higiene e segurança
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MANUAL DE FORMAO
UFCD 0349
AMBIENTE, SEGURANA, HIGIENE E SADE NO TRABALHO
Susana Marques
Viseu, Novembro 2014
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ndice INTRODUO .................................................................................................................................... 4
PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE..................................................................... 5
GESTO DE RESDUOS .................................................................................................................... 10
CONCEITOS BSICOS RELACIONADOS COM A SHST ........................................................ 16
ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO NACIONAL DA SHST.................................................. 19
ACIDENTES DE TRABALHO ..................................................................................................... 22
Causas dos Acidentes de Trabalho ................................................................................................ 24
- CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS DOS ACIDENTES DE TRABALHO ..................................................... 25
PRINCIPAIS RISCOS PROFISSIONAIS ..................................................................................... 26
- PRODUTOS QUMICOS PERIGOSOS ................................................................................................. 45
- RISCOS DE INCNDIO OU EXPLOSO ............................................................................................. 57
- PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA DE ATIVAO ............................................................................ 60
CLASSIFICAO DOS EXTINTORES E A ESCOLHA DO AGENTE EXTINTOR ........................................ 62
SINALTICA DE SEGURANA ........................................................................................................... 65
- MOVIMENTAO MECNICA DE CARGAS ...................................................................................... 76
SINALIZAO DE SEGURANA E SADE ............................................................................ 82
EQUIPAMENTOS DE PROTEO COLETIVA E DE PROTEO INDIVIDUAL ................ 89
CONCLUSO.................................................................................................................................... 94
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................................................... 95
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AMBIENTE
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INTRODUO
A proteo do ambiente e da sade constitui um dos maiores desafios que se colocam
sociedade moderna, sendo cada vez mais assumido o compromisso de salvaguarda da igualdade entre
geraes, assente num modelo de desenvolvimento sustentvel.
Nesta UFCD pretende-se dar a conhecer e, invariavelmente, alertar para os problemas ambientais da
atualidade, no descurando dos deveres e direitos de cada um de ns, enquanto cidados, passando pelo
reconhecimento das leis a que todos ns estamos sujeitos.
O que o Ambiente?
Ambiente o conjunto dos sistemas fsicos, qumicos, biolgicos e suas relaes e dos factores
econmicos, sociais e culturais com efeito directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres
vivos e a qualidade de vida do homem.
A higiene e a segurana so duas atividades que esto intimamente relacionadas com o objetivo
de garantir condies de trabalho capazes de manter um nvel de sade dos colaboradores e
trabalhadores de uma Empresa.
Segundo a O.M.S. Organizao Mundial de Sade , a verificao de condies de Higiene e Segurana
consiste num estado de bem-estar fsico, mental e social e no somente a ausncia de doena e
enfermidade.
A higiene do trabalho (atualmente inserida na sade no trabalho) prope-se a combater, dum
ponto de vista no mdico, as doenas profissionais, identificando os fatores que podem afetar o
ambiente de trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condies
inseguras de trabalho que podem afetar a sade, segurana e bem-estar do trabalhador).
A segurana do trabalho prope-se combater, tambm dum ponto de vista no mdico, os acidentes de
trabalho, quer eliminando as condies inseguras do ambiente, quer educando os trabalhadores a
utilizarem medidas preventivas.
Para alm disso, as condies de segurana, higiene e sade no trabalho constituem o
fundamento material de qualquer programa de preveno de riscos profissionais e contribuem, na
empresa, para o aumento da competitividade com diminuio da sinistralidade.
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O trabalho no pode ser uma lei sem que seja um direito.
Victor Hugo
PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE
Os problemas ambientais vividos no mundo de hoje so consequncia direta da interveno humana
no planeta e nos ecossistemas, causando desequilbrios ambientais no planeta, comprometendo o
presente e o futuro. Um dos principais problemas vividos pela humanidade nos dias de hoje o Efeito
Estufa, que se trata de um fenmeno decorrente da deteno da energia solar que deveria ser dissipada
de volta para o espao mas que permanece na atmosfera em funo do aumento da concentrao dos
chamados gases estufa. Entre os que ocorrem naturalmente esto vapor de gua (H2O), Dixido de
Carbono (CO2), Metano (CH4), xido Nitroso (N2O) e o Ozono (O3).
gua
A disponibilidade de gua potvel uma fonte de preocupaes mundiais, sendo considerada
por especialistas em meio ambiente como o grande problema do prximo milnio. As justificaes so
muitas, entre elas pode-se citar que, do total de gua do mundo apenas 3% gua doce e s 0,03% do
total se encontra em superfcies acessveis. O consumo de gua situa-se como uma das necessidades
bsicas do ser humano, crescendo em taxas superiores s suportadas pelo planeta a mdio prazo. Em
1940, o consumo mundial era de 1 trilio de litros por ano. Em 1960, j estava em 2 trilies, passando
para 4 trilies em 1990. No ano 2000 era de 5 trilies de litros de gua por ano. O limite de 9 trilies de
litros, estimado por rgos internacionais, ser alcanado em 2015. Enquanto a busca aumenta, as
disponibilidades diminuem, em face da contaminao e da poluio causados s suas fontes.
Perda de Biodiversidade
A Biodiversidade refere-se variabilidade dos seres vivos que se encontram no mundo natural.
O conceito abrange a diversidade gentica das espcies, a diversidade gentica dentro de uma dada
espcie, e tambm a diversidade dos ecossistemas e habitats. Contudo, o foco principal do tema
biodiversidade incide sobretudo nas espcies.
A perda de biodiversidade que se registou na dcada de 70 tornar irreversvel a extino de uma parte
da vida selvagem. A ao levada a cabo pelo Homem desde essa altura levou a uma reduo de 28%
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entre as espcies marinhas, 29% entre os animais que vivem em rios e 25% entre os restantes. A
principal causa a ao do Homem sobre a Natureza, como consequncias da poluio, agricultura,
expanso urbana, pesca excessiva e caa.
Aquecimento Global
O termo aquecimento global refere-se ao aumento da temperatura mdia dos oceanos e do ar
perto da superfcie da Terra que se tem verificado nas dcadas mais recentes e possibilidade da sua
continuao durante o corrente sculo.
Se este aumento se deve a causas naturais ou antropognicas (provocadas pelo Homem) ainda objeto
de muitos debates entre os cientistas, embora muitos meteorologistas e climatlogos tenham
recentemente afirmado publicamente que consideram provado que a ao humana realmente est a
influenciar a ocorrncia do fenmeno. O Painel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas (IPCC),
estabelecido pelas Naes Unidas e pela Organizao Meteorolgica Mundial em 1988, no seu relatrio
mais recente diz que grande parte do aquecimento observado durante os ltimos 50 anos deve se muito
provavelmente a um aumento do efeito estufa (provocado por gases lanados para a atmosfera - o
Metano, o xido de Azoto, os CFC e Dixido de Carbono) que influencia a disperso do calor proveniente
dos raios solares e causado pelo aumento nas concentraes de gases de origem antropognica
(incluindo, para alm do aumento de gases estufa e outras alteraes como, por exemplo, as devidas a
um maior uso de guas subterrneas e de solo para a agricultura industrial e a um maior consumo
energtico e poluio). Estes gases so originrios desde a Revoluo Industrial e com uma maior
industrializao a nvel global.
Existem previses at 2100, esperando-se que a temperatura aumente entre um e 6 graus
Celsius e o nvel do mar consequentemente tambm devido ao derretimento dos glaciares, mesmo que
os nveis de gases de efeito estufa no aumentem.
J esto em prtica alguns planos para o combate ao aquecimento global, sendo o mais conhecido o
Protocolo de Quioto, assinado por inmeras naes desde 1997.
O protocolo visa o compromisso dos pases para a reduo de emisses de gases com efeito
estufa e a cooperao entre as naes para essa diminuio.
Aqui ficam algumas das graves consequncias do aquecimento global:
- Aumento do nvel do mar, com o derretimento dos glaciares e a provvel submerso de cidades ou
mesmo pases;
- A desertificao no seu sentido literal ou o aparecimento de novos desertos, com o desequilbrio de
ecossistemas devido ao aumento da temperatura, levando morte de vrias espcies animais e vegetais
(muitos cientistas lembram que o deserto do Saara foi em tempos uma floresta maior que a Amaznia);
- Devido a uma maior evaporao da gua dos oceanos pelo aumento da temperatura, originar
catstrofes como tufes e ciclones;
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- Ondas de calor sentidas em lugares que at ento eram simplesmente amenas.
Este protocolo incide nas emisses de seis gases com efeito de estufa, tais como, o dixido de carbono
(CO2), o metano (CH4), o xido nitroso (N2O), os hidrocarbonetos fluorados (HFC), os hidrocarbonetos
perfluorados (PFC) e o hexafluoreto de enxofre (SF6).
Desflorestao
Desflorestao ou desflorestamento o processo de desaparecimento de massas florestais
(bosques), fundamentalmente causada pela atividade humana.
A desflorestao diretamente causada pela ao do homem sobre a natureza, principalmente
devido a abates realizados pela indstria madeireira, tal como para a obteno de solo para cultivos
agrcolas.
Uma consequncia da desflorestao o desaparecimento de absorventes de Dixido de
Carbono, reduzindo-se a capacidade do meio ambiente em absorver as enormes quantidades deste
causador do efeito estufa, e agravando o problema do aquecimento global.
Para tentar conter o avano do aquecimento global, diversos organismos internacionais
propem o reflorestamento; porm essa medida apenas parcialmente aceite pelos ecologistas, pois
estes acreditam que a recuperao da rea desmatada no pode apenas levar em conta eliminao do
gs carbnico, mas tambm a biodiversidade de toda a regio.
O reflorestamento , no melhor dos casos, um conjunto de rvores situadas segundo uma
separao definida artificialmente, entre as quais surge uma vegetao herbcea ou arbustiva que no
costuma aparecer na floresta natural. No pior dos casos, plantam-se rvores no nativas e que em certas
ocasies danificam o substrato, como ocorre em muitas plantaes de pinheiro ou eucalipto.
Desertificao
O conceito de desertificao pode ser definido, de acordo com a "Conveno das Naes Unidas
de Combate Desertificao", como a degradao da terra nas zonas ridas, semiridas e sub-hmidas,
resultante de factores diversos, tais como as variaes climticas e as actividades humanas.
