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Mobilização nacional de entidades médicas faz governo recuar (págs. 10 - 11)
Novos médicos recebem suas credenciais no Cremers e manifestam preocupação com o mercado de trabalho na área da saúde. (págs. 18 - 21)
EspEcialidadEs
EntrEga dE CartEiras
Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul | ano XIlI | nº 93 | Agosto 2015
ENSINO médIcOQualidade na formação médica ameaçada com a criação de
dezenas de cursos de Medicina (a maioria privados) e
com as alterações curriculares impostas pelo governo
Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do SulAvenida Princesa Isabel, 921 • CEP 90620-001 • Porto Alegre/RSFone: (51) 3219.7544 • Fax: (51) 3217.1968 cremers@cremers.org.br • www.cremers.org.br
Composição da diretoriapresidente: Rogério Wolf de AguiarVice-presidente: Fernando Weber Matos1º secretário: Ismael Maguilnik2º secretário: Isaias Levytesoureiro: Cláudio Balduíno Souto FranzenCorregedor: Regis de Freitas PortoCorregedor adjunto: Joaquim José XavierCoordenador das Câmaras técnicas: Jefferson Pedro PivaCoordenador de patrimônio: Iseu MilmanCoordenador da ouvidoria: Ércio Amaro de Oliveira FilhoCoordenador da Comissão de Fiscalização: Antonio Celso Koehler Ayub
Conselheiros Antonio Celso Koehler Ayub • Arthur da Motta Lima Netto • Céo Paranhos de Lima • Cláudio Balduíno Souto Franzen • Douglas Pedroso • Ércio Amaro de Oliveira Filho • Euclides Viríssimo Santos Pires • Fernando Weber da Silva Matos • Isaias Levy • Iseu Milman • Ismael Maguilnik • Jefferson Pedro Piva • Joaquim José Xavier • Maria Lúcia da Rocha Oppermann • Mário Antônio Fedrizzi • Mauro Antônio Czepielewski • Newton Monteiro de Barros • Regis de Freitas Porto • Rogério Wolf de Aguiar • Sílvio Pereira Coelho • Tomaz Barbosa Isolan • Airton Stein • Asdrubal Falavigna • Clotilde Druck Garcia • Diego Millan Menegotto • Dirceu Francisco de Araújo Rodrigues • Isabel Helena F. Halmenschlager • Jair Rodrigues Escobar • João Alberto Larangeira • Jorge Luiz Fregapani • Léris Salete Bonfanti Haeffner • Luiz Carlos Bodanese • Luiz Alexandre Alegretti Borges • Ney Arthur Vilamil de Castro Azambuja • Paulo Amaral • Paulo Henrique Poti Homrich • Philadelpho M. Gouveia Filho • Raul Pruinelli • Ricardo Oliva Willhelm • Sandra Helen Chiari Cabral • Tânia Regina da Fontoura Mota
Conselho editorial Rogério Wolf de Aguiar • Fernando Weber Matos • Ismael Maguilnik • Isaias Levy • Cláudio Balduíno Souto Franzen
A revista Cremers é uma publicação bimestral da Stampa Comunicação Corporativa para o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul
Av. Getúlio Vargas, 1151 conj. 1211 • Porto Alegre/RS CEP 90150-005 • Fone: (51) 3023-4866 • (51) 8184-8199www.stampacom.com.br • stampa@stampacom.com.br
redaçãoW/COMM Comunicação (www.wcomm.jor.br), Viviane Schwäger e Filipe Strazzer SantiagoJornalista responsável: Ilgo Wink • Mat. 2556 revisão: Regina Cirne Lima GuedesFotografias: W/COMM Comunicação, Márcio Arruda/CFM, Esequiel Nascimento, Márcio Daudt, Rosi BoninsegnaBanco de imagens Fotolia: Shocky e Creativa Images desiGndireção de arte: Thiago Pinheiroeditoração: Gustavo Kautzmann tratamento de imagens: Matheus Cougo designer assistente: Mel Brendlerimpressãotiragem: 30.000 exemplares
CorrespondênCia Envie seus comentários sobre o conteúdo editorial da Revista Cremers, sugestões, críticas ou novas pautas. Se deseja publicar artigos, eventos e notícias de interesse da categoria, também, a Revista do Conselho de Medicina do RS está aberta à participação da classe médica.
Contatos com assessoria de imprensa: ai@cremers.org.br
Os Conselhos de Medicina estão mobilizados para encontrar crianças desaparecidas. A cada ano, são registrados cinquenta mil desaparecimentos, e a estimativa atual é de que existam 250 mil crianças desaparecidas no País. Os médicos podem ajudar prestando atenção no comportamento das crianças atendidas e em seus acompanhantes. Casos suspeitos devem ser comunicados às autoridades.
setembro amareloalerta sobre o suicídio
Crianças desaparecidas
Conforme relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, ou seja, 800 mil pessoas tiram a própria vida a cada ano. Diante desse quadro grave, a OMS instituiu o “Setembro Amarelo”, um mês que propõe ações conjuntas de países e organizações para auxiliar na informação e na prevenção do que já é considerado um problema de saúde pública mundial.No Brasil, o 8º país em número absoluto de suicídios, a taxa é de uma morte a cada 45 minutos, o que equivale a cerca de 12 mil casos anuais. Já o estado com maior taxa de suicídios é o Rio Grande do Sul, com 10,18 por 100 mil habitantes, aproximadamente mil casos.Segundo os dados da OMS, quando uma pessoa tira a própria vida, ela pode impactar diretamente a vida de outras dez. Por isso, a orientação é de ficar atento a pessoas que têm depressão ou histórico da doença, principalmente as do chamado grupo de risco, que envolve jovens entre 15 e 29 anos. Além disso, perturbações mentais, a dependência de droga e de álcool, por exemplo, podem contribuir para que o indivíduo cometa suicídio.
2 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
notas
Dr. Rogério Wolf de Aguiar – Presidente do Cremers
É natural que qualquer município do Interior comemore a abertura de uma faculdade de Medicina local. É uma conquista de alto grau, é o sonho de muitas universidades. Para os médicos da região, é a oportunidade de construir uma car-reira acadêmica; para a população, a promessa de que seus filhos não precisarão sair da cidade para estudar e trabalhar, fixando-os a sua terra natal. Por isso, a notícia de que a Região Metropolitana de Porto Alegre vai receber seu quinto curso de Medicina foi amplamente celebrada por determi-nados setores.
Muitas vezes a opinião do Cremers contrária à abertura de novas escolas médicas é vista como um pensamento retrógrado, um capricho, incentivo à reserva de mercado. Os críticos desse posicio-namento parecem não compreender que nossa preocupação tem causas muito claras, visíveis a todos. O exagero na quantidade de faculdades de Medicina – em sua maioria, particulares – não se reflete em melhor distribuição dos médicos, muito menos em maior qualificação.
O governo do Brasil – segundo país com maior número de cursos – insiste em vender o discurso de que o problema da saúde será resolvido colocando mais médicos no mercado. Nega a necessidade de investimentos e políticas sérias, assumindo a for-mação em massa e a importação de profissionais como solução mágica. O CFM divulgou um estu-do que comprova: a distribuição de médicos não mudou, continua concentrada nos grandes centros.
Não questionamos a qualidade dos médicos que ensinarão nessas próximas faculdades que serão abertas; questionamos a qualidade dos pro-fissionais que sairão delas. Como os médicos mais experientes poderão ensinar sem estrutura? Sem um currículo organizado? Em hospitais que não comportam nem os pacientes do dia a dia?
Se a graduação já se encontra nesse quadro inglório, a especialização apresenta um prognósti-co ainda pior. Com residências médicas historica-mente insuficientes, a perspectiva da interiorização de especialistas é irreal.
Mas o Cremers segue lutando, buscando sem-pre o melhor para a Medicina e a sociedade, par-ticipando sempre que possível de ações de saúde pública. Por isso, reconhecemos a relevância e nos engajamos nessa iniciativa denominada Setembro Amarelo, mês estabelecido pela Organização Mundial da Saúde como o de conscientização e prevenção ao suicídio.
O Cremers participa dessa campanha aler-tando a população, por meio de seus canais de comunicação e também através de seus espaços em emissoras de rádio, sobre a necessidade de observar sinais que podem indicar um comporta-mento suicida. Tentativas prévias e depressão são sintomas importantes. Amigos e familiares, junta-mente a médicos e outros profissionais da saúde, devem trabalhar juntos para evitar e enfrentar esse grave problema.
Em defesa da qualidade na formação médica
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 3
editorial
Governo impõe mais cursos sem qualquer necessidade
O número de escolas médicas no Brasil mais que
dobrou. O volume saltou de 126 cursos (públicos e privados,
grupo no qual estão inseridas instituições classificadas como
municipais, mas que cobram mensalidades de seus alunos)
para os atuais 257, que respondem pelo preparo de 23 mil
novos médicos todos os anos.
No entanto, esta realidade pode mudar nos próximos
meses, pois 36 municípios já foram autorizados a receber
novos cursos de Medicina após um processo de seleção
coordenado pelo governo. Se todos passarem efetivamente
a funcionar, o País contará com 293 escolas até o fim de
2016. Além desses, existe outro edital em aberto com cha-
mamento para outros 22 municípios, o que pode elevar o
número de escolas médicas para 315.
Do total de 257 cursos em atividade no país, 69%
estão nas Regiões Sudeste e Nordeste. As escolas estão dis-
tribuídas em 157 cidades brasileiras, sendo que a maioria
(55%) dos cursos tem sede em apenas 45 municípios. Os
estados de São Paulo e Minas Gerais concentram um terço
das instituições. Entre as particulares, as mensalidades
chegam a R$ 11.706,15, com uma média de R$ 5.406,91.
LISTA DOS CURSOS DE MEDICINANO RIO GRANDE DO SUL
Centro Universitário Franciscano – UNIFRA – Santa Maria/RS
Centro Universitário Univates – UNIVATES – Lajeado/RS
Faculdade Meridional – IMED – Passo Fundo/RS
Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS
Universidade Católica de Pelotas – UCPEL
Universidade de Caxias do Sul – UCS
Universidade de Passo Fundo – UPF
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS – Passo Fundo/RS
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre – UFCSPA
Universidade Federal de Pelotas – UFPel
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Universidade Federal do Rio Grande – FURG
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA – Canoas/RS
A Universidade Feevale está muito perto de oferecer um curso de Medicina, inédito no Vale do Sinos. O novo curso, o quinto na Região Metropolitana de Porto Alegre, é resultado de uma parceria público-privada entre a instituição e a prefeitura de Novo Hamburgo. Inicialmente, o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Saúde escolheram as cidades que estariam aptas a receber o curso. Somente municípios com mais de 70 mil habitantes e que não fossem capitais podiam concorrer. Foram eleitos 39 no Brasil, sendo quatro no Estado: Novo Hamburgo, São Leopoldo, Ijuí e Erechim.Após, foi realizada a seleção das universidades em cada cidade. A Universidade Regional Integrada (URI) foi classificada em Erechim, a Universidade Estácio de Sá, em Ijuí, e a Feevale, em Novo Hamburgo.
Crítico da criação de novos cursos no Estado, o presidente do Cremers, Rogério Wolf de Aguiar, reafirma que não faltam médicos na Região Metropolitana de Porto Alegre. Nem em Novo Hamburgo: "precisamos é de uma melhor distribuição de médicos em todo o território nacional, o mesmo vale para o rio Grande do sul. hoje, a maioria dos médicos se concentra nos grandes centros urbanos, e isso vale também para outras profissões. então, o problema não é número de médicos. o que se faz necessário, realmente, são políticas de fixação dos profissionais nas regiões mais afastadas. Criar novas faculdades de medicina não irá resolver o problema".
mais um curso de Medicina na região metropolitana de Porto Alegre
4 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
ensino médiCo
Cremers contesta proliferação de cursos de medicina
não há necessidade de novas faculdades
Do início de 2003 a 2015, a quantidade de cursos
particulares de Medicina no Brasil mais do que dobrou em
relação ao ritmo de abertura de estabelecimentos públi-
cos. O número de escolas privadas passou de 64 para 154,
enquanto no mesmo período as unidades de gestão estatal
subiram de 62 para 103.
No Rio Grande do Sul, já são 15 faculdades de
Medicina, com um total de 1.302 vagas, sendo que a meta
do governo federal é completar pelo menos 18 escolas.
