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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
FREQUÊNCIA DE COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA
TRANSTORNOS ALIMENTARES ENTRE UNIVERSITÁRIOS
ISABELA PRADO MARTINS
Cuiabá-MT, setembro de 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
FREQUÊNCIA DE COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA
TRANSTORNOS ALIMENTARES ENTRE UNIVERSITÁRIOS
ISABELA PRADO MARTINS
Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de
Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso
como parte dos requisitos exigidos para obtenção
do título de Bacharel em Nutrição, sob orientação
da professora Ma. Ana Paula Alves de Souza.
Cuiabá-MT, setembro de 2018
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
P896f Prado Martins, Isabela.
Frequência de comportamentos de risco para transtornos alimentares entre universitários / Isabela Prado Martins. -- 2018
56 f. ; 30 cm.
Orientador: Ana Paula Alves de Souza.
TCC (graduação em Nutrição) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Nutrição, Cuiabá, 2018.
Inclui bibliografia.
1. Comportamento alimentar. 2. Saúde do estudante. 3. Grupos de risco. 4. Transtornos da alimentação e da ingestão de alimentos. I. Título.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO
FREQUÊNCIA DE COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA
TRANSTORNOS ALIMENTARES ENTRE UNIVERSITÁRIOS
ISABELA PRADO MARTINS
Orientadora:
Profa. Ma. Ana Paula Alves de Souza
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA
JULGADO EM: 04 de setembro de 2018
AGRADECIMENTOS
Agradecer é o entendimento de ser grato a algo que a vida nos dá, sendo ele bom ou ruim, de
conquistas ou desafios.
Agradeço a Deus, Àquele que permite que todas as coisas se concretizem.
À minha mãe e irmãs que me ampararam em todos os momentos e contribuíram com meus
estudos e sonhos.
Ao meu namorado pelo carinho, apoio e incentivo para a realização deste trabalho.
Às amizades que conquistei e levo para a vida.
À minha orientadora Ana Paula Alves de Souza, pelo suporte e paciência durante toda a
execução deste trabalho.
Aos professores que colaboraram com tamanho conhecimento e experiências durante toda a
graduação.
“Your body is not an ornament, it’s the
vehicle to your dreams.”
Taryn Brumfitt
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12
2.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 12
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 12
3. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 13
3.1. COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES
ENTRE ADOLESCENTES .................................................................................................. 13
3.2. CONCEITO, FATORES DE RISCO E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DOS
TRANSTORNOS ALIMENTARES .................................................................................... 14
3.3. TRANSTORNOS ALIMENTARES ENTRE UNIVERSITÁRIOS ......................... 20
4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 30
4.1. TIPO, LOCAL E POPULAÇÃO DE ESTUDO ........................................................ 30
4.2. COLETA DE DADOS ............................................................................................... 31
4.3. VARIÁVEIS DO ESTUDO E PROCEDIMENTOS DE AFERIÇÃO ..................... 31
4.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................ 32
4.5. ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................ 32
5. RESULTADOS .................................................................................................................. 34
6. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 36
7. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 41
ANEXOS ................................................................................................................................. 51
ANEXO 1 - Questionário simplificado para triagem de adolescentes com comportamentos
de risco para transtornos alimentares em estudos epidemiológicos. .................................... 51
ANEXO 2 - Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa. ............................. 52
ANEXO 3 - Termo de consentimento livre e esclarecido. ................................................... 54
RESUMO
MARTINS, I. P. Frequência de comportamentos de risco para transtornos alimentares entre universitários.
Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Nutrição) - Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Mato
Grosso, Cuiabá, 2018.
Introdução: O ingresso na universidade pode desencadear mudanças no estilo de vida dos estudantes, incluindo a
adoção de condutas negativas relacionadas à alimentação. Objetivo: Identificar a frequência de comportamentos
de risco para transtornos alimentares (TA) entre universitários e fatores associados. Métodos: Estudo transversal,
realizado com 1.038 estudantes de uma Universidade Púbica de Cuiabá-MT, com idade entre 16 e 25 anos. Para
coleta de dados, foi utilizado questionário de autopreenchimento e aferição de medidas antropométricas. Foram
calculadas as distribuições de frequências observadas (%) e utilizado o teste do qui-quadrado, considerando o nível
de significância de 5%, para avaliar associação dos comportamentos de risco de TA com as variáveis
independentes. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Muller
da Universidade Federal de Mato Grosso, sob o parecer nº 1.006.048, de 31 de março de 2015. Resultados: Dentre
os participantes, 50,96% eram do sexo masculino, 78,8% tinham idade entre 16 a 19 anos, 40,2% se declararam
de cor da pele branca, 69,5% residiam com os pais ou parentes e 48,5% eram da classe econômica B. O excesso
de peso foi observado em 23,4% dos estudantes. A frequência de comportamentos de risco para TA foi de 18,4%,
sendo maior entre as mulheres (26,7 vs. 10,4%; p<0,01), e entre aqueles que apresentaram excesso de peso (30,0
vs. 14,9%; p<0,01). Conclusão: A frequência de comportamentos risco para TA foi elevada entre os universitários,
sendo maior entre as mulheres e em indivíduos com excesso de peso.
PALAVRAS-CHAVE: Comportamento alimentar; Saúde do estudante; Grupos de risco; Transtornos da
alimentação e da ingestão de alimentos.
ABSTRACT
MARTINS, I. P. Frequency of risk behaviors for eating disorders among university students. Completion of
course work. College of nutrition – UFMT, 2018.
Introduction: Admission to university can trigger changes in students' lifestyles, including the adoption of negative
behaviors related to eating. Objective: To identify the frequency of risk behaviors for eating disorders (ED) among
university students and associated factors. Methods: A cross-sectional study was carried out with 1,038 students
from a Public University of Cuiabá-MT, aged between 16 and 25 years. To collect data, a self-filling questionnaire
and anthropometric measurements were used. The observed frequency distributions (%) were calculated and the
chi-square test was used, considering the significance level of 5%, to evaluate the association of the ED risk
behaviors with the independent variables. The project was approved by the Research Ethics Committee of the Júlio
Muller University Hospital of the Federal University of Mato Grosso, under the nº 1,006,048, dated March 31,
2015. Results: Among the participants, 50.96% were males, 78.8% were aged between 16 and 19 years old, 40.2%
declared themselves white-skinned, 69.5% lived with their parents or relatives and 48.5% were from social class
B. Excess weight was observed in 23.4% of the students. The frequency of risk behaviors for ED was 18.4%,
higher among women (26.7 vs. 10.4%, p <0.01), and among those who were overweight (30.0% vs. 14.9%, p
<0.01). Conclusion: The frequency of risk behaviors for ED was high among college students, being higher among
women and in overweight individuals.
KEY WORDS: Food behavior; Student health; Risk groups; Eating disorders.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadros: Pg
Quadro 1 - Fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos
alimentares.
15
Quadro 2 - Estudos internacionais que avaliaram transtornos alimentares
entre universitários.
22
Quadro 3 - Estudos nacionais que avaliaram transtornos alimentares entre
universitários.
27
Tabelas:
Tabela 1 - Distribuição da população de estudo segundo características
sociodemográficas, econômicas e de saúde – Cuiabá/MT, 2018 (n= 1.038).
34
Tabela 2 - Frequência de comportamentos de risco para transtornos
alimentares entre universitários, segundo as variáveis sociodemográficas,
econômicas e de saúde – Cuiabá/MT, 2018 (n= 1.038).
35
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AN - Anorexia Nervosa
ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
APA - American Psychiatric Association
BITE - Teste de Investigação Bulímica de Edimburgo
BN - Bulimia Nervosa
CID - Código Internacional de Doenças
DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
EAT-26 - Teste de Atitudes Alimentares
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS - Organização Mundial de Saúde
PPP - Percepção de Problemas de Peso
SCOFF - Sick, Control, One Stone, Fat, Food
TA - Transtornos Alimentares
TCAP - Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica
10
1. INTRODUÇÃO
Os Transtornos Alimentares (TA) estão se tornando cada vez mais o centro da atenção
dos profissionais de saúde por apresentarem significativo prejuízo pessoal e social,
principalmente entre os jovens. Estes transtornos destacam-se pela alta frequência de
morbidade e mortalidade, e são caracterizados por distúrbios severos no comportamento
alimentar (PINZON e NOGUEIRA, 2004).
Os comportamentos de risco para TA podem ser definidos como a prática de dietas
restritivas ou jejuns prolongados, episódios de compulsão alimentar e o uso de mecanismos
compensatórios como laxantes, diuréticos e vômitos autoinduzidos com a finalidade de evitar
o ganho de peso (FERREIRA e VEIGA, 2008). Esses comportamentos têm sido considerados
precursores para o desenvolvimento de quadros completos de TA (KELLY et al., 2005).
Dentre os TA, os mais comuns são a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN).
DAHLGREN et al. (2017) mostraram em uma revisão sistemática sobre prevalência de TA,
que incluiu estudos envolvendo indivíduos com idade entre 11 e 96 anos, uma variação da
prevalência de AN entre mulheres de 0,67% a 1,2% e, entre os homens, a prevalência
encontrada foi de 0,1%, visto que, apenas um estudo incluiu indivíduos do sexo masculino. Para
BN a prevalência foi de 0,59% a 0,6% entre mulheres. Não constam dados de prevalência de
BN para homens no estudo.
O aumento na ocorrência dos TA coincide com uma conjuntura social marcada pela
ênfase na magreza feminina, tornando a obesidade uma condição altamente estigmatizada e
rejeitada. O corpo magro passou a ser visto como uma expressão de atração sexual, associado
à beleza, sucesso e à felicidade e, como consequência disso, condutas negativas relacionadas à
alimentação têm aumentado, como por exemplo, dietas excessivas e uso de outros meios não
saudáveis para regulação do peso, em busca do corpo “ideal” que muitas vezes é incompatível
com as variantes individuais (KILLEN et al., 1993; SAIKALI et al., 2004; NUNES, 2012).
Adolescentes e adultos jovens, quando ingressam na universidade podem ser
influenciados por diversos fatores como novas relações sociais, estresse, instabilidade
psicossocial, modismos dietéticos, omissão de refeições, aumento do consumo de fast foods,
consumo excessivo de bebida alcoólica e tabaco. Este, muitas vezes é o primeiro momento em
que se responsabilizarão por sua moradia, alimentação e gestão de finanças (FIATES e
SALLES, 2001; VIEIRA et al., 2002).
