fazendo 32
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Qual a sua função e como pode ela influenciar o
nosso futuro?
Como proprietário do Peter Café Sport, e tendo em conta as
actuais dimensões desta empresa, com extensão a outras ilhas
dos Açores e outras cidades do Continente Português, sinto-
me responsável pelo emprego de todos os meus funcionários.
Há também outras duas vertentes no Peter Café Sport, que se
prendem com, por um lado uma vertente ambiental, ao exercer
diversas actividades marítimo-turisticas, relacionadas com a
observação de baleias e golfinhos, aluguer de caiaques, passeios
pedestres, e passeios de bicicleta, e por outro lado uma
vertente cultural, com o desenvolvimento do Museu de
Scrimshaw. Sinto por tudo isto, que local ou globalmente, se
bem orientado e sucedido, posso ser uma boa influência para
o presente e para o futuro. Basicamente o meu dia-a-dia
prende-se com a gestão e orientação das tarefas relacionadas
com estas actividades.
Como prevê a evolução para um futuro melhor?
Depois de Abril de 1974, acreditei que tudo ia ser cada vez
melhor, para Portugal e para o Mundo. Realmente isso aconteceu,
mas infelizmente na última década, a desilusão tem sido
bastante grande. Desde a instabilidade poltico-social que tem
avassalado o Mundo, à insegurança de todos nós como seres
humanos, tudo isto me tem preocupado. A última desilusão foi
a recente Cimeira em Copenhaga. Acredito que o futuro mais
longínquo será melhor, infelizmente não nas próximas décadas,
mas teremos em primeiro lugar que salvar a Terra. Grandes
mudanças vão acontecer, a vida será diferente e os homens
terão que aprender a respeitar os direitos, liberdades e garantias
de todos os seres.
Estamos melhor do que há 20 anos atrás? E do que há 100?
E do que há 1000?
Estamos melhor do que há 100 e 1000 anos, estamos pior do
que há 20 anos, mas estaremos melhor nos próximos 100 e
1000 anos porque vamos aprender, custe o que custar, a fazer
melhor.O
Hoje, dia 11 de Fevereiro, os nomes dos
seleccionados da segunda edição do LABJOVEM – Concurso de
Jovens Criadores dos Açores serão apresentados ao público.
Depois da fase das candidaturas (de 1 de Maio a 2 de Novembro),
e das reuniões dos júris (de 11 a 13 de Dezembro de 2009),
chegou finalmente a altura de se conhecerem os seleccionados.
A apresentação decorrerá no Teatro Faialense, no seu exterior
e foyer, com a presença de duas instalações da autoria de
André Sier, e com a actuação da banda de Jazz faialense Zeca
Trio. O evento terá transmissão online através do site do
concurso (www.labjovem.pt).
É com enorme prazer que assistirei ao final desta fase do
Concurso e ao arranque de uma nova fase: a Mostra LABJOVEM
2010, na qual os trabalhos dos seleccionados serão apresentados,
numa exposição itinerante, ao público açoriano e além-Açores.
A Mostra arrancará oficialmente em Setembro, embora antes
haverá a possibilidade da apresentação de alguns dos trabalhos
seleccionados, como é o caso da Semana dos Açores, no Teatro
São Luiz, em Lisboa, que recebe trabalhos da primeira e da
segunda edição, de 2 a 7 de Março de 2010.
O prazer a que aludi é, ao mesmo tempo, um misto estranho
de ansiedade e de regozijo. Regozijo porque acredito que este
projecto (do Governo Regional dos Açores, através da Direcção
Regional da Juventude) é um bom exemplo do quão importante
é o estabelecimento de parcerias entre governo e associações
civis, na persecução da promoção da criatividade juvenil – a
Associação Cultural Burra de Milho, da qual sou presidente,
tem sido a entidade organizadora deste concurso. E regozijo
porque vejo neste projecto o resultado da vontade de se
criarem mecanismos de promoção da criatividade, estruturas
que fomentem a competitividade saudável entre os jovens
artistas e, mais do que tudo, permitam o espaço para a
diferença, para a contemporaneidade, para a aposta nos nossos
jovens criativos regionais.
A ansiedade surge depois, quando penso no tempo em que não
existiam concursos de jovens criadores, nem mostras de
trabalhos seleccionados, nem possibilidades para os jovens
artistas se afirmarem no panorama cultural regional, quanto
mais nacional ou internacional. Este concurso é um motor de
exposição, uma plataforma de criatividade que tem como
grande objectivo o de permitir que os nossos jovens possam
não só criar livremente como também apresentar as suas
criações e, quiçá, com essas apresentações, estabelecerem
contactos para trabalhos futuros. Isto já aconteceu com a
primeira edição, na qual alguns artistas tiveram encomendas
de trabalhos criativos mercê da exposição pública de que
gozaram durante a Mostra LABJOVEM 2008. E acredito que vai
voltar a acontecer nesta segunda edição. E é esta crença, esta
aposta nos jovens valores criativos açorianos, que nos move.
A nós, Burra de Milho, ao Governo Regional dos Açores e à
Direcção Regional da Juventude, o que interessa é que os
jovens artistas tenham possibilidade de se fazer ouvir e ver,
de conhecer, de evoluir, de criar sinergias e competências que
lhes permitam ser mais e melhor, ir mais longe, criar mais.
