estudo de viabilidade econÔmica de projetos para...
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ESTUDO DE VIABILIDADE
ECONÔMICA DE PROJETOS PARA
DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO
DE CAMPOS PETROLÍFEROS COM
ALTO GRAU DE EXPLOTAÇÃO
ingrid teixeira de souza (UVA )
ingridshorinryu@hotmail.com
Leandro Antonio Silva (FGV )
silva.leandroa@yahoo.com.br
Todo campo de petróleo maduro, após sua vida de pleno
desenvolvimento, atingirá o estágio mínimo de produção, o que o
levará à necessidade de descomissionamento. Deste modo, cabe
realizar análises econômicas que apresentem a relevância de sse
apresentar os impactos financeiros do abandono à companhia. Este
trabalho tratará a sensibilidade do índice de análises do orçamento de
capitais, em finanças, conhecido como, Valor Presente Líquido (VPL)
pelas seguintes variáveis: o preço de venda do barril de petróleo, a
duração do abandono de um poço de petróleo, o período de produção
do poço e os custos operacionais (OPEX), levando em consideração a
decisão de realizar a desmobilização da plataforma no momento da
inversão do fluxo de caixa e realizando a intervenção no futuro.
Palavras-chave: Abandono de Poços, Custos de Abandono, Indústria
do Petróleo
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
Atualmente, o petróleo representa a principal fonte de energia primária consumida no mundo
e movimenta bilhões de dólares diariamente em suas atividades (SANTOS, 2006). A indústria
do petróleo é caracterizada por ser tipicamente de capital intensivo, com altos riscos nas
atividades de exploração, altos investimentos em desenvolvimento da produção, e longos
prazos de maturação do investimento. Segundo Machado (2013), a partir de 2006 o Brasil
alcançou a autossuficiência em petróleo, passando a exportar em 2009, ainda sem se fazer
valer das reservas do pré-sal.
Com o passar dos anos de exploração e produção dos campos petrolíferos, bem como todo o
processo de explotação, tal recurso atinge a sua fase final de produtividade e sua produção
torna-se economicamente inviável. Todavia, independente da economicidade do campo,
conforme cita Prado (2015), há o caso em que o período de concessão para determinada
atividade de exploração se acabe ou há a possibilidade do atingimento do fim da vida útil das
instalações. Tais fatos levam à necessidade de planejamento e de execução do preparo do
campo, remoção da estrutura utilizada, busca por alternativas para reaproveitamento,
reciclagem ou alijamento do material.
Contudo, mesmo sabendo da necessidade da desmobilização do campo desde o projeto inicial
de exploração da área, ao atingir essa etapa, o trabalho requer planejamento e
desenvolvimento de projetos que gerenciem o processo buscando a forma mais eficiente e
com menor impacto econômico. Segundo Xavier (2012), o alcance da excelência em
gerenciamento de projetos não é possível sem um processo repetitivo que possa ser utilizado
em cada projeto.
Todavia, ocorre que na indústria petrolífera brasileira, o descomissionamento é algo
extremamente novo. Um exemplo é a Bacia de Campos que, assim como foi pioneira na
extração de petróleo, também está sendo pioneira no descomissionamento de plataformas. Tal
termo, embora amplamente utilizado na indústria, não é encontrado em nenhum dos principais
documentos internacionais sobre desmobilização de sistemas offshore.
Além do mais, um grande problema destaca-se quando em relação aos custos de abandono
sendo difícil estimar, adequadamente, os gastos com o desmantelamento, remoção e
restauração da estrutura utilizada. Santos (2006), explica que os custos do abandono offshore
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são extremamente elevados e em alguns casos excedem aos gastos para construir e preparar as
instalações, além de incorrerem por vários períodos futuros.
2. Indústria do petróleo
A indústria do petróleo inclui os processos globais de exploração, extração, refino, transporte
e comercialização de produtos derivados do petróleo. Os produtos de maior volume desta
indústria são o óleo combustível e a gasolina. O petróleo é também a matéria prima para
muitos produtos químicos, incluindo fármacos, solventes, fertilizantes, pesticidas e plásticos.
A indústria é dividida nos três grandes segmentos a seguir:
Upstream: caracteriza-se pelas atividades de prospecção (exploration), identificação,
localização e delimitação dos reservatórios de óleo, perfuração (drilling) de poços,
coleta da produção para as plataformas (production) e processamento primário do
petróleo. A etapa upstream é conhecida na indústria como E&P – Exploração e
Produção, e envolve uma extensa cadeia mundial de fornecedores de serviços (oilfield
services industry).
