excelentÍssimo senhor doutor juiz de … · 3.1 quesitos e respostas ... fase preliminar da...
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Guilherme Luis Gutjahr CORECON-PR 8.260
Thyago Américo Schio CORECON-PR 7.880
(41) 4101-2329
Recuperações Judiciais e Falências; Prestações de contas; Revisões de
contratos; Operações financeiras, de crédito e bancárias; fusões e aquisições; avaliações de empresas e bens móveis e
imóveis; liquidações em geral; entre outros.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA
COMARCA DE PÉROLA – PARANÁ
PROCESSO Nº: 0001257-72.2016.8.16.0133.
AUTOR: OPP INDÚSTRIA TEXTIL LTDA.
GUILHERME LUIS GUTJAHR, economista legalmente habilitado a realizar
perícias e pareceres de natureza econômico-financeira, conforme registro de nº 8.260
do Conselho Regional de Economia – 6ª região/PR, bem como
THYAGO AMÉRICO SCHIO, economista legalmente habilitado a realizar
perícias e pareceres de natureza econômico-financeira, conforme registro de nº 7.880
do Conselho Regional de Economia – 6ª região/PR.
Honrosamente nomeados para o encargo nos autos do processo em epígrafe,
observados os termos do artigo 14 da Lei 1.411 de 13 de agosto de 1951,
regulamentado pelo Decreto nº 31.794 de 17 de novembro de 1952 e Resoluções do
Conselho Federal de Economia, vem, mui respeitosamente, APRESENTAR O LAUDO
PERICIAL REALIZADO E REQUERER O QUE SEGUE:
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
Guilherme Luis Gutjahr CORECON-PR 8.260
Thyago Américo Schio CORECON-PR 7.880
(41) 4101-2329
Recuperações Judiciais e Falências; Prestações de contas; Revisões de
contratos; Operações financeiras, de crédito e bancárias; fusões e aquisições; avaliações de empresas e bens móveis e
imóveis; liquidações em geral; entre outros.
1) Expedição de Alvará para o levantamento dos honorários periciais
depositados em conta judicial.
Desde já, colocamo-nos a disposição para prestar os esclarecimentos que
Vossa Excelência entender necessários. Agradecemos novamente a confiança
depositada em nosso trabalho.
Nestes termos,
Pedem deferimento.
Pérola - PR, datado eletronicamente.
GUILHERME LUIS GUTJAHR CORECON-PR nº 8.260
THYAGO AMÉRICO SCHIO CORECON-PR nº 7.880
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
SUMÁRIO DO LAUDO PERICIAL
1. OBJETIVOS ............................................................................................................. 5
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................................................... 5
3. ESCLARECIMENTOS AO JUÍZO ............................................................................. 7
3.1 QUESITOS E RESPOSTAS ............................................................................ 7
3.1.1 Se estão “em termos” os documentos .......................................................... 7
3.1.2 Sobre a presença de elementos mínimos relacionados à viabilidade econômica ........................................................................................................... 18
3.1.2.1 Se a empresa se encontra em atividade .................................................. 19
3.1.2.2 Capacidade do fluxo de caixa projetado frente as despesas ................... 21
3.1.3 Informações pertinentes para a fase postulatória da recuperação judicial ................................................................................................................. 24
4. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 33
5. ANEXO 01 – Fotos da visita (arquivo externo)..................................................... 34
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 35
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
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1. OBJETIVOS
Conforme elucidado por Vossa Excelência, para uma decisão criteriosa acerca
do preenchimento do disposto nos artigos 51 e 52 Lei 11.101/2005, determinou-se a
realização de prova pericial preliminar para certificar se estão “em termos” a
documentação apresentada, o que inclui a forma/adequação de escrituração, balanços
e demais registros contábeis (nas palavras do art. 52); sobre a presença de elementos
mínimos relacionados à viabilidade econômica, isto é: (i) se a empresa se encontra em
atividade; (ii) capacidade do fluxo de caixa projetado frente as despesas,
principalmente as de natureza corrente; e ainda outros aspectos pertinentes para a
fase preliminar da recuperação judicial.
Dito isto, conclui-se que o objetivo deste trabalho pericial é subsidiar o Juízo
com informações precisas, técnicas e detalhadas acerca do cumprimento dos arts. 51 e
52 da Lei supracitada, além de auxiliar o Juízo com informações acerca da viabilidade
da recuperação Judicial, aqui entendida como capacidade da empresa superar a crise
em que se encontra, de forma a preservar e maximizar sua função social como
entidade geradora de bens, recursos, empregos e tributos.
