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IMPACTOS SOCIO-ECONOMICOS DO CULTIVO DE DENDÊ NA AGRICULTUTA FAMILIAR DE TAILÂNDIA/PA.
Carla Adriane Fiuza de Mello Lima ¹
Marina Teles Carvalho²
RESUMO
Este estudo aborda a trata da expansão do cultivo de dendê no município de Tailândia/PA, fazendo um resgate de assuntos importantes para a compreensão do tema, tais como a implantação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) em 2004 e as politicas de incentivo para o crescimento desde cultivo junto aos agricultores familiares que aderiram ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), com linhas de créditos para investimentos em Energia Renovável e Sustentabilidade Ambiental (PRONAF-ECO). Para tanto, realizou-se uma série de visitas Através de uma visita em a de campo com técnicos da (colocar nome antes da sigla), EMATER, realizando foram feitas entrevistas com agricultores e demais atores envolvidos que aderiram a esse no projeto. Com isso, arrendamento de suas terras ao plantio do dendê para grandes empresas e pôde-se constatar a real situação de certos que, via de regra, vários agricultores em Tailândia/PA, que abriram mão o abandono do cultivo de outras culturas para se dedicar ao plantio dessa monocultura não promoveu resultados financeiros desse arrendamento não estão sendo satisfatórios para os agricultores da região.com relação aos ganhos deixados por esse plantio em suas terras.
Palavra – chave: Dendê, Agricultura Familiar, Biodiesel.
__________________________________________________
¹ Gestão Empresarial pela Universidade da Amazônia (sigla)E-mail: carladriane09@hotmail.com
² Bacharel em Administração pela Fundação Universidade do Tocantins (sigla)E-mail: marinatelescarvalho@yahoo.com.br
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1 INTRODUÇÃO
O dendezeiro, palmeira de origem africana, foi introduzido no Brasil juntamente com os escravos no século XVII. As primeiras plantações de dendê no Brasil foram cultivadas no início da década de 60 na Bahia e logo após, no Pará e Amazonas. FONTE! + unir com parágrafo subsequente com algum link: (ex: No Pará, em particular, ....)
Os primeiros investimentos do cultivo do dendê no Estado do Pará iniciaram-se em 1965 a partir da experiência pioneira da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), no município de Santa Barbara, mesorregião metropolitana de Belém. Em 1974, esse plantio deixou de ser competência da SUDAM e passou a ser de competência da Dendê do Pará (DENPASA), a partir daí outras empresas foram sendo criadas ou fundidas, destacando-se no presente a Agropalma S/A (AGROPALMA), Marborges Agroindústria S/A (MARBORGES), Companhia Vale/Biopalma da Amazônia S/A (BIOPALMA), Belém Bioenergia (PETROBRAS/GALP ENERGIA) entre outras. (REPORTER BRASIL, 2015).
O uso do biodiesel como um combustível renovável vem como uma alternativa ao mercado energético para substituir as importações de derivativos do petróleo, uma vez que são produzidos a partir de óleo vegetal ou gordura animal, tendo essa palmeira como objetivo principal a extração do óleo de seu fruto (dendê). Sendo assim, houve a criação de um Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), através de uma lei federal que lhes desse diretrizes e amparo legal, para que o biocombustível pudesse ter viabilidade econômica e social. Sabe-se que hoje, todo o diesel produzido em território nacional contém um percentual de biocombustível adicionado em sua composição. Segundo a ONG REPORTER BRASIL, 2010, na criação do PNPB, o percentual do biodiesel adicionado ao diesel comum era de 2%, denominado B2; com uma estimativa de aumento gradual no decorrer dos anos. Em 2008 teve o aumento de 3% de adição o chamado B3, em 2009 cresce para 4% o B4, em 2010 chega a 5% o B5. Conforme a Lei Federal nº 11.097/2005 estipulava que em 08 anos após a criação da referida lei, o percentual chegaria a 5% o B5, sendo que hoje as grandes empresas que utilizam o dendê para fins de biocombustível são a Valle e a Petrobras Biocombustível (PBio). (desdobrar em 2 parágrafos e inserir link entre eles... )
Outra proposta do Programa é a inclusão do agricultor familiar no projeto da cadeia de produção do biodiesel, onde o agricultor seria o fornecedor de insumos para as empresas de dendê. Estima-se que ao menos 55 mil agricultores estejam incluídos como fornecedores de matéria-prima para as grandes empresas de biodiesel, REPORTER BRASIL, 2010. O que torna a questão bastante preocupante, uma vez que os agricultores terão um menor tempo para se dedicar ao cultivo de alimentos, por conta das cláusulas contratuais celebradas entre as empresas e os agricultores, podendo acarretar na queda da produção de alimento no país, e mais especificamente no Estado do Pará. Segundo OVERBEEK, 2013, (citação errada....) 70% a 75% dos alimentos básicos da mesa dos brasileiros vem da agricultura familiar.
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Em uma recente diretiva da própria União Europeia, o uso de biocombustíveis nos combustíveis foi reduzido para 7%, após o reconhecimento de que os agrocombustíveis ou biocombustíveis competem com a produção de alimentos, contribuem para as mudanças climáticas e orçam mudanças no uso do solo. Ou seja: além de não serem solução para as mudanças climáticas, agravam o risco de segurança alimentar no mundo. (EMBRAPA, 2015). (citação direta leva página...)
