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Ford Capri em Vila Real - 1971/1986Texto: José Mota F'e'tas: jm.freitas@clix.pt

Fotos: Arquivo ACP/3.ogue E'nesto Meves/José Lino/Manuel Taboada/Facebook

0 Ford Capri foi colocado à venda em 1 969 e teve várias

versões ao longo da sua longa carreira comercial e des-

portiva. Hoje vamos recordar as presenças e as vitórias deFord Capri nos Circuitos de Vila Real, entre 1 971 e 1 986.

EmPortugal, ao contrário do que aconteceu em Angola, o

Ford Capri nunca foi um modelo muito utilizado em compe-tições desportivas. Todos nos recordamos dos bons desem-penhos de Álvaro Parente em provas de Grupo 1 dos anos 70

num carro com mecânica Broadspeed, mas sendo raras as apariçõesde verdadeiros Grupo 2 em posse de pilotos portugueses, salvo oscasos de João Pereira Zagalo e Teixeira da Silva com automóveis tra-zidos de Angola e também de Serafim Martins com um 3000 prepa-rado pelo próprio e no qual foi um assíduo habitante dos lugares detopo na segunda metade da década de 70, início de 80.

No entanto, no início dos anos 70, era frequente a visita de pilotosespanhóis, que vinham equipados com bem preparados Capri deGrupo 2 e a prova de Vila Real era geralmente parte integrante doCampeonato Espanhol. Vamos por isso fazer uma revisão das presen-ças de Ford Capri em Vila Real e ver as classificações obtidas pelosautomóveis produzidos pela Ford Europa.

7977Primeiro ano com a presen-

ça de Capri e logo com umgrande sucesso. Ernesto Nevesestava inscrito na prova deGrupo 1 com um 3000 GT, ver-são produzida em Dagenham(UK) desde Setembro de 1969,enquanto Jorge de Bagrationutilizava um 2600 RS de Grupo2.

O número de inscritos emambas as categorias foi bas-tante baixo nesta edição de 71

e por isso a organização resol-veu juntar as duas provas numasó e, mesmo assim, apenasestiveram à partida 17 concor-rentes. Bagration, que alinhavano Ford Capri do seu cunhadoAlex Soler-Roig, na altura pilo-to oficial da Ford nas provas deTurismo e habitual parceiro doCampeão europeu Dieter Gle-mser, dominou a prova desdeos treinos onde obteve desdelogo o melhor tempo. ErnestoNeves, no carro doTeam Palma(FI-26-36), era um dos favoritosà vitória no Grupo 1, mas teriaque se bater com os BMW 2002Ti, os habituais dominadoresda categoria. Nos treinos ficouem 3 o do Grupo 1 e em 8o dageral.

O príncipe da Geórgia domi-nou a prova de princípio a fimjá que o Escort BDA de Fran-cisco Santos foi um distante

2 o classificado. Ernesto Neves,por sua vez, assenhorou-se docomando entre os Turismos deSérie na 15 a volta e venceu a

sua categoria, sendo o 4 o clas-sificado absoluto. Díga-se, emabono da verdade, que para a

vitória de Nené também contri-buíram os problemas de pneusregistados pelos BMW de Dino,Melville e José Lampreia, queutilizavam as novas Jantes de15 polegadas e não resistiramà longa prova vilarealense. Porisso, em 1969 houve a primeirapresença e primeira vitória dos

Capri em Vila Real.

7 972Mais um grande ano para os

Capri em Vila Real!Desta vez estiveram pre-

sentas na corrida de TurismoEspecial 2 belos exemplares,com Alberto Ruiz Gimenez a

apresentar um antigo carrode Gérard Larrousse (270 CV)e Jaime Mesia conduzindoum antigo carro oficial comcerca de 300 cavalos. Amboseram pilotos de créditos fir-mados, sendo Ruiz Gimenezmais conhecido como pilotode Ralis, já que em 1970 haviasido o campeão espanhol damodalidade ao volante de umPorsche9ll S. Como curiosida-de, diga-se também que RuizGimenez foi um dos primeiros

pilotos a apresentar no seu

carro o famoso "R" da Repsol,

já que em 1 969 já fazia no seu

Lancia HF reclame à petrolífe-ra, na altura ainda denomina-da como "Repesa".

Jaime Mesia, que por seulado não seria tão conheci-do pelos seus bons dotes de

pilotagem mas acima de tudo

pela sua excentricidade, apre-sentava-se habitualmente nas

provas ao volante de um Rolls

RoyceSilverCloudU), mas tam-bém pelo seu título honoríficode "Marquês de Figueroa"...