Além disso, no período da adolescência, o indivíduo passa por importantes
transformações físicas, fisiológicas e psicossociais, o que contribui para o aumento da
11
vulnerabilidade nesse grupo populacional (ENES e SLATER, 2010). O ato de restringir
alimentos tem início geralmente nesta fase, em resposta a uma má aceitação das mudanças
corporais, principalmente do peso, associado a fatores psicológicos individuais e familiares e
ao forte apelo sociocultural do culto à magreza, podendo gerar algum tipo de distúrbio alimentar
(DUNKER e PHILIPPI, 2003; ANDRADE e SANTOS, 2009).
Dessa forma, os TA estão intimamente relacionados ao modo como o indivíduo vivencia
seu corpo e constrói sua imagem corporal na passagem da adolescência (ANDRADE e
SANTOS, 2009). A preocupação com o peso e a imagem corporal é cada vez mais frequente
nessa faixa etária, sendo a insatisfação corporal um dos principais fatores para o
desencadeamento de comportamentos de risco para TA entre adolescentes (BUTRYN e
WADDEN, 2005).
Nesse contexto, considera-se relevante avaliar os comportamentos de risco para o
desenvolvimento de TA entre estudantes universitários, uma vez que, os períodos da
adolescência e vida acadêmica estão sujeitos a diversas mudanças sociais, culturais e
comportamentais, inclusive relacionadas com significantes alterações nos hábitos alimentares,
que podem induzir ao surgimento desses distúrbios e determinados problemas de saúde, e em
longo prazo podem comprometer a qualidade de vida desse grupo.
Portanto, este estudo visa contribuir para o conhecimento sobre os comportamentos de
risco e os fatores associados para TA entre os estudantes universitários. Vale ressaltar que, o
acompanhamento dos estudantes nessa fase da vida pode prevenir possíveis transtornos e ser
um incentivo à criação de programas de prevenção aos TA dentro da universidade.
12
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
• Identificar a frequência de comportamentos de risco para transtornos alimentares entre
universitários e fatores associados.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Estimar a frequência de comportamentos de risco para transtornos alimentares entre
universitários;
• Identificar fatores associados aos comportamentos de risco para transtornos alimentares.
13
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1. COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES
ENTRE ADOLESCENTES
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência compreende a faixa
etária de 10 a 19 anos de idade e considera que a juventude se estende dos 15 aos 24 anos
(WHO, 1986; BRASIL, 2007). No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
considera criança o indivíduo com idade até 12 anos incompletos e define a adolescência como
a faixa etária de 12 a 18 anos de idade (BRASIL, 1990).
A adolescência é considerada um período de transição entre a infância e a vida adulta,
e nessa fase ocorrem muitas transformações biológicas e psíquicas, gerando diversas
inquietudes ao indivíduo. Esse período é marcado pela emergência da sexualidade e a
dificuldade em estabelecer a própria identidade (MANTOANELLI et al., 1997; SILVA et al.,
2014). Além disso, é caracterizada pelo desenvolvimento e definição de sua autoimagem, estilo
de vida e de reajuste à vida social, familiar e escolar, a fim de se tornar um adulto socialmente
aceito (GAMBARDELLA, 1995; MANTOANELLI et al., 1997).
Neste período, a alimentação representa um papel fundamental para o bom
desenvolvimento do indivíduo. A formação dos hábitos alimentares se inicia na infância e se
define na adolescência permanecendo na vida adulta (SILVA et al., 2014). Assim, a influência
do meio em que o indivíduo está inserido é primordial para a formação de seu caráter,
pensamentos e hábitos, inclusive alimentares. Na adolescência, também é comum condutas
negativas relacionadas à alimentação, podendo ocasionar problemas de saúde como obesidade
e os TA (CARMO et al., 2014; SILVA et al., 2014).
Dentre os fatores relacionados ao desencadeamento destes hábitos alimentares
inadequados nessa faixa etária estão: a insatisfação corporal, caracterizada pelo desgosto
profundo ao corpo (SCHERER et al., 2010; ALVARENGA et al., 2011; SCHAAL et al., 2011);
prática extenuante de atividade física (TEIXEIRA et al., 2011); estado nutricional inadequado
(PELEGRINI e PETROSKI, 2010); adiposidade elevada (MARTINS et al., 2010); pertencer à
etnia branca (SAMPEI et al., 2009); classe econômica elevada (VALE et al., 2011).
FORTES et al. (2015), em estudo conduzido com adolescentes do sexo feminino
encontraram que as jovens com baixa autoestima estiveram mais propensas a comportamentos
bulímicos; as insatisfeitas com seus corpos apresentaram predisposição a restrições alimentares
14
e comportamentos compulsivos e purgativos; e as que mais internalizavam o ideal de magreza
eram mais vulneráveis à dieta, bulimia e autocontrole oral.
Com relação aos homens, LAVENDER et al. (2010), em estudo realizado com
estudantes do sexo masculino de uma universidade localizada em Boston (EUA), mostraram
que a restrição alimentar e a prática extenuante de atividade física podem ser interpretadas como
o ideal de corpo masculino, através do baixo percentual de gordura e da alta quantidade de
massa muscular.
Em geral, devido a essa preocupação excessiva com o peso corporal e insatisfação com
a própria imagem, muitos adotam comportamentos alimentares anormais e práticas inadequadas
de controle de peso, como o uso de diuréticos, laxantes, autoindução de vômitos e prática de
atividade física extenuante, produzindo um campo fértil para o desenvolvimento desses
transtornos (SIMAS e GUIMARÃES, 2002; ROMARO e ITOKAZU, 2002; FERREIRA e
VEIGA, 2008; SCHAAL et al., 2011; CARMO et al., 2014; NICE, 2017).
Ademais, a sociedade ocidental contemporânea vive sob o ideal de magreza e da boa
forma física, impostos pela mídia que transmite esses padrões estéticos, especialmente para as
mulheres, nas quais a aparência física representa uma importante medida de valor (SIMAS e
GUIMARÃES, 2002; CARMO et al., 2014). Além disso, o comportamento alimentar feminino
é muitas vezes influenciado pelo símbolo de poder e de beleza que as mulheres acreditam que
a dieta restritiva pode trazer (MAGALHÃES e MENDONÇA, 2005).
Assim, a prevalência destes comportamentos de risco tem se mostrado mais elevada
entre adolescentes do sexo feminino, que buscam o ideal de magreza pela insatisfação corporal
e que muitas vezes é inatingível, sendo uma impossibilidade biológica para a maioria das
mulheres (SIMAS e GUIMARÃES, 2002; BIGHETTI et al., 2004; ALVES et al., 2008;
FORTES et al., 2013a; FORTES et al., 2013b; CARMO et al., 2014; NICE, 2017).
Alguns estudos demonstram que nos últimos anos a ocorrência desses comportamentos
tem sido encontrada em idade cada vez mais precoce, apresentando casos no início da infância
(SAITO e SILVA, 2001; ALVES et al., 2008; SCHERER et al., 2010).
3.2. CONCEITO, FATORES DE RISCO E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DOS
TRANSTORNOS ALIMENTARES
Os TA e seus critérios diagnósticos têm sido amplamente estudados nos últimos 30 anos
e, apesar de estarem ligados à atualidade, a sintomatologia destes transtornos está relacionada
15
a vários fatores através da história, não devendo ser considerados distúrbios contemporâneos
(BALDAM et al., 2008).
Nesse contexto, o primeiro episódio de anorexia a ser descrito, ocorreu durante a Idade
Média, com a “falta de apetite milagrosa” ligada à purificação espiritual e não visando a
magreza; era uma forma de penitência, demonstração de perfeccionismo, moral e rigidez
(DELL’OSSO et al., 2016).
Somente no final do século XIX, surgiram definições para AN, por William Gull,
passando a ser considerada um transtorno psicológico devido à autoimposição de recusa
alimentar e condução à magreza. Entre os anos de 1950 a 1960, esse transtorno foi conceituado
como uma reação psicofisiológica e o primeiro a ser inserido no Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders (DSM) (DELL’OSSO et al., 2016).
Em 1979, Russel foi o primeiro a definir a BN e a distingui-la da AN. Sendo uma de
suas práticas o vômito autoinduzido, conduta muito antiga e que pode ser encontrada em
diferentes povos da antiguidade. No Egito, por exemplo, acreditava-se que o vômito e o uso de
purgativos eram bons, visto que “todas as doenças dos homens eram oriundas da comida”. Ritos
semelhantes eram compartilhados entre outros povos e suas crenças, como gregos e romanos
(CORDÁS e CLAUDINO, 2002). A BN é considerada um transtorno específico desde 1980
com a publicação do DSM-III (ROMARO e ITOKAZU, 2002).
Nos anos 50 também foi descrito pela primeira vez o transtorno da compulsão alimentar
periódica (TCAP) por Stunkard (1959), porém, só foi incluído no Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders em 1994, na quarta edição DSM-IV (APA, 1994).
Os TA são definidos como distúrbios caracterizados por uma perturbação persistente na
alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação, que resulta no consumo ou na
absorção alterada de alimentos e que compromete significativamente a saúde física ou o
funcionamento psicossocial (APA, 2013). São síndromes comportamentais de etiologia
multifatorial, relacionada a uma combinação de anormalidades biológicas, psicológicas e/ou
ambientais que contribuem para o seu desenvolvimento e, frequentemente considerados
quadros clínicos relacionados à modernidade (CLAUDINO e BORGES, 2002; CORDÁS e
CLAUDINO, 2002; MORGAN et al., 2002; EISENBERG et al., 2011).
Atualmente, na quinta edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
– DSM-V referente às perturbações no comportamento alimentar, são descritos critérios
diagnósticos para pica, transtorno de ruminação, transtorno alimentar restritivo/evitativo,
anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar, outro transtorno
alimentar especificado e transtorno alimentar não especificado (APA, 2013).
16
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de TA podem ser observados no
Quadro 1.
Quadro 1 - Fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.
Fatores gerais e sociais
Gênero
Raça / etnia
Participação na subcultura social ou profissional relacionada ao peso (dançarina, modelo,
atleta, ginastas)
Orientação do papel sexual; para homens: homossexualidade
Fatores familiares
Obesidade Parental
Psicopatologia parental
Interação familiar / estilo de comunicação, emoção expressa
Fatores de desenvolvimento
Idade adolescente
Obesidade pré-mórbida, maior índice de massa corporal
Comer exigente na infância, comer problematizado, pica
Alimentação infantil e problemas digestivos
Comentários arrogantes / críticos sobre peso e forma
Maturação puberal precoce
Transtornos de ansiedade na infância
Eventos adversos da vida
Abuso sexual ou físico e outros eventos de vida estressantes ou adversos
Fatores psicológicos e comportamentais
Fazer dieta, comer contido, excesso de preocupação com peso e forma, insatisfação corporal/
imagem negativa do corpo, exercícios de alta intensidade visando magreza
Baixa percepção interoceptiva e baixa autoestima
Perfeccionismo, obsessividade-compulsiva
Transtorno obsessivo-compulsivo, depressão, transtornos de ansiedade, abuso de substâncias
e/ou álcool, instabilidade afetiva
Estilo de apego
Autoconsciência
Exercício de alto nível
Fatores Biológicos
Fatores genéticos
Perturbações neuroendócrinas e metabólicas
Mudanças na densidade do receptor
Alterações eletroencefalográficas
Mudanças na regulação da fome e saciedade
Fonte: JACOBI et al., 2004.
