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ANEXO II – ARTIGOS TÉCNICOS E DIVULGAÇÃO
Artigo publicado na Revista ENOVITIS, 4ª edição de 2009,
Anabela Andrade
Fertilização e gestão do solo
A composição da uva é o resultado de uma complexa interacção entre o potencial genético da variedade e as condições ambientais – clima e solo – nas quais a vinha se desenvolve. Solo, nutrição e fertilização
É a partir do solo, inquestionável recurso da Agricultura, enquanto suporte físico, meio de desenvolvimento das raízes e verdadeira reserva nutritiva das plantas, que a videira efectua, de forma natural e muito discreta, a sua alimentação; Anualmente, ciclo após ciclo, é ao solo que a videira, através do seu sistema radicular, vai buscar, os vários alimentos ou nutrientes de que necessita para o seu crescimento e desenvolvimento.
Logicamente, ano após ano, o solo vitícola sofre aquilo que poderá ser designado de perda de reservas nutritivas. Não obstante haja algumas restituições naturais graças, em particular, às folhas que naturalmente caem ao solo no Outono e aí permanecem mais tarde sob a forma de minerais resultantes da libertação do húmus, a verdade é que tais ofertas poderão não ser suficientes, por forma a garantir uma satisfatória potencialidade nutritiva. Regra geral não o são. Impõe-se então uma compensação de nutrientes, a qual poderá ser feita através de técnicas de manutenção do estado de fertilidade do solo, como a fertilização.
No quadro das necessidades nutritivas da vinha, refira-se que apesar de alguns dos elementos indispensáveis como o azoto, fósforo, potássio, magnésio e cálcio serem requeridos em maiores quantidades, tal não significa que os outros sejam negligenciáveis. De forma alguma! Na realidade, cada nutriente exerce uma função específica no seio da planta e apesar de exigidos em teores diferentes, todos os nutrientes que à luz do conhecimento actual se sabe serem indispensáveis à videira, são fundamentais ao êxito da cultura. Desequilíbrios nutricionais, carências ou toxicidades, passíveis de ocorrer, são de evitar. Mais, estão disponíveis ferramentas que permitem assegurar, com eficácia agronómica e com salvaguarda ambiental, as necessidades anuais da cultura da videira.
A propósito de preservação ambiental, saliente-se que as actuais directrizes que procuram reduzir as agressões ambientais através da racionalização de técnicas de gestão do solo tornam-se extensivas à produção agrícola, a que a cultura da vinha não é alheia. A nível do solo, passam pela prática de fertilizações racionais e de técnicas de manutenção da superfície do solo, como o enrelvamento. O enrelvamento
O revestimento da superfície do solo, ou enrelvamento, afigura-se como um sistema de gestão do solo recomendado em viticultura sustentável, estando contemplado nas Medidas Agro-Ambientais (IDRHa, 2004). Tem como principais objectivos a melhoria da estrutura do solo e da capacidade de retenção de água, a diminuição da erosão e o controlo do vigor da vinha, além de limitar a utilização de herbicidas e de melhorar a transitabilidade das máquinas.
O enrelvamento, consiste em instalar, ou deixar desenvolver temporária ou permanentemente, na totalidade ou em parte da superfície da vinha (todas as entrelinhas ou
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uma entrelinha em cada duas), uma cobertura vegetal. Pode ser permanente ou temporário, realizado com uma única ou várias espécies vegetais, semeadas ou não (flora natural). Exige, quando realizado com espécies semeadas uma escolha rigorosa das melhores espécies a utilizar de modo a minimizar os efeitos negativos do revestimento, devendo as espécies semeadas ser suficientemente concorrentes com a flora adventícia, mas, obviamente, o menos possível com a vinha, quer a nível hídrico, quer mineral: plantas fixadoras de azoto, que tenham afinidade com auxiliares, que sejam resistentes ao calcamento e de ciclo vegetativo adequado, devem ser preferencialmente usadas.
Enrelvamento e alimentação hídrica
No enrelvamento permanente, a superfície do solo vitícola permanece coberta durante todo o ano. No enrelvamento temporário, a cobertura vegetal é destruída, mecânica ou quimicamente. Espontâneo ou semeado, utiliza-se nos casos onde são de esperar situações de stress hídrico na sequência da competição pela água: A destruição precoce do relvado permite manter algumas vantagens do enrelvamento sem os riscos de competição hídrica da flora dos relvados desde que se intervenha a partir do início do ciclo vegetativo da videira.
Em situação alguma, saliente-se, pode ser descurado o facto do enrelvamento conduzir a um maior consumo da água do solo, o que, nalguns casos, pode provocar um stress hídrico indesejável para o bom funcionamento da videira e não permissível da obtenção de uma produção que se pretende de qualidade. Pode-se dizer que em situações ecológicas de déficits hídricos estivais, onde não há possibilidade de rega, a prática do enrelvamento permanente deve ser ponderada, e o enrelvamento temporário, espontâneo ou semeado, com destruição precoce da flora afim de evitar a concorrência hídrica, pode ter lugar.