Os dados integram o levantamento Radiografia das
Escolas Médicas do Brasil, organizado pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM), o qual serve como alerta para
o problema do crescimento desgovernado e sem qualidade
que afeta o sistema formador de futuros médicos no País.
O presidente do Cremers, Rogério Wolf de Aguiar,
tem afirmado em inúmeras entrevistas aos meios de
comunicação posição contrária a essa política do governo
que coloca o Brasil no topo do ranking mundial em quan-
tidade de cursos de Medicina.
"Essa medida tosca do governo federal é um tiro no
escuro no que se refere ao atendimento da população. A
distribuição irregular de profissionais no País é resultado
de uma série de fatores que o governo é responsável e não
admite", criticou Aguiar.
O dirigente reforça posição antiga do Cremers, que
há anos combate a abertura de novos cursos de Medicina
e defende a criação de uma carreira de estado para os
médicos no sistema público de saúde.
O presidente do Cremers questiona também a falta
de estrutura adequada na saúde, o que afeta o atendimen-
to: "Faltam recursos e uma política séria de saúde. Com
isso, acabam faltando médicos, enfermeiros, leitos, mate-
riais, equipamentos. E isso vai continuar faltando, mesmo
com a formação de mais médicos. Nada garante que eles
continuarão atuando nos municípios em que estudaram,
pois precisam ter segurança para ficar nos locais em que
os cuidados são necessários. Há estudo apontando que
apenas um em cada cinco médicos formados em cursos
de pequenas cidades acaba permanecendo no local".
O conselheiro do CFM no Estado e diretor do
Cremers, Cláudio Franzen, também ataca a criação de
mais cursos de medicina: “O governo viu que as cidades
não teriam condições. É uma irresponsabilidade manter a
abertura de mais faculdades, até porque já temos escolas
médicas em número excessivo”.
“Essa medida tosca do governo federal é um tiro no escuro no que se refere ao atendimento da população. A distribuição irregular de profissionais no País é resultado de uma série de fatores que o governo é responsável e não admite”Dr. Rogério Wolf de Aguiar
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 5
Novos cursos não melhoram distribuição geográfica
O crescimento das escolas se acentuou muito nos
anos da gestão da presidente Dilma Rousseff, consideran-
do o início de 2011 até julho de 2015, conforme mostra o
levantamento do CFM. Em menos de cinco anos, houve
79 autorizações para aberturas de escolas – uma soma
de 6.190 novas vagas. Para se ter uma ideia do ritmo ver-
tiginoso basta lembrar que no período de 1808 a 1994
foram abertos 82 estabelecimentos de ensino deste tipo.
No entanto, o pacote aprovado pela presidente
Dilma não significou uma melhor distribuição geográfi-
ca das escolas pelo País. Do total autorizado, metade se
concentra nas regiões Sul e Sudeste. Das 10 abertas este
ano (2015), 50% também estão distribuídas entre Rio de
Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Ao se fazer a análise das autorizações das 36 novas
escolas divulgadas pelo governo em julho, percebe-se
que se mantém a mesma lógica de distribuição e de
predomínio de gestão. Deste grupo, 32 (89%) delas estão
concentradas nos seis estados com maior número de
escolas (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia,
Paraná e Rio Grande do Sul) e todas devem ser privadas.
Para o CFM, a maioria desses novos projetos não
atende às necessidades atuais, às diretrizes curriculares
e aos pressupostos mínimos para a formação dos médi-
cos. “Infelizmente, o que temos visto são faculdades
desqualificadas, com corpo docente despreparado,
algumas não possuem nem hospital-escola. Isso resul-
tará em médicos mal formados, o que compromete a
qualidade do atendimento”, denuncia o presidente do
CFM, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima.
desrespeito ao papel social do médicoA abrangente e detalhada pesquisa realizada sobre
as escolas médicas no Brasil, realizada pelo médico
Antonio Celso Nunes Nassif, chega a sua quarta edição,
apresentando dados atualizados sobre o ensino médico
no País. Nassif, que mantém o site www.escolasmedicas.
com.br, afirma que a política inconse-
quente do governo em permitir a abertu-
ra indiscriminada dessas faculdades terá
repercussões desastrosas no exercício da
profissão.
Ao criticar a formação feita de afo-
gadilho em cursos duvidosos, Nassif afir-
ma: "Inexiste, no atual governo, a deter-
minação política para o cumprimento de
uma exigência mínima: o respeito pelo
papel social do médico".
Nassif é doutor em Medicina,
professor adjunto e livre docente da
Universidade Federal do Paraná e ex-presidente da
Associação Médica Brasileira (AMB). As informações
compiladas no estudo Escolas Médicas do Brasil podem
ser encontradas em:
www.escolasmedicas.com.br
6 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
ensino médiCo
radiografia das Escolas Médicasdo Brasil: principais conclusões
Total de escolas 257
Total de vagas em 1º ano 23.383
Pontuação média pelo CPC 3,04
Total de municípios 157
Total de novas escolas 36
Total de novas vagas 2.290
Região Número de escolas
Número de vagas
Sudeste 107 10.577
Nordeste 63 5.553
Sul 41 3.549
Centro-Oeste 24 1.917
Norte 22 1.787
// Do início de 2003 a 2015, a quantidade de
cursos particulares de Medicina no Brasil mais do que
dobrou em relação ao ritmo de abertura de estabeleci-
mentos públicos.
// O número de escolas privadas passou de 64
para 154, enquanto no mesmo período as unidades de
gestão estatal subiram de 62 para 103.
// Em números totais, o volume de escolas médi-
cas no Brasil também mais que dobrou. O volume sal-
tou de 126 cursos (públicos e privados) para os atuais
257, que respondem pelo preparo de 23 mil novos
médicos todos os anos.
// Do total de 257 cursos em atividade no País,
69% estão nas Regiões Sudeste e Nordeste.
// As escolas estão distribuídas em 157 cidades
brasileiras, sendo que a maioria (55%) dos cursos tem
sede em apenas 45 municípios.
// Os estados de São Paulo e Minas Gerais
concentram um terço das instituições. Entre as parti-
culares, o valor médio das mensalidades nos cursos
particulares está em R$ 5.406,91. Contudo é possível
encontrar mensalidades que vão desde R$ 3.014,00 a
R$ 11.706,15.
// Em Julho, 36 municípios foram considerados
aptos para receber novos cursos, sendo que 32 (89%)
deles estão concentrados nos seis estados com maior
número de escolas.
// Com os últimos editais do governo federal, a
estimativa é o País chegar ao número de 315 instituições
até o final de 2016, caso todas passem efetivamente a
funcionar;
// Entre 2013 e julho de 2015, 42 municípios rece-
beram novas escolas. 60% destes municípios não aten-
dem à exigência de no mínimo cinco leitos por aluno e
18 destes não respeitam a proporção ideal de até três
alunos por Equipe de Saúde da Família (ESF).
// Das 157 cidades com escolas médicas no país,
74 não dispõem de leitos em quantidade necessária por
aluno e 68 não atendem a proporção ideal de alunos
por ESF.
// Atualmente existem 200 Hospitais de Ensino
(HE) habilitados no País. Dos 36 novos cursos autoriza-
dos em julho, apenas seis possuem ou estão inseridos
em Regiões de Saúde que possuem um HE.
// Dos 157 municípios que atualmente têm escolas
médicas, 88 não possuem nenhum hospital habilitado.
Nestas cidades, são firmados convênios com institui-
ções "com potencial para hospital de ensino".
Escolas médicas do Brasil
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 7
Vi Fórum de Ensino MédicoEvento, que reuniu lideranças médicas, coordenadores de curso, professores e alunos,
debateu as principais questões envolvendo a formação médica no Brasil.
O presidente do Conselho Federal de Medicina
(CFM), Carlos Vital, pediu “atitudes mais responsáveis na
condução do ensino da Medicina no País” durante a con-
ferência que inaugurou os trabalhos do VI Fórum Nacional
de Ensino Médico, evento conduzido pelo CFM e a
Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), que foi
realizado em Brasília nos dias 27 e 28 de agosto. O Cremers
foi representado pelo 1º Secretário Ismael Maguilnik.
Ao apresentar ao público a Radiografia das Escolas
Médicas do Brasil, anunciada recentemente pelo CFM,
ele relembrou os números alarmantes de instituições que
continuam a ser inauguradas sem atendimento às exigên-
cias mínimas estabelecidas em portarias dos ministérios da
Educação e da Saúde (Portarias 2/13 e 13/13).
Em sua participação, Maguilnik disse que "a lei que
mudou as diretrizes curriculares causou o engessamento
de todas as faculdades de medicina." E acrescentou: "O
problema é a alteração no acesso à Residência Médica,
colocando como pré-requisito um ou dois anos em
Medicina da Família e Comunidade, transformando esta
especialidade em passagem para a especialidade que o
jovem médico realmente deseja. Isso desqualifica essa
especialidade tão importante para o País, já muito abalada
pelo programa Mais Médicos.
NOvAS DIRETRIzES CURRICULARES
Docentes, discentes, médicos e sociedade foram
excluídos do debate que levou à reformulação das diretri-
zes curriculares nacionais para a graduação em Medicina.
Esta foi uma das críticas unânimes durante a mesa
redonda “Adequação das Escolas Médicas às Diretrizes
Curriculares Impostas pela Lei nº 12.871/13”, realizada no
segundo dia do VI Fórum Nacional de Ensino Médico.
Para os debatedores, além de terem sido feitas às pressas e
sem debate em profundidade, as novas regras não avança-
ram em atender a realidade e as necessidades do sistema
formador do País.
Entre outras medidas prejudiciais ao ensino, a resolu-
ção prevê que os estudantes serão avaliados pelo governo
a cada dois anos. A avaliação será obrigatória e o resultado
será contado como parte do processo de classificação para
os exames dos programas de Residência Médica.
Dr. Ismael Maguilnik participou do evento em Brasília
8 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
Formação médiCa
Os caminhos para a infraestrutura, os recursos huma-
nos e o suporte financeiro que garantirão às faculdades de
Medicina a oferta de estágios adequados aos alunos foi o tema
de encerramento do VI Fórum Nacional de Ensino Médico,
evento promovido nos dias 27 e 28 de agosto, em Brasília.
A mesa redonda debateu sobre os Contratos
Organizativos da Ação Pública Ensino-Saúde (COAPES) que
representam o compromisso das instituições de ensino e dos
gestores municipais e estaduais em garantir que os estudantes
tenham, na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS),
o campo de aprendizagem fundamental para sua formação.
Uma dificuldade apontada pelos palestrantes é a troca
constante de secretários estaduais e municipais de Saúde, o
que dá uma descontinuidade nos contratos de estágios. “O
ambiente já não é o ideal e a rotatividade de secretários agra-
va o problema”, destacou o presidente da mesa, professor
Nelson Grisard.
VALORIzAçãO
O diretor-regional do Centro-Oeste da Associação
Brasileira de Educação Médica (Abem), Antônio Amorin,
destacou a discrepância de salário entre o médico e o
professor. “Estamos frente a vários paradoxos, médicos
de carreira acadêmica exclusiva trabalham 40 horas e
recebem menos do que os contratados da prefeitura para
20 horas?”, questionou. Amorin defendeu que o governo
garanta recursos para que os municípios possam dar
benefícios aos preceptores, assim como fez com supervi-
sores dos Mais Médicos.
O 2º vice-presidente da Associação Médica Brasileira
(AMB), Lincoln Lopes Pereira, ainda defendeu o financia-
mento adequado para o setor: “O cenário já é caótico. Se
não tiver financiamento adequado também não haverá a
formação adequada de um novo profissional que trabalha-
rá com vidas”.
