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Gestão de resíduos sólidos na construção civil: Uma análise doRelatório GRI de empresas listadas na BM&FBOVESPA
LUIZ FELIPE FERREIRAUniversidade Federal de Santa Catarinaluizff67@terra.com.br FABIANA FRIGO SOUZAUniversidade Federal de Santa Catarinafabiiana_fs@hotmail.com DENIZE DEMARCHE MINATTI FERREIRAUniversidade Federal de Santa Catarinadminatti@terra.com.br
Gestão de resíduos sólidos na construção civil: Uma análise do Relatório GRI de
empresas listadas na BM&FBOVESPA
Resumo: Uma das áreas em ascensão no Brasil é a construção civil, no entanto, é um setor
que gera impactos ambientais, dentre eles, um número elevado de resíduos sólidos. Em
função disso, esse estudo tem como objetivo identificar e avaliar o que as empresas do ramo
da construção civil listadas na BM&FBOVESPA evidenciam em seus relatórios de
sustentabilidade em relação a gestão de seus resíduos. Para atender ao objetivo proposto,
foram pesquisados os relatórios de sustentabilidade das empresas listadas na BM&F
BOVESPA do setor de construção civil. Os resultados mostraram que pequena parte do total
de empresas listadas divulga o relatório de sustentabilidade e que, das duas empresas
identificadas, uma apresentou dados referente a 96% dos itens dos Indicadores de
Desempenho Ambiental do GRI e a outra apresentou apenas 13,33% dos itens, além do fato
de que se observou que uma das empresas elaborou o GRI considerando que algumas
informações eram parciais. O estudo apresenta que mesmo a construção civil sendo uma área
em expansão e geradora de resíduos, são poucas as empresas que apresentam relatório
socioambiental.
Palavras-chave: resíduos sólidos; construção civil; sustentabilidade ambiental.
Physical waste management in construction: An analysis of the GRI Reporting
companies listed on the BM&FBOVESPA Stock Exchange
Abstract: A growing industry in Brazil is construction; however, it causes significant impact
to the environment, part of which is a high level of physical waste. In light of these
circumstances, the objective of the present work is the identification and analysis of the waste
management-related content disclosed in the sustainability reports of the construction
companies listed on the BM&FBOVESPA Stock Exchange. To reach this objective, the
sustainability reports of construction companies listed on the BM&FBOVESPA Stock
Exchange were examined. The results showed that only a small portion of the listed
companies issues a sustainability report and also that, of the companies identified, one
displayed data related to 96% of the items comprising the Environmental Performance
Indicators of the GRI, while another, just 13.33% of the same, as well as the fact that one of
the companies prepared the GRI under the impression that the criteria were incomplete. The
study shows that, although the construction industry is expanding as well as a producer of
physical waste, very few companies within it disclose a socio-environmental report.
Key words: physical waste; construction; environmental sustainability.
1 Introdução
A construção civil é uma das áreas que está em maior desenvolvimento no Brasil, no
entanto, assim como tantas outras, provoca impactos ambientais, principalmente através da
geração de resíduos. Segundo Spadotto et. al (2011), “a construção civil é responsável por
vários reflexos, ao local e região onde se instala a obra, causados por suas atividades direta ou
indiretamente”, o que significa que a construção civil não causa apenas impactos ambientais,
mas também impactos sociais e econômicos. Em relação aos impactos ambientais, além da
utilização da área e da energia, a construção civil gera resíduos sólidos, seja na própria
construção ou na demolição. Esses resíduos normalmente são descartados de forma
inadequada e geram impacto ambiental. Azevedo, Perstok e Moraes (2006) citam que
“praticamente todas as atividades desenvolvidas na construção civil são geradoras de
resíduos, comumente chamado entulho ou resíduo de construção e demolição (RCD), ou,
ainda, como atualmente tem sido denominado, resíduo da construção civil (RCC)”.
Segundo Silva e Fernandes (2012), o setor da construção civil é um dos maiores
geradores de resíduos sólidos atualmente e, os resíduos gerados durante a construção ou
demolição são de extrema importância no montante que é produzido nos centros urbanos.
Estes resíduos constituem uma parte representativa do total de lixo gerado nas cidades o que
faz com que a área passe a ser alvo de constantes pesquisas e legislações que apresentem
normas a ser seguidas, evitando a geração de impactos maiores.
Entre as normas que regem a geração e destinação dos resíduos sólidos pode-se citar a
Resolução 307/2002 da CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e a Lei
11.445/2007.