Enrelvamento e alimentação mineral
Resultados publicados em literatura da especialidade ao atribuirem especial interesse dos relvados na redução do vigor, dos ataques de podridão cinzenta (Botrytis cinerea Pers), da acidez total dos mostos e aumento, por vezes substancial, da apreciação dos vinhos à prova organoléptica, não deixam de associar o revestimento da superfície do solo a estados nutricionais da vinha. De facto, os relvados, na sua competição nutritiva para com a cultura da videira, são passíveis de conduzir a uma diminuição dos teores de azoto (N), precisamente um dos constituintes mais importantes da célula vegetal que, presente nas proteínas, ácidos nucleicos, auxinas, citocininas e clorofila, é vulgarmente referido como o elemento responsável pelo vigor.
A propósito do azoto, saliente-se que as relativamente moderadas necessidades da vinha em azoto, aliadas ao gosto dos viticultores pelas incorporações azotadas conducentes ao aumento da produção, tornam a carência neste elemento um fenómeno de excepcional ocorrência na vinha. Na generalidade, são, pois, mais frequentes situações de excesso de azoto com inerentes reflexos negativos dos pontos de vista quantitativo e qualitativo — excesso de vigor com atraso da paragem de crescimento, da maturação, da desfoliação e do abrolhamento seguinte, aumento da susceptibilidade ao míldio e à podridão cinzenta, redução de antocianas e do teor de açúcares totais.
Ao reduzir o crescimento vegetativo e o vigor da vinha, o enrelvamento induz reflexos favoráveis no microclima do coberto vegetal, nomeadamente no microclima luminoso na zona dos cachos, e assim na composição do bago (aumento da cor e da concentração de antocianas nas castas tintas), e também na sanidade dos cachos (menores focos de Botrytis cinerea Pers). Neste contexto, refira-se que o revestimento da superfície do solo se tem mostrado uma medida cultural interessante nas vinhas com castas muito vigorosas.
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Situação mais frequente nos primeiros anos de enrelvamento, a diminuição de azoto, saliente-se, pode ser mais acentuada nos casos em que o solo é pobre em matéria orgânica e muito permeável. A longo prazo, e na ausência de equilibrada adubação azotada, o enrelvamento pode induzir uma redução do azoto total do mosto e, consequentemente, perturbar a actividade das leveduras durante a fermentação alcoólica. Adições azotadas, aos mostos, podem ser necessárias.
Do ponto de vista nutricional, é de acrescentar que as vinhas em solos relvados são passíveis de mostrar um incremento dos teores de fósforo (P), elemento que considerado a base do metabolismo energético é indispensável à formação das células e, assim, ao crescimento das plantas.
Apesar de as reduzidas necessidades da vinha em fósforo, aliadas à riqueza natural dos solos neste elemento, fazerem da carência em fósforo uma das mais raramente observadas na vinha, a verdade é que ocorrem cada vez mais, entre nós, situações de vinhas com baixos teores foliares em fósforo. Nestas situações, o enrelvamento, enquanto regulador de nutrientes, pode ser interessante.
Ainda do ponto de vista nutricional, convém sublinhar que não raras vezes as vinhas enrelvadas evidenciam uma redução dos teores de magnésio (Mg). Trata-se de um elemento constituinte da molécula da clorofila, desempenhando um papel importante na fotossíntese, dele dependendo a síntese dos açúcares, das proteínas e das vitaminas, merecendo, pois, a nutrição magnesiana especial atenção em vinhas sob revestimento da superfície do solo. Suplementos magnesianos podem ser necessários.
Igualmente, digno de registo, é o facto de as vinhas submetidas a revestimento da superfície do solo mostrarem um aumento dos teores de potássio (K), nutriente frequentemente associado à qualidade das uvas, ao participar no metabolismo dos ácidos orgânicos e dos glúcidos, facilitando a sua migração.
Em suma, e não obstante alguns riscos associados, a utilização dos relvados na vinha mostra-se como uma técnica cultural capaz de manipular o vigor da videira e de permitir uma melhoria sanitária das uvas, entre outros efeitos benéficos. O seu uso deve, todavia, ser judicioso, pois que cada unidade vitícola é um caso particular.
Bibliografia:
A. Andrade, 2006. Carências e toxicidades da vinha. MADRP; D.R.A.B.L.
A. Andrade; A Aires; J. Coutinho, 1998. Ensaio preliminar de revestimento permanente do solo no comportamento da casta Chardonnay na
Região da Bairrada. Vila Real.
IDRHa. 2004. Medidas Agro - ambientais. Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica. Lisboa. 1.ª Edição.
Lopes, C. Monteiro, A. 2005. Enrelvamento da vinha. Revista da APH. 82:(4-8).
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ANEXO II – ARTIGOS TÉCNICOS E DIVULGAÇÃO
ARTIGO PUBLICADO NO SEMANÁRIO “REGIÃO BAIRRADINA”, EM 2009
A produção integrada é “um sistema agrícola de
produção de alimentos de alta qualidade e
outros produtos utilizando os recursos naturais
e os mecanismos de regulação natural, em
substituição de factores prejudiciais ao
ambiente e de modo a assegurar, a longo prazo,
uma agricultura viável “(OILB/SROP (1993)).