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Trata-se de pedido de Recuperação Judicial formulado por OPP INDÚSTRIA
TEXTIL LTDA. Conforme se extrai do processo, a instalação da perícia foi determinada
por Vossa Excelência no movimento 34.1, no qual os direcionamentos do Juízo
também foram apresentados.
Iniciado o trabalho pericial na data de 22 de setembro de 2016, o trabalho
pericial foi realizado dentro do prazo determinado por Vossa Excelência (15 dias) e
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
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com a necessidade de diligências, as quais foram satisfatórias, uma vez que todas as
informações solicitadas sobre a Requerente foram fornecidas.
Ademais, o objeto de análise da perícia consiste nos demonstrativos contábeis
juntados ao Processo referentes aos períodos de 2013 a 2016, nos documentos
depositados em cartório e naqueles diretamente diligenciados com a Requerente, bem
como na inspeção da operação da empresa, realizada mediante visita “In loco” à sede
administrativa e unidades produtivas.
Realizou-se a visita na sede da empresa em 29 de setembro de 2016, no
período vespertino. Houve acompanhamento pelo Sr. Ricardo de Oliveira Souza
(administrador da empresa), o qual contribuiu satisfatoriamente com a realização do
trabalho pericial (maior detalhamento na sequência do laudo).
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
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3. ESCLARECIMENTOS AO JUÍZO
Vossa Excelência apresentou os esclarecimentos/quesitos do Juízo no
movimento 34.1. Estes passam a ser respondidos nos itens abaixo, na mesma
ordem em que foram apresentados.
3.1 QUESITOS E RESPOSTAS
3.1.1 Se estão “em termos” os documentos
Passa-se a responder aos pontos expostos no item “a” dos quesitos
apresentados por Vossa Excelência, quais são:
a) Nas palavras do art. 52: se estão “em termos” a documentação
apresentada, o que inclui a forma/adequação de escrituração, balanços e
demais registros contábeis;
Após análise da densa documentação apresentada, constata-se que
estão em termos os documentos, como será detalhado adiante. A tabela a
seguir resume os resultados encontrados:
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
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REQUISITO PREENCHIDO?
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das
razões da crise econômico-financeira;
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e
as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita
observância da legislação societária aplicável
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de
fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a
classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime
dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada
transação pendente;
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções,
salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente
mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento;
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato
constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos
administradores do devedor;
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais
aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de
investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições
financeiras;
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou
sede do devedor e naquelas onde possui filial;
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este
figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos
respectivos valores demandados.
RESUMO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES DOS REQUISITOS DO ART. 51 E 52 DA LRF
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
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De acordo com o art. 52 da Lei 11.101 de 2005, tem-se:
“Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o
juiz deferirá o processamento da recuperação judicial...”
Por sua vez, o art. 51 elenca uma série de documentos que devem instruir a
petição inicial. Abaixo, é apresentado o artigo na íntegra, sendo tecidos comentários
acerca da documentação apresentada.
“Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e
das razões da crise econômico-financeira;
Tal exposição foi apresentada na inicial (mov. 1.1) e, após determinações
do Juízo, aprofundou-se nas análises das razões da crise no mov. 28.1.
A Requerente alega que as principais causas que a levaram ao
desequilíbrio econômico e financeiro foram a queda acentuada das vendas, a
manutenção de custos e despesas fixas, a elevada despesa financeira e a queda
dos índices de liquidez.
Para justificar a queda acentuada nas receitas citou o agravamento da crise
econômica vivenciada no Brasil, a qual também atingiu notadamente o comércio
varejista de vestuário. Tais fatos culminaram no fechamento de 21 unidades da
Requerente, o que foi feito com o objetivo de adequar o negócio para o novo cenário
enfrentado.
Apresentou dados sobre o setor de comércio varejistas e também sobre os
setores de vestuário e acessórios. Demonstrou o aumento do número de pedidos de
recuperação judicial como evidência do difícil momento pelo qual passa a economia
nacional.
Detalhou graficamente as variações ocorridas nas receitas e no número de
peças produzidas. Demonstrou o crescimento das despesas financeiras, resultado
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da necessidade de captação de recursos junto a terceiros para a manutenção das
atividades. Apresentou índices de liquidez e características do endividamento da
Empresa.
Da análise das justificativas apresentadas e do cenário do setor,
conclui-se que elas colaboram com a explicação dos últimos resultados
apresentados pela Requerente e no esclarecimento sobre as razões da crise.