É por isto que o prémio atribuído aos primeiros seleccionados
de cada área a concurso não é em forma de dinheiro. É com
esta ideia em mente que os primeiros seleccionados recebem
uma bolsa de formação no estrangeiro, num local à sua escolha,
no período do ano em que lhes melhor convier. Tivemos
seleccionados da primeira edição em locais tão diferentes
como Itália, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos da América
e Argentina. E no regresso, todos foram unânimes em afirmar
que a experiência por que passaram foi não só agradável a
nível pessoal como extremamente produtiva e enriquecedora
a nível criativo.
Através dos relatos dos jovens seleccionados (que acompanhámos
de perto, embora ao longe), pudemos compreender o alcance
de um concurso desta natureza; a urgência do desenvolvimento
dos mecanismos de promoção da criatividade; a importância
em se desenvolverem ainda outras plataformas e outros
mecanismos que possam potenciar ainda mais este capital
criativo açoriano que, ao longo da história, tantos e tão
importantes nomes da cultura nos tem dado.
Esta segunda edição destaca-se também pela introdução de
algumas melhorias no formato do próprio concurso: com
informação decorrente da primeira edição, realizou-se uma
Residência Artística em torno das áreas que haviam tido menos
concorrentes; introduziu-se a possibilidade de os jovens
concorrerem através da Internet, tornando o processo de
candidatura mais simples; descentralizaram-se actividades
(residência na Terceira; reuniões dos Júris em São Miguel;
apresentação dos resultados no Faial); transmitiu-se online e
em directo, com recurso às Novas Tecnologias e à linguagem
criativa contemporânea, apenas para citar alguns exemplos.
Com o trabalho feito até agora, e com o muito que há para
fazer, acredito que o concurso LABJOVEM será, no futuro, a
plataforma de exposição por excelência para os jovens artistas
dos Açores.O
Em 2007 foi gravado no Teatro Micaelense. “25
Anos de Música Original nos Açores”. Um registo de duas
décadas e meia de música Açoriana, em disco e em songbook.
25 anos após o mote dado pelos “Construção” à música Açoriana,
sustentado mais tarde pela extensa produção de ficção da
RTP-A, e consolidada com novos intérpretes aqui e além mar,
o Teatro Micaelense propôs um novo olhar sobre alguns dos
temas mais emblemáticos da canção de autor Açoriana. Assim
nasceu este projecto, que conta com um naipe de músicos de
excelência, e com a direcção artística de dois músicos de
origem Faialense – Augusto Macedo e Rafael Fraga. Deste
trabalho resultou um concerto gravado ao vivo, e um cancioneiro
(Songbook de Autores Açorianos), feito em colaboração com
os autores. Produzido pelo Teatro Micaelense, co-produzido
pela RTP-A, e apoiado pela Direcção Regional da Cultura e
Direcção Regional de Turismo, este trabalho assume-se como
imprescindível para a salvaguarda e valorização da música
feita nestas ilhas. O projecto musical visitará de novo os Açores,
em dois concertos – Dia 26 de Fevereiro no Teatro Faialense,
e dia 27 de Fevereiro no Teatro Angrense. O Fazendo aproveitou
a ocasião para entrevistar Augusto Macedo e Rafael Fraga, os
dois pilares deste ambicioso e profícuo trabalho.
Fazendo: Como surgiu a ideia de reunir e reinterpretar
temas Açorianos, e a ideia do registo em Songbook?
Augusto Macedo: A ligação aos temas remonta aos tempos do
Águas de Março, do qual fazia parte o Paulo Andrade. O
Songbook surge um pouco nessa sequência, após se começar
a querer fazer alguns desses temas em diversos contextos.
Rafael Fraga: Sim, foi um processo gradual, primeiro enquanto
ouvintes de grande parte dessa música via RTP- Açores, etc.,
até começarmos a incluí-la nos nossos trabalhos. Mais recente
é o interesse documental que levou à realização do Songbook
e, consequentemente, à nossa participação no projecto “25
Anos de Música Original nos Açores”, idealizado pelo Teatro
Micaelense.
F: Quais foram as maiores dificuldades em todo este percurso,
do pensamento à concretização do livro e disco?
RF: São dois processos muito distintos, cada um apresentou
os seus problemas específicos. O livro foi feito em estreita
colaboração com os autores e assumiu as bandas sonoras da
RTP- Açores como material de base. O concerto é mais
abrangente a nível autoral e temático.
AM: Penso que a parte da produção propriamente dita
(organização, gestão de timings, etc.) foi a mais complicada.
A delimitação do universo musical a incluir também gerou
alguma controvérsia. Penso que a parte artística foi a que
acabou por fluir com maior naturalidade…
F: Porquê 25 anos?
RF: A edição do álbum Há Qualquer Coisa dos Construção, em
1982, é sem dúvida um marco, com algum impacto até a nível
nacional. Recordemos que, além dos Trovante e dos cantores
politicamente conotados com o 25 de Abril, pouca produção
chegava ao público. Assim, o Teatro Micaelense achou por bem
considerá-lo como ponto de partida.
AM: A ideia dos “25” acaba por vir também na sequência dos
“7”, do álbum 7 Anos de música.
F: De que forma os autores dos temas referenciados viram
este vosso trabalho e qual foi a sua colaboração?
RF: Para a realização do Songbook contámos com a colaboração
entusiástica de todos os autores envolvidos, tanto a nível
testemunhal como técnico. Como já referimos, o concerto e
consequente edição do CD foi um trabalho que desenvolvemos
de forma mais independente, de acordo com o projecto
delineado pelo Teatro Micaelense.
