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I Antologia Elos d´África
2
Nossos Versos
3
1ª Antologia Elos d`Africa
Nossos
Versos
Angola
Brasil
Guiné-Bissau
Moçambique
Organização
CASO
I Antologia Elos d´África
4
© copyright autores diversos, 2017.
All rigths reserved.
Todos os direitos desta edição reservados ao autor.
Edição, capa e projeto gráfico: Cláudia Santos Oliveira.
Revisão final: Cláudia Santos Oliveira
Imagens: Site Pixabay – www.pixabay.com
Todos os textos que compõem este livro são propriedades
intelectuais única e exclusivamente de seus respectivos autores,
sendo também dos mesmos a responsabilidade pela revisão
ortográfica.
Nossos Versos: I Antologia Elos d´África /
Organização Cláudia Aparecida Santos Oliveira. – Juiz de Fora
(MG): (s.n.), 2017.
144 p. : il. ; 14 x 21 cm
ISBN 978-85-919182-2-5
1. Literatura – Poesia. I. Título.
Conforme a Lei 9.640/98 é proibida a reprodução total e parcial ou
divulgações comerciais sem a autorização prévia do autor, por
escrito, sob a pena de constituir violação de copyright (Lei 5.988)
CASO Edições
casoedicoes@gmail.com
+55 32 98853 3149
Nossos Versos
5
APRESENTAÇÃO
A ideia da Antologia surgiu em um grupo do Messenger “O
Saber de Todos” e conta com a participação de poetas de 4
países – Angola/ Brasil / Guiné-Bissau/ Moçambique, como
forma de promoção da arte que nos une.
“Nossos Versos “ é a primeira de muitas Antologias que virão
do projeto “Elos D´Africa”, que tem como objetivo a
promoção, divulgação e disseminação da literatura e arte
africana e afrodescendente em todas as suas vertentes.
A Antologia está organizada em 18 temas – Trabalho / Deus /
Vida / Amizade / Futuro / Pessoas / Liberdade / Perdão /
Felicidade / Amor / Família / Natureza / Sabedoria / Motivação
/ Morte / Ódio / Paz / Artes, onde cada poeta, dentro do tema
escolhido, pode versejar livremente suas inspirações e
aspirações, sendo o resultado final esse belíssimo trabalho.
São 24 poetas – 13 angolanos / 2 brasileiros / 1 guineense / 8
moçambicanos que se reuniram nesse projeto, com a
finalidade única de levar adiante a poesia - nossa arte, nosso
estilo, nossa comunicação - como forma de contribuirmos para
um mundo melhor.
Murilo Mendes escreveu que “a poesia não pode nem deve ser um
luxo para alguns iniciados: é o pão cotidiano de todos, uma aventura
simples e grandiosa do espírito. ” Comungando do mesmo
pensamento, nasceu essa Antologia, escrita por NÓS, feita
para TODOS.
Cláudia Aparecida Santos Oliveira
Juiz de Fora/MG
I Antologia Elos d´África
6
É mentira! Saiba para que não vos enganem:
Ninguém nasce poeta!
A vida é a mais vasta sala onde todos nós podemos formar
e nos tornarmos poetas.
Você pode poetar tudo.
Absolutamente tudo é um motivo para poesia neste mundo:
As lagrimas que caem,
as folhas que voam,
os homens que caem,
(ou os homens que traem)
o beijo que fugiu dos teus lábios,
o amor que com um ato de amor tatuou sua vida,
as dores incuráveis,
as alegrias memoráveis,
os proibidos amores (esses são os maiores!)
Com ou sem rimas, métricas, ou sei lá,
a poesia é mais do que isso: Ela atinge patamares que sei lá!
Se alguém disser que você nasceu poeta,
você já pode gritar:
- É mentira! Ninguém nasce poeta.
(In: Analogia – Antologia Poética. Ukwakusima Jonas – poeta e
escritor angolano)
Nossos Versos
7
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................. 5
BIOGRAFIAS ........................................................................................................................... 9
TRABALHO........................................................................................................................... 35
ALEGRIA DAS LÁGRIMAS .......................................................................................... 36
BALALAICAS CANSADAS .......................................................................................... 38
NOVAS FLORES, NOVAS PRIMAVERAS. ................................................................. 39
TRABALHO EM EQUIPA .............................................................................................. 40
DEUS ...................................................................................................................................... 41
DEUS DOS DEUSES ........................................................................................................ 42
TUA LUZ .......................................................................................................................... 44
RENASCIMENTO ........................................................................................................... 45
TERRA PROMETIDA ..................................................................................................... 46
VIDA....................................................................................................................................... 47
VIVE A VIDA ................................................................................................................... 48
UMA CARTA PARA MINHA MÃE ............................................................................. 50
O QUE É A VIDA? .......................................................................................................... 51
VIDA (TAUTOINDRISO) ............................................................................................... 52
AMIZADE .............................................................................................................................. 53
MEU ANJO, MEU AMIGO ............................................................................................ 54
TERRÁQUEOS. ............................................................................................................... 56
A VOCE MEU AMIGO ................................................................................................... 57
O QUE EU QUIS QUERER ............................................................................................. 58
FUTURO ................................................................................................................................ 59
SEM PRESSA.................................................................................................................... 60
VERDADES EQUIDISTANTES ..................................................................................... 62
COMO SERA A NOSSA HISTORIA? ........................................................................... 63
REJUVENESCENDO DOS VERSOS ............................................................................. 64
PESSOAS ................................................................................................................................ 65
PEDAÇOS DE VOCÊ ...................................................................................................... 66
GERAÇÃO DA UTOPIA. ............................................................................................... 68
SAUDADES DAS PESSOAS .......................................................................................... 69
TODOS NOS SOMOS PESSOAS ................................................................................... 70
LIBERDADE .......................................................................................................................... 71
O ROSTO HERMÉTICO. ................................................................................................ 72
O QUE PRECISA O POETA? ......................................................................................... 74
LIBERDADE É MEU VERSO ......................................................................................... 75
ESTRANHA LIBERDADE PRESA ................................................................................ 76
PERDÃO ................................................................................................................................ 77
PERDOA-ME ................................................................................................................... 78
PERDÃO, EU QUIS DIZER ............................................................................................ 80
TEM CHEIRO DE PERFUME ........................................................................................ 81
TAUTOINDRISO AO PERDÃO .................................................................................... 82
FELICIDADE ......................................................................................................................... 83
QUANDO EU ESCREVO ............................................................................................... 84
SER FELIZ, ACHO QUE MEREÇO. .............................................................................. 86
I Antologia Elos d´África
8
PARA SER FELIZ ............................................................................................................ 87
SER FELIZ ........................................................................................................................ 88
AMOR .................................................................................................................................... 89
UMA VIDA AO TEU LADO .......................................................................................... 90
AMOR EM TEMPOS DE GUERRA............................................................................... 92
GOTAS DA SAUDADE .................................................................................................. 93
AMOR ............................................................................................................................... 94
FAMILIA ................................................................................................................................ 95
MEU NOVO LAR ............................................................................................................ 96
DO VIRTUAL A UNIÃO - UMA NOVA FAMÍLIA ................................................... 99
ESTIRPE NATURAL ....................................................................................................... 98
ODEIO A MINHA EXISTENCIA ................................................................................ 100
NATUREZA ........................................................................................................................ 101
NATUREZA ................................................................................................................... 103
O DESPERTAR DA ROSA ........................................................................................... 104
PROCURO… .................................................................................................................. 105
PARAISOS INVERTIDOS ............................................................................................ 106
SABEDORIA ........................................................................................................................ 107
AINDA NÃO ME CONQUISTEI ................................................................................ 108
SABEDORIA .................................................................................................................. 110
SABEDORIA POÉTICA ................................................................................................ 111
SUPREMA SABEDORIA .............................................................................................. 112
MOTIVAÇÃO ..................................................................................................................... 113
MOTIVAÇÃO ................................................................................................................ 114
A MOTIVAÇAO DOS MEUS POEMAS ..................................................................... 116
TUDO E TODOS ............................................................................................................ 117
INTUITO ........................................................................................................................ 118
MORTE................................................................................................................................. 119
ACHO QUE MORRI ..................................................................................................... 120
FARRAPOS DO MEU FALECIDO POEMA .............................................................. 122
MORTE, A DOCE VIAGEM. ....................................................................................... 123
SILÊNCIO MORTÍFERO .............................................................................................. 124
ODIO .................................................................................................................................... 125
RELATO DAS LÁGRIMAS .......................................................................................... 126
ABOMINAÇAO ............................................................................................................ 128
ASSOBIAR DAS LOMBRIGAS .................................................................................... 129
ODIO POLITICO ........................................................................................................... 129
PAZ ....................................................................................................................................... 131
GRITO D'ALMA ............................................................................................................ 133
ENCONTREI PAZ NOS BRAÇOS DE OUTRA ......................................................... 134
DESEJO PROFUNDO ................................................................................................... 135
PAZ ................................................................................................................................. 136
ARTES .................................................................................................................................. 137
DIÁLOGO COM DEUS ................................................................................................ 138
ARTES ............................................................................................................................. 140
MISTÉRIO ...................................................................................................................... 141
LITERATURA ................................................................................................................ 142
Nossos Versos
9
BIOGRAFIAS
I Antologia Elos d´África
10
Cris P. Poetisa é pseudônimo literário de Cristina Ferreira.
Nascida aos 23 de abril de 1975, a poetisa tem a idade da
independência do seu país. É natural de Cabinda / Angola da
tribo dos Mu Uóyo.
Esteticista de profissão, descobriu em si a paixão pelos escritos
e abraçou a arte poética. Todavia a poesia não é o seu cais
pretendendo navegar em outros gêneros ou estilos da
literatura. Sonha um dia ser lembrada como escritora no seu
país e no mundo e tem investido para que este sonho seja uma
realidade.
Nossos Versos
11
Lady Adelina Domingos Rosa, nascida aos 28 de julho de 1981,
funcionária do Ministério da Comunicação Social, licenciada
em Relações Internacionais e em Direito, é activista social na
luta contra violência doméstica, cancro da mama, HIV/SIDA,
delinquência, drogas e alcoolismo.
Amante da arte de escrever e de declamar, enraizou-se ao
mundo da poesia e literatura aos 20 anos, onde nasceu o
fascínio pelas letras. A necessidade de transpor os seus
sentimentos e de dar vida as letras em papel branco suscitou a
vontade de transcrever os mais variados sentidos e
sentimentos da alma em forma de poesia e a partir de 2007
começa a escrever maduramente.
Conhecida nas fainas artísticas como a “poetisa dos pés
descalços”, encena desde a arte de declamar nos palcos dos
espaços Bahia, Kings Club, Chapa Quente, nos centros
culturais Chá de Cachinde, Recreativo Roseira e Car do Céu,
em atividades de carácter cristão e eventos por convite.
I Antologia Elos d´África
12
Fênix Ukwakusima
pseudónimo de
António Bento da
Silva, nasceu aos 04 de
abril de 1989, no
município da
Maianga, província de
Luanda/ Angola. Filho
de Silva Manuel
Francisco, e Lourença
Manuel Bento.
Teve o seu primeiro
contacto com os livros
no Colégio Redentor
(Prenda), sendo hoje
licenciado em Direito.
Com os olhos fixos no além, pensa em dar sequência na busca
que na verdade é incessante: o saber. A mesma só foi possível
por ser um Ukwakusima (nome oriundo da língua Bantu
materna Umbundo que significa: O PENSADOR ANILSON).
Apesar de ser também cantor e compositor do estilo Hip Hop,
é docente, formado pela Escola de Professor do Futuro (EPF).
Desde cedo teve como mentor: Francisco José Dos Santos,
Paulo Viera (wanguenonguena), Ukwakusima Jonas (Pedro M.
