AUTOR: CRESTANA, Silvio; CRUVINEL,Paulo EstevaoTÍTULO: Tomografia do hospital a lavouraPUBLICAÇÃO: , 21(121) :20-4 Rio de Janeiro,JUN/1996139.(Artigo)AUTOR: PLASTINO, Angel RTÍTULO: Nova teoria ajuda a explicardistribuicoes de LevyPUBLICAÇÃO: , 21(123) :24-5 Rio de Janeiro,ago/1996140.(Artigo)AUTOR: QUEIROZ, Sergio L.A.TÍTULO: O que avalanches de graos de arrozpodem revelar aos fisicos?PUBLICAÇÃO: , 21(124) :6-8 Rio de Janeiro,out/1996141.(Artigo)AUTOR: TOLMASQUIM, Alfredo Tiomno;MOREIRA, Ildeu de CastroTÍTULO: Um manuscrito de Einstein no BrasilPUBLICAÇÃO: , 21(124) :22-9 Rio de Janeiro,out/1996142.(Artigo)AUTOR: SHELLARD, Ronald Cintra; VIEIRA,Cassio LeiteTÍTULO: James W.Cronin: o enigma dasmicroparticulas com macroenergiaPUBLICAÇÃO: , 21(124) :30-4 Rio de Janeiro,out/1996143.(Artigo)AUTOR: CARNEIRO, GilsonTÍTULO: Nobel de Fisica - abrindo nova area depesquisaPUBLICAÇÃO: , 21(125): 9-11 Rio de Janeiro,dez/1996144.(Artigo)AUTOR: WINTER, OthonTÍTULO: Netuno - 150 anos de historia e cienciaPUBLICAÇÃO: , 21(125): 38-47 Rio de Janeiro,dez/1996
160
ANEXO III
161
FICHA PARA CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS DA CIÊNCIA HOJE
I-CH:_______________________________ ANO:_________
II-AUTOR:___________________________________________________________
_____________________________________________________________
III-TÍTULO:____________________________________________________________
______________________________________________________________
IV-ASSUNTO DA CIÊNCIA FÍSICA:________________________________________
_________________________________________
V-ASSUNTO DA FÍSICA ESCOLAR:________________________________________
________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
162
ANEXO IV
163
ARTIGOS DA AMOSTRA AMPLIADAn0 VOL(N.):PG ANO AUTOR TÍTULO
1* 1(1):54-7 82 PACHECO, J. A. F. Vento Solar e Ventos Solares2* 1(2):10-9 82 DAMINELLI, A. Nascimento, vida e morte das estrelas3* 1(2):50-5 82 BARROS, F.S. Luminescência, da Alquimia à era
moderna4* 1(3):54-9 82 NOVELLO, M. Novas teorias do cosmo5* 1(4):16-26 83 MELLO, S.F. Anéis Planetários6* 1(6):46-52 83 POUPEAU, G. Missão Voyager:Viagem à Júpiter7* 2(7):24-32 83 BROWN, H. A estranha natureza da realidade
quântica8* 2(8):50-3 83 SIMON, D. Caminhos e descaminhos da energia
nuclear9* 2(8):54-7 83 SIMON, D. Como funciona o reator de Angra10* 2(8):58-62 83 MOTTA, A.M.T. et alii Um reator nuclear pode explodir?11 2(9):17-25 83 OLIVEIRA, P.M.C Uma teoria matemática descreve as
mudanças de fase:o exemplo daPercolação
12* 2(9):42-50 83 TORRES, C.A.P.C.O Manchas estelares13* 2(10):15-6 84 PACHECO, J.A.F O sol estará detectando ondas