AM: Relativamente ao CD, acho que houve de tudo um pouco:
os que gostaram imenso, os que gostaram mas para quem a
versão original era mais interessante, os que não gostaram e
os que nem quiseram ouvir…
F: Tratando-se de uma recolha devidamente datada, fará
sentido um registo periódico com as características deste
vosso trabalho no futuro?
RF: O interesse e importância de muitas coisas só são
despertados pelo tempo. Faz sempre sentido, creio, salvaguardar
registos e documentos que testemunhem a vivência nas ilhas
e a produção artística e cultural daí resultante. O trabalho
que temos feito aborda questões e contextos muito específicos.
Acho que o futuro dependerá muito da qualidade e quantidade
da produção artística de base.
AM: Penso que o que falta ainda fazer (e rapidamente) é uma
recolha e digitalização de todas as gravações dos temas
existentes e editados. Existem muitos registos que se estão a
perder.
F: Como descrevem a música Açoriana actualmente?
AM: Algo ainda por definir. Tenho dúvidas de que neste momento
exista um movimento de “Música Açoriana”, talvez apenas
“Música feita nos Açores”. Não creio que haja propriamente
uma continuidade ou uma corrente com uma identidade própria
definida tal como aconteceu nos anos 80 e 90. Vão aparecendo
alguns projectos interessantes e originais mas sem grande
relação entre si.
RF: Depende também do contexto. A tradição enraizada na
cultura popular – desde o folclore às filarmónicas - está
decadente, no sentido criativo e etnológico. Não houve
regeneração de mentalidades nem de repertórios, no sentido
musical e social. A música denominada de erudita é um
fenómeno cultural recente nos Açores. Sobram os autores de
canções, na sua maioria continuando o trabalho que se vem
fazendo desde os anos 80/90, os grupos de baile e as bandas
de metal. Claro que no meio destas generalizações há excepções,
e isto são só as nossas impressões. Talvez a realidade seja
muito distinta.
F: O que falta para que a música do Arquipélago se dê a
conhecer mais, nomeadamente no Continente?
AM: Penso que acima de tudo falta uma identidade. Não quer
dizer que de repente não surja um projecto Açoriano bem
sucedido no Continente.
RF: Depois da questão da identidade, há a questão de marketing,
de procurar os canais adequados. Como se explica o sucesso
do fado, tradição sobretudo associada ao conteúdo poético,
em países onde o Português não é minimamente falado? A
cultura é um produto privilegiado para exportação, cujo
potencial tem sido constantemente subestimado.
F: No contexto nacional, e comparativamente, qual é o
ponto de situação da música das ilhas?
AM: Penso que o contexto nacional não anda assim muito
melhor… fazem-se coisas interessantes, mas como não vendem,
não aparecem… voltamos ao mesmo.
RF: No contexto nacional existem circuitos próprios, em que
Lisboa e Porto se destacam a nível cultural. E há que distinguir
claramente acesso a cultura de produção cultural. Não tenho
dúvidas em colocar os Açores num patamar privilegiado em
relação a muitas outras zonas do país, num cenário global
constrangedor.
F: E em que sentidos pensam que ela poderá evoluir?
RF: Sendo que ainda falta um bocadinho para chegarmos à
beira do abismo, nada como dar um passo em frente! E fazer
um esforço por evitar lugares-comuns.
AM: Acho que o facto de ser muito complicado viver apenas
da música nos Açores (sobretudo da original, face à inexistência
de um mercado), faz com que as coisas andem ao sabor da
maré…. por um lado é bom porque não se fazem as coisas só
por dinheiro; pelo outro lado, às vezes faz falta algum dinheiro
para que se possa atingir um determinado objectivo.
RF: Agora a sério: há três caminhos possíveis. A já referida
identidade (para desenvolvermos algo original), ou a excelência
(que permite singrar em qualquer contexto) ou a situação
ideal, que é a combinação das duas anteriores.
F: O que é que ainda não foi feito em relação à música
Açoriana e está em falta?
AM: Acima de tudo, uma atitude generalizada. O meio é
demasiado pequeno para que possa andar cada um a defender
apenas os seus interesses. Penso que se deverá primeiro ainda
investir nas pessoas, executantes e ouvintes e então depois
na música propriamente dita. É bom relembrar que fazer
música é consequência de se ouvir música. No fundo, a questão
da formação, que não passa só por aprender a ler pautas, mas
sim aprender a fazer música.
RF: Muito concretamente, escolas e iniciativas dignas: educação
e cultura.
F: Haverá ilhas mais musicais que outras?
AM: Penso que será proporcional ao número de filarmónicas...
RF: Sim, mas depende dos critérios de proporcionalidade.
F: O que é que já se fez na música Açoriana e que não se
devia ter feito?
AM: Além do Hino dos Açores?
RF: Ficar em segundo lugar no Festival da Canção de 1985.
Deviam apurar-se responsabilidades, de forma a prevenir
situações idênticas no futuro!O
1. o filme e a realidadeImagine que está numa cave, numa sala com várias cadeirase um grupo de cerca de vinte pessoas. Na base da sua coluna,junto a uma vértebra lombar, está um buraco a que chamambioporta que servirá em breve para ser introduzido um cordãoao qual ligar-se-á o seu pod pessoal. Feito de tecidos orgânicos,o seu pod é uma espécie de ser vivo do tamanho de um recémnascido, mas que funciona como um computador. Será ele queo levará, após o download do novo jogo interactivo, para umanova realidade.
