exposição ou argumentação?. texto dissertativo objetivo: defender uma ideia e convencer nosso...
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Exposição ou Argumentação?
Texto Dissertativo Objetivo:
Defender uma ideia e convencer nosso leitor acerca de nosso ponto de vista, apresentando com clareza nossas hipóteses, justificadas com base em argumentos, refutada de contra-argumentos e exemplos, encaminhando assim para as conclusões.
Tipos de Textos Dissertativos
DISSERTAÇÃO
Expositiva Argumentativa
Dissertação Expositiva
Tem como objetivo expor, explicar ou interpretar ideias, podendo-se explanar sem combater opiniões de que discordamos.
Por exemplo:
Um professor de História pode fazer uma explicação sobre os modos de produção, aparentando impessoalidade, sem tentar convencer seus alunos das vantagens e desvantagens deles.
Dissertação ArgumentativaObjetiva persuadir o leitor ou ouvinte de que determinada
tese deve ser acatada. Como no exemplo anterior:
Se o professor de História fizer uma explanação com o propósito claro de formar opinião dos seus alunos, mostrando as inconveniências de determinado sistema e valorizando um outro, esse professor estará argumentando explicitamente.
Vamos ler alguns fragmentos de textos. Embora diferentes, eles guardam uma semelhança fundamental entre si: pertencem todos a uma mesma modalidade redacional — a dissertação.
Procure reconhecer em cada um desses fragmentos traços dissertativos. Sublinhe frases opinativas, que revelam o ponto de vista assumido pelos autores.
Texto 1
PAIS E FILHOS
É preciso amar as pessoascomo se não houvesse amanhãPorque se você parar para pensar, na verdade não há.Sou uma gota d'água Sou um grão de areiaVocê me diz que seus pais não entendemMas você não entende seus paisDado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá. As quatro estações, EMI, 1995.
Texto 2Existem receitas para fazer uma boa dissertação?
Não existem receitas, mas apenas métodos. A diferença é capital: a receita é do padronizado, o método é do sob medida. Todos gostariam de "macetes" (supostamente infalíveis); ora, não há macetes.
O conselho mais importante é o seguinte: para avançar, o único meio é fazer o máximo possível de planos. Pratique. Se você está terminando o secundário, faça planos uma hora por semana. Estude também os do professor, mas jamais para aprendê-los de cor, seria cair outra vez na mania da receita. E cumpre reconhecer que o estresse do vestibular, a perspectiva do exame, faz aumentar a tentação. Mas ela não fortalece a inteligência, pois a receita jamais integra-se ao espírito: ela lhe é imposta de fora, não penetra, apenas veste o espírito.
Não é lendo um manual de natação que se aprende a nadar, é mergulhando na piscina. O mesmo vale para a dissertação.
Pascal Ide. A arte de pensar. São Paulo, Martins Fontes, 1995.
Texto 3Cari Sagan
Especial Cornell, Nova York — O século 20 será lembrado por três
grandes inovações: os meios sem precedentes de que dispõe para salvar, prolongar e melhorar a vida; os meios sem precedentes que criou para destruir a vida, a ponto de, pela primeira vez, colocar em risco a civilização global; e a visão sem precedentes que adquiriu de nós mesmos e do Universo.
Esses três desenvolvimentos foram obra da ciência e da tecnologia, uma faca de dois gumes. [...]
Conseguiremos ou não adquirir a compreensão e a sabedoria necessárias para manipular todas as revelações científicas trazidas pelo século 20? Este será o maior desafio do século 21.
O Esfado de S. Paulo, 29/12/1996.
Texto 4 O processo educativo precisa da utopia. Precisa
apresentar uma possibilidade de futuro. Precisa embutir o "tu serás, tu criarás, nós criaremos". Nós não temos um projeto social viável para apresentar aos nossos alunos e filhos, mas precisamos abrir uma janela na história, prepará-los para que façam seu próprio projeto.
Emilia Ferreiro. Revista Seeesp, n2 48, agosto de 1996.
