histÓrias da lua-cheia - perse.com.br · precipitadas podem levar a desastres de grande ... papão...
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Carlos José dos Santos
HISTÓRIAS DA LUA-CHEIA
O Dia em que tentaram virar
os pés do Curupira
2013
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© Copyright 2013, Carlos José dos Santos
Ilustrações: Alison Nogueira e Emílio Grigoleto
1ª. Edição
(2013)
2ª. Edição
(2013)
Todos os direitos reservados, protegidos pela Lei 9.610/98.
Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida em
qualquer meio ou forma, nem apropriada e estocada sem a expressa
autorização do autor.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Santos, Carlos José dos
Histórias da Lua-cheia – O dia em que tentaram virar os pés do Curupira.
Carlos José dos Santos. 2 ed. São Paulo, SP: Perse, 2013. 14x21cm. 60p.
ISBN 978-85-7953-887-2
1. Literatura brasileira. Brasil. Título
CDD-B869
Reeditado pelo Autor
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A VOCÊ, FIEL LEITOR(A) __________________, MEU
CARINHO E GRATIDÃO,
____________________ ___/____/_____
O AUTOR
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A Deus, Autor de tudo
A meus pais, autores de mim
Aos Coautores dos quatro primeiros episódios do Projeto
Histórias da Lua-cheia:
- Estudantes da E.E. “Yoshiya Takaoka” – Turmas de 3ºs e 4ºs
anos de 1990 a 1994
- Estudantes da EMEF. “Profa. Vera Lúcia Carnevalli Barreto –
Turmas de 2ºs, 3ºs e 4ºs anos de 1992 a 1997
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“Quando desejar mudar algo em alguém,
mude em si mesmo. Pode começar com a
forma como vê as coisas e como julga o
próximo. Se quer mesmo ajudar, comece
perguntando se o outro aceita, e como você
pode ser útil. Atitudes impensadas e
precipitadas podem levar a desastres de
grande proporção. “
Carlos José dos Santos
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RECORDANDO O COMBINADO ENTRE OS SATÉLITES
onta-se que os satélites - astros que giram
em torno dos planetas - reúnem-se toda vez
que o dia 13 de agosto coincide com a sexta-
feira. Nessas ocasiões, aproveitando o convite da Lua-cheia,
eles trocam ideias sobre o universo e pedem à anfitriã que
lhes conte as histórias maravilhosas que acontecem no
planeta Terra.
Havia chegado mais um, desses misteriosos
encontros, e vários satélites estavam presentes. Fobos partiu
de Marte. Amaltéia deixou Júpiter. De Saturno, saiu Réia. De
Urano, compareceu Umbriel. E do planeta Netuno, nada
mais, nada menos que Proteus. Do planeta Plutão, o mais
distante do Sistema Solar, só apareceu um satélite, o
sossegado Caronte. Já dos planetas Vênus e Mercúrio não
apareceu nenhum representante. Ou estavam muito
ocupados ou não tiveram autorização para saírem de suas
órbitas. Do contrário, não seriam loucos de perderem as
histórias da Lua-cheia.
Os que vieram, portanto, estavam muito contentes,
pois mesmo passando a noite fora de suas órbitas e distantes
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de seus companheiros, sabiam que estavam na ótima
companhia de uma maravilhosa contadora de histórias.
A Lua-cheia, graciosa, com seu brilho emprestado dos
raios de sol, colocou seu melhor vestido: uma roupa
prateada, reluzente e de fina elegância. Deslumbrante,
posicionou-se sorridente, diante dos ilustres convidados
vindos de quase todas as partes do universo, recepcionando-
os com o que tinha de melhor, seu sorriso iluminado e
encantador.
_ Iluminadíssima Senhora Lua-cheia! _ iniciou a
conversa, Amaltéia, incansável parceira de Júpiter _
Esperamos ansiosos por todo ano para que este dia chegue.
Quais são as maravilhosas histórias que tem a nos contar
desta vez?
_ Curiosíssima Senhora Amaltéia, escolhi para meus
relatos, um país muito rico no que se refere à cultura. O tema
de minhas histórias será Folclore. _ respondeu a Lua com um
sorriso acolhedor.
_ Vai nos dizer que país escolheu, Iluminadíssima? De
que lugar nos revelará sua cultura? _ perguntou um dos
satélites de Marte.
_ Sim, Senhor Fobos. Mas não seja afobado. Vou falar
do folclore de um país que tenho observado muito: o Brasil.
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Nos meus dias de vigilância, pude ver em suas matas muitos
seres fantásticos e maravilhosos, e também figuras
monstruosas e assombradas.
_ Pelo brilho das Estrelas! Que assunto interessante! _
abriram-se as bocas de pasmos e admirados que ficaram os
ouvintes.