Araújo) e seu amado avô Pedro Barroso. Família como Wilson
Oumuto e EL Miore Ukwakusima muito têm feito para que
não pare de escrever.
Nossos Versos
13
Marcelino Kambuale Kassinda Figueiredo é o nome que lhe foi
atribuído depois do seu nascimento em 1994.
Actualmente é Secretário do Movimento Litterágris.
Participação em duas revistas literárias sendo uma
internacional (Revista OMNIRA).
Coautor da Antologia Poética “O Canteiro Poético”.
Conhecido pelo pseudónimo literário “Pequeno
Ukwakusima”, dedica parte do seu tempo a escrever suas
obras intituladas de “Grito das Almas” e a “Preguiça de
Deus”.
I Antologia Elos d´África
14
Euclides Da Flora nascido em 28 de maio de 1995 em Maputo/
Moçambique, teve sua primeira interacção com o mundo das
palavras através de influências do seu melhor amigo quando
tinha 12 anos.
Actualmente é Escritor, Poeta, Cronista e Articulista e têm
publicado os seus artigos em jornais, blogues e sites.
Nossos Versos
15
Carla Amélia Ó da Silva pseudónimo Osilva, de nacionalidade
Moçambicana, natural de Nampula é residente em Angola-
Luanda desde 2008. Licenciada em Administração pela AIEC-
Associação Internacional de Ensino Continuado.
Membro da Lev´arte, no qual incentiva jovens a ganharem
o gosto pela literatura elaborando palestras em diversos locais.
Membro fundadora da SOCULTURA - Sociedade Cultural e
Social desde 2016 que tem como objectivo incluir a arte e
cultura nas comunidades criando atendimento diversos nas
áreas sociais, psicológicas e outras.
Tem o prazer de participar em diversas atividades solidárias.
I Antologia Elos d´África
16
Natalino Caetano Domingos (Mavu Keyambata) nasceu aos 25
de dezembro de 1978 em Luanda-Angola. É estudante e
trabalhador.
Membro da brigada jovem de Literatura no Huambo, do
movimento Lev`Arte Huambo e da UNAC-SA. Huambo,
Mavu Keyambata, começou a escrever em 2011.
Coautor na Antologia “O Canteiro Poético” publicada em 2015
em Luanda e na Antologia “Quatro Estações” publicada em
2016 no Brasil.
Nossos Versos
17
Emanuel Lima, nasceu na
Gamek, na província de
Luanda/ Angola há 15 de
julho de 1996.
Técnico médio em Ciências
Económicas e Jurídicas,
participou de várias
antologias e foi com o
pseudónimo Abstracionismo
Lírico que deu início a sua
carreia de escritor.
Leitor compulsivo e ávido
praticante em causas sociais,
apoia activamente diversas
instituições de beneficência. É também cantor, e actor. Cristão
devoto e activista social.
I Antologia Elos d´África
18
Emansoul é o pseudônimo literário de Manuel Neto, angolano,
nascido em Luanda e com uma infância vivida em diversas
zonas da referida Província.
A sua obra se vê reflectida em seu quotidiano, com
experiências próprias e observações feitas, mas que não o
proíbe de usar da imaginação quando a situação favorece.
Participou na antologia “O CANTEIRO POÉTICO” e está a
escrever “A QUÍMICA DA POESIA ” e “UM EU EM VÁRIAS
ALMAS”.
Nossos Versos
19
Lourenço Mussango, nascido aos 12 de agosto de 1987, na
cidade de Luanda, em Angola. É finalista do Curso de
Comunicação Social pela Faculdade de Ciência Sociais da
Universidade Agostinho Neto.
Amante das letras e do conhecimento, é Assistente Editorial e
membro do Conselho de Leitura da renomada Mayamba
Editora. É também redactor da revista angolana Jovens da
Banda e do portal de notícias Bateu Bwé.
I Antologia Elos d´África
20
Demair de Lourdes Cavalcante De Oliveira (Luca Oliver)
nasceu em Alterosa, entre as montanhas de Minas Gerais.
Trabalha há 25 anos na área da Educação. Curso superior em
Pedagogia.
Participou com seus escritos nas Antologias Lusófona e Terra
Brasil.
Apaixonada por África e sua gente, tem amor incondicional
por poemas e poesias.
Nossos Versos
21
Mauro José da Silva é um jovem moçambicano, que vive na
cidade de Maputo (outrora Lourenço Marques), nascido em 06
de abril de 1995. Estudante de Letras na Escola Particular Isaac
Newton, 12 Classe (finalista). Amante da literatura, começou a
escrever os seus primeiros textos nos finais de abril de 2015.
I Antologia Elos d´África
22
Leonel LMB é nome
artístico do escritor
Leonel Marinha
Bassunga, angolano,
nascido em Luanda.
A sua obra se vê
reflectida em seu
universo imaginário,
com influência do
cinema e observações
feitas no quotidiano
quando a situação
favorece. Apaixonado
por contos está a escrever o seu livro “O Diário Proibido".
Actualmente está mais focado no estudo e no seu livro de
contos. Seus trabalhos têm tido uma boa aceitação junto ao
público juvenil através do seu modo de escrita um pouco
exagerado sobre a realidade.
Seus trabalhos se encontram na página "Lar do Saber"
https://www.facebook.com/Lardosaber1/?fref=ts
Nossos Versos
23
Mahiriri Ossuka, é M’makhua de Nampula (Moçambique),
contador de estórias oral e visual. Membro do Bar de
Escritores (BDE) – Brasil, Combatemos com Arte (ComArte) –
Moçambique, Organização Literária de Escritores e Princípios
Artísticos (OLEPA) – Moçambique.
Publicou em 3 Antologias desde 2012, em revistas, páginas e
blogs online. Em paralelo, desde 2015 reside e trabalha em
Maputo na área de cooperação para o desenvolvimento.
Pode conhecê-lo em www.facebook.com/mahiriri.ossuka
e www.ossuka.blogspot.com
I Antologia Elos d´África
24
Daúde Nossi Amade é seu nome completo, nascido em 23 de
setembro de
1994, Maputo
cidade capital de
Moçambique.
Tem como
repartição de si
em “sis” os
seguintes
pseudónimos:
poeta Diurno, com quem assinava seus textos nas redes sociais
até 2014 e actualmente assina, também, como Jorge Apolo “um
poeta erótico” e Apollo de Belvedere “uma emanação
poeticamente clássica ao estilo moderno’’. É poeta, mas
aventura-se, por vezes, na escrita de artigos de opinião e
científicos. Estudante de Filosofia na Universidade Pedagógica
- Maputo, é membro da Associação Fénix como poeta, co-líder
e entrevistador de novos integrantes.
Participa afincadamente na produção e divulgação de uma
nova forma de fazer poesia, o Tautoindriso criado pelo escritor
e poeta moçambicano Norek Red.
Participou da antologia poética portuguesa denominada
“Liberdade Individual” coordenada por António Leite de
Magalhães no ano de 2013, e, ainda, participou da antologia
poética, também portuguesa organizada pelas Edições Hórus
denominada O Sonho em Poesia - vol. 1, lançada no final do
ano de 2015.
www.recantodasletras.com.br/autores/daudeamade
Nossos Versos
25
Keli Dee Correia,
guineense atualmente
vivendo na Guine -
Bissau, um jovem
cheio de talento com
muito amor e paixão
que gosta de
desenvolver a sua
comunicação através
da escrita.
Natural de Bissau,
cresceu num dos
famosos bairros de Bissau, Bandim 2. Muito cedo gostou de
trabalhar. Como escritor, fazendo trabalhos de jornalismo,
começou a participar com pequenos escritos no Jornal Diário
Bissau. Participou no FESNAC como sendo um dos mais
novos artistas plásticos.
Em 2003 com muita energia foi para Dakar - capital do Senegal
onde se formou em Informática. Depois de muitos anos de
experiência hoje pretende fazer o que gosta, trabalhar para a
sua comunidade, onde quando sentiu o que a Guiné-Bissau já
estava estável, apresentou em janeiro 2015 o seu primeiro
programa “Guia Do Sucesso”.
Neste país pequeno, lindo e com um povo humilde, ainda
existem muitos jovens assim, o que se deve fazer é valorizar.
Para ele, considera como um sonho realizado ter um projecto
como o “Guia Do Sucesso” e deseja ainda fazer mais para a
Guiné-Bissau, sendo o Guia Do Sucesso o primeiro passo.
I Antologia Elos d´África
26
Arnaldo Tembe de nome
completo Arnaldo Augusto
Tembe, é um aspirante a
poeta e escritor.
Moçambicano e apaixonado
pela arte escrita, começou a
sua viagem literária em 2012.
Membro de dois grupos
literários nomeadamente:
MOLEKA (Movimento Literário e Ensaísta Kamubukwana) e
o Movimento Artístico a Fênix, ambos sediados em Maputo
Nossos Versos
27
Félix Cossa é natural e residente em Maputo, capital de
Moçambique. É Professor em exercício nas Escolas de Maputo
e Marracuene. Actualmente é finalista no curso de Ensino de
Inglês e Português na FCLCA da Universidade Pedagógica.
O bicho de escrever lhe mordeu ainda no primário, mas
somente no ano de 2015 passou a tornar os seus textos
públicos através das redes sociais.
Participou de Antologias em Portugal e Brasil e tem sido
agraciado por prêmios encorajadores de alguns grupos de
Lusofonia tais como o Prestigiado Grupo Brasileiro "Poetas
que Choram e Amam". Foi convidado pelo Blog Brasileiro ”E
Daí” e no mesmo publica. Assina os seus textos com o
pseudónimo de Minyentani Waka Khossa.
I Antologia Elos d´África
28
Norek Red – Kheron-Hapuch de Esperança Nhabomba nasceu
a 09 de dezembro de 1996 na cidade de Maputo/Moçambique.
Cativou-se pela literatura aos 12 anos de idade.
Em 2015, lançou sua obra de estreia na embrionária e artesanal
Editora Vonakalissa.
Licenciando-se em Sociologia na Universidade Pedagógica
(UP), pacifista, activista cultural, apaixonado por Filosofia e
fascinado pelo espírito criativo, este é também o criador da
modalidade poética TAUTOINDRISO, inspirado nos Indrisos
e Tautogramas no qual se dedica actualmente com vista a
aprimorá-lo e expandi-lo.
Contacto: www.norekred@gmail.com
Nossos Versos
29
Veloso Cacunga
Buto, conhecido
pelo pseudónimo
literário de Puto da
Poesia nascido em
Luanda, 12 de
Dezembro, filho de
angolanos (Miguel
Buto e Inês
Cacunga), teve sua
infância no
Cazenga.
Sua vida acadêmica teve inicio no Cazenga na escola 723
situada no Cazenga bairro Tala-hady. Em 2008: frequentou a
Escola Posoca onde fez o seu ensino secundário; 2013: cursou
Ensino Médio – Electrônica e Telecomunicações no Instituto
Médio Privado de Tecnologias.
Entrou para o mundo das letras em 2012 como poeta e
declamador, influenciado por seu amigo Viegas dos Santos,
escritor rodeado de escritores consagrados. Tem dado passos
firmes para o crescimento nesta arte maravilhosa que é a
poesia.
Seus escritos reflectem a angolanidade e suas verdades são
sublinhadas em seus versos. No mundo da literatura
mergulha em contos, crônicas e poesias, admitindo que a sua
praia é mesmo a poesia.
I Antologia Elos d´África
30
Dya Chamavo de nome próprio Germano de Carvalho Bom
Despacho, nasceu aos 10 de agosto de 1987, no Município de
Lobito, Província de Benguela e foi criado em Luanda.
Escritor, poeta, modelo, é estudante universitário da
Universidade José Eduardo dos Santos (UJES).
Membro da Brigada Jovem de Literatura de Angola-Huambo
(BJL)
Membro do Movimento Lev´Arte-Huambo.