O MUNDO DISSERTATIVO Dissertar é debater um tema, apresentar e defender ideias a respeito de
um assunto proposto como problema para ser discutido. A atividade dissertativa revela-se vital para o desenvolvimento da
inteligência, para a elaboração pessoal de ideias, para a capacidade de raciocínio e exposição lógica, ou seja, para a construção do conhecimento e do pensamento crítico e criativo
Para escrever lucidamente, é preciso, em primeiro lugar, delimitar e contextualizar o tema. Depois, assumir uma posição e defendê-la com coerência, argumentando de modo organizado e com a linguagem adequada, lógico-expositiva.
Assim, os elementos estruturais de um texto dissertativo são: Tema: O assunto sobre o qual se escreve. Ponto de vista: A posição que se assume diante do tema. Argumentação: A fundamentação do posicionamento, a defesa do
ponto de vista.
No meio do silêncio Há muito que o Natal deixou de ser uma festa religiosa. No seu
aspecto positivo, virou festa de congraçamento, sobretudo no seio da família, é a data em que todos voltam a comer juntos, ao menos um peru e uma rabana da. No aspecto negativo, é o grande festim do consumo, presidido por esse chato e mercadológico "Bom Velhinho", que seria tolerável num filme de Frank Capra.
É uma pena. Porque o Natal, mesmo sem qualquer conotação religiosa, sem qualquer compromisso confessional, lembra uma antiga e inarredável aspiração humana: a de um Deus entre nós, com a nossa carne. E passa despercebida a beleza daquilo que Renan considerou "o mais belo drama pastoril da humanidade".
Independentemente do dogma e da fé, é comovente a história daquela judiazinha de 15 anos que aceitou sem espanto o anúncio do anjo de que geraria um Deus. Daquele carpinteiro que de repente, sem aviso prévio, foi comunicado de que sua mulher geraria um Deus — e se tornou guardião da mulher e do menino.
E os pastores que velavam na imensa noite do deserto viram falanges de anjos dando glória a Deus nas alturas e receberam o convite para ir ver o menino. E foram. O evangelista usa o verbo exato: "transeamus", vamos até Belém. Não adianta receber a mensagem e continuar na mesma. Ir é preciso.
E tudo se passou no meio de um grande silêncio, "dum médium silentium". Somente no silêncio há espaço e tempo para ouvir a mensagem, para realizar o trânsito em direção ao novo, ao que acaba de ser revelado.
E é nesse silêncio que curto o meu Natal, Natal ainda pagão, mas com pena de continuar pagão no meio de tanta luz que inundou a Lagoa. Espero a noite ir alta, quando todos estão dormindo profundamente. Não ouço nenhuma voz, não vejo nenhum anjo no céu. Mesmo assim, espero.
Carlos Heitor Cony. In Folha de S. Paulo, 25/12/1996.
RESPOSTA: Tema: O significado do Natal. Ponto de vista: O autor tenta resgatar o
sentido original para a festa natalina, independentemente de sua conotação religiosa.
Argumentação: O Natal comove e renova a esperança, não pelo congraçamento familiar que enseja, nem muito menos por seu caráter consumista, mas por ser uma tocante criação do homem necessitado de um Deus à sua feição.
Chega-se a Marte, mas não se chega ao próximo Neste meio século não parece que os
governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que moralmente estavam obrigados. As injustiças multiplicam-se, as desigualdades agravam-se, a ignorância cresce, a miséria alastra. A mesma esquizofrênica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante.
Trecho do discurso de José Saramago ao receber o Prêmio Nobel de Literatura. In Folha de S. Paulo, 11/12/1998.
RESPOSTA: Tema: A "esquizofrênica" estupidez da
humanidade.
Ponto de vista: segundo o autor, nossos governos não têm feito pelos direitos humanos tudo aquilo que moralmente deveriam fazer.
Argumentação: as misérias humanas, em amplo sentido, agravam-se; estamos mais perto de Marte do que de nossos semelhantes.
Veja, agora, como esses elementos se distribuem na dissertação clássica:
Introdução• Delimitação do tema• Apresentação do ponto de vista
Desenvolvimento• Argumentação
Conclusão• Fecho• Reafirmação do ponto de vista
Estrutura do Texto Dissertativo Introdução: constitui o parágrafo inicial do texto e deve ter, em
média, 5 linhas. É composta por uma sinopse do assunto a ser
tratado no texto. Não se pode, entretanto, começar as
explicações antes do tempo. Todas as ideias devem ser
apresentadas de forma sintética, pois é no desenvolvimento
que serão detalhadas.
