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GOVERNO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
MARLI TAROSSO
UNIDADE DIDÁTICA PEDAGÓGICA
IES: Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP
ORIENTADORA: PROFª. DRª. JANETE LEIKO TANNO
ÁREA CURRICULAR: HISTÓRIA
CORNÉLIO PROCÓPIO
AGOSTO – 2011
MARLI TAROSSO
MATERIAL DIDÁTICO
Unidade Didática apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE Orientadora: Profª Drª Janete Leiko Tanno
CORNÉLIO PROCÓPIO
AGOSTO – 2011
DADOS E IDENTIFICAÇÃO
Professora/PDE: Marli Tarosso
Área/PDE: História
NRE: Cornélio Procópio
Professor Orientador/IES: Janete Leiko Tanno
IES Vinculada: Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP
Escola de Implementação: Colégio Estadual “Profª Adélia Antunes Lopes” –
Ensino Fundamental e Médio.
Público objeto da intervenção: Alunos da 7ª série / 8º ano
UNIDADE DIDÁTICA PEDAGÓGICA
CAPOEIRA
1 – INTRODUÇÃO
Por que ainda hoje, a capoeira é vista com preconceito e encontra certa
resistência entre brancos e mesmo entre afro-descendentes?
Essa é a questão norteadora dessa Unidade Didática Pedagógica.
A Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003, inclui no currículo oficial a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”. Essa Lei
estabelece em seu primeiro parágrafo que a escola deverá conter em seu conteúdo
programático o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no
Brasil, a cultura negra brasileira e o negro nas áreas social, cultural, econômica e
política.
Ao abordar sobre a cultura Afro-Brasileira, por meio do tema capoeira,
pretendo mostrar que essa arte está ao alcance de todos, independente de classe
social, raça ou credo.
Com base nesses preceitos, pretendo levar ao conhecimento dos alunos a
origem da capoeira e como ela se implantou no Brasil e desta forma desmistificar
essa arte que é símbolo de luta e resistência no confronto entre escravos e classe
dominante, e que ainda hoje é discriminada e carregada de preconceito.
A problematização levantada no início vem ao encontro do pensamento de
diversos autores que ao abordarem o tema capoeira deixam transparecer a questão
do preconceito desde os seus primórdios.
Esse trabalho visa esclarecer que a capoeira que conhecemos hoje, não é a
mesma que tínhamos no período colonial e, que há muitos questionamentos sobre
sua origem.
Em suma, podemos dizer que preconceito e discriminação com relação à
capoeira existem por desconhecimento do que ela de fato é; da sua história e dos
significados dos passos do jogo. É com base no conhecimento de sua história que
vou alicerçar o material pedagógico e mostrar aos alunos a importância desta arte
da cultura afro que os negros adaptaram e usaram como forma de resistência ao
cativeiro e defesa, e que atualmente adquiriu outros significados na nossa
sociedade.
O objetivo desta unidade didática pedagógica, então, é levar ao conhecimento
dos alunos que a capoeira não é somente uma luta, mas que ela tem uma história
trazida pelos africanos desde o período colonial e, que está ligada à cultura africana.
Para que isto aconteça, os alunos deverão conhecer as mudanças na história da
capoeira no Brasil; reconhecer os instrumentos utilizados durante o jogo (dança) da
capoeira e também os movimentos (passos) executados durante o jogo. Dessa
forma, pretendo desenvolver o interesse pela historia da cultura Afro-Brasileira e
pela capoeira, e até incentivá-la como prática esportiva e assim, despertar o
interesse pelo conhecimento histórico e o respeito pela diversidade cultural.
2 – DESENVOLVIMENTO
Para melhor entender a cultura afro-brasileira é necessário ter conhecimento
e compreensão da complexidade que a envolve.
Na realidade, a cultura é mais que um conceito acadêmico, ela diz respeito às
vivências construídas ao longo do processo histórico e social, e é por meio da
cultura que se estipulam regras e valores.