Nesse sentido, evidenciando o cenário setorial deteriorado, apresenta-se o
indicador “Serasa Experian de Atividade do Comércio - Variação Anual Acumulado
dos Últimos 12 Meses - Sem Ajuste Sazonal – Geral1”, o qual corrobora com o
arguido pela empresa, ou seja, que a situação do comércio no Brasil começou a
declinar fortemente, especialmente em 2015, acumulando resultados cada vez
piores:
1 Disponível em: http://noticias.serasaexperian.com.br/indicadores-economicos/atividade-do-
comercio/. Acesso em 25/09/2016.
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2,4%
3,0% 2,8% 2,7%
3,3% 2,8%
2,4%
1,8%
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-1,3%
-2,0% -2,2%
-3,5%
-4,5%
-5,5%
-6,5%
-7,2% -7,6%
Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio - Variação Anual Acumulado do Últimos 12 Meses - Sem Ajuste Sazonal - Geral
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OEValidação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJLQ2 ZTMEJ 5LSW5 HM83Y
PR
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rocesso: 0001257-72.2016.8.16.0133 - Ref. m
ov. 47.1 - Assinado digitalm
ente por Guilherm
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Com maior perícia, analisa-se a situação do setor de “Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios”. Este oferece melhor
vínculo com as atividades da Requerente. Em síntese, verifica-se que a situação é ainda mais negativa:
3,5% 4,1%
5,2% 6,0%
6,8% 7,6%
6,2%
5,0%
3,6%
1,9% 0,3%
-3,5%
-4,9%
-6,1%
-7,7%
-9,1%
-10,6%
-11,9% -12,3% -12,8%
Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio - Variação Anual Acumulado do Últimos 12 Meses - Sem Ajuste Sazonal - Tecidos, Vestuário,
Calçados e Acessórios
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OEValidação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJLQ2 ZTMEJ 5LSW5 HM83Y
PR
OJU
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rocesso: 0001257-72.2016.8.16.0133 - Ref. m
ov. 47.1 - Assinado digitalm
ente por Guilherm
e Luis Gutjahr:04456437901
01/10/2016: JUN
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Ou seja, se o comércio em geral vem sofrendo com a redução do ritmo de
atividade nos últimos meses e o setor específico da Requerente se encontra em
situação ainda mais delicada.
As notícias regionais são semelhantes. Conforme notícia1 veiculada em
fevereiro de 2016, “De acordo com dados preliminares da assessoria de
comunicação do Sindicato da Indústria Têxtil do Vestuário de Maringá (Sindvest), no
ano de 2015 houve uma queda de 30% no número de vagas de emprego na área
de moda da região”.
Ainda, extrai-se da mesma notícia que “um dos centros industriais de
destaque na Região Metropolitana de Umuarama, Pérola sente de maneira aguda
os impactos da crise econômica. De acordo com o Dieese, em 2014 foram geradas
1.332 vagas de emprego e em 2015 apenas 700 vagas”.
Em suma, a empresa encontra dificuldades em alcançar as receitas
almejadas, especialmente nos anos de 2015 e 2016. Os descompassos são
constantes, ocorrendo em praticamente todos os períodos analisados. Eis que a
empresa se encontra na situação deteriorada.
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios
sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com
estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente
de:
1 Disponível em: http://www.obemdito.com.br/regiao/conteudo-1455787738/1970/. Acesso em
25/09/2016.
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
14
a) balanço patrimonial;
Os balanços patrimoniais apresentados na inicial (mov. 1.135 e 1.136), na
manifestação do mov. 16.3 e ainda no pen drive depositado no Cartório estão de
acordo com o padrão técnico exigido e com a legislação societária aplicável a
empresa em questão. Também, abrangem o período requisitado.
Ainda, salienta-se que os livros diário/razão possuem detalhamento acerca
dos grupos de contas que compõem o balanço patrimonial.
b) demonstração de resultados acumulados;
Os demonstrativos de resultado do exercício (DRE) dos anos de 2013, 2014
e 2015 foram juntados à inicial nos movs. 1.135, 1.136, no movimento 16.3 e
também no pen drive depositado em Cartório.
Assim como o balanço patrimonial, os documentos apresentados estão de
acordo com o padrão técnico exigido e com a legislação societária aplicável a
Empresa em questão. Novamente, os documentos contidos nos livros diário/razão
possuem detalhamento acerca dos componentes dos DRE´s.