Membro e colaborador da União Nacional dos Artistas e
Compositores do Huambo-UNAC,
Membro da Associação Provincial da luta contra as Drogas.
Vencedor do I Concurso Literário de Noémia de Sousa 2016,
com poesia intitulada “Se Quiseres Me Conhecer”.
Autor do livro “Reflexão da Vida - Poesia” lançado em 2016
pela Editora do Carmo/Brasil.
Nossos Versos
31
Armindo Viegas dos
Santos, filho de Reis dos
Santos e de Lucrécia Daniel
Viegas, nascido aos 06 de
janeiro de 1992 em
Luanda/Angola, município
do Cazenga.
Concluiu o ensino médio
no Colégio Famon no curso
de Ciências Económicas e
Jurídicas no ano de 2010.
Em 2012 ingressou para a
Universidade Técnica de
Angola onde se licenciou em Relações Internacionais.
Contabilista de profissão onde acarreta algumas formações
profissionais neste ramo como Contabilidade Sénior pela
Escola Técnica de Auditoria e contabilidade (ETAC),
Operações Bancárias Gerais pelo Instituto de Formação
Bancárias de Angola (IFBA), Operações Bancárias de
Estrangeiro e Atendimento ao Público pelo mesmo instituto.
Viegas dos Santos é pai de filhos gémeos e escreve há cinco
anos, mas como poeta faz apenas três.
Participou da Antologia Poética “O Canteiro Poético” obra
lançada na União dos Escritores Angolanos.
I Antologia Elos d´África
32
Hélder Oliveira nasceu em Luanda/Angola em 1980.
Apaixonado por cinema e música, tem no rock o seu estilo
preferido.
Começou a escrever por influência do seu amigo e irmão
Hélder Winbo Jonas e de lá para cá não parou mais. Através
do Facebook conheceu poetas que passou a admirar e a
acompanhar o trabalho e a partir de grupos voltados para a
poesia viu seus escritos conquistarem novos leitores e amigos
e a ganhar o mundo.
Era poesia. Virou amor e esse amor o trouxe ao Brasil para se
unir em matrimônio com Cláudia Santos Oliveira, sua esposa,
mãe, amiga, irmã e acima de tudo sua grande admiradora.
Juntos escreveram o livro “Quero Dizer o Que Sinto”, que será
lançado em breve.
Nossos Versos
33
Nascida em Juiz de Fora/MG em 1981, formada em Ciências
Contábeis, Cláudia Santos Oliveira assina também com o
heterônimo no universo da poesia romântica e sensual como
Anabella Valentine.
Aventurou-se no mundo das escritas em meados de 2014,
quando a partir da criação de uma fanpage e publicação em
grupos no Facebook correrem o mundo até chegar em Angola,
onde conquistou grandes amigos e o seu amor, Hélder
Oliveira com quem divide não só esse livro, mas a vida.
Autora dos livros “Poesia Suja na Rua do Amor” e “Mãos com
Alma – Há Poesia em Mim”, organizadora e editora das obras
“Quero dizer o que sinto” de Hélder Oliveira e “Analogia –
Antologia poética” de Ukwakusima Jonas.
I Antologia Elos d´África
34
“A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação
capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária
por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior.
A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento
maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal.
Inspiração, respiração, exercício muscular. [...]Voz do povo, língua
dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e
maldita, popular c minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida,
falada, pintada, escrita, ostenta todas as faces, embora exista quem
afirme que não tem nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o
vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana! ”
(In: O arco e a lira. Octávio Paz, poeta e ensaísta mexicano)
Nossos Versos
35
TRABALHO
Pequeno Ukwakusima
Mahiriri Ossuka
Luca Oliver
Viegas dos Santos
I Antologia Elos d´África
36
“Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem
um dia na tua vida.” (Confúcio)
Nossos Versos
37
ALEGRIA DAS LÁGRIMAS
Emprestei aos ventos
alguns versos de poesia.
Embora dispersos,
neles vê-se a magia transcender a flor do belo
pintadas de pensamentos esotéricos,
correandam nos buracos
deixando secar lágrimas no tempo.
Assim filosofalam os homens,
tentando limpar a dor com trapos usados.
Eu pinto presentes nas vésperas de cacimbo1.
Viver faz-se com passos outrora vividos.
Tal como Deus, o futuro não se vê!
Acostumei a colher verso por verso,
a roubar dos prantos seres caídos,
sinceros risos
e novos olhares deste partido mundo.
Quadros palhaços vertem alegria,
cantalegram no nascer do sol
e no morrer da lua entre as nuvens.
Pequeno Ukwakusima
1 Cacimbo: é um dialeto utilizado para se referir a parte fria do ano. Tempo de frio
I Antologia Elos d´África
38
BALALAICAS2 CANSADAS
Eles devem reconhecer-me ainda hoje.
A partir do meu estilo velho e do traje,
verão que cheguei e sou o mais grande
de todos aqueles de que eu mando.
Eu sou o chefe destas pedras velhas.
Todas ficam de pé quando passo entre elas.
De costas avolumadas e bem lentas,
aos grãos de areia de fora, lá vou eu
aos discursos velhacos da boca que comeu
e em seguida a boca limpou e disse que não.
Nem sequer a migalha da castanha viu,
nem tão pouco do camarão algo saiu
que justificasse a exploração que nunca foi em vão!
Mahiriri Ossuka
2 Balalaicas: Modelo de Camisa executiva de algodão ou linho com três bolsos. Geralmente usada por gente de alta classe e que ocupa cargos de chefia.
Nossos Versos
39
NOVAS FLORES, NOVAS PRIMAVERAS.
A aurora ainda não surgiu
Manhã coberta pela neblina
Meu corpo ainda cansado sabe que é hora de levantar.
Lavo meu rosto nas cristalinas águas do riacho.
Um café magro irei tomar.
No embornal de pano, a matula, a água, pão e um café frio.
Velhas botinas calçam meus pés.
Caminho por entre arvores, flores e verdes campos.
Trago na alma a esperança de um dia vencer.
No horizonte o sol aos poucos ilumina os campos dourados
cobertos de trigo.
Meus ombros já nem sentem o peso da enxada.
Minhas mãos calejadas ainda sentem a suavidade das flores
silvestres.
Canto canções aprendidas de meu avô acompanhada pelo
canto dos pássaros que se alegram por mais um amanhecer.
Sinto-me feliz ao ver o trigo como um tapete por sobre a terra,
fruto do trabalho de minhas mãos.
No peito a certeza de que o sol se levanta a cada dia fazendo
desabrochar novas flores, novas primaveras.
Luca Oliver
I Antologia Elos d´África
40
TRABALHO EM EQUIPA
Os seres humanos egoístas
vivem como lobos solitários.
Isolados nas suas ideias e convicções,
ignorando a importância da equipa,
são competidores uns dos outros.
Condicionadores do desenvolvimento,
guerrilham em prol dos seus territórios
enquanto a aldeia global vive ao relento.
E se a vossa ambição individual
não absorvesse o bem comum,
talvez se baixaria a bandeira do capital
e se ergueria a bandeira da humanidade,
trabalharíamos em prol da paz no mundo.
Católicos e protestantes, cristãos e muçulmanos,
negros e brancos, capitalistas e socialistas.
No trabalho o melhor resultado obtido
é quando cada um faz o que é melhor
para si e para o grupo.
Viegas dos Santos
Nossos Versos
41
DEUS
Félix Cossa
Veloso Buto
Arnaldo Tembe
Cláudia Santos Oliveira
I Antologia Elos d´África
42
- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é
um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.
(Mario Quintana)
Nossos Versos
43
DEUS DOS DEUSES
Outrora o Deus Africano
era louvado debaixo das frondosas arvores
onde jorravam muito sangue
de animais sacrificados em nome dos nossos Xicuembos3
com aguardente e Mbangue4
A mistura temperando o ritual.
Eis o europeu, que em nome da salvação,
dos valores e da moral,
incutiu-nos a civilização
matando o ego do nosso eu,
lavando-nos a mente e usurpando-nos a terra,
usando a Bíblia como escudo para saquear nossa terra,
atiçar entre irmãos a guerra para lhes dar como prêmio a
escravidão.
Deus nosso, Deus dos Deuses,
nós somos filhos seus.
Louvado seja o Senhor, Nosso Criador
e das nossas almas o protector.
Somos diferentes iguais aos dedos das mãos
e porque por nós morreste na cruz, rogamos a vossa luz.
Que entre nós não haja filhos e enteados, mas sim muita paz,
harmonia e amor.
Amém!
Félix Cossa
3 Xicuembos: Deus 4 Mbangue: cannabis sativa
I Antologia Elos d´África
44
TUA LUZ
Lágrimas banham os olhos
Coração mutilado e descuidado
Boca seca pela ausência das palavras
que deixam esse ser imaculado.
.
Estou amargurado e impuro
Rosto abatido de solidão
Sem o meu Deus sinto-me inseguro
Tu és a minha Luz. Tira-me da escuridão.
.
Preciso da Sua bendita Luz
Sou um mau condutor
Senhor me conduz!
.
Tenho temor da Sua presença
Sinto-me morto na Tua ausência
Derrama sobre mim a Sua Essência.
.
Veloso Buto
Nossos Versos
45
RENASCIMENTO
Já estive nessas terras amparando guerreiros derrotados.
Também sou um deles resgatado pelas Mãos Divinas.
Já morri nesta vida acordando em sonhos que alegraram os
pensamentos dos outros discípulos.
Ressuscitei em Cristo.
Nessas terras já estive amparando olhos solitários, carregando
palavras cheias de bênçãos.
Arnaldo Tembe
I Antologia Elos d´África
46
TERRA PROMETIDA
A Ti meu Deus elevo a minha voz,
minha alma, meu ser e todo meu clamor.
Só em Ti está o alívio para a dor.
Na Tua Presença luz que brilha sobre nós.
A Ti devoto toda a minha existência.
Em Tua Palavra a vida ganha novo valor.
Triste daqueles que vivem longe do Teu amor,
e iludidos se perdem na vã experiência.
Questiona-se os males, as guerras, as mortes.
É tanto sofrimento que a raça humana padece!
A fé não nos falta, estamos entregues a sorte?
Tua misericórdia é o que esse mundo carece.
Seja providente, Senhor, eternamente o suporte
dessa nação que sofre, mas com Teu amor se fortalece.
Cláudia Santos Oliveira
Nossos Versos
47
VIDA
Emanuel Lima
Adelina Rosa
Germano de Carvalho
Mauro José da Silva
I Antologia Elos d´África
48
“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a
pena ter nascido.” (Fernando Pessoa)
Nossos Versos
49
VIVE A VIDA
Às vezes, sobrevivemos ao invés de viver, fartando-nos de
queixas. De repente a vida dá uma chapada e nos lembra que
o amanhã não é certo e que só temos uma vida para viver.
Com o coração sangrando, mãos cheias do vazio, aspiramos
desistir dessa caminhada. Nada é certo e o amanhã pode não
chegar. Tão fácil falar, o que é difícil é fazer e quando as coisas
não estão bem ainda assim podem piorar.
Os dias cinzas invadem nossa vida e deixam-nos sem saber o
que dizer. Inspirados pelo nada, a solidão é nossa humilde
companheira. Ás vezes a vida é tão madrasta que nos arranca
a alegria sem maneira e obriga-nos a sorrir ao ver e viver com
prato vazio e da fome cheia.
Sopra-nos como vento para lá da nossa mente-residência.
Subjugados não pelo que somos mas pelo que temos.
Vida morta, só os que têm merecem um olhar com modéstia.
Cadáver andante, sem trajeto, como se não vivêssemos.
Cansado das bassulas5, paro e penso: - Um dia darei um tiro
na minha própria cabeça. A um passo da aniquilação, uma voz
berra baixinho. É a voz da minha consciência: - Ei, vive a vida,
tira proveito até o fim da corrida. Põe-te de pé e grite bem alto:
- Eu estou vivo e vou viver a vida, pois ela é bela... é linda.