gravitacionais?14* 2(10):22-5 84 HARWOOD, J. H. O Cata-Água15* 2(11):38-43 84 MUNIZ, R. et alii Radiação de Síncroton16* 2(12):18-24 84 CARVALHO, J.F. Lixo Atômico:O que fazer?17* 3(13):88-94 84 LERNER, E. Criogenia:Quanto mais frio melhor18* 3(14):42-9 84 MIGNACO, J.A. et alii A Matéria indivisível19* 3(15):62-8 84 TOFFOLI, L.C. A energia de um gás20* 3(16):36-45 85 LUNAZZI, J.J. Holografia-A luz congelada21* 3(17):72-80 85 CONTINENTINO, M. Vidros de spin:Novos desafios do
magnetismo22* 4(21):32-48 85 MATSUURA, O.T. Bem-vindo Halley!23* 4(22):12 86 SALINAS, S.R.A. Caos no espaço24* 4(22):16-8 86 DAVIDOVICH, L. Hologramas dinâmicos e espelhos
conjugados25* 4(22):68-72 86 PICAZZIO, E. Meteoritos26* 4(22):8-10 86 MATSUURA, O.T. Na rota do Halley27 4(23):40-6 86 TERRY, L.A. Nas malhas da energia28 4(23):49-53 86 PIRES, F.B. et alii Alta tensão por um fio29* 5(25):16-7 86 PACHECO, J.A.F. Halley;presença no céu por mais de 12
mil anos30* 5(25):18-20 86 SANTOS, M.B.L. Fase biaxial relança interesse por
cristais líquidos31* 5(25):26-7 86 CHALUB, et alii A origem da lua32* 5(26):12-4 86 JABLONSKI, F. et alii A supernova em NGC 512833 5(26):48-59 86 RECAMI, E. et alii Táquions34 5(27):38-42 86 ARAÚJO, C.B. et alii Luz e matéria:As surpresas da interação
164
35* 5(28):29-33 87 KIRCHHOFF, V. W. J.H.
Camada de ozônio:Um filtro ameaçado
36* 5(29):30-8 87 OLIVEIRA, A. Energia e Sociedade37* 5(30):54-62 87 SILVA, L. Inverno Nuclear38* 6(31):36-42 87 CLARO,F. O efeito Hall Quântico39* 6(33):21-4 87 BES, D.R. O xadrez nuclear:caminho para o
desarmamento40* 6(33):32-40 87 MARQUES, G.C. O início e o fim41* 6(35):63-6 87 ROSA, L.P. Guerra nas estrelas?42 6(35):44-52 88 VALADARES, E.C. et
aliiHarmonia das bandas cristalinas
43* 8(46):48-54 88 BERTULANI, C.A. A matéria superaquecidasupercomprimida
44 8(47):36-44 88 REEVES, H. A grande explosão45* 9(49):26-35 88 BALSEIRO, C. e
CRUZ, F.Supercondutividade
46 10(55):26-32 89 CHAVES, C.M.G.F. Fenômenos de Agregação47* 14(80):10-6 92 MOREIRA, I.C. Os Primórdios do Caos Determinístico48 14(80):28-32 92 REZENDE, S. M. A Dança dos Spins49 14(80):34-9 92 PIRES, A.S.T. et alii A desordem inevitável50 14(80):40-6 92 TAMARIT, F. et alii O infinito em cores51 14(80):48-55 92 ALMEIDA, A.M.O. Caos na Mecânica Quântica?52 14(80):6-8 92 NUSSENZVEIG, H. M. Caos no mundo atômico e subatômico53* 14(80):8-9 92 COUTINHO, S. Vidros que imitam o cérebro54* 14(81):42-50 92 PEREIRA, E.B. A radioatividade atmosférica55* 14(82):26-33 92 SISTERNA, P. et alii Constantes, eclipses, nêutrons e
conchas56* 14(83):17-26 92 BUONOMANO, V. et
aliiMecânica quântica:um desafio àintuição
