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ESTADO DO MARANHÃOMINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
8ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA ESPECIALIZADA2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO
CONSUMIDOR ________________________________________________________
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO
DA ___VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO LUÍS
URGENTE
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO
DO MARANHÃO, por sua Representante Legal Promotora de
Justiça, titular da 2ª PROMOTORIA ESPECIALIZADA NA
DEFESA DO CONSUMIDOR DA CAPITAL, com endereço na
Avenida Daniel de La Touche, nº 2.800, Sala 77, Retorno da
Cohama, nesta Capital, no uso de suas atribuições legais e,
com arrimo nos artigos 127 e 129 da Constituição
Federal, 4º e 5º da Lei Federal 7.347, de 24 de junho
de 1.985 , art. 81, par. único, I, II e III do CDC, bem
____________________________________________________________________________Av. Daniel de La Touche, n.º 2800, Sala 77 – Retorno da Cohama, São Luís - MA
CEP 65060-645 Fone: (98) 3219-1921 Fax: (98) 3219-1940 e-mail: litiacavalcanti@yahoo.com.br
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ESTADO DO MARANHÃOMINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
8ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA ESPECIALIZADA2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO
CONSUMIDOR ________________________________________________________
como nos artigos 282 e seguintes do Código de
Processo Civil, ajuizar a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE
TUTELA ANTECIPADA
em face de:
(1)NEGRI PRODUÇÕES ARTÍSTICAS, CNPJ nº
13.473.187/0001-92, com domicílio na Rua Campo Largo nº
145, Vila Bertioga, São Paulo/SP, CEP:03.186-010;
(2) LAPARINA PRODUÇÕES, CNPJ nº 07.120.951/0001-43,
com domicílio na Rua Imperatriz, Quadra-12, nº 31, Planalto
Turu II, nesta cidade, CEP: 65066-510;
(3) FELIPE NEGRI DE MELLO, brasileiro, empresário,
natural de São Paulo/SP, filho de Ivone Negri de Mello,
portador da cédula de identidade nº 34.484.833-4 SSP/SP,
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8ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA ESPECIALIZADA2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO
CONSUMIDOR ________________________________________________________
CPF nº 324.191.108-03, residente na Rua Barretos, nº 325,
Vila Bertioga ou Rua Campo Largo, nº 145, Vila Bertioga,
Mooca (CEP: 03186-010), ambos em São Paulo/SP;
(4) NATANAEL FRANSCISO FERREIRA JÚNIOR,
brasileiro, solteiro, jornalista, natural do Rio de Janeiro, CI nº
035765592008-3, CPF nº 437.420.333-87, residente na Rua
Imperatriz, Quadra-12, nº 31, Planalto Turu II (CEP: 65066-
510) ou Rua H, Quadra 16, nº 21, Parque Atenas (CEP:
65.072-470), ambos nesta cidade,
tendo em vista os fatos e fundamentos jurídicos a seguir
aduzidos:
DOS FATOS
Em dezembro de 2012 foi lançado
oficialmente, através do portal www.metalopenair.com.br, o
festival de rock denominado METAL OPEN AIR. Este festival ____________________________________________________________________________
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consistia na reunião de 47 (quarenta e sete) bandas de rock
nacionais e internacionais, cujos shows seriam realizados nos
dias 20, 21 e 22 de abril de 2012, no Parque Independência,
nesta cidade de São Luis, Maranhão.
Conforme material de divulgação, os
shows estavam programados para ocorrer da seguinte forma:
Sexta-feira, 20 de abril: HEADHUNTER ,
DARK AVENGER, HANGAR, EXCITER, ALMAH, ORPHANED
LAND, SHAMAN, ANVIL, DESTRUCTION, EXODUS, SYMPHONY
X, MEGADEPH, TERRA PRIMA, ÂNSIA DE VÔMITO, DROWNED
e FÚRIAL LOUCA.
Sábado, 21 de abril: OBSKURE, STRESS,
LEGION OF DAMANED, KORZUS, GLENN H, ANDRÉ MATOS,
UDO, GRAVE DIGGER, BLIND GUARDIAN, ANTHRAX, ROCK N
ROLL ALL STARS, EXPOSE YOUR HATE, ÁCIDO e CARRO
BOMBA.
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CONSUMIDOR ________________________________________________________
Domingo, 22 de abril: ATTOMICA, MOTO
ROCKER, MATANZA, OTEP, TOTURE SQUAD, OBTUARY,
RATOS DE PORÃO, DIO DISCIPLES, FEAR FACTORY,
ANNYHILATOR, SAXON, VENOM, MEGAHERTZ, UNEARTLHY,
SEMBLANT e BARANGA.
Além das atrações musicais, o material de
propaganda garantia a presença do ator de fama mundial,
Charles Sheen.