De acordo com o manual de 2005 editado pelo
Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento
Rural e das Pescas (ao abrigo dos nos 3,4, 5 e 6
do Art.º 6º da Portaria 65/97 de 28 de Janeiro), a
prática da produção integrada da cultura da
vinha visa a produção de uvas sãs, de boas
características enológicas e organolépticas com
respeito pelas exigências normativas nacionais
e internacionais intrínsecas à qualidade do
produto, segurança alimentar e rastreabilidade,
assegurando simultaneamente, o
desenvolvimento fisiológico equilibrado das
plantas e a preservação do ambiente.
Trata-se de uma produção ecológica ao
respeitar a protecção integrada e ao recorrer a
técnicas culturais vitícolas integradas, desde a
instalação à manutenção da cultura.
A componente protecção encontra-se definida
no manual “Protecção Integrada da Vinha - Lista
dos produtos fitofarmacêuticos; Níveis
económicos de ataque”, emanado pelo
Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento
Rural e das Pescas (ao abrigo dos nos 3 e 4 do
Art.º 6º da Portaria 65/97 de 28 de Janeiro).
Dele constam não somente os critérios para a
escolha de substâncias activas aconselhadas
em protecção integrada, as substâncias activas
homologadas em protecção integrada, as listas
de produtos - substâncias activas e respectivos
produtos comerciais – aconselhados, mas ainda
um Guia de Protecção Integrada da Cultura da
Vinha relativo a pragas e doenças.
A descoberta dos produtos fitofarmacêuticos
orgânicos de síntese marca uma nova etapa nos
métodos de protecção das plantas: de uma luta
particularmente cultural, passa-se a uma luta
química cega, nos anos 50-60. Segue-se depois
a luta química aconselhada caracterizada pelo
facto de a utilização de fitofármacos de largo
espectro ser condicionada pelo Serviço Nacional
de Avisos Agrícolas (SNAA), pela realização de
tratamentos em períodos de risco e também
pela tomada de decisão do agricultor ser
influenciada por técnicos do Serviço de Avisos.
Posteriormente, e no âmbito das Medidas Agro-
Ambientais (Reg. CEE 2078/92) surge a
protecção integrada, um processo de luta contra
os organismos nocivos com recurso a métodos
que satisfaçam as exigências económicas,
ecológicas e ecotoxicológicas e valorizando a
limitação natural dos inimigos naturais, bem
como níveis económicos de ataque (NEA).
Entre as substâncias activas, ao momento não
aconselhadas em protecção integrada,
destacam-se algumas como cipermetrina,
PRODUÇÃO INTEGRADA DA VINHA
Anabela Andrade
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carbaril, deltametrina (classe insecticidas e
acaricidas), carbendazime e tiofanato-metilo
(classe fungicidas).
A vertente técnicas culturais vitícolas integradas,
contempla procedimentos vários a ter em
consideração antes da instalação da vinha, à
plantação e após a entrada em produção.
Decisões inerentes à escolha do local,
preparação do terreno e selecção de cultivares
são dotadas de alguma flexibilidade; Já no
tocante à fertilização de fundo os procedimentos
impregnam de regras definidas, algumas de
carácter obrigatório, como seja a avaliação do
estado de fertilidade do solo e o conhecimento
das suas características físicas e químicas
através da análise de terra, por forma a
empreender-se uma fertilização racional, a qual
até pode passar pela não aplicação de
quaisquer substâncias fertilizantes; A análise
ditará o que fazer.
A plantação em produção integrada obriga à
utilização de material vegetal com passaporte
fitossanitário e proveniente de obtentores
/viveiristas oficialmente autorizados. Os porta-
enxertos devem ser sempre de categoria igual
ou superior a material certificado (etiqueta azul
ou branca); Os garfos a utilizar na enxertia ou
no fabrico de enxertos prontos, devem ser
preferencialmente oriundos de selecção
genética e sanitária, devido às garantias e
ganhos quantitativos e qualitativos que tais
materiais proporcionam.
Após a entrada em plena produção, os
normativos voltam a ser algo exigentes no
domínio da fertilização, sendo obrigatórias as
análise de terra de quatro em quatro anos e a
análise foliar anual. Os fertilizantes, salvo
situações de excepção, devem ser
obrigatoriamente aplicados ao solo.
Técnicas culturais como a manutenção do solo
são algo flexíveis, pese embora o uso de alfaias
como a fresa deva ser evitado, o coberto vegetal
(temporário ou permanente) deva ser
incrementado e o uso de herbicidas deva ser
confinado à linha.
A poda e a forma de condução devem facultar
uma sebe com adequada superfície foliar
exposta, por forma a aumentar a produtividade
fotossintética e, consequentemente, uma maior
acumulação de açúcares no bago. Intervenções
em verde como a desponta e a desfolha são
recomendadas.