Apesar de ser um problema j muito antigo, s recentemente, nas ltimas duas
ou trs dcadas, a desertificao passou a ser um objeto de preocupao para muitos governos, devido
ao facto de afetar a produo de alimentos e as condies de vida de milhes de pessoas.
As reas abrangidas pelo problema da desertificao cobrem cerca de 33% da superfcie
terrestre, num total de aproximadamente 51 720 000km2, afetando cerca de 900 milhes de pessoas,
sendo frica o continente mais afetado. A estas reas podem ainda acrescentar-se as zonas hiperridas
(desertos), que ocupam 9 780 000km2 (16% da superfcie terrestre).
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A FAO (Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e Agricultura) prope cinco reas de
ao humana, como potenciadoras do efeito de desertificao:
1. Degradao das populaes animais e vegetais (degradao bitica ou perda da biodiversidade)
de vastas reas de zonas semiridas devido caa e extrao de madeira;
2. Degradao do solo, que pode ocorrer por efeito fsico (eroso hdrica ou elica e compactao
causada pelo uso de mquinas pesadas) ou por efeito qumico (salinizao ou solidificao);
3. Degradao das condies hidrolgicas de superfcie devido perda da cobertura vegetal;
4. Degradao das condies geohidrolgicas (guas subterrneas) devido a modificaes nas
condies de recarga;
5. Degradao da infraestrutura econmica e da qualidade de vida.
Combustveis Fsseis
Existem trs grandes tipos de combustveis fsseis como o carvo, petrleo e o gs natural. O
processo de formao de combustvel fssil deve-se s plantas, animais e toda a matria viva, que
quando morrem decompem-se, sendo precisos dois milhes de anos at que esta matria orgnica
origine o carvo, posteriormente dando lugar ao petrleo e ao gs natural.
O nome fssil surge pelo tempo que demora sua formao, vrios milhes de anos. Estes recurso que
agora se utilizam foram formados h 65 milhes de anos. A regenerao destes fsseis mesmo o cerne
do problema, pois uma vez esgotados s existiro novamente passado bastante tempo. A economia
global est dependente destes recursos naturais, da as varincias do preo do petrleo, pois prev-se
que acabe em poucas dcadas, o que influncia em grande parte a crise financeira que agora se vive.
O uso destes recursos teve naturalmente grandes impactos na evoluo do Homem, tanto para o
melhor, a nvel social, tecnolgico, econmico mas uma grave consequncia para o meio ambiente. As
grandes consequncias surgem com o uso deste tipo de combustveis, como a contaminao do ar pela
sua combusto, sendo mesmo um problema para a sade pblica.
Gases como o Dixido de Carbono so considerados poluentes por agirem diretamente com o efeito de
estufa, aumentando assim o aquecimento global, no deixando dissipar o calor gerado pelos raios
solares. Este aumento de temperatura sentido nos dias que correm e, provavelmente, trar
consequncias de dimenses catastrficas se nada for feito em contrrio.
Smog
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O termo smog resulta da juno de duas palavras inglesas: smoke (fumo) e fog (nevoeiro) e, tal
como o nome indica, o resultado da mistura de um processo natural(o nevoeiro) com os fumos
resultantes da atividade industrial e queima de combustveis fsseis. O smog uma forma de nevoeiro
poluidor da atmosfera, j que as partculas slidas e lquidas (aerossis) contidas nos fumos industriais
e escapes funcionam como pontos de condensao atmosfricos, agregando-se as molculas de gua em
torno deles, originando assim um nevoeiro muito denso e particularmente perigoso devido s
propriedades que as partculas, em torno das quais ocorre condensao, podem apresentar, como uma
elevada acidez (por exemplo, cido sulfrico) ou toxicidade (por exemplo, metais pesados).
perigoso, sobretudo, devido presena de elementos nocivos nas camadas baixas da
atmosfera, como os xidos de carbono, xidos de azoto, hidrocarbonetos, metais pesados e anidrido
sulfuroso - SO2, que facilmente se oxida em SO3, molcula esta que apresenta uma grande afinidade com
a gua, dando origem a aerossis de cido sulfrico (H2SO4), responsveis por nevoeiros e chuvas
cidas, com consequncias altamente nefastas.
O smog pode assumir diferentes graus de perigosidade sendo, regra geral, sempre txico e
prejudicial aos organismos vivos, afetando sobretudo as vias respiratrias e olhos (conjuntivites),
estando ainda presente o risco de envenenamento, devido a concentraes elevadas de aerossis de
metais pesados.
Chuvas cidas
Grandes quantidades de cidos ntrico e sulfrico so formadas na atmosfera a partir dos xidos
de nitrognio e enxofre emitidos pela combusto do carvo, da gasolina e de outros combustveis
fsseis. Isto acontece principalmente prximo das grandes cidades e dos grandes complexos industriais,
onde os ndices de poluio so mais elevados. A precipitao destas substncias denominada chuva
cida desde que o valor de pH esteja compreendido entre os valores 4,0 e 4,5. Em casos extremos, o pH
pode ser inferior a 2,0. Estes valores contrastam com a chuva normal, cujo pH est geralmente
compreendido entre 5,0 e 5,6, em equilbrio com o dixido de carbono atmosfrico.
Os cidos sulfrico (H2SO4) e ntrico (HNO3) so potentes fornecedores de ies hidrognio que
implementam uma acidificao do solo, tornando-o imprprio para a agricultura. Muitas vezes, os ies
hidrognio adicionados ao solo no so suficientes para alterar o pH do mesmo mas, aps um longo
perodo de tempo, pode dar-se um significativo efeito de acidificao, especialmente nos solos com
deficiente proteo.
A lixiviao tambm contribui para a acidez dos solos, na medida em que renova os caties que
podem concorrer com o hidrognio e o alumnio na formao de compostos complexos.
As chuvas cidas so muito prejudiciais aos solos, que se podem tornar improdutivos, e s florestas, pois
atacam fundamentalmente as folhas, acabando as rvores por morrer. So um fenmeno altamente
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nocivo, tambm, para o patrimnio construdo, que muito desgastado, como se pode verificar pelos
inmeros monumentos que a sua ao corroeu.
Alteraes Climticas
As alteraes climticas podem ser encaradas como uma sria ameaa ambiental, interferindo
com os ritmos naturais do planeta Terra. Tm por base fenmenos naturais, mas so, tambm, induzidas
pela atividade humana como a explorao excessiva dos recursos naturais.
As alteraes climticas tm impactes negativos nos ecossistemas terrestres, com consequncias
diversas, como por exemplo:
- Modificaes na fauna e flora;
- Aumento das ondas de calor, com prejuzo da sade humana, e aumento do consumo de
energia utilizada em sistemas de arrefecimento;
- Diminuio da precipitao, com escassez e diminuio da qualidade dos recursos
hdricos, ou precipitao excessiva, com riscos de cheias;
- Alterao das flutuaes climticas anuais, que interferem com a produo agrcola.
O aquecimento global da Terra constitui um bom exemplo de uma alterao climtica com
consequncias preocupantes a vrios nveis. Pode ser explicado pelo efeito de estufa, produzido pela
libertao de gases, como visto anteriormente, que aumentam a capacidade de a atmosfera absorver a
radiao infravermelha, favorecendo a reteno de calor.
GESTO DE RESDUOS
A Poltica de Resduos assenta em objetivos e estratgias que visam garantir a preservao dos
recursos naturais e a minimizao dos impactes negativos sobre a sade pblica e o ambiente.
Para a prossecuo destes objetivos importa incentivar a reduo da produo dos resduos e a
sua reutilizao e reciclagem por fileiras. Em grande medida, tal passa pela promoo da identificao,
conceo e adoo de produtos e tecnologias mais limpas e de materiais reciclveis.
Para alm da preveno, importa ainda promover e desenvolver sistemas integrados de recolha,
tratamento, valorizao e destino final de resduos por fileira (e.g.: leos usados, solventes, txteis,
plsticos e matria orgnica).
Entende-se por Operaes de Gesto de Resduos, toda e qualquer operao de recolha,
transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorizao e eliminao de resduos, bem como s
operaes de descontaminao de solos e monitorizao dos locais de deposio aps o encerramento
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das respetivas instalaes. A gesto deve assegurar que utilizao de um bem sucede uma nova
utilizao ou que, no sendo vivel a sua reutilizao, se procede sua reciclagem ou, ainda a outros
modos de valorizao. A eliminao definitiva de resduos, principalmente a sua deposio em aterro,
constitui a ltima opo de gesto, justificando-se apenas quando seja tcnica ou financeiramente
invivel a preveno, a reutilizao, a reciclagem ou outras formas de valorizao.
No Artigo 7. do decreto-Lei n. 73/2011 de 17 de junho est patente o princpio da hierarquia dos
resduos:
1 - A poltica e a legislao em matria de resduos devem respeitar a seguinte ordem de
prioridades no que se refere s opes de preveno e gesto de resduos:
Preveno e reduo;
Preparao para a reutilizao;
Reciclagem;
Outros tipos de valorizao;
Eliminao.
Vantagens da Reutilizao
A reutilizao pode ser definida como a reintroduo, em utilizao anloga e sem alteraes, de
substncias, objetos ou produtos nos circuitos de produo e/ou consumo, por forma a evitar a
produo de resduos. Existem vrias vantagens associadas reutilizao, tais como:
Poupanas energticas e de materiais;
Reduo das necessidades e custos de eliminao pela diminuio da quantidade de resduos a
eliminar;
Poupanas econmicas para empresas e consumidores, dado que os produtos reutilizveis
necessitam de menos substituies;
Novas oportunidades de mercado, por exemplo para produtos reenchveis.
No entanto, a reutilizao tambm apresenta desvantagens, nomeadamente:
A necessidade de infraestruturas, incluindo de transporte, para sistemas de retorno-
reenchimento, e em que os custos ambientais podem ultrapassar os benefcios ambientais
derivados da reutilizao;
Custos e dificuldades prticas da recolha e lavagem dos produtos;
Maior utilizao de matrias-primas no produto original, dado que este necessita de ser mais
robusto do que os produtos de uso nico.
Vantagens da Reciclagem
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A Portaria n 209/2004, de 3 de maro, define reciclagem como o reprocessamento de resduos em
processos de produo, para o fim original ou outros fins.
As principais vantagens associadas reciclagem so as seguintes:
- Aumento do tempo de vida e maximizao do valor extrado das matrias-primas;
- Poupanas energticas;
- Conservao dos recursos naturais;
- Desvio dos resduos dos aterros ou outras instalaes de tratamento mais poluidoras;
- Participao ativa dos consumidores, o que implica uma maior conscincia ambiental;
- Reduo da poluio atmosfrica e da poluio dos recursos hdricos;
- Criao de novos negcios e mercados para os produtos reciclados.