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
As demonstrações dos resultados dos exercícios dos anos de 2013, 2014 e
2015 foram juntados nos movs. 1.135, 1.136, no movimento 16.3 e também no pen
drive depositado em Cartório. Novamente, os documentos contidos nos livros
diário/razão possuem detalhamento acerca dos componentes dessas
demonstrações.
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15
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
O relatório gerencial de fluxo de caixa com a projeção foi apresentado no
movimento 1.136. A projeção considera o período entre julho de 2016 a junho de
2017.
Salienta-se que a projeção demonstra variações no fluxo de caixa com
saldos mensais sucessivamente negativos. Esta projeção condiz com a conjuntura
em que a empresa se encontra e demonstrada em seus relatórios contábeis.
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por
obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza,
a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime
dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada
transação pendente;
De acordo com Costa (2015), o devedor deve expor aos interessados o
montante total do seu endividamento fazendo constar, inclusive, seu passivo fiscal,
bastando uma apresentação inteligível com indicação dos credores sujeitos e não
sujeitos aos efeitos da recuperação judicial.
A relação nominal completa dos credores foi apresentada, inicialmente, no
movimento 1.137. Após determinação de Vossa Excelência, foi novamente
apresentada, e dessa vez com mais detalhes, nos movs. 28.41 – 28.46.
Considerando as complementações trazidas, os documentos apresentados
estão de acordo com a legislação, ou seja, apresentam a indicação do endereço de
cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando
sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros
contábeis de cada transação pendente.
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
16
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas
funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o
correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de
pagamento;
A relação integral dos empregados foi apresentada no movimento 1.131 e
nos movs. 28.2 – 28.6. Novamente, a última relação foi juntada após determinação
de Vossa Excelência.
No conjunto, os documentos apresentados estão de acordo com a
legislação, visto que atendem aos requisitos exigidos pela Lei. Por fim, ressalta-se
que os valores apresentados nos documentos possuem relação com os números
apresentados nos balancetes e nos relatos dos fatos.
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas,
o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;
A certidão de regularidade do devedor foi acostada ao processo no
movimento 28.7. Neste mesmo documento, visualiza-se o administrador da
empresa. A alteração e consolidação contratual juntada no mov. 28.8 formaliza a
nomeação do atual administrador.
Quanto ao ato constitutivo e devidas alterações, foram juntados nos
movimentos 1.2 ao 1.68. Por fim, o mov. 16.2 traz a Ata de Reunião de Sócios em
que os sócios e o administrador decidiram e aprovaram a propositura de pedido de
recuperação judicial.
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01/10/2016: JUNTADA DE PETIÇÃO DE LAUDO PERICIAL. Arq: Petição
17
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos
administradores do devedor;
Tal relação de bens foi informada, inicialmente, no movimento 1.132,
contendo a descrição e valor dos bens de ambos os sócios da empresa. Ainda, no
pen drive depositado em Cartório, constam as declarações de imposto de renda dos
sócios e do Administrador relativas aos anos-calendário 2011, 2012, 2013, 2014 e
2015.
Ainda, nos movs. 28.35 – 28.40, constam extratos das contas correntes dos
sócios e do Administrador.
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas
eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de
investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições
financeiras;
Tal relação de extratos foi informada, inicialmente, nos movimentos 1.133 e
1.134. Posteriormente, foram juntados extratos adicionais nos movs. 28.9 – 28.34.
No mov. 28.1, a Requerente esclarece que não existem investimentos ou
aplicações.
Por fim, reitera-se a situação vulnerável em que se encontra o Requerente,
uma vez que já é possível observar o uso de fontes de crédito significativamente
onerosas de instituições financeiras (ex: conta garantida, limites de conta corrente).
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio
ou sede do devedor e naquelas onde possui filial;
Documentos juntados ao processo nos movs. 1.78 – 1.130.
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18
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que
este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos
respectivos valores demandados.
Documento juntado ao processo no mov. 1.138. Apresentou-se o número do
processo, natureza da ação (constando as de natureza trabalhista), local de
tramitação, Autor e valor da ação. Cumpridos, portanto, os requisitos legais.
§ 1º Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares,
na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do
administrador judicial e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado.
§ 2o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as
microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e
escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica.
§ 3o O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que
se referem os §§ 1o e 2o deste artigo ou de cópia destes”.