_ Para que seus queixos caiam ainda mais _ continuou
a Lua-cheia _ vou fazer um retrato desses seres tão
misteriosos que os brasileiros há muito tempo conheceram,
mas hoje, pouco valorizam.
_ E são muitos? _ perguntou a representante de
Urano, que olhava fixamente para a contadora de histórias.
_ Dezenas deles, Senhorita Umbriel, se não centenas.
Estes seres, também chamados de entes fantásticos,
compõem as lendas brasileiras e hoje são verdadeiros Mitos.
_ Estou passada! – admirou-se Réia – Como levei
tanto tempo para chegar ao momento de conhecer coisas
tão incríveis?
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É amiga, antes que o tempo passe e vá embora esta
noite, diga-nos qual será a primeira história! _ interrompeu
Fobos, apressado como sempre.
_ Claro, Senhor Fobos. Mas primeiro vou apresentar
aos senhores os personagens da história de hoje. O Bicho-
papão é um monstrengo cabeçudo, de orelhas e boca
grandes, todo esfarrapado. Aparece à noite para as crianças.
Gosta muito de ficar em quartos escuros para assustar as que
são desobedientes e que não querem dormir. É retratado em
cantigas de ninar.
_ Nossa! Até me arrepiei! – comentou Amaltéia.
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_ E vai se arrepiar ainda mais com o Boitatá. É uma
serpente gigantesca, inteirinha de fogo, que mora nos lagos
mais profundos. Ataca as pessoas que tem costume de atear
fogo nas matas. Assim, esse monstro horripilante protege as
matas contra incêndios.
_ Cruz credo! _ benzeu-se, Réia, conforme a Lua a
ensinara da outra vez em que se reuniram.
_ Mas me diga uma coisa... _ apresentou-se Caronte,
cheio de dúvidas _ Se mora no lago, como é que o fogo de
seu corpo não se lhe é apagado?
_ Bem observado, Caronte. Nada pode apagar o fogo
do Boitatá.
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_ É como o rei Sol, então. _ concluiu o sossegado
Caronte.
_ Mais ou menos isso. Você vai gostar de conhecer a
Caipora. _ continuou a contadora de histórias _ Existem
várias nas matas brasileiras. Em alguns lugares ela se
apresenta como homem anão, mas a que eu gosto mesmo
fica mais a sudeste. Uma mulher cabeluda, vinda de outras
matas sempre montada num porquinho-do-mato, seu fiel
companheiro. É considerada também uma protetora da
natureza. Dizem que é prima do Curupira.
Proteus, o parceiro do planeta Netuno, que até agora
estava calado, achou interessante esses dois últimos nomes e
não deixou de demonstrar sua apreciação.
_ Caipora, Curupira. Gostei. É até agradável o som
desses nomes.
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_ São nomes dados pelos primeiros habitantes do
Brasil, os índios. O Curupira é um anãozinho de cabelos cor
de fogo, orelhas muito pontudas como as de um duende e
pés virados para trás, ficando para frente os calcanhares.
Protege as plantas e os animais dos caçadores, com muita
garra, enganando-os com seus pés que parecem estar vindo
quando estão indo.
_ Sujeitinho esperto esse aí, hein! – comentou
Caronte.
_ É sim. Mas agora quero lhes contar como é o
Homem-do-saco.
Umbriel não conseguiu esconder sua curiosidade.
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_ Homem-do-saco? Só os nomes desses seres já me
deixam ansiosa para conhecer as suas histórias, amiga Lua.
_ Homem-do-saco é um homem horroroso e
maltrapilho, que anda pelas estradas com um enorme saco
às costas. Coloca crianças desobedientes e mal-comportadas
dentro do saco e vai-se embora, levando-a para fazer mingau
ou sabão.
Toda a afobação do astro Fobos tinha desaparecido.
Sua expressão agora era de um ser hipnotizado; encantado
pela beleza da Lua-cheia e pela sua imensa sabedoria.
_ Senhor Fobos, está passando bem? Se sair da órbita
em que estamos, poderá se chocar com a Terra.
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_ Ah, sim, tudo bem. Continue, por favor! – voltou de
sua viagem de encantamento o ex-afobado do universo.
_ Pois bem. Preparem-se porque os três personagens
finais são os mais temerosos do país. O Lobisomem, filho
nascido depois de sete filhas de uma família, aparece à noite,
com o corpo metade homem, metade lobo, nas
encruzilhadas e cemitérios. Às vezes ataca as pessoas com
mordidas. Aparece em galinheiros para comer o cocô das
galinhas e tem uma particularidade que me deixa
envergonhada em dizer...
_ Conta, conta, conta! – gritavam todos os astros
numa só voz.
_ Está bem, mas não riam, por favor! O Lobisomem é
apaixonado por mim e toda vez que aparece, sobe no ponto
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