Midstream: caracteriza-se como a fase onde o gás produzido é processado nos
terminais de forma a separar suas frações de etano (GNV, gás encanado para
residências), propano, butano (GLP), para diferentes aplicações e de frações mais
pesadas de hidrocarboneto que, por já se apresentarem na forma líquida, seguem para
as refinarias associados ao óleo.
Downstream: caracteriza-se como a fase de refino (refining), petroquímica,
distribuição logística, comercialização (marketing) e gestão de riscos do mercado
(trading e risk management).
Figura 1 – Indústrias upstream, midstream e downstream
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Fonte: Croft Systems (2014)
3. Gerenciamento de projetos - ciclo de vida de um projeto
Segundo Alves (2015), entender o processo de gerenciamento de projetos tem se tornado vital
para organizações à medida que novos negócios vão se revestindo da aura de projeto e passam
a exigir um cabedal de técnicas gerenciais que nem sempre está disponível nas empresas.
Segundo o Project Management Institute (PMI), o gerenciamento de projetos, é a aplicação de
conhecimentos, habilidades e técnicas para a execução de projetos de forma efetiva e eficaz.
Trata-se de uma competência estratégica para organizações, permitindo que elas unam os
resultados dos projetos com os objetivos do negócio e, assim, melhor competir em seus
mercados.
Todo projeto pode ser subdividido em determinadas fases de desenvolvimento. O
entendimento destas fases permite à equipe de projetos um melhor controle do total de
recursos gastos para atingir as metas estabelecidas. A figura abaixo ilustra um exemplo de
ciclo de vida de um projeto:
Figura 2 – Interações entre os grupos de processos ao decorrer do ciclo de vida de um projeto
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Fonte: Alves (2015)
Na vida útil de um campo de petróleo, por exemplo, não é diferente. Os poços têm seu início
de ciclo de vida/projeto na fase de exploração, passando pela avaliação, desenvolvimento,
manutenção e por fim, o descomissionamento.
Conforme demonstrado pela figura 3, o projeto de um poço de petróleo está relacionado pela
vazão dele e pelo tempo de produção do mesmo, tanto a vazão quanto o tempo de ganho de
óleo variam com o passar do tempo da produção. Obviamente que, quanto maior o tempo de
vida de um poço, maior o declínio da curva de óleo, e assim encaminha-se para o fim do
projeto, no caso, para a desmobilização do poço.
Figura 3 – Fases da vida de um campo de petróleo
Fonte: Docslide (2010)
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Conforme Santos (2006) explica, quando o projeto, no caso como exemplo de discussão deste
trabalho, o poço de petróleo, alcança o seu limite econômico, que é a caracterização do fim
deste projeto, o mesmo deve ser retirado de operação e tamponado, de modo a isolar os
fluidos das formações entre si e da superfície, visando minimizar os riscos de acidentes e
danos ao meio ambiente. Assim encerra-se o projeto de um poço petrolífero.
Tratam-se, portanto, de custos inevitáveis que, no caso da indústria petrolífera, incluem o
desmantelamento, demolição ou desmontagem e a remoção de instalações e equipamentos
utilizados na produção e, ainda, a restauração e recuperação da área para as condições
ecologicamente similares às existentes antes do início da extração de petróleo e gás natural.
4. Abandono de poços
O descomissionamento é o processo que ocorre no final da vida útil das instalações de
exploração e produção de petróleo e gás. Pode ser descrito como a melhor maneira de
encerrar a operação de produção no final da vida produtiva de um campo petrolífero (RUIVO,
2001). É essencialmente multidisciplinar, pois, requer um método detalhado e ponderado com
diversas áreas da engenharia (ambiental, financeira e segurança do trabalho), política e bem-
estar social. Antigamente, o termo utilizado para denominar esse procedimento era abandono.
Contudo, após vários congressos e debates internacionais sobre o tema, concluiu-se que seria
melhor a atualização do termo “descomissionamento”, uma vez que, para alguns, o termo
abandono sugere o descarte irresponsável de materiais. Segundo Silva (2008), o interesse nas
operações de descomissionamento decorre, pelo menos, de três motivações principais:
a) Amadurecimento dos campos produtores: este fato trouxe à cena os custos de remoção
e disposição das várias estruturas necessárias ao desenvolvimento comercial de um
campo, isto é, o que fazer com as instalações após terem sido removidas;
b) Importância do fator ambiental: reside no fato do descomissionamento dos campos
offshore coincidirem com a crescente importância que a preocupação com os impactos
ambientais vem tendo sobre as transações comerciais internacionais;
c) Montante dos custos totais: o montante dos custos totais envolvidos no processo de
descomissionamento de 6.500 plataformas de exploração offshore até o ano de 2025,
seria de, aproximadamente, 40 bilhões de dólares.