As bandas acima especificadas iriam se
apresentar em três palcos montados no Parque
Independência. Neste local, estava previsto para o
consumidor, estacionamento externo, estacionamento para
campista, camping indoor e outdoor com capacidade para
3.600 ( três mil e seiscentas) pessoas, guarnecidos de
chuveiros, banheiros, lago artificial, mercado artificial,
segurança motorizada e câmeras de monitoramento. Estava
previsto para a praça de alimentação opções de fast food e
rodízio de carnes, com a churrascaria MAD BUTCHER,
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geradores de energia, área de convivência para os artistas,
bilheterias, atividades recreativas, stands de tatuagens, lojas
com produtos oficiais das bandas, clube noturno EL DIABLO e
linhas de ônibus exclusivas.
Os valores eram diferenciados de acordo
com a pretensão do consumidor, que poderia optar entre
passaporte, camarote ou ingresso, os quais variavam entre
R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) e R$ 850,00
( oitocentos e cinquenta reais).
Este evento foi amplamente divulgado
através das mais diversas mídias (outdoor, tv, rádio,sites,
redes sociais etc), atraindo os amantes do rock que viram,
neste festival, uma oportunidade de conhecer seus ídolos.
Atraídos, não somente pelas bandas mas
também pela estrutura confortável ofertada, vários
consumidores de diversos locais do mundo se fizeram
presentes no festival.
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No entanto, qual não foi a decepção do
consumidor ao chegar no local do evento e constatar tamanha
disparidade entre o que foi ofertado nos meios de
comunicações e o que efetivamente consistia o Parque
Independência.
O lago artificial não existia, o camping
indoor estava localizado dentro de um estábulo, onde os
campistas montavam suas barracas em cima da areia que os
cavalos, bois, porcos, cabras eram alojados para serem
expostos na EXPOEMA – Exposição Agropecuária do
Maranhão. Assim, os campistas tinham que dividir seu leito
com os carrapatos e fezes dos mencionados animais.
Os banheiros e chuveiros eram
insuficientes para a quantidade de usuários demandantes.
Não havia monitoramento eletrônico, razão pela qual muitos
turistas tiveram seus documentos e pertences furtados.
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O mercado vinte e quatro horas consistia
em um galpão, sem condições de higiene, cuja variedade de
produtos era menor do que uma quitanda de bairro, assim
como a churrascaria que não saiu do material de divulgação.
A estrutura de alimentação era tão precária que os
participantes ficaram sem água potável para beber.
A boate El Diabo também foi outro serviço
que não saiu dos papéis e sites de publicidade.
No entanto, para os rockeiros, o mais
frustrante foi a desistência de 33 (trinta e três) bandas
previstas para tocar no primeiro e segundo dia e o
cancelamento definitivo do evento no terceiro dia.
No rol das bandas que deixaram de se
apresentar, encontravam-se as headliners, ou seja, as mais
conhecidos no mundo do rock, a exemplo da BLIND
GUARDIAN e ROCK N ROLL ALL STARS.
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Com o cancelamento do festival, os
consumidores de outros estados e países ficaram
desamparados, já que a maioria tivera seus documentos e
dinheiro furtados. Consequentemente, os rockeiros tiveram de
permanecer até a data de seu retorno às suas cidades, em
um local deserto, sem estrutura, sem segurança, sem comida
e sem água. Um absurdo! Para garantir a alimentação dos
turistas, foi necessário a mobilização de alguns empresários
locais que, sensibilizados com a gravíssima condição em que
estavam os consumidores, realizaram doações para suprir
suas necessidades mais básicas.
Deve-se ressaltar que nenhum dos
organizadores do evento comunicaram oficialmente o
cancelamento do festival aos consumidores, deixando que os
mesmos descobrissem por pura dedução, através da
desmontagem dos palcos e retirada dos equipamentos.
Este festival fora promovido NEGRI
PRODUÇÕES ARTÍTICAS E CKONCERTS e LAMPARINA
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PRODUÇÕES, sob a responsabilidade das pessoas físicas
requeridas. De acordo com contrato celebrado entre as
empresas, caberia a NEGRI CONCERTS a supervisão do
festival, fornecendo conhecimentos, experiências especiais,
know-how e outros serviços. A NEGRI CONCERTS detinha o
total acesso às bandas, sendo de sua responsabilidade a
respectiva contratação.
À LAPARINA PRODUÇÕES caberia a
incumbência de realizar o evento nos moldes de sua
divulgação.
A irresponsabilidade dos produtores inicia-
se pela própria concepção do festival, já que no contrato
firmado entre ambos, inexiste especificação de obrigações.