Independente de sofrer uma e outra vez, nada tira a
exuberância de caminhar em harmonia.
Emanuel Lima
5 Bassulas: quedas
I Antologia Elos d´África
50
UMA CARTA PARA MINHA MÃE
Nos sonhos que deixei esvoaçados
estão os cantos doidos da minha dor.
Minha negra e gritante alma
navega no silêncio da minha calma.
Ergo os olhos para encontrar-te.
Percorro os caminhos que a vi descrever.
Pensei sem medo que podia outros rumos reescrever em um
incansável combate que ias sem querer travar.
- Onde estas? Luto fugaz para ouvir a sua voz.
O silêncio que se apossa do meu corpo torna-o dormente,
precipitadamente dormente e deprimente.
Nos dias cansados de lágrimas, dobram-se as noites
carregadas de histórias e lições que se perdem na memória.
Palavra lúcida e penetrante a desvendar o passado que não
pude ler...E tu partiste!
Lembro-me de que cantavas melodias. No entardecer, cobrias
as melancolias de quem aturavas as travessuras e brincadeiras
e nunca se importou se o carinho que eu pedia era demais.
Por tamanho amor e dedicação tua, hoje eu sigo forte em
minha vida.
Talvez... não tão feliz quanto você queria.
Talvez… não tão boa quanto você merecia.
Talvez…não tão vitoriosa quanto você sonhou,
mas ainda assim lutando bastante como você me ensinou.
Adelina Rosa
Nossos Versos
51
O QUE É A VIDA?
A vida ...
É um livro branco e aberto
que com o tempo é escrito e fechado
e por vezes é cuidado ou estragado.
A vida ...
É um mar de rosas brancas
que se transformam em rosas pretas
sem ao menos ter atingido a meta.
A vida ...
É um jogo com ou sem regras
que em pouco tempo é quebrada
e por outro lado é exagerada.
A vida ...
É tão doce quando se tem posse
e tão amarga quando não se tem posse.
Mas as coisas vão e vêm!
A vida ...
É um pensamento alargado e bloqueado.
Mesmo quando tem alguém ao seu lado.
A direita o criador, a esquerda o destruidor,
por cima o salvador, por baixo o pecador.
A vida ...
É um rio enorme
onde a água corrente leva os bons momentos vividos
que jamais serão esquecidos.
Germano de Carvalho
I Antologia Elos d´África
52
VIDA (Tautoindriso)
Vi vida!
Vislumbrar vidas.
Vozeara vivam!
Vivam vós, vozes volúpia.
Viva voz, virgem vida.
Violada, vulgarizada,
Varões viadutos
Vitimando vidas.
Mauro José da Silva (Águia do Verso)
Nossos Versos
53
AMIZADE
Adelina Rosa
Leonel LMB
Hélder Oliveira
Fênix Ukwakusima
I Antologia Elos d´África
54
“A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres
igualmente ciosos da felicidade um do outro.” (Platão)
Nossos Versos
55
MEU ANJO, MEU AMIGO
Entre sombras caminhas comigo.
Sem te importares tornaste meu abrigo.
És a sombra benigna, meu melhor amigo.
Sou na distância a tua bela saudade.
Em mim te sinto e o transformei em vaidade.
Ainda que ande em soslaio serás sempre minha sobriedade.
Nos cacos da vida te tenho como liberdade.
Sou tua e tu és o meu doce castigo.
Sei que queres bem ao longe ficar comigo.
És a cama que faço os sonhos, és meu berço
Minha canção sem trecho, meu eterno terço.
És meu fiel amigo, meu ombro confidente.
Sinto os traços de nós ainda que estejas ausente.
Mesmo não sendo poeta de mim sempre escreveste.
No teu colo amigo meu anjo te tornaste.
Meu perfume e minha eterna essência.
Chama que me aquece no chegar do inverno.
Abrigo seguro nas caídas deste meu inferno.
Meu acervo de ternura e minha casa,
meu jardim coberto de fragrância,
meu anjo sem asa,
meu sol nocturno,
meu choro que calo
e nestas linhas ainda que não te chame
é de ti que eu falo.
Adelina Rosa
I Antologia Elos d´África
56
TERRÁQUEOS
Durante uma conversa dos deuses Apolo diz:
- Humanos! Eles se conhecem, se juntam e aí os
problemas surgem. Por vezes brigam, por vezes não se falam,
mas depois de um tempo voltam a se falar. Que
comportamento patético! Mas o que é que se passa na cabeça
desses terráqueos?
Afrodite responde: - Isso é a amizade!
E Apolo volta a perguntar:
- O que é a amizade?
A amizade é o maior sentimento que existe. Ela vem
acompanhada de irmandade, por isso não se separam; de
companheirismo motivo de estarem sempre juntos; de
cumplicidade partilhando o suor ao fazerem algo. Nem
sempre há fidelidade e alguns rompem a amizade. A lealdade
sempre há. Sendo um sentimento forte ela precisa de pilares,
pilares estes que são fortificados com a verdade.
A amizade quando bem cuidada é um tesouro,
proporcionando aquele abraço que não se compra, palavras
que confortam, motivam, que nos dão forças para
atravessarmos o mar bravo.
A amizade é um elo de ligação visível que forma um
cordão umbilical invisível.
É um sentimento divino.
É um tesouro.
É uma virtude.
É uma honra poder ter amigos...
Poder ser amigo.
Leonel LMB
Nossos Versos
57
A VOCÊ MEU AMIGO
Foram as promessas feitas a você amigo.
Foi mais que um belo sorriso em nossos rostos
Quantos segredos e juras dos nossos propósitos.
Foram os sonhos que tive enquanto estava contigo.
Partilhamos risos e nossas vozes de amizade.
Entre lágrimas, a despedida nós percorremos.
Em um abraço guardamos os versos da saudade,
o que juntos conquistamos no peito guardaremos.
Muito mais que um amigo, um pai, um irmão.
Conselheiro incansável, incentivador, admito.
Amizade eternizada em meu coração.
Mesmo hoje distante, permanecerá infinito
o amor que lhe tenho, o respeito e a admiração.
Quando penso em ti, a emoção, eu não evito.
Hélder Oliveira
I Antologia Elos d´África
58
O QUE EU QUIS QUERER
Assomar o filantrópico desejo
e tornar verdadeira a amizade.
Esperar entre os montes o ensejo
para fazer um amigo de verdade.
Amizade prolixa nos caminhos do tempo,
capaz de resistir as pedras no caminho.
Não se abala nem pelo mais forte vento
que esteja junto nas rosas e no espinho.
Olha, sempre foi isto que eu quis querer
e neste querer sei que não estou sozinho.
Céus e montanhas moveremos para obter
deste enorme desejo apenas um pouquinho.
Que una as turbas com filantrópicos grilhões.
Que bane os amigos totalmente a falsidade.
Una eternamente os seres e seus corações.
O que eu quis querer é uma amizade de verdade.
Fênix Ukwakusima
Nossos Versos
59
FUTURO
Caetano Domingos
Norek Red
Cláudia Santos Oliveira
Veloso Buto
I Antologia Elos d´África
60
“O futuro tem muitos nomes.
Para os fracos é o inalcançável.
Para os temerosos, o desconhecido.
Para os valentes é a oportunidade.” (Victor Hugo)
Nossos Versos
61
SEM PRESSA
Com a minha garina6 espero envelhecer
Mas se isso não puder vir a acontecer?
Se não concretizarmos o que planejamos?
Me contentarei com o quanto nos amamos.
Livrai-me de viver planificando o futuro!
“O amor que tens me dado é bom e tem me bastado”
O passado e o presente todo lindo ao seu lado
e o que virá será melhor, por isso espero.
Pois o Sol brilha hoje, mas dorme na incerteza
se amanhã nos dará a graça da sua beleza
e a Lua com certeza na tristeza se ofusca
deixando mais vistosa a estrela que pisca.
Sem pressa e sem descompassar o pulso,
nascerá, viverá, crescerá e morrerá em campo
tudo a seu ritmo e no seu devido tempo,
pois o relógio não dá nenhum passo em falso.
Caetano Domingos
6 Garina: namorada, dama, mulher
I Antologia Elos d´África
62
VERDADES EQUIDISTANTES
E se bailássemos nas nuvens,
andássemos nas águas
e escutássemos os mares?
Não seriam estás as utopias
equidistantes a imaginação?
E se cultivássemos ventos
e podassem-se os desejos?
Não seriam sonhos,
não seria a perversidade do mundo
uma lenda e alucinação?
Mas e se sonhos fossem
pomares de frutos colhidos
para o mundo em que vivemos?
Não seria porventura este pomar sonhado
devastado pela ambição desgovernada que temos?
Seriam os sonhos nessas verdades equidistantes
recursos renováveis do tempo?
Norek Red
Nossos Versos
63
COMO SERA A NOSSA HISTORIA?
Quantas incertezas moram em ti, ó futuro!
Toda a sua base é construída no agora.
Se plantado em terra fértil os ideais de outrora,
tornarão pilares fortes onde estaremos seguros?
Não sei como será amanhã a nossa história.
Se hoje nada temos além das expectativas
e por mais que a esperança no hoje se cultiva,
existe a incerteza se obteremos a vitória.
Para que se preocupar. O tempo? Não o detemos!
O ontem já se foi, só é vivo na memória
o agora, esse instante, esse sim, é o que temos.
O futuro é mistério não nos competindo a glória
de saber o que virá, de prever nos abstemos,
independentemente do que seja, a Deus misericórdia.
Cláudia Santos Oliveira
I Antologia Elos d´África
64
REJUVENESCENDO DOS VERSOS
Sou um sonhador que renasce
em cada verso profundo,
em cada dia que o sol nasce
para clarear esse mundo.
Que as manhãs nas noites dormem
enquanto os pássaros emitem
melodia que acorda os motivos que
nos ensinam a ser homens,
condecorando nossos dias de alegria.
Coração recheado de motivação
Palavras casadas com as atitudes
Por intermédio da paixão
Que vive no peito do homem de
virtude.
Em cada verso torto renasci
Em cada estrofe me liberto
Em cada poema me conheci
Enquanto dialogava com vento
Veloso Buto
Nossos Versos
65
PESSOAS
Adelina Rosa
Leonel LMB
Euclides da Flora
Kelly Dee Correia
I Antologia Elos d´África
66
“Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se
sentir melhor e mais feliz.” (Madre Teresa de Calcutá)
Nossos Versos
67
PEDAÇOS DE VOCÊ
Cantam as andorinhas a melodia do anoitecer
e no tactear da saudade soltam os sons do entardecer.
Trazem no vento pedaços doces de um amor antigo,
desses que sem querer se tornam bem eternos.
São pedaços de você em mim,
seu cheiro com gosto a jasmim
que me permite viajar sem fim
em um amor que nunca quis assim.
Vejo a humanidade pela janela e lá fora
É inútil partir sem seu olhar... sair agora.
O que farei com os sonhos da alvora?
Sinto as pegadas em meu colo,
o teu gosto que tentei sem forças esconder,
nesta luta frenética deste coração atordoado.
Mas este teu olhar que a todo instante
invade por dentro sempre que me refaço de ti
e esquenta a curva da melancólica do poente.
É você em mim neste fim.
Esta querença embriagada pelo teu adeus.
Suplico em orações a este Deus que te arranque de mim.
Então procuro aniquilar a nefasta influência que teus pedaços
dominam dos meus nervos cansados, mas por fim reconheço
que amar-te é minha sina.
Adelina Rosa
I Antologia Elos d´África
68
GERAÇÃO DA UTOPIA
Eu vim de um jardim aonde tinha cravos e rosas,
plantas com espinhos e flores.
Conheci pessoas doces e amargas.
Hoje cresci, nem anjo nem demônio.