O indivíduo que desenvolve algum tipo de TA é permeado de múltiplos sentimentos e
ideias, ora de características negativas, ora positivas. Os mais comuns, são: solidão, medo,
culpa, raiva, tristeza, autocontrole e poder. Nesse contexto, a comida em estados emocionais
positivos também é gatilho para a compulsão alimentar; comer passa a ser uma forma de
17
intensificar os sentimentos positivos, causar excitação e celebrar os bons momentos
(ESPÍNDOLA e BLAY, 2006).
Dentre os transtornos psiquiátricos, os distúrbios alimentares estão relacionados com
elevada morbidade e com maior taxa de mortalidade (STICE e RAGAN, 2002; CORDÁS,
2004), sendo que indivíduos com distúrbios alimentares têm um índice de mortalidade doze
vezes maior comparado com indivíduos da mesma faixa etária que não apresentam esses
problemas, e duas vezes maior do que pessoas portadoras de outros transtornos psiquiátricos
(ANDRADE et al., 2006).
O diagnóstico de TA tem critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), no Código Internacional de Doenças (CID) e pela Associação de Psiquiatria Americana
(APA), no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) (ARAÚJO e NETO,
2014).
Diante disso, a AN é caracterizada por uma recusa alimentar deliberada com o intuito
de emagrecer ou por um inexplicável medo de engordar ou de tornar-se obeso, visto que em
casos mais graves apresentam real perda de apetite, e a supervalorização da imagem corporal,
gerando uma distorção de imagem do próprio corpo (SAIKALI et al., 2004; APA, 2013).
Os critérios diagnósticos para AN são: restrição da ingestão calórica em relação às
necessidades levando a uma perda de peso significativa, medo intenso de ganhar peso ou de
engordar e perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciadas ou
ausência persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual (APA, 2013).
Os fatores de risco associados à AN são de origem ambiental, como ocupações e
trabalhos que incentivem e valorizem a magreza, como por exemplo, bailarinas e modelos,
culturas e contextos. Além disso, fatores temperamentais, como indivíduos que desenvolvem
transtornos de ansiedade ou exibem traços obsessivos na infância. E ainda, associação com
fatores genéticos e fisiológicos, como parentes biológicos de primeiro grau com o transtorno e
em gêmeos monozigóticos (KENDLER, 1997; KLEIN e WALSH, 2004; APA, 2013).
A ocorrência desse transtorno é mais comum entre as mulheres em relação aos homens,
e geralmente começa durante a adolescência ou na idade adulta jovem, sendo relativamente rara
entre adolescentes. O início costuma estar associado a algum fator de estresse, como deixar a
casa dos pais para ingressar na universidade. O curso e o desfecho da AN são altamente
variáveis (CURRIN et al., 2005; APA, 2013).
Alguns se recuperam inteiramente depois de um único episódio, outros exibem um
padrão flutuante de ganho de peso seguido por recaída, ou ainda apresentam um curso crônico
ao longo de muitos anos, sendo muitas vezes necessária a hospitalização para recuperação do
18
peso e tratamento de complicações clínicas. A maioria dos indivíduos com AN sofre remissão
dentro de cinco anos depois da manifestação inicial do transtorno (ZIPFEL et al., 2000;
NIELSEN, 2001; APA, 2013).
Atualmente, a AN apresenta incidências que variam de 4,2 a 12,6 por 100.000 pessoas
e a maior taxa de mortalidade dentre os transtornos mentais, sendo a mais comum na causa de
mortes por suicídio e complicações cardíacas (CURRIN et al., 2005; ARCELUS et al., 2011).
A taxa de mortalidade varia entre 0,3 a 3%, de acordo com a gravidade dos casos clínicos
analisados (HERZOG et al., 2000; NIELSEN, 2001; APA, 2013).
Em estudo de metanálise com artigos publicados entre 1966 a 2010, a taxa de
mortalidade por AN foi de 5,10 mortes por 1000 pessoas ao ano (IC 95% = 3,99; 6,14), dentre
as quais 1,3 mortes resultaram de suicídio (ARCELUS et al., 2011).
Outro transtorno alimentar é a BN, que é caracterizada em sua forma típica pela ingestão
compulsiva e rápida de grande quantidade de alimento, com pouco ou nenhum prazer, alternada
com comportamento dirigido para evitar ganho de peso e medo mórbido de engordar (CORDÁS
e CLAUDINO, 2002).
Os critérios diagnósticos desse transtorno envolvem episódios recorrentes de compulsão
alimentar, comportamentos compensatórios inapropriados, como por exemplo, jejum, vômito
autoinduzido e uso de laxantes de forma recorrente, a fim de impedir o ganho de peso com a
frequência, em média, de no mínimo uma vez por semana durante três meses e autoavaliação é
indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporal (APA, 2013).
Os fatores de risco para BN compreendem os ambientais, como a internalização de um
ideal corporal magro que aumenta o risco de desenvolver preocupações com o peso e indivíduos
que sofreram abuso sexual ou físico na infância apresentam maior risco (ROMARO e
ITOKAZU, 2002; APA, 2013).
E ainda, os fatores temperamentais, onde destacam-se as preocupações com o peso,
baixa autoestima, sintomas depressivos, tipo de vínculo com a figura materna, o limiar da
resistência ao estresse, tendências perfeccionistas, dificuldade no controle de impulsos,
transtorno de ansiedade social e transtorno de ansiedade excessiva na infância (ROMARO e
ITOKAZU, 2002; APA, 2013).
Também fazem parte os fatores genéticos e fisiológicos, como a obesidade infantil, a
maturação puberal precoce e a vulnerabilidade genética para a perturbação. Além disso, outro
aspecto estudado é a presença de depressão e de distúrbios alimentares nas mães de bulímicos.
Ademais, fatores modificadores do curso, como a gravidade da comorbidade psiquiátrica que
19
prediz uma evolução desfavorável de bulimia nervosa em longo prazo (ROMARO e
ITOKAZU, 2002; APA, 2013).
A prevalência de BN é maior entre adultos, já que o transtorno atinge seu pico no fim
da adolescência e início da idade adulta, sendo que a compulsão alimentar com elevada
frequência começa durante ou depois de um episódio de dieta para perder peso e também
através de múltiplos eventos estressantes. O curso do transtorno pode ser crônico ou
intermitente, com períodos de remissão alternando com recorrências de compulsão alimentar
(APA, 2013).
Segundo a APA (2013), este transtorno é mais comum entre as mulheres. Entretanto,
estudo realizado por HUDSON et al. (2007) com famílias americanas, encontraram alta
frequência de homens com BN, representando aproximadamente um quarto dos casos
encontrados.
Em relação a taxa de mortalidade por BN, ARCELUS et al. (2011), em estudo de
metanálise, encontraram uma taxa de 1,74 mortes para cada 1000 pessoas ao ano (IC 95%=
1,09; 2,44). Além disso, dos artigos revisados pelos autores, cinco reportaram a mortalidade
por BN apenas para o sexo feminino com taxa de 2,22 mortes por 1000 pessoas ao ano (IC
95%= 0,73; 4,72). Não foram encontrados estudos exclusivamente masculinos.
O transtorno da compulsão alimentar periódica, apresenta como característica essencial
episódios recorrentes de compulsão alimentar que ocorrem, em média, uma vez por semana
durante três meses (APA, 2013). Os indivíduos com esse transtorno apresentam episódios de
compulsão alimentar, mas não utilizam as medidas extremas para evitar o ganho de peso como
a pessoa com BN (SPITZER et al., 1991).
Os critérios diagnósticos para TCAP são: episódios recorrentes de compulsão alimentar;
compulsão alimentar associada a comer rapidamente, se sentir desconfortavelmente satisfeito,
comer grandes quantidades de alimento na ausência de fome, comer sozinho por vergonha,
sentir-se desgostoso de si mesmo; sofrimento marcante em virtude da compulsão alimentar;
compulsão alimentar não está associada ao uso recorrente de comportamento compensatório
inapropriado como na BN e não ocorre exclusivamente durante o curso de BN ou AN (APA,
2013).
Os fatores de risco para TCAP estão associados ao fator genético e fisiológico, ou seja,
parece comum em famílias, o que pode refletir influências genéticas adicionais (APA, 2013).
Alterações comportamentais e neuroendócrinas, um atraso no ritmo circadiano e saciedade
prejudicada podem levar ao desenvolvimento deste transtorno, sendo associados, em muitos
20
estudos, com Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, humor deprimido, estresse e ansiedade
(BERNARDI et al., 2009).
A maioria dos indivíduos com esse transtorno apresentam excesso de peso
(APPOLINÁRIO e CLAUDINO, 2000; NICE, 2017). Ademais, o TCAP é particularmente
comum entre indivíduos encaminhados para cirurgia bariátrica (NICE, 2017). No Brasil, cerca
de 15 a 22% dos indivíduos que procuram tratamento para emagrecimento apresentam TCAP
(COUTINHO, 2006).
Isto pode ser explicado, pelo fato de que indivíduos obesos, geralmente, apresentam
sofrimento psicológico devido à depreciação de sua imagem física e preocupação excessiva
com o peso, e esta condição emocional muitas vezes pode levar estes indivíduos a práticas
alimentares anormais, consumindo compulsivamente alimentos como um mecanismo
compensatório (BERNARDI et al., 2005).
Esse comportamento é comum tanto em adolescentes e universitários (APA, 2013),
principalmente entre 14 e 18 anos de idade (MAGALHÃES, 2009), quanto em indivíduos mais
velhos, sendo que um terço são do sexo masculino (NICE, 2017). Entretanto, em estudo
conduzido por PIVETTA e GONÇALVES-SILVA (2010) com adolescentes de Cuiabá, Mato
Grosso, foi encontrada associação entre episódios de compulsão alimentar com o sexo feminino
(RP = 1,93; IC 95%= 1,47; 2,53).