Além disto, através de um simples cálculo matemático, se
pode verificar, sem sombra de dúvidas, a total ausência de
planejamento do evento. Conforme documento de fls.259,
foram vendidos 7.865 (sete mil oitocentos e sessenta e cinco)
ingressos, correspondente à quantia de R$ 1.982.955,00
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( hum milhão novecentos e oitenta e dois mil e novecentos e
cinquenta e cinco reais). Fazendo-se uma média, chega-se ao
quantum de R$ 252,00 (duzentos e cinquenta e dois reais)
por pessoa, o que tornou insuficiente para arcar com os
custos de estrutura, palco, pessoal, bandas etc.
O representante da LAPARINA
PRODUÇÕES alega, em depoimento, que pagara a FELIPE
NEGRI – responsável pela NEGRI CONCERTS, somente para o
agenciamento das bandas, a quantia de U$ 750.000,00
(setecentos e cinquenta mil dólares). Apenas este item já
consumiria quase a totalidade da arrecadação. Ainda de
acordo com o NATANAEL JÚNIOR que ressalte-se, foi o único
da organização do festival a prestar depoimento, o FELIPE
NEGRI passou a lhe extorquir, exigindo, inclusive o lucro do
bar, no valor de R$ 150.000,00 ( cento e cinquenta mil reais)
sob pena de impedir o show da banda MEGADETH.
Consoante declarações anexadas ao
inquérito civil, no dia 21 de abril, data de apresentação da
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banda ANTHRAX, inobstante sua presença nesta cidade, o
FELIPE NEGRI informou a NATANEL JÚNIOR que a banda não
iria tocar. De acordo com o apurado, o FELIPE NEGRI havia
dito aos componentes da banda que o palco não oferecia
segurança. Este fato gerou grande revolta nos fãs, que
vaiaram a banda ANTHRAX, no embarque de retorno, no
aeroporto de São Luis.
Observa-se que FELIPE NEGRI buscava
tumultuar o festival previsto para esta cidade, a fim de
aproveitar a presença das bandas no Brasil para lucrar duas
vezes. Prova deste fato é que fora divulgado pela internet,
que a banda BLIND GUARDIAN, GRAVE DIGGER e SHAMAN
iriam tocar no dia 23 de abril, no CREDCARD HALL, na cidade
de São Paulo. A má-fé de FELIPE NEGRI é tão ostensiva
que o mesmo teve a ousadia de realizar um show, com
as mesmas bandas contratadas para o MOA, em São
Paulo, apenas um dia depois do cancelamento do
festival em São Luis/MA.
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Embora evidenciada a total má-fé da
CONCERTS, este fato não exime a responsabilidade da
LAMPARINA PRODUÇÕES, produtora local do evento.
Observa-se pelos documentos carreados aos autos que este
não tinha condições financeiras, técnicas e estruturais de
realizar um festival desta magnitude, ou seja, o MOA seria o
segundo maior festival de rock do mundo. Pelos simples já se
verifica a impossibilidade da produção arcar com os custos da
estrutura oferecida aos consumidores.
Somados todos estes fatores, o resultado
foi o total desastre do evento, maculando, a um só tempo, a
cidade de São Luis, o estado do Maranhão e o Brasil.
O sonho dos rockeiros se transformou em
um imenso pesadelo, regado a carrapatos, fome, sujeira e
abandono.
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LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
A legitimidade do Ministério Público para
atuar no presente caso exsurge a partir da necessidade de
defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos, conforme previsto no art. 81, par. único,
incisos I, II e III da Lei 8.078/90.
Os consumidores que adquiram ingressos
para o evento intitulado “Metal Open Air” tiveram suas
legítimas expectativas frustradas a partir do cancelamento
dos shows constantes nas diversas mensagens publicitárias.
Com isso, a defesa dos interesses coletivos e individuais
homogêneos dos consumidores expostos às práticas lesivas
efetivadas pelos requeridos é medida que incumbe ao
Ministério Público, conforme previsto no ordenamento jurídico
pátrio.
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O principal objetivo da presente demanda
é buscar a responsabilização dos promotores do evento “Metal
Open Air”, pelos danos causados aos consumidores. Além
disso, objetiva-se com os pedidos antecipatórios assegurar o
resultado prático da obrigação, consistente em garantir o
máximo de bens possíveis existentes no patrimônio das
pessoas físicas e jurídicas requeridas, com vistas a reparação
pelos danos de ordem material e moral sofridos pelos
consumidores a partir do cancelamento do festival de rock.
A Constituição Federal assim dispõe:
Art. 127. O Ministério Público é instituição
permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.
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Art. 129. São funções institucionais do
Ministério Público:
III - promover o inquérito civil e a ação civil
pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos;
A Lei nº 7.347/85 ao disciplinar a tutela
dos interesses difusos e coletivos traz o Ministério Público
como um dos legitimados:
Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação
principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
O Código de Defesa do Consumidor,
por seu turno, ao cuidar da defesa do consumidor em juízo,
estabelece como um dos legitimados, o Ministério Público para
tutela dos direitos difusos, coletivos e individuais
homogêneos. No mesmo diploma legal, está previsto no art.