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Silva (2008), ainda explica que é difícil fazer uma previsão de quanto tempo uma plataforma
offshore pode ser utilizada, pois, a vida útil está mais ligada ao período em que o projeto se
mantém economicamente viável do que à fadiga do material ou prazos estipulados em
projeções, a partir de um dado momento, custará mais produzir petróleo do que mantê-lo na
jazida, isso indica o limite economicamente viável da produção.
4.1. Custos de abandono
Assaf Neto (2014), conceitua que a aceitação de projetos de investimento, mesmo após uma
avaliação econômica de seus valores esperados, não indica necessariamente sua manutenção
por toda a vida estimada. Alterações conjunturais e de mercado, ou mesmo algumas
determinadas pela própria empresa, podem modificar o comportamento dos fluxos de caixa e,
consequentemente, as decisões tomadas no passado.
Nessas condições, uma das opções que a empresa possui é a de abandonar o projeto, sempre
que não se encontrem justificativas econômicas para sua continuidade. Uma regra geral que
orienta as decisões de abandono de uma alternativa de investimento, segundo Assaf Neto
(2014), deve ocorrer quando:
o valor apurado no abandono exceder o valor presente dos futuros fluxos
remanescentes de caixa;
cálculos econômicos indicarem que é melhor abandonar o projeto na situação em que
se encontra do que mantê-lo por mais tempo, postergando a decisão para o futuro. Ou
seja, o valor de abandono é menor agora que no futuro.
O custo de abandono consiste, basicamente, no valor total possível de ser apurado no
mercado pela venda dos vários ativos que ficaram disponíveis diante da desistência de se
continuar com o projeto de investimento. A estimativa do valor de abandono deve ser feita,
também, na suposição dos ativos não serem alienados no mercado, mas direcionados a outros
setores da empresa.
5. Análise econômica de projetos
Pode-se afirmar, genericamente, que qualquer atividade econômica se caracteriza por buscar
eficiência nas relações dos homens com a natureza, visando reduzir a quantidade de trabalho
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e, ao mesmo tempo, otimizar a produção de bens e serviços (CASTRO, 1973). Nessa linha de
pensamento, tanto a agricultura primitiva, destinada unicamente à subsistência dos nossos
ancestrais, quanto uma indústria petrolífera com tecnologia para perfuração de poços a 2000m
de profundidade, representam uma atividade econômica. As diferenças entre os diversos
sistemas econômicos se encontram na forma como os recursos se combinam e como os
produtos são distribuídos.
6. Análise de investimentos
Segundo Souza (2015), investimento é toda aplicação de recursos que permanecem
imobilizados por um período relativamente longo, com o objetivo de gerar benefícios durante
um determinado período de atividades de uma empresa. A partir das estimativas dos
investimentos necessários à realização de um projeto é possível definir as formas de
financiamento e avaliar os resultados esperados.
O analista econômico deve atuar com cautela e determinação na coleta de informações
relativas aos investimentos, uma vez que os dados informados pelos executivos podem estar
superestimados ou subestimados, dependendo dos interesses políticos. A determinação dos
investimentos necessários à viabilização do projeto é uma das tarefas mais importantes, uma
vez que o investimento é determinante do resultado da análise e, por consequência, da decisão
de realizar ou não o projeto.
Tabela 1 – Principais fontes de informação sobre investimentos
Experiência anterior A empresa se baseia em seu desempenho anterior,
utilizando para tal dados históricos e contábeis.
Informações de
fornecedores
Esta é a forma mais prática de obter preços de mercado
atualizados para avaliar os ativos necessários ao projeto.
Uso de consultorias É uma opção útil para fazer uma auditagem dos estudos
realizados pela empresa. Dependendo das fontes que irão
financiar o projeto, a realização do projeto por uma firma
especializada pode ser uma exigência para aprovação do
financiamento.