Na cama. Os dois deitados em espécie de transe. Não hámovimento. Mas no pensamento eles estão num restaurantechinês, ele prestes a matar o criado, ela à espera. É um jogo.O novo jogo da corporação qualquer coisa. É um jogo e, noentanto, tudo parece tão real. As sensações, as imagens, o
toque, os cheiros, as roupas diferentes no corpo, os objectosque se tocam e usam, o movimento do corpo. Tudo como navida real. Tudo igual. O corpo a mexer, as decisões. E os corposainda deitados na cama, sonolentos. Imóveis.
Pausa no jogo. É melhor voltar à realidade. Levanta-se agorada cama. Ela quer voltar. “Para quê estar aqui neste quartoonde nada acontece” pensa e diz. Para quê? No jogo há tantopara acontecer. Ela contorce-se como um gato. Quer voltar.Lânguido desejo. O vício. Ele olha para o quarto, para a cama,para ela, estranha sensação. “Há algo de psicótico nisto”.Agora a realidade é que parece ser irreal. Uma sensação dedescorporização, de vazio.
No campo. Ela mata um homem. Às vezes morrem pessoas.Mas as outras pessoas não reagem. Claro, é um jogo. Mas nocampo eles já tinha saído do jogo. Ou não? É um jogo ou não?Quem morreu? Uma personagem ou um homem?
2. a realidade e o filmeExiste na internet um jogo de guerra desenvolvido pela MilitaresNorte-Americanos em que a adolescentes tentam matar o maisrapidamente possível o máximo de pessoas em diferentescenários de confronto. Os melhores são convidados a irem auma base experimentarem o jogo, mas com armas virtuais. Osmelhores são então recrutados para tornarem-se assassinos doEstado.
Lembro-me quando era adolescente que adorava ouvir música.O meu walkman estava sempre comigo. Alterava a realidadeque eu vivia. A minha vida era como um filme com umaconstante banda sonora que eu conhecia e amava. Previsívele ao mesmo tempo adaptando-se ao que eu via. Sem osauscultadores a realidade parecia mais pobre. Eu ainda nãosabia olhar, nem ouvir. Às vezes ainda não sei quando a cabeçame leva para o futuro com medo ou o coração para o passadocom feridas.
Hoje há televisão em que se acompanha os fragmentos da vidade pessoas ficcionais e reais. Onde se acompanham os jogosdum campeonato de mentiras sem interesse. Onde se vê ficçõesa que se chama notícias. Há os videojogos. Tantos. Absorvendo,matando num vício lento e estúpido as nossas crianças bem ànossa frente. Há os ipods (que nome engraçado – parece deum filme). Há os telemóveis com imagens e sons e fotografiase jogos e televisão e radiação e leucemia. Há os chats, o Skype,o Facebook, os sites pornográficos, os mails com powerpointse photoshops e vírus e controlo, há os gadgets e acessórios,as noites e os olhos à frente do computador, para tarefas etrabalhos que não se sabe, e a coluna curvada, o corpo imóvelem espécie de estado de transe. E o mundo a queimar lá fora.E a humanidade a morrer dentro.
um filme de David Cronenberg com Jude Law e Jennifer JasonLeigh.O
São engraçadas estas coisas. A Aurora – rapariga
que anda por aí de bicicleta a distribuir Fazendos ou com o
Julião a passear e que gosta de realizar curtas – decidiu fazer
um pequeno documentário sobre o Zé lá do Redondo no Alentejo.
Aqui no Faial soube que em Lisboa lhe deram um prémio por
esse filme. É o espaço geográfico que vai da fonte ao
reconhecimento e à vida.
Decidir fazer um filme é dar um salto no escuro (como quando
se decide pintar, escrever um poema, fazer algo, qualquer
coisa com íntimo sentido). Mas quando se trata de um
documentário é uma escuridão sem fundo, densa como a
própria realidade. É um desafio que exige atenção, respeito,
flexibilidade e reflexão constantes para acontecer aquele
momento mágico em que a câmara capta a verdade de um
instante imprevisível pleno de significado.
A Aurora fez uma coisa simples então. Mostrou o seu filme do
sítio onde nasceu à sua nova comunidade numa projecção no
Auditório da Biblioteca. Umas quantas pessoas juntaram-se
para ver e o resultado foi que acabámos todos a falar do
Alentejo, das aldeias, dos pais e avós, dos cafés e dos largos
onde o tempo passa. Vimos um filme. Um bom filme e falámos
sobre a vida. Foi bastante natural porque era uma situação
natural. É para isso que os filmes servem - para questionarmos
em conjunto as coisas que nos acontecem e que acontecem
aos outros. Senão para quê olharmos para uma tela durante
meia-hora ou duas horas?
O Zé Marôvas tem uma loja cheia de coisas, muitas coisas.
Fica à espera daquele raro comprador que aparece na sua loja
à beira da estrada. Uma mulher compra uma micro-gaiola para
um grilo. Um homem procura material de pesca, mas o Zé não
tem. Depois há o café e o largo. E ainda a espera. Tudo vai
passando. O vento, as flores, a terra em volta tudo passa
lentamente. E que espera é essa? Alguém dizia na conversa
depois do filme que costumam comparar os alentejanos aos
açorianos. Se calhar porque vão esperando. Do que é que você
está à espera?