Os principais adversáriosdos Capri espanhóis, seriamsem dúvida o BMW 2.8 CS

Schnitzer de Nicha Cabral e os

Ford Escort BDA de Rafael Bar-

rios, José Maria de Uriarte e

Domingos Sá Nogueira, este o

carro de Francisco Santos em1971 e que, entretanto, tinhasofrido uma revisão nas ofici-nas de David Wood. Logo nostreinos a "armada" Ford Capriteve a primeira baixa, já que o

carro branco de Ruiz Gimenezpartiu a árvore de carnes e jánão aproveitou o 3o lugar na

grelha, estando ausente da

prova.A prova de Grupo 2 foi sem

dúvida uma corrida anormal.Em primeiro lugar porquefoi disputada quase à noite(terminou às 10 da noite) e

debaixo de uma chuva forte e

nevoeiro. Nicha Cabral estavadoente neste fim-de-sema-na de Vila Real (esteve atéausente na prova de Grupo 1)

e o seu carro estava ainda umbocado maltratado devido aoacidente de Carlos Santos na

Rampa da Sra da Graça, porisso não deu aos seus adver-sários a luta esperada, já queembora comandando a provana 2 a volta abandonou ao fimde três passagens pela meta.Mesia tinha o 2 o tempo nostreinos e partiu à frente, domi-nando na primeira passagem.Da sexta à nona volta coman-dou Domingos Sá Nogueira,brilhante ao volante do Escort

que não conheceria na perfei-ção, mas nesta altura Mesiareassumiu o comando queparecia não poder perder até

ao final, já que Uriarte esta-va muito atrasado e Barriose Nicha já haviam abandona-do. Inesperadamente MárioGonçalves fazia maravilhas ao

volante do seu Austin 1275 GT

e mantinha-se junto ao Capri,chegando mesmo a ultrapas-sá-lo durante a última volta!Mas Mesia colocou as coisasno seu devido lugar e cruzoua meta em I o lugar, dizendono final "que se deixou ultra-passar propositadamente paradar interesse à corrida ..." No

final Mário Gonçalves termi-nou a prova a dois segundosdo Ford Capri do piloto espa-nhol. No mês de Setembroe em prova do campeonatoespanhol disputada no circui-to de Alcaniz, Mesia irá ter umacidente danificando bastan-te o seu Capri em prova ganha

por Ruiz Gimenez.

7973O programa de Vila Real 73

apresentava além da habitual

prova internacional de Sport-Protótipos, competições paraGrupo 1 e para Grupo 2, sendoesta disputada na tarde de Sába-do e a de Grupo 1 no Domingo.

Na prova de Turismo de Sériealinharam dois Ford Capri 3000GT. Um deles (FF-92-15), pilota-do por José Meireles e inscrito

pelo próprio. Era o antigo carrode António Menéres com boas

provas realizadas em 1971. O

2 o era um automóvel idênticoe inscrito pelo concessioná-rio Rodan (BE-97-66), para ser

pilotado por António Santos

Mendonça. O carro fora já con-duzido por António Barros na

Rampa da Penha.

Os principais favoritos à vitó-ria eram sem dúvida os doisChevrolet Camaro de ErnestoNeves e Pêquêpê, sendo a posi-ção de outsiders reservada paraos Alfa Romeo 2000 GTV dosirmãos Sá Nogueira. José Mei-reles tinha um Capri muito bem

preparado e obteve um bom5 o lugar na grelha, mas Santos

Mendonça estreava um motornovo em fase de rodagem e

por isso fez apenas o 1 5 o temponos treinos. O desempenho dos

dois Capri 3000 foi bastantebom, com José Meireles a ser o

4o classificado no final. Santos

Mendonça depois de uma boa

recuperação ocupava, a três vol-

tas do final, o 5 o posto, mas um

grande despiste em Abambres

obrigou à sua desistência e porisso ficou classificado apenas no1 5 o posto. O vencedor da provafoi Pêquêpê, que na última volta

ultrapassou inesperadamenteErnesto Neves.

Na corrida de Grupo 2, quecontava para o campeona-to espanhol, apresentaram-se

vários pilotos do país vizinho,sendo a principal figura de car-taz o Príncipe Jorge de Bagra-tion, de novo ao volante de umFord Capri 2600 RS, provavel-mente o carro ex-fábrica utili-zado por Soler Roig na provade Jarama em 1 972, a última da

sua carreira. Bagration fez logoa pole-position e partiu à frentedos seus compatriotas Barrios e

Uriarte, ambos em Ford Escort- Broadspeed, mas uma ava-ria na embraiagem na 6a volta

provocou uma caixa partida e

um motor partido com a con-

sequente desistência. No final

a vitória sorriu a Domingos Sá

Nogueira, no Alfa Romeo GTA

1300 da Mocar, já que Barriose Uriarte e também Sanz, de

Madrid, no NSU Spiess, todosabandonaram a prova com pro-blemas mecânicos. Por ter reali-zado a melhor volta da corrida,

Jorge de Bagration teve direito à

"Taça Conde da Covilhã". Curio-samente o piloto espano-geor-giano em 2006 decidiu colocarvários dos seus valiosos trofeusnum leilão da empresa Bonha-ms e entre eles figurava a "tal"

Taça Cidade da Covilhã...

