estrutura do ato de conhecer
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CAP. 5 – ESTRUTURA DO ATO DE CONHECER
Filosofia 11.º anoAntónio PadrãoESAS | 2013 -
2014
António Padrão | ESAS
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Epistemologia (teoria do conhecimento)
Disciplina filosófica que estuda a natureza, requisitos e limites do conhecimento.
Perguntas centrais da epistemologia: Que tipos de conhecimento há? O que é o conhecimento? Quais são as fontes do conhecimento? Será o conhecimento possível?
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Descrição fenomenológica do conhecimento
Conhecimento: ato pelo qual o sujeito entra em relação com o objeto, verificando-se a apreensão (representação) do objeto por parte do sujeito.
Sujeito: aquele que apreende ou representa o objeto.
Objeto: tudo o que é suscetível de ser apreendido (uma pessoa, uma ideia, um sentimento, uma teoria, um teorema, etc.)
Representação: resultado do ato de conhecer; depois de apreendido, o objeto fica na consciência do sujeito sob a forma de imagem e não sob forma física.
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Tipos de conhecimento
Exemplos:1. O João sabe tocar piano.2. O João sabe andar de bicicleta.3. O João conhece o presidente da
República.4. O João conhece Paris.5. O João sabe que Paris é uma cidade.6. O João sabe que Aristóteles foi um
filósofo.
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Tipos de conhecimento
O que há em comum nos exemplos anteriores? Uma relação entre um sujeito (que conhece), ou
agente cognitivo, e um objeto (o que é conhecido). Em todos os casos, o sujeito do conhecimento é o
João. O objeto varia:
Em 1) e 2) é uma atividade (tocar piano; andar de bicicleta);
Em 3) e 4) é um objeto concreto (presidente da República; Paris);
Em 5) e 6) é uma proposição (Paris é uma cidade; Aristóteles foi um filósofo).
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Tipos de conhecimento
Tipos de conhecimentoConhecimento
práticoou
saber fazer
Conhecimento por contacto
ouconhecimento de
objetos
Conhecimento proposicional
ousaber que
Conhecimento de atividades.Por exemplo:• Saber tocar piano.• Saber andar de
bicicleta.
Conhecimento de pessoas ou locais.Por exemplo:• Conhecer Paris.• Conhecer o
presidente da República.
Conhecimento de proposições.Por exemplo:• Saber que Paris é
uma cidade.• Saber que
Aristóteles foi um filósofo.
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Elementos constitutivos do conhecimento
1) Crença (ou convicção ou opinião) Todo o conhecimento envolve uma crença.
Exemplos… A crença é uma condição necessária
para o conhecimento (sem crença não há conhecimento).
Será a crença uma condição suficiente para o conhecimento? Não, pois podemos acreditar em coisas que não
podemos saber. (Por exemplo, podemos acreditar que existem fadas, mas não podemos saber que existem fadas.)
Saber e acreditar são coisas distintas.
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Elementos constitutivos do conhecimento
2) Verdade Nenhuma crença falsa pode ser
conhecimento. O conhecimento é factivo (não se pode
conhecer falsidades). Dizer que não se pode conhecer falsidades
é diferente de dizer que não se pode saber que algo é falso. Exs: 1) A Mariana sabe que é falso que o céu é
verde. 2) A Mariana sabe que o céu é verde.
A verdade é uma condição necessária para o conhecimento (sem verdade não há conhecimento).
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Elementos constitutivos do conhecimento
O que torna uma crença verdadeira? Será a força da nossa convicção nessa crença?
O que torna uma crença verdadeira é a realidade, não é a força da nossa convicção nessa crença.
Exemplos… Será a crença verdadeira suficiente para o
conhecimento? Exemplo p. 118. Crenças que por acaso se revelam verdadeiras não são
conhecimento. O conhecimento não pode ser obtido ao acaso.
A crença verdadeira não é suficiente para o conhecimento.
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Elementos constitutivos do conhecimento
3) Justificação Para haver conhecimento, não basta
termos uma crença verdadeira; a nossa crença tem de estar justificada.
A justificação é uma condição necessária para o conhecimento.
Quando é que uma crença está justificada? Uma crença está justificada quando há boas
razões a favor da sua verdade. Podemos ter uma crença justificada, mesmo
que não saibamos justificá-la explicitamente.