Hoje, as orientações que procuram reduzir as
agressões ambientais, através da racionalização
de fitofármacos e fertilizantes, tornam-se
extensivas à produção agrícola com recurso à
prática da produção integrada, a que a cultura
da vinha não é, pois, alheia.
Bibliografia:
MADRP, 2005. Produção Integrada da Cultura da vinha.
Anabela Andrade
PRODUÇÃO INTEGRADA DA VINHA
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ANEXO II – ARTIGOS TÉCNICOS E DIVULGAÇÃO
ARTIGO PUBLICADO NO SEMANÁRIO “REGIÃO BAIRRADINA”, EM 2009
Nas últimas décadas, as mobilizações enquanto
principal técnica de gestão do solo da vinha, foram
complementadas e/ou substituídas pela aplicação
de herbicidas, em particular na linha.
As agressões ambientais decorrentes do uso mais
ou menos generalizado de herbicidas como
contaminação de aquíferos, o aparecimento de
infestantes resistentes aos herbicidas e a selecção
do tipo de flora, têm aconselhado a utilização de
sistemas alternativos de gestão do solo vitícola
capazes de minimizarem tais efeitos.
Neste contexto, o enrelvamento afigura-se como
um sistema de gestão do solo recomendado em
viticultura sustentável, estando contemplado nas
Medidas Agro-Ambientais (IDRHa, 2004).
O enrelvamento consiste em instalar ou deixar
desenvolver temporária ou permanentemente, na
totalidade ou em parte da superfície da vinha (todas
as entrelinhas ou uma entrelinha em cada duas)
uma cobertura vegetal.
Pode ser permanente ou temporário, realizado com
uma única ou várias espécies vegetais, semeadas
ou não (flora residente ou natural).
A usar judiciosamente, pois que cada Unidade
Terroir Vitícola é um caso particular, o
enrelvamento (revestimento) tem associados não
apenas potenciais efeitos benéficos mas também
inconvenientes.
Entre as vantagens mais comuns do revestimento
da vinha salientam-se:
• a redução da erosão do solo e do escorrimento
superficial da água devido aos seus efeitos mais ou
menos directos na intercepção das gotas da chuva,
protegendo desse modo os agregados, no aumento
da infiltração devido à macro e microporosidade
resultante das raízes das espécies da flora e no
aumento da resistência ao escorrimento;
a melhoria da transitabilidade das máquinas agrícolas
em qualquer altura do ano e subsequente facilidade da
mecanização das diversas operações culturais, sobretudo
a pré-poda mecânica, os tratamentos fitossanitários
ENRELVAMENTO DA VINHA
Anabela Andrade
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• após uma chuvada, e até a colheita
mecânica em situação de vindimas chuvosas.
• a redução do crescimento vegetativo e do
vigor da vinha com reflexos favoráveis no
microclima do coberto vegetal, nomeadamente
no microclima luminoso na zona dos cachos, e
assim na composição do bago (aumento da cor
e da concentração de antocianas nas castas
tintas), e também na sanidade dos cachos
(menores focos de Botrytis cinerea Pears.).
• o aumento da biodiversidade com
benefícios para os organismos auxiliares.
Entre os inconvenientes associados ao uso do
revestimento destacam-se:
• a competição da flora dos relvados pelos
recursos hídricos, pelo que em situações
ecológicas de déficits hídricos estivais, onde não
há possibilidade de rega, a prática do
enrelvamento permanente deve ser ponderada
e o enrelvamento temporário, espontâneo ou
semeado, com destruição precoce da flora afim
de evitar a concorrência hídrica, pode ter lugar.
• a diminuição dos teores de azoto em vinhas
relvadas sobretudo à base de gramíneas.
Refira-se que o déficit em azoto, mais frequente
nos primeiros anos de enrelvamento, pode ser
mais acentuado nos casos em que o solo é
pobre em matéria orgânica e muito permeável.
A longo prazo, e na ausência de equilibrada
adubação azotada, o enrelvamento pode induzir
uma redução do azoto total do mosto e,
consequentemente, perturbar a actividade das
leveduras durante a fermentação alcoólica.
Normalmente, nas vinhas com declive
acentuado, sensíveis ao escoamento e erosão e
em solos com textura fina, profundos e com
fortes reservas de água, e ocupados com castas
muito vigorosas, o revestimento parece a ser
uma medida cultural interessante.
De referir que quando se faz o enrelvamento
com espécies semeadas deve proceder-se a
uma escolha rigorosa das melhores espécies a
utilizar de modo a minimizar os efeitos negativos
do relvado: assim, as espécies semeadas
devem ser suficientemente concorrentes com a
flora adventícia mas o menos possível com a
vinha devendo recorrer-se a plantas fixadoras
de azoto, que tenham afinidade com auxiliares,
que sejam resistentes ao calcamento e de ciclo
vegetativo adequado.