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90, a regra de aplicação subsidiária do Código de Processo
Civil e da Lei de Ação Civil Pública.
Ao discorrer sobre a matéria Antônio
Herman Benjamin, assim leciona:
Após intensas discussões nos tribunais,
houve ampla aceitação jurisprudencial da
legitimidade do Ministério Público para
ajuizamento de ações coletivas, com
restrições pontuais, entre elas a exigência de
verificação, em concreto, da relevância social
do objeto da ação, quando se tratar de
interesse coletivo ou individual homogêneo,
considerando a destinação constitucional do
órgão: defesa de interesses sociais e
individuais indisponíveis (art. 127 da CF).1
O Superior Tribunal de Justiça, em
diversas ocasiões, tem enfatizado a significativa contribuição
1BENJAMIN, Antônio Herman V. Benjamin; MARQUES, Cláudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p.395
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do Código de Defesa do Consumidor para a tutela coletiva,
em especial a partir da atuação do Ministério Público,
vejamos:
Na sociedade contemporânea,
marcadamente de massa, e sob os influxos
se uma nova atmosfera cultural, o processo
civil, vinculado estritamente aos princípios
constitucionais e dando-lhes efetividade,
encontra no Ministério Público uma
instituição de extraordinário valor na defesa
da cidadania.
(STJ, REsp 105.215, Rel. Min. Sálvio de
Figueiredo Teixeira, Quarta Turma, DJ.
18/08/97)
O Ministério Público está legitimado pelo
Código de Defesa do consumidor para
ajuizar defesa coletiva quando se tratar de
interesses ou direitos individuais
homogêneos.
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(STJ, REsp 308.486, Rel. Min. Carlos Alberto
Menezes Direito, Terceira Turma, DJ.
02/09/02)
Na mesma esteira o Supremo Tribunal
Federal, assim decidiu:
Ministério Público - Legitimidade para propor
ação civil pública quando se trata de direitos
individuais homogêneos em que seus
titulares se encontram na situação ou na
condição de consumidores, ou quando
houver uma relação de consumo. É
indiferente a espécie de contrato firmado,
bastando que seja uma relação de consumo.
Precedentes. (STF, RE 424048 AgR/SC 1ª
Turma, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.
25.10.2005, DJ 25.11.2005)
No caso específico, a relevância social da
demanda pode ser identificada pela amplitude do dano
causado. A desorganização do evento, que culminou com o
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seu cancelamento no último dia repercutiu negativamente não
só para a cidade de São Luís e Estado do Maranhão, mas para
todo Brasil, na medida em vieram para o aludido evento
pessoas de inúmeros países, inclusive da Europa e da América
do Sul.
Atraídos por uma publicidade
extremamente sedutora os consumidores oriundos das
diversas localidades do mundo compareceram ao evento na
expectativa de assistir a bandas consagradas do rock
mundial. No entanto, o que se presenciou foi um evento
desorganizado, sem estrutura, falta de higiene etc.
Por estas razões, a atuação do Parquet se
revela imperiosa, em consonância com a sua missão
institucional conferida pela Constituição Federal, de defesa
dos interesses coletivos dos consumidores.
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DA COMPETÊNCIA
A teor do disposto no art. 93 do Código
de Defesa do Consumidor, ressalvada a competência da
Justiça Federal, é competente para reconhecer e julgar a
causa a Justiça local, no foro onde ocorreu ou deva ocorrer o
dano.
Portanto, a competência para o
processamento e julgamento da causa será uma das Varas
Cíveis da Comarca de São Luís/MA.
DO DIREITO
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A Constituição Federal consagra o
direito ao lazer, como um dos direitos sociais assegurados a
todos os cidadãos, conforme art. 6º, caput, verbis:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.
O texto maior também assegura como
direito fundamental a proteção do cosnumidor, nos termos do
seu art. 5º, XXXII:
Art. 5º (...)
(...)
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
defesa do consumidor;
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Esse preceito representa uma garantia ao
cidadão, a partir do reconhecimento pelo Poder Constituinte
Originário da situação de desequilíbrio existente na relação
jurídica de consumo.
A partir da norma constitucional, o
legislador editou o Código de Proteção e Defesa do
Consumidor, que estabeleceu no art. 4º, I, o princípio da
vulnerabilidade, que segundo Antônio Herman Bejamin […] é
uma situação permanente ou provisória, individual ou
coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos,
desequilibrando a relação de consumo. Vulnerabilidade é uma
característica, um estado do sujeito mais fraco, um sinal de
proteção.2
Outro postulado básico do Código está
consignado no art. 4º, III, que estabelece como princípio da
Política Nacional das Relações de Consumo, a boa-fé objetiva,
que se traduz em comportamentos dos participantes das
2 Id. Ibid. p. 71____________________________________________________________________________
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relações de consumo que traduzam a noção de honestidade,
lealdade, eticidade etc.