Na mesa redonda que debateu as repercussões da lei nº 12.871/13 para a Residência Médica, todos os palestrantes mostraram preocupação com a imposição da titulação de Medicina Geral de Família e Comunidade como pré-requisito para a participação da maioria das residências. "O que o governo deve fazer é oferecer atrativos para que os médicos escolham e permaneçam na Medicina Geral de Família e da Comunidade e não impor essa obrigatoriedade", afirmou o 1º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, que foi um dos debatedores.A professora da Universidade de São Paulo, Maria do Patrocínio Tenório Nunes, apresentou as propostas consolidadas no pré-fórum, as quais foram divididas em regulação, preceptoria, ampliação de vagas e o processo seletivo. Entre os pontos destacados por Maria do Patrocínio estão a independência funcional e financeira da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), uma carreira de preceptoria em saúde e a manutenção da autonomia do processo de seleção nos programas de Residência Médica. Também foi proposta a revisão do
prazo, estabelecido pelo governo, de oferecer vagas nas residências médicas no mesmo número de egressos em cursos de Medicina.O primeiro debatedor foi o presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), Arthur Danila, que apresentou um levantamento do sistema atual de Residência Médica. De acordo com Danila, existem hoje no Brasil 23.399 vagas ociosas de residência, sendo que 26% das vagas em Residência em Medicina Geral de Família e Comunidade estão desocupadas. “O governo não precisa criar novas vagas, mas melhorar a qualidade das residências existentes”, defendeu. O presidente da ANMR aproveitou a realização do Fórum para lançar o Movimento Nacional pela Valorização da Residência Médica.O 1º vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro, também criticou o sistema de pontuações, como as dadas a quem participa do Provab. “Não existe mais meritocracia. Em algumas residências, se o candidato não tiver a pontuação do Provab ele não entra. Foi criado, na prática, o serviço civil obrigatório”, afirmou.
Preocupação com o futuro da residência médica
Financiamento em discussão
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 9
manifesto das entidades médicasAs entidades médicas nacionais (Associação Médica
Brasileira, Conselho Federal de Medicina, Federação
Nacional dos Médicos, Federação Brasileira das Academias
de Medicina, Associação Nacional dos Médicos Residentes,
Associação dos Estudantes de Medicina do Brasil e
Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Medicina)
vêm a público se manifestar a respeito do Decreto nº 8497,
da Presidência da República, o qual, em articulação com
outras medidas adotadas pelos ministérios da Educação e
da Saúde, compromete o processo de formação e cadas-
tramento de médicos especialistas no Brasil.
Diante das normas, publicadas em 5 de agosto de
2015, a AMB, o CFM, a Fenam, a FBAM, a ANRM, a
Ablam e Aemed-BR ressaltam que:
1) Estas medidas representam uma interferência
autoritária por parte do Poder Executivo na capacitação
de médicos especialistas no País, caracterizando-se, mais
uma vez, pela ausência de diálogo com os representantes
das entidades médicas, das universidades e dos residentes;
2) De forma integrada, as representações médicas
já estão desenvolvendo todos os esforços para impedir
os efeitos deletérios deste decreto. Os quais determinam
mudanças no aparelho formador de especialistas, com des-
truição do padrão ouro alcançado pela Medicina do País,
após quase seis décadas de contribuições das entidades
e da academia, em detrimento do nível de excelência do
atendimento oferecido pelos médicos brasileiros, reconhe-
cido internacionalmente;
3) Uma análise rigorosa dessas normas está em curso
com o objetivo de identificar possíveis rumos a serem
adotados na esfera judicial, com base em suas fragilidades
e inconsistências;
4) Os riscos e os prejuízos gerados pela edição
deste decreto também estão sendo discutidos com parla-
mentares federais, sensibilizando-os para a importância
de ampliar o acesso à assistência de forma adequada,
oferecendo aos cidadãos profissionais devidamente qua-
lificados e em condições de cuidar bem de todos os
agravos da saúde;
5) A sociedade brasileira deve permanecer atenta aos
informes das entidades médicas, que agirão com transpa-
rência e celeridade em defesa do exercício da Medicina e
contra as medidas abusivas desse governo que compro-
metem a própria qualidade e eficácia dos serviços a serem
oferecidos, em especial no Sistema Único de Saúde (SUS).
Finalmente, as entidades médicas alertam a socie-
dade para os efeitos do decreto, recentemente publicado,
que representará a transformação do SUS num modelo
de atenção desigual, marcado pela iniquidade ao oferecer
aos seus pacientes assistência com médicos de formação
precária, com consequentes riscos para valores absolutos,
como a vida e a saúde.
A Ordem dos Médicos do Norte (Portugal) acusou o Ministério da Saúde do país de protagonizar uma “agressão inaceitável à formação médica” em Portugal, alertando que a revisão da legislação que a regula significa um retrocesso sem precedentes na qualidade da Medicina. “Já todos entendemos que Medicina o ministro Paulo Macedo quer para o país. Uma Medicina de ‘guerra’, normalizada, a retalho, em grandes superfícies, em parte realizada por outros profissionais de saúde, com médicos e doentes de primeira e segunda categoria, em que a autonomia precoce para o exercício da Medicina e da especialidade passe a ser a solução para todos os
problemas”, sustenta em comunicado o presidente da Regional do Norte, Miguel Guimarães.Numa reação à anunciada extinção, a partir de 2017, do ano comum (período durante o qual os futuros médicos passam por vários serviços), a CRMOM considera que a formação prática inicial em Medicina fica “seriamente em risco” e alerta para as consequências dramáticas no percurso e formação dos jovens médicos. “A acontecer a extinção do ano comum, os estudantes recém-licenciados ou mestres em Medicina teriam de imediato autonomia para o exercício da Medicina, com todas as consequências negativas daí decorrentes”, sustenta.
Formação médica em portugal também sofre com ações governamentais
10 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
moBilização
médico especialista:Pressão das entidades faz governo recuarDepois da mobilização nacional das enti-
dades médicas, com apoio de parlamentares, o governo recuou e concordou em mudar o Decreto nº 8.497/2015.
No dia 26 de agosto, lideranças das entidades esti-
veram na Câmara dos Deputados, onde apresentaram o
novo texto do decreto que cria o Cadastro Nacional de
Médicos Especialistas, substituindo o anterior, publica-
do pela Presidência da República no início de agosto e
que interferia na formação deste tipo de profissionais.
A redação do novo Decreto foi definida após três
reuniões de Grupo de Trabalho criado pela Câmara
dos Deputados para discutir o assunto. Participaram
dos encontros representantes das entidades médicas
(Conselho Federal de Medicina, Associação Médica
Brasileira e Federação Nacional dos Médicos), do
governo (Ministérios da Educação e da Saúde) e seis
deputados federais.
O presidente do CFM, Carlos Vital, ressaltou o
apoio dos parlamentares neste processo: “A Câmara dos
Deputados, que faz a sua pauta, estimulou o diálogo
entre as entidades médicas e os ministérios da Saúde e
da Educação. O fruto é o consenso, que vem ao encon-
tro do bem social e da preservação da formação dos
especialistas brasileiros”.
Para ele, a nova redação aperfeiçoou o texto ori-
ginal divulgado pelo governo. Contudo, ressaltou que
as entidades médicas e a sociedade permanecem aten-
tas aos próximos desdobramentos. A minuta do novo
decreto já seguiu para análise da Casa Civil e de lá deve
sair para publicação no Diário Oficial da União.
No dia 17 de agosto, o jornal O Estado de São Paulo (Estadão) publicou o editorial intitulado ‘Mais improviso na Saúde’, criticando a iniciativa do governo em editar o Decreto 849, que, segundo o jornal, “amplia perigosamente o conceito de médico especialista”.O texto destaca: “Atualmente, especialista é o médico que realizou residência médica numa determinada área. O tema é sério e há uma lei de 1981 (Lei 6.932) regulamentando a atividade”. A lei estabelece que “os programas de Residência Médica devem ser credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica”.O editorial acrescenta: “Em 2013, a Lei 6.932 sofreu alterações. Além de reafirmar que 'a Residência Médica constitui modalidade de certificação das especialidades médicas no Brasil', o novo texto determinou que as instituições que oferecem Residência Médica 'deverão encaminhar, anualmente, o número de médicos certificados como especialistas, com vistas a possibilitar o Ministério da Saúde a
formar o Cadastro Nacional de Especialistas e parametrizar as ações de saúde pública"'.Agora, a pretexto de regulamentar o Cadastro Nacional de Especialistas, o governo federal criou a possibilidade de que diversas certificações, e não apenas a Residência Médica, deem acesso à condição de médico especialista.O texto acentua: “Como num passe de mágica, o Ministério da Saúde quer ampliar o número de médicos especialistas no País. Sem definir critérios claros, o decreto deixa aberta, por exemplo, a possibilidade de que um profissional que cursou o mestrado ou qualquer outra pós-graduação seja considerado médico especialista, mesmo que não tenha prática na especialidade”.E conclui: “É evidente que o País precisa de mais e novos médicos especialistas. Mas essa necessidade não justifica afrouxar a formação exigida para a obtenção desse título. Afinal, o que se precisa não é de mais profissionais simplesmente com um título de 'médico especialista"'.
Jornal critica decreto sobre médico especialista
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 11
12 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
delegacias: o que acontece no Interior na área da saúde
O mês de agosto marca o início de um trabalho
que tem por objetivo principal atualizar os médicos
sobre os problemas de saúde que afligem os municípios
do Interior do Estado, afetando o trabalho médico e por
consequência também o atendimento dos pacientes.
A cada 15 dias, as delegacias seccionais do
Cremers irão receber uma compilação das notícias
recolhidas pelas unidades nos jornais de seus municí-
pios referentes a fatos envolvendo médicos, pacientes,
hospitais, Samu, SUS e gestores de saúde.
O vice-presidente Fernando Weber Matos, coorde-
nador das Delegacias Seccionais do Cremers, considera
importante repassar aos delegados essas informações
que chegam ao Cremers enviadas pelas unidades do
Interior: “Com essa iniciativa vamos transmitir os princi-
pais fatos sobre saúde
às nossas 28 delega-
cias. Nossos repre-
sentantes no Interior
terão oportunidade de
saber o que acontece
em termos de saúde
não apenas em sua
região, mas em todo
o Estado, contribuindo
para a busca de solu-
ções em conjunto”.
No primeiro boletim com notícias encaminhadas
pelas delegacias e reunidas pela secretária Lucimara
Comforti, destacamos os seguintes fatos:
Bento Gonçalves: Serviço do Samu mantido com verbas do município; Estado e União deve R$ 6 milhões à saúde.
-Médicos residentes podem entrar em greve a partir de 24 de setembro;
Cachoeira do Sul: Hospital HCB bate recorde de cirurgias.
Ijuí: Crise na Saúde: Falta de repasses agrava situação dos hospitais; Embrião é atestado como morte em ultras-som apesar de estar vivo, em Ijuí.
Lajeado: Procedimentos não realizados por falta de pacientes.
-Hospitais do RS farão empréstimo, e governo pagará as prestações;
Novo Hamburgo: Mesmo sem verbas, hospital retoma serviços.
Passo Fundo: Emenda parlamentar beneficia Hospital
da Cidade.
-Hospital Municipal: capacidade de atendimento será ampliada;
Pelotas: Meningite sob controle na cidade; Protesto deve afetar atendimento nos postos.
-Pacientes ficam sem medicação para químio;
Santo Ângelo: HSA espera receber R$ 2,5 milhões do Estado; Situação do SUS preocupa gestores.
São Borja: Município consegue liminar garantindo recursos da saúde em dia.
São Leopoldo: Atraso nos repasses prejudica atendi-mento; Unisinos na expectativa pelo curso de Medicina; Após dois meses, a greve chega ao fim no Hospital Centenário.
- Plano emergencial do HC entra em vigor; Centenário terá 39 leitos a menos, sendo 14 da psiquiatria
notícias do interior
Dr. Fernando Matos
deleGaCias
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, "Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais".
Cuidados paliativos – definição
Cremers promove II Fórum sobre Cuidados paliativos
O Cremers promove II Fórum sobre Cuidados Paliativos, que será realizado no dia 23 de outubro. Organizado pela Câmara Técnica de Cuidados Paliativos, o evento vai reunir os principais especia-listas do Estado.
Entre os temas que estarão em debate estão: Origem e Desenvolvimento da Ética Médica, Preparação para a Morte, Cuidados Paliativos não Oncológicos, Cuidados Paliativos x Obstinação Terapêutica, e Testamento Vital – quando a decisão do paciente é soberana.
A programação prevê, ainda, a mesa redonda Decisões Difíceis, conduzida pelo coordenador da CT de Cuidados Paliativos do Cremers, com os temas Os desafios da Desospitalização, Quando um tratamento deve ser suspenso?, e O currículo do Final da Vida.
A abertura do evento terá o presidente do Cremers, Rogério Wolf de Aguiar, e o coordena-dor das CTs, Jefferson Piva. As vagas são limitadas, exclusivas para médicos. Mais detalhes pelo telefone 51-3219.7544, ramal 244.