Por último, e não obstante impere a
prossecução de trabalhos conducentes à
obtenção de resultados mais robustos, a
utilização dos relvados na vinha mostra-se como
uma técnica cultural capaz de manipular o vigor
da videira e de permitir uma melhoria no estado
sanitário das uvas, entre outros efeitos
benéficos.
Bibliografia:
A. Andrade et al. 1998. Ensaio preliminar de revestimento
permanente do solo no comportamento da casta Chardonnay
na Região da Bairrada. Vila Real.
IDRHa. 2004. Medidas Agro- ambientais . Instituto de
Desenvolvimento Rural e Hidráulica. Lisboa. 1.ª Edição.
Lopes Carlos M. A., 2005: Textos de apoio às aulas; ISA.
Lopes, C. Monteiro, A. 2005. Enrelvamento da vinha. Revista
da APH. 82:(4-8).
FICHA INFORM ATIVA
Anabela Andrade - DRAPC 2009
ENRELVAMENTO DA VINHA
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ANEXO II – ARTIGOS TÉCNICOS E DIVULGAÇÃO
ALTERNATIVAS DE CONDUÇÃO NA CASTA BAGA
Anabela ANDRADE1; Amândio CRUZ3; M. António BATISTA2;
A. DIAS-CARDOSO2; Rogério de CASTRO3 1 DRAP CENTRO (andrade.anabela@gmail.com) 2 CAVES MESSIAS (diascardoso@cavesmessias.pt) 3 INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA (rcastro@isa.utl.pt)
RESUMO
Na casta Baga na Região Demarcada da Bairrada, compararam-se os efeitos do sistema de condução na resposta fisiológica e agronómica durante o ciclo vegetativo de 2007. As variáveis estudadas foram: dois tipos de arquitectura do coberto vegetal (Monoplano Ascendente (MA) vs LYS) e quatro alternativas de monda (M1 – supressão dos ladrões do tronco e braço (sem monda de cachos); M2 – supressão dos ladrões do tronco e braço, com monda, ficando 1 cacho/sarmento ao bago de ervilha; M3 – supressão dos ladrões do tronco e braço, com monda, ficando 1 cacho/sarmento ao pintor e M4 – supressão dos ladrões do tronco e braço, com monda qualitativa a culminar ao pintor).
O sistema LYS, com menores índices de fertilidade e de potencial hídrico foliar de base, indicador de uma menor disponibilidade hídrica na zona radicular, e menores valores de fotossíntese líquida à maturação, originou rendimento similar ao MA.
Os vinhos obtidos no LYS, apresentaram superior teor de TAP, antocianinas e polifenóis e foram organolepticamente mais apreciados.
A monda de cachos provocou redução no rendimento, aumento do peso do cacho, aumento de concentração de açúcares e diminuição da acidez total dos bagos.
Palavras – chave: Baga, sistema de condução, monda de cachos, rendimento, qualidade.
1 - INTRODUÇÃO
A casta Baga, dominante no encepamento tinto da Região da Região da Bairrada, é caracterizada, de um modo geral, por um forte vigor, elevada fertilidade, porte retombante, maturação tardia e grande sensibilidade à podridão cinzenta. Todavia, escasseia a aplicação de conhecimentos já disponíveis, assim como, a prossecução de estudos de consolidação de potencialidades genéticas da casta, de gestão da vegetação e de alternativas de estrutura permanente, aliados, por seu turno, à exigência actual de uma maior sistematização das operações culturais.
O presente trabalho, visou avaliar, durante o ciclo vegetativo de 2007, o efeito de diferentes sistemas de condução, nomeadamente a forma de base ou arquitectura da planta, sobre a ecofisiologia da planta/vinha de Baga, bem como sobre parâmetros do rendimento e da qualidade. As variáveis estudadas do sistema de condução foram a forma de base da planta − Monoplano Ascendente (MA) e Lys (LYS) − e a monda de cachos.
2 - MATERIAL E MÉTODOS
Incidindo sobre a cultivar Baga enxertada em 3309 C (Riparia tomentosa x Rupestris Martin), o estudo foi instalado em Janeiro de 2007, na “Quinta do Valdoeiro” pertencente à empresa Caves Messias, localizada no concelho da Mealhada a 38º 82’ de Latitude Norte e a 9º 17’ de Longitude Oeste. O ensaio integrado na Região Demarcada da Bairrada, numa vinha com de 2,1 ha, com orientação N – S e ligeiro declive, situada a cerca de 50 m de altitude, foi instalada em 1998, com compasso de 2,5 m x 1,25 m (3200 plantas por hectare.
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O solo, argilo-calcário, caracteriza-se por uma textura pesada, um pH (H2O) pouco alcalino, medianamente provido em potássio assimilável, pobre em fósforo assimilável, de elevada capacidade de troca catiónica e de elevado grau de saturação em bases. O clima da região onde se insere a vinha, segundo o balanço hídrico de Thornthwaite, é moderadamente húmido, mesotérmico, de deficiência moderada de água no Verão e medianamente temperado e chuvoso no Inverno (Cruz et al, 2001).