Aprendi a compreender a diferença entre dar e entregar,
entre ser e fingir,
entre correr e seguir.
Aprendi a navegar nessas diversidades porque na verdade são
as diferenças que fazem de nós o que somos.
Nós somos o petróleo bruto dessa diversidade,
somos frutos de erros e acertos de outros,
somos a classificação dessa visão mais cega.
Somos personalidades perfeitas com o grau de imperfeição,
somos pessoas incompletas procurando diversão,
somos o que somos mesmo sabendo que uns não sabem quem
são.
Somos essa geração que a geração passada chama da “geração
perdida” ou “geração da utopia”.
Leonel LMB
Nossos Versos
69
SAUDADES DAS PESSOAS
A vida é uma partida
com corações partidos.
Será que a vida tem partido
despedindo-se da vida na ida?
Pessoas querem mais vida.
Jamais querem inexistência.
Mas a morte é essência.
Compreender – lá é ciência.
A razão da existência
inexiste nas pessoas
procurando o “Fernando”
quando pereceu em “Pessoa”.
Saudades das pessoas.
Outrora grandes seres.
Partiram as pessoas,
regressou o vazio.
Pessoas formam o mundo
tal como os submundos
residiam nos segundos
Qqando a vida ampulheta.
A vida foi outrora
pousando a aurora.
Depois veio a outra
finalmente a hora.
Euclides da Flora
I Antologia Elos d´África
70
TODOS NÓS SOMOS PESSOAS
Eu era criança quando me chamaram para conhecer
" pessoas". Nem sabia que existiam outras línguas. Estava tão
escuro que precisava de ajuda. De longe ouvia gritos: - Alguém
me acuda...alguém me acuda. Corri para casa e informei a minha
avó que calmamente me disse não ser algo novo.
Todos nós somos pessoas. Pessoas vão, pessoas vem, pessoas
ajudam, pessoas prejudicam, pessoas criam, pessoas destroem, pessoas
apoiam, pessoas bloqueiam...
Eu era criança quando me chamaram para conhecer
" pessoas". Nem sabia que existiam outras línguas. O homem
latino estava à procura de "persona". Procurava loucamente
porque todos possuíam uma máscara na fila do corredor do
teatro da vida. Todos tinham uma figura, uma personagem no
palco.
Todos nós somos pessoas. Pessoas criticam, pessoas aplaudem,
pessoas apoiam, pessoas ignoram, pessoas gastam, pessoas humilham,
pessoas dramatizam, pessoas sofrem...
Eu era criança quando me chamaram para conhecer
"pessoas". Nem sabia que existiam outras línguas. O homem
inglês estava à procura do " people". Afinal ele é um religioso, um
cristão procurando Adão e Eva. Gritava muito, assim: - Que esta
onda de leva... que esta onda me leva.
Todos nós somos pessoas. Pessoas participam, pessoas
comemoram, pessoas incomodam, pessoas falham, pessoas prometam,
pessoas tentam, pessoas morrem, pessoas nascem...
Quando eu nasci, as pessoas foram mãe e pai.
Quando cresci, as pessoas foram irmãos e irmãs.
Quando brinquei, as pessoas foram tias, primos e primas
Quando estudei, pessoas foram colegas e professores
Quando formei, pessoas foram parceiros
Enquanto vivemos todos somos pessoas.
Somos pessoas...
Kelly Dee Correia
Nossos Versos
71
LIBERDADE
Emanuel Lima
Emansoul
Euclides da Flora
Mauro José da Silva
I Antologia Elos d´África
72
“Não creio, no sentido filosófico do termo, na liberdade do
homem. Todos agem não apenas sob um constrangimento
exterior mas também de acordo com uma necessidade interior.”
(Albert Einstein)
Nossos Versos
73
O ROSTO HERMÉTICO
Hoje estou livre porque alguém lutou por mim.
Lutas vencidas que eu nunca tive
e que estão na memória, dentro de mim.
Por isso afirmo: Liberdade é fluir,
ter ousadia para amar, regando este rebento novo
onde andarão os monames7 que hão de vir.
Há quem pensa que ser livre é estar isento de culpas e falhas;
mas liberdade é muito mais do que isso:
é termos capacidade de fazer novas escolhas,
é nunca darmos o braço a torcer e na felicidade investir.
Viver a vida sem fronteiras
Levantar as brancas bandeiras
Mesmo com mil motivos para desistir.
Nove são as letras mas carregam muito significado.
Ser livre é uma questão de consciência.
É deixar o ruim no passado.
É lançar sobre a terra seca uma semente,
Ter fé que na estação própria irá florescer.
É escrever um livro como herança para os descendentes
É ser como fonte de saber para a alma que vier a renascer.
Ah! Liberdade.
Liberdade é simplesmente viver…
Emanuel Lima
7 Monames: Filhos
I Antologia Elos d´África
74
O QUE PRECISA O POETA?
O poeta precisa apenas...
De uma palavra que traz uma frase
De uma imagem que pari uma ideia
De um aroma que agrada inalar
Ou uma ação que agrada contemplar
O poeta precisa apenas...
De uma tela para com palavras pintar
De um pedaço de papel para rabiscar
De um rabisco que marque a alma
Ou uma alma que várias vidas vivem.
O poeta precisa apenas...
De uma inspiração pura e divina
De um toque íntimo de incertezas
De quebrar as regras conhecidas
Ou uma loucura loucamente louca.
O poeta precisa apenas...
De uma alma cheia de liberdade criativa
De um ser nada inibido a vaidade social
De uma rotina com uma vaidade mística
Ou apenas precisa ser mesmo poeta.
Emansoul
Nossos Versos
75
LIBERDADE É MEU VERSO
Liberdade é o meu verso
Rimas…meu encanto
Estrofes é canto
Sem poesia? Controverso!
Liberdade é o ideal
para escrever os meus versos
e como ninguém é igual,
dito meu próprio universo.
Tenho escrito o universo
em cada linha deste verso.
Caneta e papel, meu destino.
Poeta declama o percurso,
a inspiração, o caminho, é que traça
seu destino pelo mundo
quando a mágoa ou saudade o abraça.
Euclides da Flora
I Antologia Elos d´África
76
ESTRANHA LIBERDADE PRESA
Quis tanto viver essa vaidade,
que nos aparta da dependência
sem saber que se depende mais na independência,
sem saber o quão a minha mãe ganso
voava na estranha liberdade presa,
no desejo de trazer ao ninho, minhocas.
Confesso que até eram poucas, porém,
estávamos isentos de voar nessa gaiola.
Mauro José da Silva (Águia do Verso)
Nossos Versos
77
PERDÃO
Germano de Carvalho
Fênix Ukwakusima
Caetano Domingos
Norek Red
I Antologia Elos d´África
78
“O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma
nova partida, para um reinício.” (Martin Luther King)
Nossos Versos
79
PERDOA-ME
Se não te fiz mulher,
se não te dei prazer
se não te amei de coração
e se casei contigo sem paixão.
Por cada lágrima derramada por mim.
Se o nosso amor chegou ao fim,
perdoa-me!
Perdoa-me por cada ofensa
e sempre que tive pressa.
Perdoa-me em cada segredo,
por todas as vezes que tive medo
e não te disse nada.
Perdoa-me em cada beijo sem sabor,
por todas as noites sem amor
e em cada prazer sem desejo.
Perdoa o meu olhar desprezível,
perdoa o meu jeito insensível
mesmo quando não quero ser.
Germano de Carvalho
I Antologia Elos d´África
80
PERDÃO, EU QUIS DIZER
Me acento entre o interstício
do saber e a ignorância do ser.
Jogar a mentira em um precipício
de que perdoar implica esquecer.
O perdão desafia a humanidade
Perdoar é coisa de ser superior
Só consegue perdoar de verdade
quem brada pelo auxílio do amor.
Perdão. São seis letras que engrandecem
todos aqueles que na dor ousam perdoar
e não é porque das feridas se esquecem
sangrando por dentro decidem perdoar.
Muito se engana quem falsamente acredita
que o maior benefício está em quem recebe.
É o contrário, embora há quem não acredite,
ganha quem dá o perdão e não quem o recebe.
Fênix Ukwakusima
Nossos Versos
81
TEM CHEIRO DE PERFUME
Há uma carta no correio, presa algures;
Temo que ela possa não chegar.
Ou, chegar e não te encontrar
no endereço que me destes:
Ilha dos Amores.
As vezes, me pego reflectindo
e dou-me, então arrependido
por todos os erros cometidos.
E aceito o severo castigo!
Não quero, não mereço um perdão terreno.
Ou perdoar não compete ao ser humano?
-Desculpa-me! Mas já não sou o mesmo;
Embora trago comigo ínfimas vivencias do passado,
eu creio que o amor é eterno
e o perdão sempre será sublime.
Como a carta que chega ao destino,
porém, atrasada no tempo,
mas com o cheiro do perfume.
Caetano Domingos
I Antologia Elos d´África
82
TAUTOINDRISO AO PERDÃO
Por poderes
Perdido pequei
Purezas profanei.
Porém peço perdão
Peço purificação
Peço ponderação.
Por prazeres, poderes, princípios profanei.
Porquanto pedi perdão paraísos perambulei.
Norek Red
Nossos Versos
83
FELICIDADE
Leonel LMB
Euclides da Flora
Kelly Dee Correia
Fênix Ukwakusima
I Antologia Elos d´África
84
“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Nossos Versos
85
QUANDO EU ESCREVO
Que sensação boa essa:
poder acordar perfumado,
poder se sentir amado,
por esta nação da imaginação.
Quando eu escrevo eu venço.
Quando eu escrevo eu penso.
Escrevendo o necessário.
sem passar por um otário.
Embarquei nesta maré das palavras,
neste país da imaginação,
escrevendo minhas emoções,
mas protegendo certos corações.
Eu amo o que faço
do modo como faço
me sentindo feliz e completo,
quando escrevo o que penso.
Leonel LMB
I Antologia Elos d´África
86
SER FELIZ, ACHO QUE MEREÇO.
Procuro-te felicidade,
mas não sei aonde achá-la.
Apenas quero beijá-la.
Meus pensamentos por ti estão a latejar.
Sofrer... é minha culpa?
Já não há mais desculpas, diz a vida:
- Apenas suporta!
Infelicidade para, por favor, eu te peço!
Felicidade tem preço?
Onde localizo o teu endereço?
Ser feliz, acho que mereço!
Teu lindo sorriso é o que me importa.
Seguirei com a poesia pela vida afora
Inspiração! Sinto o gosto da felicidade agora,
o sorriso em meu rosto proclama essa hora.
Lágrimas derramadas em pleno divórcio.
Se hoje a infelicidade é meu único consórcio,
amanhã, serei feliz, pois é na vida o melhor negócio.
Euclides da Flora
Nossos Versos
87
PARA SER FELIZ
Andei quilómetros para ser feliz
Bebi litros de agua para ser feliz
Plantei arvores para ser feliz
Mergulhei no mar para ser feliz.
Aceitei convites para ser feliz
Trabalhei para ser feliz
Toquei e cantei para ser feliz
Tirei desculpas só para ser feliz
Até chorei para ser feliz.
Agora eu quero ir, porque já sei o que é a felicidade.
Adicionei alguém na minha lista para ser feliz
Eliminei alguém na minha lista para ser feliz
Ainda pergunto, onde posso encontrar a felicidade?
Da cor escolhi o amarelo para ser feliz e não sou
Da fruta escolhi o mango para ser feliz e não sou
Da cidade escolhi Bissau ainda não sou feliz
Da vida escolhi a poesia, ainda não sou feliz.
Muito esforço eu fiz e hoje aprendi que eu sou a
felicidade. Ela não precisa de satisfação considerada em um
estado durável da plenitude. Ela demanda uma acção sem
intenção. A felicidade desperta a atenção, o sorriso dos felizes é
transmissível.