A prática de fazer dieta segue o desenvolvimento de compulsão alimentar em muitos
indivíduos com o transtorno, diferentemente da BN em que o hábito disfuncional de fazer dieta
geralmente precede o início da compulsão alimentar.
Quanto a taxa de remissão destes transtornos, os indivíduos com AN sofrem remissão
dentro de cinco anos depois da manifestação inicial do transtorno, sendo que entre aqueles
hospitalizados, as taxas podem ser menores; para indivíduos com BN, os períodos de remissão
acima de um ano estão associados a uma evolução de longo prazo mais favorável; e, comparado
com os outros transtornos, a TCAP possui taxa de remissão maior, porém, esse transtorno
parece ser relativamente persistente, e seu curso é comparável ao da BN em termos de gravidade
e duração (APA, 2013).
3.3. TRANSTORNOS ALIMENTARES ENTRE UNIVERSITÁRIOS
Entre os estudantes universitários, a frequência de TA é elevada visto que, no período
em que estão na universidade passam por diversas mudanças sociais e culturais como, saída do
núcleo familiar, novas relações, instabilidade psicossocial, e ainda tornam-se responsáveis por
21
sua moradia, gestão de finanças, administração do tempo, hábitos alimentares, elaboração do
cardápio, compra de alimentos e a organização dos horários das refeições (JACOBSON, 1998;
VIEIRA et al., 2002; IZAGA et al., 2006).
A prevalência destes transtornos entre universitários apresenta uma variação conforme
a localidade, por exemplo, na Espanha, 19,5% dos universitários apresentaram algum tipo de
TA, sendo maior entre as mulheres (MARTÍNEZ-GONZALEZ et al., 2014). Em contrapartida,
na Grécia a prevalência encontrada foi de 40%, demonstrando também associação entre o sexo
feminino e a depressão/estresse com o desenvolvimento desses distúrbios (FRAGKOS e
FRANGOS, 2013).
Em estudo conduzido com universitários na Cidade do México no ano de 2011, cerca
de 41,4% dos estudantes relataram sentir fome constantemente e comer demais; 18,8%
relataram ter dificuldade em parar de comer; 9,7% apresentavam compulsão alimentar; na
análise segundo o sexo, as mulheres apresentaram mais comportamentos alimentares alterados
comparado aos homens (LAZAREVICH et al., 2013).
No Brasil, foi observada no ano de 2007, nas cinco regiões do país, uma variação na
frequência dos comportamentos de risco para TA entre estudantes do sexo feminino dos cursos
de Enfermagem e/ou Psicologia de 23,7% a 30,1% (p<0,05) (ALVARENGA et al., 2011). Do
mesmo modo, em Minas Gerais no ano de 2011, entre as estudantes universitárias de vários
cursos de graduação, também foi encontrada alta frequência de comportamento de risco para o
desenvolvimento de TA, diferindo estatisticamente dos homens, de 22,46% vs. 6,43% (p<0,05)
(CARVALHO et al., 2013).
A seguir, destacam-se alguns estudos internacionais (Quadro 2) e nacionais (Quadro 3)
que identificaram comportamentos de risco para TA entre universitários de ambos os sexos, em
ordem cronológica crescente do ano de publicação, de acordo com as informações disponíveis
nos artigos.
22
Quadro 2 - Estudos internacionais que avaliaram transtornos alimentares entre universitários.
AUTOR, ANO
LOCAL E
PERÍODO DE
ESTUDO
TIPO DE ESTUDO,
POPULAÇÃO PRINCIPAIS RESULTADOS CONCLUSÕES
ÁLVAREZ et al.,
2009
México
2002
Estudo transversal, n= 742
estudantes com idade entre 16 e
25 anos do primeiro ano de
Medicina da Universidade
Nacional Autônoma do México.
A prevalência de comportamentos de
risco para TA foi de 5,8%. Entre os
comportamentos de risco associados a
TA: 9,7% dos alunos apresentaram
eventos compulsivos, 5,6% vômito
autoinduzido e 5,6% de uso de laxantes.
O estudo mostrou que a
população universitária
apresentou comportamentos
de risco para TA. O IMC e a
percepção da imagem
corporal apresentaram
correlação estatística
significativa com os TA.
SAULES
et al., 2009
Estados Unidos
2006-2007
Estudo transversal, n= 1.063
estudantes universitários de
psicologia da Middlewestern
University, com idade média de
22,3 anos (DP ± 7.1).
42,6% dos estudantes com excesso de
peso admitiram a compulsão alimentar.
Entre os participantes que não tinham
excesso de peso, 43,2% daqueles que
acreditavam estar com excesso de peso
admitiram a compulsão alimentar. A
Percepção de Problemas de Peso (PPP)
mediou a contribuição do IMC sobre os
resultados de compulsão alimentar e a
PPP contribuiu significativamente para
a previsão de compulsão alimentar,
além do risco conferido por correlatos
estabelecidos de compulsão alimentar
(por exemplo, gênero, humor e
tabagismo).
O fato do indivíduo acreditar
ou não que está acima do
peso, tem poder preditivo
significativo para o risco de
compulsão alimentar.
Continua
23
Quadro 2 - Estudos internacionais que avaliaram transtornos alimentares entre universitários. Continuação
AUTOR,
ANO
LOCAL E
PERÍODO DE
ESTUDO
TIPO DE ESTUDO,
POPULAÇÃO PRINCIPAIS RESULTADOS CONCLUSÕES
EISENBERG
et al., 2011
Estados Unidos
2005-2007
Estudo transversal, n= 2.822
estudantes da graduação e
pós-graduação, com pelo
menos 18 anos de idade.
Entre os alunos de graduação, a
prevalência de risco de desenvolvimento
de TA (SCOFF +) foi de 13,5% para as
mulheres e de 3,6% para os homens.
Entre estudantes com SCOFF positivo,
20% tinham recebido tratamento de
saúde mental no ano passado.
Estudantes com sintomas de TA são
muito mais propensos a desenvolver
sintomas concomitantes de
psicopatologia (exemplo: depressão,
ansiedade, ideação suicida e autolesão
não suicida).
LAZAREVICH
et al., 2013
Cidade do México
2011
Estudo transversal, n= 1.122
universitários calouros,
com idade média de 20 anos
(DP=1,98), da Universidade
Metropolitana Autônoma
Xochimilco da Cidade do
México.
Estudantes com comportamento
alimentar alterado apresentaram elevados
níveis de impulsividade e depressão;
82,8% tinham problemas para comer
regularmente, 41,1% relataram sentir
fome constantemente, comer em excesso
e têm dificuldade em parar de comer
(18,8%) ou compulsão alimentar (9,7%);
As mulheres apresentaram mais
comportamentos alimentares alterados
em relação aos homens(p<0,05).
Foi encontrada relação do
comportamento alimentar inadequado
com problemas de saúde mental e
excesso de peso.
FRAGKOS e
FRANGOS,
2013
Atenas/Grécia
2010 – 2011
Estudo tranversal, n= 1.865
estudantes de educação
profissional pós-secundária,
graduação ou pós-
graudação de instituições
públicas ou privadas de
Atenas com idade média de
21,2 anos.
A prevalência de TA foi de 40%, houve
associação entre o sexo feminino e a
depressão/estresse com o
desenvolvimento desses distúrbios.
O risco de TA é prevalente entre as
populações de estudantes na Grécia. O
estudo apresentou evidências sugerindo
associação do desenvolvimento de TA
com o sexo feminino, relações
interpessoais (estresse conjugal ou
relacionamento) e ansiedade.
Continua
24
Quadro 2 - Estudos internacionais que avaliaram transtornos alimentares entre universitários. Continuação
AUTOR, ANO
LOCAL E
PERÍODO DE
ESTUDO
TIPO DE ESTUDO,
POPULAÇÃO PRINCIPAIS RESULTADOS CONCLUSÕES
QUICK e BYRD-
BREDBENNER,
2013
Estados Unidos
2009-2010
Estudo transversal, n= 2.604
universitários com idade entre
18 e 26 anos, estudantes de
instituições públicas dos
EUA.
Um em cada sete estudantes relatou ter
regularmente compulsão alimentar; as mulheres
apresentaram maior pressão para atingir o
padrão de aparência física da mídia do que os
homens; Comportamentos compensatórios de
vômito autoinduzido (6%) e uso indevido de
medicamentos (4%) foram similares em ambos
os sexos, porém, a prática excessiva de
exercício foi significantemente maior em
homens do que em mulheres.
Estudantes universitários
apresentaram práticas
alimentares inadequadas,
principalmente a compulsão
alimentar entre as mulheres e
os homens nos
comportamentos
compensatórios.
SHAIKH e
KAYANI,
2014
Islamabad,
Paquistão
2011
Estudo transversal, n= 1.134
estudantes do sexo feminino
entre 16 e 20 anos de idade de
escolas no ensino médio e
universidades de Islamabad.
O maior número de respostas afirmativas no
SCOFF foi para “a comida domina a vida”
(62,3%); Apenas 11,6% responderam
negativamente a todas as cinco perguntas do
SCOFF e 64,9% pontuaram dois ou mais na
escala SCOFF; estudantes entre 19-20 anos
estavam mais insatisfeitos com o tamanho do
corpo em comparação com as estudantes entre
16-18 anos de idade.
Estudo ressaltou a importância
de ações sobre educação em
saúde para os familiares
docentes e aos próprios
adolescentes, o que ajudaria a
lidar com os TA.
MARTÍNEZ-
GONZALEZ
et al., 2014
Espanha
2011- 2013
Estudo transversal, n= 1.306
estudantes de universidades
públicas com idade ≤ 30 anos
de idade.
Prevalência de TA foi de 19,5% (p= 0,006),
sendo maior no sexo feminino. As mulheres
com risco de TA apresentaram mais
frequentemente depressão, dores menstruais e
percepção de saúde ruim; entre os homens, o
risco que se apresentou com maior frequência
foi percepção de saúde ruim.
Os TA são frequentes em
estudantes universitários do
primeiro ano, cuja elevada
prevalência tem sido associada
a diferentes hábitos de vida,
influenciados por gênero.
Continua
25
Quadro 2 - Estudos internacionais que avaliaram transtornos alimentares entre universitários. Continuação
AUTOR, ANO
LOCAL E
PERÍODO DE
ESTUDO
TIPO DE ESTUDO,
POPULAÇÃO PRINCIPAIS RESULTADOS CONCLUSÕES
TAVOLACCI
et al., 2015
França
2009-2012
Estudo transversal, n= 3.457
estudantes universitários
com idade entre 18 e 25 anos
da University of Upper
Normandy, França.