57* 15(88):28-34 93 LEMOS, J.P.S. A origem do mundo58* 15(90):44-7 93 FREIRE, Jr.O. Bohm, Einstein e a Ciência no Brasil59* 15(90):50-1 93 LEAL, A.S A arte radiografada60* 15(90):6-7 93 MOREIRA, I.C. De grão em grão61 17(101):28-34 94 BAGNATO, V.S. et alii Controle do átomo:passos em direção
aos avanços do próximo século62* 17(101):8-11 94 MATSUURA, O.T. Como nascem os cometas63* 17(102):26-31 94 MOREIRA, I. C. et alii Sincronizando o caos64* 17(99):6-7 94 KIRCHHOFF,V.W.J.H
et aliiBuraco de Ozônio:Novidades no Sul
65* 17(99):8-9 94 RIVEROS, J.M. Química dos fótons66* 18(104):32-7 94 CHISHOLM, M.H. et
aliiCristais líquidos organometálicos
67* 18(107):14-6 95 PELLEGRINI, P et alii Grande Muralha no Céu do Sul68 18(108):44-51 95 SANTOS, C.B. et alii Epidemia:Uma questão para a Física?69* 18(108):52-64 95 BERTULANI, C.A. Neutrinos Solares70* 19(110):10-1 95 MANSO, C.A. Água em interiores planetários71* 19(111):10-1 95 BAGNATO, V.S. A condensação de Bose-Einstein
165
72* 19(111):40-3 95 VIZENTINI, P.G.F. As razões de Hiroshima e Nagasaki73* 19(113):34-42 95 ALVES, G.A. et alii Do elétron ao quark top74* 19(113):43-4 95 LOPES, J.L. O Brasil na caça ao quark top75 20(117):22-7 96 DESTRO, M.G. et alii Separando isótopos com lasers76* 20(117):44-7 96 KRANN-KORTEWEG,
R.C.Há uma galáxia gigante à nossa porta
77* 20(117):57-8 96 não consta Detector de raios cósmicos ficará nosAndes
78* 21(124):22-9 96 TOLMASQUIM, A.T.et alii
Um manuscrito de Einstein no Brasil
79* 21(124):30-4 96 SHELLARD, R.C. etalii
(Entrevista)O enigma dasmicropartículas com macroenergia:James W.Cronin
80 21(124):6-8 96 QUEIROZ, S.L.A. O que avalanches de grãos de arrozpodem revelar aos físicos?
81* 21(125):38-47 96 WINTER, O. 150 anos de história e ciência82* 21(125):9-11 96 CARNEIRO, G. Nobel de Física:Abrindo nova área de
pesquisa
166
ANEXO V
167
n0 Autor Instituição
1 PACHECO, J.
A. F.
ON/CNPq
2 DAMINELLI, A. USP
3 BARROS, F.S. UFRJ
4 NOVELLO, M. CBPF
5 MELLO, S.F. USP
6 POUPEAU, G. CBPF-
CNRS/FR
7 BROWN, H. UNICAMP
8 SIMON, D. FUR
9 SIMON, D. FUR
10 MOTTA, A.M.T.
et alii
UFRJ
11 OLIVEIRA,
P.M.C
UFF
12 TORRES,
C.A.P.C.O
ON
13 PACHECO,
J.A.F
ON/CNPq
14 HARWOOD, J.
H.
INPA
15 MUNIZ, R. et al CBPF-USP
16 CARVALHO,
J.F.
CESP
17 LERNER, E. UFRJ
18 MIGNACO, J.A.
et alii
CBPF/PUC-
RJ
19 TOFFOLI, L.C. PETRO
20 LUNAZZI, J.J. UNESP
21 CONTINENTIN
O, M.
UFF
22 MATSUURA,
O.T.
USP
23 SALINAS,
S.R.A.
USP
24 DAVIDOVICH,
L.
PUC/RJ
25 PICAZZIO, E. USP
26 MATSUURA,
O.T.
USP
27 TERRY, L.A. CEPEL-
ELETRO
28 PIRES, F.B. et
alii
CESP
29 PACHECO,
J.A.F.
ON-CNPq
30 SANTOS,
M.B.L.
UFMG
31 CHALUB, et al USP-UFRJ
32 JABLONSKI, F.
et alii
INPE
33 RECAMI, E. et
alii
UNICAMP
34 ARAÚJO, C.B.
et alii
UFPE
35 KIRCHHOFF, V.
W. J. H.
INPE-
36 OLIVEIRA, A. UFRJ
37 SILVA, L. ON
168
38 CLARO,F. UCC
39 BES, D.R. CNEA-AR
40 MARQUES,
G.C.