7979Após 5 anos de ausência, as

corridas voltaram em 1979 a

Vila Real. Na prova de Grupo1 alinharam três Ford Capri,sendo o grande ausente Álvaro

Parente, o melhor representan-te dos Ford Grupo 1 nos anos 70

mas que em 1969 já não corriaem Capri. Pedro Cabral foi 180nos treinos, Silva Pereira o 1 10

e Jorge Corrêa o 8o classificado

nas qualificações.A prova foi ganha por Pêquêpê

em Opel Commodore GS/Eseguido de Rufino Fontes emcarro idêntico, tendo os Ford

Capri terminado em 7 o - Jorge

Corrêa, 14°- Pedro Cabral e 15°- Silva Pereira, atrasado por terisso à boxe.

A prova do Agrupamento B

(Grupos 2 a 5) tinha 25 voltas e

por isso 175 quilómetros o queobrigava alguns concorrentes a

ter que parar para reabastecer.Foi isso que aconteceu a SerafimMartins no único Ford Capri pre-sente, que depois de ter obtidoa 5" posição nos treinos chegoua ocupar o 4° posto durante a

prova, mas devido a um furo e

não ter porcas para a jante dereserva teve que abandonar. A

vitória na prova coube a RobertGiannone em Porsche 935.

7980A partir desta altura o Cir-

cuito de Vila Real voltava a seranual e em 1980 alinharam 17concorrentes na prova do Agru-pamento A acima de 1300 cc.

Jorge Corrêa foi 6° nos treinose Silva Pereira (BE-97-66) o 130.Na prova o piloto do Capri II nãoteve sorte já que abandonou à

6 a volta como motor gripado,enquanto Silva Pereira (Capri I)fez uma excelente prova coroa-da com um 6 o lugar final. VenceuPêquêpê no Opel CommodoreGS/E seguido do Ford Escort, daForoeste, pilotado por AntónioCarreira.

Na prova do AgrupamentoB (1 e 2) alinharam 29 concor-rentes, entre os quais o Capri3000 de Serafim Martins, cadavez mais competitivo. Depois

de obter um 3 o posto nos trei-nos, Martins fez uma excelenteprova coroada com o 3o lugarfinal atrás do Porsche Aurora deAntónio Barros e do Escort RS

de Jorge Petiz.

1981Na prova do Agrupamento

A 2alinharam 20 concorrentes,entre os quais cinco Ford domodelo Capri!

Inscrito pela Staroup Jeans,Jorge Corrêa parecia o maisbem posicionado para um bomresultado final, e fez jus a essefacto obtendo o 7° tempo nostreinos, Silva Pereira foi lio,Pedro Cabral 1 3 o

, Luís Henriques15° e o piloto local Luís Serôdeo(CS-75-68) o 18°.

No final da prova Corrêa foio 5 o a cortar a meta, mas umasucessão de protestos e con-tra-protestos levou à desclas-sificação de Manuel Fernandes(1°), Pêquêpê (2°) e José Peres(4°), tendo afinal sido declara-da vencedor António Carreira(Ford Escort RS 2000), tendoCorrêa passado para a 2 a posi-ção final. Nos restantes FordCapri 3000, Silva Pereira foi 5 o e

Luís Henriques o 9° classificado.Atendendo à sua regularidade,demonstrada durante toda a

época, Jorge Corrêa acabou porser vice-campeão nacional atrásdo Ford Escort RS 2000 de Fer-nando Gaspar.

Desta vez Serafim Martinsesteve ausente e por isso nãoalinhou nenhum Capri na provado Agrupamento B.

1982A prova dos Agrupamentos

A 2e N 2tinha desta vez ape-nas 12 concorrentes, talvezdevido à aplicação do novoAnexo K que eliminou muitosdos automóveis de Grupo 1

antes existentes.Jorge Corrêa alinhava no

seu "eterno" Capri (BT-35-85),agora preparado segundo as

especificações do Grupo A e

obteve o 4o tempo nos trei-nos, sendo Pedro Cabral o 1 10nas qualificações.