Hoje as empresas de dendê inseriram os agricultores familiares na cadeia produtiva, o que vem causando um certa preocupação, uma vez que ocorre uma limitação de tempo e de terras para que os agricultores dediquem-se a cultivar simultaneamente o dendê e outros alimentos, diante do exposto em contrato.
O objetivo deste artigo foi identificar como o dendê está na prática modificando a vida do agricultor familiar seja de forma positiva ou negativa, uma vez que as regras estabelecidas nos contratos com as grandes empresas são extremamente rígidas e os submetem a viver sob uma certa dependência para com as mesmas, obrigando-as a trabalhar de acordo com o sistema de cada empresa. (se o objetivo do artigo é identificar como isso vem ocorrendo, como é que vocês já complementam a explicação do objetivo destacando uma série de coisas negativas; isso deixa claro que o estudo já se inicia com uma série de viesses, etc.)
Para isso (cumprir tal finalidade...), a pesquisa foi divida em três (duas, pois a revisão bibliográfica não compõe etapa de pesquisa, é mais uma obrigação comum a qualquer estudo acadêmico etapas), (ponto; e não vírgula, afinal de contas, não é um complemento ou aposto, etc.) a primeira delas consiste em uma revisão bibliográfica onde foi estudado e analisado os aspectos relacionados ao cultivo do dendê. Na segunda etapa, construímos um banco de dados a cerca de uma periodização da dendeicultura, identificando a área plantada e produção. Para tanto se fez necessário consultar o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de um levantamento cartográfico das áreas de plantação de dendê no município de Tailândia/PA. O levantamento desses dados compreende dois períodos: o anterior e posterior ao PNPB. Esse período fornecerá uma trajetória espacial da dendeicultura no município em questão. E a terceira etapa onde foi realizada uma pesquisa de campo juntamente com técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (EMATER), indo em uma visita até a comunidade rural Nova Paz, 32 km de distância do município de Tailândia/PA, onde entrevistamos cinco famílias beneficiadas do PRONAF-ECO que tem parceria com a empresa Belém Bioenergia S/A (PETROBRAS/GLAP ENERGIA) que também responderam a um questionário, além de recorrer via ofícios a fontes como o Banco da Amazônia (BASA). O interesse pelo tema partiu de uma sugestão do nosso professor orientador, o que nos fez refletir sobre as politicas de dendê no município de Tailândia/PA, que desde a década de 1990 já possui plantações da palma em fazendas do município, com industrias do ramo instaladas em seu interior.
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Inserir um parágrafo de fechamento da introdução, explicando como o artigo está estruturado. Ver exemplo nos artigos consultados para construir a pesquisa
2 PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DO BIODIESEL (PNPB)
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) foi instituído pela lei nº 11.097 de 13 de Janeiro de 2005, após uma visita do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cidade de Tomé-Açu no interior do Pará para o lançamento do Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo em abril deste mesmo ano. Tudo isso foi resultado do trabalho do grupo internacional de biocombustíveis, encarregado de apresentar pesquisas sobre a viabilidade da utilização do biodiesel como fonte alternativa de energia no Brasil.
Essa lei estabelece a obrigatoriedade da adição de um percentual mínimo de biodiesel ao diesel comercializado e qualquer parte do território nacional. Esse percentual obrigatório era de 2% no inicio da criação da lei em 2005 chamado de B2, após oito anos de sua criação a lei estipula o percentual de 5% de biodiesel adicionado ao diesel nacional, denominado B5.
O PNPB, atualmente coordenado pelo órgão responsável pela implementação e monitoramento do programa, a Comissão Executiva Internacional (CEIB) e executado pelo grupo gestor, o programa possui como principais diretrizes conforme o site do Ministério de Minas e Energia (MME):
Implantar um programa sustentável e que promova agricultura familiar; Garantir preços competitivos, qualidade e suprimento do biodiesel em todo
território nacional; Produzir biodiesel a partir de diferentes tipos de oleaginosas e em regiões
diversas.
Essas diretrizes buscam incorporar os aspectos tecnológicos, mercadológicos e socioambientais da cadeia produtiva, promovendo a concreta inserção do biocombustível na matriz energética nacional e ao mesmo tempo a expansão do emprego e renda em regiões com elevado índices de pobreza.
De acordo com o INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL (2014), a criação do PNPB consolidou os biocombustíveis como fonte energética alternativa, aumentando a produção de 70 milhões de litros/ano em 2006 para 2,71 bilhões de litros/ano em 2012. Segundo o CANAL BIOENERGIA (2016), o Brasil consta no ranking em 2º lugar entre os maiores produtores de biodiesel do mundo. Dos anos de 2014 à 2015 constatou-se um aumento de 15% na produção nacional de biocombustíveis, totalizando-se quase 4 bilhões de litros segundo a Agencia Nacional de Petróleo (ANP).
