impacto das inovaÇÕes tecnolÓgicas para detecÇÃo e...
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
ANDREY DIAS MARQUES PIEROZAN
LUCAS RAUSIS LOURENÇO PINTO
VITOR HUGO ALVES SALLUM
IMPACTO DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS PARA DETECÇÃO E
LOCALIZAÇÃO DE FALTAS A PARTIR DAS SUBESTAÇÕES
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 2
CURITIBA
2017
ANDREY DIAS MARQUES PIEROZAN
LUCAS RAUSIS LOURENÇO PINTO
VITOR HUGO ALVES SALLUM
IMPACTO DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS PARA DETECÇÃO E
LOCALIZAÇÃO DE FALTAS A PARTIR DAS SUBESTAÇÕES
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação,
apresentado à disciplina ET70L - Trabalho de
Conclusão de Curso 2 do curso de Engenharia
Elétrica – Ênfase em Eletrotécnica do
Departamento Acadêmico de Eletrotécnica –
DAELT – da Universidade Tecnológica Federal
do Paraná – UTFPR, Câmpus Curitiba, como
requisito obrigatório para obtenção do título de
Engenheiro Eletricista.
Orientadora: Professora Dra. Nastasha Salame
Silva
CURITIBA
2017
ANDREY DIAS MARQUES PIEROZAN LUCAS RAUSIS LOURENÇO PINTO
VITOR HUGO ALVES SALLUM
IMPACTO DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS PARA DETECÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FALTAS A PARTIR DAS SUBESTAÇÕES
Este Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para a obtenção do Título de Engenheiro Eletricista, do curso de Engenharia Elétrica do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Curitiba, 24 de novembro de 2017.
____________________________________ Prof. Emerson Rigoni, Dr.
Coordenador de Curso Engenharia Elétrica
____________________________________ Profa. Annemarlen Gehrke Castagna, Mestre
Responsável pelos Trabalhos de Conclusão de Curso de Engenharia Elétrica do DAELT
ORIENTAÇÃO BANCA EXAMINADORA
______________________________________ Nastasha Salame Silva, Dra. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Orientadora
_____________________________________ Ulisses Chemin Netto, Dr. Universidade Tecnológica Federal do Paraná _____________________________________ Raphael Augusto De Souza Benedito, Dr. Universidade Tecnológica Federal do Paraná _____________________________________ Paulo Cicero Fritzen, Dr. Universidade Tecnológica Federal do Paraná
A folha de aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso de Engenharia Elétrica
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, pelo dom da vida.
Aos nossos pais, que forneceram as bases necessárias para nossa formação.
A professora Nastasha Salame da Silva, pela orientação deste trabalho, por todos os
desafios apresentados, apoio, dedicação e pela singela amizade construída ao longo desse um
ano de reuniões e conversas.
Ao professor Ildemar Cassana Decker, pelo apoio, sugestões e disponibilidade para
que este trabalho fosse elaborado. A sua contribuição foi fundamental para a realização desta
pesquisa.
Um agradecimento especial ao Gilmar Krefta, por seu apoio imensurável, discussões,
contribuições, por todo o conhecimento transmitido e por colocar a disposição recursos que
foram fundamentais para a realização deste trabalho.
Aos nossos amigos que contribuíram nessa jornada.
As nossas famílias pelo companheirismo, incentivo, alegrias partilhadas e
compreensão nas horas ausentes.
“Tenha em mente que tudo que você aprende
na escola é trabalho de muitas gerações.
Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e,
um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos.”
Albert Einstein
RESUMO
PIEROZAN, A. D. M.; PINTO, L. R. L.; SALLUM V. H. A.. Impacto das Inovações
Tecnológicas Para Detecção e Localização de Faltas a Partir das Subestações. 2017.
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Curitiba – Paraná, 2017.
A motivação para esta pesquisa foi oriunda da nova redação dos procedimentos de
rede, onde houve um incremento de tecnologias que devem ser consideradas nas futuras
ampliações do sistema de transmissão elétrico brasileiro. Neste trabalho é realizado um
“review” da literatura a respeito da localização de faltas, concernente as tecnologias
contemporâneas aplicadas nas subestações de energia elétrica, apresentando soluções
alternativas que tem em sua proposta, agregar novas funcionalidades as tecnologias existentes,
propiciando redução de custo na operação, manutenção e disponibilidade de fornecimento de
energia elétrica. Adicionalmente, de maneira sintetizada, é arrolada a proteção de sistemas de
transmissão, abordando os tipos de relés de proteção, realizando um panorama dos relés
eletromecânicos, eletrônicos até a tecnologia mais recente dos Intelligent Electronic Devices
(IEDs) no processo de eliminação de faltas do sistema de energia elétrica. No atual cenário do
Sistema Interligado Nacional (SIN), é imprescindível abordar a norma IEC 61850, padrão de
comunicação desenvolvido para o setor elétrico, que alterou a concepção e operação das
subestações de energia elétrica. Corroborando a este aspecto é realçado o incremento de
novos algoritmos para, por exemplo, realizar a localização de faltas através de ondas
viajantes. Embasamento apropriado a Medição Sincronizada Fasorial é reportado, em virtude
dos desafios a serem superados para possibilitar ao Operador Nacional do Sistema (ONS) um
monitoramento mais acurado do SIN. A partir da reflexão e debate da literatura, foi explorado
casos de aplicações nas instalações físicas dos agentes transmissores de energia elétrica,
observando as necessidades de aprimoramento, as benesses propiciadas pelo uso dessas
tecnologias e as análises sobre os registros gerados que auxiliam na tomada de decisões.
Palavras-chave: Subestações. Ondas Viajantes. IEC 61850. Detecção de Faltas. Medição
Fasorial
ABSTRACT
PIEROZAN, A. D. M.; PINTO, L. R. L.; SALLUM V. H. A.. Impact of Technological
Innovations for the Detection and Location of Faults from Substations. 2017. Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba – Paraná,
2017.
The recently released draft for the network procedures, in which it is shown an
increase in the amount of technologies required for future expansions of the Brazilian power
grid, is the main motivation for this research. A literature review is carried out regarding fault
location, concerning contemporary technologies applied in power substations, and presenting
alternate solutions that not only seek to add new functionalities, but allow cost reduction in
operation, maintenance and availability of electricity supply. Additionally, the protection of
transmission systems is addressed, regarding the types of protection relays, from the
electromechanical and electronic relays, up to the recent technology of Intelligent Electronic
Devices (IEDs) in the fault elimination process. It is presented the IEC 61850 norm,
concerning communication protocols developed for the electrical sector, an important subject
to delve due to the current state of development of the Brazilian’s National Interconnected
System (SIN), which changed the design and operation of electric power substations. This
aspect is corroborated by the increment of new algorithms to perform the fault location
through traveling waves, for instance. It is also presented the Synchronized Phasor
Measurement System (SPMS), in regards of the challenges to be overcome to allow the
National System Operator (ONS) to monitor the SIN more accurately. From the discussion of
the literature, cases of applications in physical installations of transmission agents were
explored, observing the needs of improvement, the benefits provided by the use of these
technologies and the analysis on the records that aid in the decision making.
Keywords: Substations. Traveling Waves. IEC 61850. Fault Detection. Fasorial
Measurement
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Sistema de monitoramento convencional. ........................................................ 24
Figura 2 - Subsistemas de um sistema de proteção. .......................................................... 25
Figura 3 - Relé eletromecânico de armadura em charneira. ............................................... 27
Figura 4 - Unidades básicas de um relé estático. .............................................................. 29
Figura 5 - Relé estático de sobrecorrente de tempo definido.............................................. 29
Figura 6 - Principais subsistemas de um relé digital. ........................................................ 31
Figura 7 - Relé microprocessado. ................................................................................... 33
Figura 8 - Conjunto de Protocolos IEC 61850. ................................................................ 37
Figura 9 - Níveis de comunicação IEC 61850. ................................................................. 39
Figura 10 - Níveis hierárquicos para o Sistema de Automação de Subestações.................... 43
Figura 11 - Exemplo de comunicação horizontal entre IEDs. ............................................ 44
Figura 12 - Tempos de repetição das mensagens GOOSE. ................................................ 45
Figura 13 - Esquemático de um Sistema de Medição Fasorial. .......................................... 53
Figura 14 - Estrutura geral da PMU................................................................................ 55
Figura 15 - Funções básicas PDC. .................................................................................. 58
Figura 16 - Esquema de janelamento aplicado a um sinal de corrente. ............................... 67
Figura 17 - Ondas incidente, refletida e transmitida. ........................................................ 71
Figura 18 - Diagrama de reflexões para um linha monitorada em dois terminais. ................ 73
Figura 19 - Comparação entre tecnologias para medição de grandezas elétricas. ................. 80
Figura 20 - Arquitetura da aquisição de medição sincrofasorial da Concessionária de energia
elétrica. ....................................................................................................................... 82
Figura 21 - Tela inicial do aplicativo em tempo real. ........................................................ 83
Figura 22 - Diferença de resolução entre sistema SCADA e SPMS. .................................. 84
Figura 23 - Software alertando comportamento anormal de frequência. ............................. 85
Figura 24 - Aba mostrando subfrequência maior que 0,1Hz em todo o sistema. .................. 87
Figura 25 - Sobreexcitação durante ocorrência no sistema interligado. ............................... 88
Figura 26 - (a) Variação de tensão na barra na conexão com grande consumidor. (b) Tempo
para início da recuperação da tensão na barra do grande consumidor. ................................ 89
Figura 27 - Tensão de 233,219kV na barra de 230 kV da subestação (antes da entrada em
operação do BC1 estando fora de operação o BC2) e de 235,475kV (após a entrada do BC2).
.................................................................................................................................. 89
Figura 28 - Oscilação de potência entre máquinas em barra de geração. ............................. 91
Figura 29 - Cálculo de frequência de oscilação em regime permanente. ............................. 91
Figura 30 - Frequência de oscilação inter máquinas após eliminação da falta. ..................... 91
Figura 31 - Oscilação de potência percebida pela SMSF (atuação do controle das máquinas).
.................................................................................................................................. 92
Figura 32 - Parâmetros elétricos da linha BTA-JGI mostrado em tempo real pelo SPMS. .... 92
Figura 33 - Exemplo de localização de falta devido a um curto-circuito trifásico ................ 94
Figura 34 - Exemplo de localização de falta devido a um curto-circuito monofásico ........... 95
Figura 35 - Forma de onda das TWs na ocorrência na /T PGN/KCL 230 kV ...................... 96
Figura 36 - Forma de onda das TWs na ocorrência de uma falta na LT BTA/JGI 230 kV..... 97
Figura 37 - Localização da falta por TW na LT PGN/KCL 230 kV ................................... 99
Figura 38 - Localização da falta por TW na LT BTA/JGI 230 kV ................................... 100
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Partes da IEC 61850. .................................................................................... 37
Tabela 2 - Camadas OSI. .............................................................................................. 40
Tabela 3 - Questionário aplicados a agentes de transmissão de energia elétrica. .................. 75
Tabela 4 - Variação de tensão medida no histórico do PDC nas barras adjacentes da
subestação com a energização dos respectivos bancos de capacitores desta SE e comparadas
com o simulado no ATP. .............................................................................................. 90
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
A/D Analógico/Digital
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANSI American National Standards Institute
ATP Alternative Transient Program
BMTE Belo Monte Transmissora de Energia
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
CLP Controlador Lógico Programável
CPU Central Processing Unit
DFT Discrete Fourier Transform
DNP Distributed Network Protocol
EMTP Electromagnetic Transients Program
EPRI Electric Power Research Institute
GOOSE Generic Object Oriented Substation Event
GPS Global Positioning System
GTD Geração, Transmissão e Distribuição
IEC International Electrotechnical Comission
IED Inteligent Electronic Devices
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
IHM Interface Homem – Máquina
ISO International Organization for Standardization
LAN Local Area Network
LT Linha de Transmissão
MME Ministério de Minas e Energia
MMS Manufacturing Message Specification
MU Merging Unit
Mvar Mega Volt-Ampére reativo
MW Mega Watts
NETL National Energy Technology Laboratory
ONS Operador Nacional do Sistema
OSI Open Systems Interconnection
PDC Phasor Data Concentrator
PLC Power Line Communication
PMU Phasor Measurement Unit
PSS Power System Stabilizer
SCADA Supervisory Control and Data Acquisition
SCD Substation Configuration Description
SCL Substation Configuration Language
SCM System Condition Monitoring
SV Sample Values
SED System Exchange Description
SEE Sistemas de Energia Elétrica
SEL Schweitzer Engineering Laboratories
SIN Sistema Interligado Nacional
SNPTEE Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica
SPMS Synchronized Phasor Measument System
TC Transformador de Corrente
TCP/IP Transmission Control Protocol/Internet Protocol
TI Tecnologia da Informação
TP Transformador de Potencial
TW Traveling Waves
UAC Unidade de Aquisição Central
UTC Universal Time Coordination
UTR Unidade Terminal Remota
UHVDC Ultra High Voltage Direct Current
VLAN Virtual Local Area Network
VPN Virtual Private Network
XML Extensible Markup Language
WAN Wide Area Network
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO GERAL ..................................................................................... 15
1.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 15
1.2. OBJETIVOS DO TRABALHO .......................................................................... 19
1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................ 20
1.4. CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 21
2. PANORAMA DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA ........................... 22
2.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 22
2.2. PRÍNCIPIO DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO ................................................ 25
2.3. HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO DOS RELÉS ...................................................... 26
2.3.1. Relés Eletromecânicos ........................................................................................ 27
2.3.2. Relés Estáticos .................................................................................................... 28
2.3.3. Relés Digitais ...................................................................................................... 30
2.3.3.1. Introdução .......................................................................................................... 30
2.3.3.2. Arquitetura dos relés digitais ............................................................... 31
2.4. DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS INTELIGENTES ............................................ 34
2.4. CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 35
3. A NORMA IEC 61850 ......................................................................................... 36
3.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 36
3.2. BARRAMENTOS DE INTERFACE .................................................................. 39
3.3. MODELO DE DADOS DEFINIDO PELA NORMA IEC 61850 ........................... 42
3.4. MENSAGENS DE COMUNICAÇÃO ................................................................ 42
3.4.1. Mensagem GOOSE (Generic Object Oriented Substation Event) ..................... 43
3.4.2. Mensagem MMS (Manufacturing Message Specification) ................................. 45
3.5. LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO DA NORMA ........................................... 46
3.6. PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO ANTERIORES À NORMA ...................... 47
3.7. CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 48
4. SISTEMA DE MEDIÇÃO FASORIAL SINCRONIZADA .................................. 50
4.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 50
4.2. TECNOLOGIA DE MEDIÇÃO FASORIAL SINCRONIZADA ........................... 51
4.3. DISPOSITIVOS CONSTITUINTES DO SISTEMA DE MEDIÇÃO FASORIAL
SINCRONIZADO ....................................................................................................... 53
4.3.1. Sincrofasores e o Sistema de Sincronização ...................................................... 54
4.3.2. Unidade de Medição Fasorial – PMU ............................................................... 55
4.3.3. Concentrador de Dados Fasoriais – PDC ......................................................... 57
4.3.4. Canais de Comunicação ..................................................................................... 58
4.4. DESEMPENHO DO SPMS ............................................................................... 59
4.5. APLICAÇÕES DO SPMS ................................................................................. 59
4.5.1. Monitoramento e Controle em Tempo Real ....................................................... 60
4.5.2. Estimação de Estados ......................................................................................... 60
4.5.3. Gerenciamento de Congestionamento em Tempo Real ...................................... 61
4.5.4. Melhoria e Validação de Modelagem de Sistemas ............................................. 61
4.5.5. Análise Pós-Perturbação .................................................................................... 62
4.5.6. Separação Programada e Restauração do Sistema ........................................... 63
4.5.7. Proteção Adaptativa ........................................................................................... 63
4.6. CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 64
5. FILOSOFIAS DE LOCALIZAÇÃO DE FALTAS PARA AS REDES ATUAIS E
FUTURAS ................................................................................................................. 65
5.1. IMPORTÂNCIA DE UM LOCALIZADOR DE FALTA ...................................... 65
5.2. FUNDAMENTOS DA ANÁLISE DE COMPONENTES DE FREQUÊNCIA
FUNDAMENTAL ....................................................................................................... 66
5.3. MÉTODOS BASEADOS NO CÁLCULO DA IMPEDÂNCIA ............................. 67
5.4. FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE ONDAS VIAJANTES ................................ 70
5.5. LOCALIZADORES DE FALTAS BASEADOS EM ONDAS VIAJANTES ........... 72
5.5.1. Visão geral das TWs em uma linha de transmissão ............................................... 72
5.5. CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 74
6. ESTUDOS DE CASOS ........................................................................................ 75
6.1. NORMA IEC 61850 .......................................................................................... 78
6.1.1. Comparação de tecnologias de medição ................................................................ 78
6.1.2. Conclusão ............................................................................................................... 81
6.2. SISTEMA DE MEDIÇÃO FASORIAL SINCRONIZADA ................................... 81
6.2.1 Arquitetura .............................................................................................................. 81
6.2.2. Aplicações e Resultados ......................................................................................... 83
6.2.2.1. Monitoramento em Tempo Real .......................................................................... 84
6.2.2.2. Sobreexcitação sustentada .................................................................................. 88
6.2.2.3. Questionamento de grande consumidor .............................................................. 88
6.2.2.4. Validação de Simulações ..................................................................................... 89
6.2.2.5. Oscilação de Potência em Unidades Geradoras ................................................ 90
6.2.2.6. Parâmetros de linhas de transmissão ................................................................. 92
6.2.3. Consideração .......................................................................................................... 92
6.3. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS POR MEIO DE ONDAS VIAJANTES ................. 93
6.3.1 Análise do evento observado por meio do método baseado em frequência
fundamental. ..................................................................................................................... 93
6.3.2 Análise do evento observado por meio do método baseado em TW ....................... 96
6.4. CONSIDERAÇÕES ........................................................................................ 101
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 102
7.1. CONCLUSÕES .............................................................................................. 102
7.2. CONTINUIDADE DA PESQUISA .................................................................. 103
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 105
APÊNDICES ............................................................................................................ 114
1. INTRODUÇÃO GERAL
1.1. INTRODUÇÃO
O objetivo principal dos Sistemas de Energia Elétrica (SEEs) é gerar, transmitir e
distribuir energia elétrica aos consumidores de forma a atender a demanda segundo critérios
estabelecidos por entidades regulamentadoras – Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL) e Operador Nacional do Sistema (ONS). Os SEEs vêm experimentando, a partir da
reestruturação do setor elétrico iniciada na década de 1990, o uso cada vez mais intenso dos
recursos energéticos existentes (MENEZES, 2012).
O SIN é o maior demonstrativo da necessidade e capacidade de desenvolvimento
tecnológico brasileiro, visto que é formado por uma ampla malha de linhas de transmissão de
alta e extra-alta tensão que se ramifica em mais de 100 mil quilômetros dentro do território
nacional. Critérios como continuidade de fornecimento, qualidade da energia elétrica,
confiabilidade, estabilidade, segurança e disponibilidade do sistema para todo o território
nacional são preceitos do compromisso de entrega de energia elétrica (ANEEL, 2016).
O Brasil é um país de extensões continentais, o que torna o desafio de expansão e
interligação da topologia do SIN ainda mais complexo e vital para o atendimento da crescente
demanda de energia elétrica. Restrições políticas, socioambientais e escassez de investimentos
tornam o desenvolvimento do setor demorado (MONTICELLI e GARCIA, 2011).
“Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito
mundial, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é
um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas
hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O Sistema Interligado Nacional é
formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e
parte da região Norte. Apenas 1,7% da energia elétrica requerida pelo país
encontram-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados
principalmente na região amazônica” (ONS, 2017).
A desregulamentação do mercado de energia elétrica, ocorrida na década de 1990,
fomentou um cenário de busca por eficiência e de interligação de subsistemas com suas
usinas, transformadores, geradores e linhas de transmissão (MONTICELLI, e GARCIA,
2011). Neste contexto, o mercado competitivo e a fontes de energias renováveis como eólica e
16
biomassa, com características intermitentes, exigem do sistema a preparação para novas
dinâmicas de carga (FURSTENBERGER, 2010).
Esse desenvolvimento natural do mercado de energia elétrica também possibilitou
benesses como: maiores unidades geradoras, menor capacidade de reserva, intercâmbio
sazonal, transmissão fora de pico, demandas de emergência e o suporte para a tomada de
decisão operacional mais assertiva, o que não exime o SIN dos problemas de estabilidade e
blecautes (MONTICELLI e GARCIA, 2011; ROLIM, et al., 1997).
O despacho e operação da energia elétrica do SIN são tarefas complexas, envolvendo
diversas empresas operando interligadas, e que devem lidar com a volatilidade do sistema.
Estiagem, entradas e saídas repentinas de carga, perda de componentes da transmissão,
distribuição ou geração são fatores adversos que afetam diretamente não só a qualidade da
energia elétrica, como a integridade do sistema (ROLIM, et al., 1997).
É nesse contexto de restrições operativas que se apresenta a necessidade de uma
supervisão mais refinada, baseada em históricos e previsões, e capaz de auxiliar na análise de
dados e realizar ações mitigadoras automáticas em tempo real. Para tanto, faz-se necessário
investir na modernização de infraestruturas, desenvolvimento de novas tecnologias,
capacitação de profissionais e quebra de paradigmas (FURSTENBERGER, 2010; VANTI,
2003).
No âmbito da transmissão de energia elétrica, o advento dos Smart Grids (ou Redes
Inteligentes) permite o uso das comunicações integradas e da Tecnologia da Informação (TI)
para a transferência de dados entre os componentes da rede, centros de controle e subestações,
informando seu estado operativo para tornar mais eficiente as tomadas de decisões, e
definição de estratégias rápidas e efetivas para o controle e operação. Além disso, novas
características são acrescidas à operação do SEE, tais como: auto-recuperarão, suporte para
fontes de energia alternativas, redução do impacto ambiental, maior competição no mercado,
resultando em melhores índices de qualidade da energia elétrica e fornecimento
(FURSTENBERGER, 2010).