Não se pode olvidar também o que
preceitua o art. 6º, IV do CDC, que estabelece como direito
básico do consumidor a proteção contra a publicidade
enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços.
Conforme narrado, os consumidores
foram profundamente enganados pelos requeridos, pois os
serviços previstos para serem oferecidos no “Metal Open Air”,
não foi cumprido em quase sua totalidade.
O sistema de proteção do consumidor
coíbe, veementemente, a oferta e/ou publicidade enganosa,
sendo o princípio da vinculação da oferta um dos
instrumentos de coibição dessa prática, que considera o poder
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extremamente persuasivo das técnicas de marketing. Por
isso, para o disposto no 30 do CDC, vale a regra: “prometeu,
tem que cumprir”.
Com efeito, a responsabilidade civil dos
requeridos é medida que se impõe face aos atos ilícitos
perpetrados na realização do evento em questão.
Sobre o tema o Código Civil, aplicável
também às relações de consumo, a partir do diálogo das
fontes e também pela utilização da analogia prevista no art.
7º do CDC, assim estabelece:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular
de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu
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fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
(...)
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts.
186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Observa-se que, o caso em tela, revela a
típica responsabilidade do fornecedor pelo vício do serviço,
onde a legítima expectativa dos consumidores aderentes dos
consumidores que adquiriram ingressos para o festival restara
frustrada, em razão do total descumprimento da ofertada
realizada. Tal fato, além de atingir o patrimônio das vítimas
do golpe, alcançou indubitavelmente a esfera psíquica de cada
consumidor, o que enseja a efetiva responsabilização pelos
danos morais e materiais experimentados.
Nos termos do art. 20 do CDC, o
fornecedor de serviços responde pelos vícios decorrentes da
disparidade com as indicações constante na oferta ou
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mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir a
restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos (art.20,
II, CDC).
Sobre a responsabilidade civil nas relações
de consumo o art. 6º, VI, do CDC, estabelece ainda, como
direito básico do consumidor a efetiva prevenção e reparação
de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos.
Ressalte-se que a responsabilidade civil,
independerá da análise da culpa, pois vigorá no sistema
protetivo do CDC a responsabilidade objetiva, a teor do
disposto no art. 927, par. único, art. 931 e art. 12 e 14
do CDC.
Esse sistema de responsabilidade é
baseado na teoria do risco da atividade, e consiste na idéia de
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que os lucros da atividade devem responder pelos danos que
eventualmente causarem aos consumidores.
Sobre o tema, Felipe Peixoto Braga
Netto, ensina:
A responsabilidade civil do fornecedor,
portanto, francamente objetiva, está
inspirada na teoria do risco proveito,
devendo, assim, quem aufere os bônus
(lucros) da atividade, responder pelos
ônus (danos) que elas venham causar a
terceiros. Ou, de igual sorte, a teoria do
risco criado, mercê da qual quem cria, por
sua atividade, um risco (insere
medicamentos perigosos no mercado)
deve responder pelos danos que dele
decorram.3
3 BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de direito do consumidor à luz da jurisprudência do STJ. 2ª ed. Salvador: JusPodivm, 2007. p. 95
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Ainda na seara da responsabilidade civil,
cumpre-nos ainda tecer alguns comentários sobre os danos
morais sofridos pelos consumidores no presente caso.
A indenização por danos morais está
prevista na Constituição Federal (art. 5º, V e X), no
Código de Defesa do Consumidor (art. 6, VI e VII),
assim como no Código Civil (art. 186 e 927).
Historicamente no Brasil, houve uma
tendência de inadmissibilidade de reparação pecuniária em
casos de dano moral, caso não houvesse um dano material a
ele atrelado. Em alguns casos simplesmente negavam a
indenização por danos morais.
Contudo, com advento da Constituição de
1988, a jurisprudência evoluiu no sentido de admitir a
indenização por danos morais como forma de compensar o
sofrimento da vítima. Diferente, pois da indenização
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ressarcitória, como é o caso dos danos materiais, onde se
busca retornar ao status quo ante.
É consabido, ademais, que o simples
inadimplemento contratual não gera dano moral. Porém, no
caso vertente, o descumprimento da oferta publicitária,
causou inegável aflição, dor e angústia ao consumidores
lesados.
Sobre o tema o Superior Tribunal de
Justiça tem se posicionado firmemente no sentido de garantir
a tríplice função do dano moral: compensatório, punitiva e
pedagógica.
O valor do dano moral tem sido enfrentado
no STJ com o escopo de atender a sua dupla
função: reparar o dano, buscando minimizar
a dor da vítima, e punir o ofensor para que
não reincida.