Com base nessa perspectiva, surge a problemática da pesquisa: o que as empresas do
ramo da construção civil listadas na BM&FBOVESPA evidenciam em seus relatórios de
sustentabilidade em relação a gestão de resíduos sólidos? Partindo dessa problemática, tem-se
como objetivo: identificar e avaliar o que as empresas do ramo da construção civil listadas na
BM&FBOVESPA evidenciam em seus relatórios de sustentabilidade em relação a gestão de
resíduos sólidos.
O estudo contribui para avaliar o nível de divulgação das empresas do ramo da
construção civil em relação a sua política com a geração de resíduos sólidos, levando em
conta o que a legislação determina e avalia se as empresas do ramo da construção civil estão
adotando as práticas descritas na legislação no tratamento dos resíduos sólidos gerados.
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Construção civil: Resíduos gerados e legislação
O setor de construção civil possui algumas particularidades, que foram citadas por
Toledo, Abreu e Jugles (2000), como por exemplo, a vida útil longa dos produtos,
dependência de outros setores industriais e outras.
Segundo Barros (1999), a construção civil é uma área com uma grande dificuldade na
implantação de inovações. Isso significa que mesmo as inovações que auxiliam na redução de
impactos ambientais são dificilmente implantadas nesse setor.
A construção civil, devido a grande geração de resíduos em seus canteiros de obras,
extração de minerais e outras atividades, ficou conhecida como sendo uma atividade geradora
de danos ambientais e, em função disso, atualmente o setor tem-se focado em minimizar ou
extinguir seus efeitos negativos no que diz respeito ao meio ambiente (SÁBADO E FARIAS
FILHO, 2011).
A Lei 11.445/2007 estabelece diretrizes quanto ao saneamento básico, trazendo
definições e políticas de saneamento básico, bem como as características e classificações
inerentes aos resíduos sólidos.
Os resíduos sólidos gerados pela construção civil estão inseridos nessa legislação no
artigo 3º, onde a lei expõe o que é considerado saneamento básico, quando tratado sobre a
limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos, que é definido como o “conjunto de
atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de
logradouros e vias públicas” (LEI 11.445/2007).
A Lei nº 12.305/10 instituiu a Política Nacional de Resíduos sólidos que tem como
objetivo a prevenção e a redução de geração de resíduos sólidos, visando o consumo
sustentável, aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos gerados e sua
correta destinação.
Segundo a Lei, o gerenciamento de resíduos sólidos pode ser definido como:
“conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de
acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano
de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei;”
Como resíduos sólidos, a Lei define que é todo:
“material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas
em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está
obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos
em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento
na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções
técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;”
O artigo 13 da Lei nº 12.305/10 classifica os resíduos sólidos de acordo com a Tabela
1 a seguir:
Tabela 1: Classificação dos resíduos sólidos
Quanto à origem
a) resíduos domiciliares Os originários de atividades domésticas em
residências urbanas.
b) resíduos de limpeza urbana Os originários da varrição, limpeza de
logradouros e vias públicas e outros serviços de
limpeza urbana.
c) resíduos sólidos urbanos Os englobados nas alíneas “a” e “b”.
d) resíduos de estabelecimentos
comerciais e prestadores de serviços
Os gerados nessas atividades, excetuados os
referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”.
e) resíduos dos serviços públicos de
saneamento básico
Os gerados nessas atividades, excetuados os
referidos na alínea “c”.
f) resíduos industriais Os gerados nos processos produtivos e
instalações industriais.
g) resíduos de serviços de saúde Os gerados nos serviços de saúde, conforme
definido em regulamento ou em normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do
SNVS.
h) resíduos da construção civil Os gerados nas construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil,
incluídos os resultantes da preparação e
escavação de terrenos para obras civis.
i) resíduos agrossilvopastoris Os gerados nas atividades agropecuárias e
silviculturais, incluídos os relacionados a
insumos utilizados nessas atividades.
j) resíduos de serviços de transportes Os originários de portos, aeroportos, terminais
alfandegários, rodoviários e ferroviários e
passagens de fronteira.
k) resíduos de mineração Os gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios.
Quanto à
periculosidade
a) resíduos perigosos Aqueles que, em razão de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade,
teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à
qualidade ambiental, de acordo com lei,
regulamento ou norma técnica.
b) resíduos não perigosos Aqueles não enquadrados na alínea “a”.
