grupo anabela - escola como anarquia
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Centro de Competências de Ciências SociaisDepartamento de Ciências da Educação
Ciências da Educação – 1º CicloAno Lectivo de 2009/2010
2º Ano/2º SemestreUnidade Curricular: Gestão de Projectos em Educação
Docente: Dr. Nuno Fraga Discentes: Anabela Gomes
Cátia TeixeiraHilda Brito
João Neves Piedade Freitas
CAPÍTULO V – A ESCOLA CAPÍTULO V – A ESCOLA COMO ANARQUIACOMO ANARQUIA
Imagem nº 1
Anarquia - “Negação do princípio da autoridade; falta de governo ou de chefe; (...) desordem; confusão.”(Moreno, 1971, p. 92).
“As pessoas interessantes e as organizações interessantes
elaboram teorias complexas de si próprias. Para o realizar
precisam de complementar a tecnologia da razão com
uma tecnologia da loucura. Por vezes, os indivíduos e as
organizações necessitam de modos de fazer coisas para os
quais não têm boas razões. Necessitam de actuar antes de
pensar.” (Costa, 2003, p. 89 citando Michael Cohen e
James March, 1974).
“O conceito de anarquia não surge aqui negativamente
conotado (...) mas (...) como uma metáfora cujo uso permite
visualizar um conjunto de dimensões que poderão ser
encontradas nas organizações escolares (...).” (Costa, 2003, p.
89).
Este modelo organizacional, apresenta a escola como “(...)
uma realidade complexa, heterogénea, problemática e ambígua
(...)” (Costa, 2003, p. 89).
Podemos chamar de anárquico ao funcionamento da escola,
por este ser suportado “(...) por intenções e objectivos vagos,
tecnologias pouco claras e participação fluida (...)”. (Costa,
2003, p. 89).
Não existe uma sequência lógica para planear decisões, mas
sim, surgem “(...) de forma desordenada, imprevisível e
improvisada, do amontoamento de problemas, soluções e
estratégias (...)”. (Costa, 2003, p. 89).
Outra premissa, assenta no facto de a escola não ser “(...) um
todo, coerente e articulado, mas uma sobreposição de diversos
orgãos, estruturas, processos ou indivíduos frouxamente unidos
e fragmentados (...)”. (Costa, 2003, p. 89).
• O facto das organizações escolares serem vulneráveis ao
ambiente externo, torna-as turbulentas e incertas,
aumentando a incerteza e a ambiguidade.
• Todos os processos organizativos que a escola tente
desenvolver, são meramente simbólicos.
Imagem nº 2
À volta da imagem anárquica da escola, alinhou-se quatro grandes temáticas:
1) – “a escola como anarquia organizada”;
2) – “a decisão organizacional como caixote do lixo”;
3) – “a escola como sistema debilmente articulado”;
4) – “a escola como sistema caótico”. (Costa, 2003, p. 90).
Cohen, March e Olsen (1972) estão de acordo que esta imagem
organizacional da escola, que constitui dimensões básicas para
a análise de várias situações, e na caracterização de diversos
domínios nas organizações escolares, tenha três características:
1)Objectivos problemáticos: a escola apresenta objectivos
inconsistentes, vagos e mal definidos com ideias soltas e
desagregadas.
2) Tecnologias pouco claras: os processos utilizados resultam
de procedimentos improvisados.
3) Participação fluida: cada actor dedica-se de maneira
diferente à sua participação nas organizações, no que
concerne à sua forma, tempo e importância.
Imagem nº 3
Devido à incerteza e imprevisibilidade das organizações com
funcionamentos complexos e instáveis, estes três autores,
afirmam a necessidade de alterar as teorias de gestão em curso:
“(...) as anarquias organizadas requerem uma teoria revista da
gestão. (...) [Deve haver] mecanismos para controlar e
coordenar, que presumem a existência de objectivos e
tecnologias bem definidos [proporcionando] um envolvimento
substancial dos participantes nos assuntos da organização.”
(Costa, 2003, p. 91).
O líder formal duma organização escolar, confronta-se, com
quatro tipos de ambiguidade:
1)Ambiguidade das intenções: resulta do facto dos fins e objectivos
serem problemáticos, pouco claros, inconsistentes e de difícil
operacionalidade.
2)Ambiguidade do poder: a ocupação de um lugar no topo da
estrutura hierárquica não significa necessariamente um poder
superior, por este, por vezes ser pouco claro, nem ser respeitado.