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(REsp 550.317, Rel. Min. Eliana Calmon,
Segunda Turma, DJ 13/06/05)
Responsabilidade civil. Dano moral.
Indenização. O dano moral deve ser
indenizado mediante a consideração das
condições pessoais do ofendido e do ofensor,
da intensidade do dolo ou grau de culpa e da
gravidade dos efeitos, a fim de que o
resultado não seja insignificante, a estimular
a prática do ato ilícito, nem o enriquecimento
indevido da vítima.
(REsp 207.926, rel. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, 4ª Turma, DJ 08/03/00)
[…] a reparação deve ter fim também
pedagógico, de modo a desestimular a
prática de outros ilícitos similares, sem que
sirva, entretanto, a condenação de
contributo a enriquecimentos injustificáveis.
(REsp 355.392, Rel. Min. Nancy Adrighi,
Terceira Turma, DJ 17/06/02)
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Conforme exaustivamente explicitado, os
consumidores que participaram do festival “Metal Open Air”
foram desrespeitados, violados e humilhados. Uma verdadeira
afronta a dignidade da pessoa humana.
As condutas dos requeridos foram
altamente lesivas, causando um abalo nas relações de
consumo do Maranhão, gerando um estigma aos fornecedores
deste segmento empresarial, que provavelmente ficará
marcado pelo público do rock como irresponsáveis e
incompetentes.
Por estas razões, revela-se também
imprescindível no presente caso a reparação pelos danos
individuais homogêneos e morais coletivos.
O Superior Tribunal de Justiça afastando
as divergências sobre a questão, em recente julgado, assim
decidiu:
RECURSO ESPECIAL - DANO MORAL COLETIVO - CABIMENTO - ARTIGO 6º,
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INCISO VI, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - REQUISITOS - RAZOÁVEL SIGNIFICÂNCIA E REPULSA SOCIAL - OCORRÊNCIA, NA ESPÉCIE -CONSUMIDORES COM DIFICULDADE DE LOCOMOÇÃO - EXIGÊNCIA DE SUBIR LANCES DE ESCADAS PARA ATENDIMENTO - MEDIDA DESPROPORCIONAL E DESGASTANTE - INDENIZAÇÃO - FIXAÇÃO PROPORCIONAL - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL - AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.I - A dicção do artigo 6º, inciso VI, do Código de Defesa do Consumidor, é clara ao possibilitar o cabimento de indenização por danos morais aos consumidores, tanto de ordem individual quanto coletivamente.II - Todavia, não é qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso. É preciso que o fato transgressor seja de razoável significância e desborde os limites da tolerabilidade. Ele deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade social e alterações relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva Ocorrência, na espécie.(...)VI - Recurso especial improvido.(REsp 1.221.756/RJ, Rel. Min. Massami Uyeda,Terceira Turma, Julgado em 02/02/2012)
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No que se refere aos danos individuais
homogêneos o que se busca é a efetiva reparação dos danos
causados pelos requeridos, que gerou inúmeras pretensões
indenizatórias decorrentes do fato, de origem comum.
É por estas razões que se faz imperiosa a
atuação do Poder Judiciário, no sentido de compelir os réus a
repararem os danos morais e materiais causados, a título
individual e coletivo.
DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
O Código de Defesa do Consumidor,
buscando garantir a efetiva reparação dos consumidores,
consagrou mecanismos mais protetivos em relação ao direito
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comum, como é caso da desconsideração da personalidade
jurídica.
Assim dispõe o art. 28, do Código
Consumerista, in verbis:
Art. 28 - O juiz poderá desconsiderar a
personalidade jurídica da sociedade, quando,
em detrimento do consumidor, houver abuso
do direito, excesso de poder, infração da lei,
fato ou ato ilícito, ou violação dos estatutos
ou contrato social. A desconsideração
também será efetivada quando houver
falência ou estado de insolvência,
encerramento ou inatividade da pessoa
jurídica, provocados por má administração.
A desconsideração tem lugar sempre que
a pessoa jurídica estiver servindo de escudo para o
cometimento de fraudes, abuso de direito ou outros atos
ilícitos.
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Visando coibir essas condutas o CDC
adotou a teoria objetiva da desconsideração, onde a prova da
intenção do agente no mau uso da pessoa jurídica é
dispensada.
Discorrendo sobre a desconsideração da
personalidade jurídica a Ministra Fátima Nancy Andrighi do
Superior Tribunal de Justiça, assim leciona:
A aplicação da teoria da desconsideração,
declara a ineficácia do princípio da limitação
da responsabilidade do sócio ao total do
capital subscrito, com o objetivo de
responsabilizá-lo, com o patrimônio pessoal,
pelos danos provocados a terceiros ou por
fraudar a lei.
(...)