Fonte: Souza (2015)
7. Análise de sensibilidade
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A análise de sensibilidade é um método de decisão assente num estudo técnico de carácter
financeiro com o objetivo de determinar qual a viabilidade ou sucesso de um determinado
projeto, quer ele seja de investimento, de reorganização empresarial, os aspectos relacionados
com o lançamento de um novo produto ou mesmo a antevisão do eventual sucesso num novo
mercado. Esta análise e, consequentemente, a sua conclusão, é fundamental para a tomada de
decisão de um gestor ou investidor a realizar ou não determinado investimento.
A avaliação da sensibilidade faz-se através de simulações possíveis para diferentes variáveis
do projeto que constituem maior incerteza no futuro, em regra, varia-se o preço e volume das
vendas, alguns custos, taxas de câmbio e as condições de financiamento do projeto, tais como
taxas de juro e prazos, determinando-se o impacto de tais alterações na rentabilidade do
projeto. As variáveis são consideradas isoladamente, quando alteradas, implicam
consequentemente a variação do VPL e TIR do projeto, sendo possível medir a sensibilidade
do VPL e da TIR relativamente às variações. No caso do presente estudo, serão realizadas
análises de sensibilidade apenas em relação ao VPL com intuito de identificar as variáveis que
mais influenciam o VPL.
“A Análise de Sensibilidade é a ferramenta com a qual se calcula a variação do Valor
Presente Líquido (VPL) ou da Taxa Interna de Retorno (TIR) a partir de mudanças isoladas
em uma variável – chamada de variável-chave, em uma análise de ceteris paribus, ou seja,
sem que se altere nenhuma outra variável – ou em mudanças realizadas em mais de uma
variável ao mesmo tempo – mais próximo de uma situação real, portanto”. (PORTAL
EDUCAÇÃO, 2015)
a) Vantagem da Análise de Sensibilidade: A principal vantagem no uso da Análise de
Sensibilidade é permitir que o gestor monte cenários a fim de ajustar o orçamento
disponível do projeto às eventualidades e intercorrências futuras. Alterando variáveis é
possível identificar as potencialidades e as oportunidades de melhoria dentro de um
planejamento de atividades do projeto. Tal ferramenta auxilia o gestor financeiro do
projeto a responder importantes questões tais como “quão confiáveis são os resultados
de uma projeção de custos?”, “qual será a variação de resultados se determinado fator
for alterado?”.
b) Desvantagem da Análise de Sensibilidade: Precisão dos dados: a literatura alerta que os
problemas que realmente dificultarão na prática são, normalmente, associados aos
dados, pois, encontrá-los todos e encontrá-los precisos é um desafio ao analista. De
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fato, dentre todos os indicadores, talvez a análise de sensibilidade seja o mais
dependente de dados precisos e adequados, já que seu método de cálculo depende de
um número maior de variáveis.
8. Análise de viabilidade econômica - detalhamento e planilha de análise econômica -
fluxo de caixa descontado
Para a análise econômica, intuito fim deste trabalho, foi elaborado um Fluxo de Caixa
Descontado hipotético onde nele é simulado um campo de petróleo com determinada
produção, projetada para que apresentasse queda/prejuízo no ano seguinte ao inicial do FCD.
Para realizar as demonstrações através de simulações para o abandono dos poços, foi
estipulado para o cenário, um campo petrolífero de produção inicial 15.000 barris por dia -
bpd -, com um declínio anual de 10%.
O Brent - preço de venda mundial do barril de petróleo - escolhido para a simulação é algo
próximo à realidade atual do mercado. Para o cenário, foi atribuído o valor de US$/bbl 50,0.
O custo diário atribuído ao contrato da sonda foi US$ MM 0,5 e para os barcos de lançamento
de linhas - PLSV -, o valor de US$ MM 0,2, ambos os mais próximos possíveis da realidade
atual de mercado.
O período de produção do campo hipotético é de quinze anos, com a simulação tendo início
em 2015 e término em 2030.
A Receita Bruta foi calculada da seguinte forma:
Para obter a Receita Líquida, foi atribuída uma taxa de desconto de royalties de 10%,
observando que foi desconsiderado qualquer valor de taxa de retenção de área, pois são dados
que variam de campo para campo e não divulgados ao público. Logo, a Receita Líquida foi
calculada da seguinte forma:
RB = Preço de Venda x Dias do Ano x Produção Anual
------------------------------------------------------------------------
1.000.000
RL = Receita Bruta - Royalties
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O Custo Variável atribuído foi calculado considerando o gasto anual com produtos químicos
que a produção de uma plataforma, semelhante a do estudo, necessita para sua manutenção,
logo, considerando hipoteticamente que uma plataforma com produção de 15.000 bpd gasta
US$ 2,375/litro de produto químico consumindo em média 0,2 litros/bbl, o cálculo do custo
variável foi realizado da seguinte forma:
O Custo Fixo foi calculado considerando hipoteticamente a operação de uma plataforma de
produção que possui seus gastos anuais com pessoal, manutenção, atendimento
legal/regulatório e intervenção em poços e foi calculado da seguinte forma:
O Custo Operacional da simulação é calculado convencionalmente:
E a despesa atribuída foi aleatória, apenas hipotética e com valor de interesse para os números
da análise.