Sob um delineamento em “split-plot”, ensaiaram-se duas formas de condução – Monoplano ascendente (MA) e LYS (LYS) e quatro níveis de monda: M1 – supressão dos ladrões do tronco e braço (monda zero); M2 – supressão dos ladrões do tronco e braço (monda zero) + monda, ficando 1 cacho/sarmento ao bago de ervilha; M3 – supressão dos ladrões do tronco e braço (monda zero) + monda, ficando 1 cacho/sarmento ao pintor e M4 – supressão dos ladrões do tronco e braço (monda zero) + monda qualitativa a culminar ao pintor. A análise dos dados foi efectuada através dos programas Excel e Statistica 6.0: os parâmetros intrínsecos à evolução da maturação foram submetidos a cálculo de médias e respectivo erro padrão; os restantes resultados foram tratados estatisticamente com recurso ao teste de F para a análise de variância, e expressos como não significativos (ns), significativos para p <0,05 (*), p <0,01 (**) e p <0,001 (***). Sempre que a análise revelou diferenças significativas procedeu-se à comparação de médias com base no teste de Duncan e um nível de significância de 0,05.
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 - Potencial hídrico foliar (ΨΨΨΨf)
Em ambas as formas de condução, LYS e MA, o potencial hídrico foliar (Ψf) de base foi naturalmente decrescente do pintor à colheita (Figura 1), traduzindo a redução de disponibilidades hídricas do solo ao longo da maturação das uvas e tomando à vindima valores baixos; em ambas as fases de avaliação, o LYS, evidenciou teores ligeiramente mais baixos que a forma MA. Considerando -0,4 MPa como o valor crítico considerado como uma limitação em termos hídricos à actividade metabólica das plantas (Deloire et al., 2003), constata-se que ao pintor, LYS e MA, com valores de -0,30 e -0,26 MPa, desfrutavam de uma boa disponibilidade hídrica no solo, o que é compreensível face à precipitação ocorrida nos meses anteriores. Tal comportamento não se verificou à maturação em que, não obstante a ocorrência de precipitação em meados de Agosto e, também em Setembro, os valores do potencial hídrico foliar (Ψf) de base do LYS e do MA foram, respectivamente, -0,54 e - 0,46 MPa − valores estes que segundo Ojeda (2001) são, à maturação, coadunáveis com vinhos de qualidade.
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
11-Ago-07 26-Set-07
Po
t. h
ídri
co
(M
Pa
)
LYS MA
Figura 1. – Potencial hídrico foliar (Ψf ) de base, ao pintor e à vindima. Sistemas de condução: LYS e MA. Média ± erro padrão de 8 folhas por modalidade. Casta Baga, Bairrada 2007.
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3.2 - Evolução da maturação e qualidade à vindima
A evolução do TAP (% v/v) por modalidade de condução/nível de monda, consta da Figura 2, dela ressaltando a detenção da maior acumulação de açúcares totais pela forma LYS, independentemente do nível de monda.
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
12
-Ag
o
19
-Ag
o
2-S
et
9-S
et
16
-Set
23
-Set
27
-Set
12
-Ag
o
19
-Ag
o
2-S
et
9-S
et
16
-Set
23
-Set
27
-Set
TA
P (
% V
/V)
M1 M2 M3 M4
MALYS
Figura 2.− Evolução, ao longo da maturação, do TAP, nas formas LYS e MA/nível de monda. Casta Baga, Bairrada, 2007.
Igualmente evidente é a influência do nível de monda, nas duas formas de arquitectura, pois que os valores correspondentes a M1 foram sempre inferiores aos dos restantes níveis de monda, não obstante a sua proximidade com M3 no primeiro controlo, facto compreensível pois que M3 representa a prática de monda exactamente ao pintor.
Das Figuras 3 e 4 sobressai o contributo da forma LYS no aumento do teor de antocianas e de polifenóis totais na ausência de monda, bem como o efeito favorável da monda sobre tais compostos determinantes na cor e sabor dos vinhos tintos.
0
300
600
900
1200
12
-Ag
o
19
-Ag
o
2-S
et
9-S
et
16
-Set
23
-Set
27
-Set
12
-Ag
o
19
-Ag
o
2-S
et
9-S
et
16
-Set
23
-Set
27
-Set
An
tocia
na
s (m
g/l
)
M1 M2 M3 M4
MALYS
Figura 3. − Evolução, ao longo da maturação, do teor de antocianas nas formas LYS e MA/nível de monda. Casta Baga, Bairrada, 2007.
11
0
20
40
60
80
12
-Ag
o
19
-Ag
o
2-S
et
9-S
et
16
-Set
23
-Set
27
-Set
12
-Ag
o
19
-Ag
o
2-S
et
9-S
et
16
-Set
23
-Set
27
-Set
Po
life
nó
is T
ota
is (
DO
28
0n
m)
M1 M2 M3 M4
MALYS
Figura 4. − Evolução, ao longo da maturação, dos polifenóis totais, nas formas LYS e MA/nível de monda. Casta Baga, Bairrada, 2007.
