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Informação para autoridades locais e escolas
Ficha Informativa 3 – Políticas Públicas
MOBILIDADE SUSTENTÁVEL NAS ENVOLVENTES ESCOLARES
A campanha Serpente Papa-Léguas – jogo da mobilidade (The Traffic Snake Game, no
original) é uma campanha criada para incentivar as viagens sustentáveis para a escola (a
pé, de bicicleta ou de transportes públicos), que tem como o principal público-alvo alunos
do 1º ciclo do ensino básico e os seus pais / encarregados de educação. A campanha básica
consiste num jogo de duas semanas: as crianças colocam pontos autocolantes num banner
/ cartaz de cada vez que vêm para a escola a pé, de bicicleta, de transportes públicos ou
partilhando o carro com outras crianças. O objetivo do jogo é preencher todo o banner da
Serpente Papa-Léguas com pontos até o final das duas semanas, atingindo a meta
estabelecida pela escola.
Os resultados demonstram que a campanha aumenta com sucesso a utilização de modos de
transporte sustentáveis e reduz as emissões de CO2. Para alargar esta boa prática a toda a
Europa, foi criada a Rede da Serpente Papa-Léguas, que atualmente consiste de Pontos
Focais Nacionais (PFN) em dezanove países europeus.
Esta campanha é a oportunidade perfeita para
implementar medidas focadas na gestão e
planeamento da mobilidade, em benefício das escolas
e das comunidades locais alargadas. Esta ficha
informativa foca-se no que pode ser feito ao nível da
comunidade local. Analisar a localidade onde a escola
se encontra pode significar envolver mais do que uma
escola. Se pretende trabalhar a este nível, deve
envolver os moradores e a comunidade local.
Por quê envolver a comunidade e as diferentes partes interessadas?
O envolvimento de toda a comunidade e das partes interessadas
deve ser sempre parte integral de qualquer processo de mudança
local. Quer esteja a planear uma grande alteração num cruzamento,
por exemplo, ou uma campanha para a comunidade, é importante
ter em conta as opiniões e obter o apoio da comunidade.
Implementar alterações e melhorar o espaço de uma vizinhança só
irá resultar se existir interesse, contribuições e empenho de uma boa
parte dos residentes, porém, geralmente existe um núcleo mais
permanente constituído por três ou quatro pessoas, representantes
dos moradores. Estes serão aqueles que lideram e supervisionam o
projecto, garantindo a sua boa implementação. Muitos outros
residentes estarão disponíveis e interessados, mas acabam por
participar de forma menos ativa.
Muitas vezes, os moradores desenvolvem um sentido muito mais
forte de comunidade à medida que conhecem os seus vizinhos e
trabalham juntos. Desde que as pessoas se apoiem mutuamente,
mesmo as discordâncias que surjam podem contribuir para fortalecer
as relações a longo prazo.
1. TURMA
2. ESCOLA
3. VIZINHANÇA > CIDADE
Ficha informativa 3 – página 1
Um plano passo a passo Passo 1: Criar um grupo de trabalho com todas as partes interessadas
É importante envolver o maior número possível de partes
interessadas (stakeholders) desde o início do processo. Tal irá
fortalecer o apoio da comunidade às medidas e decisões
tomadas. Para desenvolver um pacote de medidas para tornar
as viagens casa-escola mais seguras, saudáveis e
sustentáveis, ao nível da localidade, deverão seguir-se os cinco
passos aqui explicados.
Entre as partes interessadas possíveis temos:
Residentes
Associações de moradores
Associações de pais
Polícia (de trânsito e/ou Escola Segura)
Clubes de desporto locais
Atores na área de educação
Associações de ciclistas, de segurança rodoviária ou
outras
O município (departamentos de mobilidade, educação,
etc.)
Para questões relacionadas com alterações da infraestrutura,
outros departamentos da Câmara podem ter de ser incluídos.
Passo 2: Análise da situação
O passo seguinte é definir onde estão localizadas as áreas
problemáticas na envolvente escolar e nos caminhos casa-
escola utilizados pelos alunos. Em conjunto, cria-se uma
imagem geral do espaço da vizinhança e dos seus pontos
críticos.
Passo 3: Discussão e planeamento
Nesta fase reflete-se sobre as soluções possíveis e desejadas
para os problemas identificados. Há que preparar algumas
questões a serem colocadas e discutidas coletivamente, como:
Pretendemos implementar medidas de redução das
velocidades praticadas?
Queremos criar áreas de estacionamento proibido na
envolvente escolar?
É desejável encorajar as crianças a brincar na rua?
A colocação de mais vegetação e árvores poderiam tornar
o espaço público mais agradável?
A colocação de mais bancos ou de mobiliário urbano
artístico tornaria o espaço mais apelativo?
Discuta e planifique com todas as partes interessadas que
medidas podem ser tomadas, quer a curto prazo (um ano
escolar) quer a longo prazo (vários anos escolares).
Passo 4: Avaliação
Recolha dados para avaliação (quantitativos e qualitativos). Há
que refletir antecipadamente como vai recolher esta
informação e analisá-la. Feito isto, deve fazer-se o seguimento
da situação, agendando outras reuniões para avaliação das
medidas tomadas. Formas de fazer esta avaliação podem
consistir na medição da distribuição modal antes e depois das
medidas, ou na análise e comparação de dados de
sinistralidade locais.
Passo 5: Reavaliação
Com base na avaliação dos resultados deve completar os
passos anteriores novamente para voltar a definir as metas e
os resultados esperados, corrigindo eventuais problemas
detetados.