Segundo o Electric Power Research Institute (EPRI), os Smart Grids podem ser
definidos como:
“... sobreposição de sistemas de comunicação e controle unificados na
infraestrutura existente, cujo objetivo é de prover a informação correta à
entidade concernente no tempo esperado para a tomada de decisão correta. É
um sistema que otimiza a entrega e demanda de energia elétrica, minimiza
17
perdas, se auto – recupera, e permite eficiência energética de última geração e
aplicações de resposta da demanda” (SIDDIQUI, 2008).
O National Energy Technology Laboratory (NETL), laboratório vinculado ao
Departamento de Energia dos Estados Unidos, identificou os avanços na área de TI, com os
Smart Grids e suas comunicações integradas de banda larga, de alta segurança cibernética e
de baixa latência, como alicerces para o avanço das áreas de medição, dispositivos avançados,
controle/proteção avançados e suporte de decisão (HOROWITZ, et al., 2010).
Um conceito relevante nos SEEs é o de falta ou defeito. Falta ou defeito em SEEs é o
efeito ou consequência de uma ocorrência acidental em um trecho ou equipamento que
acarreta sua indisponibilidade operativa em condições não programadas, impedindo-o de
funcionar, e, portanto, de desempenhar suas funções em caráter permanente ou temporário.
Um curto-circuito ou um condutor interrompido constituem uma falta (CAMINHA, 1983).
Considerando a competitividade do mercado de energia elétrica, a prevenção de falhas
e defeitos nos equipamentos primários (transformadores, bancos de capacitores, bancos de
reatores, transformados de tensão, transformadores de corrente e religadores) das subestações
é considerada um fator diferencial relevante para a qualidade da energia elétrica e do serviço
fornecido pelas concessionárias (FERREIRA, et al., 2012).
A redução do número de faltas e defeitos que causam interrupções no suprimento de
energia elétrica auxilia, consideravelmente, para o avanço dos índices de desempenho dos
serviços prestados. Para lograr este objetivo, é necessária a adoção de práticas de manutenção
mais eficientes, além da aplicação adequada dos recursos materiais, humanos e financeiros
(FURSTENBERGER, 2010).
Índices como DEC1 (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora)
e FEC2 (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora), definidos pelo
Módulo 8 do PRODIST - Procedimentos de Distribuição - a partir de 2008, são
demonstrativos utilizados pelas concessionárias de energia elétrica para avaliar a qualidade do
fornecimento de energia elétrica. A manutenção preditiva, identificada pelos sistemas de
monitoramento dos equipamentos das subestações, foi implementada em substituição das
práticas de manutenção periódica e corretiva intensiva, corroborando com os índices
apresentados (AYERS, et al., 2011).
1DEC = duração equivalente de interrupção por unidade consumidora, expressa em horas e centésimos de hora.
2 FEC = frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora, expressa em número de interrupções e
centésimos do número de interrupções;
18
O sistema de monitoramento de subestações tem por função supervisionar
equipamentos das mesmas, tais como transformadores de potência, disjuntores, bancos de
baterias em corrente contínua (CC) e chaves seccionadoras. A coleta dessas informações
consiste num subproduto adequado da digitalização das mensagens de comunicação entre os
IEDs de proteção, controle e monitoramento das subestações para as aplicações de proteção e
automação em tempo real (KIMURA, et al. 2008).
O reaproveitamento dos dados desses IEDs para o propósito de monitoramento dos
equipamentos reduz a necessidade de novos dispositivos, tais como sensores e medidores
dedicados. O uso dos IEDs de proteção, controle e monitoramento como fonte de informações
para designar as condições e desempenho dos dispositivos da subestação torna a
implementação de um sistema de monitoramento atrativa sob o ponto de vista técnico-
econômico (KIMURA, et al. 2008).
O uso de equipamentos inteligentes exprime a busca pela automação das subestações.
Para tanto, o uso de dispositivos inteligentes deve ser aliado ao uso de ferramentas mais
efetivas de monitoramento, como a Phasor Measurement Unit (PMU), ou unidade de medição
fasorial. Este dispositivo faz parte de um sistema de monitoramento em tempo real de grandes
áreas, e tem sido implementado em diversos países, com foco em desenvolver um sistema de
proteção mais robusto, ou seja, capaz de funcionar de modo mais eficiente – melhoria de
critérios como seletividade, confiabilidade e velocidade - em virtude de condições anormais
de operação.
A troca de dados é necessária para o funcionamento de um sistema automatizado. No
entanto, equipamentos possuem barreiras de comunicação intrínsecas à sua arquitetura interna
(de fabricantes distintos), o que dificulta a sua integração com outros equipamentos e sistemas
da rede. Para contornar estas barreiras, protocolos de comunicação foram desenvolvidos, cada
um abordando certo aspecto do problema, mas distantes da solução ideal.
Baseado nisso foi desenvolvida a norma IEC 61850 – Communication networks and
systems for Power utility automation (ou Redes e sistemas de comunicação para automação de
instalações de potência, em tradução livre), norma esta com o objetivo de integrar a
comunicação de equipamentos distintos sob um protocolo de comunicação geral.
No contexto delineado, observa-se que, à medida que o SIN se expande há
necessidade de aprimorar os recursos humanos e tecnológicos para garantir a confiabilidade, a
qualidade e a segurança do sistema elétrico. Uma supervisão mais refinada auxilia o operador
na tomada de decisões e permite uma visualização mais acurada do sistema, antecipando
cenários de despacho de carga, e concomitantemente, auxilia na detecção de eventuais
19
distúrbios no sistema. Nesse trabalho será arrolada a norma IEC 61850, os métodos de
localização de faltas e o sistema de medição sincrofasorial, tecnologias que gradativamente
vão ganhando mais espaço no âmbito do SEE.
1.2. OBJETIVOS DO TRABALHO
O objetivo desta pesquisa é realizar uma revisão da literatura concernente as
tecnologias contemporâneas aplicadas nas subestações de energia elétrica, sob o aspecto de
detecção de faltas, abordando os relés de proteção - com foco nos relés microprocessados -; a
norma IEC 61850; a localização de faltas em linhas de transmissão (LT) e ao Synchronized
Phasor Measurement System (SPMS), e observar, por meio de exemplos práticos
apresentados no XXIV Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica
(SNPTEE) e por um agente de transmissão, os impactos no SIN e os desafios da
implementação dessas tecnologias.
O uso efetivo destas tecnologias requer de todos os profissionais envolvidos maior
preparação frente às novas tecnologias para detecção de falta. Isso acarreta na demanda por
maior investimento de recursos pelo setor produtivo e mudança cultural em relação ao
conservadorismo de aplicação dessas evoluções tecnológicas no SEE.
20
1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO
Em sua totalidade, este documento é composto por sete capítulos, os quais serão
brevemente apresentados a seguir.
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO: Apresenta os aspectos gerais dos assuntos
contemplados no trabalho, introduzindo a proposta, a motivação, as considerações iniciais, o
objetivo, a relevância, enfim trazendo uma visão panorâmica dos assuntos arrolados.
Capítulo 2 – PANORAMA DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA:
Neste capítulo são apresentados dados e definições relevantes a respeito de geração e
consumo de energia elétrica, formas de transmissão, subestações e tecnologias empregadas
nos relés de proteção.
Capítulo 3 – NORMA IEC 61850: Apresenta a referida norma, sua definição,
conceitos intrínsecos, objetivo da criação da norma, as vantagens obtidas e a contribuição que
trouxe à área de Proteção, Controle e Medição do setor elétrico como um todo.
Capítulo 4 – MEDIÇÃO SINCRONIZADA FASORIAL: É abordado em virtude da
nova redação em vigência dos Procedimentos de Rede do ONS e pela importância da temática
frente à abrangência da supervisão em relação às faltas atinentes ao sistema de transmissão de
energia elétrica.
Capítulo 5 – FILOSOFIAS PARA LOCALIZAÇÃO DE FALTAS PARA AS
REDES ATUAIS E FUTURAS: Apresenta uma análise teórica dos métodos sobre os quais
estão alicerçadas as atuais filosofias de proteção utilizadas para proteção de subestações
contra faltas e defeitos, em particular os métodos baseados em impedâncias ou nas análises de
componentes fundamentais e os métodos baseados na teoria das ondas viajantes.
Capítulo 6 – ESTUDOS DE CASOS: são apresentados casos práticos monitorados
por um agente de transmissão, os desafios enfrentados pelo ONS e as reflexões dos autores. A
obtenção dos exemplos práticos, registrados em artigos técnicos da empresa, se deu por meio
de visitas técnicas ao centro de operações de uma concessionária de transmissão de energia
elétrica no intuito de familiarizar-se com hardware e com o software utilizados para aquisição
dos parâmetros elétricos (fasores de tensão e corrente, frequência). Para tal foi realizada uma
preleção por um especialista enfatizando as metodologias adotadas, os recursos despendidos
para implementação nas instalações físicas da companhia e treinamento da equipe responsável
por gerenciar/tratar as informações atinentes.
Adicionalmente, participou-se de seminários onde ocorreram debates a respeito dos
temas desta pesquisa que evidenciaram os desafios enfrentados.
21
Capítulo7 – CONTINUIDADE DA PESQUISA: são apresentados os tópicos
sugestivos para continuidade da pesquisa.
1.4. CONSIDERAÇÕES
O SIN a cada dia está mais complexo em virtude da sua constante expansão exigindo
uma maior observabilidade para operação confiável.
Diante deste cenário, gradativamente, estão sendo inseridas no setor elétrico,
inovações tecnológicas, tais como o padrão de comunicação IEC 61850, a medição fasorial
sincronizada e a localização de faltas através das ondas viajantes.
Essas inovações demandam tempo para serem assimiladas, em virtude das
particularidades trazidas consigo. Adicionalmente, implica em quebras de paradigmas
institucionais, investimento em recursos humanos e troca de experiências entre os
profissionais envolvidos.
No decorrer deste trabalho, é apresentado embasamento teórico a respeito das
inovações tecnológicas mencionadas e casos de estudos que corroboram para aferir que as
mesmas tendem a ganhar mais mercado a cada novo empreendimento de transmissão de
energia elétrica implementado no Brasil, ou seja, em um futuro não muito distante torna-se-a
consenso no setor elétrico, visando maior eficácia de desempenho e confiabilidade do SIN.
Dessa forma, neste capítulo foi apresentado ao caro leitor, o cenário onde estas tecnologias
serão aplicadas.
22
2. PANORAMA DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
2.1. INTRODUÇÃO
A capacidade instalada total no SEE brasileiro atingiu 152.563 MW no mês de abril de
2017, com consumo nacional acumulado nos últimos 12 meses de 575.118 GWh, distribuídos
nos setores residencial, comercial, industrial, e participação do mercado livre de energia
elétrica, conforme os dados do Boletim Mensal de Monitoramento do Sistema Elétrico
Brasileiro (MME, 2017).
A transmissão de energia elétrica pode ser em corrente alternada (CA) ou CC. A
flexibilidade e facilidade em modificar os patamares de tensão por meio de unidades
transformadoras representam grandes atrativos dos sistemas CA (juntamente com os
geradores trifásicos síncronos), o que justifica seu largo emprego (MONTICELLI, 2011).
Para tanto a transmissão é feita a frequência de 60 Hz e em níveis de tensões padronizados,
tais como: 138, 230, 345, 500 e 750 kV, pelo decreto lei nº 73080 de 5 de novembro de 1973.
Como exemplo de transmissão em CC, a Usina Hidrelétrica de Itaipu tem metade de
sua geração transmitida por meio de transmissão em 600 kV e a primeira transmissão em 800
kV de Ultra High Voltage Direct Current (UHVDC) no Brasil está em fase de construção por
meio de uma conexão de 2.086,9 km que transmitirá energia limpa gerada no norte do Brasil,
a partir da subestação Xingu, localizada aproximadamente 17 km da Usina Hidrelétrica de
Energia Belo Monte, no município de Anapu/PA, seguindo até a subestação Estreito,
localizada no município de Ibiraci/MG (BMTE, 2014).
Os elos CC são normalmente utilizados para conectar dois sistemas de CA (que podem
até operar em frequências diferentes, como o sistema brasileiro e paraguaio de Itaipu). Dois
sistemas podem ser interligados por um elo CC quando as distâncias são muito elevadas
(acima de 1000 km) ou ainda por razões operacionais, já que o elo CC praticamente isola os
dois sistemas de muitos tipos de interferência (ruído audível e rádio interferência) que seriam
observados se a ligação ocorresse em CA (SATO, 2013).
Independentemente das transmissões serem em CA ou CC, é necessário o auxílio de
subestações para realizá-las. Subestações são conjuntos de sistemas específicos e
interdependentes concebidos para atender ao SEE da melhor forma, satisfazendo os requisitos
de proteção, manutenção e manobra, da forma mais eficiente e econômica (TEIXEIRA, et al.,
2017).
23
Nas subestações de transmissão estão instalados transformadores com função principal
de abaixar/elevar as tensões das linhas de transmissão para níveis compatíveis (230 kV, 345
kV, 550 kV); nas subestações de distribuição a infraestrutura está voltada para reduzir os
níveis de tensões provenientes das linhas de transmissão para níveis compatíveis com a
distribuição como 13,8 kV, 34,5 kV e 69 kV (ARAÚJO, et al., 2005).
Para o consumidor o sistema elétrico parece ter capacidade ilimitada, ser
completamente estável, imperturbável e constante. No entanto, a realidade é que esse sistema
depende não apenas das cargas conectadas a ele, mas também de condições externas, da vida
útil dos equipamentos, defeitos de materiais, excessos de demanda e de ações humanas
inapropriadas; fatores esses que causam perturbações prejudiciais ao sistema elétrico e
àqueles conectados à rede (SATO, et al., 2015).
De forma a garantir a continuidade de serviço e a integralidade dos equipamentos
frente às perturbações, os princípios básicos de operação da proteção devem garantir uma
correta análise e diagnóstico do sistema, por meio de respostas rápidas, automáticas e precisas
das ações corretivas visando retomá-lo para condições normais de operação. Deste modo, é
assegurada a continuidade no fornecimento energia elétrica dos usuários, e a integridade dos
elementos do SEE. Para isso, deve tanto alertar os operadores em caso de perigo não
imediato, e retirar de serviço a instalação no caso de situações que possam deteriorar um
equipamento ou a rede (COURY, et al., 2011).
Sistemas de proteção podem ser definidos como sistemas aos quais estão associados todos
os dispositivos necessários para detectar, localizar e comandar a eliminação de uma falta.
A eficácia de um esquema de proteção é tanto maior quanto melhor forem atendidos os
seguintes princípios:
Rapidez de operação – menor dano ao equipamento defeituoso com consequente
diminuição do tempo de indisponibilidade e menor custo de reparo;
Seletividade e coordenação – a área de interrupção deve ficar restrita ao
mínimo necessário para isolar completamente o elemento defeituoso, ou seja, um
curto-circuito em um ponto do sistema não deve afetar outras partes;
Segurança – a pronta atuação dos esquemas de proteção diminui os efeitos
destrutivos dos curtos-circuitos, aumentando a segurança pessoal (ARAÚJO, et
al. 2005).
Nesse contexto, são criados sistemas independentes de monitoramento dos
equipamentos, que calculam de maneira centralizada as numerosas informações de dados
provenientes de sensores instalados no campo para averiguar as condições reais dos
24
equipamentos e prognosticar a necessidade de manutenção por meio de análises pré-
programadas (BERNARDES e AVELOO, 2009). A Figura 1 mostra um sistema de
monitoramento convencional comumente usado em subestações.
Figura 1 - Sistema de monitoramento convencional.
Fonte: Bernardes e Aveloo (2009).
Os sensores instalados no campo coletam as grandezas, processam os sinais e os
enviam para uma unidade concentradora de dados. Esses sensores, usualmente, são
transformadores de potencial (TPs), transformadores de corrente (TCs), dispositivos de
temperatura por resistência, sensores de umidade, de posição, transdutores de sinal, e outros
(SILVA, 2003).
Unidades terminais remotas (UTR), controladores lógicos programáveis (CLP),
computadores industriais, módulos de aquisição de dados, tem por objetivo concentrar os
dados em uma localização única no interior da subestação (SILVA, 2003).
Após a realização da coleta e da concentração, os dados são enviados para uma base
de dados relacional. O software analítico utiliza algoritmos que processam os dados
recebidos, determinam a situação real dos equipamentos monitorados e com base nela avalia
um intervalo de tempo até a próxima ação de manutenção (SILVA, 2003).
A IHM viabiliza que o usuário visualize os dados tratados e armazenados pelo
software analítico (BERNARDES e AVELOO, 2009).
Para comandar os equipamentos de manobra, os relés de proteção possuem algoritmos
com inúmeras rotinas, responsáveis por executar funções, tais como: função de sobrecorrente
25
(50/51), função de sobrecorrente direcional (67), função diferencial (87), dentre as definidas
pela tabela American National Standards Institute (ANSI), em atendimento aos
Procedimentos de Rede, frente ao tipo de sistema que se deseja proteger.
2.2. PRÍNCIPIO DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO
Conforme a seção anterior, o sistema de proteção tem a função de isolar o trecho
atingido pela falta impedindo que seus efeitos se propaguem para o restante do sistema. O
sistema de proteção é constituído por diversos subsistemas que atuam no processo de remoção
da falta. Esses subsistemas dizem respeito a um disjuntor, transdutores (TCs e TPs), relé e um
banco de baterias, conforme a Figura 2.
Figura 2 - Subsistemas de um sistema de proteção.
Fonte: Netto (2016).
O disjuntor tem como função isolar o componente ou circuito sob falta, interrompendo
a corrente quando esta encontra-se próxima do valor instantâneo zero. Tal medida pode ser
tomada imediatamente após o início da falta, quando o valor do sinal da corrente estiver
próximo a zero, ou como usualmente adotado, na segunda ou terceira ocorrência desse valor
(ARAÚJO, et al. 2005). O disjuntor é operado energizando-se sua bobina de ação por um
banco/conjunto de baterias, sendo o relé responsável pelo fechamento dos contatos entre o
26
banco de baterias e a bobina de ação do disjuntor. O banco de baterias fornece energia elétrica
ao sistema de proteção e, pela sua própria filosofia de aplicação, é independente da linha ou
sistema faltoso.
Os TPs e TCs constituem outra importante parte do sistema de proteção. Justificam-se
pela necessidade de se reduzir a magnitude das grandezas envolvidas (tensões e correntes do
sistema de energia elétrica) para níveis aceitáveis aos diversos equipamentos do sistema, bem
como para acesso seguro do corpo técnico responsável (ARAÚJO, et al. 2005).
Para complementar o sistema como um todo, temos os relés, sendo responsáveis pela
parte lógica da filosofia de proteção. Normalmente respondem a valores de tensão e correntes
previamente estipulados e proveem a abertura ou não dos disjuntores na presença de situações
de falta para as quais foram projetados (COURY, et al., 2011).
2.3. HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO DOS RELÉS
Os relés de proteção surgiram em meados do século XX e podem ser classificados, em
relação à tecnologia aplicada, em eletromecânicos, estáticos e digitais. Os relés
eletromecânicos eram projetados e construídos utilizando forças que eram geradas por meio
da interação eletromagnética entre correntes e fluxos (MAMEDE e MAMEDE, 2011).
Com o desenvolvimento dos componentes semicondutores e de estudos das suas
aplicabilidades, foram criados os relés de proteção conhecidos como relés estáticos ou de
estado sólido, a fim de equiparar a necessidade de uma proteção mais confiável e de alto
desempenho à grande expansão dos sistemas de potência, na década de 1960. Os relés
estáticos utilizavam componentes eletrônicos discretos, ao contrário dos eletromecânicos, que
utilizam componentes mecânicos (COVRE, 2011).
A evolução de microprocessadores, no início da década de 1970, propiciou uma
grande modificação, tanto nos aspectos construtivos quanto na concepção de funcionamento
dos relés de proteção, ocasionando o desenvolvimento dos relés microprocessados. Estes são
gerenciados por um microprocessador especifico, supervisionado por software, e com
princípio de funcionamento fundamentado nos relés convencionais (COURY, et al., 2011). A
seguir são descritas, de maneira sucinta, as tecnologias dos relés de proteção.
27
2.3.1. Relés Eletromecânicos
Os relés eletromecânicos foram os primeiros a serem desenvolvidos no século XIX. A
partir de uma entrada elétrica, que pode ser um sinal de tensão e corrente, obtinha-se uma
saída em estados on-off dos contatos do relé (MAMEDE e MAMEDE, 2011). Tal
funcionamento ocorre para todas as tecnologias construtivas para os relés de proteção. Com
base na entrada, era gerada uma força devido à interação eletromagnética entre as correntes e
o fluxo magnético sobre um condutor móvel (disco ou cilindro), análogo ao funcionamento de
um motor (COURY, et al., 2011).
Os relés eletromecânicos podem ser classificados quanto ao tipo construtivo: relés de
armadura axial, atração eletromagnética, armadura em charneira, disco de indução, elemento
térmico, entre outros (CAMINHA, 1983). A Figura 3 mostra um dos tipos construtivos mais
simples, o relé de armadura em charneira, também chamado de relé elementar, devido sua
simplicidade construtiva (COVRE, 2011).
Figura 3 - Relé eletromecânico de armadura em charneira.
Fonte: Caminha (1983)
Quando uma corrente I flui através da bobina do relé, uma força de tração Fe age no
entreferro, fechando o circuito operativo através do contato móvel quando Fe for maior que a
força resistente da mola (Fe >Fm) desencadeando todo o processo necessário para isolar o
defeito o mais rápido possível (CAMINHA, 1983).
Malgrado os relés eletromecânicos atuarem com base nas entradas de tensão e corrente
únicas ou múltiplas, eles são capazes de executar apenas um tipo de função, ou seja, são
monofuncionais. No máximo podem executar funções relacionadas, como por exemplo, de
28
sobrecorrente instantânea (50) e temporizada (51) ou funções de subtensão (27) e sobretensão
(59), função de distância (21) e função de sobrecorrente diferencial (87) (COVRE, 2011).