3.2.1 – Características dos mostos e dos vinhos
Os valores constantes do Quadro 1 são o resultado da análise efectuada aos mostos correspondentes às modalidades (8) submetidas a vinificação. Sobressai a diferença entre sistemas de condução (compare-se LYS M1 com MA M1), bem como a tendência da monda para favorecer, em ambos os sistemas e notoriamente no MA, parâmetros como o TAP e a acidez total.
Quadro 1. – Influência do sistema de condução e da supressão de cachos nos parâmetros analíticos do mosto à entrada da adega (28/09/2007). Valores médios por modalidade. Casta Baga, Bairrada, 2007.
Parâmetros
Unidade
Lys M1
Lys M2
Lys M3
Lys M4
MA M1
MA M2
MA M3
MA M4
Acidez total
Ac.tart. (g/L)
5,7
5,5
5,4
5,2
6,2
5,5
5,6
5,4
pH __
3,2
3,23
3,23
3,24
3,15
3,26
3,21
3,26
Açúcar total
g/L
199
214
210,9
217,4
172,4
204,5
201,7
209,9
Ácido málico
g/L
1,9
1,9
1,9
1,8
2,3
2,2
1,9
2,0
Ácido tartárico
g/L
4,6
4,7
4,6
4,5
4,8
4,5
4,4
4,6
TAP % v/v
11,4
12,2
12,0
12,4
9,8
11,7
11,5
12,0
No Quadro 2 estão patentes os resultados das análises dos vinhos efectuadas imediatamente após a primeira trasfega. É notória a concordância com os valores verificados no mosto; e, a variabilidade de alguns parâmetros estará relacionada provavelmente com a própria evolução do mosto após a fermentação.
12
Quadro 2 – Influência do sistema de condução e da supressão de cachos nos parâmetros analíticos do vinho (análise efectuada em Outubro de 2007). Valores médios por modalidade. Casta Baga, Bairrada, 2007.
Parâmetros
Unid
Lys M1
Lys M2
Lys M3
Lys M4
MA M1
MA M2
MA M3
MA M4
Massa volúmica a 20 º g/ml
0,9943
0,9947
0,9944
0,9944
0,9951
0,9941
0,9939
0,9938
TAV a 20 º % vol
11,5
12,6
12,3
12,6
9,9
11,8
11,7
12,3
Acidez volátil Ac acét
(g/L)
0,26
0,27
0,27
0,29
0,27
0,27
0,29
0,3
Acidez total Ac tart
(g/L)
7,7
8,3
8,1
8
7,7
7,7
7,9
7,9
pH …
3,4
3,37
3,38
3,39
3,31
3,44
3,35
3,4
Antocianas mg/L
490
592
549
506
280
444
428
452
Açúcares redutores g/L
2,2
4,4
3,7
4,3
2,4
2,0
2,1
2,2
Extracto seco total g/L
29,4
33,9
32,2
-
26,9
-
29,2
30,8
ÍPT (DO 280 nm)
…
38
43
40
41
25
37
31
36
Ácido málico g/L
2,6
2,7
2,7
2,6
2,5
2,6
2,5
2,7
3.3 - Rendimento e suas componentes
No tocante ao rendimento e suas componentes (Quadro 3), destaca-se que a forma de condução influenciou significativamente o número de cachos à vindima e o peso por cacho: de facto, o LYS, com menores índices de fertilidade, deteve o maior número de cachos/planta, tendo diferido significativamente do MA: 17,2 vs 12,9 cachos/planta, respectivamente.
Quadro 3. - Influência do sistema de condução e da supressão de cachos no rendimento e suas componentes. Valores médios por sistema de condução, modalidade de monda e interacção sistema de condução x monda. Casta Baga, Bairrada, 2007.
Factores Nº cachos/cepa
Produção/ Cepa (Kg)
Peso/cacho (g)
Rendimento (t/ha)
LYS 17,2 4,55 267,6 14,6
MA 12,9 4,28 337,3 13,7
Sig. *** ns *** ns
M1 20,9 a 5,83 a 279,5 b 18,7 a
M2 13,2 b 3,82 b 294,8 b 12,2 b
M3 14,2 b 3,81 b 280,6 b 12,2 b
M4 12,0 c 4,20 b 355,0 a 13,4 b
Sig. * *** ** ***
13
LYS M1 21,2 a 5,22 ab 246,4 b 16,7 ab
LYS M2 15,6 b 3,94 bc 248,4 b 12,6 bc
LYS M3 16,9 ab 4,10 bc 244,1 b 13,1 bc
LYS M4 15,1 bc 4,96 abc 331,6 a 15,9 abc
MA M1 20,7 a 6,44 a 312,7 ab 20,6 a
MA M2 10,8 d 3,71 bc 341,7 a 11,9 bc
MA M3 11,4 cd 3,53 c 317,1 ab 11,3 c
MA M4 8,8 d 3,44 c 378,3 a 11,0 c
Sig. * * * *
Nota: Sig. Nível de significância; ns – não significativo ao nível de 0,05 pelo teste de F; * - significativo ao nível de 0,05; ** - significativo ao nível de 0,01; *** - significativo ao nível de 0,001. Em cada coluna os valores seguidos da mesma letra não diferem significativamente ao nível de 0,05 pelo teste de Duncan.