Na minha mente habita a minha felicidade e importa
pouco a minha idade, não preocupo onde habito e com quem
vivo. Limito a ser feliz e confirmo eu sou feliz porque a minha
mente é aberta. A percepção me deixa cada vez mais atento.
Nem precisava de tanto adaptar, mas já estou a conseguir
controlar as novas situações. Não procuro muito no mundo,
deixo o mundo me encontrar. Os meus amigos e familiares são as
minhas opções. Por isso continuarei feliz.
Kelly Dee Correia
I Antologia Elos d´África
88
SER FELIZ
Não há definição que defina.
Ser feliz é muito mais que ser
E corrente nenhuma confina
quem a felicidade buscar ter.
Buscam os homens no álcool.
De facto uma felicidade postiça.
Mas está longe de estar no álcool
como está longe do mundo a justiça.
Talvez se esconda entre as turbas
em pequenos detalhes desta vida,
ou provavelmente esteja nas curvas,
em cada triste adeus, na despedida.
Ela cobre-se com mantos aberrantes
É de sua constância fugir dos padrões
Por vezes foge a lugares muito distantes
vai além dos horizontes da $ de cifrões.
Fenix Ukwakusima
Nossos Versos
89
AMOR
Emanuel Lima
Emansoul
Hélder Oliveira
Cris P. Poetisa
I Antologia Elos d´África
90
“Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um
pouco de razão na loucura.” (Friedrich Nietzsche)
Nossos Versos
91
UMA VIDA AO TEU LADO
Por mais doloroso que seja,
por mais que doa e me faça sangrar,
por mais que por agora não vejas,
eu jamais desistirei de tentar.
Por mais que seja um caminho com pedregais onde o sol remata
em toda sua força e o mar me arraste com suas ondas,
ainda assim vou insistir nesse amor eterno.
Por mais que o mundo esteja contra mim
e todos me chamem de louco, não me importarei.
Mesmo que seja alta as montanhas, esse caminho trilharei.
Por esse desejo inexplicável de te ter, chegarei até o fim.
Por mais que me custe a vida me acobardar e desfalecer,
prefiro morrer por amor, pois sei que no final só ele irá vencer.
Não há como não amar! Para isso é preciso morrer.
Amar é nada mais do que a arte de viver.
E por ela? Por ela e por seu doce amor enfrento tudo e a todos,
até demônios, para sentir seus lábios nos meus, para degustar de
seu afeiçoado abraço e construir uma vida ao seu lado.
Por mais que doa e as vezes machuque, o amor é como uma
aventura: Não há recompensa sem luta
e quando já não restarem mais forças, a inventarei.
“Prefiro viver na mentira do que aceitar a verdade
e perder” o amor e com ele essa beldade.
Entre viver sem amor, escolho morrer
pois amar é nada mais do que a arte de viver.
Emanuel Lima
I Antologia Elos d´África
92
AMOR EM TEMPOS DE GUERRA
Eu fui arrancado da minha terra natal
Meu paraíso, meu mundo, meu planalto central.
Tudo porque o meu país cantava ao som de balas,
balas que penetravam os corpos, deixando sem alegrias,
cheios de tristezas e com lágrimas pelos corpos sem vida.
Mas em tempos de guerra a conheci.
A vi pela primeira vez enquanto banhava no rio.
A vi chegar, bela mulher, toda fubulada8 de areia,
mas cheia de encantos aos meus olhos,
nos seus trajes a pano e aquela carapinha dura.
Nem era tão alta como Murro do Moco9,
mas admito que em suas curvas a Leba10 morro
encantado pelo brilho da camanga11 das Lundas12.
Que seu olhar amedrontado refletia ao ver o soldado
e de um jeito tímido esboçou um sorriso.
Gesto simples que traduziu o quanto combinávamos
E nem com a batalha da baixa de cassange13
Parei de pensar naquela que meu coração atinge,
por ser tão somente meu amor em tempos de paz,
conquistado em tempos de guerra que ficou para trás.
Hoje, sei que valeu apenas deixar a Nova Lisboa.
Hoje, é uma felicidade acordar ao pé de ti, minha mboa14.
Em tempos de guerra, não sabia o que era amar,
mas em tempos de paz, vivo esse rico amor
obtido tão somente em tempos de guerra.
Emansoul
8 Fubulada: Suja de areia. 9 Murro do Moco: Morro mais alto de Angola. 10 Serra da Leba: Estrada cheia de curvas em Angola. 11 Camanga: Diamante. 12 Lundas: Províncias em Angola onde se encontra muitos diamantes. 13 Cassange: Localidades, zonas de Angola. 14 Mboa: mulher.
Nossos Versos
93
GOTAS DA SAUDADE
Está no brilho do meu entristecido olhar,
lágrimas quentes, semente da minha solidão.
Eu queria ser poeta para invadir o teu coração.
Chorei, fiz-me triste, e perdido por te amar.
Meus gritos chegaram aos ouvidos do silêncio:
Sem seus toques, sem flores e nem mesmo beijos.
Desencantados sussurros em teus lábios desejos
Lembrei da primeira noite. No meu peito o vazio.
Deitei naquela cama e permaneci acordado,
imaginando os nossos corpos em um abraço apertado.
Fiz das gotas da saudade essa triste poesia.
Hoje eu queria despertar em teus abraços
Vestes já rasgadas, envolvê-la em meus braços.
O vento levará esse amor e o gosto doce da fantasia.
Hélder Oliveira
I Antologia Elos d´África
94
AMOR
O sol ainda brilha, a gente é que deixou de ver.
A chuva ainda cai, a gente preferiu se abrigar.
Trocamos a admiração por um constante brigar.
Ainda sou a mesma pessoa que sempre desejou ter.
De baixo dos imóveis há nossos erros também,
nossas culpas, nossas falhas, as faltas de perdão,
mutilamos o amor, deixamos em exangues o coração.
Mil anos de costas viradas não nos conhecíamos bem.
Em nossos lábios, secaram-se as palavras de amor.
Nós morremos procurando defeitos um no outro,
trucidamos o nosso agora, ambos desejamos outro.
Enquanto formos egoístas para nós, não haverá amor.
Estou olhando ao longe os caminhos que sozinha trilhei.
Os meus olhos desejam contemplar um se encontrar
Onde tu e eu, como dantes, nos voltemos a abraçar
e em teus ombros eu contar-te o quanto por ti chorei
.
Cris P. Poetisa
Nossos Versos
95
FAMILIA
Emansoul
Carla Ó da Silva
Hélder Oliveira
Félix Cossa
I Antologia Elos d´África
96
“A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da
família.” (Leon Tolstoi)
Nossos Versos
97
MEU NOVO LAR
Quando me perco,
quando não me encontro
é lá no meu novo lar que
torna-se fácil saber quem sou.
Quando sou julgado,
quando sou condenado
é lá no meu novo lar
que se torna aceitável enfrentar tudo.
Quando me menosprezam,
quando falam sem ver meu valor
é lá no meu novo lar
que se torna mais fácil saber que não vivo de bocas.
É lá no meu novo lar
que se torna mais fácil saber o valor da paz
que uma família que amamos traz.
E é por minha família, meu lar
que insisto em saber
que a vida é vivida melhor
compartilhando vivências.
Emansoul
I Antologia Elos d´África
98
ESTIRPE NATURAL
Espírito de sangue
Unidos pelo adultério
Entre as alegrias,
comunhão de ideias
Simpatia, um quase mistério.
Trazido para o inferno
Inocente gaiato
Cria asas, ama e voa
Fonte de prosperidade
Vício da sociedade
Carregada de bênção
Sai da prisão
Empatia consentida
Suporta nossa queda e subida
Desafia a genética
Parecendo laços de sangue
Carla Ó da Silva
Nossos Versos
99
DO VIRTUAL A UNIÃO - Uma Nova Família
Por tanto tempo amarguei a solidão
Na casa só o silêncio era companhia
Já havia partido minha maior alegria
Meu filho distante...vazio no coração.
Eis que por sorte, acaso... creio que não!
No computador um olhar naquele dia
Um sorriso bonito...e tão bela poesia
De mim cativaram muito mais que atenção.
Daquele dia em diante tudo mudaria
No meu peito uma nova luz se acendia
A chama do amor ardeu-me de paixão.
Por esse amor lutei, pois, jamais o perderia
O que era virtual, virou real, hoje é família
O vazio só da saudade do meu filho e irmão.
Hélder Oliveira
I Antologia Elos d´África
100
ODEIO A MINHA EXISTENCIA
Eu sou um acidente de percurso
de dois adolescentes
apaixonados e inconsequentes.
O tal diploma do então romântico curso.
Eu sou uma criança sem esperança.
Sou rival da minha mãe e da minha madrasta.
Eu sou a tal que nos braços do pai aprendeu a ser mulher.
Sou a tal que pelo padrasto foi assediada e usada como talher.
Eu sou a tal ambulante
de duas casas e nenhum lar.
Do maravilhoso “lar doce lar” eu só ouço falar.
Eu sou a inconsequência destes antigos amantes
que são progenitores meus.
Enfim, eu sou a criança museu.
Félix Cossa
Nossos Versos
101
NATUREZA
Cris P. Poetisa
Caetano Domingos
Arnaldo Tembe
Norek Red
I Antologia Elos d´África
102
“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se
cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no
mundo e ninguém morreria de fome.” (Mahatma Gandhi)
Nossos Versos
103
NATUREZA
O vento venta, e eu vejo arvores a dançar.
Vejo-as dançar uma alegria que não tenho.
Uma alegria que estico os braços para alcançar,
de tanto me esticar sem alcançar me detenho
Vejo os pássaros cantar o louvor da natureza.
Vivendo deprimida só lhes posso contemplar.
Eu que vivo sofrida como irei louvar a beleza,
se vivo perdida no amor e me esqueci de amar
Mas claro! Não são os meus olhos que dão beleza
a mãe natureza, os pássaros vão continuar a piar,
o rio na sua fragilidade vai mostrar sua fortaleza,
as andorinhas na sua agilidade os céus vão rasgar.
A própria vida desse material é totalmente feita
Uns se apaixonam outros deixam de se apaixonar
Mas a natureza continua linda esbelta e perfeita
Ninguém impede a chuva de cair nem o sol de brilhar.
Cris P. Poetisa
I Antologia Elos d´África
104
O DESPERTAR DA ROSA
Ao compor este corpo adicionei minha sina:
Álcool, letra e melodia. Dever que fascina.
Turvamente, deixei o vital inglório a deriva.
Não sonhei! Eu beijei árvores de doce seiva.
Fiquei demoradamente acariciando a murcha terra.
Vi o Sol chorando de orgulho
Quando o Mar deliberadamente solicitou uma esfera,
o arco-íris caiu no barulho.
O meu corpo abriu a janela, deixou entrar a beleza
sendo oxigénio e a luz do dia
libertei o visível pensamento, viajei pela natureza
tentando alcançar a alegria.
O meu mundo era jovem e de seguida envelheceu
neste serpentear da vida e em fortes alegrias;
preso e na profundidade das minhas mágoas
a natureza em correnteza enfim rejuvenesceu.
Caetano Domingos
Nossos Versos
105
PROCURO…
Fragmentos naturais
O céu chora lágrimas azedas,
a terra fica tão solitária,
a seca namora espaços férteis.
Procuro caminhos para respirar a
liberdade tão desejada pelo homem.
Caiem folhas da árvore ocultando
páginas esquecidas pelos olhos do
mundo.
Procuro o luar que embala corações
apaixonados; o leito do mar que
liberta as almas dos escravos que
dormem nos oceanos.
Procuro as tempestades que sopram
azares, os ciclones que convocam
tsunamis.
Procuro a natureza que carrega a
tristeza dos olhos meus.
Sinto amor pela mãe natureza que
aos poucos perde a sua beleza,
convertendo sorrisos em tristeza.