O biocombustível veio como fonte alternativa de substituição do óleo diesel e derivados do petróleo de forma sustentável e renovável, uma vez que são originários da
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própria natureza como oleaginosas que produzem sementes com potencial para a produção de biodiesel. O dendê ou palma como é conhecido é um exemplo de oleaginosa utilizada na produção de bicombustível no país e o Estado que mais produz essa palma no Brasil é o Pará, (GLOBO REPORTER, 2015). No Pará, o Estado com maior produção do país, foi criado um dos chamados “ Polos de Produção de Biodiesel” principal estratégia do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para promover a inclusão de agricultores familiares na cadeia de produção do biodiesel, abrangendo 37 municípios prioritários para investimentos na dendeicultura.(GLASSS, 2012).
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) destina-se a estimular a geração de renda e melhorar o uso da mão-de-obra familiar, por meio do financiamento de atividades e serviços rurais agropecuários e não agropecuários desenvolvidos em estabelecimento rural ou em áreas comunitárias próximas.
O Pronaf Eco trata-se da linha de crédito para investimento em energia Renovável e Sustentabilidade Ambiental, uma extensão do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) dedicada exclusivamente a atividades de fins sustentáveis.
São beneficiários do Pronaf Eco agricultores enquadrado no PRONAF e que apresentam projeto técnico ou proposta para investimento em uma ou mais das finalidades abaixo relacionadas conforme o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS)
IMPLANTAR, UTILIZAR E/OU RECUPERAR:
Tecnologias de energia renovável, como o uso de energia solar, da biomassa, eólica, mini usinas de biocombustíveis e a substituição de tecnologia de combustíveis fósseis por renovável nos equipamentos de máquinas agrícolas
Tecnologias ambientais, como estação de tratamento de água, de dejetos e fluentes, compostagens e reciclagem;
Armazenamento hídrico, como ouso de cisternas, barragens, barragens subterrâneas, caixas d’água e outras estruturas de armazenamento e distribuição, instalação, ligação e utilização de água;
Pequenos aproveitamentos hidroenergéticos; Silvicultura, entendendo-se por silvicultura o ato de implantar ou manter
povoamentos florestais geradores de diferentes produtos madeireiros e não madeireiro;
Adoção de práticas conservacionistas e de correção de acidez e fertilidade do solo, visando à sua recuperação e ao melhoramento da capacidade produtiva.
Os agricultores e produtores rurais que compõe as unidades familiares de produção rural devem comprovar seu enquadramento no PRONAF mediante a apresentação da “ Declaração de aptidão ao Pronaf (DAP)” ativa. Essa declaração é
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adquirida através dos sindicatos rurais ou de uma empresa de assistência técnica e extensão rural, por exemplo, a EMATER.
Quando destinados a projetos de investimentos para a cultura do dendê, os critérios da linha Pronaf Eco sujeitam-se à condições especiais quanto a finalidade dos investimentos e ao limite de crédito. O investimento deve ter como finalidade a implantação da cultura do dendê, com custeio associado para a manutenção da cultura até quatro anos. O limite de crédito é de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais) por hectare, limitado a R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais) beneficiário, com taxa efetiva de juros de 2% a.a (dois por cento ao ano). O prazo de reembolso é de até 14 (catorze) anos, incluindo até 6 (seis) anos de carência de acordo com o projeto. Os financiamentos dos projetos ocorrem por meio de parcerias do Pronaf Eco com o Banco da Amazônia (BASA) e com o Banco do Brasil (BB).
Após o lançamento em 2004 previsão inicial era de que fossem incluídos 200 mil agricultores familiares na cadeia produtiva do programa de biodiesel, porém, ao final de 2010 esse número chegava apenas 109 mil agricultores, quase a metade do previsto inicialmente. Mas isso não significa que o PNPB do ponto de vista de suas metas inclusivas tenha sido um fracasso. O número de famílias integradas eleva-se desde 2009, conforme mostra o quadro 1.
Quadro 1: Evolução do número de famílias no PNPBNÚMERO DE FAMILIAS NO PNPB (2005 A 2010)
ANO 2005 2006 2007 2008 2009 2010Nº DE
FAMILIAS16.328 40.598 36.746 27.858 51.047 109.000
Fonte; SFA/MDA, apud Repórter Brasil, 2010
A nova fase do programa dar-se devido a entrada da Petrobrás Biocombustível (PBio) no setor. A PBio, atualmente opera com usinas de biodiesel em vários Estados do Brasil, incentivando a agricultura familiar. Com esse aumento do numero de famílias envolvidas no PNPB, a apropriação de renda da cadeia produtiva do biodiesel também aumentou. Em 2009 os leilões de compra de biodiesel organizados pelo governo movimentaram R$ 3,6 bilhões e as aquisições de produtos da agricultura familiar pelas usinas alcançaram R$ 677 milhões.
Se do ponto de vista das metas sociais o programa não trouxe os resultados esperados, o mesmo não se pode dizer das metas produtivas. Nesse aspecto, o programa superou as expectativas e arrecadou bilhões que foram investidos para levantar um parque industrial composto por 62 usinas em 15 Estados brasileiros. (REPÓRTER BRASIL, 2010).
Apesar de contar como prioridade do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel desde a sua criação em 2004, o dendê passou a receber investimentos vultuosos, principalmente no Pará após a criação do Projeto Norte de Produção Sustentável de Biodiesel da Petrobrás a partir do óleo de palma (dendê) e o Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo no Brasil, com o objetivo de tornar o Pará o maior polo industrial de biodiesel do mundo.