Contudo, o peso médio do cacho foi menor no LYS e significativamente diferente do peso médio do cacho da forma MA; As produções por planta de ambas as formas, LYS e MA, com valores médios de 4,55 e 4,26 kg, respectivamente, não revelaram diferenças significativas e o rendimento, manifestou igual comportamento, sendo tendencialmente superior no LYS. A monda influenciou significativamente o número de cachos, a produção por planta e o peso por cacho: Concretamente, a M1 (supressão dos ladrões do tronco e braço (sem monda)) com o maior número de cachos por planta (20,9) e a maior produção por planta (5,83 kg) diferiu significativamente das restantes modalidades, sendo de destacar a M4 (supressão dos ladrões do tronco e braço e com monda qualitativa a culminar no pintor) com 12,0 cachos e uma produção de 4,20 kg/cepa. Esta modalidade com um peso por cacho de 355,0 g, diferiu significativamente das restantes as quais, com pesos de 279,5 (M1), 280,6 (M3) e 294,8 g (M2), não diferiram entre si. O maior rendimento verificou-se em M1 que com 18,7 t/ha diferiu das restantes modalidades de monda, sendo estas iguais entre si e com valores oscilando entre 13,4 (M4) e 12,2 (M2 e M3) t/ha.
Os menores rendimentos foram obtidos pelas interacções LYSxM2 (12,6 t/ha), MAxM2 (11,9 t/ha), MAxM3 (11,3 t/ha) e MAxM4 (11,0 t/ha). A modalidade LYSxM4, com 15,9 t/ha, originou um rendimento superior a qualquer das interacções MAxM (com monda).
4 - CONCLUSÕES
O sistema MA produziu bagos menos açucarados e mais ácidos, menos ricos em antocianinas e polifenóis totais, e observaram-se diferenças entre sistemas de condução no tocante aos valores de álcool provável, tendo o LYS originado os maiores valores de TAP (% v/v).
Em ambas as formas de condução, o potencial hídrico foliar (Ψf) de base teve um comportamento decrescente do pintor à colheita, traduzindo a redução de disponibilidades hídricas do solo ao longo da maturação das uvas e tomando à vindima valores conducentes a vinhos de qualidade.
A monda de cachos provocou um menor rendimento, um aumento do peso do cacho, um aumento de concentração de açúcares e uma diminuição da acidez total dos bagos. As interacção LYSxM2 e LYSxM4 originaram o maior valor de TAP, sendo de realçar que o sistema LYS mesmo sem monda (M1) apresentou valores próximos de algumas modalidades mondadas no MA, mas com rendimento bastante superior (ca. 50%).
No terroir específico do ensaio, o LYS, sistema que proporciona elevada SFE, revelou condições ecofisiológicas favoráveis para produções elevadas aliadas a uma boa evolução dos bagos do pintor à vindima, o que indubitavelmente confirma o potencial deste sistema em condições temperadas não devendo ser descurada a sua divulgação como ferramenta na obtenção de melhores resultados vitícolas numa casta que, sendo emblemática da Bairrada, é sobejamente conhecida como problemática.
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5 - REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, A.; ALMEIDA, C.; FRADE, P; RIBEIRO, F.; AIRES, A.; CASTRO, R. (2001) - “Controlo da produção e do vigor pela carga e intervenção em verde cv. Arinto, Bairrada.”, 5º Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo, 23 - 25 de Maio, Évora, Vol. 1., p. 217 – 224.
DELOIRE, A; CARBONNEAU, A.; FEDERSPIEL, B.; OJEDA, H.; WANG, Z.; COSTANZE, P.,2003. La vigne et l’eau. Progrés Agricole et Viticole, 120, 4: 79-90.
DO Ó-MARQUES J. N., 2003. Evolução de alguns parâmetros analíticos ao longo da maturação das uvas nas castas ‘Cabernet Sauvignon’ e ‘Tinta Roriz’ (Região da Estremadura): Influência de diferentes níveis de produção. Rel. Trab. Fim. Curso Eng. Agron., ISA/UTL, Lisboa, 65 pp.
MARÍN, M.J., ARGUETA, M. S., RODRÍGUEZ, A.M., MONAGO, E. M. E DE MIGUEL, C. (2004). Influencia del aclareo de racimos en los frutos delas variedades Syrah y Tempranillo, cultivadas en parcelas inscritas en la D.O. Ribera del Guadiana (Extremadura-Espana). 6º Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo: 38- 45, Évora.
OJEDA, H. (2001). Bases ecophysiologiques et choix tecniques dans la gestion de l’eau dans les vignobles d’Argentine. GESCO XII journées du groupe d’étude des systèmes de conduite de la vigne, Montpellier, France, 1, 75-86.
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