Existem igualmente alguns inconvenientes, tais como:
- Custos de recolha, transporte e reprocessamento;
- Por vezes, maior custo de materiais reciclados (em relao aos produzidos com matrias-
primas virgens);
- Instabilidade dos mercados para materiais reciclados, os quais podem ser rapidamente
distorcidos por alteraes na oferta e procura (nacional ou internacional).
Efluentes Lquidos
A grande diversidade das atividades industriais ocasiona durante o processo produtivo, a
gerao de efluentes, os quais podem poluir/contaminar o solo e a gua, sendo preciso observar que
nem todas as indstrias geram efluentes com poder de impacte nesses dois ambientes. Num primeiro
momento, possvel imaginar serem simples os procedimentos e atividades de controlo de cada tipo de
efluente na indstria. Todavia, as diferentes composies fsicas, qumicas e biolgicas, as variaes de
volumes gerados em relao ao tempo de durao do processo produtivo, a potencialidade de toxicidade
e os diversos pontos de gerao na mesma unidade de processamento recomendam que os efluentes
sejam caracterizados, quantificados e tratados e/ou acondicionados, adequadamente, antes da
disposio final no meio ambiente.
As caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas do efluente industrial so variveis com o tipo de
indstria, com o perodo de operao, com a matria-prima utilizada, com a reutilizao de gua, etc.
Com isso, o efluente lquido pode ser solvel ou com slidos em suspenso, com ou sem colorao,
orgnico ou inorgnico, com temperatura baixa ou elevada. Entre as determinaes mais comuns para
caracterizar a massa lquida esto as determinaes fsicas (temperatura, cor, slidos, etc.), as qumicas
(pH, alcalinidade, teor de matria orgnica, metais, etc.) e as biolgicas (bactrias, protozorios, vrus,
etc.).
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Na implantao e operao de indstrias, importante considerar que a utilizao das
potencialidades advindas dos recursos hdricos (energia, transporte, matria-prima, etc.) um benefcio
inquestionvel e nico, mas precisa ser acompanhada do uso racional da gua, sendo por isso
fundamentais a reduo e o controle do lanamento de efluentes industriais no meio ambiente, como
uma das formas de cooperao e participao no desenvolvimento sustentvel. Cabe ao setor industrial
a responsabilidade de minimizar ou evitar que o processo produtivo acarrete em impactos ambientais.
Emisses Gasosas
Desde h muito tempo que a poluio do ar acompanha as atividades humanas, e que so
conhecidas as suas causas e efeitos no planeta.
Acontece que, durante muito tempo este teve capacidade de regenerar a atmosfera e de repor os
nveis de qualidade do ar essencial a todos os seres vivos, mas esta capacidade comea a diminuir. Com
o aumento das emisses provenientes da indstria, dos meios de transporte (em particular os veculos
automveis cujo nmero continua a aumentar) e de outras atividades humanas, que ultrapassam a
capacidade de regenerao da atmosfera, esta vai, por acumulao dos poluentes, ficando cada vez mais
poluda.
A crescente complexidade dos poluentes e dos processos que os originam conduzem a graves
problemas como sejam por exemplo, a diminuio da camada de ozono, o efeito de estufa e as alteraes
climticas.
Na tabela I so apresentados os diferentes poluentes, as suas origens e os principais efeitos no
meio ambiente:
Tabela I. Poluentes, origens e efeitos
Habitualmente considera-se que o controlo da poluio
atmosfrica implica a utilizao de equipamentos de
remoo de poluentes, mas existe um conjunto de outras
medidas, como o pr-tratamento ou a substituio de
matrias-primas e combustveis e a adoo de
tecnologias menos poluentes, que podem ser tomadas ao nvel do processo com ganhos significativos
para a qualidade do ar.
A utilizao de energias alternativas, como a elica ou a solar, so tambm medidas importantes, uma
vez que permitem a obteno de energia atravs da ao do vento e da luz solar sem ser necessrio
recorrer queima de combustveis fsseis.
O Decreto-Lei n. 78/2004, de 3 de Abril, estabelece o regime da preveno e controlo das emisses de
poluentes para a atmosfera, fixando os princpios, objetivos e instrumentos apropriados garantia da
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proteo do recurso natural ar, bem como as medidas, procedimentos e obrigaes dos operadores das
instalaes abrangidas. A Portaria n. 675/2009 de 23 de junho habilita a que sejam estipulados valores
limite de emisso (VLE) aplicveis s diferentes fontes de emisso abrangidas.
Estratgias de Atuao
A interveno de todos ns para uma efetiva aplicao da poltica dos 5 R (Reduzir, Reutilizar,
Reciclar, Recuperar e Racionalizar) fundamental, permitindo a reduo do consumo de energia, de
matrias-primas e recursos naturais, e da quantidade de resduos depositada em aterro ou incinerada.
Reduzir a quantidade de resduos produzidos (por exemplo, atravs da utilizao de produtos de longa
durao e de produtos a granel);
Reutilizar resduos quando no for possvel reduzir, atravs da utilizao de materiais usados
(por exemplo, reutilizao de sacos plsticos, reparao de artigos danificados);
Reciclar os materiais (j) no reutilizveis, atravs da prvia separao seletiva e posterior deposio
no respetivo ecoponto (plstico e metal amarelo , papel e carto azul , vidro verde). As pilhas
usadas devem ser depositadas no pilho e as embalagens de madeira podem ser depositadas nos
ecocentros. Tambm os eletrodomsticos devem ser entregues e no depositados junto dos contentores
(recolha: Amb3e, ERP Portugal REEE - Resduos de Equipamentos Eltricos e Eletrnicos). Os leos
alimentares domsticos devem ser colocados no oleo.
A matria orgnica , idealmente, encaminhada para compostagem outra forma de reciclagem,
que consiste na decomposio biolgica controlada da matria orgnica, obtendo-se o composto que
pode ser utilizado como adubo na agricultura.
A reciclagem o mais meditico dos 5 R e consiste na transformao de um resduo numa forma
novamente utilizvel, prolongando assim o seu ciclo de vida. Em Portugal, (apenas) 15% dos resduos
totais produzidos so reciclados.
Recuperar, quando possvel, a energia de resduos que no podem ser reduzidos, reutilizados ou
reciclados. Esta uma opo direcionada maioritariamente para a indstria e inclui opes como a
incinerao, por exemplo, que atravs da queima controlada de resduos produz energia eltrica.
Racionalizar a produo e os procedimentos, evitando ao mximo a criao de resduos.
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SEGURANA, HIGIENE E SADE NO TRABALHO
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CONCEITOS BSICOS RELACIONADOS COM A SHST
ACIDENTE DE TRABALHO Acontecimento no intencionalmente provocado, de carcter
anormal, sbito e inesperado, que se verifica no local e tempo de trabalho ou ao servio do
empregador, produzido, direta ou indiretamente, Leso corporal, perturbao funcional ou
doena de que resulte morte ou reduo na capacidade de trabalho ou de ganho.
AMBIENTE DE TRABALHO Conjunto de variveis que definem a realizao de uma tarefa
concreta e o enquadramento em que esta se realiza, assim como determinam a sade do
individuo que a executa, na tripla dimenso, fsica, mental e social.
AVALIAO DO RISCO Processo de identificar, estimar (quantitativa ou qualitativamente) e
valorar o risco para a sade e segurana dos trabalhadores. Este processo visa obter a
informao necessria tomada de deciso relativa s aes preventivas a adotar.
CLASSES DO FOGO Determinao de um fogo pelo tipo de material que est a sofrer o processo
de combusto. Classe A slidos; Classe B lquidos; Classe C - Gases; Classe D- Metais.
COMBURENTE nome dado substncia que reduzida numa reao de combusto. O oxignio
o principal comburente, porm h casos isolados em que o comburente o cloro, bromo ou o
enxofre.
COMBUSTO - reao de oxidao entre um combustvel e o comburente. A reao provocada
por uma energia de ativao sendo sempre exotrmica (libertao de calor).
COMBUSTVEL qualquer combustvel que reage com o comburente de forma violenta ou de
um modo a produzir calor, chamas ou gases.
COMISSO DE SEGURANA E SADE Comisso integrada pelos representantes dos
trabalhadores para as questes de segurana e sade e por representantes dos empregadores
que foi estabelecida e desempenha as suas funes ao nvel da organizao, em conformidade
com a legislao e as prticas nacionais.
CUSTOS DOS ACIDENTES Consequncias dos acidentes de trabalho, geralmente classificados
em dois tipos: custos diretos e custos indiretos.
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DOENA PROFISSIONAL Doena em que se prova a relao causa-efeito entre a exposio a
fatores de risco existentes no local de trabalho e o seu efeito nocivo na sade do
trabalhador, constando do diploma legal da Lista de Doenas Profissionais.
DANO Leso corporal, perturbao funcional ou doena que determine reduo na capacidade
de trabalho ou de ganho ou a morte do trabalhador resultante, direta ou indiretamente, de
acidente de trabalho.
EQUIPAMENTO DE PROTEO INDIVIDUAL (EPI)
Todo o equipamento, bem como qualquer complemento ou acessrio, destinado a ser utilizado
pelo trabalhador para se proteger dos riscos, para a sua segurana e para a sua sade.
ERGONOMIA Cincia que estuda e projeta os postos e lugares de trabalho de modo a adaptar o
trabalho ao homem, permitindo a conjugao da melhoria do nvel de sade, segurana, conforto
e produtividade.
HIGIENE E SEGURANA Consiste na identificao e quantificao dos vrios fatores de risco e
consequente avaliao e controlo das condies de trabalho, nomeadamente na preveno da
doena relacionada com o trabalho (Higiene) e na preveno do acidente de trabalho
(Segurana).
INCIDENTE Ocorrncia instantnea e no desejada que, ao contrrio do acidente de trabalho,
no provoca leses ou danos para alm dos resultantes da alterao normal da atividade.
NDICE DE FREQUNCIA Nmero de acidentes de trabalho por milho de horas trabalhadas.
NDICE DE GRAVIDADE Nmero de dias de trabalho perdidos devido a acidentes de trabalho
por mil horas trabalhadas.