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A participação da agricultura familiar no cultivo do dendê ampliou a área ocupada pela cultura no nordeste paraense. Atualmente de acordo com a Secretaria de Agricultura do Estado do Pará (SAGRI), somando-se as áreas próprias do setor empresarial às ocupadas pela agricultura familiar, a região contabiliza cerca de 166 mil hectares ocupados pela cultura (REPÓRTER BRASIL, 2015).
2.1 O CULTIVO DO DENDÊ NO MUNICPIO DE TAILÂNDIA/PAO cultivo do dendê em Tailândia teve inicio com a chegada da empresa
Agropalma que já atuava com destaque na mesorregião de Belém desde medos de 1974, antes mesmo da implantação do PNPB. A empresa, de capital nacional, atua em três municípios do Pará: Tailândia, Acará e Moju. Sobre uma superfície total de 107.000 hectares. Agropalma é o primeiro produtor de óleo de palma no Brasil, consagrando 40.000 hectares às plantações de palma. Mais de 4.000 empregados trabalham na exploração e a maior parte vive sobre um dos dois domínios da empresa (“agrovila”). (MAGALHÃES DROUVOT ET DROUVOT, 2009).
No ano de 1988 o município já apresentava uma extensa área de plantio conforme mostra o quadro 2.
Quadro 2: Área de plantio de dendê em Tailândia/PA no ano de 1988.
Fonte: SEMAS
No ano de 1991, Tailândia já se sobressaia aos demais municípios do Estado do
Pará, por ser um dos principais produtores do cultivo do dendê como mostra o quadro 3:
Quadro 3: Principais municípios paraenses produtores de dendê
PRODUÇÃO DE DENDÊ NO ESTADO DO PARÁ (1991)Principais Municípios Produtores Produção em Toneladas
Tailândia 114.000Mojú 69.554
Benevides 41.297Santa Isabel do Pará 32.057
8
Santo Antônio do Tauá 31.889Acará 27.527
Castanhal 3.600Igarapé-Açu 3.318
São Francisco do Pará 2.913Vigia 2.860
Tomé-Açu 620São Domingos do Capim 280
Ourém 103Fonte: IBGE
A produção de dendê do município de Tailândia teve uma rápida expansão e
logo superou a produção do município de Moju, que por sua vez era o município com
maior área de plantio de dendê na microrregião de Tomé-Açu. (Quadro 3 e 4).Quadro4: Municípios produtores de dendê na microrregião de Tomé-Açu
PRODUÇÃO DE DENDÊ NA MICROREGIÃO DE TOMÉ-AÇU (1994)Municípios Área destina a
colheita (ha)Área colhida
(ha)Quantidade
produzida (T)Rendimento
médio (Kg/ha)Acará 6.670 6.500 97.500 15.000Moju 8.300 8.300 97.824 11.786
Tailândia 8.045 8.045 176.990 22.000Tome-açu 446 446 3.596 8.062
Fonte: IBGE
Quadro5: Municípios produtores de dendê na microrregião de Tomé-Açu.
PRODUÇÃO DE DENDÊ NA MICROREGIÃO DE TOMÉ-AÇU (1996)Município Área destina a
colheita (ha)Área colhida
(ha)Quantidade
produzida (T)Rendimento
médio (Kg/ha)Acará 6.700 6.700 100.000 14.925Moju 8.300 8.300 97.824 11.786
Tailândia 8.045 8.045 176.990 22.000Tome-açu 491 491 3.958 8.061
Fonte: IBGE
Como se pode observar a partir dos quadros acima, a cultura do dendê manteve
uma produção estável no período entre 1994 a 1996. No entanto, teve uma rápida
expansão e que podemos observar se compararmos a produção entre 1991 e 1994. Nesse
período de três anos houve um aumento de 62.990 toneladas na produção. Com isso,
Tailândia superou até mesmo a produção de municípios que já vinham cultivando o
fruto anos à frente, tornando-se um dos principais produtores de dendê do Estado do
Pará, e contribuindo significativamente para a economia local.
No ano de 2004, Tailândia continuava sendo o maior produtor de dendê da
microrregião de Tome-Açu, de acordo com dados do IBGE, nesse período o município
produziu 300.502 toneladas do fruto.
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Em 2005, após a implantação do PNPB e a inserção da agricultura familiar no
cultivo do dendê, iniciou-se uma nova fase para a dendeicultura, em especial para
Tailândia. A partir de então, o número de áreas plantadas cresceu substancialmente,
assim como a produção, tornando Tailândia o principal produtor da região como mostra
o quadro 6:Quadro 6: Principais municípios paraenses produtores de dendê
PRODUÇÃO DE DENDÊ NO ESTADO DO PARÁ (2006)Principais Municípios Produtores Produção em Toneladas
Tailândia 464.735Acará 182.000Mojú 135.132
Santa Bárbara do Pará 50.500Igarapé-Açu 42.500Tomé-Açu 37.500
Santo Antônio do Tauá 35.750Castanhal 27.027
Bonito 24.000Santa Isabel do Pará 12.000Concórdia do Pará 8.750
São Francisco do Pará 2.853Bujaru 2.800Vigia 1.625
Fonte: IBGE
Comparando-se a produção de Tailândia no ano de 2004 (ano interior a criação
do PNPB) com a produção do ano de 2006 (após o PNPB) observamos um amento de
164.233 toneladas. No quadro 7 podemos observar a área total de dendezeiros no
município no ano de 2006.Quadro7: Área de plantio de dendê em Tailândia/PA no ano 2006
Fonte: SEMAS
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Em 2010 houve uma pequena queda na dendeicultura em Tailândia, a produção
caiu para 450.554 toneladas de acordo com dados do IBGE, 14.181 toneladas a menos
se comparando a produção de 2006. No entanto, no ano seguinte o cultivo do fruto
voltou a subir, superando a produção de 2006, que até o momento era a maior produção
já alcançada pelo município. Em 2011 a produção disparou chegando a 474.601
toneladas de dendê, 9.866 toneladas a mais que 2006 e 24.047 toneladas a mais que em
2010.