2.3.2. Relés Estáticos
O aumento da complexidade de interligações devido à expansão e desenvolvimento
dos SEEs exigiu do sistema de proteção maior robustez, confiabilidade e alto desempenho a
fim de responder às faltas e curto-circuitos de forma mais rápida, seletiva e estável
(ARAÚJO, et al., 2005).
Somado a essa crescente demanda de eficiência, o desenvolvimento dos componentes
semicondutores e estudos das suas aplicações possibilitaram a criação do relé estático. Nome
este originado em oposição aos eletromecânicos, já que eram construídos com componentes
de estado sólido como transistores, diodos, resistores, capacitores, etc., para executar as
funções de comparação e medição, sem a utilização de partes móveis (COURY, et al., 2011).
Do prisma da funcionalidade, há pouca diferença entre os relés estáticos e os
eletromecânicos: a maior está na operabilidade. Os relés estáticos possuem maior facilidade
de interpretação, ajuste e operação por parte do usuário, permitindo não só melhorar a atuação
dos esquemas de proteção tradicionais, mas também desenvolver esquemas de proteção mais
avançados (COVRE, 2011). A Figura 4 apresenta, de forma simplificada, o diagrama de
blocos de um relé estático:
29
Figura 4 - Unidades básicas de um relé estático.
Fonte: Netto (2016).
O funcionamento se dá da seguinte forma: as grandezas elétricas de entrada são
adaptadas para níveis compatíveis com a eletrônica do relé por meio da unidade conversora.
Posteriormente, a unidade de medição executa a comparação dos sinais de entrada com os
valores dessas grandezas previamente ajustados. Por fim, as ações corretivas ou indicações
(comandos, alarmes) são acionadas pela unidade de saída, caso seja constatada discrepância
entre os valores de entrada e os ajustados. A unidade de alimentação é responsável por
alimentar os circuitos eletrônicos do relé (JARDINI, 1996). Na Figura 5 está ilustrado, de
forma simplificada, o circuito de um relé estático de sobrecorrente de tempo definido.
Figura 5 - Relé estático de sobrecorrente de tempo definido.
Fonte: Jardini (1996).
30
Pela análise do circuito da Figura 5, os valores de entrada, provenientes de um TC
passam por um filtro (circuito LR) e um resistor, que fica submetido a uma tensão VR devido
à corrente de entrada do sistema. Através de um retificador de ponte completa, VR CA é
convertida em VR CC, que segue por um filtro e estabelece a tensão Vf. Esta é a tensão de
entrada ajustada para a comparação interna do relé com o valor de referência er. Caso Vf seja
maior que er, um pulso é gerado na saída do amplificador, que alimenta o circuito de
temporização, produzindo um sinal de disparo no disjuntor associado (JARDINI, 1996).
Os relés estáticos possuem certas vantagens em relação aos eletromecânicos. A falta
de componentes com inércia mecânica possibilita uma velocidade de operação mais rápida
resultando em pouca manutenção, baixo nível de energia elétrica nos circuitos de medição e
temporizações mais precisas. No entanto, o uso de componentes eletrônicos torna o relé
estático menos robusto fisicamente, e com baixa tolerância às temperaturas extremas e
umidade (COURY, et al., 2011).
2.3.3. Relés Digitais
2.3.3.1. Introdução
A proteção digital dos SEEs iniciou seu desenvolvimento por volta da década de 1960
quando o computador começou a substituir paulatinamente muitas das ferramentas de análise
na área de potência. No entanto, os computadores da época eram muito onerosos, além de
suas velocidades serem bastante lentas para as funções de proteção dos relés, que exigem altas
velocidades. Com a ascensão e o desenvolvimento da computação, viabilizou-se técnica e
economicamente a implantação dos relés digitais nos anos posteriores (ANDERSON, 1999).
Hodiernamente, os projetos de novas subestações de energia elétrica utilizam
essencialmente tecnologia dos relés de proteção digitais. Ademais, relés de proteção
eletromecânicos e estáticos vêm também, pouco a pouco, sendo substituídos por modernos
relés digitais (ARAÚJO, et al., 2005). Com efeito, o tamanho, o consumo de potência e custo
dos computadores diminuíram drasticamente no início da década de 1970, enquanto que a
velocidade de processamento mais que dobrou (ANDERSON, 1999).
Os computadores auxiliaram no monitoramento em tempo real e controle dos SEEs. A
presença da computação foi determinante na real implementação dos dispositivos digitais na
proteção de sistemas, bem como na localização de faltas em LTs. Amplamente consolidados e
31
utilizados, os relés microprocessados agregam diversas funções além da função de proteção:
medição, supervisão, registro de eventos, comunicação e programação do usuário (COVRE,
2011; HOROWITZ, et al., 2010).
2.3.3.2. Arquitetura dos relés digitais
O funcionamento dos relés digitais é mais sofisticado do que o dos relés
eletromecânicos e estáticos. A Figura 6 mostra os principais subsistemas de um relé digital.
Figura 6 - Principais subsistemas de um relé digital.
Fonte: Netto (2016).
A partir da entrada de sinais analógicos de tensão e corrente, provenientes do sistema
elétrico, é realizada a conversão analógico-digital (A/D) que converte esses sinais para a
forma digital em intervalos definidos pela taxa amostral. A partir daí é realizado o
processamento dos dados pelo software e algoritmo apropriado, gerenciado por um
microprocessador específico (COURY, et al. 2011).
Os sinais de entrada do relé são, concomitantemente, sinais discretos que demonstram
o estado dos disjuntores, das chaves seccionadoras e de outros equipamentos de campo e
sinais de tensão e corrente analógicos provenientes dos transformadores de entrada (módulo
32
de interface), que atenuam as tensões e correntes de entrada a níveis adequados aos
microprocessadores (COURY, et al., 2011).
Os filtros analógicos passivos passa baixas, também chamados de filtros anti-aliasing,
têm por função evitar erros no processamento digital de sinais, fenômeno conhecido como
sobreposição de espectros (aliasing). Por meio deles, a representação de um sinal pode ser fiel
ao sinal analógico de entrada. A taxa mínima de amostragem para que a sobreposição de
espectros seja evitada deve ser no mínimo igual ao dobro da frequência do sinal analógico
estudado (COURY, et al. 2011).
Os dispositivos sample and hold têm função de amostrar as entradas analógicas e no
mesmo instante disponibilizar os sinais ao multiplexador, o que reduz a deformação de uma
amostragem não sequencial e a consequente operação incorreta da proteção.
O multiplexador possibilita um conversor A/D a analisar diversas entradas analógicas,
tendo como base o momento de entrada. O conversor A/D converte os sinais analógicos em
sinais digitais em intervalos definidos pela taxa amostral, de modo que haja compatibilidade
entre os dados de entrada e a Central Processing Unit (CPU) (COURY, et al. 2011).
O processador do relé digital é responsável pelo controle de diversas funções: executar
os algoritmos de proteção, controlar funções de tempo, realizar autodiagnostico e
comunicação com dispositivos periféricos.
Após o processamento dos dados ser realizado, as saídas do relé exprimem sinais
discretos, que podem ser utilizados para estabelecer e interromper os valores de corrente
envolvidos na energização de bobinas de abertura de disjuntores e outros elementos; para
sinalização de operação e do estado funcional por meio de dispositivos de sinalização visíveis
no exterior; e também portas de comunicação para troca de dados com outros equipamentos
(COVRE, 2011). A Figura 7 mostra um exemplo típico de relé microprocessado.
33
Figura 7 - Relé microprocessado.
Fonte: Covre (2011).
Os relés digitais são dispositivos multifuncionais, apresentando uma miríade de
funções como a diferencial (87), de sobrecorrente (50/51), de sobretensão (59) e subtensão
(27), direcional (67/91/92), conforme definidas pela norma IEEE C37.2/2008, além de
funções de medição, registro de eventos, oscilografia, comunicação e supervisão. Com efeito,
como não possuem uma gama muito grande de funções, os relés eletromecânicos e estáticos
são preteridos pelos digitais (MAMEDE e MAMEDE, 2011).
Dessa forma, pode-se decerto afirmar que os relés digitais são mais econômicos
porquanto incorporam diversas funções de proteção no mesmo processador, têm capacidade
de adaptação às condições de operação do sistema sem necessidade de substituição (proteção
adaptativa), são mais confiáveis devido às funções de automonitoramento e mais flexíveis
devido à capacidade de comunicação (COURY, et al. 2011).
Tem-se a seguir, algumas das características e funções dos relés digitais que merecem
ser destacadas:
Autossupervisão: é uma das principais funções que foram implantadas através
da tecnologia digital, permitindo que o relé supervisione continuamente seus sistemas de
hardware e software e, dessa forma, seja capaz de diagnosticar anormalidades que possam
impedir seu correto funcionamento. O benefício está no aumento da confiabilidade do sistema
de proteção, que no caso de algum tipo de mau funcionamento, pode acionar uma equipe de
manutenção para imediatamente resolver o problema, diminuindo o tempo de
indisponibilidade do sistema de proteção. Na ocorrência de um defeito, o relé pode se colocar
fora de serviço a partir de um número predefinido de tentativas de reset ou gerar um alarme
34
ao sistema central. Esta característica dos relés digitais é um dos mais importantes argumentos
técnicos que incorrem a seu favor (MAMEDE e MAMEDE, 2011).
Integração digital: A tecnologia digital tornou-se a base dos sistemas
empregados em subestações. Ações como medições, comunicação de dados, telemetria e
controle são realizadas usando-se tecnologia digital. Nas modernas subestações, os relés
digitais devem estar integrados naturalmente nesses sistemas (COVRE, 2011).
Requisitos de espaço: os relés digitais têm a capacidade de executar várias
funções em uma mesma plataforma graças à conversão dos sinais analógicos em digitais que
servem de entrada para algoritmos que executam diversas funções de proteção (COVRE,
2011).
Redução de cargas em TCs e TPs: a energia elétrica demandada pelos relés é
fornecida por meio de fontes externas (baterias), resultando em baixo consumo de energia
elétrica pelos mesmos, permitindo assim a utilização de transdutores com menor potência, e
com menos problemas de saturação (COURY, et al. 2011).
Localização de faltas: Essa é uma função bastante utilizada em linhas de
transmissão e tem por objetivo determinar a distância entre o ponto de instalação do relé e o
ponto de defeito, através de algoritmos incorporados ao relé (SAHA, et al., 2010).
Oscilografia: esta função tem por objetivo registrar os ciclos das grandezas
analógicas em caso de faltas, armazenando os ciclos em condição pré e pós-falta. Os relés
digitais modernos vêm com essa função incorporada e a utilizam para analisar as perturbações
que ocorrem no sistema (COURY, et al. 2011).
2.4. DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS INTELIGENTES
Com o avanço da tecnologia, os relés digitais passaram a ter, cada vez mais,
capacidade de processamento e se tornaram IEDs. O IED é um equipamento eletrônico
multifuncional para proteção, controle, medição e monitoramento de sistemas elétricos
provido de interface de comunicação que permite a atuação de bloqueios e intertravamentos
por meio de interação com outros IEDs.
Com o aumento da capacidade de processamento e memória, os IEDs realizam
funções mais apuradas, melhoram sua autossupervisão, e aumentam o processamento
múltiplo, ou seja, um mesmo conjunto de dados pode ser processado por diferentes funções de
maneira simultânea, aumentando a segurança e disponibilidade do sistema. Um dos principais
35
objetivos da norma IEC 61850 desenvolvida pela International Electrotechnical Comission
(IEC) é a padronização na troca de informações entre os IEDs. A consequência desta
padronização é a integração de IEDs de fabricantes distintos e interoperabilidade entre
modelos.
Alcançar essa interoperabilidade de comunicação entre IEDs em subestações é
possível segundo a norma IEC 61850, no entanto, requer integração funcional e engenharia
avançada, pelo menos em sistemas multi-fabricantes (COSTA, 2010).
2.4. CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo foi apresentado um panorama geral dos aspectos construtivos dos relés
ao longo da história, desde os relés eletromecânicos até os microprocessados. Com o
constante aperfeiçoamento da comunicação de alta velocidade, da capacidade computacional,
e por meio de upgrades no software e reajustes nos parâmetros, estes dispositivos passaram a
agregar cada vez mais funções, mostrando-se, com efeito, à prova de futuro e sendo a melhor
opção para as empresas que desejam melhorar seus produtos gastando cada vez menos.
No capítulo 3, será abordada a norma IEC 61850, tratando sobre protocolos atinentes à
troca de informações e/ou dados entre os níveis de automação que interagem em uma
subestação.
36
3. A NORMA IEC 61850
3.1. INTRODUÇÃO
A norma IEC 61850 surgiu com o propósito de criar um padrão de comunicação,
buscando a interoperabilidade entre IEDs de distintos modelos e fabricantes, possibilitando
dessa forma o uso e a troca irrestrita de dados, no intuito de que cada equipamento seja capaz
de desempenhar suas funções individuas e coletivas utilizando uma linguagem mais apurada,
inteligente e simplificada (MARTINS, 2012).
Anteriormente a norma IEC 61850, cada fabricante possuía seu protocolo de
comunicação dedicado aos seus produtos, com regras que definiam a ordem e o tipo das
mensagens trocadas, específicas e próprias, com o código fechado. Adicionalmente, era
necessário o uso de um equipamento de conversão de protocolos (gateway) ou então a
aquisição de equipamentos do mesmo fabricante (BARRETO, 2013).
A norma IEC 61850 é um conjunto de normas e padrões que estabelece uma
arquitetura de comunicação para sistemas elétricos. Para atender os requisitos de
confiabilidade e tempo necessários a todas as aplicações para sistemas elétricos, será
apresentado como a norma IEC 61850 estabelece protocolos que possibilitam o tráfego, via
rede de comunicação, de sinais de proteção e automação (COUTINHO, 2015).
A Figura 8 ilustra o conjunto de protocolos abordados pela norma IEC 61850. A
mensagem Generic Object Oriented Substation Event (GOOSE) (tipo1, 1A) e as amostras
brutas de dados Sample Values (SV) (tipo 4) são de alta transmissão. A mensagem tipo 2 de
média velocidade, tipo 3 de baixa velocidade e tipo 5 de função de transferência de pastas
compõem o Manufacturing Message Specification (MMS). As mensagens tipo 6 são baseadas
no tipo 3 com verificação de usuário e senha, e representam mensagens de comando. Por fim,
a sincronização temporal é realizada de acordo com a IEEE 1588.
37
Figura 8 - Conjunto de Protocolos IEC 61850.
Fonte: SEL (2017).
Desde sua publicação entre os anos de 2001 e 2004, a norma trouxe soluções que
padronizaram vários requisitos no que diz respeito a aspectos de comunicação e troca de
informações de sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, sendo
incorporado novas partes a norma e assim, expandindo o objeto de aplicação para Smart
Grids, todavia, as partes relacionadas diretamente à automação de subestações de energia
elétrica, vão de 1 a 10, sendo que cada uma consiste em um documento que define as
características que uma determinada implementação deve ter para estar em conformidade com
a norma, conforme a Tabela 1 a seguir (COUTINHO, 2015):
Tabela 1 - Partes da IEC 61850.
IEC 61850 Redes e sistemas de comunicação em subestações
IEC/TR 61850-1 Parte 1: Introdução e visão geral
IEC/TS 61850-2 Parte 2: Glossário
IEC 61850-3 Parte 3: Requisitos gerais
IEC 61850-4 Parte 4: Gerenciamento de sistema e projeto
IEC 61850-5 Parte 5: Requisitos de comunicação para funções e modelos de dispositivos
IEC 61850-6 Parte 6: Linguagem descritiva de configuração para comunicação em
38
subestações elétricas relacionadas a IEDs
IEC 61850-7-1 Parte 7.1: Estrutura básica de comunicação para subestação e
equipamentos alimentadores – Princípios e modelos
IEC 61850-7-2 Parte 7.2: Estrutura básica de informação e comunicação – Interface de
serviço de comunicação abstrata (ASCI)
IEC 61850-7-3 Parte 7.3: Estrutura básica de comunicação para subestação e
equipamentos alimentadores – Classes de dados comuns
IEC 61850-7-4 Parte 7.4: Estrutura básica de comunicação – Classes de nós lógicos compatíveis e
classes de objetos de dados
IEC 61850-8-1 Parte 8: Mapeamento para serviço de comunicação específico (SCSM) –
Mapeamento para MMS (ISO 9506-1 e ISO 9506-2) e para ISO/IEC 8802-3
IEC 61850-9-1 Parte 9.1: Mapeamento para serviço de comunicação específico (SCSM) –
Valores amostrados sobre enlace serial unidirecional ponto a ponto
IEC 61850-9-2 Parte 9.2: Mapeamento para serviço de comunicação específico (SCSM) –
Valores amostrados sobre ISO/IEC 8802-3
IEC 61850-10 Parte 10: Teste de conformidade
Fonte: International Electrotechnical Comission (IEC, 2004).
Além do protocolo de comunicação padrão, a norma IEC 61850 proporcionou que
parâmetros como intertravamentos, posição de equipamentos e bloqueios sejam realizados via
lógica (MAHL, 2013).
O padrão descrito anteriormente permite o tráfego das informações de maneira
hierárquica, partindo do barramento de processos, que é o responsável pela coleta de dados,
passando pelos IEDs do bay, onde é realizado o processamento desses dados, até o
barramento de estação, responsável pelo despacho de dados para a nuvem. A partir da nuvem,
a mensagem de alerta do evento segue para os centros de operação da transmissora de energia
elétrica e do ONS, no intuito de possibilitar a supervisão de eventuais falhas do sistema, bem
como a operação remota, conforme ilustrado pela Figura 9 (COUTINHO, 2015).
A introdução da norma IEC 61850 no setor de sistemas de potência tem possibilitado o
desenvolvimento de novos conceitos e filosofias de aplicação de sistemas de automação e
proteção no grupo geração, transmissão e distribuição (GTD) (MARTINS, 2012).
39
Para comunicação em uma subestação, a norma define basicamente três níveis de
barramentos distintos, conforme abaixo descrito:
comunicação entre sensores e seus IEDs- barramento de processo;
comunicação entre IEDs-barramento de bay;
comunicação entre IEDs e supervisório - barramento de estação.
Na Figura 9 é possível observar um esquemático que representa os níveis de
comunicação estabelecidos pela IEC 61850:
Figura 9 - Níveis de comunicação IEC 61850.
Fonte: Mahl (2013).
3.2. BARRAMENTOS DE INTERFACE
A norma IEC 61850 utilizou-se do modelo aberto Open System Interconnection (OSI),
aplicado as redes de computadores comerciais para a comunicação dos IEDs. Este modelo
criado em 1977, a partir da cooperação da International Organization for Standardization
40
(ISO) e a ANSI, estabeleceu um padrão para redes de informática para interconexão de
sistemas, utilizando uma rede de comunicação baseado no modelo OSI (MAHL, 2013).
O modelo OSI é dividido em camadas, onde cada uma é responsável por um grupo de
tarefas (BARRETO, 2013). A seguir são apresentadas, na Tabela 2, as camadas do modelo
OSI.
Tabela 2 - Camadas OSI.
Camada Funções
7 – Aplicação
Responsável pela interface entre o protocolo de comunicação e
o software que requisitou a informação. Entre as funções
executadas por esta camada, está o suporte ao uso de dados
remotos, controle na transferência de arquivos, atividade de
conexão e consulta a banco de dados e suporte ao operador
6 - Apresentação
Responsável pela interface de troca das informações. Nesta
camada pode-se fazer a formatação dos dados, codificação dos
dados, campactação e criptografia, de forma com que duas
redes distintas possam se comunicar. Os gateway são
dispositivos que atuam neste nível.
5 – Sessão / Transição
Esta camada permite que duas aplicações rodando em
computadores diferentes estabeleçam comunicação. Tem a
função de administrar e sincronizar diálogos entre dois
processos de aplicação.
4 – Transporte
Camada responsável pela qualidade na entrega das
informações para o devido destinatário. Isso inclui controle de
fluxo, ordenação de pacotes de dados e correção de erros,
garantindo que as mensagens sejam entregues sem erros na
sequência, perdas ou duplicidade.
3 – Rede
Esta camada estabelece o protocolo de interface com a rede.
Decide através de dispositivos como roteadores, qual deve ser
o melhor caminho que os dados recebidos da camada de
conexão devem seguir, tornando a comunicação pela Internet
possível.
Está relacionada ao reconhecimento do endereço da
informação (pontos) e dos endereços físicos dos dispositivos.
41
2 – Enlace / Conexão
Nesta camada também são introduzidos os controles de início
e fim de blocos de dados, detecção de eventuais erros
ocorridos na camada física e endereçamento da mensagem
para determinado equipamento.
1 – Físico
Estabelece as características físicas (elétricas e mecânicas) dos
equipamentos eletrônicos. Camada onde o processo de
comunicação é iniciado e o sinal elétrico é convertido de
analógico para digital, quando recebe o sinal ou digital para
analógico, quando transmite o sinal.
Fonte: Mahl (2013).
A norma IEC 61850 define que o protocolo SV atue somente no barramento de
processo, no transporte das medidas analógicas que foram amostradas por Merging Unit
(MU), módulo concentrador de entradas/saídas analógico/digital com processamento e
interface de comunicação em SV com uma taxa de até 256 pontos por ciclo (MAHL, 2013).
Em termos de hardware, busca-se o desenvolvimento de transdutores (TCs, TPs) e
equipamentos de manobras (disjuntor, seccionadoras), para que os mesmos possuam
processamento digital e interfaces óticas para comunicação direta com os níveis superiores
(BARRETO, 2013).
Instalações reais não possuem o protocolo de barramento de processo (SV)
implementado, pois há um conservadorismo nas concessionárias de energia, frente aos saltos
tecnológicos. Quebra de paradigmas envolve mudanças de comportamento, implicam em
determinado tempo para assimilação da evolução tecnológica, demandando em construção de
conhecimento e investimento de recursos por parte das empresas. Em contrapartida, a
instalação é projetada de forma que os sensores e atuadores de campo enviem sinais através
de cabos de cobre diretamente aos IEDs. Os IEDs, por sua vez, executam toda a proteção e
automação no nível de bay via mensagens GOOSE (COUTINHO, 2015).