2.1 – ORIGEM DA CAPOEIRA
Ao abordar o tema: A Valorização da Cultura Afro-Brasileira: a Capoeira e
Seus Movimentos, pretendo despertar nos alunos o interesse e a compreensão
pela diversidade cultural através de estudos que envolvam o conhecimento e as
mudanças históricas ocorridas com a capoeira; o contato com os instrumentos
utilizados nesta arte/jogo; a musicalidade (ritmo) e os movimentos (passos)
realizados nas apresentações. Através deles, será possível compreender que no
Brasil, a cultura negra ou herança africana, foi construída no contato com outros
povos (portugueses e indígenas) e se faz presente na nossa sociedade como um
todo, por meio da vivência cotidiana dos brasileiros, independente de sua origem.
Nota-se que há muita discussão e questionamento sobre a origem da
capoeira. No entanto, há um consenso entre alguns autores, de que a capoeira no
Brasil tem nas suas origens elementos africanos fundidos a fatores locais
(portugueses e indígenas), ou seja, uma fusão de manifestações culturais. Sabemos
que dos africanos herdamos os movimentos rituais fundamentais do candomblé; os
portugueses nos doaram através da dança popular, a chula, o uso do improviso, do
pandeiro e da viola e as culturas nativas (indígenas), forneceram a nomenclatura dos
movimentos, que se assemelham aos movimentos dos animais.
Nestor Capoeira, autor de várias obras sobre o assunto e grande conhecedor
e divulgador desta arte e apaixonado pela capoeira Angola, que em seu íntimo tem a
malícia e a singularidade da simplicidade, em seu livro: “Os Fundamentos da
Malícia” (1992), aprofunda a discussão sobre a origem da capoeira e coloca que
existem várias teorias antagônicas (uns dizem que ela foi criada na África e trazida
para o Brasil; outros afirmam que foi uma invenção do escravo africano no Brasil,
entre outras), mas que todas chegam ao mesmo consenso: ela é uma “invenção”
dos africanos. No decorrer de seu livro, Capoeira escreve que na realidade o que se
sabe sobre a capoeira atualmente começa a partir de 1800, com a chegada de D.
João VI ao Brasil, pois foi somente neste período que se começou a ter registros de
alguns eventos, proibições e também registros policiais relativos ao jogo. É com
base nestas fontes que se constrói a história da capoeira deste período aos dias
atuais.
Ainda quanto à sua origem, João Couto Teixeira (1998: p.17), em sua
monografia desenvolvida no Curso de Especialização no Ensino da Capoeira na
Escola/UNB, diz que:
“Antigamente, a capoeira era relacionada à malandragem e religiões. Era considerada uma forma de luta disfarçada em dança e ritual, onde associava a luta às músicas e ritmos de candomblé, religião dos negros escravos”. (.....) “Esta prática foi levada para as ruas após a abolição da escravatura, quando foi proibida por lei e revogada somente em 1930, começando a ser praticada dentro de recintos
fechados".
Segundo o autor, a capoeira exerceu influência nos acontecimentos
socioculturais e políticos do Brasil, a tal ponto que o Código Penal de 1890 deu um
tratamento especial ao caso, prevendo prisão, trabalhos forçados, e até deportação
para os seus praticantes.
Até então, sobre a origem da capoeira, fica esclarecido que não se tem
certezas, mas há concordâncias de que ela representa a fusão das culturas de
indígenas, portugueses e africanos e, a partir disto, se tornando “tipicamente
brasileira”.
No evoluir de sua história, a capoeira sofre com repreensões e proibições
legais, mas resiste e continua sendo praticada com algumas modificações pelos
seus mestres.
ATIVIDADE Nº 1 – PESQUISA
Atividade completa nos anexos
ATIVIDADE Nº 2 – DEBATE
Atividade completa nos anexos
2.2 – EVOLUÇÃO DA CAPOEIRA
De sua origem até os dias atuais, a capoeira sofreu mudanças e se
apresentou em diversos “estilos”, cada um com suas características, marcado por
visões próprias, hábitos específicos e fundidos com a cultura local de cada região.