A prevalência de triagem positiva de SCOFF foi de
20,5% entre os alunos. Uma relação positiva entre o
SCOFF+ foi observada com o sexo feminino
(<0,001), estresse (p<0,001), depressão (p<0,006),
problemas de abuso de bebida alcoólica (p<0,006) e
risco de ciberdependência (p<0,001).
Os distúrbios alimentares
são altamente prevalentes
entre estudantes
universitários na França e
associados a outros riscos
comportamentais, estresse
e depressão.
CHANG
et al., 2015
Wuhu, Anhui
Province/China
2015.
Estudo transversal, n= 1.135
universitárias do sexo
feminino com idade entre 17
e 25 anos, cursando
Medicina na Universidade
Wannan.
Prevalência de estudantes em risco de TA foi de
2,17% sendo mais frequente entre aqueles que
tinham relacionamento ruim com seus pais,
apresentavam IMC elevado, possuíam foco
excessivo em propagandas emagrecedoras e cujos
parentes realizavam alguma dieta.
Alto risco de
desenvolvimento de TA,
embora tenham sido
observadas correlações
entre ansiedade,
depressão e
comportamento alimentar
não saudável.
LIPSON e
SONNERVILLE,
2017
Estados Unidos
2013-2015
Estudo transversal, n= 9.713
estudantes universitários
com idade entre 18 e 23 anos
de 12 instituições em todo o
país.
Maior prevalência de compulsão alimentar entre as
mulheres em relação aos homens (49% vs. 30%),
mas prevalência semelhante de comportamentos
compensatórios (31% vs. 29%). A condição de peso
foi a preditora mais consistente do risco de TA com
sintomas significativamente maiores observados
entre indivíduos com sobrepeso e obesidade.
Quando comparado a indivíduos com peso saudável,
aqueles com excesso de peso apresentaram maior
risco de TA (OR homens= 3,5; OR mulheres= 2,0),
compulsão alimentar (OR homens= 2,1; OR
mulheres= 1,9) e uso de comportamentos
compensatórios (OR homens= 1,5; OR mulheres=
1,3).
Os TA são altamente
prevalentes nos campi
universitários. Estudantes
de graduação, homens
homossexuais e
estudantes com sobrepeso
e obesidade devem ser
considerados populações
de risco elevado.
Continua
26
Quadro 2 - Estudos internacionais que avaliaram transtornos alimentares entre universitários. Continuação
AUTOR, ANO LOCAL E PERÍODO
DE ESTUDO
TIPO DE ESTUDO,
POPULAÇÃO PRINCIPAIS RESULTADOS CONCLUSÕES
PENGPID e
PELTZER, 2018
5 países da Associação
de Nações do Sudeste
Asiático (Indonésia,
Malásia, Myanmar,
Tailândia e Vietnã)
2016
Estudo transversal, n= 3.148
estudantes universitárias com
idade média de 20,5 anos.
De acordo com o Teste de Atitudes
Alimentares (EAT-26), 11,5% dos
alunos foram classificados com
risco de desenvolver algum TA. Na
análise de regressão logística
multivariada, fatores
sociodemográficos, percepção do
peso corporal com baixo peso e
sobrepeso, fatores psicológicos
(sintomas de depressão e uso
patológico da internet) e obesidade
foram associados ao risco de TA.
Foram encontradas taxas
relativamente altas de risco
de TA.
SEO e JE,
2018
Coréia do Sul
2014
Estudo transversal, n= 637
estudantes universitários com
idade média de 22,9 (±2,2) anos.
Os sintomas depressivos foram
associados ao sexo feminino
(p=0,002), alto nível de estresse
vital (p<0,001) e comportamentos
alimentares perturbados (versão
coreana do EAT-26) (p<0,001). Em
contraste, os sintomas depressivos
foram inversamente associados com
alta satisfação da imagem corporal
(p=0,001) e autoestima (p<0,001).
Os estudantes com sintomas
depressivos tendiam a
apresentar distúrbios nos
comportamentos alimentares,
baixa satisfação da imagem
corporal, baixa autoestima e
altos níveis de estresse.
RADWAN
et al., 2018
Emirados Árabes
Unidos (UAE)
2015
Estudo transversal, n= 662
universitários com idade entre
18-25 anos, estudantes em
instituições nos UAE.
Cerca de 33% da amostra tinham
pontuação ≥ 20 no EAT-26 e 45%;
as mulheres estavam mais
preocupadas com sua forma
corporal e mais influenciadas pela
mídia do que os homens;
As imagens da mídia e as
famílias são influências
significativas nos hábitos
alimentares dos adultos
jovens.
27
Quadro 3 - Estudos nacionais que avaliaram transtornos alimentares entre universitários.
AUTOR, ANO LOCAL E PERÍODO
DE ESTUDO
TIPO DE ESTUDO,
POPULAÇÃO PRINCIPAIS RESULTADOS CONCLUSÕES
PENZ et al.,
2008
Porto Alegre/RS
2007
Estudo transversal, n= 203
estudantes do sexo feminino
maiores de 18 anos
matriculadas no curso de
Nutrição.
35% das estudantes apresentavam risco
de desenvolvimento de TA sendo que
75,8% estavam eutróficas. Correlação
positiva entre EAT+ e IMC no grupo de
estudantes eutróficas.
Estudantes com peso
adequado mostram-se
excessivamente preocupadas
com seu peso e podem estar
enxergando seu corpo de uma
maneira distorcida
ALVARENGA et al.,
2011
Cinco regiões do Brasil
(Norte; Nordeste;
Centro-oeste; Sudeste;
Sul)
2010
Estudo transversal, n= 2.483
universitárias com idade ≥18
anos e ≤50 anos, matriculadas
nos cursos de Enfermagem
e/ou Psicologia. Não havendo
esses cursos, foram indicados
Fisioterapia, Farmácia e/ou
Biomedicina dos primeiros e
segundos anos do curso nas
cinco regiões do país.
Frequência de comportamento de risco
para TA variou de 23,7% a 30,1% nas
cinco regiões do país.
Universitárias brasileiras
apresentam alta frequência de
comportamentos de risco
para TA em todas as regiões
do país.
ALVARENGA
et al., 2013
Cinco regiões do Brasil
(Norte; Nordeste;
Centro-oeste; Sudeste;
Sul)
2010
Estudo transversal, n= 2.489
universitárias com idade ≥18
anos e ≤50 anos, matriculadas
nos cursos de Enfermagem
e/ou Psicologia. Não havendo
esses cursos, foram indicados
Fisioterapia, Farmácia e/ou
Biomedicina dos primeiros e
segundos anos.
Não comer e pular refeições foram
positivamente associados com o estado
nutricional, e foram mais frequentes
entre os estudantes com sobrepeso e
obesidade. Métodos compensatórios e
dieta foram positivamente associados ao
nível de escolaridade do chefe da família,
com menor prevalência entre os
participantes cujo chefe de família tinha
apenas quatro anos de escolaridade.
Alta prevalência de fatores
associados ao comer
transtornado em
universitárias brasileiras.
Continua
28
Quadro 3 - Estudos nacionais que avaliaram transtornos alimentares entre universitários. Continuação
AUTOR, ANO
LOCAL E
PERÍODO DE
ESTUDO
TIPO DE ESTUDO,
POPULAÇÃO PRINCIPAIS RESULTADOS CONCLUSÕES
CARVALHO
et al., 2013
Juiz de Fora/MG
2011
Estudo transversal, n= 587
universitários com idade ≥ 18 anos,
de diversos cursos de graduação da
Universidade Federal de Juiz de
Fora.
Checagem corporal (observação do
corpo, medições de partes do corpo,
comparação entre o corpo do sujeito com
de outros e busca por informações
perceptivas) está associada às atitudes
alimentares inadequadas e à insatisfação
corporal. Foram encontradas maiores
frequências das variáveis de checagem
corporal, atitude alimentar inadequada e
insatisfação com a imagem corporal entre
as mulheres.
A checagem corporal, é um
comportamento presente e de
alta frequência em
universitários com risco para
TA e também naqueles
insatisfeitos com sua imagem
corporal.
MAGALHÃES
et al., 2016
Belo Horizonte/MG
2008
Estudo transversal, n= 374
estudantes ingressantes de diversos
cursos no 2º semestre de 2008 na
Universidade Federal de Minas
Gerais.
Encontrou-se entre os estudantes um
comportamento de risco para BN de
28,7% e para AN de 6,7%.
Comportamento de risco para
AN foi maior entre as
mulheres do que entre
homens.
NUNES et al.,
2017
Latin American and
Caribbean Health
Science Literature
Database e Scientific
Eletronic Library
Online
2005-2015
Revisão sistemática de 11 artigos
sobre os fatores de risco associados
ao desenvolvimento de BN e AN em
estudantes universitários.
Os resultados da revisão apresentaram
como fatores de risco para
desenvolvimento dos TA: insatisfação e
distorção da imagem corporal, sexo
feminino, estudante do curso de Nutrição
e Educação Física, ambiente
universitário estressante, sobrepeso e
obesidade, idade, cultura familiar,
contato com experiências alimentares
inadequadas, supervalorização do peso e
práticas incorretas de controle do peso.
Esses fatores de risco
refletem diretamente no
aparecimento dos sintomas
da doença e dessa forma,
torna-se indispensável
estratégias a fim de
identificar precocemente os
sinais e sintomas das doenças
evitando o desenvolvimento
da bulimia e anorexia
nervosa nesses estudantes.
29
Conforme dados apresentados no Quadro 2, pode-se verificar alta frequência de
comportamentos de risco para o desenvolvimento de TA, variando de 2,17% na China a 64,9%
no Paquistão. No Brasil, as frequências encontradas variaram de 23,7% na região Centro-Oeste
a 35% na região Sul do país (Quadro 3).
Os estudos analisados mostraram forte associação dos comportamentos de risco com o
estresse, insatisfação e percepção corporal alterada, depressão e pressão social. Outrossim,
estudo realizado por BURNETTE et al. (2018) com estudantes universitários de ambos os
sexos, encontraram que as mulheres com excesso de peso são particularmente propensas a se
sentirem insatisfeitas com seus corpos e realizarem práticas de controle de peso.
Os TA representam um problema de saúde pública, tendo em vista sua relação frequente
com outros transtornos psiquiátricos, especialmente transtornos de humor, ansiedade e/ou de
personalidade, complicando a evolução clínica (CARMO et al., 2014). E ainda predispõe o
indivíduo a desnutrição ou obesidade, determinando uma baixa qualidade de vida (OZIER e
HENRY, 2011; VARELA-CASAL et al., 2011).