Agende-se:
23
de Outubro
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 13
Camaras téCniCas
Corpo de delito perícia ou atendimento?
O Conselho Regional de Medicina tem sido
constantemente acionado para responder a questio-
namentos de médicos que atendem em unidades de
pronto atendimento a respeito da obrigatoriedade
de fazer exames de corpo de delito em pessoas deti-
das pelas forças de segurança, por terem cometido
delitos, antes de serem encaminhadas aos locais de
aprisionamento.
Em consulta recente, médica que atende em
Unidade Básica de Saúde (UBS), em cidade do Interior,
referiu a invasão do consultório por policiais militares
durante seu atendimento, com a finalidade de que rea-
lizasse imediatamente um exame de corpo de delito.
E questionou se o Cremers não deveria regulamentar
a questão, estabelecendo um fluxo adequado para o
atendimento dessa demanda.
A Assessoria Jurídica, através do advogado
Guilherme Brust Brun, elaborou parecer orientando que
no caso se aplica a Resolução Cremers n° 18/2009 – que
pode ser acessada no portal www.cremers.org.br – pois
ela disciplina a conduta dos médicos na realização do
exame de corpo de delito.
O seu artigo 1º é claro ao dizer que “nas localida-
des em que há médicos legistas devidamente designa-
dos e habilitados pelo Estado para realizar este mister,
os demais médicos não estão obrigados eticamente a
realizar exames de corpo de delito quando nomeados
por autoridades policial ou judiciária".
MéDICO PLANTONISTA
Ao médico plantonista quando estiver no desem-
penho de sua atividade, é vedado realizar exames
periciais de corpo de delito, devendo priorizar os
atendimentos de urgência e emergência. Na hipótese
do médico ter constatado lesões corporais em pessoa
conduzida por autoridade policial, deve priorizar o
atendimento ao paciente, caso esse já não tenha ocor-
rido, registrando-o no prontuário respectivo e fornecer
atestado, se o paciente assim o solicitar.
De outro lado, o médico nomeado perito pelas
autoridades policial ou judiciária, à exceção das hipó-
teses acima elencadas ou justa causa devidamente
formalizada e provada imediatamente, está obrigado
a realizar o exame médico-pericial, cabendo-lhe, no
entanto, a devida remuneração a ser buscada admi-
nistrativa ou judicialmente. Portanto, já há um regra-
mento sobre a conduta a ser adotada pelo médico
quanto ao aspecto ÉTICO, sugerindo-se que se acesse
a Resolução Cremers n° 18/2009, a qual dispõe sobre
o objeto desta consulta.
URGêNCIAS E EMERGêNCIAS
No tocante à ordem de atendimento, entende-se
que cabe ao médico priorizar as urgências e emer-
gências na UBS. Cabe ao médico nomeado perito
pela autoridade policial ter bom senso no sentido de
realizar a perícia tão logo possível, priorizando as
situações de urgência e emergência, mas não deixar
para atendimento ao final do expediente pela alegação
de que há uma “agenda” a ser seguida. Os policiais
estão no exercício de um dever público e a demora
injustificada pode ser prejudicial ao próprio interesse
público e à coletividade.
Quanto à invasão do consultório, trata-se de ato
arbitrário, o qual expõe o profissional médico, mas,
sobretudo, o paciente, inclusive violando o sigilo
médico, cabendo denúncia ao Cremers e ao Ministério
Público estadual da cidade onde isso tenha ocorrido.
Dr. Isaias Levy
2º Secretário do Cremers
14 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
orientação
“Considerando que Perícia Médica é um ato médico, determinado por uma autoridade, judicial ou administrativa, com a finalidade de responder quesitos dentro de um processo, os quais subsidiam a sua conclusão;Considerando que o Laudo Pericial concluído é remetido à autoridade determinante e passa a fazer parte integrante do processo instaurado;Considerando que o Perito Médico nomeado pela autoridade não atua mais no processo após conclusão do laudo, salvo em solicitação complementar de informações;Considerando a Resolução CREMERS 12/2009: Art. 8º O exame médico pericial deve ser pautado pelos ditames éticos da profissão, levando-se em conta que a relação perito/periciando não se estabelece nos mesmos termos da relação médico/paciente.§ 1º É vedado ao médico, na função de perito, divulgar suas observações, conclusões ou recomendações fora do procedimento administrativo e processo judicial, devendo manter sigilo pericial, restringindo as suas observações e conclusões ao laudo pericial.Mesmo considerando que a relação entre perito e periciando não configure uma relação de médico e paciente, ela está sujeita também ao artigo 73 do Código de Ética Médica, que veda ao médico revelar
fato que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento por escrito do paciente (no caso, periciando). Sua atividade também está regida pelo Art. 325 do Código Penal – violação do sigilo funcional –, assim como na esfera administrativa, tratando-se de juntas médicas oficiais, aplica-se o Art. 205 da lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990.Considerando o Parecer CFM 24/1990: ‘Nas perícias judiciais, desaparece o dever de preservar o segredo médico, mas a revelação deve ficar absolutamente circunscrita aos partícipes do processo judicial em que ela constituir elemento de prova’. O que a autoridade legal tem é o direito de determinar a perícia para que o médico, com o apoio nas leis, tanto penal e civil, como ética, possa, por justa causa, quebrar o segredo, mas não desonerá-lo da guarda do mesmo. A Câmara Técnica de Perícias Médicas, em resposta aos questionamentos, informa que o Perito Médico não pode fornecer cópia de laudo pericial a ninguém que não seja a autoridade determinante da perícia em questão. O Perito Médico não detém o controle do processo e não é possuidor do laudo. Este só pode ser liberado pela autoridade responsável a quem o requisite, desde que esta solicitação encontre respaldo legal.”
parecer do Cremers esclarece sobre laudo pericial e sigilo médico
Atendendo a consulta sobre a disponibilização de
laudos periciais e a realização de ato médico pericial, o
Cremers emitiu parecer esclarecendo as condições de sigi-
lo médico referentes à perícia. No documento, elaborado
pela Câmara Técnica de Perícias Médicas, é alertado que o
Perito Médico não pode fornecer cópia de laudo pericial a
ninguém que não seja a autoridade determinante da perícia
em questão, pois não detém o controle do processo e não
é possuidor do laudo.
A Câmara Técnica de Perícias Médicas é presidi-
da pelo conselheiro Jorge Luiz Fregapani e composta
pelos especialistas Antônio Reus Resk Malcum, Henrique
Rodrigues Cabral, Juliano Luis Fontanari, Mauricio Licks da
Silveira e Tatiana Della Giustina. O Cremers conta com 48
CTs, com coordenação geral do conselheiro Jefferson Piva.
CONFIRA A íNTEGRA DO PARECER, APROvADO PELA DIRETORIA E PELA PLENáRIA DO CREMERS:
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 15
Corregedoria: instauração de sindicâncias e PEPs
A Secretaria de Assuntos Técnicos (SAT) segue
mantendo um ritmo forte de trabalho diante do volume
expressivo de sindicâncias e Processos Éticos Profissionais
que estão em andamento. O setor é subordinado à
Corregedoria do Cremers, conduzida pelos conselheiros
Régis de Freitas Porto e Joaquim José Xavier. É importante
destacar que a SAT supervisiona e participa de todas as
ações que envolvem a sindicância e o PEP.
Neste ano, até o mês de agosto, foram instauradas
401 sindicâncias, sendo que 387 foram apreciadas em
Câmara. Neste ano foram instaurados 57 PEPs e julgados
76. Esclarecendo que sindicância é um procedimento
preliminar, que pode resultar ou não em Processo Ético
Administrativo, que, por sua vez, decorre de uma decisão
do Plenário ou Câmaras do CRM.
2015
Sindicâncias instauradas 401
Apreciadas em Câmara 387
PEPs instaurados 57
PEPs julgados 76
ouvidoria:esclarecendo dúvidas1) O médico pode cobrar por reconsulta?
A Resolução CFM 1.958 de 2010 explica que
não existe reconsulta. Existe uma consulta que pre-
cisou ser complementada em um segundo momento
ou uma nova consulta. A primeira situação não deve
gerar nova cobrança, a segunda situação gera novo
pagamento. A identificação de cada caso, se uma ou
outra situação, cabe ao médico assistente.
2) O médico que atende em pronto socorro deve dar atestado se o paciente solicitar ou o boletim de atendimento serve com atestado?
O parecer CFM 17 de 2010, referente ao
Processo Consulta 2.861 de 2009, determina que o
atestado deve sempre ser fornecido quando solicita-
do pelo paciente, seja o atendimento realizado em
caráter eletivo ou de urgência, assim, o boletim de
atendimento ou a ficha de atendimento não servem
como substitutos do atestado. Com o intuito de faci-
litar a atividade médica, seja em atendimento eletivo
ou de urgência, a Resolução CREMERS 02 de 2011
sugere modelos de atestado médico que podem ser
impressos previamente e que visam a agilizar o for-
necimento de tais documentos ao paciente.
Fiscalização tem atividade intensaA Comissão de Fiscalização do Cremers, coorde-
nada pelo conselheiro Antonio Ayub, teve um primeiro
semestre de grande produtividade. Os médicos fiscais
Mário Henrique Osanai e Alexandre Prestes realizaram
43 visitas de fiscalização em hospitais, clínicas e outras
instituições de saúde em Porto Alegre e na Região
Metropolitana.
Entre janeiro e agosto de 2015, a fiscalização vis-
toriou locais como o Instituto Psiquiátrico Forense, as
centrais de regulação municipal e estadual do SAMU,
o Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS, que já
chegou a ser interditado pelo Cremers) e os hospitais
Centenário, de São Leopoldo, Parque Belém, de Porto
Alegre, e São Vicente de Paulo, de Osório, entre outros.
16 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
atuação
entrega de prontuáriospara operadoras de planos de saúde
O Cremers tem recebido muitas con-
sultas a respeito da entrega de prontuários
(especificamente evoluções médicas dos
pacientes) a empresas operadoras de planos
de saúde para fins de auditoria.
A Assessoria Jurídica do Conselho,
através do advogado Juliano Lauer, recen-
temente emitiu parecer em que afirma que
é “cediço que a liberação de prontuário
médico a outras pessoas que não o pró-
prio paciente envolve a delicada questão
do segredo profissional tratada no artigo
102 do Código de Ética Médica e no artigo
154 do Código Penal”.
Somente em três situações existe respaldo para a
quebra do dever do sigilo médico:
1) quando houver “justa causa”
2) quando houver dever legal
3) por autorização expressa do paciente.
A questão é tratada pelo Conselho
Federal de Medicina na Resolução CFM
nº 1605/2000, que determina em seu
artigo 1º, “ser vedado ao médico revelar,
sem o consentimento da parte, segre-
do que lhe foi confiado ou conteú-
do de prontuário médico”. E também
regulamentada pela Resolução CFM nº
1614/2001 que determina em seu artigo
2º que “as empresas de auditoria médi-
ca e seus responsáveis técnicos deve-
rão estar devidamente registrados nos
Conselhos Regionais de Medicina das
jurisdições em que seus contratantes estiverem atuando”.
A Assessoria Jurídica do Cremers conclui como sendo
indevida, do ponto de vista ético e legal, a solicitação de
prontuários médicos por parte de setores administrativos de
operadoras de planos de saúde e convênios, porquanto não
se enquadra nas exceções previstas nas normas supracitadas.
Isaias Levy2º Secretário do Cremers
Em resposta à consulta sobre a CID e resultados de exames, solicitados pelo novo sistema lançado governo federal (eSocial), o CFM emitiu o Parecer 17/2015, definindo o seguinte: “É vedado ao médico a aposição da CID-10 e de resultados dos exames no eSocial, de acordo com o disposto no art. 73 do Código de Ética Médica, devendo ser arguida pelo Conselho Federal de Medicina a inconstitucionalidade do Decreto nº 8373/14 ou sua mudança no âmbito legislativo”.DO PARECERO Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas – eSocial – foi instituído pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, tendo por objeto estabelecer a forma única com que passam a ser prestadas as informações trabalhistas, previdenciárias, tributárias e fiscais relativas à contratação e utilização de mão de obra onerosa, com ou sem vínculo empregatício e também
de outras informações previdenciárias previstas na Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e de rendimentos pagos sujeitos à retenção na fonte.Os dados informados, então, ficarão armazenados em ambiente nacional do eSocial, com acesso à NÃO médicos.O Código de Ética Médica, a seu turno, disciplina a conduta ética in casu:Art. 73: "É vedado ao médico: Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente”.Nessa esteira, restou claro que a quebra de sigilo está condicionada a existência de uma norma legal na qual sua recusa implicará em crime. Exemplificamos com a não notificação de doença de notificação compulsória, conforme Art. 7 o da Lei 6.529 de 30 de outubro de 1975 e Art. 269 do Código Penal.