Em 2012 a produção caiu novamente e a partir de então se manteve instável até
2014, ano dos últimos registros da produção de dendê na região. No quadro 8, podemos
ver os dados da produção de 2011 a 2014.Quadro 8: Produção de dendê em Tailândia/PA entre 2011 e 2014.
PRODUÇÃO DE DENDÊ EM TAILÂNDIA/PA (2012 a 2014)Ano Produção (T)2011 474.6012012 405.0552013 405.0552014 405.055
Fonte: IBGE
Os motivos pelos quais se deu essa pequena oscilação na produção de dendê em
Tailândia nesse período entre 2010 e 2012 não são de nossos conhecimentos, uma vez
que todos os dados foram retirados do site do IBGE e o mesmo não fornece nenhuma
justificativa, apenas números.
Desde que o município superou pela primeira vez a produção de Moju e se
tornou o maior produtor da microrregião de Tomé-Açu, Tailândia tem conseguindo se
manter no posto com uma produção bastante superior aos demais municípios da
microrregião. No quadro 9 podemos observar o histórico da produção no município
desde 1991 até 2014.Quadro 9: Produção de dendê em Tailândia/PA de 1991 a 2014
050.000
100.000
150.000200.000
250.000
300.000
350.000400.000
450.000
500.000
1991 1996 2004 2006 2010 2011 2012 2014
Produção de dendê em Tailândia-Pa
Produção de dendê
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Fonte: IBGE
No quadro 10, referente a 2015 onde podemos comparar com os demais quadros
2 e 7, veremos um aumento significativo em relação as áreas plantadas no município.Quadro10: Área de plantio de dendê em Tailândia/PA no ano de 2015
Fonte: SEMAS
Observando atentamente todos os quadros aqui apresentados podemos visualizar
a expansão da dendeicultura no município de Tailândia e o curto espaço de tempo em
que se deu principalmente se comparando aos outros municípios da microrregião de
Tomé-Açu, dentre eles o Moju, um dos pioneiros desse cultivo nessa região do Estado.
Vocês têm que ter um tópico para explicar a metodologia da pesquisa.... sendo assim, o
Resultados seria o tópico 4. É um tópico obrigatório (e muitas vezes, um dos mais
importantes, inclusive). Uma tabela com a caracterização dos sujeitos abordados, um
explicação do instrumento e coleta de dados, etc. Se quisere um modelo legal, peguem
na minha dissertação de mestrado, por exemplo; ou até mesmo nos trabalhos do Nahum
3 RESULTADOS
3.1 PERÍODO ANTES E APÓS O CULTIVO DO DENDÊ (se é mais de um, não seria “períodos?”. De qualquer modo, acho que a apresentação dispensa o termo, inclusive.)
O cultivo da mandioca para a fabricação de farinha de mesa é uma tradicional
atividade no espaço agrário no nordeste paraense. Para Nahum e Santos (2013), a
cultura da mandioca tem importância social e econômica para milhares de famílias desta
fração da Amazônia.
Segundo Alves e Cardoso (2008), 85% da produção da mandioca do município
de Moju no nordeste paraense é para a comercialização e 15% destina-se ao consumo
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familiar. Essa cultura é fundamental na dieta alimentar de colonos das comunidades do
interior do município.
As comunidade tradicionais rurais da Amazônia historicamente cultivam, criam,
extraem e produzem seus alimentos, vendendo-os na beira, uma parte tradicional do
comércio que fica localizado nas ruas próximas aos rios.
A beira é um lugar de cotidiano vivo nas feições de pessoas com seus gestos, olhares e falares, muitas perguntando sobre preço, qualidade, tamanho e origem de plantas medicinais e ornamentais, frutas, fauna, peixe, camarão e carne de caça, cascas de cipós e arvores, mingau de açaí e de miriti, farinha de mandioca e d’água; tudo compondo aromas, odores, sons e cores diversos. (NAHUM, 2011, apud NAHUM e SANTOS, 2013). Página!!!!
Esse cenário tradicional da lavoura paraense passou a sofrer alterações a partir
do introdução do cultivo do dendê na região. Nahum e Santos (2013), ao percorrerem
uma comunidade rural por dentro de uma das propriedades da Empresa Agropalma,
passando entre os dendezais até chegar a Vila do Arauí no município paraense do Mojú,
destacaram: Vimos as metamorfoses na paisagem da comunidade de Arauí. Os roçados outrora marcantes na paisagem diminuíram, dividiram espaço ou até mesmo foram completamente substituídos pelo cultivo permanente da palma. (NAHUM e SANTOS, 2013). Página!!!!