LOCAL DE TRABALHO Todo o lugar em que o trabalhador se encontra, ou donde ou para onde
deve dirigir-se em virtude do seu trabalho, e em que esteja, direta ou indiretamente, sujeito ao
controlo do empregador.
MEDICINA DO TRABALHO Especialidade da medicina cujo objetivo prevenir riscos para a
sade do trabalhador, vigiando e controlando diretamente o seu estado de sade.
-
MEDIDAS DE PREVENO DE RISCOS Conjunto de aes de ordem construtiva, tcnica ou
organizacional que tm como objetivo evitar ou minimizar os riscos profissionais, ou seja
proteger os trabalhadores na sua integridade fsica e moral. Como medidas de preveno mais
vulgarmente utilizadas destacam-se a sinalizao de segurana e os equipamentos de proteo
coletiva e individual, bem como as aes de formao e sensibilizao dos trabalhadores.
PERIGO Situao que excede o limite do risco aceitvel. Propriedade intrnseca de um objeto ou
organismo capaz de produzir danos ou leses.
PREVENO Ao de evitar ou diminuir os riscos profissionais atravs de um conjunto de
disposies ou medidas que devam ser tomadas no licenciamento e em todas as fases de
atividade da empresa, do estabelecimento ou do servio.
PROTECO COLECTIVA Conjunto de equipamentos e medidas que tm por finalidade evitar
acidentes de trabalho ou doenas profissionais, protegendo no um trabalhador especfico mas
sim um conjunto ou a totalidade dos trabalhadores da instalao. Dentro destas protees,
consideram-se as normas de segurana e a sinalizao.
PROTECO INDIVIDUAL Tcnica de proteo relativamente a um ou mais riscos, em que se
aplica ao trabalhador a respetiva proteo.
RISCO (R = P x G) Combinao da probabilidade (P) da ocorrncia de um fenmeno perigoso
com a gravidade (G) das leses ou danos para a sade que tal fenmeno possa causar.
RISCO PROFISSIONAL Probabilidade de algo afetar negativamente a sade dos trabalhadores.
RISCOS PSICOSSOCIAIS Os que decorrem da evoluo socioeconmica e das transformaes do
mundo do trabalho, os riscos psicossociais englobam o stress, a depresso e a ansiedade, o
assdio moral, a intimidao e a violncia. Pem em risco o bem-estar no trabalho na sua
dimenso fsica, moral e social.
SADE NO TRABALHO Abordagem que integra, alm da vigilncia mdica, o controlo dos
elementos fsicos e mentais que possam afetar a sade dos trabalhadores, representando uma
considervel evoluo face s metodologias tradicionais da medicina do trabalho.
-
SISTEMA DE GESTO DA SEGURANA E SADE NO TRABALHO Conjunto de elementos
interrelacionados ou interativos que tm por objeto estabelecer uma poltica e objetivos de SST,
e alcanar tais objetivos.
ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO NACIONAL DA SHST
- Obrigaes gerais do empregador e do trabalhador
Obrigaes gerais do empregador em matria de segurana e sade no trabalho
A Lei-Quadro de Segurana, Higiene e Sade no Trabalho faz impender sobre as entidades
empregadoras a obrigatoriedade de organizarem os servios de Segurana e Sade no Trabalho.
A Estratgia Nacional para a Segurana e Sade no Trabalho 2008-2012 define como eixo
fundamental do desenvolvimento das polticas neste domnio a promoo da segurana e sade nos
locais de trabalho, como pressuposto de uma melhoria efectiva das condies de trabalho.
Para tanto, importa que os empregadores adoptem polticas de promoo da segurana e sade no
trabalho que permitam assegurar a sade e a integridade fsica dos seus trabalhadores, respeitando
os princpios de preveno de riscos profissionais.
Aos empregadores compete, em termos de obrigaes gerais, a aplicao de medidas que visam:
Assegurar condies de segurana e sade no trabalho, de acordo com os princpios gerais de
preveno, nomeadamente em aspetos relacionados com a planificao da preveno num sistema
coerente que tenha em conta a componente tcnica, a organizao do trabalho, as relaes sociais e os
fatores materiais inerentes ao trabalho;
Assegurar a vigilncia adequada da sade dos trabalhadores em funo dos riscos a que se encontram
expostos no local de trabalho.
A Lei n. 102/2009, de 10 de Setembro define, no seu artigo n. 15., as obrigaes gerais do
empregador, em matria de segurana e sade no trabalho. O empregador deve, nomeadamente,
assegurar ao trabalhador condies de segurana e sade em todos os aspectos do seu trabalho.
O empregador deve, para tal, organizar os servios adequados, internos ou externos empresa,
estabelecimento ou servio, mobilizando os meios necessrios, nomeadamente nos domnios das
-
actividades de preveno, da formao e da informao, bem como o equipamento de proteco que
se torne necessrio utilizar.
Os artigos n.s 73. a 110., da Lei n. 102/2009 obrigam as entidades empregadoras a organizar, na
empresa ou estabelecimento, as atividades de segurana e sade no trabalho, as quais constituem, ao
nvel da empresa, um elemento determinante na preveno de riscos profissionais e de promoo e
vigilncia da sade dos trabalhadores.
Aos servios de segurana e sade no trabalho cabe:
Assegurar as condies de trabalho que salvaguardem a segurana e a sade fsica e mental dos
trabalhadores;
Desenvolver as condies tcnicas que assegurem a aplicao das medidas de preveno que
possibilitem o exerccio da actividade profissional em condies de segurana e de sade para o
trabalhador, tendo em conta os princpios de preveno de riscos profissionais;
Informar e formar os trabalhadores no domnio da segurana e sade no trabalho;
Informar e consultar os representantes dos trabalhadores para a segurana e sade no trabalho ou,
na sua falta, os prprios trabalhadores.
A referida Estratgia Nacional para a Segurana e Sade no Trabalho 2008-2012 define, por outro
lado, como objectivo nuclear, a promoo da segurana e sade nos locais de trabalho, como
pressuposto de uma melhoria efectiva das condies de trabalho.
Para materializar este eixo, a Estratgia Nacional aponta o objectivo da melhoria da qualidade da
prestao dos servios de segurana e sade no trabalho e o incremento das competncias dos
respectivos intervenientes, entendendo que o sistema de gesto da segurana e sade no trabalho em
meio empresarial constitui a essncia da abordagem da preveno de riscos profissionais nos locais
de trabalho.
O incremento das competncias dos intervenientes outro dos vetores que os referenciais
estratgicos apontam. Com efeito, para alm da obrigatoriedade da organizao dos respetivos
servios, o empregador tem o dever de proporcionar aos trabalhadores formao adequada no
domnio da segurana e sade no trabalho.
Obrigaes do Trabalhador
-
Constituem obrigaes do trabalhador:
a) Cumprir as prescries de segurana e de sade no trabalho estabelecidas nas disposies legais e
em instrumentos de regulamentao coletiva de trabalho, bem como as instrues determinadas com
esse fim pelo empregador;
b) Zelar pela sua segurana e pela sua sade, bem como pela segurana e pela sade das outras
pessoas que possam ser afetadas pelas suas aes ou omisses no trabalho, sobretudo quando exera
funes de chefia ou coordenao, em relao aos servios sob o seu enquadramento hierrquico e
tcnico;
c) Utilizar corretamente e de acordo com as instrues transmitidas pelo empregador, mquinas,
aparelhos, instrumentos, substncias perigosas e outros equipamentos e meios postos sua
disposio, designadamente os equipamentos de proteo coletiva e individual, bem como cumprir os
procedimentos de trabalho estabelecidos;
d) Cooperar ativamente na empresa, no estabelecimento ou no servio para a melhoria do sistema de
segurana e de sade no trabalho, tomando conhecimento da
informao prestada pelo empregador e comparecendo s consultas e aos exames determinados pelo
mdico do trabalho;
e) Comunicar imediatamente ao superior hierrquico ou, no sendo possvel, ao trabalhador
designado para o desempenho de funes especficas nos domnios da segurana e sade no local de
trabalho as avarias e deficincias por si detetadas que se lhe afigurem susceptveis de originarem
perigo grave e iminente, assim como qualquer defeito verificado nos sistemas de proteco;
f) Em caso de perigo grave e iminente, adoptar as medidas e instrues previamente estabelecidas
para tal situao, sem prejuzo do dever de contactar, logo que possvel, com o superior hierrquico
ou com os trabalhadores que desempenham funes especficas nos domnios da segurana e sade
no local de trabalho.
- O trabalhador no pode ser prejudicado em virtude de se ter afastado do seu posto de trabalho ou
de uma rea perigosa em caso de perigo grave e iminente nem por ter adoptado medidas para a sua
prpria segurana ou para a segurana de outrem.
- As obrigaes do trabalhador no domnio da segurana e sade nos locais de trabalho no excluem
as obrigaes gerais do empregador, tal como se encontram definidas no artigo 15.
-
- Constitui contraordenao muito grave a violao do disposto na alnea b) do n. 1.
- Sem prejuzo do disposto no nmero anterior, o trabalhador que viole culposamente os deveres
referidos no n. 1 ou o trabalhador cuja conduta tiver contribudo para originar uma situao de
perigo incorre em responsabilidade disciplinar e civil.
ACIDENTES DE TRABALHO
Segundo o Decreto-Lei n 99/2003, de 27 de agosto, acidente de trabalho o sinistro, entendido
como acontecimento sbito e imprevisto, sofrido pelo trabalhador que se verifique no local e no
tempo de trabalho.
Os acidentes, em geral, so o resultado de uma combinao de fatores, entre os quais se destacam as
falhas humanas e as materiais.
Quanto aos acidentes de trabalho o que se pode dizer que grande parte deles ocorre porque os
trabalhadores se encontram mal preparados para enfrentar certos riscos.
Para uma maior compreenso, analise-se as seguintes definies:
Leso corporal qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve, como, por exemplo, um
corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro.
Perturbao funcional o prejuzo do funcionamento de qualquer rgo ou sentido. Por exemplo,
a perda da viso, provocada por uma pancada na cabea, caracteriza uma perturbao funcional.
Dano a leso corporal, perturbao funcional ou doena que determine reduo na capacidade de
trabalho ou de ganho ou a morte do trabalhador resultante direta ou indiretamente de acidente de
trabalho. Se a leso corporal, perturbao ou doena for reconhecida a seguir a um acidente,
presume-se consequncia deste seno for reconhecida a seguir a um acidente, compete ao sinistrado
ou aos beneficirios legais provar que foi consequncia dele.