A comorbidade é comum tanto na AN quanto na BN, e há muitas questões sobre a
relação e o intercurso entre TA e outras doenças psiquiátricas. Os exemplos mais comuns
seriam: depressão, distimia, ansiedade e transtorno de personalidade (HERZOG et al., 1996;
APA, 2006).
O tratamento destes distúrbios alimentares é um grande desafio, sendo necessária a
atenção de uma equipe multiprofissional, integrando diversas áreas de abordagem. A estrutura
básica dessa equipe é formada por médicos psiquiatra e clínico geral ou nutrólogo, nutricionista
e psicólogo (SICCHIERI et al., 2006). Segundo KESKI-RAHKONEN e TOZZI (2005), o valor
da ajuda profissional está condicionado à disposição que os indivíduos têm para a mudança.
Dessa forma a recuperação vai muito além dos tratamentos tradicionais, dependendo de outros
elementos importantes como, a autoaceitação, disciplina, espiritualidade e rede social
(ESPÍNDOLA e BLAY, 2006).
Em relação ao tratamento, no Brasil existe um serviço de assistência em TA oferecido
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sendo portanto, universal – acessível para todos os
usuários, com integralidade prevista, e articulado com outros serviços de natureza curativa e
preventiva em esfera individual e coletiva para todos os níveis de complexidade (RAMOS e
PEDRÃO, 2013).
30
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. TIPO, LOCAL E POPULAÇÃO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo transversal que analisou dados de uma coorte dinâmica,
realizada com estudantes ingressantes na Universidade Federal de Mato Grosso em 2015, que
participaram da pesquisa intitulada "Estudo Longitudinal sobre Estilo de Vida de Estudantes
Universitários” (ELESEU). O estudo foi de caráter censitário, incluindo todos os universitários
matriculados nos 21 cursos de período integral e agrupados de acordo com o tipo de grau
acadêmico, ou seja, o grau de bacharel (Agronomia, Arquitetura e Urbanismo, Informática,
Biologia, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Florestal,
Engenharia Sanitária e Ambiental, Física, Geologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição,
Psicologia, Química e Zootecnia), e licenciatura (Biologia, Filosofia, Matemática e Química)
(NOGUEIRA et al., 2018).
Foram excluídos do estudo os universitários que já tinham concluído outro curso
universitário, gestantes, lactantes e aqueles indivíduos que apresentassem alguma incapacidade
física que limitasse a mensuração das medidas antropométrica.
No primeiro semestre do ano letivo de 2015, ingressaram 812 alunos nos 21 cursos em
período integral. Destes, 81 estudantes desistiram do curso antes do início da coleta de dados
e 132 alunos não se enquadraram nos critérios de inclusão do estudo. Desse modo, foram
considerados elegíveis para o estudo 599 estudantes. Desse total, 46 estudantes se recusaram a
participar e 58 alunos não puderam ser localizados durante o período de aplicação do
questionário. Assim, 495 universitários foram avaliados (NOGUEIRA et al., 2018).
No primeiro semestre do ano letivo de 2016, ingressaram 953 estudantes nos 21 cursos
de tempo integral. Destes, 160 desistiram do curso antes do início da coleta de dados e 118
alunos não se encaixavam nos critérios de inclusão do estudo, assim 675 estudantes foram
elegíveis para o estudo. Destes, 62 estudantes transferiram para outro curso que não era em
tempo integral, 28 estudantes se recusaram a participar da pesquisa e 42 alunos não foram
localizados durante o período da aplicação do questionário. Sendo assim, 543 universitários
foram avaliados (NOGUEIRA et al., 2018).
Desse modo, o presente estudo analisou dados de 1.038 estudantes que ingressaram nos
anos de 2015 e 2016 na Universidade Federal de Mato Grosso.
31
4.2. COLETA DE DADOS
A coleta de dados teve início em 2015 e o questionário utilizado foi elaborado e revisado
pelo grupo de pesquisa, com base nos demais já validados (SOUZA et al., 2013; BRASIL,
2014; SZWARCWALD et al., 2014; NOGUEIRA et al., 2018). A coleta foi realizada por
pesquisadores previamente treinados e realizado um teste piloto com uma turma não incluída
nesse estudo, para padronização do instrumento e da logística do trabalho de campo.
Os procedimentos durante a coleta dos dados da pesquisa consistiram na aplicação de
um questionário composto por 115 questões, contendo perguntas sobre dados
sociodemográficos, econômicos, condição de peso e de estilo de vida, que incluiu questões
sobre comportamentos alimentares de risco para TA (NOGUEIRA et al., 2018). Além disso,
foram aferidas medidas antropométricas e pressão arterial.
4.3. VARIÁVEIS DO ESTUDO E PROCEDIMENTOS DE AFERIÇÃO
As variáveis sociodemográficas consideradas foram: sexo (masculino, feminino), a
idade foi obtida por meio do cálculo da diferença entre a data de aplicação do questionário e a
data de nascimento, sendo o resultado expresso em anos completos e classificados em duas
categorias: até 19 anos e 20 anos ou mais.
A variável raça/cor de pele foi classificada segundo a categorização proposta pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2008 e reagrupada em:
branca; preta; parda; outras (IBGE, 2011). A variável com quem reside também foi analisada,
sendo categorizada como: morar sozinho, morar na casa dos pais ou parentes e morar em
república ou outros.
A classe econômica das famílias foi avaliada utilizando-se os critérios da Associação
Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2008) que considera a escolaridade do chefe de
família, presença de bens (eletrodomésticos e carros) e empregados domésticos mensalistas nos
domicílios, sendo as famílias classificadas em categorias que variaram de A (nível mais
elevado) até E (nível menor), sendo essas classes categorizadas em A, B e C+D+E.
As variáveis antropométricas analisadas nesse estudo foram peso e altura segundo as
recomendações de GORDON et al. (1988). O peso foi aferido por meio de analisador de
composição corporal, marca TANITA (Modelo UM-080), com capacidade para 150 kg e
variação de 0,1 Kg, sendo medido com o entrevistado em posição ortostática, vestindo roupas
32
leves, com bolsos vazios, sem sapatos e acessórios, pés apoiados na plataforma da balança, de
forma que o peso estivesse bem distribuído mantendo os braços estendidos ao longo do corpo
e olhando para a linha do horizonte. Para aferição da altura utilizou-se um estadiômetro portátil,
da marca SANNY, de 210 cm de extensão e variação de 1 mm, com o indivíduo descalço (ou
com meias) e vestindo roupas leves, sem acessórios de cabelo, com pernas e pés paralelos,
braços relaxados, palmas das mãos voltadas para o corpo e a parte posterior da cabeça,
calcanhares, panturrilhas, nádegas e costas próximos à parede, com a cabeça posicionada de
acordo com plano de Frankfurt. A aferição dessa medida foi realizada duas vezes e a média
encontrada foi considerada a estatura final.
O IMC foi utilizado para a classificação do peso, segundo a faixa etária. Para os
adolescentes, os pontos de corte do IMC foram: baixo peso (< -2); eutrofia (≥ -2 e ≤ +1);
sobrepeso (>+1 e ≤ +2); e obesidade (> +2) e com valores expressos em z-score (ONIS et al.,
2007). Para os adultos, os pontos de corte de IMC utilizados foram: < 18,5 kg/m2 (baixo peso);
≥ 18,5 e < 25,0 kg/m2 (eutrófico); ≥ 25,0 e < 30,0 kg/m2 (sobrepeso) e ≥ 30,0 kg/m2
(obesidade), segundo recomendação da OMS (WHO, 1995).
Para avaliação dos comportamentos de risco para TA os universitários responderam às
questões de número 56 a 59, elaboradas a partir de um questionário adaptado por FERREIRA
e VEIGA (2008), utilizado para investigar esses comportamentos entre adolescentes (ANEXO
1). Para avaliar a frequência desses comportamentos de risco as variáveis analisadas foram: uso
de laxante, uso de diurético, vômito induzido, dieta restritiva e comer excessivamente; as quais
foram categorizadas em: nenhuma vez, menos de uma vez por semana, uma vez por semana e
duas ou mais vezes por semana.
4.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foram calculadas as distribuições de frequências observadas (%), sendo utilizado o teste
do qui-quadrado para avaliar a associação entre o comportamento de risco para o
desenvolvimento de TA com as variáveis independentes. A análise dos dados foi realizada
utilizando o software STATA, considerando o nível de significância 5% (p<0,05).
4.5. ASPECTOS ÉTICOS
33
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário Júlio Muller da Universidade Federal de Mato Grosso, sob o parecer nº 1.006.048,
de 31 de março de 2015 (ANEXO 2). A coleta foi iniciada após o consentimento dos estudantes
por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO 3) assegurando
aos participantes sua voluntariedade, anonimato e possibilidade de desistência a qualquer
momento do estudo.
34
5. RESULTADOS
Nesse estudo foram avaliados 1.038 estudantes universitários, sendo que 50,96% eram
do sexo masculino, 78,81% tinham idade entre 16 a 19 anos, 40,15% se declararam de cor da
pele branca, 69,46% residiam com os pais ou parentes, 48,50% pertenciam à classe econômica
B e 23,43% dos participantes estavam com excesso de peso. A frequência encontrada de
comportamentos de risco para TA foi de 18,4% (Tabela 1).
Tabela 1 - Distribuição da população de estudo segundo características sociodemográficas,
econômicas e de saúde – Cuiabá/MT, 2018 (n= 1.038).
Características da população n %
Sexo
Masculino
Feminino
529
509
50,96
49,04
Faixa etária
16-19 anos
≥ 20 anos
818
220
78,81
21,19
Raça/cor da pele (1)
Branca
Preta
Outros
416
119
501
40,15
11,49
48,36
Com quem reside
Sozinho
Com os pais ou parentes
República ou outros
160
721
157
15,41
69,46
15,13
Classe econômica (2)
A
B
C, D e E
195
503
336
18,80
48,50
32,40
Comportamento de risco
Não
Sim
847
191
81,60
18,40
Condição de peso (3)
Sem excesso de peso
Com excesso de peso
794
243
76,57
23,43
Nota: (1) Dois casos omissos; (2) quatro casos omissos; (3) um caso omisso.
35
A frequência de comportamentos de risco para TA foi maior entre as mulheres (26,72%
vs. 10,4%; p<0,01), e entre aqueles que apresentaram excesso de peso (30,04% vs. 14,86%;
p<0,01). Na análise das variáveis faixa etária, cor da pele, com quem reside e classe econômica,
não foram observadas diferenças significativas na frequência de comportamentos de risco para
TA (Tabela 2).
Tabela 2 - Frequência de comportamentos de risco para transtornos alimentares entre
universitários, segundo as variáveis sociodemográficas, econômicas e de saúde – Cuiabá/MT,
2018 (n= 1.038).