O Lucro/Prejuízo, calculado com base em todos os dados descritos acima, foi projetado para
que tratasse o abandono de poços de forma imediata na simulação.
E como determina a legislação, ao fim do abandono e isolamento do poço, os dutos (linhas)
submarinos têm que ser recolhidos e a área recuperada de modo semelhante ao que era antes
da intervenção inicial de exploração da área. Como tal atividade obviamente gera gastos, estes
foram calculados e também acrescentados ao FCD como último gasto lançado para a
atividade de descomissionamento. A atividade de recolhimento das linhas é realizada com
PLSV - barco de recolhimento de linhas – e possui determinado tempo para a conclusão além
CV = Custo do Produto x Consumo x Dias do Ano x Produção Anual
------------------------------------------------------------------------------------------
1.000.000
CF = Variável de Gasto Atribuída x Meses de Consumo
OPEX = Custo Fixo + Custo Variável
LUCRO = Receita Líquida - OPEX - Despesa
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do custo da taxa diária pela utilização do serviço. A atividade foi calculada com base no preço
de mercado atual de contratação de um PLSV, US$ MM 0,2.
A seguir as tabelas da ferramenta desenvolvida para simulação com o FCD hipotético e as
simulações de VPL nos cenários de 30, 60, 90 e 120 dias com simulações para o abandono
dos poços assim que ocorre inversão do fluxo de caixa e a simulação do VPL deixando para
realizar o abandono somente no final, ou seja, com a máxima postergação para realizar as
atividades de descomissionamento, que mesmo com resultados piores que os dos primeiros, é
uma opção, dependendo apenas do posicionamento estratégico ou financeiro da companhia.
Tabela 2 – Fluxo de caixa descontado hipotético
Custo de Recolhimento dos Dutos = Dias de Intervenção x Nº poços x Diária do PLSV
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Tabela 3 – Simulação dos VPLs com cenários 30, 60, 90 e 120 dias para o abandono de poços
Como se observou na demonstração do FCD, o VPL para o abandono de poços torna-se mais
crítico com o passar do tempo, ou seja, quanto mais tempo a desmobilização for postergada
ou mais tempo levar a duração da atividade, mais prejuízo a companhia terá, logo, o ideal, é
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realizar o descomissionamento assim que ocorre a inversão do fluxo de caixa no mais curto
espaço de tempo possível, de modo a evitar prejuízos maiores e duradouros.
Obviamente que a decisão cabe à companhia como estratégia, pois se tratando de indústria
petrolífera tudo depende do mercado e como a empresa está posicionada em relação a ele,
como por exemplo, o cenário de Brent alto ou baixo, do dólar alto ou baixo e como tais
fatores influenciam no caixa da companhia, e ainda é preciso considerar as obrigações com a
agência reguladora.
Como simulado e apresentado nas tabelas acima, o VPL das intervenções de abandono tende a
apresentar mais prejuízo com as postergações da atividade. Logo, tendo observado isto, cabe
ao cenário uma análise de sensibilidade em cima do VPL de modo a aprofundar a
compreensão do impacto de determinados parâmetros ao índice e a partir de então obter
melhor clareza do cenário a partir dessas variáveis.
Para tornar a Análise possível, foi escolhido um cenário aleatório de dias de abandono, no
caso, 60 dias, e em cima desse cenário foi calculado o VPL da intervenção com variações de
+10% até atingir +80% e variações de -10% até atingir -80% com o propósito de conseguir
assim observar as diversas variações do VPL e suas tendências à Sensibilidade.
As variáveis utilizadas na Análise de Sensibilidade são as seguintes: o período de produção, o
Brent, o tempo de duração do abandono dentro do escopo de 60 dias variando de 10% em
10% para cima e para baixo e o custo operacional.