ADEMAIS, SE AQUI ESTAMOS FALANDO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE VOCÊS, NÃO
HÁ COMO SE AMPARAR MUITO NO QUE FIZERAM OS AUTORES. UMA HORA OU OUTRA,
PODEM RECORRER A ELES PRA FAZER UMA COMPARAÇÃO, UMA ANÁLISE CRUZADA,
ETC., MAS, VIA DE REGRA, AGORA É A VEZ DE FALAR DA PESQUISA DA MARINA E DA
CARLA, DOS RESULTADOS COLETADOS POR VOCÊS; E NÃO POR ELES... ENTENDEM? A
BANCA CERTAMENTE CRITICARIA MUITO ISSO...
As paisagens rurais dos municípios do Acará, Moju, Tailândia, Tomé-Açu e
Concórdia do Pará, na micro região de Tomé-Açu no nordeste paraense são marcadas
por extensas monoculturas de dendê. Para OVERBEEK, 2013, a situação do Brasil é
delicada, porque hoje a agricultura no mundo é controlada por empresas do agronegócio
que cada vez mais tem controle sobre a produção de alimentos, uma produção mais
concentrada em grandes monocultivos.
Nahum e Malcher (2012) diz que o ritmo acelerado da expansão da
dendeicultura e da incorporação da agricultura familiar à atividade já vem modificado a
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estrutura produtiva do nordeste do Pará. Entre os anos de 2008 e 2010 a aquisição de
terras por parte de grandes empresas focou em grande média, lotes de pequenos
agricultores, muitos dos quais, depois de vendida a terra, passaram a trabalhar como
empregados de agenciadores de trabalho – os chamados “gatos” – ou das próprias
empresas no plantio de novos dendezais agroindustriais. No nordeste do Estado do
Pará, os autores discutem as implicações da mercadorização das terras sob efeito da
expansão dos cultivos de dendê sobre as populações de agricultores familiares,
extrativistas e quilombolas. Esse problema articula-se com o tema da eficiência
energética dos biocombustíveis alegadamente uma de suas vantagens sobre os derivados
do petróleo. Um dos pontos de controvérsias na literatura diz respeito justamente a essa
eficiência.
Abramovay e Magalhães (2007) mostram que nos EUA e na Europa as espécies
mais cultivadas apresentavam baixo balanço energético e, às vezes, até negativo. Por
outro lado, também apontaram criticas de que a contribuição dos biocombustíveis para
reduzir o efeito estufa é pequena, tanto pelo emprego de combustíveis fosseis na sua
produção, quanto pelo desmatamento e impactos sobre recursos hídricos que os cultivos
estimulam.
Sobre a região nordeste do Pará, o estudo de Drouvot e Drouvot (2011) envolveu
entrevistas objetivando conhecer a visão dos agricultores sobre a implementação dos
programas de incentivo a dendeicultura. Em municípios nos quais a exploração
madeireira recua, diante das pressões ambientais, trabalhadores indicavam aos
pesquisadores que viam o dendê como uma alternativa rentável em comparação com a
palma. Porém, os resultados do estudo apontam uma série de desafios, especialmente
nos dados reveladores da vulnerabilidade socioeconômica dos agricultores e de suas
organizações. Assim, a falta de regulamentação da propriedade por parte de pequenos
agricultores era uma barreira para o crédito bancário e portanto, inviabilizava
justamente a entrada das famílias mais frágeis economicamente. Essa condição as
tornava mais suscetíveis a venderem suas terras no mercado fundiário aquecido.
Essa expansão da dendeicultura em Tailândia promoveu fortes impactos sob as
populações rurais, em especial sob a agricultura familiar. Segundo informações
fornecidas pela Belém Bioenergia Brasil, a empresa tem atualmente parceria com 257
agricultores do Programa de Agricultura Familiar, sendo esse número a soma de
parceiros dos municípios de Moju e Tailândia. No quadro 11 podemos observar a
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distribuição desses agricultores nas comunidades rurais de Tailândia e a quantidade de
hectares plantadas por comunidades.Quadro11: Número de Agricultores Familiar de Tailândia parceiros da Belém Bioenergia Brasil
Comunidades Total de Parceiros p/ Comunidade
Hectares p/ Comunidade
Maracaira 17 170Pindorama 14 135
Mato Grosso 13 129Betel 11 110
Capelão (Vic. 13) 17 170Araui 03 30
Borba Gato 01 10
Total 76 754
Fonte: EMATER/PA
A FONTE USADA NO CORPO DO TRABALHO É UMA (TIMES NEW ROMAN), JÁ A FONTE
DOS QUADROS É OUTRA (ARIAL). REPAREM QUE O TRABALHO TEM QUE TER UMA
UNIFORMIZAÇÃO DE FONTES, ETC.
Segundo a Belém Bioenergia Brasil, as áreas de dendezais variam entre 7 e 10
hectares por família. A empresa informou também que na primeira colheita a produção
é em média de 7 toneladas por hectares. Essa produção aumenta conforme a maturidade
dos dendezeiros, após 12 anos a produção pode variar de 18 à 24 toneladas de dendê por
hectares. A empresa informou também que permite que os agricultores mantenham o
cultivo de outras culturas, desde que não seja na mesma área de cultivo do dendê.