USP
41 ROSA, L.P. UFRJ
42 VALADARES,
E.C. et alii
UFMG
43 BERTULANI,
C.A.
UFRJ
44 REEVES, H. CEN/FR
45 BALSEIRO, C. e
CRUZ, F.de la
CNEA/AR
46 CHAVES,
C.M.G.F.
PUC/RJ
47 MOREIRA, I.C. UFRJ
48 REZENDE, S.
M.
UFPE
49 PIRES, A.S.T.
et alii
UFMG
50 TAMARIT, F. et
alii
UC/AR-UFF-
CBPF
51 ALMEIDA,
A.M.O.
UNICAMP
52 NUSSENZVEIG,
H. M.
PUC/RJ
53 COUTINHO, S. UFPE
54 PEREIRA, E.B. INPE
55 SISTERNA, P.
et alii
UNLP/AR
56 BUONOMANO,
V. et al
UNICAMP
57 LEMOS, J.P.S. ON
58 FREIRE, Jr.O. USP/UFB
59 LEAL, A.S UFMG
60 MOREIRA, I.C. UFRJ
61 BAGNATO, V.S.
et alii
USP
62 MATSUURA,
O.T.
USP
63 MOREIRA, I. C.
et alii
UFRJ
64 KIRCHHOFF,
V.W.J.H et alii
INPE-UFSM-
NASA
65 RIVEROS, J.M. USP
66 CHISHOLM,
M.H. et alii
UI/EUA
67 PELLEGRINI, P
et alii
ON
68 SANTOS, C.B.
et alii
USP
69 BERTULANI,
C.A.
UFRJ
70 MANSO, C.A. CNPq
71 BAGNATO, V.S. USP
72 VIZENTINI,
P.G.F.
UFRGS
73 ALVES, G.A. et
alii
CBPF
74 LOPES, J.L. CBPF
75 DESTRO, M.G.
et alii
CTA
76 KRANN- O.M-FR M
169
KORTEWEG,
R.C.
77 não consta não consta
78 TOLMASQUIM,
A.T. et alii
MAST/CNPq
-IF/UFRJ
79 SHELLARD,
R.C. et alii
PUC/RJ
80 QUEIROZ,
S.L.A.
UFF
81 WINTER, O. UNESP
82 CARNEIRO, G. IF/UFRJ
SIGLAS E ABREVIATURAS UTILIZADAS
CEN-Centre d’Etudes Nucleáires-FrançaCEPEL-Centro de Pesquisas em EnergiaElétricaCNEA-AR-Comissão Nacional de Energia-ArgentinaELETRO-EletrobrásFUR-Furnas Centrais Elétricas.INPA-Inst. Nacional de Pesquisa daAmazôniaMAST-Museu de Astronomia e CiênciasAfinsOM/FR-Observatório de Mendon-FrançaON-Observatório NacionalPETRO-PetrobrásUC-AR-Universidad de Córdoba-ArgentinaUCC-Universidade Católica de ChileUI-EUA-Universidade de Indiana-EstadosUnidos da AméricaUNLP-Universidad Nacional de La Plata-ArgentinaCTA-Centro Tecnológico da Aeronáutica.
UFF-Universidade Federal FluminenseUFRJ-Universidade Federal do Rio deJaneiroUSP-Universidade de São PauloUNICAMP-Universidade de CampinasUFMG-Universidade Federal de MinasGeraisPUC/RJ-Pontifícia Universidade Católicado Rio de Janeiro.UFPE-Universidade Federal de PernambucoUNESP-Universidade Estadual de SãoPauloCBPF-Centro Brasileiro de PesquisasFísicasUFSM-Universidade Federal de SantaMariaINPE-Instituto Nacional de PesquisasEspaciaisUFRGS-Universidade Federal do RioGrande do SulUFB-Universidade Federal da Bahia
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