No final da primeira voltada prova, comandava o pilo-to local Manuel Fernandes(Triumph Dolomite Sprint),seguido de José Peres (BMW528 i), Pêquêpê (Opel Com-modore GS/E) e Jorge Corrêa.Na sexta volta Pêquêpê, emluta com José Peres, bate natraseira do BMW, sendo pro-jectado para o rail e ficandocom a carroçaria a roçar nopneu, vindo à boxe. À 13 a

volta, Manuel Fernandes quetinha um avanço de 13 segun-dos em relação aos persegui-dores, pára na pista sem gaso-lina! Na volta seguinte é a vezdo novo comandante, JoséPeres também ficar em panneseca e parar no circuito, omesmo acontecendo a Sandee Castro na 15 a volta!

O grande beneficiado des-tes erros de cálculo será JorgeCorrêa que acabará por ven-cer a prova, deixando na 2aposição o homem da LincuriPedro Cabral. Um "dobradi-nha" inesperada para os doisFord Capri em Vila Real!

1983Este ano a organização do

Clube Automóvel de VilaReal resolveu em boa horajuntar os agrupamentos A

2

e B 1(até 1300 cc), obtendoassim uma grelha de 22 con-correntes. Aos dois habituaisFord Capri de Jorge Corrêa e

Pedro Cabral juntava-se agoraum competitivo Ford Capri3000 "série III" preparado emGrupo A por Danny Snobeck,ao qual se atribuíam cerca de

220 cavalos. O seu piloto eraJosé Gonçalves. Nos treinos omelhor tempo foi obtido peloBMW 528 ido local SidónioCabanelas, enquanto JorgeCorrêa era o melhor entre osCapri com o oitavo tempo.José Gonçalves obteve a 11 a

posição e Pedro Cabral foio 13°. Este último não tevegrande sorte na prova já queabandonou com o motor gri-pado. O melhor entre os Fordfoi novamente Jorge Corrêa,desta vez a obter uma belo4 o posto (3 o entre os A2),atrás de Rufino Fontes (AlfaRomeo GTV6 2500), ManuelFernandes (Triumph Dolo-mite Sprint) e João Baptista(Toyota Starlet). José Gonçal-ves não conseguiu ainda mos-trar a competitividade do seuCapri-Snobeck e quedou-sepela 9 a posição.

Note-se que Jorge Corrêaera, no final desta prova, o2 o no campeonato atrás deRufino Fontes, ocupando José

Gonçalves a 4 a posição.

1984A prova de Grupo A teve

desta vez 28 concorrentes e

um naipe excelente de par-ticipantes. Entre eles salien-tem-se três BMW 635 CSi, doisRover 3500, dois BMW 528i,dois Alfa Romeo GTV6, trêsVW Golf GTi, etc. Havia tam-bém dois Ford Capri 3000, oscarros já conhecidos do anoanterior e reservados a JorgeCorrêa e José Gonçalves, queforam respectivamente 8o e

11° nos treinos cronometra-dos.

Nesta altura e por motivosóbvios, os Ford Capri já nãotinham grandes hipótesescontra os Grupo A da últimageração e por isso apenas a

aposta da regularidade pode-ria trazer alguns frutos aosseus pilotos. E foi isso queaconteceu, já que no finalda prova Jorge Corrêa foi 4oclassificado e José Gonçalveso 5 0

, atrás de Sidónio Caba-nelas (BMW), Pedro Meireles(Rover) e Gonçalo Figueiredo

(BMW).Saliente-se que foi neste ano

que se verificou o terrível aci-dente na volta de aquecimentoentre Jorge Petiz (BMW) e Chris-tian Melville (Alfa Romeo) com

graves consequência materiaise especialmente a morte de um

espectador e ferimentos emoutros.

7985A partir desta altura vão rarear

cada vez mais as presenças deFord Capri nas provas nacio-nais. No Circuito de Vila Real de85 apenas podemos encontrarCarlos Silva ao volante de umCapri.

Na prova de Grupo A em quealinharam 16 concorrentes, fezo 1 1 ° tempo nos treinos e termi-nou a prova na mesma posição.Diga-se, no entanto, que ocu-pava o 9 o lugar, tendo baixadoduas posições devido a proble-mas de motor. O vencedor da

prova foi António Rodrigues emVolvo 240 Turbo.

7986Neste ano e pela última vez

um Ford Capri alinhou em pro-vas no Circuito de Vila Real, istoobviamente antes da chegadados Clássicos na nova versão doCircuito em 2007. Carlos Silvaalinhou novamente na provade Grupo A, tendo nos treinosobtido o 10° e último tempoentre os concorrentes presen-tes. A sua presença em provatambém não foi nada feliz jáque abandonou na 2 a volta como motor do Ford Capri a falhar.O vencedor de prova foi, comono ano anterior, António Rodri-

gues e o seu Volvo, que assim se

sagraram desde logo campeõesnacionais do agrupamento.

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