Cid e resultados de exames
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 17
prontuário médiCo
Em solenidade realizada dia 13 de julho, qua-
renta novos médicos formados pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul receberam suas
credenciais das mãos de membros da diretoria do
Cremers. O diretor de Patrimônio Iseu Milman abriu
a cerimônia, saudando os jovens médicos e seus
acompanhantes. Participaram também da mesa o
presidente do Cremers, Rogério Wolf de Aguiar;
Cláudio Franzen, tesoureiro; Joaquim José Xavier,
corregedor adjunto; e Antônio Celso Ayub, coorde-
nador da Fiscalização.
Cerimônia no Cremers marcada por crítica ao subfinanciamento da saúde
entrega de carteiras
Depois de entregues as carteiras – com um exem-
plar do Código de Ética Médica –, Aguiar cumprimentou
os novos colegas, destacando a nobreza da profissão que
escolheram e expressando a visão do Cremers sobre a atual
situação da saúde no Estado e no País: "É com alegria
que recebemos os colegas que cumpriram rigorosamen-
te a legislação brasileira e se habilitaram ao exercício da
Medicina após um longo e exigente curso. É um orgulho
para nós cumprirmos esse ritual de entrega das credenciais
médicas a jovens que tiveram a formação adequada para
atender o povo brasileiro da melhor maneira possível".
18 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
solenidade
O presidente do Cremers acentuou que a saúde
pública brasileira dispensa medidas eleitoreiras e clama
por soluções mais consistentes por parte do governo
federal, como uma carreira médica no Sistema Único de
Saúde. “É preciso investir em nosso País e não em outros.
Faltam leitos, equipamentos e materiais, falta atenção
básica mais efetiva. Então, os recursos precisam ser apli-
cados aqui mesmo”.
Em relação aos novos cursos de Medicina anuncia-
dos pelo governo, sendo que três deles no Rio Grande
do Sul, Rogério Aguiar lembrou que o Brasil ocupa hoje
o segundo lugar em número de cursos e que não exis-
te necessidade de novas unidades. “Não é colocando
mais médicos no mercado que o problema da saúde
será resolvido. Faltam investimentos e políticas sérias,
em especial na distribuição dos médicos. Trouxeram
milhares de profissionais do exterior, mas o mapa da dis-
tribuição de médicos, conforme levantamento do próprio
Ministério da Saúde, revela que o quadro segue igual
ao que era, com poucos profissionais sendo deslocados
para os pontos mais distantes”.
Recorreu, ainda, a um recente relatório do Tribunal
de Contas da União em que é constatado que em 49% dos
municípios contemplados com intecambistas houve redu-
ção no número de médicos: “Os prefeitos aproveitaram e
demitiram os médicos que ali estavam trabalhando, e que,
aliás, nunca receberam o que é oferecido aos integrantes
do programa, como auxílio alimentação e moradia”.
Por fim, Aguiar fez um relato sobre o Cremers e suas
atribuições, destacando o trabalho cartorial e a fiscalização
do exercício da Medicina, e citando os setores que estão
à disposição dos médicos, como a Ouvidoria. Lembrou
que o Conselho é uma autarquia federal e que é mantido
unicamente pelas anuidades dos médicos e empresas. Ao
concluir, cumprimentou os novos médicos e salientou que o
Cremers está à disposição. “Aqui vocês vão encontrar apoio e
orientação. Parabéns pela conquista. É um orgulho exercer a
Medicina, profissão tão nobre e necessária para a sociedade”.
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 19
Dra. Karine De Franceschi
Dra. Bruna Brasil Carneiro
Dra. VanessaLaubert La Porta
novos médicos: preocupaçãocom o mercado de trabalho
Depois de um longo e exigente curso, os jovens
médicos enfrentam agora um novo desafio: posicionar-se
adequadamente no mercado de trabalho. Os novos médi-
cos que estiveram no Cremers para receber a carteira que
os habilita a exercer a Medicina estão preocupados. Já
constataram que não será fácil encontrar boas condições
de trabalho e remuneração condizente com a responsabi-
lidade profissional. Mesmo assim, se mostram confiantes e
projetam fazer Residência Médica no final do ano.
A nova médica Karine De
Franceschi tem feito alguns tra-
balhos, mas nada fixo. Em pouco
tempo constatou as dificuldades
que envolvem todo o trabalho
na área da saúde, atribuindo essa
situação basicamente ao subfinan-
ciamento do setor. Seu objetivo é
fazer RM em gineco-obstetrícia.
Natural de Bagé, Bruna Brasil Carneiro tem feito
alguns plantões enquanto busca uma colocação melhor e
se prepara para fazer a prova para RM em cirurgia. Ela não
esconde preocupação com o programa Mais Médicos, que
importou milhares de profis-
sionais para "ocupar espa-
ço de médicos brasileiros".
Diferente do que alegam
setores do governo, ela sus-
tenta que há muitos médicos
novos que querem trabalhar
em lugares mais afastados,
desde que em condições
adequadas. "Estou pronta",
diz Bruna.
Apesar de muito
feliz por receber sua car-
teira, Vanessa Laubert La
Porta não pensa em tra-
balhar como médica neste
momento. Ela constatou
que há grandes dificulda-
des estruturais para a prá-
tica médica, em especial
para quem está começan-
do. Diante disso, Vanessa optou por concentrar-se nos
estudos para a prova de RM. Pretende especializar-se
em Medicina de Família.
20 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
solenidade
Dr. Daniel Diniz Comassetto
Daniel Diniz Comassetto vai fazer o serviço
militar obrigatório ao mesmo tempo em que se pre-
para para a Residência Médica em Medicina Interna.
A exemplo de seus colegas,
não esconde preocupação
com o mercado de traba-
lho ruim, que, segundo ele
já constatou, remunera mal,
oferece empregos informais
e não proporciona boas con-
dições para a prática médica.
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 21
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) abriu no dia 20 de agosto consulta pública com o objetivo de receber contribuições para o aprimoramento do Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação. A renovação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos superiores de medicina, ocorrida em 2014, como decorrência do programa Mais Médicos, criou a necessidade dessa atualização.A minuta do Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação, que inclui novos indicadores específicos para o curso de Medicina e para toda a área de saúde consta da nota técnica nº 40/2015. O grupo conta com
a participação de representantes da própria autarquia, dos ministérios da Saúde e da Educação, da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) e da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (Denem). Participam também a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).Essa comissão propôs as adequações necessárias ao instrumento, conforme o programa Mais Médicos e as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Medicina. Contudo, algumas alterações contemplam, como indutoras de qualidade, os demais cursos de graduação.
inep abre consulta pública sobre avaliação de cursos de medicina
22 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
Custo da saúde
Consulta encaminhada pela Procuradoria da República da Bahia à presidência do CFM a respeito de tratamentos de alto custo pelo sistema público de saúde.
“(...) solicito à Vossa Senhoria parecer sobre o
funcionamento da atual sistemática utilizada na aten-
ção em oncologia pelos centros especializados, com
remuneração por pacotes denominados APAC-Onco
[Autorização para Procedimentos de Alta Complexidade
em Oncologia], especificamente no que diz respeito a
eventuais prejuízos que essa sistemática esteja causan-
do ao paciente oncológico com a negativa de acesso a
medicamentos e procedimentos de alto custo."
Confira as considerações finais do parecer assinado
pelo conselheiro relator Lúcio Flávio Gonzaga Silva:
“A saúde é um direito essencial do ser humano.
No Brasil, é assegurada por sua Carta Magna em seus
aspectos universal, integral e igualitário para todos os
brasileiros. A limitação de recursos públicos é arguida
como justificativa para a negação de medicamentos de
alto custo para o tratamento de pacientes oncológicos,
com base nos princípios da razoabilidade e proporcio-
nalidade, acolhidos pela teoria da reserva do possível,
de origem alemã. O Brasil não tem uma legislação clara
definidora de condutas para esses casos, carreando para
o médico assistente uma missão extremamente cons-
trangedora e angustiante. No entanto, decisões recentes
do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais regionais
brasileiros sobre o tema definem ser obrigação do Estado
garantir o direito à saúde, inclusive quanto ao forneci-
mento de medicamentos”.
RESPOSTA à CONSULENTE:
“Não há um consenso quanto à melhor conduta:
atender às necessidades integrais do doente concreto,
com risco de comprometer a assistência universal e igua-
litária da coletividade, ou fazer o contrário. Entretanto,
esse parecer conclui – sob a ótica da técnica e da ética
médicas e baseado na Lei nº 12.842, publicada em julho
de 2013, que dispõe sobre o exercício da Medicina – pelo
entendimento de que deve ser assegurada a autonomia
do médico quanto à decisão do tratamento mais adequa-
do à saúde de seu paciente, devidamente fundamentada
e respeitando a autonomia do paciente, razão pela qual
questões outras – econômico-financeiras, sociais ou de
qualquer outra natureza – devem ser consideradas de
importância secundária”.
tratamento de alto custo
Comissão de honorários organiza fórum sobre saúde suplementar
Prosseguem negociações com operadoras
A Comissão Estadual de Honorários Médicos
(CEHM-RS) está organizando um evento para debater
a saúde suplementar no Estado. O I Fórum Gaúcho
de Saúde Suplementar será realizado no dia 13 de
novembro, na AMRIGS, promovendo a participação dos
diversos níveis envolvidos na área – desde médicos até a
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A CEHM está finalizando a formação dos painéis
de discussão e a escolha dos debatedores que comporão
as mesas diretoras. Em breve, serão anunciados os temas
e a programação do evento, que irá contar com a par-
ticipação de expoentes de diferentes segmentos da área
médica nacional.
A programação do evento será disponibilizada
em breve no site da Comissão (www.cehm-rs.org.br).
Participam do grupo Iseu Milman, coordenador do
Patrimônio do Cremers; Jorge Utaliz, diretor do Exercício
Profissional da Amrigs; Jorge Eltz, diretor do Simers;
Maria da Graça Schneider, gerente de Defesa Profissional
da AMRIGS; Cristiana Menezes, assessora da diretoria
do Simers; e Marcelo Pistoja, assistente administrativo do
Cremers.
O Bradesco Saúde repassará à Comissão Estadual
de Honorários Médicos do Estado a minuta do contrato
padrão adotado com médicos credenciados ao plano. A
minuta segue a Lei federal 13.003/2014, que tornou obri-
gatória a existência de contrato
entre prestadores de serviço e
operadoras. A comissão quer
avaliar a minuta, para verificar
a adequação à legislação.
O Bradesco adota data
-base de setembro e valor da
consulta de R$ 73,00. A ope-
radora trabalha de forma unifi-
cada nacionalmente, adotando
os mesmos valores de consulta,
procedimentos e codificação.
A CEHM-RS tem manti-
do diversas reuniões com pla-
nos de saúde para conhecer
a política de cada um em
relação aos médicos, desde remuneração a períodos de
atualização, além de rol de procedimentos. A atuação
busca maior proximidade com as empresas para nego-
ciar melhores condições à assistência dos médicos.
Evento será realizado no dia 13 de novembro na AMRIGS
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 23
remuneração
Liberar o uso de drogas?O Supremo Tribunal Federal se prepara para julgar
a inconstitucionalidade ou não do artigo 28 da Lei sobre
drogas (11.343). Esse artigo trata da criminalização do uso
e tráfico de substâncias ilícitas causadoras de transtornos
mentais e dependência química. Embora o simples uso seja
considerado crime, para constranger e inibir o consumo,
ele não é punido com prisão, e sim com penas alternativas.
Caso o STF torne inconstitucional este artigo, ele, na
prática, descriminalizará e liberará o uso de drogas ilícitas,
facilitando muito a sua circulação no País. Ao contrário
do que apregoam aqueles que querem legaliza-las, é uma
decisão que aumentará o número de doentes da depen-
dência química, a violência e o poder do tráfico de drogas.