A câmara é uma possibilidade de retribuir um olhar. É que não
é fácil ver. E também os filmes são culpados. Todas essas
imagens que nos bombardeiam o cérebro. Mas é possível
aprender ou reaprender a olhar. (Quantas vezes passamos por
sítios vezes e vezes sem conta e nem nos apercebemos do que
lá está). É possível ter atenção outra vez. (Dantes não havia
nem filmes, nem fotografias digitais, nem televisão e era mais
natural saber olhar em volta, fixar a atenção no real). Mas
implica um esforço de sair de si mesmo. Tudo vai passando e
o que é que fica? O que é que ficou para o Zé?
A Aurora fez uma coisa simples então. Fez-se perguntas e foi
(filmando) procurando respostas. Depois mostrou-nos o filme
e alguém se lembrou do avô que durante toda a vida teve um
café e agora vai fechar. Às vezes lembramos, às vezes
esquecemos. Às vezes vemos, às vezes só passamos. E é difícil
olhar de frente para o passado e esquecer o futuro. Tudo vai
passando. As pessoas, as vidas, as imagens passam, e do que
é que nos vamos esquecendo? E o que é que fica?O
E a primeira vez que tenho a oportunidade de
observar a obra de Rafael Calduch, o que, ao acrescentar o
seu já extenso currículo académico como professor no campo
das artes como o reconhecimento internacional da sua obra,
pesa alguma responsabilidade acrescida na análise da mesma.
A sensação que nos desperta as telas de R. Calduch, é o
confronto com um espaço estético que se baseia na
complexidade do trabalho da cor, como em simultâneo, a
percepção de uma linguagem simplificada das formas, que
conduz a uma noção de quadro como um espaço de
vestígios/testemunhos.
Assistimos a uma depuração completa das formas geométricas
de uma arte descritiva ou narrativa, isto é, a uma concepção
do espaço da tela eminentemente estético centrado nas
propriedades da cor, na linha de uma arte abstracta conceptual
que vibra e ganha grande expressividade.
Neste conjunto de telas, há uma formalidade minimalista de
tons e ritmos precisos que revelam uma aturada pesquisa,
como uma gestualidade paulatinamente calculada, como
processo que transcendendo a realidade imediata, evoca de
forma sublime uma ordem de equilíbrios e harmonia ao conjunto
da mancha cromática.
Distanciando-se da imitação da realidade, Rafael Calduch segue
um processo construtivo feito no essencial à superfície por
impressões de cor sem excessos, antes suaves e numa conjugação
de tons que revela uma maturidade pungente, delicada e
sóbria.
É isto que aprecio na obra que agora se apresenta entre nós
pela primeira vez, são as vibrações da mancha de cor, o gesto
calculado e sensível, a pincelada emocional do mestre Rafael
Calduch. O Inaugura hoje às 18h00 na Biblioteca Pública.
Hoje termino aqui uma série de quatro artigos
que tiveram por objectivo despertar algumas consciências para
as doenças urbanas que nos envolvem no nosso dia a dia, para
a necessidade de requalificar a nossa cidade com uma equipa
inter-disciplinar, e para a importância do contributo dos
arquitectos, para os faialenses alcançarem esse objectivo.
Para o leitor mais objectivo, talvez estivesse à espera de
encontrar aqui, a “receita”, com a solução para a requalificação
da nossa cidade da Horta.
Mas, como disse, esse será um trabalho de equipa que urge
fazer, até porque está quase tudo por fazer, para que a cidade
da Horta se adeqúe ao século XXI e às necessidades dos seus
habitantes (residentes e passantes) e de todas as actividades
que nela se desenvolvem.
A cidade da Horta precisa de um trabalho de planeamento
profundo, mas cujos estudos não levam 20 anos de poder, nem
10 anos de Plano de Urbanização, nem sequer os 4 anos de
uma legislatura.
Há que considerar este assunto prioritário, pois esta será uma
estratégia de desenvolvimento que fará a cidade recuperar
muita da pujança das décadas anteriores, que, pouco a pouco,
foi perdendo.
E não arranjemos desculpas para o que não se fez, porque
faltou o Plano de Urbanização, porque faltou o Saneamento
Básico, porque... O que não houve foi empenho, interesse,
capacidade, e, acima de tudo, trabalho de quem teve e
continua a ter os destinos da ilha, e da cidade em particular,
nas suas mãos.
Mãos, de punho fechado, agarradas a um passado, cerradas
contra um futuro que já nos deveria ter entrado pelo porto
ou aeroporto dentro, nesta globalização que por aqui continua
a encontrar grandes entraves, desvios e manobras de diversão,
que nos impedem de sermos felizes.
Se tivéssemos tido o Saneamento Básico há 20 anos, não só
teria sido quase de “borla”, como há muito estaríamos a
usufruir de uma reabilitação urbana.
Se tivéssemos tido uma Marina dimensionada à nossa realidade
Atlântica, há muito que estaríamos a proporcionar melhores
condições de estágio e permanência das tripulações e veleiros.
Se tivéssemos tido condições dignas ao trabalho de excelência
do DOP, hoje estaríamos um passo à frente, não só na
investigação, mas também no ensino e num Centro Tecnológico.
Se tivéssemos tido uma via rápida, 1ª circular ou variante, há
muito que os problemas de trânsito e estacionamento estariam
resolvidos, e a cidade seria das pessoas.
Se tivéssemos tido unidade no Triângulo, hoje, todos nós, os
três, seríamos maiores, mais fortes e resistentes aos golpes
baixos que nos atingem, cada vez mais próximos, na nossa
própria carne.