Consequncias dos Acidentes de Trabalho
Os acidentes de trabalho no afetam somente a vtima, mas tambm a famlia, a empresa e a
sociedade.
A Vtima que fica incapacitada de forma total ou parcial, temporria ou permanente para o
trabalho;
-
A Famlia que tem seu padro de vida afetado pela falta dos ganhos normais, correndo o risco de
cair na marginalidade;
As Empresas com a perda de mo-de-obra, de material, de equipamentos, tempo, etc, e,
consequentemente, elevao dos custos operacionais;
A Sociedade com o nmero crescente de invlidos e dependentes da Segurana Social.
Classificao dos Acidentes de Trabalho
J se analisou anteriormente que os acidentes de trabalho podem classificar-se em diversas
incapacidades que esto compreendidas entre ferimentos ligeiros e a morte. Avalie-se portanto a
forma destes mesmos acidentes:
- Queda de pessoas;
- Queda de objetos;
- Marcha, choque ou pancada por ou contra objetos;
- Exposio ou contacto com temperaturas extremas;
- Exposio ou contacto com corrente eltrica;
- Exposio ou contacto com substncias nocivas ou radiaes.
Segundo o agente material, a classificao dos acidentes de trabalho pode
ser efetuada do seguinte modo:
- Mquinas;
- Meios de transporte e manuteno;
- Fornos, escadas, andaimes, ferramentas, etc;
- Explosivos, gases, poeiras, fragmentos volantes, radiaes;
- Entaladela num objeto ou entre objetos;
- Ambientes de trabalho.
A natureza das leses provocadas por acidentes de trabalho pode ser:
- Fraturas;
- Luxaes;
- Entorses e distenses;
- Choque e outros traumatismos internos;
- Amputaes;
-
- Outras feridas;
- Traumatismos superficiais;
- Contuses e esmagamentos;
- Queimaduras.
importante igualmente lembrar os pontos morfolgicos mais suscetveis de serem alvo de
acidentes de trabalho:
- Cabea;
- Olhos;
- Pescoo (incluindo garganta e vrtebras cervicais);
- Membros superiores;
- Mos;
- Tronco;
- Membros inferiores;
- Ps.
Causas dos Acidentes de Trabalho
So muitas as situaes que podem provocar um acidente de trabalho. As mais comuns so:
- Ascendncia e ambiente social;
- Falha humana (imprudncia, irritabilidade, etc.);
- Ato inseguro (no utilizar, ou utilizar erradamente, Equipamento de Proteo Individual,
estacionar sob cargas suspensas, usar ferramentas em mau estado, etc.);
- Condio perigosa protees ou suportes de mquinas inadequados, congestionamento dos
locais de trabalho, rudo excessivo ou risco de incndio.
Pode-se igualmente separar as causas dos acidentes em dois fatores:
Fatores materiais ou tcnicos
- M organizao do trabalho;
- Deficiente proteo das mquinas;
- M qualidade dos equipamentos ou ferramentas;
- Falta de Equipamento de Proteo Individual;
- Utilizao de produtos perigosos.
Fatores humanos
- Ansiedade e stress;
-
- Falta de integrao do trabalhador no grupo de trabalho;
- Alcoolismo e sonolncia.
Preveno dos Acidentes de Trabalho
A consciencializao e a formao dos trabalhadores no local de trabalho so a melhor forma de
prevenir acidentes, a que acresce a aplicao de todas as medidas de segurana coletiva e individual
inerentes atividade desenvolvida. Os custos dos acidentes de trabalho, para os trabalhadores
acidentados e para as empresas, so elevadssimos.
Prevenir, quer na perspetiva do trabalhador quer na do empregador, a melhor forma de evitar
que os acidentes aconteam. As aes e medidas destinadas a evitar acidentes de trabalho esto
diretamente dependentes do tipo de atividade exercida, do ambiente de trabalho e das tecnologias e
tcnicas utilizadas.
Deve-se sempre:
- Ter muito cuidado e seguir risca todas as regras de segurana na realizao de atividades mais
perigosas;
- Organizar o local de trabalho ou o posto de trabalho, no deixando objetos fora dos seus lugares ou
mal arrumados. Se tudo estiver no seu lugar no se precisa improvisar perante imprevistos e isso
reduz os acidentes;
- Saber quais os riscos e cuidados que se devem ter na atividade que se desenvolve e quais as formas
de proteo para reduzir esses riscos;
- Participar sempre nas aes ou cursos de preveno de acidentes que a empresa possa
proporcionar;
- Aplicar as medidas e dispositivos de preveno de acidentes que so facultados, designadamente o
uso de vesturio de proteo adequado, como as protees auriculares para o rudo, culos,
capacetes e dispositivos antiqueda, e equipamento de proteo respiratria, entre outras;
- No recear sugerir empresa onde se trabalha a realizao de palestras, seminrios e aes de
formao sobre preveno de acidentes.
- CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS DOS ACIDENTES DE TRABALHO
-
Custos Diretos
Custos Diretos ou Custos Segurados so as contribuies mensais pagas pelo empregador
Previdncia Social. O empregador, pessoa fsica ou jurdica, obrigado a contribuir sobre a folha de
salrios, da seguinte forma:
- 1%, 2% ou 3% sobre o salrio de seus empregados, de acordo com o grau de risco da
atividade da empresa;
- 12%, 9% ou 6% exclusivamente sobre o salrio do empregado, cuja atividade exercida
ensejar a concesso de aposentadoria aos 15, 20 ou 25 anos de contribuio.
No caso especfico de construo civil as contribuies pagas mensalmente pelo empregador so:
- 3% sobre o salrio de seus empregados, devido ao grau de risco desta atividade;
- 12%, 9% ou 6% exclusivamente sobre o salrio do empregado, cuja atividade exercida
ensejar a concesso de aposentadoria aos 15, 20 ou 25 anos de contribuio GFIP.
Custos Indiretos
Os custos indiretos ou no segurados so o total das despesas no facilmente computveis,
resultantes da interrupo do trabalho, do afastamento do empregado da sua ocupao habitual,
danos causados a equipamentos e materiais, perturbao do trabalho normal e outros.
o DOENAS PROFISSIONAIS
- Conceito
DOENA PROFISSIONAL Doena em que se prova a relao causa-efeito entre a exposio a
fatores de risco existentes no local de trabalho e o seu efeito nocivo na sade do trabalhador,
constando do diploma legal da Lista de Doenas Profissionais.
PRINCIPAIS RISCOS PROFISSIONAIS
- Riscos biolgicos
-
Agentes Biolgicos
Os fatores de risco associados a agentes biolgicos relacionam-se com a presena no ambiente de
trabalho de microrganismos como vrus, bactrias, fungos, parasitas, germes, etc., normalmente
presentes em alguns ambientes de trabalho, como:
- Hospitais;
- Laboratrios de anlises clnicas;
- Recolha de lixo;
- Indstria do couro;
-Tratamento de efluentes lquidos.
No entanto, embora sejam frequente nas reas de trabalho mencionadas, eles podem estar
presentes em todo o tipo de trabalho, quer seja este efetuado ao nvel produtivo e industrial, quer ao
nvel dos servios.
Os microrganismos geneticamente modificados apresentam-se como fator de risco associado a
agentes biolgicos alvo de uma ateno particular.
Penetrando no organismo do homem por via digestiva, respiratria, olhos e pele, os fatores de risco
associados a agentes biolgicos so responsveis por algumas doenas profissionais, podendo dar
origem a doenas menos graves como infees intestinais ou simples gripes, ou mais graves, como a
hepatite, meningite ou sida.
Como estes microrganismos se adaptam melhor e se reproduzem mais em ambientes sujos, as
medidas preventivas a tomar tero de estar relacionadas com:
A rigorosa higiene dos locais de trabalho e dos trabalhadores;
Destruio destes agentes por processos de elevao da temperatura (esterilizao) ou uso de
cloro;
Uso de equipamentos individuais de proteo para evitar contacto direto com os
microrganismos;
Ventilao permanente e adequada;
Manuteno e limpeza dos sistemas de ventilao;
Manuteno e limpeza dos equipamentos de trabalho;
Controle mdico constante;
Vacinao sempre que possvel;
Formao e informao dos trabalhadores;
Sinalizao de segurana, etc.
A verificao da presena de agentes biolgicos em ambientes de trabalho feita por meio de
recolha de amostras de ar e de gua, que so depois analisadas em laboratrios especializados.
-
Microrganismos geneticamente modificados
Com a evoluo cientfico-tecnolgica que se tem processado ao nvel da biologia, mais
precisamente com a introduo dos microrganismos geneticamente modificados no mbito do
trabalho, torna-se fundamental estudar qual o grau de perigosidade que estes representam para o
ser humano. Por forma a esclarecer melhor esta problemtica, torna-se necessrio introduzir a
definio dos dois seguintes conceitos bsicos:
- Microrganismo: qualquer entidade microbiolgica, celular ou no celular, capaz de replicao ou
de transferncia de material gentico, incluindo vrus, virides e clulas animais e vegetais.
- Microrganismo geneticamente modificado (MGM), microrganismo cujo material gentico foi
modificado de uma forma que no ocorre naturalmente por reproduo sexuada e ou por
recombinao natural.
- Vias de entrada no organismo e Medidas de preveno e proteo
Tal como nos restantes agentes biolgicos o modo de penetrao do MGM no organismo do
homem pode ser efetuado por via digestiva, respiratria, olhos e pele, podendo originar, igualmente,
algumas das doenas acima mencionadas. No entanto, a perigosidade elevada deste gnero de
microrganismos advm, exatamente, do tipo de doenas desconhecidas que estes podem provocar
no homem, e que este no tem ainda conhecimento suficiente para as controlar, ou at mesmo
detetar.
A melhor maneira de assegurar o confinamento deste tipo de microrganismos ser a adoo de
boas prticas de trabalho microbiolgicas, formao, equipamento de confinamento apropriado,
conceo de instalaes especiais e princpios de higiene e segurana no local de trabalho, tais como:
io a quaisquer MGM, quer no local de trabalho, quer no
ambiente envolvente, o mais baixo possvel;
aborao de procedimentos especficos de desinfeo e disponibilizao de
desinfetantes eficazes para situaes de disseminao de MGM;
laboratrio contaminados;
a pipetagem boca, entre outros.