O barramento de bay é modelado pelo protocolo GOOSE. A norma recomenda
aplicação desse protocolo onde é necessária velocidade de transmissão e tempo de atuação,
como trip de relés de proteção e lógicas de intertravamento. É definido para sinais de proteção
e controle, por isso possui requisito de prioridade e executa funções sobre as camadas físicas e
de enlace, respectivamente, no padrão Ethernet ligadas diretamente à camada de aplicação,
conforme ilustrado pela Figura 9 (MAHL, 2013).
42
O barramento de estação é modelado pelo protocolo MMS. Ele ocupa o mesmo espaço
dos protocolos DNP3 e IEC101, padronizando a comunicação para mensagens de supervisão
e comandos remotos. Em virtude disso, as mensagens MMS são menos prioritárias que as
mensagens GOOSE e SV, além dos tempos de transmissão chegar à ordem de segundos
(COUTINHO, 2015).
O protocolo MMS utiliza a filosofia de Cliente e Servidor, realizando a comunicação
para atender os sistemas de aquisição de dados dos Station Configuration Description
(SCADA) ou outras funções em que os requisitos de tempo não são cruciais e, opera na
camada de aplicação junto com as camadas de transporte e rede Transmission Control
Protocol/Internet Protocol (TCP/IP - UDP/IP), de enlace e física (Ethernet) (COUTINHO,
2015).
3.3. MODELO DE DADOS DEFINIDO PELA NORMA IEC 61850
Os dispositivos físicos (disjuntores, TCs, TPs, etc) de uma subestação de energia
elétrica tem seus dados modelados pela norma IEC 61850 para representar suas características
e funções. Os nós lógicos que interagem entre si, identificam as funções ou partes de funções
de proteção e controle existentes em uma subestação. Os IEDs são os responsáveis pela
implementação dos nós lógicos (BARRETO, 2013).
O modelo de dados estruturado de maneira hierárquica na norma IEC 61850 é
constituído pelos elementos a seguir e suas respectivas funções: IED é o hardware que
suporta as implementações dos nós lógicos (funções); dispositivo lógico (logical device) é o
que especifica um grupo de nós lógicos da mesma função; nó lógico (logical node) é o que
representa a função de um equipamento; objeto de dados (data object) é o que representa um
dado de uma função de automação e controle e; atributos de dados (data attributes) é o valor
de um objeto de dados (BARRETO, 2013).
3.4. MENSAGENS DE COMUNICAÇÃO
Nesta seção será arrolada discussão no que diz respeito às mensagens de comunicação
aplicadas para troca de dados entre relés no nível do bay, por meio das mensagens (GOOSE)
de maneira horizontal e para reporte de dados dos relés para os centros de operação entre
níveis diferentes, através das mensagens MMS de forma vertical, conforme exemplificado
pela Figura 10.
43
Figura 10 - Níveis hierárquicos para o Sistema de Automação de Subestações.
Fonte: Netto (2012).
O protocolo SV não será abordado nesta seção, em virtude de não ser empregado em
grande escala no setor produtivo, ou seja, requer desenvolvimento de tecnologia dos
equipamentos que compõe o nível de processos e mudança de paradigmas dos profissionais
das empresas do setor elétrico, conforme abordado anteriormente.
3.4.1. Mensagem GOOSE (Generic Object Oriented Substation Event)
A mensagem GOOSE diz respeito à comunicação horizontal com elevada taxa de
transmissão, com aplicação à automação e proteção de um sistema de potência. Conforme
abordado na sessão anterior, há trocas de informações entre IEDs distintos, para a atuação de
funções específicas de cada um deles que requerem informações diversas presentes no
sistema. (MAHL, 2013).
O sistema de tráfego multicast é o responsável pela troca dessas mensagens, ou seja,
interiormente a este modelo as mensagens são emitidas diametralmente nas camadas OSI,
com posições inferiores e chegam de forma rápida aos terminais conectados à rede. Destarte,
as mensagens GOOSE são absorvidas pelos equipamentos interessados e rejeitadas pelos
demais equipamentos, garantindo assim a eficiência no tráfego de informações e garantindo
que lógicas de proteção ou intertravamento de equipamentos prioritários possam operar de
forma rápida e segura (COUTINHO, 2015).
Para que haja comunicação entre dois ou mais IEDs, a norma IEC 61850 se baseia no
conceito do envio de multicast através da rede Ethernet. Quem necessita da informação
44
detecta o telegrama por seu endereço de origem. Na Figura 11 é elucidado um exemplo de
comunicação horizontal, no qual são mostrados três IEDs comunicando entre si (MARTINS,
2012).
Figura 11 - Exemplo de comunicação horizontal entre IEDs.
Fonte: Martins (2012).
No tocante do envio de mensagens da comunicação horizontal, importante ressaltar
que existe uma pré-condição a ser obedecida, ou seja, se faz necessário configurar o IED e a
porta de comunicação para atender esse tipo de mensagem. As definições de projeto definem
qual o endereço da interface será utilizado, além da ativação da porta de comunicação do IED.
Para tanto, usa-se um software proprietário do fabricante e, configura seus equipamentos de
proteção e automação de sistemas de potência (MARTINS, 2012).
Após a finalização do projeto no software do fabricante, é realizada a exportação desse
projeto para um software responsável pela configuração dos endereços das mensagens desse
modelo de protocolo. O mapa GOOSE é o responsável por esta configuração, ou seja, um
documento é gerado durante a fase de projeto e serve de guia para toda a configuração desse
tipo de comunicação (MARTINS, 2012).
As mensagens no protocolo GOOSE são reenviadas de acordo com o esquema de
retransmissão, para aumentar a probabilidade de recebimento dos pacotes, pois não há
confirmação de recebimento nas mensagens. Particularizando para implementação de um
fabricante, a repetição no envio das mensagens GOOSE se dá continuamente a cada Tmax =
1024ms e Tmin = 2 ms caso ocorra algum evento de falta no sistema de energia elétrica.
Posteriormente ao caso de falta, é gerado uma nova mensagem incrementada de forma
exponencial por um fator ‘k’, no intuito de atingir o Tmax, conforme está ilustrado na Figura
45
12. Caso não ocorram novos eventos, uma mensagem é repetida em períodos de tempo Tmax
(BARRETO, 2013).
Figura 12 - Tempos de repetição das mensagens GOOSE.
Fonte: Gurjão et al. (2006).
O modo de repetição ou retransmissão é o método utilizado pelo protocolo GOOSE
para atingir um nível adequado de segurança de transmissão dos dados. Como dito
anteriormente, nesse protocolo as mensagens são multicast em modo publicador/assinante e
em virtude disso não há uma confirmação de recebimento de mensagens por parte dos
dispositivos. Caso uma mensagem enviada apenas uma vez, não chegue a seu destino,
inúmeros são os danos causados ao sistema de energia elétrica, por exemplo, uma mensagem
de trip de disjuntor (BARRETO, 2013).
A norma IEC 61850 define que os frames (dados formatados em pacotes de
informações, compostos por uma sequência de bits) seguem o padrão Ethernet para os
protocolos apresentados. Os dados propriamente ditos seguem a linguagem orientada a objeto
da norma (EHRENSPERGER, 2004).
3.4.2. Mensagem MMS (Manufacturing Message Specification)
A comunicação denominada vertical acontece entre níveis diferentes através das
mensagens MMS. Nelas, o remetente determina o destinatário da informação e somente este
tem acesso às informações enviadas, ou seja, as mensagens são ponto-a-ponto (MAHL, 2013).
O supervisório e os relés de proteção e/ou as Unidades de Aquisição Central (UACs)
utilizam majoritariamente o protocolo de mensagens MMS, tendo como remetente os relés e
as UACs da maioria desses pacotes de informação (BARRETO, 2013).
46
Através da requisição “pooling”, os sistemas supervisórios solicitam as mensagens
MMS de forma cíclica, ou seja, de tempo em tempo é requisitado ao remetente o envio da
informação. Caso ocorra alguma condição pré-estabelecida como mudança no valor de algum
ponto, ocorre de maneira espontânea, o envio das mensagens MMS pelas UACs e relés ao
supervisório. O tempo de resposta das mensagens MMS é na ordem de 100 a 200 ms
(BARRETO, 2013).
Para que ocorra o enlace da comunicação de mensagens MMS, é necessário que o
supervisório tenha o número de identificação IP dos remetentes.
3.5. LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO DA NORMA
Para atender os preceitos da norma IEC 61850 é necessário que os equipamentos do
sistema de proteção, controle e supervisão de subestações sejam capazes de gerar e ler
arquivos em linguagem padrão de configuração denominada de Substation Configuration
Language (SCL) baseada em Extensible Markup Language 1.0 (XML) que é a linguagem de
programação utilizada para escrever o SCL. A linguagem XML é largamente empregada,
principalmente na criação de páginas da internet (BARRETO, 2013).
De acordo com a norma IEC 61850, a linguagem SCL é composta por seis arquivos
para a descrição formal dos modelos. Cada arquivo deve possuir seu número próprio de
revisão, no intuito de ser reconhecido em diferentes versões do mesmo arquivo. A extensão
dos arquivos é responsável por diferenciá-los, pois cada arquivo possui função e conteúdo
próprio. A seguir são apresentados os arquivos que compõem a linguagem SCL (BARRETO,
2013):
IED Capability Description (ICD): Contém uma seção obrigatória, com todos os tipos
de nós lógicos, atributos de dados e objetos de dados suportados pelo IED para
descrever a capacidade do mesmo. Paralelamente, em seção adicional, permite a
qualquer fabricante descobrir o número de pontos que tal IED pode enviar e receber
através dos protocolos GOOSE ou MMS.
Instantiated IED Description (IID): Realiza a conexão do sistema ao equipamento.
System Specification Description (SSD): Discrimina as funções reservadas para o
diagrama unifilar e dados que serão suportados por esta descrição.
47
System Configuration Description- SCD: Representa os parâmetros de comunicação
dos IEDs existentes em uma subestação.
Configured IED Description (CID): Determina o IP e MAC do IED a fim de prover
comunicação com o sistema, ou seja, com quais equipamentos haverá a troca de dados
(envio/recibo) através dos protocolos GOOSE e MMS e quais serão as informações
contidas nesses dados.
System Exchange Description SED: Descreve a troca de informações que existirá entre
equipamentos de duas subestações terminais.
3.6. PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO ANTERIORES À NORMA
Vários protocolos não proprietários realizavam a integração de equipamentos de
fabricantes diferentes antes da formulação da norma IEC 61850, não apenas na automação de
subestações, mas também na automação industrial de um modo geral (BARRETO, 2013).
A seguir serão elucidados de maneira sucinta, os protocolos de automação comumente
utilizados nas subestações de energia elétrica.
O Protocolo Distributed Network Protocol (DNP) é utilizado em uma infinidade de
redes e possui protocolo público, baseado em padrões abertos. O propósito de seu
desenvolvimento ocorreu em virtude da necessidade de interoperabilidade entre
sistemas elétricos e indústrias de segurança (BARRETO, 2013).
Largamente empregado para prover a troca de dados entre pontos de controle remoto
com CLP. Desta forma, foi aplicado na comunicação dos IEDs com os centros de
controles das concessionárias de energia elétrica, pois este protocolo pode ser
implementado em qualquer sistema SCADA. Para a comunicação entre UTRs e IEDs,
é recomendável o uso do IEC 870-5-101 ou DNP3 (BARRETO, 2013).
O protocolo Modbus é um protocolo de comunicação de dados tradicional, difundido
expressamente em sistemas de automação industrial, em virtude do seu baixo custo de
aquisição. É aplicado para obtenção de sinais de instrumentos em redes de CLPs,
estabelecer a comunicação entre IEDs, em arranjo mestre/escravo e opera em modo de
requisição/resposta (BARRETO, 2013). A transmissão dos dados pode ser através do
48
TCP/IP sobre Ethernet, em relação ao tipo de dado esses podem ser discretos ou
analógicos (NETTO, 2012).
O protocolo IEC 60850-5-103 determina a descrição da ordem em que as mensagens
serão enviadas, além das unidades de dados que especificam a disposição e os índices
da mensagem. É aplicado em transmissão de dados entre equipamentos de proteção e
controle com os IEDs (MAHL, 2013).
Durante a interface de informação, esse protocolo possui a habilidade de conectar
dispositivos de proteção de fabricantes distintos para um sistema de controle de
estação, sem ter que recorrer há artifícios adicionais (BARRETO, 2013).
O protocolo IEC 60870-5-101 é baseado na utilização do protocolo Ethernet, através
do sistema de acesso ao meio TCP/IP e utiliza padrões da série IEC 60870-5. Seu
desenvolvimento ao longo dos anos originou o protocolo IEC 60870-5-104,
responsável pela comunicação entre redes Local Area Network (LAN) e Wide Area
Network (WAN) (MAHL, 2013).
Para monitorar processos, aplica-se o protocolo IEC 60870-5-101 a equipamento de
controle e sistemas de transmissão, pois ele estabelece a funcionalidade para a
interoperabilidade dos equipamentos de controle de fabricantes díspar para a
comunicação entre subestações e centros de controle (BARRETO, 2013).
Há uma extensão deste protocolo, denominado de protocolo IEC 60870-5-104,
apresentando alterações nos trabalhos das camadas físicas, link, rede e transporte.
Utiliza a interface padrão TCP/IP para redes com conectividade LAN e roteadores
para conexão com WAN (NETTO, 2012).
3.7. CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, foi apresentado um panorama sintetizado da norma IEC 61850, com
destaque para os pontos preconizados pela referida norma com aplicabilidade em subestações
de energia elétrica.
A utilização da base tecnológica digital estabelece um novo modelo de concepção dos
empreendimentos de transmissão de energia elétrica, que necessitam ser assimilados pelos
profissionais do setor elétrico. Atrelado a esta temática, será explorada de maneira mais
detalhada nos capítulos 4 e 5, tecnologias para a detecção de faltas no SIN, que tornarem-se
49
obrigatórias pelo ONS a partir do leilão de transmissão 005/2016, e devem ser observados na
nova redação dos Procedimentos de Rede. Dessa forma, os dois próximos capítulos tem por
objetivo fornecer a base teórica para a realização da discussão dos estudos de casos e
conclusões apresentados no capítulo 6.
50
4. SISTEMA DE MEDIÇÃO FASORIAL SINCRONIZADA
4.1. INTRODUÇÃO
A motivação para a pesquisa arrolada neste capítulo se deu, em virtude da redação
vigente dos Procedimentos de Rede do ONS. Esta motivação despertou, em virtude da
obrigatoriedade imposta pela ANEEL/ONS, de exigir dos agentes transmissores que
contemplem em futuros empreendimentos de transmissão de energia elétrica, especificamente
subestações, as unidades de medições sincrofasoriais.
O supervisório empregado em larga escala, desde o início da década de 1980 no Brasil
é o sistema SCADA, baseado em dados provenientes de um conjunto de telemedidas eficazes
e redundantes das grandezas elétricas.
A análise dos dados obtidos pelo SCADA é realizada por ferramentas computacionais,
conhecidas como Configurador de Rede e Estimador de Estados, em intervalos regulares de
tempo (tipicamente 5 segundos), para que se conheça o estado do sistema e o perfil das
tensões complexas nas barras (LIRA, 2010).
No entanto, o processamento destas medidas não é realizado instantaneamente,
fazendo com que o processo não seja capaz de fornecer o estado real do sistema, mas sim uma
estimativa baseada na redundância das medidas de estado em um instante próximo, mas
anterior ao tempo real (LIRA, 2010).
Consequentemente, o estado do sistema e a resposta a contingências têm sua precisão
acurada apenas em momentos temporariamente estacionários (quasi - steadystate). Em
contrapartida, para momentos de flutuação de eventos, o estimador de estados e estudos off -
line não são capazes de fornecer ao operador uma visão plena das condições operativas do
SEE (HOROWITZ, et al.,2010; LIRA, 2010).
O desenvolvimento, na década de 1990, de dispositivos de sincronização temporal
introduziu a possibilidade de realizar medições diretas do estado operativo do SEE, ao invés
de estimá-lo. Somado a isto, o desenvolvimento na área de computação e de
telecomunicações, motivou o desenvolvimento de novas ferramentas para realizar a
monitoração e avaliação da segurança de sistemas elétricos, de forma mais eficiente e rápida,
a fim de acompanhar o aumento da complexidade dos SEE. A partir do ponto em que a
estimação de estados não supre as necessidades de segurança, passa a ser necessária a análise
em tempo real (NOVOSEL, et al., 2007; LIRA, 2010).
51
Para a abordagem em tempo real, a utilização de medições fasoriais em detrimento de
medições eficazes se apresenta como forte tendência de utilização. Ao contrário da estimação
de estados, a tecnologia envolta da medição fasorial permite a monitoração dinâmica do
sistema, o que contribui para a maior confiabilidade do SEE.
4.2. TECNOLOGIA DE MEDIÇÃO FASORIAL SINCRONIZADA
O SPMS (Phasor Measurement System) é um novo paradigma na monitoração de
sistemas. Com base nos avanços das áreas de processamento e armazenagem de dados, bem
como nas comunicações de alta capacidade, o SPMS possibilita uma melhora na
confiabilidade e segurança de SEE (LIRA, 2010).
O SPMS é o conjunto de subsistemas de sincronização, coleta, análise, comunicação e
operação, cuja função principal é a de melhorar o planejamento, operação, manutenção e
fluxo energético em uma rede interconectada. Por meio dele é possível obter dados de
medições complexas sincronizadas no tempo, em qualquer instalação disposta no sistema
elétrico, com elevadas taxas de atualização e o seu envio para centrais de coleta de dados
(LIRA, 2010; NOVOSEL, et al., 2007).
O elemento base do SPMS é a unidade de medição fasorial sincronizada, denominada
de PMU. Este equipamento fica localizado em subestações, sendo responsável pela aquisição
do fluxo de potência (MW e Mvar), frequência, tensões e correntes complexas das barras da
subestação a todas elas associadas a um rótulo temporal. Ocorre então o processamento dos
dados, para a obtenção de grandezas fasoriais (HOROWITZ, et al., 2010; EHRENSPERGER,
2004; DECKER, et al., 2005).
A tecnologia de PMUs é capaz de realizar a monitoração e controle da dinâmica do
sistema em tempo real (com taxas de atualização de 20 a 60 vezes por segundo), uma melhora
significativa em comparação com o sistema SCADA, cuja taxa de atualização é de segundos
até minutos (NOVOSEL, et al., 2007).
Esta alta taxa de informações transmitida com baixa latência provê à operação uma
quantidade de informações suficientes para dar claridade ao estado real do sistema, mesmo
durante eventos como: faltas em linhas de transmissão, flutuações na geração e outros eventos
complexos na operação. Este é um contraste aos meios de estimação de estado tradicionais,
que sofrem de inexatidão e atraso das informações (SEL, 2011).
Os outros subsistemas componentes do SPMS são as estações de GPS, responsáveis
pela sincronização temporal das medições; o concentrador de dados, denominado de Phasor
52
Data Concentrator (PDC), responsável por receber e reunir de forma coerente as medidas
fasoriais enviadas pelas PMUs para o uso em aplicações; e as redes de comunicação, que
viabilizam a transferência de dados entre subsistemas (HOROWITZ, et al., 2010;
EHRENSPERGER, 2004).
De acordo com HOROWITZ, et al., (2010), o comportamento do sistema elétrico pode
ser avaliado a partir do conjunto de tensões de sequência positiva em todos os barramentos de
rede. É possível extrapolar, portanto, que com medições suficientes é possível medir o estado
operativo do sistema, sem necessidade de estimação.
Para a completa observabilidade do sistema elétrico não é necessário instalar unidades
PMUs em todos os barramentos, o que tornaria a implementação do SPMS onerosa. Ao invés
disso, uma quantidade mínima de PMUs (segundo HOROWITZ, estudos apontam um
mínimo de um terço de unidades instaladas nos barramentos), já permite obter uma imagem
completa do estado do sistema. Isso se explica pelo uso das medições de correntes das linhas
de transmissão, que possibilita a obtenção de uma estimativa da tensão em barramentos
remotos (HOROWITZ, et al., 2010).
Ainda assim, a implementação da tecnologia de medição fasorial requer investimentos
para estudos, compra e atualização de equipamentos, manutenção, treinamento e recursos. É
importante ressaltar que apesar dos benefícios, a tecnologia SPMS não é substituta do sistema
SCADA, ao contrário, é vital a utilização em conjunto para agregar benefícios ao SEE (LIRA,
2010; EHRENSPERGER, 2004).
Como explicado ao longo do trabalho, o despacho e operação da energia elétrica em
SEE são complexos, pois envolvem o trabalho de diversas empresas trabalhando interligadas
com equipamentos de diversas arquiteturas, lidando com um sistema volátil, que é afetado
direta e indiretamente por fatores diversos (estiagem, mudanças na curva de carga, entrada e
saída de máquinas, etc).
Neste contexto, começam a surgir problemas com restrições operacionais, limites
operacionais e um SEE mais frágil, culminando em blecautes como vistos nos Estados Unidos
e Canadá em 2003, Suécia e Dinamarca em 2004. No Brasil, em 1999 e 2002 ocorreram
racionamentos devido ao congestionamento em corredores de transmissão, mesmo com as
reservas energéticas saudáveis; em 2009 um blecaute devido ao desligamento de uma LT de
765 kV ocasionando desligamentos em cascata e interrupção de 40% da carga (LIRA, 2010;
ONS, 2017).
53
Neste cenário surge o interesse do SPMS, a ser utilizado como ferramenta
complementar aos sistemas em uso atualmente, mas trazendo evolução nas áreas de
monitoração, análise de perturbações, análise de segurança e controle.
O desenvolvimento de normas como a IEEE C37.118 – Standard for Synchrophasor
Measurements for Power Systems, e a introdução de dispositivos IEDs com funções
integradas de PMUs têm removido barreiras para a sua implementação (LIRA, 2010;
NOVOSEL, et al., 2007).