3.1.2 Sobre a presença de elementos mínimos relacionados à
viabilidade econômica
Passa-se a responder aos questionamentos expostos no item “b”, quais são:
b) Sobre a presença de elementos mínimos relacionados à viabilidade
econômica, isto é: (i) se a empresa se encontra em atividade; (ii) capacidade
do fluxo de caixa projetado frente as despesas, principalmente as de natureza
corrente.
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3.1.2.1 Se a empresa se encontra em atividade
No dia 29/09/2016 (quinta-feira), foi realizada visita à sede da empresa OPP
INDÚSTRIA TEXTIL LTDA (Pérola-PR). A visita ocorreu por aproximadamente três
horas, no período vespertino, guiada pelo Sr. Ricardo de Oliveira Souza, atual
administrador da empresa. O mesmo prontamente apresentou a empresa e suas
instalações, bem como os funcionários que se encontravam trabalhando.
Na oportunidade, o perito realizou uma série de questionamentos ao Sr.
Ricardo, com a finalidade de apurar se os fatos narrados na inicial condiziam com
os expostos pelo administrador. Em suma, foram evidenciados os eventos que
constam no processo.
A imagem 01 a seguir apresenta fotos de algumas situações presenciadas
no dia da visita. As imagens na íntegra podem ser visualizadas no anexo 01
(externo).
Imagem 01 – Setores da empresa visitada
Fonte: fotos realizadas durante a visita.
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Foram visitados setores como: finanças, recursos humanos, contabilidade,
desenho de coleção, controle de qualidade, expedição, modelagem, estoques,
corte, bordados, costura de moldes, entre outros. Tais setores se encontram
divididos em mais de um local. Em suma, as visitas possibilitaram entendimento do
processo produtivo.
Destaca-se, ainda, a presença de funcionários realizando suas respectivas
atividades em todos os setores visitados. Adicionalmente, conversou-se com a
empresa de consultoria que está prestando serviços para a OPP INDÚSTRIA
TEXTIL LTDA, onde foi possível entender parte dos projetos que visam auxiliar na
recuperação da empresa. Por fim, constataram-se estoques de mercadorias em
todas as etapas de produção, assim como movimentação de fornecedores e clientes
nas instalações da Empresa.
Imagem 02 – Setores da empresa visitada
Fonte: fotos realizadas durante a visita.
Foram esclarecidos pelo Administrador - Sr. Ricardo - os motivos pelos
quais a empresa enfrenta dificuldade, o fato de que possui capacidade produtiva
bem maior do que atualmente utiliza e também informações gerais sobre a
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operação. O mesmo afirmou, também, que acredita que o mercado está reagindo e
que este fato auxiliará na recuperação da empresa. Ainda, realizou-se conversa
com alguns funcionários que gentilmente demonstraram os processos pelos quais
são responsáveis.
Assim, considerando a visita à sede da empresa, bem como consulta de
informações contábeis atualizadas da empresa (ano base 2013, 2014, 2015 e
2016), os questionamentos, bem como a verificação in loco de máquinas, da sede e
suas atuais condições, constata-se que a empresa se encontra efetivamente em
atividade.
O anexo 01 (externo) traz mais fotos das instalações da empresa feitas
durante a visita.
3.1.2.2 Capacidade do fluxo de caixa projetado frente as despesas
Por fim, no que tange a capacidade do fluxo de caixa projetado frente as
despesas, principalmente as de natureza corrente, observa-se que:
O total das receitas projetadas para os meses de julho de 2016 a junho
de 2017 (mov. 1.136), em sua totalidade, é incapaz de fazer frente a totalidade
das despesas da empresa, ainda que consiga fazer frente as despesas de
natureza corrente. Isto pois, as projeções não consideram os efeitos da
recuperação judicial.
Salienta-se que, diante da projeção apresentada, os efeitos da
recuperação judicial reverteriam o quadro, ou seja, a empresa passaria a fazer
frente a todas as suas despesas. Detalha-se:
Inicialmente, apura-se que o faturamento projetado se encontra em linha com
os dados apresentados pela contabilidade referente ao exercício de 2015, ainda que
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inferior aos valores de 2014. Não se trata, portanto, de projeção irreal para as
receitas.
No que diz respeito as despesas projetadas, constata-se a mesma situação,
ou seja, estas se encontram em linha com os dados apresentados pela
contabilidade referente ao exercício de 2015, demonstrando adequação da projeção.
Amplia-se a análise de forma a verificar características das despesas da
Requerente para o ano de 2015 e primeiro semestre de 2016, identificando a
capacidade de fazer frente as despesas, notadamente as de caráter corrente.