-
AMBIENTE TRMICO
O ambiente trmico pode ser definido como o conjunto das variveis trmicas do posto
de trabalho que influenciam o organismo do trabalhador, sendo assim um fator importante que
intervm, de forma direta ou indireta na sade e bem estar do mesmo, e na realizao das
tarefas que lhe esto atribudas.
CONFORTO TRMICO
O homem um animal de sangue quente que, para sobreviver, necessita de manter a
temperatura interna do corpo (crebro, corao e rgos do abdmen) dentro de limites muito
estreitos, a uma temperatura constante de 37 C, obrigando a uma procura constante de
equilbrio trmico entre o homem e o meio envolvente que tem influencia nessa temperatura
interna, podendo um pequeno desvio em relao a este valor indiciar a morte.
Quando existe a perceo psicolgica desse equilbrio, pode-se falar de conforto trmico,
que definido pela ISO 7730 como um estado de esprito que expressa satisfao com o
ambiente que envolve uma pessoa (nem quente nem frio). portanto, uma sensao subjetiva
que depende de aspetos biolgicos, fsicos e emocionais dos ocupantes, no sendo desta forma,
possvel satisfazer a todos os indivduos que ocupam um recinto, com uma determinada
condio trmica.
Um ambiente neutro ou confortvel um ambiente que permite que a produo de calor
metablico, se equilibre com as trocas de calor (perdas e/ou ganhos) provenientes do ar volta
do trabalhador. Fora desta situao de equilbrio, podem existir situaes adversas em que a
troca de energia calorfica constitui um risco para a sade da pessoa, pois mesmo tendo em
conta os mecanismos de termo regulao do organismo, no conseguem manter a temperatura
interna constante e adequada. Nestas situaes pode-se falar de stress trmico, por calor ou
frio.
FORMAS DE TRANSFERNCIA DE CALOR ENTRE HOMEM E MEIO AMBIENTE
Quando dois corpos esto na presena um do outro a temperaturas diferentes h transferncia
de calor do corpo mais quente para o corpo mais frio at se estabelecer Ambiente Trmico a
-
igualdade de temperaturas. Esta transferncia pode dar-se atravs de um ou mais dos seguintes
modos:
Conduo
Quando a transferncia de calor se realiza atravs de slidos ou lquidos que no esto em
movimento (e.g. contacto entre um corpo quente e um frio).
Conveco
Quando a transferncia de calor se realiza atravs dos fluidos em movimento, e por isso s tem
lugar nos lquidos e nos gases (e.g. o movimento do ar).
Radiao
Todas as substncias radiam energia trmica sob a forma de ondas eletromagnticas.
Quando esta radiao incide sobre outro corpo, pode ser parcialmente refletida, transmitida ou
absorvida. Apenas a frao que absorvida surge como calor no corpo.
Evaporao
Uma via de grande importncia em fisiologia a evaporao, que constitui uma perda de calor.
Esta evaporao, atravs da sudao, d-se a nvel da pele e arrefece a sua superfcie.
A sensao de conforto trmico depende do equilbrio trmico entre a produo de energia
pelo corpo somado dos ganhos de energia do meio e as perdas para o mesmo, com o objetivo de
manter a temperatura interna do corpo em cerca de 37 C.
FATORES QUE INFLUENCIAM A SENSAO DE CONFORTO TRMICO
A sensao de conforto trmico depende da conjugao e da influncia de vrios fatores.
Os principais so:
Variveis Individuais
- tipo de atividade
- vesturio- aclimatao
Variveis Ambientais
-
- temperatura do ar
- humidade relativa do ar ou presso parcial de vapor.
- temperatura mdia radiante das superfcies vizinhas
- velocidade do ar
AVALIAO DO AMBIENTE TRMICO
Para avaliar as situaes a que est submetido um trabalhador exposto a determinadas condies
ambientais e de trabalho utilizam-se mtodos ou critrios objetivos, que se determinam principalmente
em funo de:
temperatura do ar;
humidade do ar;
calor radiante;
velocidade do ar;
metabolismo;
vesturio.
No estudo do ambiente trmico h a considerar duas situaes:
A sobrecarga trmica ou "stress" trmico que relaciona a exposio do corpo humano a
ambientes de temperaturas extremas;
O conforto trmico que, no envolvendo temperaturas extremas, relaciona a temperatura,
humidade e velocidade do ar existentes nos locais que, no seu conjunto, podem provocar
desconforto.
Qualquer uma destas situaes pode ser medida com base em tcnicas especiais calculando-se ndices
que informam da qualidade ambiental do local de trabalho.
- indicador para avaliar a sobrecarga trmica o ndice WBGT1 - Norma ISO 7243 - 1989.
-
- conforto trmico medido atravs dos ndices PMV2 e PPD3 - Norma ISO 7730 - 1994.
Qualquer um destes ndices calculado com base em medies de temperatura, humidade relativa,
velocidade do ar, calor radiante e em dados sobre o vesturio dos trabalhadores presentes no local e na
sua atividade.
Os clculos, por apresentarem alguma complexidade, devero ser efetuados por um especialista.
Iluminao
A iluminao um fator que influencia diretamente o conforto, a produtividade e a sade dos
profissionais no ambiente de trabalho.
Muitos dos acidentes ocorrem porque no se atendeu a aspetos to simples como uma iluminao
eficaz, em quantidade ou em qualidade.
A iluminao adequada no local de trabalho um dos fatores mais importantes para um desempenho
eficiente das tarefas, para alm de que pode evitar muitos acidentes. importante no s a quantidade
de luz mas tambm a qualidade da luz.
Outro fator a evitar no local de trabalho o encandeamento causado pela luz do sol ou de outras fontes
de luz fortes.
Um problema comum nas empresas e nos escritrios o excesso de luz. Ter muita luz no significa que
seja a adequada. Muita luz pode gerar uma sensao de desconforto, alm de causar problemas de viso.
A luz solar deve ser sempre aproveitada mas nunca em excesso podendo ser controlada com persianas e
cortinas. Alm da iluminao geral, algumas atividades exigem uma iluminao mais direta na mesa de
trabalho. Ao longo do dia as pessoas tm necessidades diferentes de iluminao. Ao identificar essa
variao poder ajudar no rendimento do trabalho. Uma iluminao com cores diferentes torna o
ambiente de trabalho menos montono, causando uma sensao de bem-estar.
Intensidade de Iluminao
As principais tarefas a executar num posto de trabalho com ecrs de visualizao colocam em
termos de iluminao duas exigncias quase opostas: a leitura do texto e o olhar sobre o teclado
requerem um nvel de iluminao relativamente elevado, enquanto a leitura da informao no ecr
-
exige um bom contraste entre os carateres e o fundo. Pela sua natureza este contraste diminui em
funo do aumento do nvel da iluminao do local por interferncia da luz.
A qualidade da iluminao do local de trabalho deve ser de modo a no existir diminuio do
contraste no ecr de visualizao e reflexos, e permitir uma boa leitura do documento, por isso as
recomendaes para intensidades de iluminao divergem bastante entre si.
O tom da luz
Deve-se escolher como tom da luz os tubos fluorescentes o branco neutro ou o branco quente,
sendo este ltimo o mais compatvel com as exigncias acrescidas em matria de conforto e o que
permite um ambiente luminoso agradvel. Para alm disso, os tubos fluorescentes com tons quentes
tm um grau de oscilao e uma tendncia de cintilao inferiores. Por outro lado, a tolerncia aos
efeitos da iluminao mais elevada quando a luz branco quente.
Reflexos
O fator de reflexo influi seriamente na difuso da luz no local. Sobre a superfcie dos ecrs
podem formar-se reflexos mais claros o que pode levar a ofuscamentos incmodos.
Em muitas pesquisas de campo foi constatado que os reflexos eram considerados a mais
desagradvel manifestao que acompanha o trabalho com monitores. possvel lutar contra os
reflexos a partir da regulao do ecr. O meio mais simples consiste em inclinar o ecr para baixo. O ecr
deve ser inclinvel de 88 a 105 relativamente ao plano horizontal. Outros fatores que contribuem para
a existncia de reflexos so as caractersticas das superfcies de trabalho. Estas devem ser mates de
modo a diminuir a sua intensidade.
tambm necessrio escolher e colocar as armaduras de maneira a evitar o mais possvel os
reflexos na superfcie de ecr. Ilustrando:
Legenda:
A Raio luminoso com ngulo de incidncia de 30
B Raio luminoso com ngulo de incidncia de 15
-
Inclinao do ecr e reflexos possveis da iluminao do teto sob os diferentes ngulos visuais
Iluminao Natural
A luz do dia, s por si, no convm para iluminar os postos de trabalho com ecrs de visualizao
porque est sujeita a fortes variaes (atingindo o mximo de 10.000 lux unidade de medida da
luminosidade diretamente por detrs das janelas). Dado que a maior parte dos locais onde existem
ecrs de visualizao tm janelas, convm ter em conta os seguintes pontos:
- No deve haver janelas nem diante nem atrs do ecr;
- O ngulo principal do olhar deve ser paralelo fila de janelas;
- Os ecrs de visualizao devem, tanto quanto possvel, ser colocados ou mudados para zonas
ou stios do local de trabalho afastados das janelas;
- As janelas devero ser equipadas com estores exteriores porque estes so termicamente mais
vantajosos do que os interiores; para as janelas com vidros isolantes do calor devem ser
tomadas medidas particulares no interior do local;
- vantajoso a existncia de cortinas/estores interiores; estes devem ser regulveis e de
material espesso, liso e claro (tons pastel), de modo a evitar reflexos.
Iluminao artificial
Os locais iluminados pela luz do dia tm necessidade, em todos os casos, de uma
iluminao artificial complementar. Esta deve ser composta sob a forma de filas de lmpadas
dispostas paralelamente fila das janelas. Por vezes a iluminao artificial provoca reflexos e
complica ainda mais a colocao do ecr no local adequado.
Os locais de trabalho interiores com ecrs de visualizao devem ser iluminados com a
ajuda de filas de lmpadas contnuas, dispostas paralelamente ao eixo do olhar, podendo ser
colocadas separadamente. No devem ser colocadas fontes luminosas atrs do ecr de
visualizao porque provocam reflexos, nem na frente e so fontes de ofuscamento direto. No
so convenientes:
-
- As lmpadas fluorescentes nuas;
- As armaduras dispostas em forma de calha;
- As armaduras dispostas em filas paralelas;
- As armaduras dispostas em filas cruzadas;
- As armaduras de luz incandescente com lmpadas nuas.
O mais conveniente uma iluminao em todas as direes, difusa em grandes superfcies e de
pouca iluminao.