Atualmente, essas diferentes abordagens da capoeira se manifestam através da
prática dos diferentes grupos e são expressas em duas principais vertentes: a
capoeira Angola, que possui como referência Mestre Pastinha, e a capoeira
Regional, que tem como seu principal personagem Mestre Bimba.1
ATIVIDADE Nº 3 – PESQUISA
Atividade completa nos anexos
2.3 – CAPOEIRA ANGOLA
A capoeira Angola ou tradicional, nome dado devido aos traços das
1 http://portalcapoeira.com
http://profpaulista.blogspot.com/2010/02/diferenca-entre-regional-e-angola.html
manifestações da África Bantu no Brasil, é o estilo mais próximo de como os
escravos jogavam a capoeira. Ela é caracterizada por ser mais lenta, porém,
também possui movimentos rápidos, mais furtivos e executados perto do solo,
porque o solo representa a natureza (água). Ela enfatiza as tradições da capoeira,
que em sua raiz está ligada aos rituais afro-brasileiros caracterizados pelo
candomblé. Sua música é lenta e quase sempre está acompanhada por uma bateria
completa de instrumentos posicionados na seguinte ordem, da esquerda para a
direita: atabaque; pandeiro; berimbau viola; berimbau médio; berimbau gunga ou
berra boi; pandeiro; reco-reco e agogô. (SANTOS, COUTINHO E CONCEIÇÃO).
A capoeira Angola não tem data definida e nem uma pessoa a quem
possamos atribuir com certeza a sua criação, mas quando falamos em capoeira
Angola temos o nome de Vicente Ferreira Pastinha (1889 - 1981), o Mestre
Pastinha, associado a ela. Ele foi seu grande defensor e divulgador. Introduzindo-a
na sociedade, fez com que a capoeira deixasse de ser vista somente como uma luta
marginalizada, praticada por vândalos e arruaceiros, foi ele também que criou a
primeira escola de capoeira Angola no Brasil, em 1942. Pastinha defendia a capoeira
Angola e a divulgou até no exterior, inclusive na África. Na realidade, pretendia fazer
com que ela mantivesse sua força e não perdesse suas principais características.
Atualmente, existem muitos seguidores de Pastinha que ainda tentam resgatar as
antigas tradições da Angola, entre eles podemos citar: Mestre Gildo Alfinete; Antonio
Carlos Moraes, o Mestre Caiçara, João Pereira dos Santos, o Mestre João Pequeno
e João Oliveira dos Santos, conhecido como Mestre João Grande, entre tantos
outros. 2
Em resumo, podemos dizer que a capoeira Angola é diferente da luta regional
baiana ou capoeira Regional, de Mestre Bimba por possuir maior enfâse em
características como o jogo, a brincadeira e a busca pela ancestralidade, possuindo
movimentos mais lentos, rasteiros e lúdicos. Na "roda de Angola", o objetivo é a
2 http://cuica.tripod.com/mestres.htm´pj
http://joaopequeno.portalcapoeira.com/capoeira-angola/ http://www.arteculturacapoeira.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=98&Itemid=61
http://www.senzala.org.br/historia/bibliografia/11-mestre-pastinha.html http://capoeiraexports.blogspot.com/2011/01/biografia-de-mestre-pastinha.html
busca intensiva dos fundamentos da arte. Ou seja, cada capoeirista tem o seu jeito
de amar, respeitar e valorizar a Capoeira Angola.
2.4 – CAPOEIRA REGIONAL
A capoeira Regional, primeiramente denominada de Luta Regional Baiana, é
uma manifestação da cultura baiana, que foi criada em 1928, por Manuel dos Reis
Machado (1900-1974), conhecido como Mestre Bimba e tornou-se rapidamente
popular. Ele dizia: (...) eu criei, a Regional, que é o batuque (luta do Nordeste
Brasileiro extinta com o passar do tempo) misturado com a Angola, com mais golpes,
uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente.3
Na capoeira regional mudou –se alguns movimentos, eliminou a malícia da
postura do capoeirista, colocando-o em pé, criou um código de ética rígido, que
exigia até higiene e estabeleceu um uniforme branco (a cor branca dentro da
capoeira, significa limpeza, purificação). Seu jogo é mais rápido, acrobático e
atlético, com isto, os golpes são desferidos em grande velocidade e frequência, o
que pode tornar o jogo perigoso, mas extremamente belo. Bimba deixava claro que
não devia haver luta ao som do berimbau. Seria um desrespeito aos princípios e a
Regional tem como um de seus pilares, o respeito à integridade física e moral dos
companheiros. Com essa filosofia, a capoeira Regional conquistou todas as classes
da sociedade brasileira. Os praticantes dessa arte se denominam "capoeira", pois,
para eles, a capoeira é um estilo de vida, de ser, pensar, agir como um capoeira.
