impacto do programa saÚde da famÍlia no...
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IMPACTO DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA NO ATENDIMENTO
HOSPITALAR PÚBLICO: ANÁLISE DE UM CASO
Valdecir dos Santos da Silva Rego1 (Uni-FACEF) Orient.: Drª Patrícia do Socorro Magalhães Franco do Espírito Santo2 (Uni-FACEF)
INTRODUÇÃO
O presente trabalho refere-se a um estudo de caso realizado no município de
Ituverava, interior de São Paulo tendo como objeto o Programa Saúde da Família
(PSF). Neste estudo considera-se incluso ao PSF o Programa de Agentes
Comunitários de Saúde, uma vez que a inter-relação e interação existente entre eles
não permite uma separação sem que ocorra o comprometimento do estudo.
O PSF é apontado como uma forma de se prestar assistência à saúde de
forma rápida, eficiente e humanizada, rompendo com os paradigmas anteriormente
estabelecidos. O mesmo foi concebido como uma nova forma de prestar a
assistência em saúde à população, presente atualmente na quase totalidade dos
municípios brasileiros, onde surge como mecanismo de prestação, atenção e
educação à saúde.
Com o lapso temporal já decorrido desde sua implantação, é possível uma
análise de vários elementos, entre eles, se o mesmo é capaz de interferir e, de que
forma e em qual intensidade na rede hospitalar pública.
Este estudo foi realizado a partir de subsídios obtidos por meio da análise
documental, centrada nos parâmetros federais que instituíram o programa,
confrontando-os com as práticas adotadas no município de Ituverava-SP, no período
decorrido entre os anos de 2000 a 2007.
1 -Mestrando no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional do Centro Universitário de Franca (Uni-FACEF). Membro do GEDE/CNPq –Grupo de Estudos de Desenvolvimento 2 -Docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional do Centro Universitário de Franca (Uni-FACEF). Membro do GEDE/CNPq –Grupo de Estudos de Desenvolvimento
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Breves referências históricas
O PSF está inserido dentro do conceito de atenção básica à saúde, de
âmbito federal, que teve início em 1994, e, conforme define o Ministério da Saúde é
elemento essencial... ... para a reorientação do modelo de atenção, tem possibilitado a identificação de um conjunto de questões relativas às bases conceituais e operacionais do que se tem denominado "Atenção Básica à Saúde" no Brasil... A expansão e a qualificação da atenção básica, organizadas pela estratégia Saúde da Família, compõem parte do conjunto de prioridades políticas apresentadas pelo Ministério da Saúde e aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde. Seu desafio é o de ampliar suas fronteiras de atuação visando uma maior resolubilidade da atenção, onde a Saúde da Família é compreendida como a estratégia principal para mudança deste modelo, que deverá sempre se integrar a todo o contexto de reorganização do sistema de saúde. (www.saude.gov.br em 15/09/2008)
Conforme apresentado acima, o PSF dada suas particularidades, em
especial, a humanização do atendimento e o deslocamento deste até o usuário,
apresenta dois elementos que marcam de forma positiva seu método de ação,
sendo, as equipes de saúde e os agentes comunitários de saúde (ACS). A equipe
deve ser composta por no mínimo um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar
de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta
ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene
dental.
Dada a importância das equipes de saúde, visando padronizar o atendimento
e, também, a remuneração, o Ministério da Saúde (www.saude.gov.br em 15/09/2008)
definiu as mais importantes regras que norteiam o procedimento das mesmas, sendo
que cada equipe deve responsabilizar-se pelo acompanhamento de cerca de 3 mil a
4 mil e 500 pessoas ou de mil famílias de uma determinada área, sendo que sua
atuação ocorre principalmente nas unidades básicas de saúde (UBS), nas
residências e na mobilização da comunidade, caracterizando-se como porta de
entrada do sistema público de saúde.
No que se refere aos ACSs podendo ser encontrados em duas situações
distintas: ligados a uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da
Saúde da Família ou ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como
membro da equipe multiprofissional.