Residentes
Outros
Associações
de Pais
Polícia
Associações de
moradores
Atores na área da
educação
Organizações
locais
PARTES
INTERESSADAS
Ficha informativa 3 – página 2
Ideias de medidas a tomar
Informação
Informe e envolva a vizinhança no desenvolvimento de
planos de mobilidade escolar.
Disponibilize toda a informação sobre os planos de
mobilidade para a localidade no website do município ou
freguesia.
Informe os cidadãos por carta acerca da organização da
mobilidade na localidade.
Organize uma sessão para informar a comunidade acerca de
como pode adotar hábitos de transporte mais saudáveis e
seguros (a pé e de bicicleta).
Infraestrutura
Implemente zonas 30km/h nas envolventes escolares.
Instale espaços partilhados1 se existir espaço suficiente para
os ciclistas.
Altere as passadeiras existentes ou crie novas onde seja
necessário.
Altere e otimize as zonas de estacionamento, por exemplo,
com a criação das chamas zonas de “Kiss&Ride”2.
Remova obstáculos dos caminhos utilizados por peões e
ciclistas.
Redesenhe as ruas de modo a possibilitar melhor visibilidade
para as crianças.
Garanta uma boa iluminação dos caminhos para a escola.
Aumente os tempos de verde para peões na sinalização
semafórica nas envolventes escolares.
Melhore, no geral, a regulação dos tempos da sinalização
semafórica.
Campanhas
Coloque cartazes, sinais de trânsito improvisados, figuras de
madeira ou de outros materiais, feitos pelas crianças, nas
imediações da escola, pedindo aos condutores para
abrandarem, para terem atenção, para não estacionarem no
passeio, etc.
Transforme temporariamente o espaço de estacionamento
em algo mais atrativo, como um pequeno jardim, um espaço
de recreio, ou zona de descanso.
Promova a criação de passagens para peões e solicite aos
responsáveis locais mais eficiência ao obrigar os condutores
a parar sempre que os peões queiram atravessar a rua.
Implemente uma campanha exigindo uma melhor
manutenção dos passeios: premeie as localidades que
mantenham os seus passeios livres de obstáculos e de
carros mal estacionados, e em boas condições. Solicite ao
município e polícia locais que sejam mais eficazes na
manutenção dos passeios e na luta contra o estacionamento
ilegal.
Promova um desfile de bicicleta.
1 O espaço partilhado é uma abordagem de design urbano que procura minimizar as
demarcações entre o espaço usado pelo tráfego motorizado e os peões ou ciclistas, muitas
vezes através da remoção de caraterísticas como passeios, marcas rodoviárias e sinais de
trânsito.
2 Uma zona de Kiss and Ride é uma área junto à escola onde os pais podem deixar ou ir
buscar as suas crianças.
Organização
Crie pontos de paragem para os carros dos pais, que sejam
facilmente identificáveis. Estes espaços são situados mais
longe da escola para diminuir o congestionamento de trânsito
à volta da escola e melhorar a segurança das crianças.
Organize idas em grupo para a escola, a pé ou de bicicleta,
com adultos e até 7 crianças, que venham da mesma
vizinhança e possam vir juntos (os chamados Pedibus ou
Bikebus).
Ficha informativa 3 – página 3
Como envolver as pessoas?3
Uma estratégia de envolvimento e mobilização eficaz utiliza
diferentes formatos e técnicas (por exemplo, questionários,
entrevistas, grupos de discussão) em diferentes níveis do
processo. Não existe uma “receita infalível” nesta abordagem
para envolvimento das partes interessadas: as formas
utilizadas dependerão dos objectivos, dos grupos a serem
abordados e dos recursos disponíveis.
Para garantir uma mobilização eficaz:
Considere quais os objectivos;
Tenha em conta a contextualização do assunto a ser
discutido (o nível de conhecimento público sobre o
assunto, a sua complexidade, etc.);
Escolha o nível de participação que pretende das partes
interessadas (disseminação de informação é um processo
unilinear, o envolvimento de um parceiro ou parte
interessada é um processo bidirecional, mais complexo);
Tome em consideração os diferentes interesses e
actividades das partes envolvidas;
Considere o envolvimento das partes interessadas em
cada uma das etapas do projecto;
Mais informação?
Descarregue as duas outras fichas informativas – “Mobilidade sustentável na sala de aula” e “ Medidas de gestão da mobilidade para escolas” –
disponíveis no nosso website.
Pode consultar também o “Traffic Snake Game Roadmap”: um guia genérico que descreve como a campanha pode ajudar a promover o
estabelecimento de políticas escolares e de políticas públicas que encorajem a utilização dos transportes públicos, da bicicleta, e o andar a pé
nas viagens casa-escola, tanto ao nível da escola, como ao nível da localidade e da cidade.
Use uma combinação de métodos;
Cumpra com qualquer requisito legal; e
Utilize recursos locais.
A avaliação e o seguimento da mesma devem ser tidos em
especial atenção durante o processo. Para efectivar as suas
medidas de avaliação deve:
Atuar tanto quanto possível sobre os resultados da
consulta dos interessados;
Manter os interessados informados acerca de como os
seus contributos estão a ser usados;
Avaliar tanto o processo como os resultados da consulta
dos interessados; e
Definir os indicadores para a avaliação antes da consulta
das partes interessadas, de forma a permitir a recolha de
toda a informação necessária durante essa consulta.
Aviso Legal
A responsabilidade pelo conteúdo deste documento é dos seus autores. Não reflete necessariamente a opinião da
União Europeia.
O EASME e a Comissão Europeia não são responsáveis por qualquer uso que possa ser feito das informações aqui
contidas.
3 Fonte: Guia CIVITAS sobre consulta das partes interessadas.
Ficha informativa 3 – página 4
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