Constata-se que o passivo circulante da Requerente1 se concentra entre seus
empréstimos e financiamentos e as obrigações tributárias. Fornecedores, contas a
pagar, obrigações sociais e provisões trabalhistas e outras obrigações,
individualmente não fizeram frente aos dois primeiros grupos.
Por exemplo, com base nos demonstrativos contábeis de 2015 e do primeiro
semestre de 2016, apura-se que empréstimos e financiamentos representam,
respectivamente, 23,68% e 20,74% do passivo circulante, ao passo que as
obrigações tributárias representam, respectivamente, 24,42% e 44,11% do passivo
circulante.
Com efeito, em 2015 empréstimos e financiamentos e as obrigações
tributárias representaram 48,10% do passivo circulante da empresa, enquanto no
primeiro semestre de 2016 o mesmo indicador foi de 64,85%. Os valores são
representados no gráfico a seguir.
1 Ou seja, passivo com exigência de curto prazo – vencimento até o curso do exercício seguinte. São
as obrigações (dívidas) exigíveis que deverão ser pagas nesta periodicidade.
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Em síntese, infere-se, com base no fluxo de caixa projetado e nas informações acima elencadas, que há
possibilidade de a Requerente fazer frente as suas despesas, notadamente as de natureza corrente/operacional,
considerando-se os efeitos da recuperação judicial. Sem esta, salvo a ocorrência de outras ações, a Requerente não
conseguirá fazer frente as suas despesas totais.
2015
2016
R$120.707.195,00
R$111.097.856,00
R$124.494.624,00
R$236.226.388,00
R$78.251.968,00
R$43.123.585,00
R$104.222.469,00
R$37.349.042,00
R$43.611.773,00
R$77.926.227,00
R$38.537.098,00
R$29.857.892,00
Composição do passivo circulante - 2015 e primeiro semestre de 2016
Outras obrigações Obrigações sociais e provisões trabalhistas Contas a pagar Fornecedores Obrigações tributárias Empréstimos e financiamentos
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OEValidação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJLQ2 ZTMEJ 5LSW5 HM83Y
PR
OJU
DI - P
rocesso: 0001257-72.2016.8.16.0133 - Ref. m
ov. 47.1 - Assinado digitalm
ente por Guilherm
e Luis Gutjahr:04456437901
01/10/2016: JUN
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DA
DE
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ÃO
DE
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DO
PE
RIC
IAL. A
rq: Petição
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3.1.3 Informações pertinentes para a fase postulatória da recuperação
judicial
c) aquilo que entender pertinente para a fase preliminar da
recuperação judicial, levando em conta o art. 51 e 52 da Lei n. 11.101/05.
Estes peritos, para fins de auxiliar na tomada de decisão neste momento
preliminar da recuperação judicial, ou seja, na fase postulatória, realizaram a
análise, além dos requisitos da Lei n. 11.101/05, de outros documentos pertinentes
e questões econômicas e setoriais.
Deste trabalho, resultaram os pontos que serão brevemente colocados
abaixo e que, esperamos, auxiliem na tomada de decisão por Vossa Excelência.
1. Sobre a situação econômico-financeira da empresa:
1.1 Liquidez:
No contexto em que se encontra, a Requerente está claramente em situação
econômico-financeira amplamente desfavorável. Tal fato decorre do descompasso
entre o ativo circulante1 da empresa frente a seu passivo circulante. A implicação
imediata deste fato reside na incapacidade da empresa de honrar as obrigações
1 Trata-se do grupo de contas que registra os bens e direitos que possuem alta conversibilidade, ou
seja, podem rapidamente ser convertidos em dinheiro. São contas que estão constantemente em
giro, movimento, circulação. Neste grupo são registrados os bens e direitos que a empresa consegue
realizar (transformar) em dinheiro até o final do exercício seguinte, ou seja, no curto prazo.
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25
com seus credores. Necessita-se, então, de financiamentos, os quais
corriqueiramente apenas agravam a situação em médio e longo prazo.
Tecnicamente, demonstra-se a incapacidade da empresa de honrar as
obrigações com seus credores através da mensuração do quociente de liquidez
imediata (referente ao primeiro semestre de 2016). Este, representa o valor de
quanto a empresa dispõe, imediatamente, para saldar suas dívidas de curto prazo.
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑖𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑡𝑎 = 𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒= 0,1320
Ou seja, para cada um real devido e exigido até o próximo exercício, a
empresa dispõe imediatamente (em caixa) de apenas 13,2 centavos. Trata-se de
um indicador preocupante, que evidencia a significativa impossibilidade da
Requerente em honrar suas obrigações de curto prazo com base nos seus recursos
imediatamente disponíveis.