Procuro a existência da mãe
natureza perdida nos olhos do
mundo.
Arnaldo Tembe
I Antologia Elos d´África
106
PARAISOS INVERTIDOS
Quero acreditar que um dia o mundo foi um paraíso.
E que o céu era mar e o mar era céu.
E o céu era um mar azul.
E as ondas, as nuvens; ah nuvens!
As nuvens eram ondas brancas desenhadas pelo vento.
E que nessas ondas os pássaros eram peixes;
Que nadavam num mar sem aguas,
pois as águas eram ventos.
Pois o céu era mar e o mar era céu.
E o céu tinha nuvens,
mas as nuvens não eram nuvens.
As nuvens eram ondas orquestradas pelo vento.
Mas o vento não era vento.
O vento eram águas, que voavam os peixes
naquelas ondas impermeáveis.
Quero acreditar que no firmamento da terra
o mar não era mar, o mar era céu
e as ondas eram nuvens.
E nessas ondas nuvens os peixes eram pássaros
que voavam por entre as nuvens.
Quero acreditar que um dia o mar caiu
e o céu emergiu às alturas
e que o céu volta a ser mar
quando retorna em forma de chuva.
Norek Red
Nossos Versos
107
SABEDORIA
Daúde Amade
Luca Oliver
Lourenço Mussango
Cláudia Santos Oliveira
I Antologia Elos d´África
108
“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se
aprende é com a vida e com os humildes.” (Cora Coralina)
Nossos Versos
109
AINDA NÃO ME CONQUISTEI
Amo-me, mas não me conquisto
De todas as vezes que me converso
vejo no rosto que não me convenço.
Tento há tanto tempo e insisto,
Mas, até então neguei me enamorar.
Será difícil conquistar a mim mesmo?
Então, vou já me odiar
pois sinto que sou inimigo de mim mesmo.
Nunca antes vi ninguém que tenha negado a si,
pois se nego a mim, como irão outros me aceitar?
Ah!... Que lástima me reside de mim
que hei de morrer sem me aceitar.
Esperanço me enamorar
pois não conheço ninguém
que possa a si negar e rejeitar.
Posso ser reduzido a nada por outrem,
mas não pela pessoa que carrego,
pois não tenho como dizer também,
senão estaria a dizer para ninguém.
Daúde Amade
I Antologia Elos d´África
110
SABEDORIA
Neste lugar, tudo acontece:
O sol entra pela janela
Flores tímidas desabrocham
Crianças cantam cirandas
Sonhos se transformam em esperanças
Risos soam como cantos
Abraços descritos em poesias
Sinta a paz
Seja um semeador
Semeie amor e alegrias
Plante a felicidade a cada dia
Cante canções ainda que todos se calem
Seja humilde, alegre-se com o que você tem
Assim encontrara neste lugar chamado “Hoje”
a verdadeira sabedoria.
Luca Oliver
Nossos Versos
111
SABEDORIA POÉTICA
Sou a poesia nos lábios proféticos dos Bantu15
Que cantam poemas que embriagam os tempos
Trago em mim a alegria dos poetas doutos16
Que no silêncio entoam cânticos a Kianda17
Trago em mim a iluminada sinfonia da dikanza18
Cuja melodia exala a identidade dos axiluandas.19
Trago em mim os mujimbos20 dos griots21 eruditos
Que nos kimbos22 preservam os mitos dos povos
Falam da nossa história nos ritos de iniciação
Sob a canção apaixonante vindas dos reco-recos
Trago em mim os chocalhos, as marimbas23 e as puítas24
Trago a sabedoria poética eternizada na dialéctica africana.
Lourenço Mussango
15 Bantu: um povo constituído por nove etnias que habitam Angola e algumas zonas da África austral. 16 Doutos: sábios, conhecedores, sabedores, eruditos… 17 Kianda: é um nome de origem Kimbundu, significa deusa dos mares. Uma Sereia que habita no mar... 18 Dikanza: é um instrumento musical típico de Angola feito de cana de Bordão ou cana de Bambum. 19 Axiluandas: Homem do mar que habita na parte costeira da capital de Angola, Luanda. Ou seja, axiluanda é o cidadão nativo da Ilha de Luanda. 20 Mujimbos: termo de origem Bantu que significa boatos. (no contexto do poema é “conversas”) 21 Griots: é um mestre que conserva e transmite a cultura de um povo por meio da oralidade... 22 Kimbos: casas rústicas, vilarejos, bairro modesto, mussaque 23 Marimbas: é um instrumento musical. Uma espécie de xilofone cultivado e executado com maior incidência na comunidade histórica Kimbundu, cujo centro de difusão se encontra em Malanje entre os Yambangala, Mbondo e os Ngola Jinga. 24 Puítas: é uma espécie de instrumento musical dos negros, feito de um tronco oco, tapado na parte mais larga por uma pele
I Antologia Elos d´África
112
SUPREMA SABEDORIA
Na juventude por vezes a sensatez
e o discernimento é ausente nas decisões
Com isso acumula-se frustrações;
ir de encontro a felicidade perde-se a vez.
As coisas fáceis, acessíveis, são sedutoras
aos olhos tímidos, pueris, acendem paixões;
Mas levianas; trazem consigo decepções.
Más influências podem ser destruidoras.
A sabedoria está atrelada ao conhecimento
que se adquire, dia a dia, a cada momento
enquanto se vive, o saber está em formação.
É preciso se abrir a todo o ensinamento
“Ouvir mais e falar menos”, exercitar o pensamento
Deus Suprema Sabedoria, buscai Nele inspiração.
Cláudia Santos Oliveira
Nossos Versos
113
MOTIVAÇÃO
Cris P. Poetisa
Viegas dos Santos
Félix Cossa
Carla Ó da Silva
I Antologia Elos d´África
114
“Jamais desista das pessoas que ama. Jamais desista de ser feliz. Lute
sempre pelos seus sonhos. Seja profundamente apaixonado pela vida.
Pois a vida é um espetáculo imperdível.” (Augusto Cury)
Nossos Versos
115
MOTIVAÇÃO
Mais do que arte é uma forma de viver
Aquele viver monótono me enfadou
Estendi os braços e a poesia me alcançou
Hoje creio que viver sem poesia é quase morrer
Encontrei na poesia motivação para lutar
Eu que de dor quis jogar a toalha ao tapete
Passei momentos comigo e entendi que sou gente
E que tenho ainda no cesto muita vida para amar.
Em verdes prados, parágrafos amaram minhas curvas
Louvaram a hirteza dos meus pseudo-seios caídos
Eu vi nas reticências poetas como eu… Seres feridos
Poetas que inventaram uma vida sem medo das chuvas
Por trás dos sorrisos há sempre lembranças de dor
Cicatrizes amargas momentos que são para esquecer
A poesia me motivou me presenteou com um amanhecer
Me valorou, me honrou e dum enorme jardim me fez flor.
Cris P. Poetisa
I Antologia Elos d´África
116
A MOTIVAÇAO DOS MEUS POEMAS
Está além do inimaginável.
Na minha dedicação incansável.
Nas noites que escrevo, enquanto a cidade dorme.
No silêncio dos seres que fazem do mundo pior.
Nas minhas celebres conversas com os anjos
e nos meus inversos horários.
Enquanto a cidade degusta do sono,
construo no papel um mundo, quiçá utópico
onde descredibilizo fabricantes de armas
e aplaudo quem uma árvore planta;
Onde as pessoas nunca ouviram falar sobre racismo,
escravagismo, colonialismo, imperialismo
e tantos outros (ismos);
Um mundo em que o ser humano vale mais que as economias,
onde existam exércitos de flores e culturas.
Escrevo sobre o quão bom é ajudar e poder ser ajudado,
sobre a súplica do perdão pelos nossos pecados.
Escrevo sobre felicidade mesmo afogado num mar de
tristezas.
Essa é a verdadeira motivação dos meus poemas:
Preencher minhas estrofes com amor
para fazer deste mundo melhor.
Viegas Dos Santos
Nossos Versos
117
TUDO E TODOS
O maravilhoso universo com o qual o arquitecto dos
arquitectos brindou-nos,
é a minha maior motivação.
O espetáculo da genuína e maravilhosa mãe natureza
é minha inesgotável Inspiração.
O esplendor divinal é luz que ilumina o meu quotidiano
e nas vicissitudes da vida me ajuda a suportar a minha cruz.
Enfim,
tudo e todos
os que me rodeiam
são a minha
eterna e motivadora motivação.
Félix Cossa
I Antologia Elos d´África
118
INTUITO
Oiço com sensibilidade
propósitos confundidos, imediatismos,
reconhecimentos desprezíveis.
Falsa aparência da sua presença verídica
torna-a mais forte que o mentor
golpeado com todo seu vigor.
Génio seria se olhasse sem esforço
conceitos para o nosso ser
irracionalidades passadas
terminadas em ideias
Carla Ó da Silva
Nossos Versos
119
MORTE
Pequeno Ukwakusima
Mahiriri Ossuka
Luca Oliver
Lourenço Mussango
I Antologia Elos d´África
120
“Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem
corajoso experimenta a morte apenas uma vez.”
(William Shakespeare)
Nossos Versos
121
ACHO QUE MORRI
Nas noites que te perdi quando as ondas pararam de rosnar
Quando as aves abraçaram a terra…deixaram de voar
Quando os céus esconderam de mim o luar
Quando pedi que me ouvissem e ninguém me quis escutar.
Eu acho que morri, mas ninguém me quis contar
Sozinho o caminho é longo. Não saberei caminhar.
Por isso pense…. Oh poesia antes de me abandonar!
Tive a sensação que morri nas noites em que não ri
arrumei bem os meus beijos. Não os guardei…eu os comi!
Quero ficar aqui
onde ninguém me condena
onde ninguém me julga
onde ninguém pede amor
porque ninguém tem para dar.
Aqui onde ninguém sorri
e nem há porque chorar.
Parem com essa palhaçada!
Alguém me diz se morri, pois eu acho que morri, sem antes
poder notar e se porventura morri:
- Quantos me estão a chorar?
- Quando se ama, porque se magoa?
Ah! Como os poetas pensam atoa
Mas eu acho que morri e os aplausos que vós mó dás
são provas vivas que eu nunca existi.
Pequeno Ukwakusima
I Antologia Elos d´África
122
FARRAPOS DO MEU FALECIDO POEMA
O meu poema, oh meu poema,
falecido entre as mulheres da banda,
choramingando a fome e sede deles,
os seus maridos vivos na morte viva,
os amigos do meu poema fornicado,
entre os grunhos, grossos, grandes e arcaicos!
(…)
Meu falecido poema, naquele silêncio forçado,
de vozes rocas de gritos mudos e ainda destemidas,
pelas grandezas e por medo dos peixes grandes,
que vivem naquela mata fechada de esconderijos,
e segredos populares de fama, criada por águas,
turvas e sujas de toda aquela poeira picante!
(…)
Meu falecido poema, oh meu poema,
escavado pela dor das viúvas sofridas,
deixadas ao sol e privadas de sombra,
o meu falecido poema que chorava sangrento,
por aquelas silenciadas aves que já não cantam,
porque a língua delas segura o meu poema!
(…)
Não era o meu poema falecido e solitário,
que trazia aquelas matanças categóricas,
de queimadas baralhadas do teu lume.
Nunca foi o meu poema, aquele falecido,
poema das vinganças e glórias em vencidas,
batalhas implacáveis do sermão político!
(…)
O meu poema, quem o fez falecido,
sabe o quanto alegre está onde for que esteja,
o meu poema escrito de letras tontas
em linhas e cores mascaradas de paz e de guerra
como quem desconhece o olhar dos teus olhos
estes olhos cegos que só se abrirão à morte!
Mahiriri Ossuka
Nossos Versos
123
MORTE, A DOCE VIAGEM
Folhas caem pelo chão
num voo sem volta.