Atualmente os mestres capoeiristas misturam os dois estilos, porque não há
como fazer um desligamento das origens, principalmente no que se refere aos
movimentos, instrumentos musicais e ritmos. Enfim, ambos os estilos são marcados
pelo uso de dissimulação e subterfúgio, a famosa mandinga, e são bastante ativos
no chão, sendo freqüentes as rasteiras, pontapés, chapas e cabeçadas. A formação
da roda também tem sua significação, seria a comunhão, a cooperação, um só
3 Frase retirada do artigo: Mestre Bimba: o fundador e rei da capoeira regional, publicado por Fayson
Rodrigo Merege Barbosa. Revista Digital. Buenos Aires: Ano 14 – nº 133 – junio de 2009.
sentimento, a globalização, a diversidade unida. Dizem que para ser um verdadeiro
capoeirista, durante o jogo, só pode sujar a palma das mãos e a sola dos pés,
jamais pode sujar a roupa, e se durante o jogo, um dos capoeiristas estiver de
chapéu e este cair, ele jamais poderá pegá-lo com as mãos (elas estão sujas), ele o
ajeitará com a boca e o pegará com a própria cabeça. Essas são algumas
curiosidades que envolvem o jogo da capoeira.
FRIGERIO (1989), em seu trabalho: Capoeira: da arte negra ao esporte
branco, aborda a questão do “cisma” que ocorreu na capoeira. Segundo o autor, foi
com Mestre Bimba, que a Capoeira sofreu uma grande transformação. Ela começa a
ser praticada dentro de academias, com normas e regras, que aqui chamamos de
legalidade. Com essa nova modalidade, surgem novos movimentos e a capoeira
passa a ter aspectos de luta.
A capoeira Regional, para Frigerio, foi o “embranquecimento” da Capoeira
Tradicional, pois com sua prática em academias sua clientela passa a ser de
pessoas advindas de setores médios e altos, e, consequentemente, ela deixa de ser
o “teatro mágico”, “uma escola para a vida” como a definia CAPOEIRA (1985) e
passa a ser considerado um esporte.
Toda essa discussão implica alguns questionamentos como: a capoeira “era”
cultura negra, que passou a ser esporte branco? Fora do Brasil ela é divulgada
como cultura ou esporte?
Sabemos que nas últimas décadas, a capoeira tem despertado interesse em
diversos setores da sociedade. Tal valorização pode ainda ser percebida no fato
dela, a partir de 2008, ter sido registrada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural do Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Histórico
Brasileiro.
ATIVIDADE Nº 4 - PESQUISA DIRECIONADA
Atividade completa nos anexos.
2.5 – ALGUNS PROJETOS QUE DESTACAM O PAPEL DA CAPOEIRA NAS
ESCOLAS
Indo ao encontro dos objetivos do projeto, o V ENECULT (Encontro de
Estudos Multidisciplinares em Cultura), ocorrido em 2009 em Salvador – Bahia,
(SOUZA; MELO e CORDEIRO, 2009), abordaram a questão de como a cultura pode
contribuir para a construção de uma identidade cidadã, e para isto utilizam como
base o Projeto Caxinguelês desenvolvido pelo Centro de Capoeira São Simão em
Recife/PE. Esse projeto teve como objetivo, difundir, ensinar e preservar a capoeira
como um legado do povo brasileiro. Ele foi desenvolvido em uma região de alta
criminalidade de Recife, com o intuito de contribuir no processo educacional das
crianças e adolescentes da comunidade e vem alcançando ótimos resultados. A
linguagem matriz do Projeto Caxinguelês é a manifestação da capoeira que é
compreendida e transmitida como um Patrimônio Cultural Brasileiro em todas as
expressões que essa arte engloba.
Após os estudos, SOUZA; MELO e CORDEIRO (2009: p. 10), chegam à
conclusão de que:
A capoeira é um complexo sistema de significação de “modos de vida”, que se desdobra em diversas outras manifestações culturais, tais como música, canto, dança jogos, gestos e rituais e em sua trama, traz elementos da tradição, da ancestralidade, interpretadas e reinterpretadas ao longo da história. A cultura da capoeira nos remete a um espaço de luta onde podemos perceber o sentido libertário de sua prática, que é um misto de contrários: luta/jogo, afetividade/agressividade, sagrado/profano.