Se valorizássemos o mar e a nossa vizinhança, hoje, a nossa
marginal seria mais bela, mais atraente e mais receptiva para
quem nos visita e para nós próprios, com um passeio marítimo
digno de uma cidade Mar.
Se tivéssemos tido outros líderes, outras prioridades, outras
opções, hoje teríamos, sem dúvida, uma outra cidade da Horta.
Bastava que, nas encruzilhadas que encontrámos no passado,
e nos momentos próprios, tivéssemos escolhido outros caminhos,
outras soluções técnicas e políticas, que nos levassem a um
futuro melhor, a uma verdadeira Cidade da Horta.
E a prova, nua e crua, é que, se tivéssemos uma verdadeira
cidade da Horta, não estaríamos hoje a reflectir, a discutir e
a nos lastimarmos que não temos estacionamento nem soluções
para o trânsito, não temos um passeio marítimo e áreas
pedonais, não temos um centro histórico vivo e animado.
Soluções técnicas sempre existiram, são fáceis, e nunca faltarão.
O que é difícil é haver vontade em adoptá-las e implementá-
-las, enquanto é tempo.
E nestes novos tempos, em que a globalização avança, e onde
a concorrência é desenfreada, digo-vos que, o tempo é cada
vez mais escasso.
Hortenses, não são só os que aqui nascem, vivem ou trabalham.
São os que sentem, defendem, promovem e sentem a cidade!
A cidade da Horta do futuro, agradece o passado, mas acima
de tudo, continua a viver num presente... adiado! O
Contributos para po.acp@mail.telepac.pt
A escolha da artista desta edição deve-
se a um feliz acaso desta semana, ao reencontro com a obra
de Rita Melo. Nasceu no Porto em 1982. Tem uma obra ainda
muito jovem comparativamente a outros artistas aqui destacados
mas, a meu ver, é merecedora também de surgir perante os
leitores do Fazendo.
Declaradamente próxima de uma cultura pop no âmbito artístico,
daí retira cores para a sua paleta, adereços para as suas
personagens, ironias e críticas sociais que se misturam com
um humor vibrante que transborda desta evidência de corpos
provocantes e de simbologias banais, não só populares como
pessoais. Trabalha a figura humana a partir de fotografias que
a própria tira.
A figuração da artista centra-se num neo-realismo extremamente
aproximado, muitas vezes em perspectivas que chegam a
distorcer a realidade num jogo de cores bastante fortes, de
traços e pinceladas vigorosas que carregam uma energia
contagiante.
Rita Melo licenciou-se em Pintura na Arca, em Coimbra e fez
a pós-graduação na mesma área nas Belas Artes de Lisboa.
Expõe regularmente desde 1999, não só em Portugal mas
também no estrangeiro e está já representada em várias
colecçõesO
Nascida em Roma, Romana Petri é tradutora e
apaixonou-se não só por Portugal, e em particular pelos Açores
- que tem vindo a retratar na sua obra -, mas também pela
língua e pela literatura portuguesa que tem divulgado em Itália
com fervor.
Em O baleeiro dos Montes escolhe como pano de fundo a ilha
das Flores e o seu isolamento para, pela voz da personagem
principal, Vera Mónica, nos confrontar com a solidão dos que,
presos ao mar e à sua ilha, se confrontam com a morte e a
loucura.
Não se trata de um ensaio e as Flores que descobrimos já não
são as de hoje. No entanto, a solidão, o peso da emigração,
o sonho de um El Dorado (ali à mão de semear do outro lado
do mar) ou o silêncio que habita as gentes continuam a ser os
mesmos de outrora.
Vera Mónica que chora o filho morto, Fernanda que se deixa
morrer longe dos seus, a mãe que foge para o Corvo como se
o mar a pudesse apartar do seu sofrimento ou ainda o pai, um
homem que, ao perder o seu ofício, quer fugir ao mar (impossível
quando este está por todo o lado) são algumas das personagens
que iluminam uma ilha dominada pelas intempéries e pelo
isolamento e que nos chegam numa prosa dominada pela
introspecção e pelas vozes femininas.OA escolha da artista desta edição deve-
se a um feliz acaso desta semana, ao reencontro com a obra
de Rita Melo. Nasceu no Porto em 1982. Tem uma obra ainda
muito jovem comparativamente a outros artistas aqui destacados
mas, a meu ver, é merecedora também de surgir perante os
leitores do Fazendo.
Declaradamente próxima de uma cultura pop no âmbito artístico,
daí retira cores para a sua paleta, adereços para as suas
personagens, ironias e críticas sociais que se misturam com
um humor vibrante que transborda desta evidência de corpos
provocantes e de simbologias banais, não só populares como
pessoais. Trabalha a figura humana a partir de fotografias que
a própria tira.
A figuração da artista centra-se num neo-realismo extremamente
aproximado, muitas vezes em perspectivas que chegam a
distorcer a realidade num jogo de cores bastante fortes, de
traços e pinceladas vigorosas que carregam uma energia
contagiante.
Rita Melo licenciou-se em Pintura na Arca, em Coimbra e fez
a pós-graduação na mesma área nas Belas Artes de Lisboa.
Expõe regularmente desde 1999, não só em Portugal mas
também no estrangeiro e está já representada em várias
colecçõesO Se passar pelo Mercado Municipal e entrar pela
porta lateral, em frente à Praça da República, logo na primeira
barraquinha, à direita, aproveite para uma breve pausa.