O outono abraça a terra.
Uma suave neblina
cobre os campos ainda verdes.
A palidez descolore meu rosto.
Em meus olhos apaga-se o brilho.
Dos meus lábios sedutores
a cor se desvanece.
Meu corpo frágil
outrora tão ágil
no leito adormece.
Ela chega de mansinho,
leve como o algodão
envolve-me com seu fino véu.
Docemente me leva pela mão.
Voarei livre da dor e solidão
por sobre colinas e montanhas,
irei ao encontro do desconhecido,
outros mundos, outros sois,
nesta serena viagem
rumo ao infinito...
Luca Oliver
I Antologia Elos d´África
124
SILÊNCIO MORTÍFERO
Céu nublado
Alma abandonada
Coração dilacerado
Vida marginalizada
Amor renegado
História apagada
Olhar piedoso e penitente
Suplica a ajuda da Tríade omnipotente
Dentes serrados e convalescentes
Clamam por entre silêncios estridentes
Silêncio!
Na ida sem regresso,
A púrpura alma se esvai
Entre soluços e lamentos
Deus, sem dó, dá vida a morte
Na vida do convalescente devoto
Pranto e luto
Tingem de morte o coração absorto.
Lourenço Mussango
Nossos Versos
125
ÓDIO
Veloso Buto
Carla Ó da Silva
Pequeno Ukwakusima
Mahiriri Ossuka
I Antologia Elos d´África
126
“Se você odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte
de você. O que não faz parte de nós não nos perturba.”
(Hermann Hesse)
Nossos Versos
127
RELATO DAS LÁGRIMAS
Sinto esgotar a tinta da caneta.
Palavras fugiram do alfabeto
para acordar o meu ser poeta
analfabeto que o ódio deixou incompleto.
Versos transmitem as lágrimas
Estrofes realçam o valor das palavras
Coração ferido não por facadas
Tanta dor no peito que lembram as chibatadas.
Folhas testemunham o meu rancor
Tanto ódio nas minhas entranhas
Que o coração se reveste de sofrimento
carregando lágrimas com força de mover montanhas.
.
Ódio de um amanhecer violento
onde muitos morrem e acabam no total e astuto esquecimento
Minha boca continuará fechada
mas deixarei voar as minhas palavras.
.
Veloso Buto
I Antologia Elos d´África
128
ABOMINAÇÃO
Livrai-nos do pecado
De objecto cobiçado
Raiz do amargurar
Difícil de arrancar
Livrai-nos da iniquidade e dos ganhos ilícitos
Não pereça em seu pecado
Denigrindo sabedoria
Momentos de emendada
Distante, diferente, que cresça
Cuidando um do outro
Diminuindo a malquerença
Para que a iniquidade não seja contaminada.
Carla Ó da silva
Nossos Versos
129
ASSOBIAR DAS LOMBRIGAS
Relógios parados
Minutos passam as escondidas
Horas perdem-se no tempo
Vidas voltadas ao som dos grilos
Risos dançando nos lábios do mendigo.
A melodia da moleta fez passos humanos
Houve-se do lá o assobiar das lombrigas
O dia vende-se por alguns goles de Kissangua25
Num pestanejar, mais um sol se vai as escondidas
A noite se entrega como uma meretriz
nos braços dum dia qualquer.
- E eu?
Apenas espelho,
um forasteiro mendicante
nas senzalas do meu variado “eus”
Durmo sonos emprestados dos ventos
Muitas vezes, pedi a morte um abrigo
mas a vida não me quer deixar …
Pequeno Ukwakusima
ÓDIO POLÍTICO
Uma das razões que me levam
25 Kissangua: é uma bebida caseira mais usual na tradição do povo Ovimbundu no sul de Angola.
I Antologia Elos d´África
130
a ser guerreiro, a ser caçador
e a manter as linhas de ódio,
é a arrogância política,
a insensibilidade humana
sobre quem lhe atribui o poder
de torcer os sonhos e contos.
É essa remitência,
essa impaciência,
contra “alfabetizados”
sábios da minha antiguidade!
É a violência consistente
à minha inteligência
atacada por repetições
de discursos com arrogância política!
É essa insatisfação
sobre a expectativa
de resultados das promessas
antes da minha confiança traída.
É a remitência,
é a impaciência
contra “alfabetizados”
sábios da minha antiguidade.
É a violência, é a enganação
da minha inteligência
forjada por repetições
de fragmentos de história política.
Mahiriri Ossuka
Nossos Versos
131
PAZ
Arnaldo Tembe
Viegas dos Santos
Daúde Amade
Kelly Dee Correia
I Antologia Elos d´África
132
“Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete
comido com ansiedade.” (Esopo)
Nossos Versos
133
GRITO D'ALMA
Não mais quero ouvir a voz ensurdecedora
das armas que emudece os meus tímpanos.
Quero respirar a liberdade,
a meiguice da paz,
convencer o povo meu que o sofrimento
faz parte do nosso passado longínquo.
Namorar a imensidão do céu e
na beleza do azul procurar os sonhos hipotecados
pelas lágrimas da guerra.
Quero acompanhar os pássaros em suas viagens,
contemplar as paisagens que a guerra não afetou e
no verde das plantas ressuscitar um Homem novo, amante da paz!
Arnaldo Tembe
I Antologia Elos d´África
134
ENCONTREI PAZ NOS BRAÇOS DE OUTRA
Não me julgues com tanta dureza.
Antes, porém, compreenda
que não foram os meus instintos carnais
mas sim a necessidade de viver a paz.
Há muito me vejo nas trincheiras do lar
que ambos construímos.
Nota-se o quanto já não me respeitas
pela forma que me tratas em frente ao nosso filho.
Com ela me sinto mais que valorizado
como um doente sob cuidados sanitários.
É assim que em seus braços me sinto:
um mendigo acolhido num abrigo.
Não significa que nunca te amei
apenas não tenho mais a mulher com quem me casei.
Talvez este seja o fim da nossa história
porque encontrei a paz nos braços de outra agora.
Viegas dos Santos
Nossos Versos
135
DESEJO PROFUNDO
Oh! Paz,
Quem te demora?
Quem faz-te ausente em nós?
Por que passas de tão longe
enquanto ansiamos ter-te aqui?
Por que terras andas,
que nem por sombras cá te vejo?
Tão prometida, tão desejada,
és a filha esperada dessa pátria amada,
que hoje vive amargurada.
Volta! Pois o bom filho sempre volta a casa!
Porque negas esse princípio
e contrarias esse adágio?
Que nos é crença, um Deus,
um sonho e é tudo em nós.
Oh Senhor nosso Deus!
O que te adormece
quando balas e bombas gritam,
quando suas criaturas se aniquilam?
Dê-nos paz, meu Senhor!
Ponha um fim a esse episódio.
Traga-nos de volta a humanidade,
Não bastas que nos instrumentalizam
fazendo de nós armas de dissipar ódio,
angústia e egoísmo no outro.
A paz, eis o que te peço Senhor!
Quando em terra adormeço,
pois que temo não ver alumiar,
nessas terras viciosas,
o sol nascente do meu belo Índico.
Daúde Amade
I Antologia Elos d´África
136
PAZ
As definições nos distanciam.
Literalmente sinto medo.
Eu te quero perto ó PAZ!
Te procurei numa loja, te procurei ó Paz.
Adeus e bem haja. Aliás, nós temos de ir juntos.
Nós, os dois, somos um elemento de vários conjuntos.
Pessoas falam de ti no mundo inteiro.
No Globo estas escondidas, poucos sentem o teu cheiro.
Nos rios te procurei. Te procurei ó Paz.
Crianças nos seus brinquedos te procuram,
mães nas dores de parto te clamam,
pais na força da vida te buscam.
Afinal todos falam de você.
Ainda te procuro ó Paz, seja interno ou externo.
Sem desconfiança e nem desespero eu te procuro.
Homens usam forças para procurar tesouros
e eu as usarei para te encontrar e ser teu herdeiro.
Bata a minha porta. Eu quero te implementar.
Cheio de amor eu quero te distribuir em diferentes partes da
mesma forma que usarei dessa poesia para propagar a arte.
A forma de dar, diferente dos que não sabem te tratar, eu vou
te negociar e viveremos para sempre cheios de Paz, Amor e
harmonia...
Fica Paz....
Kelly Dee Correia
Nossos Versos
137
ARTES
Lourenço Mussango
Mauro Silva
Daúde Amade
Germano de Carvalho
I Antologia Elos d´África
138
“Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de
ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes
vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira,
porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas,
contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas
visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida
humana.
Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma
história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem
narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em
linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.”
(Fernando Pessoa)
Nossos Versos
139
DIÁLOGO COM DEUS
Quem sou eu, Deus?
Simples mortal, uma miragem...
Estalido da folhagem ao vento
Ou apenas lânguida pregadora de convento!?
Não sei.
Em mim reina o cálix profano,
que desumanizou o Homem.
Reina a heresia que Te alimenta, ó Eterno!
Em mim reina o elixir do Nazareno,
que sustenta o servilismo perpétuo.
No mastro da clausura endeusada,
ouvem-se salmos e liturgias penitentes.
Nas esquinas, por entre jogos de sombras,
vislumbram-se sexos santos cuspindo sémenes
sobre as bocas de inocentes adolescentes.
Pecado consentido por ti ou por mim?
Não sei.
Somos divinos siameses!
Deus! Cansei de Ti, de mim e de nós
Cansei de vender ruelas de ouro por meio da fé
Não mais quero comercializar embuste em latim
Quero antes o Gadareno que me alimenta o frenesi.
Lourenço Mussango
I Antologia Elos d´África
140
ARTES
São caminhos poliglotas,
que anseio saber falar
todas as vezes que namorar
essas línguas expressadas em notas.
Notas essas, tocadas pelos pássaros
recombinadas ao som das ondas do mar.
Mas! Me parece injusto apenas escutar.
quando posso pintar o céu e o mar com o olhar.
Apagando a linha do horizonte,
para que as artes venham a ser uno.
A dança, a música, a pintura e demais.
Venham parir aqui,
dentro de mim, todo talento e ofício,
para que venha colorir almas obscuras,
como o fogo-de-artifício.
Mauro José da Silva (Águia do Verso)
Nossos Versos
141
MISTÉRIO
Sou daqui, sou da terra
Desconhecem-me os homens
Os mesmos, o que consomem…
Reles viventes dessa esfera.
Mistério há que não haver,
mas falta de interesse há,
nesse interesse em não saber
de que mistério que há.
Seja sua génese, ele mesmo.
Mistério que não é, mistério que é,
basta que se diga que há… talvez é,
como crença do descrer mesmo,
ou de crer em Deus de Tales; a água
quiçá seja Deus na minha rasa tábua.
Daúde Amade
I Antologia Elos d´África
142
LITERATURA
É a arte de escrever
a liberdade de pensar.
É a liberdade de eu ser apenas eu
quando não quero ser.
É a liberdade de ser alguém
quando quero ser ninguém.
É a liberdade de ter alguma coisa
quando não quero ter nada.
Literatura é ser uma ave sem asa para voar,
sem saber por onde voar
nesta província, país, continente, e ao mundo fora
ou talvez na mente e na boca
daquele que bebeu das palavras
embriagando-se em cada sílaba.
Lida sem saber,
mesmo sem ver o que sequer.
Literatura é a arte ampla de elogiar
e descrever a beleza de uma mulher
de querer sem ver, de falar sem saber,
de sonhar sem nunca realizar.
É viajar na imaginação,
mais além, sem limites de pensamentos
mesmo quando o vazio é sentimental,
literatura é a arte da livre interpretação.
Germano de Carvalho
Nossos Versos
143
I Antologia Elos d´África
144
1ª Antologia Elos D´Africa – Nossos Versos
Angola – Brasil – Guiné Bissau - Moçambique
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1ª Edição
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