Fonte: Lei 12.305/10
O CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo dispor sobre
a Política Nacional do Meio Ambiente e trouxe a Resolução 307/2002, em função da geração
de resíduos advindos da construção civil, que estabelece diretrizes quando a gestão de
resíduos sólidos gerados a partir da construção civil.
A Resolução 307/2002 da CONAMA define que os resíduos da construção civil
“são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais
como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas,
colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de
entulhos de obras, caliça ou metralha.”
É todo aquele material que restou das construções e que não foi reutilizado é tratado como
resíduo sólido proveniente da construção civil.
Esses resíduos, quando reutilizados podem gerar economia para a empresa e ainda
evitar ou diminuir os impactos ambientais gerados pelo setor. Em função disso, a Resolução
307/2002 da CONAMA classifica os resíduos sólidos em 4 classes distintas, levando em
consideração a possibilidade ou não de reciclagem/reutilização desses resíduos:
“I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais
como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras
de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias
ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação,
tais como os produtos oriundos do gesso;
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias
ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou
recuperação;
IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros.
IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à
saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas,
instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que
contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.”
Com base nas classificações disponíveis as empresas podem além de preservar o meio
ambiente e motivar ações socioambientais que melhoram a sua imagem e a qualidade de vida
dos usuários, ainda gerarem renda, tendo, assim, melhores resultados.
2.3 Global Reporting Initiative - GRI
Criada em 1997, a GRI “é uma organização multistakeholder, sem fins lucrativos, que
desenvolve a estrutura de relatórios de sustentabilidade” (BEUREN, DOMENICO E
CORDEIRO, 2013) e tem como objetivo “melhorar a qualidade, o rigor e a aplicabilidade dos
relatórios de sustentabilidade” (GRI, 2006, p. 1).
Para Ferreira et al. (2009), a transparência sobre os impactos econômicos, ambientais
e sociais tornou-se fundamental para dar credibilidade às empresas junto aos stakeholders,
por meio do fornecimento de informações sobre a sustentabilidade empresarial, surgindo a
necessidade de uma estrutura de conceitos globais em linguagem coerente e métrica. Desta
forma, a GRI tem como missão: “[...] satisfazer essa necessidade, oferecendo uma estrutura
confiável para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, que possa ser usada por
organizações de todos os tamanhos, setores, e localidades”. (GRI 2006, p. 2)
Rosa et al. (2013) diz que o GRI “vem auxiliando as empresas a medirem e
comunicarem seu desempenho econômico, ambiental e social” através do relatório de
sustentabilidade que vem se destacando no cenário mundial, que foi “desenvolvido para
auxiliar as organizações a medirem e comunicarem seu desempenho econômico, ambiental e
social”, além disso, por ter destaque internacional passou ser uma base importante para a
comparação de informações.
Segundo a GRI (2006, p. 3), “elaborar relatórios de sustentabilidade é a prática de
medir, divulgar e prestar contas para stakeholders internos e externos do desempenho
organizacional visando o desenvolvimento sustentável”, portanto seu relatório possui uma
estrutura com indicadores internos e externo de sustentabilidade ambiental (BEUREN,
DOMENICO E CORDEIRO, 2013).
Para Nossa (2002, p. 122), “de todos os organismos que apresentam diretrizes sobre
gestão ambiental ou geração de informações ambientais, este é o que parece mais completo e
abrangente com suas diretrizes”. O que contribui para tal observação é o fato de que além do
processo ser multistakeholder, o relatório de sustentabilidade apresentado pela GRI baseia-se
em um tripé em que são evidenciados os impactos econômicos, ambientais e sociais.
Com o objetivo de garantir a transparência, que aqui é definida como “divulgação
completa de informações sobre os temas e indicadores necessários para refletir os impactos e
possibilitar a tomada de decisão pelos stakeholders” GRI (2006, p. 6), foram criadas
orientações e estabelecidos princípios para definir o conteúdo, garantir a qualidade e
estabelecer os limites do relatório. As orientações descrevem quais medidas devem ser
tomadas a fim de decidir o que relatar, elas dão as diretrizes para definir o conteúdo e limite
do relatório, já os princípios direcionam a escolha do conteúdo e a busca da qualidade,
apontando os objetivos que devem ser atingidos por um relatório.