Desenvolvimento: Esta segunda parte de uma redação, também
chamada de argumentação, representa o corpo do texto. Aqui
serão desenvolvidas as ideias propostas na introdução. É o
momento em que se defende o ponto de vista acerca do tema
proposto. Deve-se atentar para não deixar de abordar nenhum
item proposto na introdução.
Pode estar dividido em 2 ou 3 parágrafos e corresponde a umas 20
linhas, aproximadamente.
A abordagem depende da técnica definida na introdução: 3
argumentos, causas e consequências ou prós e contras.
Conclusão: esta parte, que é também chamada de
desfecho, sintetiza o que há de mais relevante no conteúdo
desenvolvido; o objetivo dessa retomada de conteúdos é
registrar as considerações finais do autor sobre o tema.
Deve conter, assim como a introdução, em torno de 5 linhas.
Pode-se fazer uma reafirmação do tema e dar-lhe um fecho
ou apresentar possíveis soluções para o problema
apresentado. Apesar de ser um parecer pessoal, jamais se
inclua. Evite começar com palavras e expressões como:
concluindo, para finalizar, conclui-se que, enfim...
Sugestões de Análise de Temas
Imagine que você queira dissertar sobre o seguinte tema:
Tema: Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.
1º Passo: Fazer a pergunta: Por quê?
O ideal, para que sua dissertação explore suficientemente o assunto, é que você obtenha duas ou três “respostas” para a questão formulada e estas respostas serão chamadas de ARGUMENTOS.
Levantamento de Argumentos
1ª hipótese: a misériaExistem populações imersas em completa miséria. (1º argumento)
2ª hipótese: falta de pazA Paz é interrompida frequentemente por conflitos internacionais. (2º argumento)
3ª hipótese: desequilíbrio ecológicoO meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico. (3º argumento)
Construindo a Introdução
Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves
problemas que preocupam a todos, pois existem
TEMA
populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida
ARGUMENTO 1
frequentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o
ARGUMENTO 2
meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
ARGUMENTO 3
Desenvolvimento
Populações miseráveis (D1)
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis - estas,
mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos -,
encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra.
Nos países de Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da
África, vê-se, com tristeza, a falência da solidariedade humana e da
colaboração entre as nações.
Desenvolvimento
A falta de Paz (D2)
Além disso, nestas últimas décadas, tem-se assistido, com
certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se
sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das
guerras do Vietnã e da Coreia, as quais provocaram grande
extermínio. Testemunhou-se conflitos na antiga Iugoslávia, em
alguns membros da Comunidade dos Estados Independentes, sem
falar da guerra do Golfo, que tanta apreensão causou.
Desenvolvimento
Desequilíbrio ecológico (D3)
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se tornar um lugar inabitável.
Conclusão Pode iniciar com uma expressão que remeta ao que foi dito nos parágrafos anteriores (expressão inicial). A ele deve seguir-se uma reafirmação do tem proposto no início da redação. No final do parágrafo, é interessante colocar uma observação, fazendo um comentário sobre os fatos mencionados ao longo da dissertação.
Em virtude dos fatos mencionados, acredita-se que o homem está muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos que algo seja feito no sentido de conter tais forças ameaçadoras, para suportar-se as diversidades e dar continuidade a um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.
Terra: uma Preocupação Constante Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver
graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações
imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por
conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se
ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis - estas, mal
distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos -, encontramos
legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países de
Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vê-se, com
tristeza, a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as
nações.
Além disso, nestas últimas décadas, tem-se assistido, com certa preocupação,
aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a
triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande
extermínio. Testemunhou-se conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns membros da
Comunidade dos Estados Independentes, sem falar da guerra do Golfo, que tanta
apreensão causou.
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela
ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e
poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em
virtude de tantas agressões, acabe por se tornar um lugar inabitável.