4.3. DISPOSITIVOS CONSTITUINTES DO SISTEMA DE MEDIÇÃO FASORIAL
SINCRONIZADO
Os dispositivos componentes do SPMS são interdependentes e são estruturados
conforme uma hierarquia padrão, em que o fluxo de dados ocorre no sentido das PMUs até o
PDC remoto. Na Figura 13, é possível ver um esquema do funcionamento básico do SPMS
(LIRA, 2010):
Figura 13 - Esquemático de um Sistema de Medição Fasorial.
Fonte: Lira (2010).
As medições de tensão e corrente de sequência positiva são realizadas e
disponibilizadas por unidades PMU, dispostas em subestações do SEE, para o PDC,
responsável pelo gerenciamento, armazenamento e disponibilização dos fasores. Como fonte
única de sincronização dos PMUs é utilizado o GPS (LIRA, 2010).
54
4.3.1. Sincrofasores e o Sistema de Sincronização
A partir da utilização de fasores sincronizados no tempo, é possível suprir carências do
sistema SCADA tradicional. Uma vez que a sincronização temporal por meio dos satélites do
GPS dá rastreabilidade aos fasores adquiridos pelas PMUs, é possível organizar estes dados
enviados por equipamentos de diversas localizações geográficas de forma cronológica.
Somado a isso, o uso das comunicações Ethernet permite enormes taxas de transmissão de
dados.
A norma IEEE C37.118/2011 referencia a equação (1) associada a um fasor:
(1)
onde os índices r e i representam componentes reais e imaginárias, respectivamente, em
coordenadas retangulares, é o valor eficaz (rms) do sinal, φ é a sua fase instantânea
relacionada à função cosseno na frequência fundamental sincronizada (LIRA, 2010; IEEE,
2011).
Para o cálculo de fasores, realizado nas unidades PMUs, pode ser utilizada a Discrete
Fourier Transform (DFT), um dos métodos de estimação espectral mais utilizados para sinais
elétricos. Na literatura também podem ser encontrados métodos como da Transformada
Discreta de Cossenos, mínimos quadrados e variações da DFT (LIRA, 2010).
Para os SPMS, a grande distância geográfica entre subestações exige das unidades
PMUs a utilização de uma mesma referencia temporal para os fasores calculados, de forma
que possa haver exatidão nas medidas de diferença angular dos sincrofasores do sistema, e
elas possam ser diretamente comparadas. É esta capacidade de comparar medições de locais
diversos que diferencia o SPMS do SCADA. Por isso é necessário uma referência temporal
única (LIRA, 2010; SEL, 2011).
O processo de sincronização interno do GPS leva em conta a distância entre satélites,
através da estimação do tempo gasto por cada sinal para alcançar o receptor na terra, e com no
mínimo 4 medições (de satélites distintos), para calcular a sua posição (LIRA, 2010; IEEE,
2011).
Da mesma forma é possível calcular o atraso da propagação de ondas de cada satélite,
para assim sincronizar o relógio do receptor terrestre com o relógio dos satélites. Na terra, o
receptor de GPS sincronizado retransmite o sinal de sincronismo para equipamentos em
55
subestações distintas, que fornecem rótulos aos sinais coletados pelo PMU em um Universal
Time Coordination (UTC) (LIRA, 2010;HOROWITZ, et al., 2010).
A fonte de sincronização deve ser acurada o suficiente para atender a requisitos de
desempenho definidos pela norma IEEE C37.118/2011. Dentre eles estão requisitos de
exatidão, disponibilidade, continuidade, integridade e área de cobertura (LIRA, 2010).
É importante destacar que a qualidade dos dados dos sincrofasores é tão boa quanto à
acurácia da fonte de sincronização, desempenho de exatidão e latência de PMUs, e
principalmente pela inserção de erros atrelados aos transformadores de instrumentos. Tais
fatores tornam a aplicação do SPMS em larga escala um desafio (LIRA,
2010;EHRENSPERGER, 2004).
4.3.2. Unidade de Medição Fasorial – PMU
A Figura 14 ilusstra a estrutura básica da PMU.
Figura 14 - Estrutura geral da PMU.
Fonte: LIRA (2010).
O funcionamento simplificado inicia com o recebimento dos sinais de tensão e
corrente provenientes dos canais de instrumentação. Esses dados são amostrados de forma
sincronizada a uma taxa de 1 PPS (LIRA, 2010).
É importante notar a utilização de filtros em diversas etapas da conversão e análise,
passos essenciais para remover componentes prejudiciais à exatidão dos fasores, conforme
aludido no capítulo 3. No processo de conversão A/D, os dados filtrados recebem uma
56
etiqueta temporal, sincronizado com a referência de tempo UTC proveniente da fonte de
sincronização. Com isso, há rastreabilidade da chegada da medição na PMU (LIRA, 2010).
A partir daí é realizado o processamento digital dos dados, por meio de um
microprocessador, para a definição dos sincrofasores de sequência positiva atrelados a eles.
Tendo em vista que o sistema opera em regime permanente, com frequência nominal, o
conjunto de sincrofasores das barras fornecem o estado real do SEE (LIRA, 2010;
LEANDRO, EHRENSPERGER, 2004).
Para a comunicação entre equipamentos, a norma IEEE C37.118-2011define uma série
de frames,com especificação de rótulo temporal da informação e o tipo de dado enviado. São
eles “dados”, “configuração”, “cabeçalho” e “comando”, de acordo com a norma IEEE
C37.118-2011 (EHRENSPERGER, 2004; DECKER, et al., 2005):
Frame de Dados: envia ao PDC os sincrofasores dos canais monitorados, variações de
frequência do sistema e informações sobre a integridade dos canais de comunicação.
Frame de Configuração: envia ao PDC/ PMU informações sobre a configuração da
PMU. As informações são: nome da PMU, número de fasores medidos, número de
canais digitais monitorados, nomes de cada canal, frequência nominal do sistema e a
taxa de transmissão das medidas fasoriais.
Frame de Cabeçalho: envia informações descritivas sobre a PDC/PMU, como
transdutores, algoritmos e filtros analógicos utilizados, requisitados pelo operador.
Frame de Comando: envia informações para o PDC/ PMU para o controle ou
configuração.
De acordo com a IEEE C37.118.2-2011, as informações podem ser armazenadas da
forma mais conveniente dentro da PMU ou PDC, mas para a transmissão, deverão ser
formatadas conforme os frames supracitados. Mensagens e comandos recebidos, mas não
compreendidos deverão ser descartados. Durante a operação normal, a PMU envia apenas
frames de dados.
Os requisitos de desempenho esperados para o cálculo fasorial da PMU e taxas
mínimas de envio de frames estão descritos na norma IEEE C37.118-2011. Dentre os
parâmetros esperados estão o Erro Vetorial Total (Total Vector Error), Erro de Frequência
(Frequency Error) e a Taxa de Mudança de Frequência (Rate of Change of Frequency), todos
dentro dos respectivos limites (IEEE, 2011; LIRA, 2010).
57
Como exemplo, um erro temporal de 1 μs corresponde a um erro de fase de 0,022º
num sincrofasor da rede de 60 Hz. Caso o erro chegue a 0,57º haverá um TVE de 1%, o que
corresponde a 26μs para 60 Hz (IEEE, 2011; LIRA, 2010).
4.3.3. Concentrador de Dados Fasoriais – PDC
Os dados dos sincrofasores são despachados pela PMU por meio de canais de
comunicação até o PDC. Esta comunicação entre PMU e PDC é assíncrona e contínua, ou
seja, não há coordenação da chegada de dados, podendo haver atrasos e perda de dados
(LIRA, 2010).
Os frames contendo fasores, enviados por diversas PMUs, devem ser recebidos e
manipulados pelo PDC.Além disso, ele também deve monitorar o estado SPMS, portanto ele
é responsável por (LIRA, 2010; DECKER, et al., 2005;YI HU, et al., 2006):
Coordenação temporal dos sincrofasores: o contínuo fluxo de dados enviados pelas
PMUs deve ser alinhado no tempo conforme seu rótulo temporal, bem como
verificação da integridade de dados no caso de demora de chegada ao PDC.
Armazenamento em banco de dados: os dados recebidos das PMUs devem ser
armazenados (em banco de dados remotos e locais), para serem enviados ao ONS em
caso de consultas.
Funções de gerenciamento do sistema de aquisição de dados (monitoração e
disponibilização de perda de dados, perda de sinal, falha de sincronismo das PMUs);
Disponibilização de informações: o PDC tem como saída o fluxo de dados das PMUs
processados (tanto para suporte à monitoração e controle em tempo real, para estudos
on – line do SEE, ou requisitados pelo ONS).
A coordenação temporal é basilar para o funcionamento do SPMS. O PDC, assim
como a PMU é sincronizado com a UTC da fonte de sincronismo, a fim de realizar de forma
efetiva a monitoração de desempenho do sistema e o diagnóstico de problemas. Para manter a
rastreabilidade de informações, além de armazenar os dados das PMUs, o PDC registra o
tempo de chegada e saída dos pacotes de dados das PMUs (LIRA, 2010;YI HU, et al., 2006).
Para executar as funções, o PDC implementa rotinas computacionais, executadas com
programas que operam em tempo real. Fisicamente ele é constituído por uma CPU, com
capacidade de realizar o tratamento de dados em tempo real; um disco rígido de memória para
58
gravar perturbações; entradas para recepção de dados fasoriais; e terminais de saída para
comunicação com outros equipamentos. A Figura 15 demonstra as funções básicas do PDC
(IEEE, 2011;EHRENSPERGER, 2004).
Figura 15 - Funções básicas PDC.
Fonte: Ehrensperger (2004).
A estrutura do PDC descrita não representa a totalidade de configurações possíveis, é
uma representação genérica. O PDC deve ser idealizado de acordo com a arquitetura do
SPMS: um sistema maior tem um fluxo maior de dados, o que requer uma grande taxa de
transmissão; pode utilizar PDCs instalados localmente em subestações, com um PDC central
remoto responsável pelo gerenciamento (LIRA, 2010).
4.3.4. Canais de Comunicação
A troca de informações entre os subsistemas do SPMS exige uma estrutura de
comunicação que suporte um grande fluxo de dados de diversas PMUs, dispostas em regiões
distantes, em direção aos PDCs, bem como a comunicação entre PDCs. Haja vista que
qualquer falha na comunicação pode levar à perda de informações, é vital estruturar os canais
de comunicação atendendo a requisitos mínimos de desempenho, descritos na norma IEEE
C37.118 – 2011 (EHRENSPERGER, 2004;LIRA, 2010).
Além disso, para realizar a recuperação de dados em caso de falhas, podem ser
desenvolvidos processos de armazenagem das medições locais nos PDCs das subestações,
com função de preservar os dados locais para o reenvio de dados faltantes. Também é
possível armazenar dados temporariamente nas PMUs (LIRA, 2010).
59
Os canais de comunicação podem ser sem fio (micro-ondas), ou com fio, como fibras
ópticas, pela internet através de uma rede Virtual Private Network (VPN) e a tecnologia
Power Communication Line (PLC), em conformidade com os requisitos de latência e taxa de
atualização definidas pela IEEE C37.118 – 2011 (EHRENSPERGER, 2004).
4.4. DESEMPENHO DO SPMS
Para o funcionamento correto do SPMS, é necessário um nível aceitável de exatidão e
latência de dados das PMUs. Todos os subsistemas componentes apresentam faixas de erro, e
níveis esperados de exatidão agregados (LIRA, 2010).
O processo de sincronização do GPS apresenta exatidão angular de 0,022º, ou 1 μs no
tempo para o SPMS. Diferenças entre fabricantes podem alterar o tipo de método
computacional para cálculo de fasores, modificando os resultados. Os transdutores de tensão e
corrente apresentam sérios problemas de acurácia (LIRA, 2010).
A área dos transdutores de tensão e corrente precisa de melhorias, uma vez que são
eles que fornecem as medições de tensão e corrente à PMU. Estes instrumentos carecem de
informações de ensaios em regime dinâmico, secundários com grandezas tratadas e
compatíveis com sinais digitais, softwares para correção de erros provenientes de outros
instrumentos, a fim de reduzir mais erros à medição. A introdução de novos tipos de
transdutores (como o óptico), ainda não é possível devido ao preço da inovação (SKOK, et
al., 2007).
Para firmar um padrão de parâmetros de sincronismo, comunicação, exatidão,
configuração e confiabilidade, foram desenvolvidas normas, a fim de unificar os requisitos do
sistema e fomentar o desenvolvimento do SPMS (LIRA, 2010).
Hoje, o IEEE C37.118 – 2011 é a norma que rege sobre os parâmetros dos PMUs,
PDCs e canais de comunicação, definindo valores mínimos de exatidão, latência, e tentando
unificar protocolos de comunicação do SPMS. Em conjunto com a IEC 61850, têm – se as
diretrizes para comunicação entre PMUs de diferentes fabricantes e outros sistemas.
4.5. APLICAÇÕES DO SPMS
Conforme descrito no trabalho, o SPMS representa uma evolução na área de
monitoramento de sistemas de potência. No entanto, as aplicações das funcionalidades
60
alcançam áreas diversas, em que o alto fluxo de dados possibilita a completa imagem do SEE.
Na próxima seção serão abordadas as principais aplicações para o SPMS.
4.5.1. Monitoramento e Controle em Tempo Real
Conforme descrito ao longo do trabalho, o monitoramento em tempo real fornece ao
operador o comportamento e estado preciso do sistema. Esta imagem possui informações
suficientes para o operador detectar, antecipar e corrigir quaisquer problemas durante eventos
anormais (SKOK, et al., 2007).
Durante a fase de planejamento, ou por meio de estudos off – line, os limites
operativos do sistema são calculados com base em estimativas e previsões. Esta estimativa
representa o estado estático, e normalmente possui dados conservadores, distintos dos limites
reais (SKOK, et al., 2007).
Medições fasoriais em barras do sistema auxiliam o operador a ter uma visão dinâmica
do estado operativo, permitindo a tomada de decisão mais acertada para a situação. Assim, é
possível realizar a operação mais próxima ao limite de estabilidade, sem prejudicar os níveis
de segurança. Esta operação mais confiável melhora a eficiência do sistema implementado,
reduzindo a necessidade de investimentos de melhorias futuras (LARSSON e BERTSCH,
2003;SKOK, et al., 2007).
Outro benefício da maior confiabilidade nos limites de estabilidade é a possibilidade
de melhorar o sistema de proteção, por meio da sua adaptação a um sistema de condições
mapeáveis (SKOK, et al., 2007).
Com a entrada no mercado da geração distribuída, a monitoração e controle em tempo
real entram cada vez mais em voga, a fim de lidar com a volatilidade adicional desta
tendência.
4.5.2. Estimação de Estados
A utilização de PMUs em conjunção com o processo de estimação de estados, apesar
de ainda não ser muito aplicada, pode trazer diversas benesses. Ainda assim, é importante
lembrar que a natureza dos dados utilizados em PMUs são diferentes dos métodos
convencionais de estimação, impossibilitando a comparação direta de dados (NOVOSEL, et
al., 2007; PHADKE, et al., 2009).
61
Para realizar a estimação de estados em conjunto, é possível realizar a inclusão direta
de fasores através da modificação completa dos softwares em uso; ou realizar o
processamento em dois estágios: no primeiro, ocorre a estimação tradicional, e no segundo, há
outro processamento que incorpora os dados fasoriais (PHADKE, et al., 2009).
4.5.3. Gerenciamento de Congestionamento em Tempo Real
O despacho de energia elétrica da geração é uma tarefa crítica do SEE, e visa
satisfazer a demanda em todo o sistema de forma econômica, e satisfazendo os limites de
transmissão das linhas (NOVOSEL, et al., 2007).
O objetivo do gerenciamento de congestionamento não só é perceber situações de
contingência que retirem o sistema do estado normal, como também de analisar as variações
de dados (provenientes do estimador de estados) que possam influenciar em faltas. Para isso,
é necessário manter o fluxo de potência pelas linhas de transmissão de acordo com a
capacidade de transferência da linha, por meio de ajustes no despacho de energia elétrica
(ZHU, et al., 2005; NOVOSEL, et al., 2007).
O método tradicional do gerenciamento de congestionamento se baseia na comparação
do fluxo de potência da linha com um valor nominal calculado (com base no limite térmico,
limite de tensão ou limite de estabilidade). Como estes valores são normalmente
conservadores, o despacho passa a ser impreciso, custoso e ineficiente, com margens
excessivas (NOVOSEL, et al., 2007).
Com a utilização das medições em tempo real das PMUs, o cálculo dos limites e fluxo
das linhas passa a ser acurado, permitindo a otimização do despacho e redução no
congestionamento de potência (NOVOSEL, et al., 2007).
4.5.4. Melhoria e Validação de Modelagem de Sistemas
A modelagem de sistemas de potência é uma parte vital da operação e gerenciamento
de redes de energia elétrica. De estudos off-line a aplicações em tempo real, os modelos e
softwares servem como ferramentas para os operadores lidarem com o SEE. Para estudos off-
line, é possível realizar simulações e planejamento para situações adversas; e para a operação
em tempo real, dá ao operador o método de interação com o sistema (NOVOSEL, et al., 2007;
HAY, et al., 2015).
62
A modelagem de sistemas é uma tarefa trabalhosa e normalmente manual (devido à
falta de métodos automatizados para a modelagem), além de que os dados de entrada (input
de informação e parâmetros) estão sujeitos a erros humanos, dificilmente identificáveis
(NOVOSEL, et al., 2007).
Com base nisso, a utilização das medições das PMUs distribuídas pelo sistema,
permitem a comparação de parâmetros, identificação de erros, e ajuste fino dos dados de
modelos computacionais, tanto para aplicações on-line como off-line (NOVOSEL, et al.,
2007).
Referente às aplicações on-line para os modelos em regime permanente, foram
desenvolvidos algoritmos de identificação e correção de erros de impedância, admitância, taps
e outros (conhecidos como estimação de parâmetros), que seriam melhorados com o uso de
sincrofasores (NOVOSEL, et al., 2007).
Para modelos em regime dinâmico, a avaliação de parâmetros dinâmicos e oscilatórios
é mais complexa, exigindo a avaliação da resposta completa do sistema (MITTELSTADT et
al., (2005).
4.5.5. Análise Pós-Perturbação
A fim de reconstruir os eventos subsequentes de uma perturbação, uma equipe de
engenheiros deve analisar e sequenciar as situações ocorridas no pós-falta. A análise pós
perturbação explicita a eficácia da operação do sistema de proteção, permitindo ajustes na
filosofia utilizada, a fim de evitar falhas futuras (NOVOSEL, et al., 2007; PATTERSON,
2005).
A utilização do SPMS em consonância com a análise é extremamente válida, devido à
já presente sincronização temporal das medições, e pelo armazenamento local e remoto dos
dados obtidos. Tais informações podem ser fornecidas regularmente, ou conforme
necessidade (NOVOSEL, et al., 2007).
É importante, no entanto, o desenvolvimento de softwares que auxiliem um humano a
vasculhar a grande quantidade de dados, em busca das informações concernentes
(ARAVIND, et al., 2016).
63
4.5.6. Separação Programada e Restauração do Sistema
A separação planejada do SEE em diversos subsistemas isolados, chamados de ilhas, é
a ação tomada quando o sistema está passando por oscilações eletromecânicas instáveis, e a
queda do sistema é inevitável. Em situações extremas como esta, é mais seguro separar as
ilhas de forma ordenada e depois da perturbação ser sanada, realizar a restauração do sistema
(NOVOSEL, et al., 2007).
Em um cenário ideal, as ilhas possuem características balanceadas de carga e geração,
mas nem sempre é o caso, e a fim de balancear os parâmetros das ilhas, são realizadas ações
de controle. Tais ações são tomadas com base no comportamento estimado do sistema, o que
nem sempre é o comportamento real (NOVOSEL, et al., 2007).
O uso das medições das PMUs ao invés de cenários pré – calculados melhoraria a
eficácia das ações de controle. Por meio da PMU, é possível determinar se o SEE está
seguindo para um estado instável e quais grupos geradores estão na beira da perda de
estabilidade, bem como determinar as fronteiras das ilhas de forma dinâmica (NOVOSEL, et
al., 2007).
A sequente restauração do SEE após uma falta também é uma tarefa complexa, e de
diversos estágios. Logo após a falta, o sistema está dividido em diversas ilhas. Após
reconectadas separadamente, é realizada a conexão entre ilhas, até compor novamente o
sistema de potência (NOVOSEL, et al., 2007; GOLSHANI, et al., 2015). Para uma situação
como esta haverá uma checagem de sincronismo (ANSI 25).
Durante as reconexões é comum encontrar uma grande diferença angular entre
subsistemas, e que, ao serem conectados, podem causar danos severos a equipamentos e até
outra queda de energia elétrica (NOVOSEL, et al., 2007).
Novamente, a localização e quantidade de PMUs são vitais para garantir a completa
observabilidade do SPMS. Isto permite a monitoração de parâmetros das diversas ilhas de um
sistema pós – falta, e pode ser utilizada pelos operadores para reenergizar o sistema de forma
segura e rápida (GOLSHANI, et al., 2015; NOVOSEL, et al., 2007).
4.5.7. Proteção Adaptativa
A partir da desregulamentação da indústria de potência a nível mundial, os SEEs
sofreram um aumento em sua complexidade, topologia e fluxo de potência, tornando-se
dinamicamente mutáveis. Destarte, está mais difícil para os relés de proteção, mesmo os
64
microprocessados, aplicar uma parametrização que atenda todas as mudanças topológicas da
rede elétrica (COURY, et al.,2008) .
Para enfrentar este cenário, utiliza-se a proteção adaptativa, que ajusta funções
automaticamente de acordo com determinadas condições do SEE (Horowitz e Phadke 1996).
A proteção adaptativa é uma técnica que permite a modelagem da área de proteção
mediante mudanças nas condições do sistema, visando manter o melhor desempenho da
mesma (XIA, LI et al., 1994).
4.6. CONSIDERAÇÕES
Com a utilização dos SPMS, ocorre a melhoria da supervisão, fornecendo uma base de
dados maior para estudos de proteção e monitoração em tempo real, culminando num
aumento da segurança de todo o sistema.
Quando utilizados em conjunto com outras ferramentas de monitoração, como os
métodos de localização de falta por ondas viajantes, passamos a ter um SEE preparado para
diversas situações de operação.