Comportamentos de risco para TA
Variável Sim Não P valor*
Sexo
Masculino
Feminino
n
55
136
%
10,40
26,72
n
474
373
%
89,60
73,28
<0,01
Faixa etária
16-19 anos
≥ 20 anos
n
147
44
%
17,97
20,00
n
671
176
%
82,03
80,00
0,490
Raça/cor da pele (1)
Branca
Preta
Outros
n
69
22
100
%
16,59
18,49
19,96
n
347
97
401
%
83,41
81,51
80,04
0,423
Com quem reside
Sozinho
Com os pais ou parentes
República ou outros
n
25
139
27
%
15,63
19,28
17,20
n
135
582
130
%
84,38
80,72
82,80
0,511
Classe econômica (2)
A
B
C, D e E
n
36
88
65
%
18,50
17,50
19,60
n
159
415
270
%
81,50
82,50
80,40
0,733
Condição de peso (3)
Sem excesso de peso
Com excesso de peso
n
118
73
%
14,86
30,04
n
676
170
%
85,14
69,96
<0,01
Nota: (1) Dois casos omissos; (2) quatro casos omissos; (3) um caso omisso.
*Valor de p associado ao teste do qui-quadrado.
36
6. DISCUSSÃO
Esse estudo analisou a frequência de comportamentos de risco para TA entre os
universitários da Universidade Federal de Mato Grosso e foi possível observar elevada
frequência destes comportamentos entre os estudantes. Outros estudos realizados no Brasil e
em outros países também têm encontrado resultados semelhantes (CAMARGO, 2008;
ALVARENGA et al., 2011; CARVALHO et al., 2013; MARTINEZ-GONZALES et al., 2014;
CHANG et al., 2015; TAVOLACCI et al., 2015; GUIMARÃES, 2018).
Os comportamentos de risco têm sido considerados precursores de quadros completos
de TA, sendo necessário investigar as condições que propiciam o surgimento desses
comportamentos, dentre as quais, se destaca o ambiente universitário (KELLY et al., 2005;
NUNES et al., 2017). Nesse contexto, considera-se relevante avaliar os comportamentos de
risco para o desenvolvimento de TA entre estudantes universitários, visto que alterações na
relação com o alimento e com o corpo, podem induzir o surgimento desses distúrbios
(ALVARENGA et al., 2011).
A vulnerabilidade psicológica e emocional nessa faixa etária pode ser expressa por
dúvidas a respeito da imagem corporal, maior sensibilidade à opinião dos outros e insegurança
sobre desejos pessoais (CAQUEO-URÍZAR et al., 2011). Neste sentido, o adolescente e o
adulto jovem vivem um dilema entre o desejo do corpo ideal e as opções de fast foods
estimuladas pela mídia, deixando-o vulnerável ao excesso de peso e aos TA. Devido a isso,
muitas vezes apresenta problemas de aceitação corporal, que podem levar à adoção de práticas
não saudáveis para controle de peso e ao comer transtornado (SERRA e SANTOS, 2003;
PETROSKI et al., 2012).
Os comportamentos adotados na busca do corpo ideal em muitas situações são
preocupantes, pois iniciam com atitudes menos graves como pular refeições, comer pouca
comida, usar substitutos de alimentos e tomar remédios para emagrecer com o objetivo de
controlar o peso, podendo evoluir para comportamentos mais próximos dos TA como restrição,
compulsão e purgação (LEAL et al., 2013).
Dentre as consequências dos TA, destacam-se algumas comorbidades que podem
preceder, acompanhar, persistir ou até mesmo desenvolver-se no TA, como por exemplo os
transtornos afetivos, ansiosos e os de personalidade (FLEITLICH et al., 2000).
Nesse estudo, a frequência de comportamentos de risco para TA foi maior entre as
mulheres, corroborando com resultados encontrados em outros estudos, inclusive em estudos
37
nacionais (ANDRADE et al., 2006; OLIVEIRA, 2009; CARVALHO et al., 2013;
TAVOLACCI et al, 2015; NUNES et al., 2017).
Esses resultados podem ser explicados pelos seguintes fatores: a saúde da mulher pode
ser mais afetada pelo estresse, baixos níveis de autoestima e dependência cibernética, quando
comparado aos homens (TAVOLACCI et al., 2013); a insatisfação com a imagem corporal na
busca por um padrão imposto pela sociedade, aprendido durante a infância e adolescência
(MAGALHÃES e MENDONÇA, 2005; NUNES et al., 2017); prática frequente de dietas muito
restritivas e leitura de revistas que exaltam a utilização dessas dietas (MAGALHÃES e
MENDONÇA, 2005); cobranças sociais associadas ao curso e à profissão (CLAUMANN et al.,
2014; BENTO et al., 2016).
Em relação à condição de peso, aqueles indivíduos que estavam com excesso de peso
apresentaram elevada frequência de comportamento de risco para o desenvolvimento de TA,
resultados semelhantes ao encontrado em outros estudos (VITOLO et al., 2006; DUNKER et
al., 2009; ALVARENGA et al, 2013; CHANG et al, 2015; MORAES et al., 2016; LIPSON e
SONNERVILLE, 2017; NUNES et al., 2017).
Dessa forma, indivíduos com excesso de peso, em sua maioria do sexo feminino,
apresentam mais comportamentos de risco e práticas não saudáveis para controle de peso, fato
que pode ser explicado pela insatisfação corporal, a qual é considerada como um dos principais
fatores de risco para o TA (SHISSLAK et al., 2006; BURNETTE et al., 2018).
Além disso, mulheres com sobrepeso estão provavelmente sujeitas a maior sofrimento
psicológico, quando comparadas às eutróficas ou mesmo obesas, podendo ser consideradas um
grupo limítrofe mais suscetível às intervenções e orientações para a adequação do estado
nutricional (KAKESHITA e ALMEIDA, 2006).
Em estudo realizado por FRANK et al. (2016), a prevalência de insatisfação com a
imagem corporal entre acadêmicos de educação física, foi de 76,6%, sendo que deste total,
27,4% estavam insatisfeitos pela magreza e 49,0% pelo excesso de peso. A maioria dos homens
desejaram uma silhueta maior do que a atual, e as mulheres, uma silhueta menor.
Esta insatisfação relaciona-se a com a imposição de um modelo de corpo e aparência,
em que o corpo ideal masculino é musculoso, bronzeado, com ombros largos, bíceps e abdômen
definidos. Já o modelo ideal de corpo feminino seria aquele esbelto, com curvas e de estatura
mediana (GONÇALVES e MARTÍNEZ, 2014; SILVA et al., 2014).
A variável faixa etária não apresentou diferença significativa na frequência de
comportamentos de risco para TA assim como em dois estudos brasileiros (VITOLO et al.,
38
2006; ALVARENGA et al., 2011). Diferentemente dos achados desse estudo, alguns autores
encontraram maiores frequências desses comportamentos entre adolescentes e adultos jovens
(ANDRADE et al., 2006; NUNES, et al., 2017).
Segundo GONÇALVES et al. (2013), os TA costumam ser mais frequentes na infância
e na adolescência, podendo ser prorrogado desde a infância passando pela adolescência até a
vida adulta. Uma hipótese para o desenvolvimento dos transtornos nessas fases seria, a
influência da mídia, ambiente social e a esfera familiar, em que os momentos da refeição se
mostraram fundamentais na determinação do comportamento alimentar, como por exemplo,
regras alimentares rigorosas, individualização da alimentação e pais que influenciam e
incentivam o emagrecimento.
Com relação à raça/cor de pele, assim como alguns autores, o presente estudo não
encontrou significância estatística com o desfecho analisado (PEMBERTON et al., 1996;
ANDRADE et al., 2006; FORTES et al., 2013a). Em contrapartida, YATES et al. (2004) e
SAMPEI et al. (2009), encontraram maior prevalência de TA em mulheres brancas. Segundo
os autores, a ocorrência destes comportamentos, seria devido à maior pressão cultural e estética
entre os indivíduos caucasianos (SAMPEI et al., 2009).
Todavia, BITTENCOURT et al. (2013), em estudo realizado com estudantes do sexo
feminino de escolas públicas e privadas de ensino médio e universitário, identificaram que as
alunas que se autodeclararam como amarelas ou indígenas, tinham mais chances de
desenvolverem comportamentos de risco para TA. Porém, em outro estudo, conduzido por
WALCOTT et al. (2003), a frequência de comportamentos de risco alimentar entre mulheres
asiáticas e negras, foi mais elevada. Dessa forma, percebe-se a complexidade na determinação
de fatores de risco para o desenvolvimento do TA, visto que não são tão incomuns entre as
minorias étnicas.
Para a variável com quem reside, também não foi observada associação estatística
significante. Contudo, CAMARGO (2008), em estudo realizado com estudantes de medicina,
enfermagem e nutrição, encontrou maior frequência de TA, entre universitárias que moravam
sozinhas em comparação com as que residiam com os pais e/ou familiares e as que residiam
com amigos, portanto, morar com pais e/ou familiares, amigos e companheiros ou colegas foi
considerado um fator de proteção para o desenvolvimento de padrões anormais de alimentação.
Uma explicação para isso seria a realização regular de refeições em família, que tem
sido sugerida como fator protetor para o comer transtornado, pois se trata de um momento em
que os pais apresentam aos filhos padrões alimentares saudáveis além de promover a interação
39
social entre a família, que pode auxiliar na prevenção ou até mesmo identificação precoce de
comportamentos de risco para os TA (NEUMARK-SZTAINER et al., 2004).
Tal como observado em outros estudos, também não houve associação estatisticamente
significante com a classe econômica (CENCI, 2007; CAMARGO, 2008; CENCI et al., 2009;
DUNKER et al., 2009; OLIVEIRA, 2009; COSTA e VASCONCELOS, 2010; ALVARENGA
et al., 2011).
Ressalta-se que o presente estudo investigou os alunos ingressantes na universidade
sobre a presença de comportamentos de risco para o desenvolvimento de TA e que não se
constituiu em um diagnóstico destes distúrbios. Para mais, CAMPOS et al. (2016) observou
condutas de risco à saúde entre universitários mais frequente entre os estudantes dos últimos
períodos. Desta forma, sugere-se novas discussões sobre os comportamentos de risco também
para os concluintes da graduação.
40
7. CONCLUSÃO
Conclui-se que os universitários apresentaram elevada frequência de comportamento
alimentar inadequado, tornando os estudantes suscetíveis ao desenvolvimento de TA. Os
comportamentos adotados em busca de um corpo ideal e muitas vezes irreal torna-se
preocupante, pois na maioria das vezes essas atitudes são contrárias a uma boa condição de
saúde.