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Elementos constitutivos do conhecimento
Será que basta que uma crença esteja justificada para que essa crença seja verdadeira? Não. Ter justificação para acreditar em algo não
garante a verdade dessa crença. A crença justificada não é suficiente para o
conhecimento. Mas quando há boas razões a favor da verdade de
uma crença, é racional ter essa crença, mesmo que seja falsa.
Por outro lado, podemos não ter justificação para acreditar em certas verdades.
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Definição tradicional do conhecimento (definição tripartida do conhecimento)
O que é o conhecimento proposicional? Em que condições é que um sujeito, S,
tem conhecimento de uma proposição P? Em que condições é que S sabe que P?
S sabe que P se, e só se,1. S acredita que P;2. P é verdadeira;3. S tem uma justificação para acreditar que P.
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Contraexemplos à definição tradicional do conhecimento
Contraexemplos de Gettier (p. 127) Contraexemplo 1: A arte de pensar (p.
122) Contraexemplo 2: Ovelha (p. 123) Os contraexemplos mostram que é
possível termos uma crença verdadeira e justificada, mas que não é conhecimento por ser acidentalmente verdadeira.
Logo, a crença verdadeira justificada não é suficiente para o conhecimento.
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Onde falha a definição tradicional do conhecimento?
Os contraexemplos mostram que apesar de a crença ser verdadeira e estar justificada, a justificação que o sujeito tem para essa crença não se baseia nos aspetos relevantes da realidade que tornam a sua crença verdadeira (a justificação que o sujeito tem para a sua crença não está ligada ao que a faz ser verdadeira).
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Resposta aos contraexemplos – a teoria causal de Alvin Goldman
Goldman propôs uma quarta condição necessária para o conhecimento (condição causal):
Uma crença verdadeira só é conhecimento se, além de estar justificada, tiver sido adquirida de tal modo que haja uma relação causal entre o sujeito que conhece e os aspetos da realidade que tornam a sua crença verdadeira.
Definição de conhecimento de Goldman: S sabe que P se, e só se,
1. S acredita que P;2. P é verdadeira;3. S tem uma justificação para acreditar que P;4. S está causalmente ligado aos aspetos relevantes da
realidade responsáveis pela verdade de P.
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Críticas à teoria causal
A condição causal de Goldman torna a definição de conhecimento demasiado forte, deixando de fora muitas coisas que são conhecimento.
Por exemplo, exclui a possibilidade do conhecimento matemático (os objetos do conhecimento matemático – números, funções, conjuntos, etc. – são objetos abstratos, pelo que não podem entrar em relações causais).
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Fontes de conhecimento
Conhecimento
A priori
Algo é conhecido a
priori quando é conhecido
independentemente da experiência e através do pensamento
apenas.
A posterioriou empírico
Algo é conhecido a posteriori quando é conhecido através da experiência (sensorial ou introspetiva)
.
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Fontes de conhecimento
Conhecimento a priori – exemplos: 2+2=4 a+b=b+a Os solteiros não são casados. Nenhum objeto totalmente azul é vermelho.
Conhecimento a posteriori – exemplos: A neve é branca. Dói-me a cabeça. Nem todos os cisnes são brancos. Nenhum objeto totalmente azul é frágil.
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Fontes de conhecimento
Argumento a priori: Se, e só se, todas as suas premissas são a priori. Exemplo:
Se um número for divisível por 2, é um número par.1024 é divisível por 2.Logo, 1024 é um número par.
Argumento a posteriori: Se, e só se, pelo menos uma das suas premissas é a
posteriori. Exemplo:
Todos os seres humanos são mortais.Sócrates era um ser humano.Logo, Sócrates era mortal.
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Fontes de conhecimento
Conhecimento
Derivado ou inferencial (Conhecimento resultante de argumentos ou razões)
A prioriEx: p. 131
A posterioriEx: p. 131
Primitivo ou não inferencial(Conhecimento direto – p. ex. através dos sentidos)
A prioriEx: 2+2=4
A posterioriEX: A neve é branca.
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Fontes de conhecimento.
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Bibliografia
Almeida et al. (2008). A arte de pensar – Filosofia 11.º ano. Lisboa: Didáctica Editora.
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