A norma IEC 61850, permeando o funcionamento de IEDs e PMUs visa a integração
da comunicação de equipamentos por meio de protocolos únicos de comunicação,
solidificando a eficácia e eficiência da proteção de sistemas de energia elétrica.
65
5. FILOSOFIAS DE LOCALIZAÇÃO DE FALTAS PARA AS REDES ATUAIS E
FUTURAS
5.1. IMPORTÂNCIA DE UM LOCALIZADOR DE FALTA
De todos os elementos que compõem o SEE, a LT é sem dúvida o mais vulnerável à
falha. Ela, devido ao seu extenso tamanho, deve ser capaz de resistir às variações climáticas,
além de sua manutenção ser em locais de difícil acesso, levando a uma maior dificuldade de
reparos e monitoramento (MAMEDE e MAMEDE 2011).
Mamede e Mamede (2011) mostram que 68% das interrupções de energia elétrica têm
origem nas LTs. As interrupções geram custos financeiros correspondentes às perdas de
faturamento de uma concessionária devido à energia elétrica não vendida, bem como custos
sociais porquanto os clientes podem ter perda de faturamento de sua unidade de negócio.
Teixeira, et al.,(2017) mostra que o termo qualidade da energia elétrica está
relacionado com qualquer desvio que possa ocorrer na magnitude, forma de onda ou
frequência da tensão e/ou corrente elétrica, que resulte em falha ou operação indevida dos
equipamentos. Outrossim, se baseia na continuidade do fornecimento de energia elétrica.
Destarte, a melhoria dos processos de restabelecimento do serviço de energia elétrica após
faltas é um dos principais objetivos das concessionárias de distribuição de energia elétrica. E
isto depende principalmente de localizar o ponto onde ocorreram as faltas permanentes
rapidamente e de modo preciso (ABAD e GARCIA,2017).
Um localizador de falta é um sistema projetado para detectar uma falta com a mais alta
precisão possível, aumentando a capacidade de proteção de determinado
dispositivo/equipamento, por meio do emprego de algoritmos de localização de falta que
estimam a distância em que se encontra a falta de um terminal (SILVA, et al., 2008).
Vários métodos de localização de faltas têm sido propostos e desenvolvidos na
literatura. Eles podem ser baseados em impedância (DAS, et al., 2014), ondas viajantes
(YONGLI, et al., 2013),e no conhecimento, como técnicas de inteligência artificial
(ZAYANDEHROODI, et al., 2013) e análise estatística (MORA-FLÓREZ, et al., 2009).
Além disso outros autores sugerem procedimentos híbridos, que combinam dois ou mais
desses métodos (NGU,et al., 2010).
66
5.2. FUNDAMENTOS DA ANÁLISE DE COMPONENTES DE FREQUÊNCIA
FUNDAMENTAL
Os métodos de localização de faltas baseados na análise de componentes de frequência
fundamental estão alicerçados nos cálculos dos componentes fundamentais dos fasores de
correntes e tensões, obtidos a partir de um ou mais terminais da linha, permitindo assim o
estudo das variações do módulo e fase dessas grandezas durante a ocorrência da falta. Deve-se
sempre recordar que esses fasores são compostos do componente fundamental, componente
CC e uma determinada quantidade de harmônicos (PHADKE, et al., 2009).
Depois de calculados por meio de algoritmos de estimação de fasores, os componentes
fundamentais de tensões e correntes podem ser utilizados como entradas de algoritmos de
localização de faltas, visando calcular a impedância aparente da LT durante a falta. A
formulação dos algoritmos depende também do modelo de LT considerado e dos seus
parâmetros como resistência, indutância, condutância, comprimento (SAHA, et al., 2010).
A partir da década de 1970, com a difusão do uso de tecnologias digitais nos sistemas
de proteção, foram concebidos os primeiros algoritmos de estimação de fasores, capazes de
determinar o módulo e a fase de sinais periódicos de tensão e corrente a partir de um
determinado conjunto de amostras (SILVA, 2003). Esses algoritmos utilizam técnicas
baseadas, por exemplo, na teoria dos mínimos quadrados (AJAEI, et al., 2008), nos filtros de
Fourier (PHADKE, et al., 2009) e na Transformada Wavelet (LIANG, et al., 2004).
Todos os algoritmos referidos no parágrafo anterior, malgrado possuírem
equacionamentos distintos, requerem a digitalização e o posterior janelamento dos sinais
analógicos a serem estimados (SAHA, et al., 2010). A técnica de janelamento de sinais
consiste em uma técnica visando aumentar as características espectrais do sinal amostrado
evitando que as perdas espectrais do sinal sejam vultosas e causem perda de informação do
sinal original (PHADKE, et al., 2009).
O processo de digitalização dos sinais analógicos é a limitação da banda de frequência
do sinal avaliado, uma vez que deve-se evitar que o conversor A/D cometa erros devido à
sobreposição de espectros, conforme aludido no capítulo 2. Para limitar a banda de
frequência, são empregados filtros passa-baixas, cuja frequência de corte deve ser menor que
metade da frequência de amostragem considerada no processo de conversão A/D dos sinais
averiguados (PHADKE, et al., 2009).
Após a digitalização dos sinais, obtendo-se as amostras das formas de onda que serão
analisadas, inicia-se o processo de janelamento, etapa mister para a estimação do módulo e da
67
fase de componentes de frequência fundamental. Nele, a cada instante de amostragem, a
janela de dados desloca-se em uma posição tal que uma nova amostra de sinais é incluída na
janela e a amostra anterior é eliminada. Esse processo é ilustrado na Figura 16 para um dado
sinal de corrente durante os períodos de pré-falta e de falta (PHADKE, et al., 2009).
Figura 16 - Esquema de janelamento aplicado a um sinal de corrente.
Fonte: Phadke (2009).
A cada atualização da janela de dados, é realizada a estimação do módulo e da fase do
fasor na frequência fundamental relativo ao sinal avaliado. Caso consideremos os cálculos que
os algoritmos de proteção devem realizar para estimar os componentes fundamentais, os
mesmos produzirão fasores corretos apenas nas janelas que contenham amostram do sinal pré-
falta ou pós-falta. Janelas que contenham dados de pré e pós-falta não podem ser ajustadas a
uma senoide pura e por isso os fasores resultantes não tem nenhum significado e não devem
ser utilizados como entradas dos algoritmos (SILVA, et al.¸ 2008).
5.3. MÉTODOS BASEADOS NO CÁLCULO DA IMPEDÂNCIA
Os algoritmos baseados no cálculo da impedância são os mais utilizados pelas
concessionárias de energia elétrica, porquanto são baratos, requerem uma taxa de amostragem
baixa e pouco esforço computacional (SALIM, et al., 2011). Os métodos de um terminal
foram os primeiros a serem empregados, onde a maior vantagem é a independência dos
sistemas de comunicação e de sincronização de dados.
68
Takagi, et al., (1982) apresentou um sistema de localização de faltas de um terminal
baseado na filtragem dos sinais de tensão e corrente de apenas um terminal através da
transformada discreta de Fourier, cujo objetivo é amainar a influência do fluxo de potência do
SEE sob a localização de faltas estimadas.
“O algoritmo utiliza a transformação modal das componentes fundamentais
dos sinais de tensão e corrente derivados da transformada de Fourier, bem
como o teorema da superposição para separar as informações das condições
pré-falta e sob falta. Uma relação K(x)é obtida da razão entre as correntes da
rede sob falta que fluem do ponto da falta em direção aos terminais da linha.
Com isso, a equação de tensão no ponto da falta (VF) é escrita em termos da
resistência de falta (RF), da corrente do terminal local da rede sob falta (I’’FS)
e da constante K(x).” (CAVALCANTE, 2011).
Esse método, conquanto, assume que as impedâncias de falta são puramente resistivas,
podendo ocasionar erros severos dependendo da natureza do distúrbio. Além disso o efeito
capacitivo dos condutores é desconsiderado, levando a erros na localização de faltas conforme
o distúrbio se distancia do terminal monitorado (CAVALCANTE,2011).
Eriksson, et al. (1985) utiliza dados de tensão e corrente em um terminal da linha para
detectar a falta utilizando um Fator de Distribuição de Corrente, considerando a influência do
terminal remoto utilizando o modelo completo da rede:
“Este método determina o ângulo da tensão no ponto de falta e a distância de
falta. Para compensar as variações nos ângulos das impedâncias e determinar
uma correta descrição da rede, ocorre o armazenamento dos valores
representativos para a impedância da fonte. O algoritmo de localização
determina a impedância aparente da falta com uma compensação para a
queda de tensão na resistência de falta, eliminando assim os erros existentes
na medição do tipo à impedância, ou seja, aquela que considera apenas a
impedância aparente da linha. Como a impedância de sequência positiva não
depende da resistência do pé de torre e nem da resistência do solo, as
componentes de corrente de sequência zero foram eliminadas”
(CAVALCANTE,2011).
Salim, et al., (2011) propôs outro algoritmo de um terminal que considera o efeito
capacitivo da LT, visando contornar esse entrave. Sem embargo, assim como no algoritmo
proposto por Takagi, et al., (1982), as impedâncias de falta também são puramente resistivas.
69
A técnica proposta é mais adequada para aplicações off-line, pois utiliza processos iterativos
que são considerados lentos para aplicações on-line.
Para tentar minorar os impactos das fontes de erro de um terminal - impedâncias
puramente resistivas e efeitos capacitivos - passou-se a utilizar técnicas de dois ou mais
terminais, usando medidas sincronizadas ou não (FERREIRA, et al., 2012).
Johns, et al., (1990) apresentou um método de localização de faltas usando
componentes fundamentais com dois terminais, que se baseia no modelo de LT a parâmetros
distribuídos. Como variáveis de entrada são utilizados os parâmetros de sequência positiva
dos condutores e as medidas sincronizadas de tensão e corrente nas exterminadas da LT.
Malgrado essa técnica ser utilizada como base de outros algoritmos de localização de faltas,
ela possui imprecisões na determinação dos parâmetros de sequência positiva da LT (LOPES,
2013).
Tziouvaras, et al., (2001) apresentou técnicas de dois ou três terminais, utilizando
dados sincronizados e não sincronizados. O método de dois terminais mostrou-se ser mais
preciso que o de um e de multi-terminais, graças a isso passou a ser o mais empregado pelas
concessionárias de energia elétrica. A técnica apresentada utiliza componentes simétricas de
sequência negativa, dirimindo problemas de fluxo de potência pré-falta. O maior problema
desse método é a necessidade de se conhecer os parâmetros da LT e das fontes equivalentes
conectadas às extremidades da mesma (TZIOUVARAS, et al.,2011).
Chunju, et al., (2010) apresentou uma técnica de localização de faltas onde os fasores
de tensão e corrente são obtidos nos dois terminais da linha através de PMUs. Os parâmetros
da LT e das fontes são obtidos de forma on-line, por meio dos dados de tensão e corrente pré-
falta. Por meio do cálculo das componentes simétricas de sequência positiva dos sinais
superpostos de tensão e corrente e igualando-se as equações de tensão no ponto da falta vista
dos dois terminais é possível obter o ponto onde a falta ocorreu (CHUNJU, et al., 2010).
Visando minimizar a influência de imprecisões nos parâmetros da LT, várias técnicas
para localização de faltas foram propostas. Tais técnicas têm como vantagem a não
necessidade do cálculo on-line dos parâmetros da LT necessários para localizar a falta
(Dawidowski, et al., 2013).
Dentre as desvantagens dos métodos baseados no cálculo da impedância é que, além
de realizarem leituras de tensão e corrente após a ocorrência da falta, necessitando a extinção
do período transitório para que leituras fiéis sejam feitas, exigem parâmetros de linha muito
precisos e dados da sequência de impedância. Parâmetros de linha também tendem a variar de
70
acordo com as condições de falta e isso tende a distorcer a exatidão desta aplicação
(TZIOUVARAS, et al.,2011).
Os métodos para estimação da localização de falta que serão vistos na seção seguinte,
em oposição aos estudados nesta que utilizam os cálculos dos componentes fundamentais para
obter a impedância aparente, requerem o uso de componentes de alta frequência para análise
(BEWLEY, 1963).
5.4. FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE ONDAS VIAJANTES
A análise de transitórios originários da existência de curtos-circuitos em LTs é a base
dos métodos de localização de faltas baseados na teoria das TWs e na análise de componentes
de alta frequência. Os transitórios de tensão e corrente em uma LT se propagam como ondas
eletromagnéticas a uma velocidade muito próxima a da luz (300.000 km/s) e são conhecidos
como ondas viajantes – Traveling Waves (YONGLI, et al., 2013).
Um dos algoritmos de proteção que utilizam TWs mais usados realiza a estimação da
localização da falta através do intervalo de tempo entre a chegada da onda incidente e a
correspondente onda refletida nos terminais da linha (BEWLEY, 1963).
Para apreender o princípio das análises exigidas pelos métodos baseados em TWs,
deve-se ter em mente que quando uma forma de onda aparece em um dos terminais de uma
linha elétrica, uma tensão é gerada no início da linha, e se propaga até que a onda atinja uma
descontinuidade, como uma falta, onde há uma mudança de impedância. A essa altura, uma
onda é transmitida para o próximo meio de transmissão, enquanto outra onda é refletida rumo
à origem (GALE, et al., 1993).
No tocante aos métodos clássicos de localização de faltas que exercem a análise de
TWs (Traveling Waves), sabe-se que o de um terminal é independente do sincronismo de
dados, mas requer como ajuste a velocidade de propagação das TWs, a qual é calculada a
partir dos parâmetros da linha monitorada (YONGLI, et al., 2013). Outro inconveniente é que
o método depende da detecção de ondas refletidas no ponto de falta, procedimento de difícil
realização (SAHA, et al., 2010).
Já em relação ao método clássico de dois terminais, conquanto o mesmo necessite
apenas da detecção das primeiras ondas incidentes nos terminais da linha, esta abordagem é
dependente da sincronização de dados e de dois ajustes: velocidade de propagação das TWs e
comprimento da linha (DAS, et al.,2014).
71
A Figura 17 mostra as ondas incidentes u+(x,t), refletida u
-(x,t) e transmitida u
t (x,t)
em uma descontinuidade devida à modificação da linha área para cabo subterrâneo, cuja
origem, situa-se na diferença entre a impedância característica da linha área Z0L e a do cabo
subterrâneo Z0C.
Figura 17 - Ondas incidente, refletida e transmitida.
Fonte: Abad e Garcia (2017).
O coeficiente de reflexão é definido conforme a equação (2):
(2)
onde: Z0C é a impedância característica do cabo subterrâneo e Z0L é a impedância
característica da linha aérea.
Identificando-se os instantes de incidência das TWs aos terminais monitorados,
conhecendo-se o comprimento da LT e tendo em mente que a velocidade de propagação das
ondas é próxima a da luz, é possível chegar a equações que associem a distância do ponto de
falta ao terminal monitorado aos instantes de chegada das ondas viajantes ao extremo da linha
(NGU, et al., 2010).
Destarte, a estratégia fundamental para aplicação de métodos baseados em TWs é
detectar os transitórios de falta no domínio do tempo. Isto posto, faz-se necessário o uso de
dados sincronizados entre si, quando dois ou mais terminais são monitorados (GALE, et al.,
1993).
72
Quanto maior a confiabilidade na determinação do instante de incidência das ondas
viajantes nos terminais da linha, mais confiável é o método de localização de faltas (LOPES,
et al., 2013).
Um outro modo de se descobrir faltas em uma LT por meio da análise de transitórios
de falta é abalizando as frequências dominantes das ondas viajantes incidentes nos terminais
da LT (SILVA, et al., 2008). Esse procedimento é usado pelos métodos de localização de
faltas baseados nas análises de alta frequência e, como não carecem de investigações no
domínio do tempo, não necessitam de dados sincronizados (DAS, et al., 2014).
5.5. LOCALIZADORES DE FALTAS BASEADOS EM ONDAS VIAJANTES
5.5.1. Visão geral das TWs em uma linha de transmissão
Um sistema completo de localização de faltas através de TWs compreende mais do
que a localização propriamente dita da onda. O processo basilar de um sistema de localização
de faltas por TWs compreende a detecção do pico da onda, marcação do tempo de chegada, e
comparação deste tempo com o instante de chegada na outra extremidade da linha (MILLER,
et al., 2010).
Uma falta em um circuito gera TWs de tensão e de corrente. Qualquer uma delas pode
ser usada para a detecção acurada da falta, a questão é qual dessas ondas – tensão ou corrente
– produz o sinal mais facilmente detectável pelo relé (ZAYANDEHROODI, et al., 2013).
Outras dificuldades que precisam ser suplantadas incluem conexões com TPs e TCs de
proteção, filtros nos circuitos de entrada para evitar surtos e picos e processamento tanto nas
frequências do SEE (1Hz a 3kHz) quanto nas frequências transitórias das ondas viajantes
(10kHz a 600kHz) do dispositivo (MILLER, et al., 2010).
Para analisar as TWs de tensão e de corrente em linhas de transmissão polifásicas,
pode-se empregar um programa de transitórios eletromagnéticos como o “Electromagnetic
Transients Program” (EMTP), que modela a LT levando-se em conta as variações da
indutância e da capacitância (HEDMAN, 1965).
Os algoritmos de localização de faltas baseados em TWs mais comumente
empregados podem ser de um terminal (tipo A) ou dois terminais (tipo D). O método tipo A
utiliza a diferença de tempo entre o instante de chegada da primeira onda viajante e as
reflexões sucessivas resultantes do ponto de localização da falta para calcular esse ponto. Um
73
dos préstimos desse método é a ausência do requerimento de um canal de comunicação.
Sem embargo, identificar as reflexões pode gerar um trabalho bastante intenso,
porquanto elas podem ser provenientes da localização da falta, do terminal remoto ou de um
ponto atrás do terminal local. Já os métodos de localização de falta tipo D operam com
sincronização de sinais, utilizando dados de ambos os terminais e detecta o tempo de chegada
da primeira onda viajante gerada por uma falta para o cálculo da distância da mesma (SILVA,
et al., 2008).
A Figura 18 mostra um diagrama de reflexões de uma falta onde L é o comprimento
da linha, d é a distância da falta em relação à Barra L, v é a velocidade de propagação das
TWs, tL e tR são, respectivamente, os instantes em que as primeiras TWs incidentes atingem as
barras L e R, tLr e tRr são os instantes em que a TWs refletidas no ponto de falta incidem nas
barras L e R, respectivamente, tLt e tRt são os instantes nos quais as frentes de onda refratadas
no ponto de falta atingem as barras L e R, respectivamente, e
e
são os instantes em
que as TWs refletidas em barras adjacentes atingem os terminais L e R da linha monitorada,
respectivamente.
Figura 18 - Diagrama de reflexões para um linha monitorada em dois terminais.
Fonte: Saha, et al., (2010).
Adotando-se a Barra L como referência, a distância d é calculada pelo algoritmo
clássico de um terminal usando (SAHA, et al., 2010):
(3)
Adicionalmente, assumindo que as medições tomadas dos terminais local e remoto se
encontram sincronizadas, a distância d é calculada pelo algoritmo clássico de dois terminais
usando (SAHA, et al., 2010):
74
(4)
Avaliando (3) e (4), percebe-se que os métodos clássicos de um e dois terminais
apresentam diferentes vantagens e desvantagens. Conquanto os métodos de um terminal não
necessitarem da sincronização de dados e nem do conhecimento do comprimento da linha L,
eles dependem da detecção de TWs refletidas no ponto de falta, procedimento este, conforme
aludido na seção 5.1, de difícil realização (SAHA, et al., 2010). Com efeito, o instante tLr
pode ser facilmente confundido com os instantes
e tLt relacionados com a incidência de
TWs refletidas em barras adjacentes e refratadas no ponto de falta, respectivamente.
Em contrapartida, os métodos de dois terminais não dependem da detecção de ondas
refletidas, mas requerem a sincronização de dados. Tal característica limita a aplicação de tais
métodos em sistemas desprovidos de uma referência de tempo comum (SAHA, et al.,2010).
Ambas as formulações também usam como ajuste a velocidade de propagação das
TWs, a qual é tradicionalmente calculada usando
, sendo L e C a indutância e
capacitância por unidade de comprimento de sequência positiva da linha. Dessa forma, pode-
se concluir que (2) e (3) dependem dos parâmetros da linha de transmissão monitorada, os
quais, por sua vez, podem apresentar imprecisões (SAHA, et al.,2010).
Instalações típicas possuem comunicação entre a subestação e o centro de controle,
onde as ferramentas de análise computacionais restituem as informações das TWs obtidas nos
terminais da linha e calculam a localização da falta (TZIOUVARAS, et al.,2001).
5.6. CONSIDERAÇÕES
Este capítulo abarcou os fundamentos básicos para localização de faltas em linhas de
transmissão dos métodos baseados em ondas viajantes e em componentes fundamentais
(impedância). Estes, por dependerem dos parâmetros de linha (resistência, indutância,
condutância e comprimento), revelam-se um pouco mais trabalhosos do que aqueles. Já os
métodos baseados em TWs não dependem dos parâmetros da LT, facilitando a obtenção dos
resultados.
No próximo capítulo serão abordadas ferramentas que, diferente deste que discorreu
sobre filosofias de proteção para linhas de transmissão, servem para o monitoramento do
sistema de potência em tempo real.
75
6. ESTUDOS DE CASOS
Neste capítulo são apresentados casos de aplicações práticas das temáticas arroladas
no decorrer deste trabalho. Para lograr êxito nos registros coletados, contatamos várias
empresas do setor elétrico brasileiro e nos pautamos em informes técnicos apresentados no
XXIV SNPTEE, ocorrido entre os dias 22 a 25 de outubro de 2017.
Com o objetivo de obter detalhes peculiares ao cotidiano dos profissionais que já se
deparam com as tecnologias abordadas neste trabalho, elaborou-se um questionário e,
posteriormente, enviou-se a 10 concessionárias de transmissão de energia elétrica com
concessão de empreendimentos, num espaço amostral de 5 (cinco) empresas. Na Tabela 3, são
apresentadas as perguntas e respostas de uma empresa do setor, acerca do referido
questionário:
Tabela 3 - Questionário aplicados a agentes de transmissão de energia elétrica.