2.4 Estudos relacionados
Azevedo, Kiperstok e Moraes (2006) em seu estudo sobre os resíduos da construção
civil em Salvador, tinham como objetivo discutir o impacto ambiental provocado pela geração
crescente de resíduos da construção civil. Como resultados, os autores sugeriram medidas
para a prevenção de geração de resíduos, bem como um modelo para o fluxo dos resíduos,
com isso, a geração de resíduos diminuiria em 30%.
Ferreira, Noschang e Ferreira (2009) realizaram um estudo buscando identificar como
a construção civil poderia contribuir em ações voltadas para a sustentabilidade empresarial.
Os autores concluíram que os problemas ambientais oriundos da construção civil podem ser
gerados a partir da deposição incorreta dos resíduos e que se forem aplicados os materiais de
forma corretamente, o impacto é reduzido, além disso, há a possibilidade do uso de materiais
recicláveis e reutilizáveis.
Silva e Fernandes (2012) levantaram os principais impactos ambientais ocorridos
devido à falta de gestão dos RCD (Resíduos de Construção e Demolição) em Uberaba-MG.
Entre as conclusões, os autores constataram que a cidade de Uberaba-MG não tinha
implementado um sistema de gerenciamento dos RCD e que a população da cidade não estava
educada e sensibilizada ambientalmente quanto aos RCD e que a solução para os impactos
causados pelos resíduos de construção e demolição gerados na cidade seria a criação de uma
planta para reciclagem desses resíduos.
Silva et al.(2006) realizaram um estudo tendo como objetivo o estudo das práticas de
gestão de resíduos sólidos da construção civil implementadas pelo Poder Público Municipal
na cidade de Belo Horizonte (MG). Os resultados apontaram que houve a implementação de
um conjunto de políticas e práticas de gestão de resíduos de construção. Além disso, os
resultados indicam também que houve benefícios econômicos, sociais e ambientais.
Baptista Junior e Romanel (2013) em seu estudo tinham como objetivo discutir os
principais aspectos relacionados a geração de resíduos da construção civil, tendo como ponto
de vista a sustentabilidade das edificações. No resultado os autores sugeriram um plano de
gestão circular, obrigando a separação de materiais, implantação de pontos de recolhimento e
a instalação de centros de tratamentos de resíduos de construção civil.
3 Metodologia
A pesquisa foi realizada no conteúdo do sítio eletrônico da BM&FBOVESPA,
buscando as empresas do setor da construção civil e de posse da relação foram acessados os
relatórios de sustentabilidade divulgados pelas mesmas no ano base 2012.
Quanto aos objetivos a pesquisa caracteriza-se como descritiva que, segundo Triviños
(1987), “pretende apresentar com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade”.
Em relação aos procedimentos trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que é definida
como sendo “desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos” (GIL, 2002).
No que diz respeito a abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa quantitativa,
que “caracteriza -se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de
informações, quanto no tratamento dessas através de técnicas estatísticas” e tem como
objetivo “garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação,
possibilitando, consequentemente, uma margem de segurança quanto às inferências”
(RICHARDSON, 1985).
As empresas foram identificadas através da listagem do setor de construção civil da
BM&FBOVESPA, onde se acessou o conteúdo dos sítios eletrônicos, obtendo-se um total de
20 empresas (Tabela 2). Foram identificadas apenas 2 empresas que possuem o relatório de
sustentabilidade, o que representa 10% do total das empresas listadas no setor de construção
civil.
Tabela 2: Empresas listadas na BM&FBOVESPA no setor de construção civil
Empresa Selecionada BROOKFIELD INCORPORAÇÕES S.A. Não
CONSTRUTORA ADOLPHO LINDENBERG S.A. Não
CR2 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. Não
CYRELA BRAZIL REALTY S.A. EMPREEND. E PART Não
DIRECIONAL ENGENHARIA S.A. Não
EVEN CONSTRUTORA E INCORPORADORA S.A. Sim
EZ TEC EMPREEND. E PARTICIPACÕES S.A. Não
GAFISA S.A. Não
HELBOR EMPREENDIMENTOS S.A. Não
JHSF PARTICIPACÕES S.A. Não
JOAO FORTES ENGENHARIA S.A. Não
MRV ENGENHARIA E PARTICIPACÕES S.A. Sim
PDG REALTY S.A. EMPREEND E PARTICIPACÕES Não
RODOBENS NEGOCIOS IMOBILIÁRIOS S.A. Não
ROSSI RESIDENCIAL S.A. Não
SERGEN SERVICOS GERAIS DE ENG. S.A. Não
TECNISA S.A. Não
TGLT S.A Não
TRISUL S.A. Não
VIVER INCORPORADORA E CONSTRUTORA S.A. Não
Fonte: BM&F BOVESPA (2014).