[…] a desconsideração da personalidade
nada mais é do que uma forma especial de
reação do ordenamento jurídico ao mau uso
da pessoa jurídica, que visa coibir a prática
de fraude ou abuso através da personalidade
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jurídica, mas sem anular ou tornar nula a
personificação existente, produzindo,
apenas, a passageira ineficácia desta ficção
legal, para permitir o levantamento do véu
que a encobre: lifting the corporate veil.4
In casu, mostra-se imprescindível a
desconsideração da pessoa jurídica, buscando responsabilizar
as pessoas físicas requeridas, pelos danos causados aos
consumidores por terem se utilizado das suas empresas co-
requeridas, para realização de um festival de rock de enormes
proporções, sem que tivessem capacidade para realização do
evento.
Por todas essa razões, é que se busca
desvelar temporariamente as pessoas jurídicas, ora
requeridas, buscando coibir o mau uso desta, bem como
atingir o patrimônio pessoal dos empresários com o fito de
assegurar a efetiva tutela dos consumidores.
4 ANDRIGHI, Fátima Nancy. Desconsideração da personalidade jurídica no Código de Defesa do Consumidor e no Novo Código Civil. Disponível em: <http://bdjur.stj.gov.br> Acesso em: 12/04/2012.
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DOS PRESSUPOSTOS DA TUTELA ANTECIPADA –
ART. 84 DO CDC C/C ART. 273 DO CPC
A antecipação de tutela representa a
possibilidade do juiz garantir os efeitos práticos da tutela
jurisdicional antes da sentença ou recurso de apelação sem
efeito suspensivo.
O art. 273 do CPC estabelece os
pressupostos para a concessão da tutela antecipada, sendo
eles a prova inequívoca e a verossimilhança da alegação, bem
como o receio de dano irreparável e de difícil reparação.
Em harmonia com o direito básico do
consumidor de facilitação de sua defesa, o Código de Defesa
do Consumidor, por sua vez, consignou no art. 84, § 3º,
critérios menos rígidos para a concessão da liminar em sede
de tutela coletiva, exigindo apenas o relevante fundamento
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da demanda e o receio de ineficácia do provimento final
(fumus boni iuris e periculum in mora), vejamos:
Art. 84. (…)
(...)
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
Ainda nesta sede, o art. 273, §7º do
Código de Processo Civil estabeleceu expressamente o
princípio da fungibilidade entre a tutela antecipada e a tutela
cautelar, assim dispondo:
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
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II- fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.
(...)
§ 7o
Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.
O Superior Tribunal de Justiça já teve a
oportunidade de enfrentar o tema, conforme julgado assim
ementado:
Processo civil. Arresto. Possibilidade de seu
deferimento nos autos de um processo de
conhecimento, sem a propositura de medida
cautelar autônoma. Fundamentos do acórdão
não impugnados. Requisitos para a
concessão da medida. Caução. Dispensa.
(STJ, REsp 709.479/SP, Rel. Min. Nancy
Andrighy, Terceira Turma, DJ 1/12/2006)
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A presente ação objetiva, em sede de
tutela antecipada a interdição das empresas em nome
requeridos, assim como a indisponibilidade dos bens
móveis e imóveis destes, como medidas assecuratórias
que visam a reparação dos danos patrimoniais e extra-
patrimoniais originários da lesão aos direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos experimentados pelos
consumidores do festival de rock “Metal Open Air”.
A conservação do patrimônio dos
requeridos mostra-se imprescindível, na medida em que se
buscará a indenização por danos morais e materiais sofridos
pelos consumidores, ainda mais levando-se em consideração
que tem a empresa NEGRI CONCERTS está situada no Estado
de São Paulo e continua promovendo shows desse segmento
musical.
Cumpre ressaltar que os réus já estão
indiciados no Inquérito Policial nº 014/12 – DECON pela
prática de crimes contra às relações de consumo.
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De tudo o que já foi exposto, ficara
evidenciado de forma cristalina a necessidade de se assegurar
o resultado útil do presente processo através do presente
pleito de tutela antecipada, estando presentes os requisitos
do fumus boni iuris e periculum in mora.
O periculum in mora reside na
necessidade de se garantir a efetiva reparação pelos danos
patrimoniais e morais perpetrados pelos réus, que ludibriaram
os consumidores através da publicidade enganosa e da má
prestação do serviço no festival “Metal Open Air.
Reforça-se a isso, o fato dos requeridos,
principalmente a NEGRI CONCERTS, continuar atuando na
realização de eventos, o que demonstra a real necessidade de
assegurar os bens dos devedores, evitando-se, com isso, a
dilapidação patrimonial, conforme disposto no art. 813, I e
II do CPC.
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O fumus boni iuris, por sua vez, decorre
das práticas infrátivas às normas consumeristas por parte dos
réus, consubstanciadas na violação dos princípios da boa-fé
objetiva, na publicidade enganosa e na má prestação do
serviço, o que gerou prejuízos gravíssimos aos consumidores
do Brasil e de vários outros países.