Questionário
1) A empresa possibilitou recursos para treinar seus colaboradores frente às
tecnologias de medição fasorial, ondas viajantes e a norma IEC 61850?
( ) Sim. Todas
( ) Não. Apenas algumas. Quais:_________________________________
2) Caso a resposta da pergunta 1) seja afirmativa, quais foram os setores destacados
para a realização desses treinamentos?
( ) Engenharia
( ) Manutenção
( ) Operação
( ) Todas as anteriores
( ) Outras. Quais? _______________________________________
3) Os treinamentos realizados foram suficientes para suprir todas as demandas ou
ainda há necessidade de preenchimento de lacunas no convívio com essas novas tecnologias
no quotidiano?
( ) Suficiência em treinamento
( ) Insuficiência nos treinamentos. Relatar as principais dificuldades
encontradas.
76
4) A empresa decidiu instalar essas tecnologias para atender a requisitos do último
edital ANEEL 05/2016 e atualizações dos Procedimentos de Rede ou foi uma iniciativa da
própria empresa para tornar o sistema mais robusto e mais eficiente?
( ) Atendimento ao edital
( ) Iniciativa própria
5) Atualmente, em relação a todas as subestações pertencentes a operação da
empresa, quantas são observadas pelo Sistema de Medição Sincronizada Fasorial (SMSF) e
pelo método de Ondas Viajantes (TW)?
Favor mencionar o número de subestações observadas e o total de todas as
subestações sob operação da empresa.
6) Cite três benefícios observados com a implementação do SMSF e TW?
7) Qual a porcentagem destinada para implementação dessas tecnologias em um
novo empreendimento frente ao custo total/global?
8) Fazendo uma comparação entre antes e depois das instalações dos SMSF e das
TWs, qual foi o ganho em relação ao tempo de restabelecimento das condições operativas
após a ocorrência de uma falta?
Analisando as respostas, conforme as transcrições nos Apêndices, é possível
particularizar a discussão sobre algumas questões e inferir que:
Em relação à questão 1, tendo em vista o perfil da empresa (que por questões
de solicitação, não terá seu nome divulgado) que contribuiu com as respostas
do questionário, e que possui know how para atuação no setor elétrico, observa-
se que a empresa é bem estruturada, proporciona treinamento aos
colaboradores e não vislumbra o setor de transmissão de energia elétrica,
meramente como um setor propício para investimentos, pelo contrário, realiza
upgrade nas suas instalações objetivando atender as exigências do ONS e
realizar pleno atendimento do produto energia elétrica aos seus milhares de
consumidores.
77
A questão 2, apesar de não ter a alternativa “engenharia” assinalada como
resposta, demonstra que todos os departamentos / setores da empresa, possui
engenheiros de aplicação, pois é inexeqüível a realização de atividades
inerentes a saltos tecnológicos, sem a parcela de contribuição dos engenheiros.
A título de curiosidade, este projeto piloto vem sendo desenvolvido em
parceria com fabricantes de equipamentos e conta com profissionais das mais
variadas titulações acadêmicas.
A resposta da questão 3, demonstra que a formação na graduação é apenas o
começo frente ao cotidiano das atividades no setor produtivo. A tamanha
complexidade de inovações tecnológicas requer de cada profissional
entusiasmo e muita dedicação para assimilação dos problemas trazidos
consigo.
A resposta da questão 4, corrobora com a discussão realizada na questão 2,
pois esta concessionária de energia elétrica, contribui com o ONS nas fases
preliminares a efetiva implementação de saltos tecnológicos no SIN.
Face ao indagado na discussão da questão 4, a resposta da questão 5, enaltece a
tradição e efetiva participação que tem este agente de transmissão no SIN, pois
a obrigatoriedade por parte da ANEEL / ONS para instalações que contenham
equipamentos para realização de medição fasorial, vigoraram a partir do último
leilão de transmissão de energia elétrica que ocorreu em meados do primeiro
semestre de 2017 e, observa-se que esta concessionária de transmissão de
energia elétrica já implementou estas novas tecnologias mencionadas em boa
parte das suas instalações.
As benesses das novas tecnologias ressaltadas na resposta da questão 6, traduz
de forma sucinta, a motivação para a realização deste trabalho. Realizar um
review da literatura e inferir que o SIN está gradativamente absorvendo estes
saltos tecnológicos, abrilhantou o árduo processo que foi em desenvolver este
trabalho.
Observando os ganhos proporcionados pela implementação destas tecnologias,
a resposta da questão 7, demonstra que o custo atinente a instalação das
mesmas é desprezível, em relação ao montante global para instalação de obras
de infraestrutura no setor elétrico. Por exemplo, em um empreendimento de 50
78
milhões de reais, a quantia de recursos destinadas a instalação destes saltos
tecnológicos é de 2%.
Para concluir a discussão acerca das respostas obtidas, a resposta da questão 8,
possibilita a concessionárias de energia elétrica aumento de receita, em virtude
de propiciar menor tempo para reparo em caso de falta, em consequência,
melhores índices de disponibilidade do sistema, ou seja, pequena margem para
passíveis multas aplicadas pela ANEEL.
Nas próximas subseções, serão apresentados casos práticos das tecnologias
contemporâneas abordadas neste trabalho.
6.1. NORMA IEC 61850
6.1.1. Comparação de tecnologias de medição
Uma concessionária de transmissão de energia elétrica em parceria com empresa
fabricante de relés digitais está desenvolvendo um projeto piloto sobre a norma IEC 61850. A
finalidade do projeto é realizar as medições de grandezas elétricas, tais como tensão e
corrente, através de MU instalada no pátio da subestação e comparar com as medições dos
transdutores eletromagnéticos convencionais.
A MU é a interface entre a subestação analógica e a digital, conforme preconizado
pela norma IEC 61850. Com a instalação destas unidades no pátio da subestação, próximo aos
transdutores (TCs e TPs) e equipamentos como os disjuntores, possibilita a leitura e
transmissão das mensagens GOOSE e, conseqüentemente, o controle dos disjuntores e
comunicação com os demais IEDs e supervisórios. Também, por meio do protocolo Sampled
Valeus IEC 61850-9-2LE, a MU traduz medições dos transdutores convencionais.
A Figura 19 apresenta o registro de leitura de tensão, posicionada no canto superior
esquerdo, através da leitura convencional, mediante o uso de TP e fiação elétrica,
representada pela cor azul. A cor magenta, exibe o registro da mesma grandeza elétrica,
através do uso de uma MU.
Há, notadamente, uma discrepância em relação nas medições registradas. Nota-se que
a diferença representa aproximadamente 2 (dois) Volts de diferença. Este cenário desencadeia
uma série de discussões, pois sinalizam a necessidade da imersão de novas tecnologias para se
obter um retrato mais fiel do comportamento do sistema.
79
Na Figura 19, no lado direito da mesma, é demonstrado a leitura da diferença angular
de tensão. Como o projeto está em fase de implementação, no momento desse registro, não foi
possível observar a diferença desse parâmetro, frente às tecnologias comparadas.
No canto inferior esquerdo da Figura 19, há o registro da corrente elétrica, medida da
forma convencional, através de transformadores de correntes ópticos e mediante a utilização
da MU. Assim como na leitura da tensão elétrica, é perceptível que ocorrem registros
diferentes para a mesma grandeza observada. A cor azul retrata a medição convencional,
assim como a cor alaranjada apresentada a leitura do TC óptico e a cor magenta ilustra o valor
lido por meio da MU.
Com uma divergência de aproximadamente 7% (sete por cento) da leitura,
particularizando a análise entre a MU versus tradicional, remete a discussão de que há uma
demanda cada vez mais significativa para o uso de tecnologias contemporâneas.
Figura 19 - Comparação entre tecnologias para medição de grandezas elétricas.
Fonte: Concessionária de transmissão de energia elétrica (2017).
6.1.2. Conclusão
Novas tecnologias trouxeram benefícios no campo de redes de transmissão. A
tecnologia de comunicação está difundida no âmbito de redes de energia, possibilitando
sistemas cada vez mais eficientes, conforme exigidas pelos SEEs e que respeitem a crescente
demanda pelos altos padrões de automação. Estamos em direção a concepção de subestações
inteiramente digitais, conectando os transdutores convencionais com as modernas soluções de
automação de subestação através da norma IEC 61850.
6.2. SISTEMA DE MEDIÇÃO FASORIAL SINCRONIZADA
Uma concessionária de transmissão de energia elétrica instalou um SPMS em seus
ativos, a fim de melhorar o monitoramento dinâmico do sistema em tempo real e fornecer
dados com maior resolução para análise do histórico, tendo em vista a resolução insuficiente
do histórico pelo sistema SCADA, para aplicações de análise em tempo real ou das
ocorrências sistêmicas.
Com base nesse cenário, realizou-se uma análise de um estudo de caso da
implementação do SPMS, onde são apresentadas as subestações monitoradas, a comunicação
adotada, redundância do banco de dados,os aplicativos disponíveis no software do PDC e
exemplos comparativos entre o histórico do SCADA com o do SPMS.
6.2.1 Arquitetura
As subestações analisadas, que compõem a rede básica da concessionária, têm as
medições dos fasores realizadas por meio da função PMU presente nos registradores de
perturbação (RDP), conforme a Figura 20. Estes dados são enviados para os dois PDCs
redundantes por meio da rede corporativa LAN, que concentram e trabalham os dados de
medição sincrofasorial.
82
Figura 20 - Arquitetura da aquisição de medição sincrofasorial da Concessionária de energia elétrica.
Fonte: Krefta, et al., (2016).
Os PDCs se encontram instalados no mesmo local dos servidores do sistema SCADA
da concessionária, e recebem dados de 37 subestações e 202 circuitos da rede básica. São eles
os responsáveis pelo armazenamento, gerenciamento e disponibilização dos dados para seu
uso em tempo real e análise off-line, por meio do aplicativo conhecido como System
Condition Monitoring (SCM).
O SCM monitora:
- magnitude e ângulo de tensão e corrente, potências ativa e reativa e frequência;
- diferenças angulares e parâmetros dinâmicos de linha de transmissão;
Para determinar se uma grandeza está dentro dos parâmetros normais do sistema, há
um código de cores:
- Verde: a grandeza está dentro dos limites de operação;
- Amarelo: sinal de alerta; a grandeza está fora dos limites normais
- Vermelho: um alarme é disparado; a grandeza está em níveis críticos.
No caso do SPMS da concessionária, os limites de frequência são 59,5 Hz para alerta e
59 Hz para alarme.
O SCM também permite visualizações personalizadas de diversas grandezas
selecionadas pelo usuário e a integração com SCADA existente por DNP3. A Figura 21
abaixo mostra a tela inicial dos aplicativos para tempo real.
83
Figura 21 - Tela inicial do aplicativo em tempo real.
Fonte: Krefta, et al., (2016).
As aplicações para análise off-line podem ser observadas a seguir:
- Armazenamento dos dados enviados pelas PMUs, em arquivos de:
- 3 meses com dados em alta resolução (1fasor por ciclo);
- 6 meses com dados em baixa resolução (1fasor por segundo);
- Armazenamento permanente por trigger (1 fasor por ciclo);
- Armazenamento de valores derivados das grandezas:
- Sequências (+, -, 0), Potências (P, Q, cos(Φ), Diferenças Angulares,
Parâmetros de linhas;
- Exportação de dados (COMTRADE, CSV, etc.)
6.2.2. Aplicações e Resultados
A Figura 22 demonstra a diferença entre os dados históricos obtidos pelo sistema
SCADA e os dados obtidos pelo SPMS. Enquanto o histórico do SCADA retorna quatro
pontos (máximo, mínimo, instantâneo e média) a cada 15 minutos, o SPMS retorna um
sincrofasor por ciclo. Portanto, no intervalo entre dois registros do sistema SCADA, ocorrem
mais de 54 mil registros do SPMS.
Analisando o gráfico, enquanto o SCADA mostra apenas um aumento na potência
transmitida na linha, o SPMS tem capacidade de mostrar o comportamento da potência
84
quando ocorre uma falta sistêmica, com o período de falta e as oscilações de potência
ocorridas por oscilações eletromecânicas de máquinas observadas na linha monitorada.
Figura 22 - Diferença de resolução entre sistema SCADA e SPMS.
Fonte: Krefta, et al., (2016).
6.2.2.1. Monitoramento em Tempo Real
A Figura 23 mostra a tela do aplicativo do PDC durante uma ocorrência no SIN. Uma
vez que ocorreu uma perda significativa de geração, tem-se como consequência uma
subfrequência em todo o sistema sendo que o flag de alarme no canto esquerdo inferior da tela
passou para amarelo mostrando que o estado do sistema era de alarme. Os contornos em
vermelho nos pontos referentes às subestações monitoradas indicam que o status anterior das
PMUs era de alarme, ou seja, o sistema esteve em uma situação de alarme, e no momento da
captura da tela, está em situação de alerta.
Figura 23 - Software alertando comportamento anormal de frequência.
Fonte: Krefta, et al., (2016)
Foi também analisado o comportamento detalhado da frequência do sistema. Na
Figura 24, as PMUs são mostradas em uma escala de cores, permitindo-se identificar de
forma visual a condição da frequência. PMUs com cor mais azulada indicam frequência
menor que 60 Hz, e PMUs com cor magenta indicam frequência maior que 60 Hz.
Analisando-se a Figura 24, percebe-se que todas as PMUs, com exceção de uma, estão
operando com valor de frequência menor que 59,9 Hz. Abaixo do mapa que mostra as PMUs
é indicado o valor da frequência, nota-se que houve uma queda para valores abaixo de 59 Hz
em dois momentos, e em seguida há uma recuperação do sistema, aumentando
gradativamente a frequência.
Figura 24 - Aba mostrando subfrequência maior que 0,1Hz em todo o sistema.
Fonte: Krefta, et al., (2016).
6.2.2.2. Sobreexcitação sustentada
A Figura 25 está relacionada com a mesma ocorrência da Figura 23 e Figura 24,
durante a perda de um bloco de geração.
É possível observar que houve sobretensão do sistema (chegando a 1,075 pu) em
contrapartida da subfrequência observada. Isso ocorreu devido ao funcionamento de bancos
de capacitores conectados à rede, mesmo durante a subfrequência sustentada. Assim,
verificou-se a necessidade de instalar proteções de sobreexcitação para atuação nos
disjuntores dos bancos de capacitores da rede.
Figura 25 - Sobreexcitação durante ocorrência no sistema interligado.
Fonte: Krefta, et al., (2016).
6.2.2.3. Questionamento de grande consumidor
Um grande consumidor da concessionária emitiu solicitação relacionada à uma
oscilação de tensão. Pela análise no sistema SCADA e registros de oscilografia, foi verificado
a não ocorrência de oscilação.
Pela análise utilizando os registros dos PDCs, de acordo com a Figura 26, é possível
verificar o afundamento de 5,14 kV, seguido de sete tentativas de restabelecimento, e sucesso
apenas na oitava tentativa.
A informação passada ao consumidor seria diferente para cada sistema utilizado: pelo
SCADA, não havia ocorrido nada e a tensão estava dentro da faixa de operação; pelo SPMS,
89
foi possível verificar que o afundamento ocorreu devido a manobras operacionais do sistema
elétrico, sem ocorrências nas adjacências da barra. Assim, essa informação seria usada para
alertar o consumidor a acertar seu sistema para se adequar às variações operacionais do
sistema elétrico.
Figura 26 - (a) Variação de tensão na barra na conexão com grande consumidor. (b) Tempo para início da
recuperação da tensão na barra do grande consumidor.
(a) (b)
Fonte: Krefta, et al., (2016).
6.2.2.4. Validação de Simulações
A validação de simulações, no caso a Alternative Transient Program (ATP), pode ser
realizada devido aos registros dos PDCs. A entrada de operação de dois bancos de capacitores
(BC1 e BC2) em uma subestação registrou uma elevação de tensão até 235,475 kV após a
entrada em operação, como pode ser observado na Figura 27:
Figura 27 - Tensão de 233,219kV na barra de 230 kV da subestação (antes da entrada em operação do
BC1 estando fora de operação o BC2) e de 235,475kV (após a entrada do BC2).
Fonte: Krefta, et al., (2016).
90
A Tabela 4 demonstra a comparação entre os valores simulados pelo ATP e os
medidos devido à entrada dos bancos de capacitores.
Tabela 4 - Variação de tensão medida no histórico do PDC nas barras adjacentes da subestação com a
energização dos respectivos bancos de capacitores desta SE e comparadas com o simulado no ATP.
Subestação Variação (%)
simulada por ATP
Variação (%) da tensão na
barra com a entrada do BC1
e sem o BC2 medido no
histórico do PDC da
concessionária
Variação (%) da tensão na
barra com a entrada do BC2
e com o BC1 em operação
medido no histórico do PDC
da concessionária
1 1,9 0,97 0,83
2 1,8 0,91 0,88
3 1,7 0,65 0,56
4 1,5 0,58 0,55
5 1,5 0,61 0,57
6 1,3 0,39 0,27
Fonte: Krefta, et al., (2016).
A Tabela 4 demonstra que a variação simulada pelo ATP é conservadora quando
comparada à medição sincrofasorial.
6.2.2.5. Oscilação de Potência em Unidades Geradoras
A utlização dos PDCs pode aprofundar o conhecimento sobre o comportamento e
desempenho dos grupos geradores nas situações exemplificadas na Figura 28 - oscilações em
regime permanente, durante a falta no sistema, durante o pós falta com a ação dos Power
System Stabilizer (PSS) e oscilações eletromecânicas por chaveamento
91
Figura 28 - Oscilação de potência entre máquinas em barra de geração.
Fonte: Krefta, et al., (2016).
A Figura 29 mostra a tela do cálculo da frequência de oscilação inter-areas em regime
permanente.
Figura 29 - Cálculo de frequência de oscilação em regime permanente.
Fonte: Krefta, et al., (2016).
A Figura 30mostra a frequência de oscilação inter-máquinas após a eliminação de
falta.
Figura 30 - Frequência de oscilação inter máquinas após eliminação da falta.
Fonte: Krefta, et al., (2016).
A Figura 31 mostra o amortecimento da oscilação dos grupos geradores devido
àsações de controle das máquinas, quando do chaveamento no sistema elétrico durante o
restabelecimento da operação normal do sistema.
92
Figura 31 - Oscilação de potência percebida pela SMSF (atuação do controle das máquinas).
Fonte: Krefta, et al., (2016).
6.2.2.6. Parâmetros de linhas de transmissão
Além da medição em tempo real e por histórico de dados das grandeza elétricas
(tensão, corrente, potência e ângulos), o SPMS também pode realizar cálculo de parâmetros
das linhas de transmissão, com base nas medições sincrofasoriais. A fim de agregar
funcionalidades ao sistema instalado, os dados obtidos e calculados pelos PDCs podem ser
enviados ao SCADA por meio do protocolo DNP3.
Na Figura 32, é possivel observar a tela de monitoramento em tempo real dos
parâmetros de uma linha de transmissão. A linha vermelha nos gráficos, inserida para fins
ilustrativos, mostra os valores de projeto dos parâmetros.
Figura 32 - Parâmetros elétricos da linha BTA-JGI mostrado em tempo real pelo SPMS.
Fonte: Krefta, et al., (2016).
6.2.3. Consideração
Graças ao material disponibilizado, foi possível ver em primeira mão as ferramentas
utilizadas para a análise do comportamento dinâmico do sistema, em comparação ao sistema
93
SCADA. Esta visualização do estado operativo permite ao sistema uma rápida detecção e
diagnóstico de eventos.
6.3. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS POR MEIO DE ONDAS VIAJANTES
Uma concessionária de transmissão de energia elétrica implementou sistemas de
localização de faltas utilizando algoritmos baseados nos métodos de TWs, de forma a
aperfeiçoar o sistema já instalado, que é baseado nos métodos de frequência fundamental.
Com base nesse cenário, realizou-se a análise de dois estudos de caso do
funcionamento destes sistemas de localização de faltas (de frequência fundamental e TW,
cada um aplicado a dois eventos distintos). A seguir, serão apresentadas as análises dois
estudos de caso.
6.3.1 Análise do evento observado por meio do método baseado em frequência
fundamental.
Através das figuras obtidas junto à concessionária de energia, foi realizada uma
análise do método de localização de faltas baseado em frequência fundamental. A Figura 33
mostra três circuitos monitorados pela concessionária: o circuito FRA1; o circuito IBP1 e o
circuito APA2. Analisando a Figura 33, tem-se que ocorreu um curto-circuito trifásico fase-
terra de baixa impedância na linha FRA1 de 230 kV a 88,89 km do terminal LON (local onde
está instalado o equipamento localizador de falta). O método de localização de faltas
empregado pela concessionária é o estudado por Takagi, et al., (1982), citado na seção 5.3.
Por esse método ocorre uma divisão da tensão pela corrente elétrica, sendo possível calcular a
impedância característica da linha.
A impedância calculada no ponto onde ocorreu a falta é uma fração da impedância
característica total da linha, que no caso da Figura 33 é de 88,8% da impedância total.
A Figura 34 mostra os mesmos circuitos da Figura 33, com a diferença de que agora
ocorreu um curto-circuito monofásico na fase C da linha FRA1. Esse defeito ocorreu a 84,64
km do terminal LON. Nota-se impedância calculada no ponto onde ocorreu a falta é de 84,6%
da impedância total.
Figura 33 - Exemplo de localização de falta devido a um curto-circuito trifásico
Fonte: Concessionária de transmissão de energia elétrica (2017).
Figura 34 - Exemplo de localização de falta devido a um curto-circuito monofásico
Fonte: Concessionária de transmissão de energia elétrica (2017).
6.3.2 Análise do evento observado por meio do método baseado em TW
Foi realizada uma análise da aplicação do método de localização de faltas baseado em
TWs. Os relés utilizados pela concessionária incluem informações da TW dentro do sue
pacote de dados, sem afetar o desempenho do elemento diferencial. Conforme o capítulo 5,
Os relés localizados nos terminais de cada LT trocam os tempos de chegada das TWs e usam
essas informações para estimar a localização da falta, enviando então os resultados para o
centro de controle num tempo de alguns segundos após a ocorrência da falta.