Em certos casos pode ser til uma iluminao de apoio dirigida sobre o posto de trabalho. Excluem-
se em regra os candeeiros de mesa porque ofuscam muitas vezes os operadores dos postos prximos.
So recomendveis as armaduras com lminas ou grelha. A proteo dos reflexos que incidem sobre o
ecr e que resultam das armaduras faz-se tomando medidas apropriadas sobre o prprio ecr (proteo
antirreflexo, mudana da disposio da sala, etc.).
- RADIAES (IONIZANTES E NO IONIZANTES)
A radiaes constituem uma forma de energia que, de acordo com a sua capacidade de interagir
com a matria, se podem subdividir em:
Radiaes Ionizantes: as que possuem energia suficiente para ionizaros tomos e molculas
com as quais interagem, sendo as mais conhecidas:
raios X e raios gama (radiaes electromagnticas);
raios alfa, raios beta, neutres, protes (radiaes corpusculares).
Radiaes No Ionizantes: as que no possuem energia suficiente para ionizar os tomos e as
molculas com as quais interagem, sendo as mais conhecidas:
luz visvel;
infravermelhos;
ultravioletas;
-
microondas de aquecimento;
microondas de radiotelecomunicaes;
corrente elctrica.
As radiaes que pertencem ao espectro eletromagntico ocupam a diferentes posies de
acordo com a sua energia e comprimento de onda.
Dada a complexidade deste tema, abordar-se-o apenas as radiaes que tm aplicao na
indstria do material elctrico e electrnico, dando especial nfase s aplicaes industriais, possveis
efeitos negativos para a sade e medidas de preveno e de controlo.
RADIAES IONIZANTES
A matria constituda por tomos que correspondem s unidades estruturais dos elementos
qumicos conhecidos.
Os tomos so entidades que resultam da associao de trs tipos de partculas: proto,
neutro e electro. Os protes e neutres encontram-se agregados no ncleo do tomo
(podendo por isso tambm ser designados por nuclees), ao passo que os electres se movem
em torno do ncleo. De referir que o ncleo do tomo possui carga elctrica positiva e
representa a quase totalidade da massa do tomo, ao passo que os electres so electricamente
negativos.
Se o nmero de electres perifricos de um tomo for igual ao nmero de protes do respectivo
ncleo, o tomo tem carga elctrica total nula - trata-se de um tomo em estado neutro. No caso
contrrio, o tomo encontra-se no estado ionizado - se o tomo tiver excesso de electres, a sua
carga eltrica negativa e estamos perante um io negativo; se o tomo tiver deficincia de
electres, a carga do tomo positiva, tratando-se assim de um io positivo.
Designa-se por radioatividade a propriedade que determinados nucldeos (naturais ou
artificiais) possuem de emitir espontaneamente radiaes corpusculares ou eletromagnticas.
De notar que o ser humano tem sempre vivido num mundo radioativo, encontrando-se
continuamente exposto s radiaes provenientes do espao csmico, alm de que existem
radionucldeos no solo, gua, alimentos e at mesmo o corpo humano tem na sua constituio
elementos radioativos.
-
As radiaes ionizantes tm tido crescente utilizao em inmeras actividades,desde a
medicina indstria. Na indstria de material elctrico e electrnico tm nomeadamente
aplicao em aparelhos de radiografia para controlo de qualidade, podendo ainda os raios X
ocorrer como emisso parasita em certos aparelhos (tubos de raios catdicos, reguladores de
tenso).
EFEITOS NO ORGANISMO HUMANO
Os efeitos das radiaes ionizantes podem classificar-se em somticos, se aparecerem no
indivduo exposto e em hereditrios, se afectarem os descendentes.
Os efeitos das radiaes ionizantes podem ainda classificar-se de outra forma:
efeitos probabilsticos ou estocsticos: so aqueles que so tanto mais provveis quanto
maior for a quantidade de radiao recebida. Ainda que no existam certezas absolutas, aceita-
se que, por muito pequena que seja a quantidade de radiao recebida, poder ocorrer algum
tipo de efeito, o qual, uma vez que aparea, ser sempre grave.
Nestas situaes, so induzidas modificaes na estrutura de uma ou mais clulas do corpo
humano que conduzem a alteraes genticas (mutaes cromossmicas) e ao aparecimento de
diversos tipos de neoplasias, tais como, leucemia, cancros do pulmo, pele, estmago, clon,
bexiga, mama e ovrio, etc.
efeitos deterministas ou no estocsticos: so aqueles que s ocorrem quando a dose de
radiao excede um determinado valor ou limiar e cuja gravidade depende da dose e do tempo
de exposio. Os orgos e sistemas mais afectados so os olhos (cataratas), a pele
(queimaduras) e os rgos reprodutores (infertilidade).
Como se poder compreender, grande quantidade de informao a este respeito proveniente
da experincia da radioterapia no tratamento do cancro.
CONTROLO DAS RADIAES IONIZANTES
O objetivo principal da proteo contra as radiaes ionizantes impedir os feitos no
estocsticos e limitar ao mximo os efeitos estocsticos.
Como princpios gerais, todas as atividades que envolvam exposio a radiaes ionizantes,
devero processar-se por forma a:
-
que os diferentes tipos de atividades que impliquem uma exposio sejam
previamente justificados pela vantagem que proporcionam;
que seja evitada toda a exposio ou contaminao desnecessria de pessoas e do
meio ambiente
que os nveis de exposio sejam sempre to baixos quanto possvel em cada instante
e sempre inferiores aos valores-limite fixados por lei.
Assim, para determinar o risco e estabelecer as medidas de controlo necessrio contemplar
os seguintes aspetos:
avaliar as condies de exposio (habituais ou acidentais), com o estudo ambiental
dos locais de trabalho e respetiva classificao atualizada das diferentes zonas de risco
de acordo com os nveis potenciais de exposio;
autorizao prvia, licenciamento e parecer favorvel para o uso de fontes
radioativas;
determinao das doses limite. A ttulo exemplificativo, poderemos dizer que a dose
equivalente ao limite anual para os trabalhadores expostos de 50 m Sv *(5 rem1) para
os efeitos estocsticos e para os no estocsticos de 500mSv, com exceo do globo
ocular (150 mSv); para as pessoas em geral recomendado que no se exceda a dose
anual de 5 mSv (de referir que a radioatividade mdia anual de origem natural cerca de
3 mSv);
manuteno rigorosa de todos os registos efetuados durante pelo menos um perodo
de 30 anos, devendo ser facultados s entidades oficiais competentes;
as protees coletiva e individual a instituir, bem como o acompanhamento da
dosimetria individual, devero ser da responsabilidade de tcnicos especialistas na
matria, com qualificao pelos servios do Ministrio da Sade. A vigilncia de sade
fundamental para os trabalhadores expostos s radiaes ionizantes, quer nos exames de
admisso e peridicos, quer nos ocasionais, nomeadamente em caso de exposio
acidental, obedecendo a manuteno dos registos clnicos a critrios rigorosos
(igualmente por um perodo mnimo de 30 anos).
-
Sv ("sievert") - unidade equivalente de dose, no Sistema Internacional; dada a sua grande
divulgao, expressa-se tambm o equivalente de dose em "rem", sendo que 1 Sv = 100 rem.
De cada exame mdico resultar a respectiva "Ficha de Aptido" no devendo em caso algum o
trabalhador exercer funes se o parecer mdico for negativo.
Os trabalhadores expostos a radiaes ionizantes devero ter formao contnua especfica, de
forma a cumprirem todos os procedimentos de segurana exigveis.
Devero ainda ser informados acerca dos nveis de radiao a que se encontram sujeitos, bem
como do resultado dos exames mdicos de vigilncia de sade a que so submetidos.
RADIAES NO IONIZANTES
Toda as radiaes eletromagnticas tm uma origem comum - a movimentao de cargas
eltricas.
Como foi referido na Introduo, elas variam em frequncia, comprimento de onda e nvel
energtico, produzindo assim diferentes efeitos fsicos e biolgicos.
De todas as radiaes no ionizantes, apenas se iro referir as Radiaes Ultravioleta e
infravermelha e o caso especfico do Laser, uma vez que so aquelas que habitualmente
encontramos na indstria de material eltrico e electrnico.
RADIAO ULTRAVIOLETA
Na indstria, no que se refere emisso deste tipo de radiaes, temos as operaes de
soldadura por corte oxiacetilnico e a soldadura por arco eltrico.
O poder de penetrao das radiaes ultravioleta relativamente fraco, pelo que os seus efeitos
no organismo humano se restringem essencialmente aos olhos e pele, nomeadamente:
inflamao dos tecidos do globo ocular, em especial da crnea e da conjuntiva (a
queratoconjuntivite considerada uma doena profissional nos soldadores); em regra, a
profundidade de penetrao maior de acordo com o aumento do comprimento de onda,
assim, o cristalino e a retina s podero ser atingidos em casos extremos; queimaduras
cutneas, de incidncia e gravidade variveis, de acordo tambm com a pigmentao da pele; os
-
ultravioletas produzem envelhecimento precoce da pele e podem exercer sobre ela, o efeito
carcinognico, em especial nas exposies prolongadas luz solar;
fotosensibilizao dos tecidos biolgicos.
A gravidade da inflamao da crnea e conjuntivo por 'queimadura por flash" ou "claro de
soldadura" depende de vrios factores:
durao da exposio
comprimento de onda
nvel de energia.
As medidas de proteo consistem fundamentalmente em:
atuao em primeiro lugar sobre a fonte, mediante desenho adequado da instalao,
colocao de cabines ou cortinas em cada posto de trabalho, sendo preferencial a
utilizao de cor escura;
reduo do tempo de exposio;
proteo da pele atravs de vesturio adequado, luvas ou cremes protetores;
proteo dos olhos atravs de culos ou viseira equipados com filtro
adequado em funo do tipo de ultravioleta emitido. Mesmo em curtas operaes de
soldadura, como o "pingar", o trabalhador no dever retirar a proteo;
no esquecer que as lmpadas fluorescentes de iluminao emitem geralmente
radiaes ultravioletas que podem, em alguns casos, contribuir para a dose anual
recebida pelo trabalhador.
A vigilncia de sade importante na deteo precoce de alteraes nos rgos-alvo (por
exemplo, nos olhos refere-se a "sensao de areia", intolerncia luz, lacrimejo e inchao das
plpebras).
