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Globalização e transformações na economia mundial
Prof. Dr. Marcelo Manzano (manzano1968@gmail.com)
Setembro de 2018
Considerações preliminares
A dinâmica econômica internacional guarda nexos
importantes com a história das divisas que funcionam como “moeda internacional”
A longa trajetória de internacionalização do capital é marcada pela história da moeda internacional de cada época.
Grosso modo, podemos identificar três etapas distintas, ou três Sistemas Monetários Internacionais:
Padrão-ouro (1870-1914) - Libra esterlina
Padrão Dólar-ouro (1946-1971)
Padrão Dólar (1971-........)
Na história do capitalismo, cada Sistema Monetário pode ser associado a um padrão de internacionalização do capital:
1870-1914
Padrão-ouro
Imperialismo colonial
Exploração de
matérias primas
Empréstimos internacionais
1946-1971
Padrão Dólar-ouro
Transnacionalização das Empresas
Deslocamento de plantas produtivas
Predominância de IED
Desde 1979
Padrão Dólar
Globalização Financeira e Comercial
Cadeias Globais de Valor
A história da economia internacional pós-Bretton Woods se confunde com a
história do Dólar, que se consolidou como:
•Meio de pagamento das transações internacionais.
•Ativo de reserva internacional.
Sob a hegemonia do dólar:
Os Déficits no Balanço de Pagamentos dos EUA forneceram liquidez e mercado para a expansão do comércio mundial;
Que Induziram a reconstrução da Europa e do Japão
Que transbordou para os países da periferia, viabilizando suas políticas de desenvolvimento nacional. (China, Coreia, Brasil, México).
Os desequilíbrios dos Bal. Pagamentos dos EUA inviabilizaram
a manutenção do regime de BW.
Em 1971 - fim da paridade
Em 1973 – taxas de câmbio flutuantes
Contínua desvalorização do dólar, agrava a estagflação.
A QUEDA
Para enfrentar a crise – especialmente a inflação
doméstica – em 1979 o FED eleva as taxas de juros, recuperando a
força do dólar como moeda reserva internacional.
A RETOMADA
Com o dólar valorizado e os juros dos EUA elevados, criou-se um novo
cenário mundial a partir de 1980:
Crescem dos desequilíbrios nos Bal. Pagamentos.
Onda de desvalorizações competitivas
Migração da grande indústria para países com relação câmbio/salário mais competitiva.
Nova Etapa de Internacionalização
do Capital
Para os EUA, abre-se a possibilidade de
internacionalização de suas indústrias, processo que é apoiado pela expansão dos Bancos Norte-Americanos
em escala global e pela valorização do Dólar.
Incertezas de um sistema de ativos e passivos em escala global impulsiona a “securitização” e as
pressões pela liberalização
financeira e pela desregulamentação
dos sistemas domésticos.
A abertura da conta capital de
vários países impõe-lhes a
adoção de taxas de câmbio flutuantes.
Por conta do crescimento do
mercado secundário e da
segurança que os Bonds dos EUA
representavam nos portfólios, cresce a
alavancagem e a exposição ao risco
Com a criação dos bancos
múltiplos a partir dos EUA,
difundiram-se inovações
financeiras que amplificaram o
mercado de ativos.
Os bancos dos EUA na medida
em que comandam a
circulação financeira ao
redor do mundo, passam a induzir a formação das
taxas de câmbio.
As moedas nacionais transformam-se em ativos financeiros
• arbitragem
• especulação
Fica a reboque das oscilações dos juros internacionais e da dinâmica do mercado internacional de moedas
(câmbio)
Nessas circunstâncias a política macroeconômica perde autonomia e eficiência.
A hipertrofia do mercado financeiro transforma as
estratégias de acumulação dos grandes grupos
econômicos.
Financiam-se cada vez mais no mercado de capitais
Com a ampliação dos riscos, encurta-se o
horizonte e as decisões de investimento se orientam
para ganhos de curto prazo (curtoprazismo)
Ganha importância a gestão de caixa (tesouraria das empresas) em detrimento da
produção.
A remuneração da alta gestão se dá via
participação nos resultados de curto prazo, elevando os ganhos das cúpulas
gerenciais.
Crescem os lucros financeiros em
relação aos lucros operacionais.
Combinados, esses fatores levaram a processos de elevação fictícia da riqueza, produzindo bolhas especulativas, seguidas de crises financeiras.
Os EUA se tornam o centro de valorização do capital financeiro
Financia enormes déficits comerciais, assumindo a condição de “Consumidor de última instância” do mercado mundial
Em prejuízo da sua produção manufatureira.
Em prejuízo do mercado de trabalho interno
A China ajusta sua estratégia de industrialização para atrair a “grande empresa internacional”.
A Ásia se torna o polo da produção de manufatura, cujo centro dinâmico é a China.
Essa “mancha manufatureira” se torna grande importadora de insumos;
Redução dos preços dos bens manufaturados e alteração dos termos de troca em favor dos primários.
(beneficiando, por exemplo, o Brasil)
O protagonista dessa Nova Ordem
Internacional é a
GRANDE EMPRESA INTERNACIONAL
A variável independente é o influxo de capitais nos
EUA
• Centralização do controle, auxiliada pelas ondas de fusões e aquisições;
• Descentralização da produção;
• Diversificação espacial da produção;
As grandes empresas se orientam por um processo
de constituição de “cadeias globais de
valor”, com as seguintes
características:
• Exigem liberdade de capital e de comércio;
• Garantias de controle da difusão tecnológica (respeito às leis de patente);
• Demandam fraca regulação do trabalho;
As cadeias globais de
valor impõem
uma rígida disciplina
aos hospedeiros:
• Flexibilização
• Terceirização;
• multiplicidade de contratos;
• Desonerações;
• Informalidade;
• Intensificação do trabalho;
• Compartilhamento do risco de mercado (PJ, PLR, Bônus produtividade)
• Etc, etc....
Impactos sobre a
Regulação do
Trabalho
Bibliografia de apoio
• BELLUZZO, Luiz G. (2012). O capital e suas metamorfoses. Capítulo 4. São Paulo: Ed. Unesp, p.p. 125-162.
• COUTINHO, Luciano; BELLUZZO, Luiz. G. (1998) “Financeirização” da riqueza, inflação de ativos e decisões de gasto em economias abertas. Revista Economia e Sociedade, Campinas (11): Unicamp, p.p. 137-50, dez. 1998
• PLIHON, Dominique. (1998) Desequilíbrios mundiais e instabilidade financeira: a responsabilidade das políticas liberais. Um ponto de vista keynesiano. In: CHESNAIS, F. A mundialização financeira: gênese, custos e riscos. São Paulo: Xamã, pp 97-139.
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