Não existem exemplos históricos e de evidências
científicas que mostrem que, diminuindo o rigor contra as
drogas, a saúde e a vida das pessoas melhora. Como tam-
bém não existe novidade na liberação das drogas. Todas
foram consumidas livremente na maior parte do tempo
de existência da nossa civilização. Só muito recentemente
começaram a ser proibidas, quando as diversas sociedades
humanas entenderam a sua relação direta e indireta, com
grandes tragédias pessoais, familiares e sociais. Todos elas
mudaram a lei e passaram a proibi-las de forma duríssima.
Hoje, tem taxas de homicídio de 30 a 70 vezes menores
que o Brasil! Ao contrário do que os arautos da liberação
proclamam, é justamente nos países com as regras mais
rigorosas contra as drogas onde os problemas de saúde e
violência são muito menores.
Como poderá ser permitida a compra e proibida à
venda? Na verdade, a ausência de crime no uso de drogas
acabará com qualquer constrangimento no porte e no com-
partilhamento delas. Haverá muito mais gente as levando
para as escolas, e locais públicos, sem qualquer receio de
punição. É óbvio que isso aumentará muito o consumo. E
quem abastecerá esse mercado em expansão? O tráfico
clandestino. Ele crescerá em número e em poder, mantendo
e ampliando seu séquito de violência.
Temos hoje no Brasil uma grande epidemia de consu-
mo de drogas. Quando enfrentamos uma epidemia viral, o
maior esforço é o de reduzir a circulação do vírus causador,
para reduzirmos o número de doentes. O mesmo ocorre
com a epidemia das drogas. Quanto menos drogas per-
mitirmos circular, menos vítimas da dependência química
teremos. Isso sem falar nas vítimas de homicídios, acidentes
de trânsito, suicídios e de doenças como a AIDS que ressur-
gem nos bolsões de consumo de drogas.
Os liberacionistas usam a paralisia governamental e a
ausência de política pública de segurança e prisional, como
uma "impossibilidade definitiva" de combater o tráfico. A
proposta de liberar e não prender traficantes só agravará o
problema.
O aumento do número de presos por tráfico acontece
muito mais em função do momento desta epidemia, que
multiplica muito rapidamente usuários e traficantes, do que
pela Lei, que considera crime, mas não prende pelo uso.
Estatísticas da área de segurança mostram que 60% das
pessoas abordadas com porte de drogas são usuárias e não
são presas, embora respondam por crime.
É importante lembrar que a dependência química é
uma doença crônica, sem cura, que atinge uma parcela sig-
nificativa de usuários. Ela altera o funcionamento e a arqui-
tetura das conexões cerebrais para sempre, formatando a
base cerebral para a compulsão. As causas que levam uma
pessoa a experimentar drogas são bem diferentes daquelas
que a levam a persistir no uso.
O maior esforço no tratamento da dependência
química é manter, a cada dia, a abstinência, para poder
voltar a uma vida minimamente produtiva e útil do ponto
de vista social. As maiores vítimas da dependência quí-
mica são os adolescentes. A ciência mostra que, pela sua
imaturidade cerebral, eles são cinco vezes mais vulneráveis
à dependência do que aqueles que iniciam o consumo de
drogas na vida adulta. Uma decisão de descriminalizar o
uso, tomada pelo STF, poderá ter outro efeito funesto, que
é, simbolicamente, passar a ideia de que o consumo de dro-
gas não é prejudicial, aumentando a curiosidade e interesse
dos nossos jovens em experimentá-las.
Osmar Terra
Médico e Deputado Federal
24 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
artiGo
entidades médicas contra a descriminalização do porte de drogas
O Conselho Federal de Medicina (CFM), a
Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Associação
Médica Brasileira (AMB) e a Federação Nacional dos
Médicos (FENAM) divulgaram nota oficial com o posi-
cionamento das entidades médicas sobre a descriminali-
zação do porte de drogas.
O Cremers já se posicionou sobre o assunto. No dia
16 de abril publicou nota oficial na imprensa, com base
em parecer de sua Câmara Técnica de Psiquiatria, com o
título "Não à legalização do uso da maconha".
O polêmico tema está sendo discutido e julgado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) desde o dia 19 de agosto.
Confira abaixo a íntegra da nota das entidades médicas:
NOTA OFICIAL ABP/AMB/CFM/FENAM
Nós, abaixo-assinados, que representamos as enti-
dades nacionais dos médicos brasileiros, viemos mani-
festar aos Ministros do Supremo Tribunal Federal nossa
posição favorável à manutenção do texto artigo 28 da Lei
11343, que trata da política sobre drogas no Brasil.
Entendemos que a descriminalização do uso de dro-
gas ilícitas vai ter como resultado prático o aumento deste
consumo e a multiplicação de usuários. Aumentando o
número de usuários, aumentarão também as pessoas que
se tornarão dependentes químicos. E a dependência quí-
mica é uma doença crônica que afetará seus portadores
para o resto de suas vidas e devastará suas famílias.
O aumento do consumo de drogas também elevará
ao, já trágico, recorde mundial de acidentes de trânsito,
homicídios e suicídios.
A descriminalização, ao aumentar o consumo,
também ampliará o poder e o tamanho do tráfico clan-
destino, que vai fornecer as drogas ilícitas. E a violência
recrudescerá!
Não existe experiência histórica, ou evidência cien-
tífica, que mostre melhoria com a descriminalização. Ao
contrário, são justamente os países com maior rigor no
enfrentamento às drogas que diminuem a proporção de
dependentes e mortes violentas.
Em nome dos médicos brasileiros, que estão no
“front” desse enfrentamento, e que conhecem bem a
gravidade e complexidade desta questão na saúde e na
segurança da nossa população, apelamos ao STF para
que mantenha, na forma atual o artigo 28 da Lei 11.343.
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 25
saúde púBliCa
Audiência Pública na OAB/RS discutiu o tema com entidades e sociedade civil
O drama das Santas Casas
perícia médica Previdenciária
A Confederação das Santas Casas e Hospitais e
Entidades Filantrópicas (CMB) e as federações estaduais
realizaram ato público, dia 4 de agosto, no Congresso
Nacional para pedir melhores condições financeiras para
as entidades filantrópicas. O movimento contou com o
apoio da Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas,
Hospitais e Entidades Filantrópicas da Câmara.
TABELA SUS – Recentemente, uma análise do CFM
mostrou que mais de 1.500 procedimentos hospitala-
res incluídos na Tabela SUS, padrão de referência para
pagamento dos serviços prestados por estabelecimentos
conveniados e filantrópicos que atendem a rede pública
de saúde, estão defasados. De acordo com a autarquia,
a perda acumulada nos honorários médicos em alguns
procedimentos chegou a quase 1.300% num período de
apenas sete anos (2008 a 2014).
O comando do movimento afirma que há mais de
dez anos não é reajustada a tabela do SUS e que, por
conta disso, mais de 1.700 instituições estão falidas e
com dívidas, que, se somadas, chegam a R$ 21 bilhões.
A OAB/RS realizou, no dia 18 de agosto, uma
audiência pública para debater as perícias médicas
previdenciárias. A atividade, organizada pela Comissão
de Previdência Social da entidade (CEPS), integrou a
programação do Mês do Advogado e teve a presença
de diversos representantes de entidades ligadas ao tema,
advogados e sociedade civil organizada. O conselheiro
Iseu Milman representou o Cremers na ocasião.
Foram debatidos dados e dificuldades acerca da
perícia médica previdenciária. Entre os assuntos aborda-
dos estiveram a discordância entre o parecer do perito
e do médico da pessoa que está buscando o benefício,
problemas no agendamento das perícias e o número de
médicos que compõem a estrutura do sistema previden-
ciário – atualmente, 4.456 profissionais. Segundo dados
da Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP),
esse número vem caindo ano após ano.
Iseu Milman declarou que a questão da perícia pre-
videnciária causa preocupação à classe. “Muitas vezes o
médico do trabalho não sabe o que fazer, pois a pessoa
declara não poder trabalhar, enquanto o perito avalia
que a pessoa pode. A definição da concessão ou não do
benefício cabe ao perito; por isso, o médico precisa ter
todo cuidado ao fornecer um atestado.”
Estiveram presentes o secretário-geral da OAB/
RS, Ricardo Breier, representando o presidente Marcelo
Bertoluci; o presidente da CEPS e organizador do even-
to Alexandre Triches; a representante da Defensoria
Pública da União (DPU) Fernanda Hahn; Carmem Lúcia
Reis Pinto, representando o Instituto dos Advogados
Previdenciaristas (IAPE); a representante do Instituto
Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Jane
Berwanger; e Clarissa Coelho Bassin, representando a
Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP).
Cremers representado pelo diretor Iseu Milman
26 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
partiCipação
Corte no orçamento da saúde supera r$ 12 bilhões
O ajuste fiscal no Orçamento
Geral da União levou o Governo
Federal a participar ainda menos
do financiamento do Sistema Único
de Saúde (SUS) neste ano. O corte
no orçamento foi superior a R$ 12
bilhões. Em maio, o governo anun-
ciou o corte de R$ 11,7 bilhões e, no
final de julho, mais R$ 1,18 bilhão.
Nos últimos sete anos, enquan-
to estados e municípios aumentaram
suas despesas públicas com saúde
em 49,4% e 71,6%, respectivamente,
a União cresceu apenas 40,4%, o
que puxa para baixo o crescimento
do conjunto da despesa pública no
período, 51,3%. Para o presidente
do Conselho Federal de Medicina
(CFM), Carlos Vital, a contabilidade
das perdas sugere que, em 2015, a
saúde deve permanecer distante do
foco de prioridades do governo. “O
País assistirá estarrecido ao retroces-
so ainda maior na presença pública
da cobertura de despesas e investi-
mentos com saúde. Como tem feito
ao longo dos últimos anos, o CFM
persistirá na observação do destino
destas verbas. Não obstante, a exe-
cução dessa tarefa precisa ser feita
por todos os cidadãos, em particular
por aqueles 150 milhões dependen-
tes do SUS, posto que cada centavo
retirado desse orçamento pode signi-
ficar perda da dignidade, da saúde e
da vida”, declarou.
UNIãO REDUz SUA PARTICIPAçãO
Em 2014, segundo estimativa do Instituto de
Direito Sanitário Aplicado (Idisa), o gasto público
total com ações e serviços de saúde atingiu R$
216,2 bilhões, o equivalente a 3,9% do Produto
Interno Bruto (PIB) daquele ano – bem inferior à
média internacional de 5,5%. Além disso, a parcela
das despesas privadas (planos de saúde, medica-
mentos e gastos diretos das famílias) se manteve
superior aos gastos públicos, como em anos ante-
riores, somando R$ 231,9 bilhões.
Historicamente, municípios e Estados têm
ampliado sua participação no total do gasto públi-
co, especialmente a partir dos anos 2000, com o
estabelecimento da Emenda Constitucional nº 29,
que estabeleceu a vinculação de recursos às suas
receitas (12% para Estados e 15% para municípios).
IMPACTO NA SAúDE PúBLICA
“De forma concreta, o Ministério da Saúde contará,
neste ano, com um orçamento inferior ao ano de 2014. Não
podemos admitir o discurso de que nada será alterado, à
medida que os números são claros e objetivos. Lamentamos
que o governo federal, mais uma vez, insista em contribuir ao
desmonte do nosso importante direito universal à saúde”, des-
tacou Áquilas Mendes, coautor do estudo do Idisa e professor
livre-docente de Economia da Saúde da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo Mendes, “o ajuste afetará consideravel-
mente os investimentos fundamentais para a ampliação
imediata de serviços ambulatoriais e hospitalares e preju-
dicará a implantação das Redes de Atenção à Saúde em
todas as regiões dos estados brasileiros, impactando a
prestação de ações assistenciais e sanitárias disponibiliza-
das a toda a população”.
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 27
suBFinanCiamento
A Coordenação do Sistema Nacional de
Transplantes, do Ministério da Saúde, encaminhou
ofício orientando sobre doação de órgãos pelo com-
panheiro (a), de acordo com decisão judicial proferida
pela Justiça Federal da 3ª Região em Ação Civil Pública
interposta pelo Ministério Público Federal.
No documento, o MS solicita aos coordenadores
das Centrais de Notificação, Captação e Distribuição
de Órgãos que orientem os serviços a considerarem o
companheiro (a) homoafetivo como legítimo a autori-
zar a remoção post morten de órgãos, tecidos e partes
do corpo humano para transplante. Para efetivar essa
autorização devem ser exigidos os mesmos documentos
apresentados pelo companheiro heterossexual.