Em virtude dos fatos mencionados, acredita-se que o homem está
muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente
uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa
consciente e solidária. É desejo de todos que algo seja feito no sentido de
conter tais forças ameaçadoras, para suportar-se as diversidades e dar
continuidade a um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais
facilmente habitado pelas gerações vindouras.
Exemplo de texto dissertativo A posição social da mulher de hoje
Ao contrário de algumas teses predominantes até bem pouco tempo, a maioria
das sociedades de hoje já começam a reconhecer a não existência de distinção
alguma entre homens e mulheres. Não há diferença de caráter intelectual ou de
qualquer outro tipo que permita considerar aqueles superiores a estas.
Com efeito, o passar do tempo está a mostrar a participação ativa das mulheres
em inúmeras atividades. Até nas áreas antes exclusivamente masculinas, elas
estão presentes, inclusive em posições de comando. Estão no comércio, nas
indústrias, predominam no magistério e destacam-se nas artes. No tocante à
economia e à política, a cada dia que passa, estão vencendo obstáculos,
preconceitos e ocupando mais espaços.
Cabe ressaltar que essa participação não pode nem deve ser analisada apenas
pelo prisma quantitativo. Convém observar o progressivo crescimento da
participação feminina em detrimento aos muitos anos em que não tinham
espaço na sociedade brasileira e mundial.
Muitos preconceitos foram ultrapassados, mas muitos ainda perduram e
emperram essa revolução de costumes. A igualdade de oportunidades ainda
não se efetivou por completo, sobretudo no mercado de trabalho. Tomando-se
por base o crescimento qualitativo da representatividade feminina, é uma
questão de tempo a conquista da real equiparação entre os seres humanos,
sem distinções de sexo.
Outros temas:
1. A cidadania brasileira deve ser garantida não só no papel, mas também exercida na prática.
2. A quem pertence a Amazônia, afinal?
3.A TV brasileira FORMA,INFORMA OU DEFORMA?
4. O grito é o melhor argumento dos que não têm razão.
5. Há poder de transformação na leitura?
Exemplo de dissertação publicada em jornal: Comerciais exibidos na televisão recorrem a estereótipos para criar a
sensação de desejo no inconsciente do telespectador. A linguagem da propaganda, em qualquer meio de comunicação, é sempre a da sedução, a do convencimento.
Na TV, seu discurso ganha um reforço considerável: a força das imagens em movimento. Assim, fica muito difícil resistir aos seus apelos: o sanduíche cujos ingredientes quase saltam da tela com sua promessa de sabor, o último lançamento automobilístico – que nenhum motorista inteligente pode deixar de comprar – deslizando em uma rodovia perfeita como um
tapete, a roupa de grife moldando o corpo esguio de jovens modelos.
A publicidade funciona assim nas revistas, nos jornais, no rádio e nos
outdoors, mas suas armas parecem mais poderosas na televisão. Se é
verdade, como dizem os críticos, que a propaganda tenta criar necessidades
que não temos, os comerciais de TV são os que mais perto chegam de nos
fazer levantar imediatamente do sofá para realizar algum desejo de consumo –
e às vezes conseguem, quando o objeto em questão pode ser encontrado na
cozinha.
Aprender a “ler” as peças publicitárias veiculadas pela TV tem a mesma
importância, na formação de um telespectador crítico, que saber analisar os
noticiários e as telenovelas. A parte mais óbvia desse trabalho de
conscientização refere-se, claro, à identificação das estratégias usadas para
criar o apelo ao consumo.
Entre as armas da publicidade para seduzir o telespectador destacam-se a nudez, a inocência infantil e a plasticidade quase irreal das imagens. Independente do apelo ao consumo, os comerciais exibidos pela televisão também se prestam a análises mais amplas de conteúdo. Ao difundir modelos de comportamento, os comerciais exercem tanta influência sobre os telespectadores quanto os personagens de novelas. E, ao reforçar estereótipos associados a raças e classes sociais, por exemplo, contribuem decisivamente para que imagens distorcidas da sociedade continuem a ser propagadas.
“Publicidade: a força das imagens a serviço do consumo.” Jornal Folha de S. Paulo.
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