Ante toda a fundamentação até aqui
expendida, diante da relevância do fundamento da demanda
e considerando os graves prejuízos sofridos pelos
consumidores maranhenses, de ordem patrimonial e moral, e
visando assegurar o resultado útil dos pedidos principais da
presente demanda, requer o Ministério Público, seja
concedida, inaudita altera pars, a antecipação dos
efeitos da tutela, determinando:
a) o arresto de tantos bens quanto
necessários dos réus para garantia da obrigação de pagar
quantia em dinheiro ao Fundo Estadual de Defesa do
Consumidor pelos danos difusos e coletivos;
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b) o arresto de tantos bens dos réus
necessários para garantia da obrigação de pagar quantia em
dinheiro aos consumidores que firmaram contratos com os
réus, pelos prejuízos sofridos de ordem patrimonial e moral;
Para efetivação da ordem judicial acima,
requer-se a notificação dos Cartórios de Registro de
Imóveis onde possam constar bens dos réus.
Além dessa medida, requer-se a
expedição de Ofício ao Banco Central do Brasil, para que
informe em prazo determinado, os valores disponíveis em
contas bancárias e aplicações financeiras em nome dos
requeridos, determinado-se a quebra do sigilo bancário e a
indisponibilidade dos valores encontrados em nome dos
réus pessoas físicas e jurídicas.
Requer-se também a quebra judicial do
sigilo fiscal e a indisponibilidade dos respectivos bens,
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expedindo-se Ofício a Receita Federal do Brasil para que
informe, no prazo determinado por Vossa Excelência, os bens
contantes nas declarações prestadas pelos réus, pessoas
físicas e jurídicas.
c) a desconsideração da
personalidade jurídica dos réus, nos termos do art. 28 do
CDC;
d) a interdição total das empresas rés
registradas na Junta Comercial do Maranhão – JUCEMA e
na Junta Comercial do Estado de São Paulo;
e) a publicação de edital no órgão oficial,
nos termos do art. 94 do CDC, a fim de que os interessados
possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo
de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por
parte dos órgãos de defesa do consumidor.
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DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer o Ministério
Público do Estado do Maranhão:
a) a confirmação da antecipação dos
efeitos da tutela concedida;
b) a condenação dos
requeridos pelos danos morais e materiais causados aos
consumidores, com a conseqüente devolução dos valores
pagos e demais despesas, monetariamente atualizados, a ser
apurada em processo de liquidação conforme art. 97 e
seguintes do CDC;
d) a condenação dos requeridos a título
de indenização por dano moral coletivo no valor de R$
2.000.000,00 (dois milhões de reais), a ser revertido ao
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Fundo Estadual de Proteção e Defesa dos Direitos
Consumidor;
e) seja determinada a citação e
intimação postal da Ré no endereço acima fornecido, a fim
de que, advertida da sujeição aos efeitos da revelia, nos
termos do art. 285 do Código de Processo Civil,
apresente, querendo, resposta aos pedidos ora deduzidos, no
prazo de 15 (quinze) dias;
f) seja determinada, no despacho
saneador, a inversão do ônus da prova em favor dos
consumidores, ora representados, na qualidade de substituto
processual, por este Órgão Ministerial, conforme determina o
inciso VIII do artigo 6º do Código de Defesa do
Consumidor, em razão da verossimilhança das alegações e
da inequívoca hipossuficiência dos consumidores frente ao
caso concreto;
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g) seja determinada a desconsideração
da personalidade jurídica das empresas requeridas, nos
termos do art. 28 do CDC;
h) a publicação de edital no órgão oficial,
nos termos do art. 94 do CDC, a fim de que os interessados
possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo
de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por
parte dos órgãos de defesa do consumidor;
i) a condenação dos requeridos ao
pagamento das custas processuais, monetariamente
atualizada;
j) a dispensa do pagamento de custas,
emolumentos e outros encargos, desde logo, à vista do
disposto no artigo 18 da Lei 7347/85 e no artigo 87 da
Lei 8078/90;
l) sejam as intimações do autor feitas
pessoalmente, mediante a entrega dos autos, com vistas a
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Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, situada na
Av. Daniel de La Touche, nº 2.800, nesta cidade, conforme
art. 236, § 2º, do Código de Processo Civil;
m) a produção de provas documentais,
testemunhais, periciais e pelo depoimento pessoal dos réus e
de seus representantes legais, sob pena de confesso, bem
como por todos os meios de prova admitidos em direito.
Atribui à causa o valor de R$
100.000,00 (cem mil reais), por se tratar de valor
inestimável, que somente será apurado após a sentença
condenatória na fase de liquidação.
São Luís/MA, 12 de abril de 2013.
Lítia Teresa Costa Cavalcanti
Promotora de Justiça
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