A Figura 35 e a Figura 36 mostram, respectivamente, o comportamento em alta
frequência das TWs após a ocorrência de uma falta na LT que liga os terminais PGN e KCL e
na LT que liga os terminais BTA e JGI. Na Figura 35 e na Figura 36, o gráfico superior
mostra, respectivamente, a chegada da TW ao terminal PGN e ao terminal BTA e o inferior
mostra, respectivamente, a chegada da TW ao terminal KCL e ao terminal JGI.
Ambas as faltas foram ocasionadas por descargas atmosféricas indiretas. Como a rede
elétrica é dotada de uma blindagem com cabos para-raios, eles é que são submetidos à tensão
induzida pelas descargas atmosféricas e pela corrente associada. Devido às capacitâncias
próprias e mútuas entre os condutores de blindagem e os condutores vivos, é desenvolvida
nestes uma onda de tensão acoplada. A frequência dessas ondas é da ordem de 0,1 a 1 MHz;
não se trabalha mais na componente fundamental de 60 Hz.
Figura 35 - Forma de onda das TWs na ocorrência na /T PGN/KCL 230 kV
Fonte: Concessionária de transmissão de energia elétrica (2017).
97
Figura 36 - Forma de onda das TWs na ocorrência de uma falta na LT BTA/JGI 230 kV
Fonte: Concessionária de transmissão de energia elétrica (2017).
Uma vez que as TWs chegam às subestações, seus sinais de corrente necessitam ser
medidos e fornecidos para o algoritmo de estimação de localização de faltas. As correntes na
LTs são medidas usando TCs.
Na concessionária, as respostas dos TCs são otimizadas para operação à frequência de
60 Hz, porém as TWs operam em altas frequências.. Esse problema é superado pelo fato dos
TCs possuíram boa resposta em alta frequência. Na concessionária, os TCs possuem uma
passa banda utilizável (ponto -3 dB) de 500 kHz, i.e., o TC construído para operar em 60 Hz
funciona bem em frequência bem além da nominal.
O sistema de localização de faltas baseado em TW da concessionária é implementado
em paralelo com a cadeia de aquisição de dados convencional, garantindo não haver qualquer
interferência com as funções de proteção para missão crítica. Esse sistema utiliza conversores
A/D de alta velocidade que amostram as correntes de fase até 10 MHz e cria relatórios de
evento COMTRADE dedicados contendo informações das TWs.
Analisando a Figura 35 e Figura 36, antes da ocorrência do arco elétrico (flashover),
tem-se apenas ruídos produzidos pela LT como, por exemplo, ruídos audíveis ou de rádio
interferência. O momento de início da onda viajante na Figura 35 e Figura 36 é onde ocorre
uma mudança súbita na amplitude da corrente. Na Figura 35, em particular, nota-se que a
partir de um determinado momento a amplitude da onda viajante que se propaga na fase B da
LT não varia mais, enquanto que das fases A e C continua variando. Isso ocorreu devido à
98
saturação do conversor A/D localizado dentro da placa responsável por capturar as TWs. O
limite de captura do conversor A/D utilizado pela concessionária é de 10 MHz.
A saturação do conversor não representa um problema, pois o que interessa é a captura
da forma de onda dos sinais e, por meio de filtragem, obter o tempo de chegada da frente de
onda. O conversor A/D responsável pela captura dos sinais de ondas viajantes é diferente do
conversor A/D convencional utilizado pela concessionária, responsável por capturar sinais
analógicos de tensão e corrente em frequência nominal que não pode saturar dentro dos
padrões de proteção adotados pelas concessionárias.
A Figura 37 e a Figura 38 mostram a localização da falta por TW. Nota-se que, por
meio do método de Takagi, et al., (1982) consegue-se determinar que, na Figura 37, a falta
ocorreu a 51,22 km do terminal PGN e a 84,88 km do terminal KCL e na Figura 38 a 135,45
km do terminal BTA e a 650 m do terminal JGI.
Como os relógios baseados no GPS fornecem uma precisão típica de ±100 ns e uma
precisão garantida de ±500 ns, tem-se que estes tempos resultam em uma precisão de ±300 m.
Figura 37 - Localização da falta por TW na LT PGN/KCL 230 kV
Fonte: Concessionária de transmissão de energia elétrica (2017).
100
Figura 38 - Localização da falta por TW na LT BTA/JGI 230 kV
Fonte: Concessionária de transmissão de energia elétrica (2017).
Conforme a o capítulo 5, a onda viajante se desloca do ponto de defeito até os dois
terminais da LT. Ao chegar aos terminais da LT, a onda viajante encontra o receptor TP, que
enviará os sinais da TW para os registradores, responsáveis pela conversão dos sinais
analógicos das TWs em sinais digitais. Os registradores mandam os sinais das TWs para um
software específico que calculará o tempo em que cada TW levou para chegar a cada um dos
terminais.
6.4. CONSIDERAÇÕES
Nesta seção não foi feita uma análise pormenorizada das formas das ondas viajantes
geradas visto que essas ondas operam em altas frequências, sendo bastante difícil a análise de
seu comportamento. Na localização de falta usando o método de ondas viajantes, a questão
proeminente para os operadores é o instante em que frente da onda viajante começa a se
propagar do ponto de defeito até o equipamento receptor (TP e TC) para então encontrar o
ponto da LT onde ocorreu o defeito.
102
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.1. CONCLUSÕES
Neste trabalho de conclusão de curso foram abordadas algumas das tecnologias usadas
na automação de subestações, bem como as usadas nos processos de localização de faltas em
linhas de transmissão. A norma IEC 61850 foi criada com o objetivo de universalizar o
protocolo de comunicação entre os IEDs. Como consequência direta, obtém-se uma redução
considerável da quantidade de cabos e pontos de entradas e saídas dos equipamentos digitais.
Outrossim, as múltiplas informações sobre o processo e sistema estão agora compartilhadas
entre os diversos equipamentos e subsistemas.
Foi também discutido sobre os Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada, cujas
principais contribuições são a alta precisão, a elevada taxa de amostragem e a sincronização
de medidas fasoriais, que o tornam apto a monitorar o sistema elétrico com maior precisão,
além de permitir melhorias em várias atividades de operação, como a análise de eventos, o
monitoramento, o controle e a proteção.
Por fim, abordou-se a importância de localizar um defeito em uma linha de
transmissão de forma rápida e precisa, diminuindo assim o tempo das interrupções, gerando
benefícios para as concessionárias e para o consumidor. Destacou-se a utilização dos métodos
de localização de faltas baseados em componentes fundamentais e nos baseados em ondas
viajantes.
O Capítulo 6 foi resultado do contato feito a empresas do setor elétrico e dos informes
técnicos discutidos no XXIV SNPTEE. Por meio do contato com as empresas, foi possível
obter dados e informações sobre como funciona na prática as tecnologias estudadas e a partir
deles, fazer uma análise de casos reais ocorridos em uma concessionária de energia.
Também, foram observados e estudados os benefícios da automação de subestações,
mormente a capacidade de monitoramento e controle remoto e a redução de custos com
manutenção do sistema. Tudo isso acaba por agregar maior confiabilidade ao sistema elétrico.
Por meio da revisão bibliográfica realizada e as respostas obtidas no questionário, os
autores inferiram que estas tecnologias incipientes agregam recursos expressivos para
operação e manutenção do SEE. Doravante, há necessidade de fomentar gradativamente a
preparação dos profissionais envolvidos nas atividades relacionadas às tecnologias
apresentadas.
103
Este trabalho também permitiu aos autores se depararem com a aplicação do pleno
funcionamento destas tecnologias através de estudos de caso analisados em uma
concessionária de transmissão de energia elétrica. Esta empresa do setor elétrico oportunizou
a interação com as referidas tecnologias de maneira muito solicita, realizando a integração do
setor produtivo com a academia.
A maior contribuição desta pesquisa para os autores foi obter um conhecimento
extracurricular, porquanto estas temáticas não foram arroladas no programa do curso de
Engenharia Elétrica da instituição, contribuindo com a transição vivenciada pelos autores,
saindo da academia e imergindo no mercado e trabalho.
O impacto observado com a inserção destes saltos tecnológicos no setor elétrico
possibilita uma maior observabilidade do sistema elétrico, corroborando para a tomada de
decisões dos agentes transmissores e reduzindo a expressividade nas multas aplicadas pela
ANEEL, referente à parcela variável.
Após a realização deste trabalho, observou-se que a universidade deve ter em suas
instalações físicas, laboratórios com tecnologias contemporâneas para diferenciar seus futuros
engenheiros a se deparar com requisitos empregados em larga escala no setor produtivo.
No contexto geral, este trabalho fomenta seus autores e a quem possa interessar, a
aprofundarem os quesitos da pesquisa em futuros projetos de P&D, através de parceria
academia / setor produtivo, no intuito de alcançar ganhos expressivos aos participantes e
entidades no geral.
7.2. CONTINUIDADE DA PESQUISA
Como continuidade desta pesquisa é proposto:
Aumentar à abrangência de respostas a novos questionários feitos as empresas do setor
elétrico, frente à aplicação dessas tecnologias, seus ganhos, desafios, investimentos em
recursos pessoais e patrimoniais, mudança de filosofia, como foi o processo como um
todo, conforme formulário que desenvolvemos, porém não obtivemos êxito na
respostas por parte dos agentes de transmissão;
Simular casos reais, através de arquivos COMTRADE, com a finalidade de interpretar
os registros disponibilizados pelos arquivos de oscilografia;
Analisar como está a questão da calibração das PMUs, buscando investigar a
confiabilidade desse sistema com aplicação no SIN;
104
Conhecer pessoalmente o sistema MEDFASEE, desenvolvido pela LABPLAN e
UFSC, no intuito de ampliar a discussão / pesquisa a respeito do Sistema de Medição
Sincrofasorial;
Estudar o aspecto econômico que essas novas tecnologias estão propiciando as
empresas de transmissão, por exemplo, quantas horas de manutenção é despendida
para reparo de uma falta, lançando mão da utilização do método de ondas viajantes
para localização de faltas;
Comparar as informações disponibilizadas em normativas com as brochuras do
CIGRE, oriundas de discussões de seminários, pois em algumas situações as normas
vigentes estão com conteúdo desafados, tendo em vista as pesquisas desenvolvidas por
universidades e empresas do setor elétrico.
105
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114
APÊNDICES
APÊNDICE A – Transcrição do questionário respondido pela empresa “A”.
Questionário
1) A empresa possibilitou recursos para treinar seus colaboradores frente às
tecnologias de medição fasorial, ondas viajantes e a norma IEC 61850?
( X ) Sim. Todas
( ) Não. Apenas algumas. Quais:_________________________________
2) Caso a resposta da pergunta 1) seja afirmativa, quais foram os setores destacados
para a realização desses treinamentos?
( ) Engenharia
(X) Manutenção
(X) Operação
( ) Todas as anteriores
( ) Outras. Quais? _______________________________________
3) Os treinamentos realizados foram suficientes para suprir todas as demandas ou
ainda há necessidade de preenchimento de lacunas no convívio com essas novas tecnologias
no quotidiano?
( ) Suficiência em treinamento
(X) Insuficiência nos treinamentos. Relatar as principais dificuldades
encontradas.
Resp.: Assimilação das novas tecnologias e segurança na tomada de decisão em
tempo real baseados em soluções ainda não consagradas pelo uso e familiarização.
4) A empresa decidiu instalar essas tecnologias para atender a requisitos do último
edital ANEEL 05/2016 e atualizações dos Procedimentos de Rede ou foi uma iniciativa da
própria empresa para tornar o sistema mais robusto e mais eficiente?
( ) Atendimento ao edital
(X) Iniciativa própria
5) Atualmente, em relação a todas as subestações pertencentes a operação da
empresa, quantas são observadas pelo Sistema de Medição Sincronizada Fasorial (SMSF) e
pelo método de Ondas Viajantes (TW)?
Favor mencionar o número de subestações observadas e o total de todas as
subestações sob operação da empresa.
115
Total de subestações: 44 SE’s
Subestações observadas com SMSF e TW: 40 SE’s
6) Cite três benefícios observados com a implementação do SMSF e TW?
Resp.: Maior observabilidade do sistema elétrico;
Maior agilidade e maior exatidão nas localizações de faltas;
Menor tempo em localizar defeitos com menor impacto na multa referente à
Parcela Variável.
7) Qual a porcentagem destinada para implementação dessas tecnologias em um
novo empreendimento frente ao custo total/global?
% = 1 a 2%
8) Fazendo uma comparação entre antes e depois das instalações dos SMSF e das
TWs, qual foi o ganho em relação ao tempo de restabelecimento das condições operativas
após a ocorrência de uma falta?
Antes: 2 hora(s) de manutenção
Depois (com SMSF e TW): 1 hora(s) de manutenção
116
APÊNDICE B – Transcrição do questionário respondido pela empresa “B”.
Questionário
1) A empresa possibilitou recursos para treinar seus colaboradores frente às
tecnologias de medição fasorial, ondas viajantes e a norma IEC 61850?
( X ) Sim. Todas
( ) Não. Apenas algumas. Quais:_________________________________
2) Caso a resposta da pergunta 1) seja afirmativa, quais foram os setores destacados
para a realização desses treinamentos?
(X) Engenharia
() Manutenção
() Operação
( ) Todas as anteriores
( ) Outras. Quais? _______________________________________
3) Os treinamentos realizados foram suficientes para suprir todas as demandas ou
ainda há necessidade de preenchimento de lacunas no convívio com essas novas tecnologias
no quotidiano?
( ) Suficiência em treinamento
(X) Insuficiência nos treinamentos. Relatar as principais dificuldades
encontradas.
Resp.: Necessitamos de tempo para familiarização com estas tecnologias
incipientes.
4) A empresa decidiu instalar essas tecnologias para atender a requisitos do último
edital ANEEL 05/2016 e atualizações dos Procedimentos de Rede ou foi uma iniciativa da
própria empresa para tornar o sistema mais robusto e mais eficiente?
( ) Atendimento ao edital
(X) Iniciativa própria
5) Atualmente, em relação a todas as subestações pertencentes a operação da
empresa, quantas são observadas pelo Sistema de Medição Sincronizada Fasorial (SMSF) e
pelo método de Ondas Viajantes (TW)?
Favor mencionar o número de subestações observadas e o total de todas as
subestações sob operação da empresa.
Total de subestações: 16 SE’s
117
Subestações observadas com SMSF e TW: 11 SE’s
6) Cite três benefícios observados com a implementação do SMSF e TW?
Resp.: Agilidade no restabelecimento dos serviços;
Menor tempo de reparo;
Localização de faltas mais rebuscada.
7) Qual a porcentagem destinada para implementação dessas tecnologias em um
novo empreendimento frente ao custo total/global?
% = 3%
8) Fazendo uma comparação entre antes e depois das instalações dos SMSF e das
TWs, qual foi o ganho em relação ao tempo de restabelecimento das condições operativas
após a ocorrência de uma falta?
Antes: 3 hora(s) de manutenção
Depois (com SMSF e TW): 1 hora(s) de manutenção
118
APÊNDICE C – Transcrição do questionário respondido pela empresa “C”.
Questionário
1) A empresa possibilitou recursos para treinar seus colaboradores frente às
tecnologias de medição fasorial, ondas viajantes e a norma IEC 61850?
( X ) Sim. Todas
( ) Não. Apenas algumas. Quais:_________________________________
2) Caso a resposta da pergunta 1) seja afirmativa, quais foram os setores destacados
para a realização desses treinamentos?
() Engenharia
() Manutenção
() Operação
(X) Todas as anteriores
( ) Outras. Quais? _______________________________________
3) Os treinamentos realizados foram suficientes para suprir todas as demandas ou
ainda há necessidade de preenchimento de lacunas no convívio com essas novas tecnologias
no quotidiano?
( ) Suficiência em treinamento
(X) Insuficiência nos treinamentos. Relatar as principais dificuldades
encontradas.
Resp.: Novidades trazidos com estas tecnologias, necessitam da troca de
informações entre os profissionais em seu cotidiano.
4) A empresa decidiu instalar essas tecnologias para atender a requisitos do último
edital ANEEL 05/2016 e atualizações dos Procedimentos de Rede ou foi uma iniciativa da
própria empresa para tornar o sistema mais robusto e mais eficiente?
( ) Atendimento ao edital
(X) Iniciativa própria
5) Atualmente, em relação a todas as subestações pertencentes a operação da
empresa, quantas são observadas pelo Sistema de Medição Sincronizada Fasorial (SMSF) e
pelo método de Ondas Viajantes (TW)?
Favor mencionar o número de subestações observadas e o total de todas as
subestações sob operação da empresa.
Total de subestações: 17 SE’s
119
Subestações observadas com SMSF e TW: 11 SE’s
6) Cite três benefícios observados com a implementação do SMSF e TW?
Resp.: Menor tempo para manutenção, Menor impacto na RAP (Receita Anual
Permitida) e possibilidade de supervisão mais ampla do sistema.
7) Qual a porcentagem destinada para implementação dessas tecnologias em um
novo empreendimento frente ao custo total/global?
% = 1,5%
8) Fazendo uma comparação entre antes e depois das instalações dos SMSF e das
TWs, qual foi o ganho em relação ao tempo de restabelecimento das condições operativas
após a ocorrência de uma falta?
Antes: 4 hora(s) de manutenção
Depois (com SMSF e TW): 1 hora(s) de manutenção
120
APÊNDICE D – Transcrição do questionário respondido pela empresa “D”.
Questionário
1) A empresa possibilitou recursos para treinar seus colaboradores frente às
tecnologias de medição fasorial, ondas viajantes e a norma IEC 61850?
() Sim. Todas
(X) Não. Apenas algumas. Quais:___Treinamentos por iniciativa própria dos
profissionais do setor de engenharia________
2) Caso a resposta da pergunta 1) seja afirmativa, quais foram os setores destacados
para a realização desses treinamentos?
(X) Engenharia
() Manutenção
() Operação
() Todas as anteriores
( ) Outras. Quais? _______________________________________
3) Os treinamentos realizados foram suficientes para suprir todas as demandas ou
ainda há necessidade de preenchimento de lacunas no convívio com essas novas tecnologias
no quotidiano?
(X) Suficiência em treinamento
() Insuficiência nos treinamentos. Relatar as principais dificuldades encontradas.
4) A empresa decidiu instalar essas tecnologias para atender a requisitos do último
edital ANEEL 05/2016 e atualizações dos Procedimentos de Rede ou foi uma iniciativa da
própria empresa para tornar o sistema mais robusto e mais eficiente?
(X) Atendimento ao edital
() Iniciativa própria
5) Atualmente, em relação a todas as subestações pertencentes a operação da
empresa, quantas são observadas pelo Sistema de Medição Sincronizada Fasorial (SMSF) e
pelo método de Ondas Viajantes (TW)?
Favor mencionar o número de subestações observadas e o total de todas as
subestações sob operação da empresa.
Total de subestações: SE’s
Subestações observadas com SMSF e TW: SE’s
6) Cite três benefícios observados com a implementação do SMSF e TW?
121
Resp.: Não implementada ainda, apenas em fase de estudos.
7) Qual a porcentagem destinada para implementação dessas tecnologias em um
novo empreendimento frente ao custo total/global?
% =
8) Fazendo uma comparação entre antes e depois das instalações dos SMSF e das
TWs, qual foi o ganho em relação ao tempo de restabelecimento das condições operativas
após a ocorrência de uma falta?
Antes: hora(s) de manutenção
Depois (com SMSF e TW): hora(s) de manutenção
122
APÊNDICE E – Transcrição do questionário respondido pela empresa “E”.
Questionário
1) A empresa possibilitou recursos para treinar seus colaboradores frente às
tecnologias de medição fasorial, ondas viajantes e a norma IEC 61850?
( X ) Sim. Todas
( ) Não. Apenas algumas. Quais:_________________________________
2) Caso a resposta da pergunta 1) seja afirmativa, quais foram os setores destacados
para a realização desses treinamentos?
() Engenharia
() Manutenção
() Operação
(X) Todas as anteriores
(X) Outras. Quais? _Diretoria, Gerência____________________________
3) Os treinamentos realizados foram suficientes para suprir todas as demandas ou
ainda há necessidade de preenchimento de lacunas no convívio com essas novas tecnologias
no quotidiano?
( ) Suficiência em treinamento
(X) Insuficiência nos treinamentos. Relatar as principais dificuldades
encontradas.
Resp.: Demanda tempo para assimilação destas tecnologias. Trabalho
multidisciplinar para completa integração dos sistemas de supervisão, proteção e
controle.
4) A empresa decidiu instalar essas tecnologias para atender a requisitos do último
edital ANEEL 05/2016 e atualizações dos Procedimentos de Rede ou foi uma iniciativa da
própria empresa para tornar o sistema mais robusto e mais eficiente?
( ) Atendimento ao edital
(X) Iniciativa própria
5) Atualmente, em relação a todas as subestações pertencentes a operação da
empresa, quantas são observadas pelo Sistema de Medição Sincronizada Fasorial (SMSF) e
pelo método de Ondas Viajantes (TW)?
Favor mencionar o número de subestações observadas e o total de todas as
subestações sob operação da empresa.
123
Total de subestações: 37 SE’s
Subestações observadas com SMSF e TW: 21 SE’s
6) Cite três benefícios observados com a implementação do SMSF e TW?
Resp.: Compatível com tecnologias modernas de comunicação;
Permite visualizar o comportamento dinâmico dos ativos;
Aumento da confiabilidade dos empreendimentos de transmissão de energia,
utilizando tecnologia de medição fasorial para registro de distúrbios e operação em
tempo real
7) Qual a porcentagem destinada para implementação dessas tecnologias em um
novo empreendimento frente ao custo total/global?
% = 1%
8) Fazendo uma comparação entre antes e depois das instalações dos SMSF e das
TWs, qual foi o ganho em relação ao tempo de restabelecimento das condições operativas
após a ocorrência de uma falta?
Antes: 2 hora(s) de manutenção
Depois (com SMSF e TW): 1 hora(s) de manutenção
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