Também de acordo com a Belém Bioenergia Brasil, foi estipulado um valor com a
finalidade de custear as despesas com a manutenção dos dendezais. Esse valor é de
aproximadamente R$ 1.000,00, no entanto, não é um valor fixo e não acompanha a
progressão do salario mínimo. A empresa não informou sobre o valor pago ao agricultor
pelo dendê,
De acordo com informações fornecidas pelo Banco da Amazônia (BASA) de
Tailândia, atualmente o município conta com 315 famílias beneficiadas pelo Pronaf
Eco para o cultivo do dendê, e esses agricultores beneficiados pelo PRONAF com
financiamento de projetos nos quais os valores variam entre R$ 25.000,00 e R$
337.000,00, e em alguns casos podem chegar até R$ 500.000,00, tem o período de
quitação que variam de 5 e 8 anos.
Porém, a partir das entrevistas feitas com pequenos agricultores que tiveram suas
propriedades rurais arrendadas para o cultivo do dendê em Tailândia, foram
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diagnosticados vários fatores desfavoráveis a essas famílias . O primeiro desses fatores
foi o fato de os agricultores não terem lido o contrato, que tem bastante relevância, uma
vez que eles não tiveram conhecimento quanto ao que poderiam ser submetidos, suas
responsabilidades reais e as responsabilidades e compromissos da empresa contratante.
Todos os entrevistados foram beneficiários pelo Pronaf Eco, no entanto, apenas
um deles, o Sr Ricardo Pereira Silva, declarou que o valor do financiamento foi
suficiente para atender as reais necessidades do projeto. Os demais declaram que o valor
foi insuficiente.
Quanto ao plantio os agricultores não tiveram nenhuma dificuldade, já quanto a
manutenção eles se depararam com algumas, como a adubação, o uso de herbicidas e o
coroamento (limpeza ao redor da palma), apesar de receberem o auxilio de técnicos
agrícolas fornecidos pela própria empresa. De acordo com todos os entrevistados essas
dificuldades quanto a manutenção foram unanimes entre eles.
Ao serem questionados sobre a colheita e comercialização, os agricultores
responderam que a primeira foi boa, o Sr Jose Anselmo Jardim disse ter sentido falta de
orientação e informação da parte da empresa em relação a colheita.
Antes de iniciarem suas atividades no cultivo do dendê as famílias entrevistadas
trabalhavam com a lavoura de mandioca, alguns deles tinham além do cultivo de
mandioca, a lavoura de milho, feijão, arroz, legumes e até criação de gado, alguns ainda
permanecem de forma simultânea como o Sr Ricardo Pereira da Silva declarou que o
gado e a lavoura continuam sendo a melhor fonte de renda para a sua família, mesmo
após o projeto de cultivo de dendê.
Para os agricultores entrevistados, apesar de o cultivo do dendê ter diversificado
suas atividades agrícolas, com o projeto, aumentou o trabalho da família, porém a renda
não aumentou, em alguns casos até diminuiu. É o caso do Sr Oscar Aleixo, que trabalha
no dendê juntamente com sua esposa e filhos que já possuem também família, que neste
caso precisa dividir o lucro com os dois filhos. Segundo ele o valor a ser pago pela
tonelada de dendê não é suficiente para cobrir as despesas com o próprio dendê,
necessitando retirar a quantia de R$ 500,00 da aposentadoria da esposa para suprir as
necessidades do plantio.
Os agricultores entrevistados estão bastante insatisfeitos com o valor que está
sendo pago pelo dendê e o valor dos fretes. De acordo com o contrato que tivemos
acesso através de um dos agricultores, o valor do fruto deveria acompanhar o valor de
mercado, no entanto, eles declaram que a empresa está pagando apenas R$ 220,00 por
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toneladas, enquanto outras empresas pagam o valor de R$ 370,00 por toneladas. Em
relação ao frete a queixa é de que deveria ter uma indústria nas proximidades, mas a
indústria não foi construída, e como consequência o frete se tornou mais caro. Segundo
o Sr Elson Silva lima, o frete a ser pago deveria ser de R$ 30,00 até 20 Km, porém, ele
paga R$ 80,00 por cada frete.
Todos os entrevistados estão insatisfeitos com seus projetos, uma vez que
aumentaram a sua carga de trabalho e não obtiveram lucro suficiente. Não encontram-se
em situação pior devido disporem de outras rendas além do cultivo do dendê.
Quando questionados se iniciariam novamente a participação em um projeto de
dendeicultura as respostas demostraram sua insatisfação, alguns disseram que sim
participariam, desde que houvesse mais esclarecimento, outros disseram sim desde que
fosse em parceria com outra empresa. Á o Sr Oscar Aleixo nos respondeu dizendo “nem
por brincadeira. Se pudesse devolveria tudo”.
Essas falas precisam ser mais exploradas. A propósito, me envia as transcrições pra eu
poder dar uma olhada e sugerir trechos legais pra vocês utilizarem, etc.
4 CONCLUSÃO (DADO O CARÁTER EXPLORATÓRIO DA PESQUISA,
SERIA INTERESSANTE VOCÊS CHAMAREM DE CONSIDERAÇÕES
FINAIS...)