De igual forma, fundamental a formao e informao dos trabalhadores expostos radiao
ultravioleta de forma a utilizar quotidianamente os procedimentos mais corretos.
-
RADIAO INFRAVERMELHA
A exposio radiao infravermelha poder sempre ocorrer desde que uma superfcie
tenha temperatura mais elevada que o receptor, podendo ser utilizada em qualquer situao
em que se queira promover o aquecimento localizado de uma superfcie. Na indstria, este tipo
de radiao poder ter aplicao nomeadamente na secagem de tintas e vernizes e em processo
de aquecimento de metais.
A radiao infravermelha percetvel como uma sensao de aquecimento da pele,
dependendo do seu comprimento de onda, energia e tempo do exposio, podendo causar
efeitos negativos no organismo como, por exemplo, queimaduras da pele, aumento persistente
da pigmentao cutnea e leses nos olhos.
Assim, recomendvel proteo adequada (vesturio de trabalho, culos e viseiras com
filtro para as frequncias relevantes).
LASER
L.A.S.E.R. significa "Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation" e caracteriza-se,
principalmente, pela alta direccionalidade do feixe e pela elevada energia incidente por unidade
de rea. O conceito comeou a ter aplicao prtica nos anos 70 em vrias reas, desde a
medicina indstria, passando pelas reas militar e de comunicaes. Na indstria
metalomecnica e de automveis tem aplicao em operaes de soldadura, perfurao e corte,
permitindo:
menor tempo de operao;
qualidade superior da superfcie tratada;
aumento da espessura do corte;
maior variedade de materiais que podem ser trabalhados.
Os seguintes componentes e processos, so comuns a todos os lasers:
meio emissor ou meio laser: gasoso (ex.: CO2) slido (ex.: cristal de rubi) ou lquido (ex.:
corantes orgnicos)
-
excitao ou "sistema de bombagem": o meio emissor pode ser excitado quer ptica, qumica
ou eletricamente, o que origina emisses estimuladas de energia sob a forma de luz;
amplificao: a luz emitida amplificada atravs do meio por um sistema de espelhos que
permite obter um feixe de luz unidireccional de elevada energia e intensidade.
A utilizao dos lasers pode ter efeitos negativos no organismo humano, nomeadamente a nvel
do globo ocular e da pele, de acordo tambm com a gama de comprimento de onda da radiao
emitida (de infravermelhos a ultravioletas), nomeadamente:
queimadura da crnea; leso grave da retina (no se pode esquecer que o poderoso feixe
de luz do laser concentrado por focagem cerca de 100.000 vezes na retina)
queimaduras da pele, dependendo do poder de densidade e de focagem (um foco mais
desfocado poder provocar queimaduras mais extensas, um foco focado queimaduras
localizadas, mas significativamente mais profundas).
Os limites de exposio a este factor de risco no se encontram definidos
consensualmente, uma vez que se baseiam em mltiplos critrios como, por exemplo,
comprimento de onda, durao da exposio, potncia do pico, frequncia de repetio, etc.
Assim, as medidas de proteco devero ser escrupulosamente cumpridas, nomeadamente:
munir os equipamentos de laser com adequados sistemas de ventilao e de exausto, uma
vez que durante as operaes de corte existe a libertao de fumos, gases e vapores
provenientes dos materiais trabalhados;
uso imprescindvel do equipamento de proteco individual (culos com proteco em todo
o redor e em conformidade com as frequncias relevantes) bem como vesturio e luvas
adequados;
instalao de tneis no dispositivo laser;
evitar superfcies reflectoras nas instalaes;
providenciar que a iluminao na instalao seja suficiente e homognea de forma a limitar a
abertura da pupila do olho;
evitar a exposio directa dos olhos em relao ao feixe laser e aos espelhos;
-
permanecer alerta durante as operaes de ajustamento, lembrando-se sempre que o feixe
permanece perigoso mesmo a longas distncias;
restringir o acesso rea de trabalho e implantar sinalizao de segurana adequada.
Ser ainda necessrio outro tipo de precaues uma vez que, aliadas ao processo, existem
outras situaes perigosas, a saber:
riscos elctricos: dado que so sempre necessrias altas voltagens para excitar o meio
emissor, as operaes de manuteno devero ser feitas por pessoal especializado e sempre
com a corrente desligada;
riscos de incndio e de exploso: dependendo da natureza e da presso dos gases utilizados
como meio emissor.
Rudo
Quando o Homem se encontra num ambiente de trabalho e no consegue ouvir
perfeitamente a fala das outras pessoas no mesmo recinto, isso uma primeira indicao de
que o local demasiado ruidoso.
Os especialistas no assunto definem o rudo como todo o som que causa sensao
desagradvel ao homem. O rudo pois, um agente fsico que pode afetar de modo significativo
a qualidade de vida do trabalhador. O nvel de presso acstica mede-se usando um sonmetro,
e a unidade usada como medida o decibel ou abreviadamente dB, no entanto, este precisa de
um filtro normalizado A, por forma a medir o rudo no ouvido humano, ou seja, dB(A) (unidade
de medio do rudo do ouvido humano decibel ponderado A).
Assim sendo, as perdas de audio so derivadas da frequncia e intensidade do rudo,
transmitidas atravs de ondas sonoras (tanto pelo ar como por materiais slidos). Quanto
maior for a densidade do meio condutor, menor ser a velocidade de propagao do rudo.
Notas:
- Para 8 horas dirias de trabalho, com um rudo na ordem dos 80 dB(A), os EPI j devem estar
disponveis para o trabalhador;
- Em exposies de 85 dB(A) o uso de EPI j obrigatrio [admite-se um pico de 87 dB(A)];
-
- O rudo emitido por uma britadeira equivalente a 100 decibis;
- O limite mximo de exposio contnua do trabalhador a esse rudo, sem proteo auditiva,
de 1 hora.
Sem qualquer medida de controlo ou proteo o excesso de intensidade do rudo acaba
por afetar o desempenho do trabalhador na execuo da sua atividade laboral, pois provoca
distrbios ao nvel do crebro e do sistema nervoso. Inclusive, em condies de exposio
prolongada ao rudo por parte do aparelho auditivo, os efeitos podem resultar na surdez
profissional. Uma nica exposio a um valor de 140 dB(A) provoca a surdez, que a segunda
doena profissional com maior incidncia em Portugal, e uma das grandes causas responsveis
pela incapacidade permanente nos trabalhadores portugueses.
As sequelas referentes ao rudo tm impactos no trabalhador a todos os nveis, como
sejam dificuldades para se relacionar com os colegas e famlia, assim como dificuldades
acrescidas em se aperceber da movimentao de veculos ou mquinas, agravando as condies
de risco de acidente fsico.
NOTA: Consultar Decreto-Lei n. 182/2006 de 6 de setembro.
Os rudos podem-se dividir em:
Rudo uniforme, quando o nvel de presso acstica (tcnica relativa ao estudo das vibraes
sonoras, sua produo, sua propagao e seus efeitos) e os espectros de frequncia (conjunto
ou gama de frequncias de um som ou rudo) so constantes durante um certo tempo
relativamente longo, como por exemplo o rudo numa fbrica de fiao;
Rudo intermitente, quando o nvel de presso acstica e o espectro das frequncias variam
constantemente, como por exemplo numa oficina de mecnica;
Rudo impulsivo, quando o nvel de presso acstica muito elevado mas dura pouco tempo
(menos de 1/5 do segundo), como por exemplo um tiro.
As medidas de proteo que se podem tomar por forma a eliminar ou minimizar os efeitos
nocivos de exposio ao rudo, passam por:
o Formao e informao dos trabalhadores;
o Sinalizao e limitao de acesso das zonas muito ruidosas;
o Vigilncia mdica e audiomtrica da funo auditiva dos trabalhadores expostos;
-
o Encapsulamento de mquinas;
o Barreiras acsticas;
o Montagem de elementos absorventes do som;
o Limitao da durao do trabalho em ambientes muito ruidosos;
o Organizao da rotatividade de mudanas nos postos de trabalho;
o Utilizao de protetores de ouvido, etc.
- Riscos qumicos
- PRODUTOS QUMICOS PERIGOSOS
Risco Qumico o perigo a que determinado indivduo est exposto ao manipular produtos
qumicos que podem causar-lhe danos fsicos ou prejudicar-lhe a sade. Os danos fsicos
relacionados exposio qumica incluem, desde irritao na pele e olhos, passando por
queimaduras leves, indo at aqueles de maior severidade, causado por incndio ou exploso. Os
danos sade podem advir de exposio de curta e/ou longa durao, relacionadas com o
contacto de produtos qumicos txicos com a pele e olhos, bem como a inalao dos seus
vapores, resultando em doenas respiratrias crnicas, doenas do sistema nervoso, doenas
nos rins e fgado, e at mesmo alguns tipos de cancro.
- Classificao dos agentes qumicos quanto sua forma
Certas substncias qumicas, utilizadas nos processos produtivos industriais, so lanadas no
ambiente de trabalho atravs de processos de pulverizao, fragmentao ou emanaes
gasosas.
A essas substncias chamam-se de contaminantes ou poluentes qumicos, e consistem em toda a
substncia orgnica, inorgnica, natural ou sinttica, que durante a fabricao, manuseamento
ou uso, pode incorporar-se no ar ambiente, e em doses passveis de apresentar possibilidade de
lesionar a sade das pessoas que entram em contacto com elas. Fala-se ento dos fatores de
risco associados a agentes qumicos.
Os contaminantes ou poluentes qumicos podem apresentar-se nos estados slido, lquido e
gasoso contidos no ar, gua ou alimentao. No estado slido apresentam-se como fumos,
-
aerossis, poeiras de origem mineral, animal e vegetal, sendo exemplo a poeira mineral slica
encontrada na indstria cermica. No estado
gasoso tem-se, por exemplo, o GPL (gs de petrleo liquefeito) usado como combustvel ou gases
libertados nas queimas ou nos processos de transformao das matrias-primas. Quanto aos
agentes qumicos no estado lquido, eles apresentam-se sob a forma de solventes, tintas,
vernizes ou esmaltes.
As medidas ou avaliaes dos agentes qumicos em suspenso no ar so obtidas por meio de
aparelhos especiais que medem a concentrao, ou seja, a percentagem existente em relao ao
ar atmosfrico de um determinado poluente qumico. A partir dessas medies estabelecem-se
os Valores Limites de Exposio, que no so mais do que as concentraes mximas, permitidas
por lei, de diferentes substnc
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