Em Jataizinho, Paraná, as Escolas Municipais, contam com o Projeto
“Recreação e Capoeira” ministrado pelo professor Aldo Mendes Roberto Oliveira
(capoeirista que mistura os dois estilos: Angola e Regional). Este Projeto atende
crianças da Educação Infantil (de 02 a 05 anos) e do Ensino Fundamental, séries
iniciais. É um projeto que não visa a prática da Educação Física, mas tem como
objetivo o desenvolvimento sócio educacional, mais especificamente o lúdico
(capoeira para socializar). O professor trabalha com sentimentos: alegria, amizade,
disciplina, etc., através da capoeira. Atualmente, atendendo à política de inclusão
nas escolas, ele também está desenvolvendo este projeto junto a algumas crianças
especiais, e segundo relatos do próprio professor, elas estão respondendo muito
bem, pois a capoeira vem contribuindo com a expressão corporal, a socialização e a
musicalidade destas crianças.4
Enfim, o que sabemos é que a capoeira é um exemplo de cultura afro que
através do tempo e de fusões culturais, acabou por se tornar tipicamente brasileira,
e que é conhecida por grande parte da população, mas que ainda é percebida de
forma preconceituosa e racista. Ela representa a manifestação e expressão de um
povo oprimido em busca de liberdade e dignidade. A capoeira tem quinhentos anos,
mas ainda simboliza a busca pela liberdade. Ela mexe com o corpo, a afetividade e
a sociabilidade das pessoas. A história da Capoeira está associada à história dos
excluídos da nossa sociedade.
2.6 – ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
O Caderno Temático: “História e cultura afro-brasileira e africana: Educando
para as relações étnico-raciais”, sugere que as escolas desenvolvam atividades
como: ações que propiciem o contato com a cultura africana e afro descendente;
discussões e atividades para a valorização da diversidade étnica brasileira;
pesquisas e debates sobre o espaço dos afros descendentes e de sua cultura e que
valorizem igualmente as diferentes e diversificadas raízes das identidades dos
distintos grupos que constituem o povo brasileiro, e que busquem compreender e
ensinar os alunos a respeitar os diferentes modos de ser, viver, conviver e pensar.
Desta forma, podemos sintetizar que a escola deve oportunizar a todos o
conhecimento da cultura afro e com base nisso, mostrar que ela faz parte da cultura
brasileira, e a partir deste princípio elaborar um currículo de trabalho onde haja
desconstrução dos preconceitos e a construção de uma nova visão de um povo
marginalizado pela história do nosso país, e, cabe ao professor de história, mostrar
4 Entrevista concedida pelo professor capoeirista Aldo Mendes Roberto Oliveira, sobre o Projeto
“Recreação e Capoeira”, a Marli Tarosso, nas dependências da Escola Municipal D. Pedro II, Jataizinho – PR, em 18 de março de 2011
aos alunos a importância que africanos e afros descendentes tiveram na nossa
história, culturalmente, economicamente e principalmente a sua resistência e luta
pela dignidade e igualdade.
Essa Unidade Didática Pedagógica será desenvolvida através de
pesquisas e debates, pois a partir do momento em que o aluno faz uma pesquisa,
ele procura informações, questiona, e consequentemente está construindo um
conhecimento empírico. Este tipo de conhecimento, ele jamais esquecerá. Portanto,
instigar o aluno à aprendizagem por meio de atividades de investigação é o mesmo
que pedir a ele que indague, pesquise, inquira, descubra, procure informações,
revise o que já aprendeu, enfim, que ele aprenda a compreender o conteúdo na sua
forma plena.
ATIVIDADE Nº 5 e 6 -
Atividade completa nos anexos.
3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esse material didático, pretendo que meus alunos adquiram
conhecimentos gerais sobre a capoeira, sua origem e transformações, movimentos
(passos), instrumentos musicais utilizados e até algumas curiosidades sobre os
capoeiristas.
O intuito é despertar o interesse dos alunos pelo assunto e possibilitar um
maior contato com a cultura Afro-Brasileira e, que através deste conhecimento ele
seja capaz de perceber manifestações de preconceito e discriminação aos afro-
descendentes e à sua cultura, e dessa forma, combatê-la.