8.1. Análise da sensibilidade do VPL - premissa de descomissionamento no ano da
inversão do fluxo de caixa
Na premissa de realizar a intervenção assim que ocorre inversão do fluxo de caixa observa-se
que a sensibilidade do Brent em relação ao VPL é claramente ascendente por ser preço de
venda e a sensibilidade da Produção está diretamente proporcional ao Brent, o que é
matematicamente óbvio, já que a produção depende do preço de venda do barril, logo, quanto
maior for o preço de venda - Brent -, maior será a produção e consequentemente o VPL tende
a ser menos pior, no caso, com um valor negativo menor.
Já o OPEX por ser custo, tem sua inclinação descendente e demonstra que quanto maior o
custo operacional, menor será VPL e vice versa, quanto menor for o gasto com o custo
operacional, menos pior será o VPL, ou seja, com um valor negativo menor.
E por fim, o mais sensível, logo, mais impactante é o período de abandono do poço, ou seja,
quanto mais tempo durar o descomissionamento, menor será o VPL.
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Tabela 4 – Análise do VPL de 60 dias de intervenção em relação ao brent, duração do
abandono, produção do campo e OPEX na premissa de abandono no ano da inversão do fluxo
de caixa
Brent Duração Produção OPEX
-80% -1136,56 -168,90 -1130,33 52,38079
-70% -1070,18 -223,47 -1064,72 -29,8491
-60% -1003,79 -278,04 -999,115 -112,079
-50% -937,399 -332,61 -933,506 -194,309
-40% -871,011 -387,18 -867,896 -276,539
-30% -804,623 -441,75 -802,287 -358,769
-20% -738,235 -496,32 -736,677 -440,999
-10% -671,847 -550,89 -671,068 -523,229
0% -605,46 -605,46 -605,46 -605,46
10% -539,07 -651,68 -539,849 -687,688
20% -472,68 -697,91 -474,24 -769,918
30% -406,29 -744,14 -408,63 -852,148
40% -339,91 -790,36 -343,021 -934,378
50% -273,52 -836,59 -277,411 -1016,61
60% -207,13 -882,81 -211,802 -1098,84
70% -140,74 -929,04 -146,192 -1181,07
80% -74,35 -975,27 -80,5825 -1263,3
Figura 4 – Análise de sensibilidade do VPL – premissa de descomissionamento no ano da
inversão do fluxo de caixa
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8.2. Análise da sensibilidade do VPL - premissa de descomissionamento com intervenção
postergada
No cenário de intervenção postergada observa-se que a sensibilidade do Brent e da Produção
em relação ao VPL são também ascendentes pelos mesmos motivos explicados anteriormente,
a produção depende do preço de venda do barril, logo, quanto maior for o preço de venda -
Brent -, maior será a produção e consequentemente o VPL tende a ser menos pior, no caso,
com um valor negativo menor, porém, neste cenário, o impacto no VPL é muito maior.
O custo operacional mantém sua inclinação descendente demonstrando que quanto maior o
custo operacional, menor o será VPL e vice versa, porém, neste cenário, o impacto no VPL é
também muito maior.
E como ponto chave, o também mais sensível e mais impactante é o período de abandono do
poço, ou seja, quanto mais tempo durar o descomissionamento, menor será o VPL e ainda
menor neste cenário de abandono no futuro.
Tabela 5 – Análise do VPL de 60 dias de intervenção em relação ao brent, duração do
abandono, produção do campo e OPEX no cenário de intervenção postergada
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Brent Duração Produção OPEX
-80% -1765,89 -781,76 -1756,16 470,8734
-70% -1662,13 -800,72 -1653,61 295,043
-60% -1558,36 -817,06 -1551,06 119,2126
-50% -1454,6 -833,41 -1448,51 -56,6177
-40% -1350,83 -857,54 -1345,96 -232,448
-30% -1247,07 -873,88 -1243,41 -408,278
-20% -1143,3 -890,23 -1140,87 -584,109
-10% -1039,53 -906,57 -1038,32 -759,939
0% -935,77 -935,77 -935,77 -935,77
10% -832,00 -950,08 -833,221 -1111,6
20% -728,24 -970,66 -730,673 -1287,43
30% -624,47 -991,25 -628,125 -1463,26
40% -520,71 -1012,81 -525,577 -1639,09
50% -416,94 -1035,05 -423,028 -1814,92
60% -313,18 -1057,28 -320,48 -1990,75
70% -209,41 -1079,51 -217,932 -2166,58
80% -105,65 -1098,52 -115,384 -2342,41
Figura 4 – Análise de sensibilidade do VPL – premissa com o último ano possível para o
descomissionamento
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
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