A amostra desta pesquisa para a análise de dados constitui-se, portanto da Even
Construtora e Incorporadora S.A. e MRV Engenharia e Participações S.A. que divulgam seus
relatórios de sustentabilidade.
4 Apresentação e análise dos resultados
4.1 EVEN Construtora e Incorporadora S.A.
A EVEN Construtora e Incorporadora S.A. vêm publicando seu relatório de
sustentabilidade desde o ano de 2008. Em seu relatório informa que é uma das pioneiras no
Brasil na construção sustentável, desenvolvendo práticas como: utilização de formas para
concreto feitas de plástico e reutilizando os resíduos gerados nas construções, bem como
mecanismos de controle sobre a geração de resíduos, executando auditorias nos canteiros de
obras.
Em 2012, foram gerados mais de 65 mil toneladas de resíduos que são separados,
ainda nos canteiros de obras de acordo com o seu tipo (gesso, entulho, misturados ou mix,
madeira e recicláveis).
Com a implementação de projetos de logística reversa, conforme contemplado na
Política Nacional de Resíduos, a empresa devolveu aos fornecedores mais de 150 toneladas de
entulho, para que eles fossem incorporados na produção de blocos não estruturais, além disso,
a reciclagem de gesso chegou a quase 559 toneladas.
A EVEN Construtora e Incorporadora S.A. implantou também um sistema para a
reciclagem dos sacos de cimento, fazendo uma parceria com outras empresas e substituindo as
caçambas por receptores de resíduos recicláveis, de forma que o cimento fosse retirado dos
sacos de forma mais eficiente, diminuindo a quantidade de resíduo de cimento que iria para os
aterros sanitários em 76%, tendo estabelecido como meta 80% no ano de 2013.
Quanto a evidenciação, no relatório de sustentabilidade a empresa adotou o modelo de
indicadores do GRI e apresentou a seguinte tabela quanto a divulgação das informações.
Tabela 3: Indicadores de Desempenho Ambiental da empresa EVEN Construtora e
Incorporadora S.A. Item Assunto Status Página
Indicadores de Desempenho Ambiental
Aspecto: Materiais
EN1 Materiais usados por peso, valor ou volume Completo 74
EN2 Percentual de materiais usados provenientes de reciclagem e reutilizados no
processo
Completo 74
Aspecto: Energia
EN3 Consumo de energia direta discriminado por fonte de energia primária Completo 75
EN4 Consumo de energia indireta discriminado por fonte primária Completo 75
EN5 Energia economizada devido a melhorias em conservação e eficiência Completo 75
EN6 Iniciativas para fornecer produtos e serviços com baixo consumo de energia,
ou que usem energia gerada por recursos renováveis, e a redução na
necessidade de energia resultante de dessas iniciativas
Completo 81
EN7 Iniciativas para reduzir o consumo de energia indireta e as reduções obtidas Completo 70
Aspecto: Água
EN8 Total de retirada de água por fonte Completo 76
EN9 Fontes hídricas significativamente afetadas por retirada de água Completo 76
EN10 Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada Completo 76
Aspecto: Biodiversidade
EN11 Localização e tamanho da área possuída, arrendada ou administrada dentro
de áreas protegidas, ou adjacente a elas, e áreas de alto índice de
biodiversidade fora das áreas protegidas
Completo 67
EN12 Descrição de impactos significativos na biodiversidade de atividades,
produtos e serviços em áreas protegidas e em áreas de alto índice de
biodiversidade fora das áreas protegidas
Completo 67
EN13 Habitats protegidos ou restaurados Completo 67
EN14 Estratégias, medidas em vigor e planos futuros para a gestão de impactos na
biodiversidade
Completo 67
EN15 Número de espécies na Lista Vermelha da IUCN1 e em listas nacionais de
conservação com habitats em áreas afetadas por operações, discriminadas
pelo nível de risco de extinção
Completo 67
Aspecto: Emissões, Efluentes e Resíduos
EN16 Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa, por peso Completo 68
EN17 Outras emissões indiretas relevantes de gases de efeito estufa, por peso Completo 68
EN18 Iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e as reduções
obtidas
Completo 67
EN19 Emissões de substância destruidora da camada de ozônio, por peso Completo 69
EN20 NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso Completo 68; 69
EN21 Descarte total de água, por qualidade e destinação Completo 76
EN22 Peso total de resíduos, por tipo e métodos de disposição Completo 71