3) Ambiguidade da experiência: embora a experiência seja uma
modalidade de aprendizagem, há uma constante mutação a
decorrer nas escolas e na instabilidade consequente disso.
4) Ambiguidade do êxito: o fracasso e o sucesso não são
mensuráveis, tentando perceber o êxito do administrador pela
sua promoção e pela aceitação generalizada dos resultados da
sua actuação.
Imagem nº 4
• Cohen, March e Olsen (1972) definem que “O processo caixote
do lixo é aquele no qual os problemas, as soluções e os
participantes saltam de uma oportunidade de escolha para outra,
de tal modo que a natureza da escolha, o tempo que demora e os
problemas que resolve dependem todos de uma interligação de
elementos relativamente complicada.” (Costa, 2003, p. 94).
• Esses elementos são uma mistura de escolhas disponíveis numa
dada altura, a mistura dos problemas que aparecem na
organização, a mistura de soluções e as exigências do contexto
exterior sobre os líderes.
• A ambiguidade de liderança, faz-se sentir nos momentos de
escolha e de decisão, levando a novas formas de ambiguidade,
de imprevisibilidade e de incerteza.
• O processo de decisão nas organizações é sempre muito
complicado, apelidando-o “(...) de modelo do caixote do lixo
(garbage can) (...)”. (Costa, 2003, p. 94).
• Na tomada de decisões há “(...) desarticulação entre os
problemas e as soluções, entre os objectivos e as estratégias e
onde confluem e se misturam desordenadamente problemas,
soluções, participantes e oportunidades de escolha.” (Costa,
2003, p. 94).
Imagem nº 5
No ponto de vista de Foster (1986), as teorias de caixote do lixo da Anarquia, são interpretadas da seguinte maneira:
Esta Imagem Organizacional da Escola como Anarquia, ataca os modelos tradicionais da racionalidade:
“pondo em causa a sequência entre o pensamento e a acção”;
“questionando a ligação entre a identificação dos problemas e as respectivas soluções”;
“duvidando das capacidades de operacionalização do planeamento organizacional”;
“(...) apontando as vantagens da ligação entre o “racional”, o “lúdico” e a “loucura”. (Costa, 2003, p. 95).
3 – A ESCOLA COMO SISTEMA 3 – A ESCOLA COMO SISTEMA DEBILMENTE ARTICULADODEBILMENTE ARTICULADO
Nesta perspectiva de organizações debilmente
acopladas (loosely coupled), podemos verificar “(...) a
débil conexão existente entre a intenção e a acção, os
meios e os fins, o ontem e o amanhã (...) a fraca
articulação entre o topo e a base, a linha e o staff, os
professores e os administradores.” (Costa, 2003, p. 98).
Mas Weick (1976), continua a lista dos sistemas debilmente
articulados, com os “(...) professores-materiais, eleitores-conselho
de escola, administradores-sala de aula, processo-resultado,
professor-professor, pai-professor e professor-aluno.” (Costa,
2003, p. 98).
Imagem nº 6
Weick e Orton (1990), identificam oito tipos de articulação
débil nas organizações:
entre subunidades
entre acções
entre intençõesentre
actividades
entre ideias
entre organizações e
ambientes
entre níveis hierárquicos
entre organizações
•As estruturas organizacionais da escola estão, assim, frouxamente
ligadas à instrução, não coordenando nem controlando a actividade
educativa.
•“Esta situação deve-se essencialmente ao facto da função
prioritária da escola consistir em responder às normas, aos valores
e às expectativas da sociedade [colocando em causa a] sua própria
existência.” (Costa, 2003, pp. 99-100).
Todos devem confiar no trabalho e na competência dos outros, daí
surgindo “a lógica de confiança”. É como um ciclo, uns têm de acreditar
que os outros fazem o seu trabalho: “A comunidade tem confiança no
conselho escolar, que tem confiança no director, o qual confia nos
professores.” (Costa, 2003, p. 101).
Imagem nº 7
O caos é visto como algo positivo, pois para haver ordem, primeiramente tem de haver caos.Para Griffiths, Hart e Blair (1991), existem sete conceitos centrais para caracterizar a teoria do caos, nas organizações escolares:
Efeito de borboleta: uma situação por mais pequena que seja, pode originar um grande efeito. “(...) qualquer acontecimento, pequeno ou grande, pode influenciar e alterar o funcionamento organizacional (...)”. (Costa, 2003, p. 103).
Ataque de turbulência: mesmo numa fase de ordem, pode aparecer períodos de instabilidade, de insubordinação e de contestação.