Aproveite, aliás, se entrar por qualquer outra porta daquele
magnífico espaço público que necessita, apenas, de ganhar
vida nova, respirar a luz e a cor da inovação, usufruir de novas
dinâmicas, quer do ponto de vista da apresentação das
mercadorias, quer do ponto de vista das interacções entre este
espaço, a cidade e as necessidades dos cidadãos.
Aproveite, pois, para entrar na livraria da Vera, percorrer com
os olhos, num primeiro momento, os títulos das obras, folheá-
-las, sentir o odor do papel, da coloração característica do
livro já marcado pelo tempo, pelos dedos, pela energia de
quem o percorreu antes de si. Deixe-se levar pelo encantamento
da descoberta: Chopra? Sartre? Júlio Diniz? Umberto Eco? São
alguns dos autores por onde deambulei, ao acaso, folheando
as páginas, percorrendo fragmentos de sentido, aspirando a
energia do papel e das palavras.
O princípio do livro disponível, acessível ao bolso de cada um,
é bom para esta cidade. É interessante que tenha surgido neste
lugar, o mais aberto e democrático desta cidade. O ponto de
encontro de todos os cidadãos desta pequena polis, irmanados
pelas comuns e prosaicas necessidades estomacais.
Registe: na livraria da Vera pode comprar e vender livros e
vinis, a preço muito acessível. Pode, como lhe disse, respirar
um livro, um autor, uma ideia, escutar uma melodia; antes de
se embrenhar no meio dos afazeres domésticos.
O desafio que se coloca à jovem proprietária: criatividade.
Um mercado é um lugar de poesia, de música, de encontro,
Porque não criar contextos para um café, uma Tertúlia,
acompanhada de um bom verdelho do Pico?O
Este texto dramático surgiu com o objectivo de
criar ou restaurar o teatro nacional. Ao assentar a sua obra no
auto vicentino, Cortes de Júpiter, Garrett ressuscita o pai do
teatro português, Gil Vicente, e segue a sua tradição de
desenvolver uma peça dentro de outra peça. Deste modo, o
enredo constrói-se à volta da representação do auto que foi
apresentado aquando do casamento da Infanta D. Beatriz com
o Duque de Sabóia. Para além da encenação do auto criado
por Gil Vicente, Garrett dá forma a vários conflitos sentimentais
que se entrelaçam em toda a peça. Contactamos, assim, com
um assunto nacional de uma época grandiosa que surge
reforçado pela referência a personagens históricas
verdadeiramente relevantes.O
No mês de Janeiro morreram dois gigantes da
banda desenhada belga: Tibet e Jacques Martin, respectivamente
os pais de Ric Hochet e Alix entre muitos outros personagens
que povoam o imaginário de várias gerações.
Tibet, mais brincalhão e com um traço mais caricatural, brinca
constantemente com as palavras e com as situações imprevistas,
dando vida, por exemplo, a um jornalista/detective, Ric Hochet,
que derrota qualquer criminoso, e a Kid Ordin, um cow-boy
trapalhão que quase enlouquece todos os que o rodeiam mas
que tem um coração de manteiga.
Jacques Martin, que aprendeu com Hergé – o inesquecível
criador de Tintin – o rigor e a importância dos detalhes, prefere
a minúcia e divide-se entre várias séries entre as quais se
destacam o jovem romano Alix, que vive inúmeras aventuras
por todo o império e nos permite descobrir Roma e o seu
quotidiano, e Lefranc, um repórter com uma curiosidade
insaciável que por causa desta se vê constantemente envolvido
em problemas que o levam a percorrer o mundo.
Se ainda não os conhece descubra-os com os seus filhos, se
estes foram alguns dos seus companheiros de infância aproveite
e apresente-os à geração seguinte.O
Quando Diogo de Silves, no início do Século XV,
descobriu o arquipélago dos Açores, encontrou ilhas repletas
de aves e com uma densa vegetação. Com o propósito de as
povoar, foi necessário destruir parte da sua biodiversidade e
introduzir novas espécies, sendo que muitas delas adquiriram
características de invasoras.
No entanto, muito deste precioso mundo natural conseguiu
chegar até aos nossos dias, permitindo-nos imaginar quão belas
seriam as nossas ilhas. De facto, a bio e geodiversidade destas
ilhas são elementos da nossa identidade, herança que exige
uma gestão sustentável, de forma a poder ser observada pelas
próximas gerações.
Assim e para preservar tão precioso tesouro natural, o Governo
dos Açores criou o “Parque Natural de Ilha”, um instrumento
de gestão que integra todas as áreas protegidas de cada ilha,
constituindo, desta forma, a Unidade de Gestão das Áreas
Protegidas. Esta estrutura permite a gestão do território,
orientada para a conservação da bio e geodiversidade bem
como a utilização sustentável dos recursos naturais, de forma
a potenciar o turismo e o bem-estar dos residentes.
A classificação das áreas protegidas dos Parques Naturais de
Ilha assenta num modelo de gestão definido pela International
Union for Conservation of Nature (IUCN).
O Parque Natural do Faial tem 13 áreas protegidas que ocupam
17,5 % da área terrestre, o que corresponde a cerca de 30 Km2
e 189 Km2 de área marítima.