EN23 Número e volume total de derramamentos significativos - Justificativa: Não
houve derramamento no período relatado
Completo
EN24 Peso de resíduos transportados, importados, exportados ou tratados
considerados perigosos nos termos da Convenção da Basileia 2- Anexos I, II,
III e VIII, e percentual de carregamentos de resíduos transportados
internacionalmente - Justificativa: Em 2013 será implantado um novo
sistema de armazenamento de todos os resíduos perigosos em baia específica,
mais eficiente e mais adaptado às normas vigentes, permitindo uma
destinação adequada para cada tipo
Parcial
EN25 Identificação, tamanho, status de proteção e índice de biodiversidade de
corpos d’água e habitats relacionados significativamente afetados por
descartes de água e drenagem realizados pela organização relatora
Completo 76
Aspecto: Produtos e Serviços
EN26 Iniciativas para melhorar a eficiência e mitigar os impactos ambientais de
produtos e serviços e a extensão da redução desses impactos
Completo 61; 82
EN27 Percentual de produtos e suas embalagens recuperados em relação ao total de
produtos vendidos, por categoria de produto
Completo 77
Aspecto: Conformidade
EN28 Valor monetário de multas significativas e número total de sanções não
monetárias resultantes de não conformidade com leis e regulamentos
ambientais
Completo 67
Aspecto: Transporte
1 International Union for Conservation of Nature
2 Um acordo que define e controla os movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e seu depósito
EN29 Impactos ambientais significativos do transporte de produtos e outros bens e
materiais utilizados nas operações da organização bem como do transporte de
trabalhadores
Completo 69
Aspecto: Geral
EN30 Total de investimentos e gastos em proteção ambiental, por tipo Completo 77
Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2012 – EVEN Construtora e Incorporadora S.A.
Segundo o GRI apresentado, a EVEN Construtora e Incorporadora S.A. divulgou
todos os 25 itens propostos no modelo na parte de Indicadores de Desempenho Ambiental,
sendo apenas 1 item,em 4%, de forma parcial.
Após análise dos dados divulgados pela empresa no seu relatório de sustentabilidade,
foram observados que alguns itens considerados com divulgação completa não estavam
disponíveis no relatório, portanto, a tabela abaixo mostra um novo GRI elaborado pelos
autores para o aspecto de emissões, efluentes e resíduos (Tabela 5).
Tabela 5: Proposta de novo GRI com base na análise dos dados apresentados no relatório de
sustentabilidade da empresa EVEN. Aspecto: Emissões, efluentes e resíduos.
EN16 Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa, por peso. Completa
EN17 Outras emissões indiretas relevantes de gases de efeito estufa, por peso. Completa
EN18 Iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e as reduções obtidas. Completa
EN19 Emissões de substância destruidora da camada de ozônio, por peso. Completa
EN20 NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso. Parcial
EN21 Descarte total de água, por qualidade e destinação. Parcial
EN22 Peso total de resíduos, por tipo e métodos de disposição. Parcial
EN23 Número e volume total de derramamentos significativos - Justificativa: Não houve
derramamento no período relatado Completa
EN24
Peso de resíduos transportados, importados, exportados ou tratados considerados
perigosos nos termos da Convenção da Basileia – Anexos I, II, III e VIII, e percentual de
carregamentos de resíduos transportados internacionalmente - Justificativa: Em 2013
será implantado um novo sistema de armazenamento de todos os resíduos perigosos em
baia específica, mais eficiente e mais adaptado às normas vigentes, permitindo uma
destinação adequada para cada tipo.
N. D.
EN25
Identificação, tamanho, status de proteção e índice de biodiversidade de corpos d’água e
habitats relacionados significativamente afetados por descartes de água e drenagem
realizados pela organização relatora.
Parcial
Fonte: Autores.
Com base no relatório de sustentabilidade observou-se que o item EN20 que estava
como informação completa, foi informado parcialmente, pois a empresa apresentou
informações apenas sobre a substância N2O3.
O item EN21 apenas informa que a água descartada é a mesma que é consumida, já
que não há reutilização da mesma, no entanto, não há informação quanto a qualidade da água
descartada.