As práticas alimentares inadequadas foram mais frequentes entre as mulheres, visto que
estas muitas vezes sentem-se mais confiantes e satisfeitas quando perdem peso, e ainda a
pressão exercida pela sociedade em busca da supervalorização do corpo perfeito, pode
influenciar na internalização do ideal de magreza feminino. Essas condutas também foram mais
frequentes entre os indivíduos que apresentaram excesso de peso, reforçando a ideia da
insatisfação corporal como justificativa para essas práticas.
Portanto, se faz necessária novos estudos sobre TA entre universitários, a fim de se
conhecer melhor as causas que conduzem a este desfecho e a partir deste reconhecimento,
buscar estratégias visando à prevenção e tratamento destes distúrbios, visto que esses
comportamentos influenciam de forma direta e negativa na saúde dos estudantes.
41
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51
ANEXOS
ANEXO 1 - Questionário simplificado para triagem de adolescentes com comportamentos de
risco para transtornos alimentares em estudos epidemiológicos.
53. Como você considera o seu consumo de GORDURAS (óleos, banha de porco, manteiga,
margarina, azeite):
1☐ Muito alto 2☐ Alto 3☐ Adequado 4☐ Baixo 5☐ Muito
baixo
54. Você considera o seu peso:
1☐ Acima do normal 2☐ Normal 3☐ Abaixo do normal 3☐ Não sabe
55. Você está fazendo algum tipo de dieta para perder peso? 1☐ Sim 0☐ Não
Esta pergunta é sobre vários métodos de controle de peso que algumas pessoas utilizam. NOS
ÚLTIMOS 3 MESES, você usou alguns dos seguintes métodos?
Nenhum
a vez
Menos de
uma vez
por semana
Uma
vez por
semana
Duas ou
mais vezes
por semana
56. Tomar laxativos (são remédios que provocam
diarreia para eliminar o excesso de alimento
ingerido).
57. Tomar diuréticos (são remédios que fazem
urinar muito).
58. Provocar vômitos para eliminar o excesso de
alimento ingerido com a intenção de emagrecer ou
de não ganhar peso?
59. Ficar sem comer ou comer pouquíssima
quantidade de comida durante um dia inteiro para
perder peso ou para não engordar?
Fonte: Adaptado de FERREIRA e VEIGA, 2008.
60. No ÚLTIMO ANO, você tentou perder peso ou evitou ganhar peso?
1☐ Sim 0☐ Não
Fez exercício físico 1☐Sim 0☐Não
Comeu pouca comida 1☐Sim 0☐Não
Tomou remédios para emagrecer 1☐Sim 0☐Não
Usou algum substituto de alimentos (ex.: shakes, suplementos) 1☐Sim 0☐Não
Pulou refeições 1☐Sim 0☐Não
Comeu mais frutas, legumes e verduras 1☐Sim 0☐Não
Comeu menos alimentos gordurosos 1☐Sim 0☐Não
52
ANEXO 2 - Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa.
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: Mudança no Estilo de Vida dos Ingressantes na Universidade
Pesquisador: Márcia Gonçalves Ferreira Lemos dos Santos
Área Temática:
Versão: 2
CAAE: 42587315.4.0000.5541
Instituição Proponente: Faculdade de Nutrição da UFMT
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 1.006.048
Data da Relatoria: 15/04/2015
Apresentação do Projeto:
Estudantes ingressantes na universidade, de modo geral, estão no final da adolescência, sendo
verificadas nesse período várias mudanças comportamentais, incluindo modificações dos
hábitos de alimentação, de atividade física e de estilo de vida de modo geral. A vida
universitária inclui barreiras para a alimentação saudável, como por exemplo, a falta de tempo,
a disponibilidade limitada de alimentos saudáveis, ou o pouco conhecimento sobre alimentação
saudável. Entretanto, no Brasil, pouco se sabe sobre as alterações comportamentais que ocorrem
no primeiro ano da faculdade. Este projeto de pesquisa tem como objetivo avaliar as variações
no peso corporal e mudanças de comportamentos entre ingressantes na universidade e
identificar possíveis fatores associados. Trata-se de um estudo longitudinal, de caráter
censitário, a ser desenvolvido com 780 universitários matriculados em cursos de turno integral
no primeiro semestre de 2015, no campus da
Universidade Federal de Mato Grosso da cidade de Cuiabá. A pesquisa será desenvolvida
durante o período letivo de 2015 em duas etapas: a primeira etapa é o estudo de base (em abril
e maio de 2015) e a segunda etapa corresponderá à avaliação após seis meses cursando a
universidade (em novembro e dezembro de 2015). Todos os estudantes serão avaliados no
estudo de base e no seguimento de seis meses após a primeira avaliação. Serão avaliados peso,
estatura, circunferência de cintura e pressão arterial dos universitários e estes responderão a um
questionário contendo questões sobre condições socioeconômicas, consumo alimentar,
atividade física, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e a autoavaliação do estado de saúde
e da dieta.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
Avaliar as variações no peso corporal e mudanças de comportamentos entre ingressantes na
universidade e identificar possíveis fatores associados.
Objetivo Secundário:
1. Caracterizar a situação nutricional, o consumo alimentar, e o estilo de vida dos
ingressantes na universidade (estudo de base);
2. Comparar os comportamentos de saúde, nutrição, atividade física e estilo de vida dos
estudantes no ingresso e após seis meses de curso universitário;
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3. Avaliar as variações no peso corporal do estudante entre o início do curso e após seis
meses de ingresso na universidade;
4. Identificar os fatores associados às modificações no peso, consumo alimentar, nível de
atividade física e estilo de vida após o ingresso na universidade.
5. Caracterizar os ambientes alimentares do campus universitário e adjacências.
6.Identificar facilitadores e barreiras para o consumo alimentar adequado no campus
universitário;
7.Verificar associação entre auto avaliação da saúde e da dieta com as alterações de estilo de
vida e comportamento alimentar.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Riscos:
Todos os procedimentos que serão realizados, ou seja, medidas de peso, altura, cintura e
aferição da pressão arterial não oferecerão riscos para a saúde do sujeito.
Benefícios:
Os participantes da pesquisa receberão informações sobre a sua composição corporal, estado
de peso e medida da pressão arterial.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
Pesquisa relevante para a área.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
TCLE: adequado.
-Folha de Rosto: devidamente carimbada e assinada pela direção da Faculdade de Nutrição
-Autorização para coleta de dados na universidade: devidamente assinada pela reitoria.
Recomendações:
Recomenda-se que, como benefício, o estudante identificado com algum desvio nutricional ou
de pressão arterial, sejam concedidas orientações básicas de controle/tratamento e
encaminhamento para profissional de saúde.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Não há pendências.
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Considerações Finais a critério do CEP:
PROJETO APROVADO EM RELAÇÃO À ANÁLISE ÉTICA.
CUIABÁ, 31 de março de 2015
________________________________________________
Assinado por: SHIRLEY FERREIRA PEREIRA
(Coordenador)
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ANEXO 3 - Termo de consentimento livre e esclarecido.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do estudo: Mudanças no estilo de vida dos ingressantes na universidade
Coordenação: Professora Dra Márcia Gonçalves Ferreira Lemos dos Santos – Faculdade de
Nutrição – UFMT, Avenida Fernando Correa da Costa, S/N, Cuiabá – MT.
Introdução: Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa com o objetivo de
descrever o estilo de vida de estudantes universitários. Sua turma será visitada por
entrevistadores, identificados com uso de crachá. Eles aplicarão um questionário contendo
perguntas sobre dados sociodemográficos e de estilo de vida como práticas de exercício físico,
alimentação, tabagismo, etc. Neste dia, o peso, a altura e as medidas da cintura e da pressão
arterial serão feitas nos participantes, utilizando-se balanças, fita própria para a medida e
aparelhos de aferição da pressão arterial.
Benefícios Potenciais:
Você receberá informações sobre a sua composição corporal, estado de peso e medida da
pressão arterial.
O estudante será informado do diagnóstico quanto ao seu estado nutricional ou de pressão
arterial, podendo ser alertado para a necessidade de orientação nutricional, se houver indicação.
Riscos: Todos os procedimentos que serão realizados, ou seja, medidas de peso, altura, cintura
e aferição da pressão arterial não oferecerão riscos para a sua saúde.
Compensação:
Você não será pago para participar deste estudo.
Participação voluntária/Desistência do Estudo:
Sua participação neste estudo é completamente voluntária. Você pode decidir não participar
desse estudo ou desistir de participar a qualquer momento e não sofrerá nenhum prejuízo por
essa decisão.
A participação nesse estudo se dará em duas etapas. A primeira avaliação será nos meses de
abril e maio, a segunda etapa corresponderá à avaliação após seis meses cursando a
universidade, sendo essas realizadas no período de aula. Os participantes também serão
contactados por telefone para responderem ao questionário sobre alimentação.
Confidencialidade: Sua identidade será mantida sob sigilo e, na medida do permitido pela
legislação e/ou regulamentos cabíveis, não serão disponíveis publicamente. Se os resultados do
estudo forem publicados, sua identidade permanecerá em sigilo.
Com Quem Você Deve Entrar em Contato em Caso de Dúvida:
Se você tem alguma questão ou dúvidas sobre a pesquisa você pode entrar em contato
com a Dra. Márcia Gonçalves Ferreira Lemos dos Santos e Professora Me. Patrícia Simone
Nogueira na Faculdade de Nutrição, Avenida Fernando Correa da Costa, n° 2367, no
Departamento de Alimentos e Nutrição, telefone: 3615-8811, ou por e-mail:
margon@terra.com.br e patricianogueira.ppj@gmail.com.
Suas dúvidas podem também ser enviadas para o Comitê de Ética do Hospital
Universitário Júlio Muller (Dra. Shirley Ferreira Pereira, na Universidade Federal de Mato
Grosso, no Bloco CCBS I, telefone 3615-8254).
Esse documento foi elaborado respeitando a resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012.
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Declaração de Consentimento:
Declaro que li e entendi o documento de consentimento e o objetivo do estudo, bem
como seus possíveis benefícios e riscos. Tive oportunidade de perguntar sobre o estudo e todas
as minhas dúvidas foram esclarecidas. Entendo que estou livre para decidir não participar desta
pesquisa.
Recebi uma cópia assinada e datada deste documento.
Nome do Participante
___________________________________________________ __________________
Assinatura do Participante (ou seu responsável legal) Data
_______________________________________________ __________________
Assinatura da pessoa que explicou o consentimento informado Data
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