Confira trechos da decisão judicial
A inexistência de regra expressa que contemple o
companheiro homossexual com a possibilidade de auto-
rizar a remoção post mortem de órgãos, tecidos e partes
do corpo do companheiro falecido para transplante, não
obsta o reconhecimento do seu direito.
- Entendimento em consonância com princípios
norteadores da Constituição, que consagram a igual-
dade, a dignidade da pessoa humana e a promoção
do bem de todos. Respeito ao princípio constitucional
contido no art. 3º, IV, da Constituição Federal, que
veda a adoção, seja pelos particulares ou pelo próprio
Estado, de comportamentos, comissivos ou omissivos,
que impliquem preconceito de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Princípio cuja aplicabilidade é plena e a qual deve ser
atribuída a máxima eficácia.
- Ampliação do conceito de família (art. 226, § 3º,
da Constituição Federal) e do rol dos legitimados para
autorizar a referida doação (art. 4º, da Lei nº 9.434/97).
- Questão pacificada no Supremo Tribunal Federal
que, em 5 de maio de 2011, declarou a Ação Direta
de Inconstitucionalidade n. 4.227 e a Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental n. 132, com
eficácia erga omnes e efeito vinculante, conferindo
interpretação conforme a Constituição Federal ao art.
1.723 do Código Civil, a fim de declarar a aplicabilidade
de regime de união estável às uniões entre pessoas do
mesmo sexo.
- O Judiciário não pode, sob o argumento que está
protegendo direito coletivos, determinar a expedição de
atos administrativos. O controle dos atos administrativos
pelo Poder Judiciário está vinculado a perseguir a atua-
ção do agente público em campo de obediência aos
princípios da legalidade, da moralidade, da eficiência, da
impessoalidade, da finalidade e, em algumas situações,
o controle do mérito. As obrigações de fazer permitidas
pela ação civil pública não têm força de quebrar a har-
monia e independência dos Poderes.
- Remessa oficial e apelações desprovidas.
ACÓRDãO
Vistos e relatados estes autos em que são partes
as acima indicadas, decide a Egrégia Quarta Turma do
Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimida-
de, negar provimento à remessa oficial e às apelações
interpostas pela União e pelo Ministério Público Federal,
nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte
integrante do presente julgado.
Doação de órgãos e tecidos por casais homoafetivos
28 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
reGulamentação
Dr. Cláudio Balduíno Souto Franzen(Conselheiro do CFM)
Dr. Antonio Celso Ayub(Conselheiro Suplente do CFM)
revista em presídio:ocultação interna de drogas
Em resposta à consulta da Defensoria Pública do RJ, o CFM emitiu o parecer nº 10/15 sobre a técnica uti-lizada para eliminação de drogas transportadas por ocultação corporal interna em pessoas durante visi-ta a casas de detenção. Essa ação deve ser indicada e supervisionada por médico, após a devida avaliação clínica, e em ambiente hospitalar que permita atender às possíveis intercorrências, sendo obrigatório o con-sentimento livre e o esclarecimento prévio do pacien-te sobre o procedimento.
De acordo com o parecer, a ocultação interna é um método generalizado de transportar ilegalmente cocaína e outras drogas através das fronteiras e re-presenta um problema social e médico grave e cres-cente. Os riscos mais graves associados às cápsulas ingeridas incluem obstrução intestinal e morte por intoxicação pela droga. De acordo com os Princípios Fundamentais do Código de Ética Médica, a Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza.
A remoção de corpos estranhos, por se tratar de ato médico, compete ao profissional respaldado pelo Có-digo de Ética Médica. Essa remoção só poderá ser re-alizada em ambiente hospitalar ou instituição de saúde apropriada para tal fim, tendo em vista os riscos ine-rentes ao procedimento. A ação de remoção de corpo estranho deverá ser obrigatoriamente precedida pela autorização ou consentimento da pessoa, ou seu re-presentante legal, e atender aos artigos 22, 23, 24 e 28 do Capítulo IV dos Direitos Humanos do Código de Ética Médica.
Criação de comitês de bioética nas instituições de saúde
Os diretores técnicos das instituições de saúde, diretores clí-nicos dos hospitais e presidentes de entidades médicas devem esforçar-se para criar e fazer funcionar em seus estabelecimen-tos Comitês de Bioética que subsidiem as decisões médicas. A deliberação é do Conselho Federal de Medicina (CFM), que aprovou em sessão plenária a Recomendação N° 8/2015.
Segundo o relator da diretriz, conselheiro José Hiran Gallo, o avanço da Medicina tem suscitado o aumento de conflitos mo-rais que ultrapassam os limites da Ética Médica, sinalizando a conveniência e a necessidade de Comitês de Bioética que sub-sidiem as decisões. “Apesar desse cenário cada vez mais com-plexo para o exercício da profissão, a maioria dos hospitais não possui Comitê de Bioética. Além disso, não há regulamentação na deontologia médica brasileira referente à participação dos médicos nos Comitês de Bioética”, explicou.
Ao longo dos anos, explica Gallo, os Comitês evoluíram em suas funções. “Além da deliberação moral, foram-lhes acrescen-tados os papéis de educadores em Bioética e de revisores de documentos hospitalares que tivessem, em seu teor, aspectos relacionados à Bioética, como é o caso do Termo de Consenti-mento, do Termo Assentimento e do Termo de Recusa, entre outros”, comentou.
Além de providenciar local e infraestrutura necessários e ade-quados ao exercício das atividades dos Comitês, os presidentes de entidades médicas e diretores técnicos e clínicos devem favo-recer a divulgação de normas e orientar que sejam submetidos ao colegiado os conflitos – de ordem ética, moral, religiosa ou outros – pertinentes ao atendimento aos pacientes. Também precisarão dar apoio aos eventos promovidos pelos Comitês, bem como ao processo inicial de elaboração dos regimentos internos e escolha de membros.
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 29
Conselho Federal
Dr. Martin Whittle
Prof. Dr. Antonio Condino
palestras na academia“Infecções de Repetição: a Ponta do Iceberg”.
Este foi o tema da palestra do Prof. Dr. Antonio
Condino, da Universidade de São Paulo (USP), na
reunião da Academia de Medicina realizada no dia
29 de agosto no Cremers.
Já no encontro do dia 25 de julho, o Dr. Martin
Whittle, diretor do Laboratório Genomics, palestrou
sobre o Presente e o Futuro da Biologia Molecular
em Medicina. As reuniões foram prestigiadas por um
grande público, formado por médicos e estudantes
de Medicina.
UROLOGIA
O acadêmico Carlos Ary Vargas Souto foi
agraciado com Cistoscópio de Ouro de 2015, o
principal prêmio da urologia nacional. A distinção é
entregue anualmente ao médico de maior destaque
na urologia do País.
30º Congresso Brasileiro de Patologia» Local: Centro de Convenções Frei Caneca – São Paulo/SP» Informações: www.congressodepatologia.org.br
13º Congresso Brasileiro de Clínica Médica » Local: Centro de Convenções CentroSul – Florianópolis/SC» Informações: www.clinicamedica2015.com.br/clinicamedica
XI Congresso Brasileiro de Bioética» Local: Campus da PUCPR – Curitiba/PR» Informações: www.congressobrasileirobioetica.com
II Congresso Brasileiro de Nutrição e Envelhecimento » Local: Centro de Convenções do Hotel Plaza São Rafael – Porto Alegre (RS)» Informações: www.cbne2015.com.br
XVII Jornada Nacional de Imunizações SBIm » Local: Centro de Eventos Sistema Fiep – Curitiba/PR» Informações: www.jornadasbim.com.br
29 dE OUtUbRO A
1º dE nOvEmbRO
16 A 18 dE
SEtEmbRO
8 A 10
8 A 10 dE
OUtUbRO
OUtUbRO
30 dE SEtEmbRO A
3 dE OUtUbRO
aGenda
30 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
aCademia de mediCina
Integrantes da Codame/Cremers:Drs. Tomaz Barbosa Isolan (coordenador), Jorge Luiz Fregapani, Euclides Viríssimo Santos Pires e Iseu Milman
Cremers participa de estudos sobre mudanças na publicidade médica
Publicada em 2003, a Resolução CFM nº 1701,
que estabelece os critérios norteadores da publicidade
médica, já passou por retificações e atualizações (como
as que hoje se encontram na Resolução Nº 1974/2011).
A versão em vigor está sendo avaliada pela
Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame)
do Conselho Federal de Medicina. O conselheiro e
coordenador da Codame do Cremers, Tomaz Barbosa
Isolan, participa do projeto, que tem como objetivo
central aperfeiçoar a resolução.
"É um trabalho meticuloso, detalhado. Num pri-
meiro momento os conselhos regionais deverão enca-
minhar suas propostas ao CFM até 30 de setembro.
Posteriormente, será realizado um fórum nacional que
irá discutir as proposições para eventuais mudanças. O
importante é que a resolução seja aperfeiçoada e atua-
lizada, e também que seja clara e objetiva, com pouco
ou nenhum espaço para interpretações", comenta Isolan.
Para o conselheiro, é essencial que “todos falem
a mesma língua”, que a resolução tenha aplicação igual
em qualquer ponto do País. O que mais preocupa os
integrantes das Codames, tanto a nacional como as
regionais, é a propaganda imoderada e o anúncio de
especialidades não reconhecidas, destaca Isolan. “A
autopromoção e o sensacionalismo também são inacei-
táveis”, acrescenta.
CODAME: ORIENTAçãO E ESCLARECIMENTO
AOS MéDICOS
O coordenador da Codame do Cremers faz questão
de esclarecer que o órgão não tem função de fiscalização:
“Nossa atribuição é mesmo de orientação e de esclareci-
mento. É uma tarefa mais pedagógica para evitar abusos.
Sempre que nos deparamos com uma propaganda – no
rádio, TV, jornal, revista, internet, outdoor, panfletos ou
encaminhada através de denúncia –, procuramos ouvir a
manifestação do médico responsável pelo material. Para
evitar esse tipo de situação, é importante que os médicos
leiam a resolução. Qualquer dúvida, nossa Codame está
à disposição através do site do Cremers ou do secretário
Marcelo Pistoja, que pode fornecer a publicação que
contém a resolução do CFM”, observa.
A Codame é composta, além do coordenador,
pelos conselheiros Euclides Viríssimo Santos Pires, Iseu
Milman, Jorge Luiz Fregapani e Ricardo Oliva Willhelm.
Também conta com a supervisão do segundo secretário
do Cremers, Isaias Levy, que a representa junto à diretoria.
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 31
Codame
O III Encontro dos Assessores de Comunicação dos
Conselhos de Medicina, realizado pelo CFM nos dias
17 e 18 de agosto, reuniu conselheiros e jornalistas que
atuam nos conselhos regionais de todo o Brasil. Durante
o evento, os participantes puderam trocar experiências
e informações sobre a atuação da assessoria de comu-
nicação dos Conselhos em seus estados. O Cremers foi
representado pela jornalista Viviane Schwäger.
Um dos assuntos mais discutidos durante o evento,
além da atual conjuntura política do Brasil na área da
saúde, foi a participação dos Conselhos nas redes sociais.
Especialistas na área ressaltaram a importância dessas
plataformas como ferramentas de comunicação com os
médicos e a sociedade, assim como a maneira mais ade-
quada e responsável para que elas sejam utilizadas. Em
breve, o Cremers terá novidades nessa área.
Ao final do encontro, os assessores assistiram a uma
apresentação da campanha do Dia do Médico que, neste
ano, vai abordar casos de médicos que conseguiram sal-
var vidas com praticamente nenhum recurso.
Assessores de imprensase reúnem em Brasília
Numa iniciativa de integrar seus funcionários, qualificar o ambiente de trabalho e aprimorar o atendimento aos médicos, o Cremers promoveu, nos dias 20 e 21 de agosto, o Workshop de Trabalho em Equipe. A atividade contou com a presença de cerca de 50 funcionários e estagiários e foi realizada pela psicóloga e coach Eliane Böttcher, da empresa LIDCOM.No início, foi proposta atividade para que cada um dos participantes fizesse uma breve apresentação pessoal. Depois disso, os funcionários e estagiários foram convidados a participar de algumas dinâmicas de grupo, que tinham o intuito de incentivar o trabalho em equipe e a integração entre os colegas. Na ocasião, foram
propostas tarefas que só poderiam ser resolvidas se fossem trabalhadas em conjunto.No final das atividades houve um momento de feedback, em que todos os participantes puderam expor seus sentimentos e impressões sobre o workshop e apresentar maneiras de melhorar a relação com os colegas e de implementar no seu próprio dia a dia o que foi percebido durante a oficina.