No item EN22 a empresa divulga o total de resíduos gerados, porém não discrimina
por tipo e método de disposição.
Em relação ao item EN24, ele não foi divulgado, a empresa apenas justifica que para o
ano de 2013 será implantado um novo sistema, mas isso não justifica o fato da informação
não ser divulgada, visto que o relatório trata do ano de 2012.
Quanto ao item EN25, a empresa não apresenta as fontes de água afetadas, apesar de
dizer no relatório de sustentabilidade que ela identificou, só diz que nenhuma fonte de água
foi significativamente afetada pela retirada de água pela empresa.
3 Óxido nitroso
Constatou-se, após a análise do novo relatório de sustentabilidade elaborado pelos
autores, que a empresa passou a ter divulgação completa de 50% dos itens do aspecto de
emissão, efluentes e resíduos, diferentemente dos 90% que constavam como sendo divulgados
com informações completas no GRI apresentado pela empresa.
4.2 MRV Engenharia e Participações S.A.
A empresa MRV Engenharia e Participações S.A. iniciou a divulgação do seu relatório
de sustentabilidade no ano de 2011, sendo o ano utilizado para este trabalho o segundo em
que foi divulgado o referido relatório.
Em 2011 a empresa iniciou uma ação de reaproveitamento de entulhos, com o intuito
de reduzir o impacto dos resíduos gerados pelos seus empreendimentos, dando a correta
destinação aos materiais não reutilizados, evitando que fossem levados aos aterros sanitários.
Suas obras contam com baias de armazenamento para cada tipo de material (madeira, gesso,
metal, sacaria, rejeito, entulho e recicláveis), com a finalidade de facilitar a correta destinação
de cada tipo de material.
Em seu relatório de sustentabilidade a empresa afirma ainda que parte dos materiais
reutilizáveis é implantado nas próprias obras da MRV Engenharia e Participações S.A., visto
que a mesma possui uma mini-indústria de reciclagem.
A empresa MRV Engenharia e Participações S.A. também utilizou o GRI para mostrar
a evidenciação das informações no seu relatório de sustentabilidade e apresentou a seguinte
tabela.
Tabela 5: Indicadores de Desempenho Ambiental da empresa MRV Engenharia e
Participações S.A. Indicadores de Desempenho Ambiental
Aspecto: Materiais
EN1 Materiais usados por peso ou volume N.D.
EN2 Percentual dos materiais usados provenientes de reciclagem N.D.
Aspecto: Energia
EN3 Consumo de energia direta discriminados por fonte de energia primária N.D.
EN4 Consumo de energia indireta discriminados por fonte primária N.D.
EN5 Energia economizada devido a melhorias em conservação e eficiência N.D.
EN6 Iniciativas para fornecer produtos e serviços com baixo consumo de
energia
N.D.
EN7 Iniciativas para reduzir o consumo de energia indireta e as reduções
obtidas
N.D.
Aspecto: Água
EN8 Total de água retirada por fonte N.D.
EN9 Fontes hídricas significativamente afetadas por retirada de água N.D.
EN10 Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada N.D.
Aspecto: Biodiversidade
EN11 Localização e tamanho da área possuída N.D.
EN12 Impactos significativos na biodiversidade de atividades, produtos e
serviços
N.D.
EN13 Habitats protegidos ou restaurados N.D.
EN14 Estratégias para gestão de impactos na biodiversidade N.D.
Aspecto: Emissões, Efluentes e Resíduos
EN15 Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa N.D.
EN16 Outras emissões indiretas relevantes de gases de efeitos estufa 89-90
EN17 Iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e as reduções
obtidas
91 - atende
parcialmente
EN18 Emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio 82, 89-91
EN19 NOx4, SOx
5 e outras emissões atmosféricas significativas N.D.
EN20 Descarte total de água, por qualidade e destinação N.D.
EN21 Peso total de resíduos, por tipo e métodos de disposição N.D.
EN22 Número e volume total de derramamentos significativos N.D.
EN23 Peso de resíduos transportados, considerados perigosos N.D.
EN24 Descrição de proteção e índice de biodiversidade de corpos d’água e
habitats
N.D.
Aspecto: Produtos e Serviços
EN25 Iniciativas para mitigar os impactos ambientais 85, 92-95
EN26 Percentual de produtos e embalagens recuperados, por categoria de
produto
N.D.
Aspecto: Conformidade
EN27 Valor multas e número total de sanções resultantes de não conformidade
com leis
N.D.