Nesse sentido, também se estima o quociente de liquidez corrente, que é
considerado o melhor indicador da situação de liquidez da empresa (referente ao
primeiro semestre de 2016). Especificamente, este indicador relaciona quanto a
empresa dispõe imediatamente (em caixa) e dispõe de forma conversível em curto
prazo (como por exemplo, estoques, contas a receber), com relação às dívidas de
curto prazo.
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 =𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒= 0,3561
Com efeito, para cada um real exigível a curto prazo, a empresa dispõe de
apenas 35,6 centavos de recursos imediata ou mediatamente disponíveis para fazer
frente a tais compromissos.
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O descompasso entre o ativo circulante e o passivo circulante da empresa também é evidenciado no gráfico abaixo:
R$553.883.040,00
R$355.711.444,00
R$190.721.156,00
R$493.085.258,00 R$509.825.126,00
R$535.580.990,00
2014 2015 2016*
Comparativo entre ativo e passivo circulantes
Ativo circulante Passivo circulante
O ano de 2014 representou o último período em que o ativo
circulante foi superior ao passivo circulante. Houve queda bruta
no ativo circulante entre 2015 e 2016, ao mesmo tempo em
que cresceu o passivo circulante. Como resultado,
descompasso nas finanças e endividamento.
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OEValidação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJLQ2 ZTMEJ 5LSW5 HM83Y
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1.2 Saúde financeira:
Segundo Costa (2015), “as demonstração contábeis podem não refletir a real
situação do devedor, com apresentação de distorções orçamentárias, com projeções
extremamente conservadoras na evolução das despesas e, em contrapartida, um
crescimento otimista no faturamento, induzindo à viabilidade da recuperação judicial...
De não se olvidar, a ocorrência do inverso, isto é, do requerimento de recuperação
judicial por empresas com saúde financeira e fluxo de caixa suficiente, que poderiam
procurar uma solução menos traumática para o pagamento dos seus credores”.
Isto posto, elucida-se que a Requerente não se encaixa em nenhum dos
extremos. As projeções de fluxo de caixa estão em linha com as informações contábeis
atualizadas, não se tratando, portanto, de projeções viesadas.
Ainda assim, a saúde financeira da empresa está consideravelmente abalada.
Isto pois, ela claramente está em dificuldades financeiras, dificuldades essas que são
evidenciadas pelos documentos contábeis e os indicadores supra apresentados, não
vislumbrando recuperação por meios próprios.
Para ocorrer tal recuperação por meios próprios em menos de 24 meses, seria
necessário que a empresa triplicasse seu ativo circulante, mantendo-se constante seu
passivo circulante. Trata-se, evidentemente, de uma suposição operacionalmente
impossível.
Por outro lado, percebe-se das análises econômico-financeiras realizadas, que
a manutenção do “status quo” implicará na inadimplência e explosão do endividamento
da empresa em curto prazo. Isto pois, as exigências de curto prazo da empresa são
significativamente superiores ao seu ativo circulante, notadamente suas
disponibilidades.
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Os anos de 2015 e 2016 têm sido especialmente complicados para a empresa,
pois ocorreram significativas reduções nos ativos circulantes, ainda que crescendo os
passivos circulantes. Tais eventos apenas agravaram as dificuldades enfrentadas pela
empresa.
Como consequência deste fato, o endividamento da empresa, que já era
elevado entre 2013 e 2014, cresceu substancialmente em 2015. O gráfico abaixo
demonstra tal evolução:
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96,50% 95,91%
145,59%
250,30%
2013 2014 2015 2016
Índice de endividamento geral
A seta em azul indica operação com passivo descoberto, ou seja, o patrimônio líquido tornou-se negativo.
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OEValidação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJLQ2 ZTMEJ 5LSW5 HM83Y
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Neste caso, mensurou-se o endividamento através do índice de endividamento
geral. Este, consiste na razão de capital de terceiros – tanto operacional quanto como
financeiro – no financiamento dos ativos e dos investimentos da empresa.
Interpreta-se o resultado relativo ao ano de 2015, como exemplo: a empresa
financiou 145% dos seus ativos com capitais de terceiros. Teoricamente, quanto maior
esse índice, pior uma empresa estará, pois apresenta maior risco de inadimplência.
Resultado deste, as despesas financeiras também aumentam, reduzindo o lucro
corporativo.