Estruturas dissipativas: as estruturas das organizações nem sempre são estáveis, podem mudar radicalmente, transformando-se “(...) em estruturas dissipadoras, dispersivas e esbanjadoras (...)”. (Costa, 2003, pp. 103-104). Por isto, tem de haver muita atenção às pequenas mudanças.
Choques do acaso: revela o papel do acaso nos sistemas caóticos, podendo um pequeno choque significar grandes alterações.
Forças de atracção estranhas: “existência de elementos ou forças ocultas que emergem repetidamente como componentes centrais do sistema (...)”. (Costa, 2003, p. 104).
Simetrias recorrentes: “(...) significa que na teoria do caos, mais do que a unidade individual, interessa prestar atenção às formas que se mantêm e permanecem simétricas nos diversos níveis do sistema (...)”. (Costa, 2003, p. 104).
Mecanismos de feedback: é um processo de retroacção, em que os resultados ou saídas (outputs), entram de novo no sistema (transformando-se em inputs), trazendo assim, novas informações para as organizações.
(Costa, 2003, p. 104).
Fez um estudo sobre o modelo da anarquia organizada, tratando-se
“(...) de um trabalho que marca o início de uma viragem do quadro
teórico de análise (...)”. (Costa, 2003, p. 106).
• O mais importante neste estudo “(...) é o de atendermos, e de estarmos
atentos, às eventuais áreas de funcionamento da escola secundária
portuguesa enquanto organização burocrática (...)” (Costa, 2003, pp.
105-106), integrada num sistema tradicional.
CONTEXTO ESCOLAR PORTUGUÊS:Licínio Lima (1992)
Assim, parece fazer sentido integrar as abordagens
organizacionais da escola, valorizando o contributo que cada
uma delas dá à melhor compreensão dos sistemas escolares. Na
verdade, quer a abordagem da escola enquanto Arena Política
como a abordagem da escola enquanto Anarquia dão fortes
contributos para uma mais rica compreensão da complexidade
das instituições escolares e do seu modo de funcionamento.
Considerações finais
Alertando para aspectos de ordem organizacional, muitas vezes
esquecidos, estas abordagens ajudam a uma compreensão mais
ecológica do sistema educativo e dão um contributo fundamental
para que se olhe para as instituições sob outras perspectivas,
possibilitando igualmente a delineação de estratégias de
melhoramento da dinâmica das instituições de ensino.
Imagem nº 8
Características da Arena Política nas
Organizações Escolares
Características da Anarquia nas Organizações
Escolares
Costa, J. A. (2003), Imagens Organizacionais da Escola, ASA Editores, S.A., Porto, 3ª edição.Moreno, A. (1971), Dicionário Complementar da Língua Portuguesa, Editora Educação Nacional, Porto, 8ª edição.
Imagem nº1, consultado a 02/04/2010 às 21:55,Instituto da Matemática da UFRJ(s/d), Ensino, disponível em http://www.im.ufrj.br/~arbieto/ensino/20082/caos.
Imagem nº2,consultado a 12/04/2010 ás 22:52, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia(2009), Dúvida, disponível emhttp://www.uesb.br/ascom/noticias/imagens/duvida.jpg
Imagem nº 3,consultado a 12/04/2010 ás 21:32, blogspot(s/d),Drama, disponível em http://3.bp.blogspot.com/_Vgjq_uuN44s/SN_NDI_pxtI/AAAAAAAAAzo/23hVorvtr88/s320/drama.jpg
Imagem nº4 consultado a 12/04/2010 ás 21:46,Raul Rico(2009),Rompe cabeças do êxito, disponível em http://www.raulrico.com/wpcontent/uploads/2009/08/rompecabezas-del-exito.jpg
Imagem nº5, consultado a 13/04/2010 ás 23:40 ,(s/d), Escolhas, disponível em http://lh4.ggpht.com/_EwrFwXfyaT4/SurwYjXbGpI/AAAAAAAABd8/hYHOEhTjytM/ESCOLHAS%20SUPERA_thumb%5B2%5D.png?imgmax
Imagem nº6, consultado a 18/04/2010 ás 20:48 ,disponível em
Imagem nº7, consultado a 18/04/2010 ás 21:08,disponível em
Imagem nº8, consultado a 18/04/2010 ás 21:20,Xoops Celepar (2009), Diversidade, disponível em http://www.overmundo.com.br/_banco/produtos/1171701005_diversidade.jpg
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