EN28 Impactos ambientais referentes a transporte de produtos e de trabalhadores N.D.
Aspecto: Geral
EN29 Total de investimentos e gastos em proteção ambiental N.D.
Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2012 – MRV Engenharia e Participações S.A.
Dos 30 itens apresentados no modelo GRI na parte de Indicadores de Desempenho
Ambiental, a empresa MRV Engenharia e Participações S.A. divulgou apenas 4, o que
representa 13,33% do total, sendo que 1 item entre os 4 foi apresentado de forma parcial.
Em relação aos aspectos de emissões, efluentes e resíduos foi feita uma análise dos
dados apresentados pela empresa no relatório de sustentabilidade e feitas sugestões à luz do
GRI de tais aspectos elaborado um novo GRI desse aspecto. A tabela 6 mostra o novo GRI,
sugerido pelos autores.
Tabela 6: Proposta de novo GRI com base na análise dos dados apresentados no relatório de
sustentabilidade da empresa MRV. Aspecto: Emissões, efluentes e resíduos.
EN16 Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa. Completo
EN17 Outras emissões indiretas relevantes de gases de efeitos estufa. Completo
EN18 Iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e as reduções
obtidas.
Parcial
EN19 Emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio. Completo
EN20 NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas. N.D.
EN21 Descarte total de água, por qualidade e destinação. N.D.
EN22 Peso total de resíduos, por tipo e métodos de disposição. N.D.
EN23 Número e volume total de derramamentos significativos. N.D.
EN24 Peso de resíduos transportados, considerados perigosos. N.D.
EN25 Descrição de proteção e índice de biodiversidade de corpos d’água e habitats. N.D.
Fonte: Autores.
No GRI divulgado pela empresa foi identificado um erro, o item EN16 a empresa diz
que não informa o total de emissões direta e indiretas de gases de efeito estufa, mas há uma
tabela no relatório de sustentabilidade em que constam o total de emissões dos gases de efeito
estufa, essa foi a única mudança em relação ao GRI divulgado pela empresa.
Com base no novo GRI elaborado, o percentual de divulgação de informações
completas da MRV aumentou, passando de 20% para 30%.
4 Óxidos de nitrogênio
5 Compostos de enxofre
5 Conclusões
Com base na pesquisa feita nos relatórios de sustentabilidade das duas empresas do
setor listadas na BM&F BOVESPA, que possuem relatório de sustentabilidade, observou-se
que ambas tratam da gestão de resíduos sólidos em seus relatórios de sustentabilidade, bem
como as práticas adotadas para a correta destinação e reutilização ou reciclagem dos resíduos,
quando possível, no entanto, notou-se que uma empresa já vem elaborando e divulgando seu
relatório a mais anos, desde 2008, enquanto a outra elabora e publica seu relatório de
sustentabilidade desde 2011.
Observou-se ainda que a empresa EVEN Construtora e Incorporadora S.A. divulgou
um número maior de informações sobre a gestão dos seus resíduos sólidos, inclusive a
quantidade de resíduos gerada em um determinado período, além disso, ela implantou um
sistema para reciclagem dos sacos de cimento, o que reduziu os restos de cimento nos aterros
sanitários, em contrapartida a empresa MRV Engenharia possui um sistema de reutilização de
resíduos que são reciclados dentro de suas próprias instalações, através da implantação de
uma mini-indústria de reciclagem.
Enquanto a empresa EVEN Construtora e Incorporadora S.A. evidenciou 96% dos
itens do seu GRI quanto aos Indicadores de Desempenho Ambiental, a empresa MRV
Engenharia e Participações evidenciou apenas 13,33%, além disso, após a elaboração do novo
GRI. A primeira empresa apresentou completamente uma redução da evidenciação de itens,
antes ela apresentava 90% de itens completos e passou para 50%, enquanto a segunda
empresa apresentou um aumento, de 20% para 30%, o que mostra que mesmo a construção
civil sendo uma área em expansão e sendo grande geradora de resíduos. Cabe ressaltar
finalmente que são poucas as empresas que apresentam relatórios de sustentabilidade e das
duas empresas que apresentaram, apenas uma expos os itens dos Indicadores de Desempenho
Ambiental de forma representativa e, ainda, observou-se que na elaboração do GRI a empresa
EVEN Construtora e Incorporadora S.A. considerou como divulgação completa alguns itens
que foram parcialmente informados.
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