Desde o ano de 2015 a empresa opera com este índice superior a 1. A rigor, o
índice pode ser superior a unidade desde que opere com passivo a descoberto – ou
seja, patrimônio líquido negativo. A normalidade é se situar entre 0 e 1.
No ano de 2014, a empresa operou com índice de endividamento geral de 96%.
Ou seja, seu ativo foi financiado por 4% de capital próprio e 96% com recursos de
terceiros.
Em síntese, dos resultados, compreende-se que a empresa se encontra em
situação de elevado endividamento. Ainda assim, salutar ressaltar que o fato de a
empresa ser muito endividada não significa algo necessariamente ruim. Isto pois, a
composição da dívida é fator central para tanto. Fornecedores, por exemplo,
geralmente não tem despesas financeiras. A alavancagem, em muitos casos, pode ser
usada como forma de incrementar os lucros, contudo, necessário haver adequado
gerenciamento dos riscos e dos resultados.
Por fim, apresenta-se o índice de solvência. Este, objetiva sinalizar se em uma
situação de liquidação da empresa, haveriam ativos suficientes para honrar todo o
passivo, de curto e de longo prazo.
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A situação de solvência ocorre sempre que o índice obtido é superior a 1, indicando assim que a empresa possui
mais recursos e direitos do que obrigações com seus credores. Quanto maior for o resultado obtido, tão mais solvente a
empresa é. Quanto menor for o índice obtido, mais insolvente a empresa está. A evolução temporal do índice de
solvência da Requerente é apresentada na figura abaixo:
1,036 1,043
0,687
0,400
2013 2014 2015 2016
Índice de solvência
Entrada na zona de insolvência e deterioração da saúde da empresa
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Como resultado, percebe-se que a empresa passou a possuir mais obrigações
do que ativos no ano de 2015, sendo que o indicador se deteriorou até o primeiro
semestre de 2016. Nesse sentido, até 2014 a empresa era considerada solvente,
revertendo este quadro no ano posterior.
Com base nos resultados do primeiro semestre de 2016, denota-se a empresa
como insolvente, sendo que para cada um real que ela deve, possui 40 centavos de
contrapartida.
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4. CONCLUSÃO
Realizadas todas as análises do Processo, concluímos que estão em termos
as documentações apresentadas que tratam do art. 51 da Lei 11.101 de 2005.
Identificou-se, ainda, que a empresa se encontra de fato em atividade,
possuindo ampla capacidade produtiva e aptidão para geração de receitas.
Também, no que diz respeito a capacidade do fluxo de caixa projetado
frente as despesas, constata-se que o fluxo de caixa projetado, em sua totalidade, é
incapaz de fazer frente a totalidade das despesas da empresa, ainda que consiga fazer
frente as despesas de natureza corrente. Isto pois, as projeções não consideram os
efeitos da recuperação judicial.
Ademais, salienta-se que, diante da projeção apresentada, os efeitos da
recuperação judicial podem reverter o quadro, ou seja, a empresa passaria a
fazer frente a todas as suas despesas.
Alicerçando-se nas constatações obtidas ao longo deste trabalho, o laudo
pericial é favorável ao deferimento do processamento da recuperação judicial da
Requerente, a fim de que os credores, no momento da análise do plano, decidam sobre
a viabilidade ou não da recuperação judicial.
Do trabalho realizado e sendo esta a nossa convicção, lavramos o presente
laudo pericial, colocando-nos à disposição do R. Juízo para os esclarecimentos que se
mostrarem necessários.
GUILHERME LUIS GUTJAHR CORECON – PR 8.260
(45) 9918-6290 guilherme@gesassociados.com.br
THYAGO AMÉRICO SCHIO
CORECON-PR Nº 7.880 (41) 9779-7355
thyago@gesassociados.com.br
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5. ANEXO 01 – Fotos da visita (arquivo externo)
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REFERÊNCIAS
BRUNSTEIN, I. Economia de empresas: gestão econômica de negócios. São Paulo:
Editora Atlas, 2005.
COSTA, D. C. Comentários completos à lei de recuperação de empresas e falências.
Vol. 02. Curitiba: Juruá, 2015.
GOLDEN, T. W. STEVEN, L. S. CLAYTON, M. A guide to forensic accounting
investigation. Hoboken: John Wiley & Sons INC, 2006.
Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005 – Lei de Recuperação e Falências.
MÁLAGA, F. K. Análise de demonstrativos financeiros e da performance empresarial.
São Paulo: Editora Saint Paul, 2014.
MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. São
Paulo: Editora Atlas, 2012.
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