Cremers promove aperfeiçoamento e integração entre funcionários
32 | Revista CRemeRs | 2015 | Ed. 93
QualiFiCação
Cremers participou de audiência realizada no STF dia 18 de agosto para discutir o regime jurídico dos servidores de conselhos no Estado
Audiência discute regime jurídico de servidores de conselhos no RS
Em audiência de conciliação realizada no dia 18
de agosto, no Supremo Tribunal Federal (STF), repre-
sentantes do Sindicato dos Servidores e Empregados
dos Conselhos e Ordens de Fiscalização do Exercício
Profissional no Rio Grande do Sul e de Conselhos
Regionais de fiscalização profissional do Estado concor-
daram em formalizar acordo no processo que discute o
regime jurídico aplicável aos trabalhadores dos conselhos
profissionais. O presidente do Cremers, Rogério Wolf de
Aguiar, esteve presente na audiência, acompanhado do
assessor jurídico Juliano Lauer.
A audiência foi convocada pelo ministro Luiz Fux,
relator da Reclamação (RCL) 19537, com o objetivo de
obter uma solução, ainda que transitória, para as difi-
culdades decorrentes da aplicação do Regime Jurídico
Único (RJU) no âmbito dos conselhos profissionais que
são parte na reclamação.
No processo, o sindicato alega que diversos conse-
lhos de fiscalização profissional têm realizado concursos
para provimento de cargos regidos pela Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), enquanto a Constituição
da República prevê o RJU, regido pela Lei 8.112/1990.
Esse procedimento, conforme o sindicato, viola enten-
dimento do STF no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 2135, que restabeleceu, em
decisão liminar, a redação originária do artigo 39 da
Constituição, mantendo a obrigatoriedade da adoção do
regime estatutário.
CONCILIAçãO
Em maio deste ano, o ministro Luiz Fux julgou a
reclamação parcialmente procedente, determinando a
aplicação do RJU aos servidores aprovados nos con-
cursos questionados pela entidade sindical. No entanto,
diante das dificuldades informadas pelos conselhos
quanto à implantação do Regime Jurídico Único, o minis-
tro determinou a realização da audiência de conciliação.
Na reunião, o Ministério Público Federal sugeriu a
observância de algumas condições para a viabilidade do
acordo, entre elas a necessidade de se assegurar a estabi-
lidade dos trabalhadores dos conselhos até que a matéria
seja decidida definitivamente pelo STF.
Ed. 93 | 2015 | Revista CRemeRs | 33
leGislação
Cremers presta homenagemEm sessões ordinárias realizadas nos dias 7 de julho e 4 de agosto, o Corpo de Conselheiros do Cremers prestou homenagem a médicos do Estado falecidos recentemente.
Dra. ADRIANA TAGLIARI OSTERMANN - nascida em 20/01/1952, natural de Porto Alegre, RS. Formada pela Fundação Fac. Católica de Medicina de Porto Alegre, no ano 1977. Falecida em 17/06/2015, aos 63 anos.
Dr. ANTONIO CARLOS LUZZI FORTIS - nascido em 22/10/1942, natural de Porto Alegre, RS. Formado pela Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre, no ano 1967. Falecido em 25/03/2014, aos 71 anos.
Dr. ANTONIO CLAUDIO MENDES RIBEIRO - nascido em 08/08/1947, natural de Porto Alegre, RS. Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no ano 1973. Falecido em 08/06/2015, aos 67 anos.
Dr. BAPTISTA ANTONIO LOVATTO - nascido em 10/07/1931, natural de Santa Maria, RS. Formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), no ano 1964. Falecido em 20/06/2015, aos 83 anos.
Dr. CARLOS ALBERTO PEREIRA DE FIGUEIREDO - nascido em 05/06/1947, natural de Recife, PE. Formado pela Faculdade de Ciên-cias Médicas de Pernambuco, no ano 1973. Falecido em 07/02/2014, aos 66 anos.
Dr. CARLOS CLEBER ALVES NUNES - nascido em 24/12/1938, natu-ral de Santa Maria, RS. Formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), no ano 1963. Falecido em 10/03/2015, aos 76 anos.
Dr. ELCIO LOBATO - nascido em 01/03/1947, natural de São Paulo, SP. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos – Fun-dação Lusíada, no ano 1976. Falecido em 01/07/2015, aos 68 anos.
Dr. EWGEN KOVAL - nascido em 02/07/1946, natural de Hersfeld, Alemanha. Formado pela Universidade Católica de Pelotas, no ano 1972. Falecido em 10/06/2015, aos 68 anos.
Dr. FABIO MILACH GERVINI - nascido em 24/07/1962, natural de Pelotas, RS. Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Sul, no ano 1986. Falecido em 08/03/2015, aos 52 anos.
Dr. FERNANDO DE OLIVEIRA PEREIRA LIMA - nascido em 29/09/1957, natural de Pelotas, RS. Formado pela Universidade Cató-lica de Pelotas, no ano 1982. Falecido em 14/12/2014, aos 57 anos.
Dr. IREMAR COUTO MESKO - nascido em 06/02/1936, natural de Pindamonhangaba, SP. Formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), no ano 1961. Falecido em 26/06/2015, aos 79 anos.
Dr. JOSE CARLOS ROSA DELFINI - nascido em 13/07/1955, natural de Camaquã, RS. Formado pela Universidade Federal do Pelotas, no ano 1981. Falecido em 15/11/2014, aos 59 anos.
Dr. LUIZ ALBERTO DE OLIVEIRA SANTOS GONÇALVES - nascido em 30/10/1943, natural de Caxias do Sul, RS. Formado pela Faculda-de de Medicina de Rio Grande, no ano 1971. Falecido em 12/06/2015, aos 71 anos.
Dr. MARCO ANTONIO OYARZABAL DALA RIVA - nascido em 22/10/1966, natural de Rio Grande, RS. Formado pela Fundação Uni-versidade do Rio Grande, no ano 1991. Falecido em 31/01/2015, aos 48 anos.
Dra. NARA MARTINEZ GUIMARAES - nascida em 10/12/1947, na-tural de Uruguaiana, RS. Formado pela Universidade Católica de Pelo-tas, no ano 1972. Falecida em 22/06/2014, aos 66 anos.
Dra. NEIVA SCHUSTER FERREIRA - nascida em 24/10/1957, natural de Bagé, RS. Formada pela Universidade Federal de Pelotas, no ano 1981. Falecida em 28/05/2015, aos 57 anos.
Dr. PEDRO JOSE PASSOS PUZYNA - nascido em 27/10/1944, natu-ral de Curitiba, PR. Formado pela Faculdade de Medicina de Pelotas, no ano 1971. Falecido em 22/07/2015, aos 70 anos.
Dr. RUI LUIZ PEIXOTO - nascido em 17/04/1947, natural de Criciúma, SC. Formado pela Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre, no ano 1970. Falecido em 05/07/2014, aos 67 anos.
Dr. WILSON RUIVO DOS SANTOS - nascido em 26/10/1934, natural de Rio Grande, RS. Formado pela Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre, no ano 1969. Falecido em 09/05/2015, aos 80 anos.
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oBituário
d E l E g a c I a S d O c r E m E r S
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Alegrete Dr. Luiz Carlos Diniz Barradas (55) 3422.4179 R. Vasco Alves, 431/402 | CEP 97542-600 | alegrete@cremers.org.br
Bagé Dr. Cesar Alfeu Iamin de Mello (53) 3242.8060 R. General Neto, 161/204 | CEP 96400-380 | cremers-bage@hotmail.com
Bento Gonçalves Dr. José Vitor Zir (54) 3454.5095 R. José Mário Mônaco, 349/701 | CEP 95700-000 | bentogoncalves@cremers.org.br
Cachoeira do Sul Dra. Leisa Maria Behr Gaspary (51) 3723.3233 R. Senador Pinheiro Machado, 1020/104 | CEP 96506-610 | crmcachoeiradosul@yahoo.com.br
Camaquã Dr. Tiago Bonilha de Souza (51) 3671.0751 R. Luiza Maraninche, 1700 | CEP 96180-00 | camaqua@cremers.org.br
Carazinho Dr. Airton Luis Fiebig (54) 3330.1049 Sem Sede - carazinho@cremers.org.br
Caxias do Sul Dr. Luciano Bauer Grohs (54) 3221.4072 R. Bento Gonçalves, 1759/702 | CEP 95020-412 | caxiasdosul@cremers.org.br
Cruz Alta Dr. João Carlos Stona Heberle (55) 3324.2800 R. Venâncio Aires, 614/45 e 46 | CEP 98005-020 | crmcruzalta@terra.com.br
Erechim Dr. Paulo Cesar Rodrigues Martins (54) 3321.0568 Av. 15 de Novembro, 78/305 | CEP 99700-000 | erechim@cremers.org.br
Ijuí Dra. Marilia Raymundo Thome da Cruz (55) 3332.6130 R. Siqueira Couto, 93/406 | CEP 98700-000 | cremersijui@terra.com.br
Lajeado Dr. Fernando Jose Sartori Bertoglio (51) 3714.1148 R. Fialho de Vargas, 323/304 | CEP 95900-000 | cremerslajeado@redeplay.com.br
Novo Hamburgo Dr. Luciano Alberto Strelow (51) 3581.1924 R. Joaquim Pedro Soares, 500/55 e 56 | CEP 93510-320 | cremers.novohamburgo@terra.com.br
Osório Dr. Luis Fernando Ilha de Souza (51) 3601.1277 Av. Jorge Dariva, 1153/45 | CEP 95520-000 | osorio@cremers.org.br
Palmeira das Missões Dr. Joaquim Pozzobon Souza (55) 3742.3969 Sem Sede - missoes@cremers.org.br
Passo Fundo Dr. Henrique Luiz Oliani (54) 3311.8799 R. Teixeira Soares, 885/505 | CEP 99010-010 | passofundo@cremers.org.br
Pelotas Dr. Victor Hugo Pereira Coelho (53) 3227.1363 R. Barão de Santa Tecla, 515/602 | CEP 96010-140 | crmpel.sul@terra.com.br
Rio Grande Dr. Fábio de Aguiar Lopes (53) 3232.9855 R. Zalony, 160/403 | CEP 96200-070 | riogrande@cremers.org.br
Santa Cruz do Sul Dr. Gilberto Neumann Cano (51) 3715.9402 R. Fernando Abott, 270/204 | CEP 96825-150 | santacruz@cremers.org.br
Santa Maria Dr. Floriano Soeiro de Souza Neto (55) 3221.5284 Av. Pres. Vargas, 2135/503 | CEP 97015-513 | santamaria@cremers.org.br
Santa Rosa Dr. Carlos Alberto Benedetti (55) 3512.8297 R. Fernando Ferrari, 281/803 | CEP 98900-000 | santarosa@cremers.org.br
Santana do Livramento Dr. Tiago Silveira de Araujo Lopes (55) 3242.2434 R. 13 de Maio, 410/501 e 502 | CEP 97573-500 | livramento@cremers.org.br
Santo Ângelo Dr. Rafael Rodrigues da Fontoura (55) 3313.4303 R. Três de Outubro, 256/202 | CEP 98801-610 | santoangelo@cremers.org.br
São Borja Dr. Ary Poerscke (55) 3431.5086 R. Riachuelo, 1010/43 | CEP 97670-000 | saoborja@cremers.org.br
São Gabriel Dr. Ricardo Lannes Coirolo (55) 3232.6555 Sem Sede - saogabriel@cremers.org.br
São Jerônimo Dr. Roberto Schuster (51) 3651.1135 Sem Sede - saojeronimo@cremers.org.br
São Leopoldo Dra. Solange Maria Seidl Gomes (51) 3566.2486 R. Primeiro de Março, 113/708 | CEP 93010-210 | saoleopoldo@cremers.org.br
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SETEmBrOamarElO
mês instituído pela Organização mundial da Saúde para promover ações preventivas contra o suicídio
Os dois principais fatores de risco: tentativa prévia de suicídio e doença mental
Maior concentração de casos: jovens de 15 a 29 anos e idosos com mais de 65 anos
Quem pensa em suicídio costuma dar sinais que devem ser considerados por amigos e familiares
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