Atualmente, a diversidade cultural vem sendo muito discutida e está havendo
a desmistificação de muitos mitos criados pela imposição da classe dominante. Hoje,
a capoeira está sendo vista por muitos como um esporte, e está sendo muito
divulgado tanto no Brasil quanto no exterior. O que não podemos deixar é que se
esqueçam as raízes desta arte.
Muitos projetos ligados à capoeira vem sendo desenvolvidos nas escolas,
mas esses projetos, geralmente, estão associados à disciplina de Educação Física,
ou seja, capoeira como esporte e não como arte negra.
A maneira como a capoeira é interpretada pelos cidadãos deve ser
respeitada, mas devemos conscientizá-los que por traz de conceitos criados pela
sociedade existe uma história cultural diversificada e muito rica, engajada na história
do Brasil.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Fayson Rodrigo Merege. Mestre Bimba: o fundador e rei da capoeira
regional. Revista Digital. Buenos Aires: Ano 14 – nº 133 – junio de 2009. Disponível
em: http://www.efdeportes.com/efd133/mestre-bimba-o-fundador-e-rei-da-capoeira-
regional.htm - acessado em 02/abr/2011.
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Record, 1981.
___________. Capoeira, os fundamentos da malícia. Rio de Janeiro: Record,
1992.
___________. Galo já Cantou: Capoeira para Iniciados. Rio de Janeiro, Arte
Hoje, 1985.
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Editora Três, 1989. Disponível em: www.anpocs.org.br/portal/...00.../rbcs10_05.htm -
acessado em 20/02/2011.
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PARANÁ. Secretaria de Estado da educação. Superintendência da Educação.
Departamento de Ensino Fundamental. História e cultura afro-brasileira e
africana: educando para as relações étnico-raciais/Paraná. Secretaria de Estado
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www.diaadiaeducacao.pr.gov.br – acessado em 07/abr/2011.
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http://www.cienciasdacapoeira.com.br - acessado 26 de junho de 2011.
http://gessijames.blogspot.com/2007_03_01_archive.html - acessado 26 de junho de 2011.
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capoeira/instrumentos-da-capoeira-2.php -
acessado 26 de junho de 2011. http://abadacapoeiraitu.blogspot.com/2008/08/mais-instrumentos-da-capoeira.html - acessado 26 de junho de 2011.
ANEXOS
ATIVIDADE Nº 1 – PESQUISA INVESTIGATIVA
OBJETIVO:
Verificar o conhecimento prévio que os alunos têm sobre a capoeira, sua origem,
passos, instrumentos musicais e letra das canções que são entoadas nas
apresentações, etc..
DESENVOLVIMENTO:
Essa é uma atividade oral, onde todos os alunos podem participar.
Iniciar a atividade questionando se algum aluno conhece capoeira? Se eles já a
praticaram? Por que a praticou ou porque não a pratica?
A partir das respostas, esclarecer que existe preconceito e descriminação com
relação à capoeira. Com base nessa exposição, trabalhar os conceitos de:
Preconceito e Descriminação.
AVALIAÇÃO:
Pedir aos alunos que escrevam o que entenderam por preconceito e discriminação.
ATIVIDADE Nº 2 – PESQUISA
OBJETIVO:
Conhecer a história da capoeira e suas transformações ao longo do tempo.
DESENVOLVIMENTO:
Os alunos se dividirão em grupo de 5 e deverão fazer pesquisas em livros ou
internet e escrever um pequeno texto sobre a origem da palavra capoeira e da
história da capoeira no Brasil. Em sala de aula, cada grupo vai expor a sua
pesquisa para discussão das teorias encontradas.
AVALIAÇÃO:
Recolher o material pesquisado e pedir aos alunos que depois da discussão do
tema proposto escrevam o que entenderam sobre a palavra capoeira e façam um
pequeno texto sobre a história da capoeira.
ATIVIDADE Nº 3 – AULA EXPOSITIVA
OBJETIVO:
Levar o aluno a compreender e diferenciar dois estilos de capoeira: Capoeira
Angola e Capoeira Regional.
DESENVOLVIMENTO:
Com base nas pesquisas sobre a história da capoeira e sua evolução, explanar o
assunto em uma aula expositiva, explicando as diferenças dos dois estilos.
Salientar os seus fundadores: Mestre Pastinha e Mestre Bimba e citar alguns
mestres capoeiristas dos dois estilos.