Considerando a pesquisa tanto documental quanto a de campo em relação ao
cultivo do dendê no município de Tailândia/PA, verificamos algumas situações
importantes e que merecem atenção do poder público quanto a expansão dessa
monocultura no município.
A introdução do cultivo do dendê na microrregião de Tomé-Açu, nordeste
paraense, trouxe mudanças bastante significativas para a região. Paisagens antes
dominadas por grandes lavouras em Tailândia/PA, hoje dão espaço à extensas áreas de
dendezais. Sabe-se que a empresa Belém Bioenergia Brasil (PETROBRAS/GALP
ENERGIA) situada no município utiliza a palma para fins energéticos, na produção de
biocombustível, o que automaticamente limita a produção de alimentos na região
gerando impacto local e regional.
Essas dinâmicas sociais e econômicas das comunidades rurais mudaram a partir
do incentivo de linhas de créditos do PRONAF ECO DENDÊ, onde os trabalhadores
deixaram de lado o roçado e ingressaram no monocultivo do dendê com a expectativa
de melhorar de vida, uma vez que a empresa lhe promete fornecer todo o suporte desde
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o plantio até o escoamento, algo que por conta própria na produção da lavoura familiar
não seria algo tão simples de lidar, mas infelizmente, nem todos os agricultores que
ingressaram no projeto foram bem sucedidos, como no caso das famílias entrevistadas
na comunidade rural de Tailândia/PA, que na expectativa de melhoras de vida,
conseguiram apenas um aumento da carga de trabalho, causando na maioria desses
trabalhadores rurais insatisfação e frustração. Além da leitura dos contratos que não
ficaram bem esclarecida aos parceiros que arrendaram as terras, desconhecendo suas
reais obrigações para com as empresas do dendê.
Os valores disponíveis para os financiamentos pelo PRONAF ECO não foram
suficientes para cobrir todas as despesas com o plantio e o valor pago pela tonelada do
dendê não deixa tanto lucro, fazendo com que muitos agricultores necessitem de uma
segunda alternativa de renda para o seu sustento e para cobrir até mesmo parte das
despesas com o próprio dendê. Além do fato da Belém Bioenergia não possuir ainda
uma indústria em suas instalações, fez com que o frete com o deslocamento do dendê
das propriedades dos agricultores até a empresa ficassem bem mais caro.
Contudo, não pode-se dizer que o projeto do dendê trouxe apenas efeitos
negativos, mas sim efeitos positivos também à região de Tailândia/PA, como a geração
de emprego e renda no município. Acredita-se que se houver uma politica pública com
um empenho na estruturação e na condução do cultivo, o dendê poderá ser algo que
trará ainda muito desenvolvimento ao município de Tailândia.
REFERÊNCIAS (A MESMA COISA AQUI... O TÓPICO
“REFERÊNCIAS”NUMA FONTE, E AS REFERÊNCIAS DE FATO “DE
OUTRO
BARROS, Vitor. PA – Monocultura do Dendê avança no Estado. Jornal Beira Rio – UFPA. Disponível em < www.jornalbeiradorio.ufpa.br/novo/index.php/2014/152-2014-08-01-17-25-17/1619-2014-08-04-14-38-21 > Acesso: em 10 de dezembro de 2015.
BRASIL, Repórter. A agricultura familiar e o programa nacional de biodiesel. São Paulo, Novembro de 2010.
CAMPOS, André; BIONDI, Antonio; BARROS, Carlos Juliano. Biodiesel, 10 anos: os desafios da inclusão social e produtiva. Repórter Brasil, 2014.
18
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA.
Disponível em:< https://www.embrapa.br/> Acesso em 30 de março de 2016.
EMPRESA DE ASSISTENCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO ESTADO
DO PARÁ- EMATER-PA. Tailândia-PA, 2016.
GLASS, V. Expansão do Dendê na Amazônia brasileira. São Paulo:
Repórter Brasil, 2013.
HOMMA, Alfredo Kingo Oyama; VIEIRA, Ima Célia Guimarães. Colóquio sobre o dendezeiro: propriedades de pesquisas econômicas, sociais e ambientais na Amazônia. Belém, 2012
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<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=150795&search=||infogr%E1ficos:-informa%E7%F5es-completas > Acesso em: 6 de janeiro de 2016.
INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL. O comportamento sócio-trabalhista na produção do óleo de palma do dendê no Estado do Pará com foco nas empresas Agropalma, Biovale/Biopalma, Petrobras combustíveis.
Relatório Final. São Paulo, Fevereiro de 2014.
MACEDO, Cátia Oliveira et al. A fronteira do dendê na Amazônia: O Caso do nordeste paraense. Artigo publicado em: XXI encontro nacional de
geografia agrária, UFU, 2012.
MACEDO, Cátia Oliveira. Agrocombustível e agricultura camponesa no nordeste paraense: o caso de nova esperança. Artigo publicado em: XXI
encontro nacional de geografia agrária, UFU, 2012.
PALMQUIST, Helena. O dendê na mira da lei. Repórter Brasil, 2015.
Portal Tailândia. Disponível em: <http://www.tailandia.pa.gov.br/>. Acesso em:27/03/2016.
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