No Parque Natural do Faial, encontram-se habitats únicos no
mundo que albergam exemplares de espécies de fauna e flora
endémicos do património natural dos Açores.O
O garajau-rosado (Sterna dougallii) pesa cerca de
120g, as suas asas têm uma envergadura de cerca de 70cm e
o recorde de longevidade é actualmente de 25.7 anos. São
para muitos açorianos uma espécie de equivalente insular das
andorinhas – um prenúncio da Primavera. Basta observar um
garajau em voo para perceber porque também são conhecidos
como andorinhas-do-mar. Chegam aos Açores no final de Março/
início de Abril e menos de um mês depois começam as posturas
que normalmente têm um ou dois ovos, mas excepcionalmente
podem ter três. Alimentam-se na proximidade das colónias de
nidificação, geralmente num raio de 5 km. Os rituais de
acasalamento incluem oferendas de peixe e pescoços esticados,
bicos a apontar o céu. Machos e fêmeas revezam-se na incubação
dos ovos e, quando as crias eclodem, partilham atarefadamente
a sua alimentação. Ao contrário das restantes espécies de aves
marinhas que nidificam nos Açores, os garajaus não regurgitam
o alimento para as crias, mas antes trazem as presas intactas
nos seus bicos. A frequência de alimentação das crias é bastante
superior à dos procellariiformes (cagarras, paínhos, etc) e
obriga os progenitores a muitas viagens diárias e mergulhos
acrobáticos. Os garajaus alimentam-se sobretudo de pequenos
peixes (chicharros, sardinhas e também peixes de profundidade
como os pais-velhos e os escolarinhos), mas ocasionalmente
capturam pequenas lulas e pequenos camarões. Mas nem só
no mar encontram alimento e, por vezes, alimentam-se de
formigas aladas, pontualmente abundantes em enxames na
proximidade das colónias. Os garajaus não nidificam em buracos,
antes directamente sobre o solo, sendo por isso mais susceptíveis
a predadores e à presença do homem nas colónias. Nos Açores,
possuem diversos predadores; cães, gatos, ratos, furões,
gaivotas, rolas-do-mar, milhafres e até mesmo os pequenos
estorninhos. Para além de predadoras de ovos e crias, as
gaivotas competem também por locais de nidificação. Outros
factores de perturbação incluem a crescente pressão sobre o
litoral e certas actividades recreativas, como a pesca e os
passeios de barco e motas-de-água, que por vezes ocorrem
dentro das Zonas de Protecção Especial. Cerca de metade da
população europeia nidifica nos Açores, distribuída por mais
de 25 colónias espalhadas pelas nove ilhas. Uma noite destas
quando dermos por nós, num passeio pela avenida ou pela
marina, ouviremos novamente o seu canto agitado e inquieto.
Para trás terão deixado o Gana, a Costa do Marfim, o Senegal,
a Libéria, o Brasil...O
(veja também a infografia relacionada, ne secção GATAFUNHOS)
BiblioWebGrafia
AnAge The Animal ageing & Longevity Database
http://genomics.senescence.info/species/ (consulta:
27/01/2010)
Capoulade M, Eaton S, Neves V, Newton S, Schmitt S. Roseate
Tern European Data 2009, dados não publicados.
Neves V (2009). Tern Census Report 2009. Arquivos do DOP,
11 de Fevereiro
Inauguração da Exposição
“A Margem na Margem”
de Rapahael Calduch (pag. 5)
Biblioteca Pública | 18h
Desfile Infantil de Carnaval
“Biodiversidade”Do Mercado Municipal à EBI da Horta | 10h
Exposição de Aguarelasde David Garcia
Casa de chá CASA
Apresentação dos premiados do
Concurso LabJovemCine Teatro Faialense | 19h | (ver crónica)
12 a 14 de Fevereiro
Cinema: “Lua Nova”de Chris Weitz
Cine Teatro Faialense | 21h30
13 de Fevereiro
Baile de Carnavalcom o grupo musical “Rosvira”
Polivalente dos Cedros | 21h30
13 e 14 de Fevereiro
Cinema:
“Artur e a Vingança Maltazard”de Luc Besson
Cine-Teatro Faialense | 17h
14 de Fevereiro
Desfile de fantasias de CarnavalAvenida Unânime Praiense
Praia do Almoxarife | 15h30
Baile de CarnavalGrupo Musical “FeedBack”
Polivalente dos Cedros
Carnaval 2010 FlamengosPolivalente dos Flamengos | 16h
Baile de Carnaval - Tema: AmorGrupo Musical “Onda Jovem”
Castelo Branco Sport Clube | 22h30
15 de Fevreiro
Baile de Carnavalcom o grupo musical “Rosvira”
Polivalente dos Cedros
Baile de CarnavalCastelo Branco Sport Clube | 22h30
16 de Fevereiro
Batalha de ÁguaCastelo Branco | 14h30
Batalha de ÁguaAvenida Unânime Praiense | 14h30
Cinema: “Taking Woodstock”de Ang Lee
Cine Teatro Faialense | 21h30
19 a 21 de Fevereiro
Cinema: “Sherlock Holmes”de Guy Ritchie
Cine Teatro Faialense | 21h30
22 de Fevereiro
152º aniversário da Sociedade
Filarmónica Artista FaialenseHastear da Bandeira e Missa | 08h
Sessão Solene | 20h
Mini-concerto seguido de beberete | 20h45
Conceição
22 a 28 de Fevereiro
Semana Desportiva e Cultural do Capelo
23 de Fevereiro
Cinema: “Ágora”de Alejandro Amenabar
Cine Teatro Faialense | 21h30
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