AVALIAÇÃO:
Pedir aos alunos que respondam os exercícios elaborados pelo professor para
verificação da aprendizagem.
1) Explique a diferença da Capoeira Angola e Capoeira Regional.
2) Fale sobre Mestre Pastinha.
3) Fale sobre Mestre Bimba.
4) Cite alguns mestres seguidores da Capoeira Angola.
5) Cite alguns mestres seguidores da Capoeira Regional.
6) Opinião pessoal: O professor capoeirista pode usar os dois estilos em suas
aulas? Por quê?
ATIVIDADE Nº 4 – PESQUISA DIRECIONADA E EXERCÍCIOS
OBJETIVO:
Verificar se o aluno assimilou nomes de movimentos e instrumentos musicais
utilizados durante apresentação de uma roda de capoeira.
DESENVOLVIMENTO:
Os alunos serão divididos em grupos de 5 e pesquisarão sobre alguns passos e
sobre instrumentos utilizados na capoeira.
Em sala de aula, o professor dará, em forma de exercícios, a representação desses
itens e os alunos terão que nomeá-los corretamente e até descrevê-los, se possível
(conforme modelo abaixo).
AVALIAÇÃO:
Consiste nos exercícios respondidos pelos alunos, pois através deles poderei
verificar a aprendizagem.
Exemplos:
MOVIMENTOS BÁSICOS NOME DESCRIÇÃO
Ginga
Au Regional
Au Angola
Negativa Angola
Negativa regional
Rolê
MOVIMENTOS DE DEFESA
Cocori-
nha
Esquiva de frente
Esquiva de lado
Esquiva de tronco
Queda de quatro
Resistên-cia
Imagens retirados do site www.aobrasil.com/capoeira - Acessado em 16 de junho de 2011.
INSTRUMENTOS MUSICAIS
http://www.cienciasdacapoeira.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=73&Itemid=80 – acessado 26 de junho de 2011.
PANDEI-RO
http://gessijames.blogspot.com/2007_03_01_archive.html - acessado 26 de junho de 2011.
BERIM-BAU
http://gessijames.blogspot.com/2007_03_01_archive.html - acessado 26 de junho de 2011.
ATABA-QUE
http://gessijames.blogspot.com/2007_03_01_archive.html - acessado 26 de junho de 2011.
AGOGÔ
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capoeira/instrumentos-da-capoeira-2.php - acessado 26 de junho de 2011.
RECO-RECO
http://abadacapoeiraitu.blogspot.com/2008/08/mais-instrumentos-da-capoeira.html - acessado 26 de junho de 2011.
CAXIXI
ATIVIDADE Nº 5 – APRESENTAÇÃO DE UM GRUPO CAPOEIRISTA
OBJETIVO:
Vivenciar a teoria pesquisada.
DESENVOLVIMENTO:
Convidar um grupo de capoeiristas para fazer uma apresentação no pátio da
escola.
AVALIAÇÃO:
Depois da apresentação, pedir aos alunos que respondam as seguintes questões:
a) Qual o estilo de capoeira foi apresentado?
b) Cite alguns passos que foram executados durante a apresentação da roda
de capoeira.
c) Cite os instrumentos que fizeram parte desta apresentação.
d) Que tipo de vestimentas os capoeiristas usavam?
e) Qual a idade aproximada dos capoeiristas do grupo?
f) Quando você assistiu a apresentação, sentiu vontade de fazer parte do
grupo?
g) Durante a apresentação, você notou se os componentes do grupo de
capoeiristas eram brancos ou afro-descendentes?
ATIVIDADE Nº 6 – AUTO AVALIAÇÃO
OBJETIVO:
Verificar se após a implementação do Projeto de Intervenção, o aluno ainda vê a
capoeira com preconceito e discriminação.
DESENVOLVIMENTO:
Pedir aos alunos que façam por escrito, uma auto avaliação, explicando como via a
capoeira antes e depois das aulas.
AVALIAÇÃO:
Recolher a auto avaliação e verificar se as opiniões mudaram e se a questão
norteadora do Projeto de Intervenção (Por que ainda hoje, a capoeira é vista com
preconceito e encontra certa resistência entre brancos e mesmo entre afro-
descendentes?), foi respondida.
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