560
Portanto vemos que o Ministério da Saúde, considerando a importância e
relevância dos serviços prestados por estes dois grupos, definiu seus parâmetros de
trabalho, vocação e responsabilidades, razão pela qual não incorre em erro atribuir
aos mesmos a árdua tarefa de, além de prestar serviços próprios da área de saúde,
promover a educação ou re-educação dos atendidos, promovendo não apenas a
cura da doença física (em toda sua amplitude), mas, também, daquelas provocadas
pela exclusão social, pela falta de humanização e desprezo, que comumente
ocorriam quando do atendimento fora do programa em estudo.
O PSF, de abrangência federal, deve ser entendido como uma estratégia de
reorientação do modelo assistencial, devendo atuar em ações de promoção da
saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes,
e na manutenção da saúde da comunidade.
Desafios Institucionais
O Ministério da Saúde especifica e disponibiliza em seu sítio na internet
(http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php) os desafios institucionais para
expandir e qualificar a atenção básica no contexto brasileiro destacando entre outros
a expansão e estruturação de uma rede unidades básicas de saúde que permitam a
atuação das equipes na proposta da saúde da família.
Cumpre ressaltar que os objetivos propostos pelo Ministério apontam para um
total rompimento com o atendimento anteriormente prestado adotando-se a postura
de humanização do atendimento, contínua evolução dos procedimentos, melhor
distribuição de funções e mecanismos de financiamento.
Percebe-se que o atendimento à saúde atinge um status de “política”
entendendo-se esta como o conjunto de ações adotadas em todas as esferas
administrativas, independentes e harmônicas entre si, com o único objetivo de
prestar serviços de saúde.
Para tanto, são distribuídas às unidades gestoras suas responsabilidades,
sendo que compete à União: elaborar as diretrizes da política nacional de atenção
básica; co-financiar o sistema de atenção básica; ordenar a formação de recursos
humanos; propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação
da atenção básica; manter as bases de dados nacionais.
No que se refere à competência dos Estados: acompanhar a implantação e
execução das ações de atenção básica em seu território; regular as relações
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intermunicipais; coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos
humanos em seu território; co-financiar as ações de atenção básica; auxiliar na
execução das estratégias de avaliação da atenção básica em seu território.
E quanto aos Municípios compete: definir e implantar o modelo de atenção
básica em seu território; contratualizar o trabalho em atenção básica; manter a rede
de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e gerência); co-financiar
as ações de atenção básica; alimentar os sistemas de informações; avaliar o
desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão.
Analisando as competências acima, observamos que a União, de forma
global, é quem elabora as diretrizes, ou seja, os parâmetros a serem observados são
ditados pela mesma, mas, é outorgada aos Estados a competência para
acompanhar a implantação e a execução das políticas.
Em virtude desta descentralização, a União consegue controlar, por meio dos
Estados, que cada um, dentro de seus limites territoriais, promova o cumprimento
das diretrizes ora fixadas.
Aos municípios, por sua vez, cabe, a implantação da política ora definida,
sendo ao mesmo resguardada a faculdade de estabelecer o modelo que melhor se
adéqüe a suas necessidades, sem com isso se eximir do cumprimento das
diretrizes.
Esta descentralização representa um avanço, pois, com isto, evita-se que
sejam consumidos recursos financeiros, incluindo-se nestes os gastos com pessoal,
em ações desnecessárias em municípios de menor densidade populacional, ou
ineficazes frente à grande demanda.
Outra característica da gestão é a co-responsabilidade quanto ao
financiamento das ações de atenção básica. As despesas decorrentes da
implantação e execução do programa são de responsabilidade comum da União,
Estado e Município, e desta forma, o município poderá contribuir com o
deslocamento de recursos financeiros, pessoal ou próprios públicos para a finalidade
de desenvolver as atividades inerentes ao projeto.
Quanto aos recursos humanos, compete a União a formação dos mesmos,
enquanto que ao Estado, compete a tarefa de qualificá-los e ao município a de
contratualizar, ou seja, toda a rede de saúde, no que tange a recursos humanos
trabalhará em perfeita sintonia sendo que, as duas primeiras proporcionarão à última
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elementos suficientes para a contratação dos profissionais necessários, quanto à
formação, e este, por sua vez, a efetivará conforme sua necessidade.
O programa em estudo, uma vez implantado em um país de dimensões
continentais como o Brasil, requer mecanismos de controle que promovam o
acompanhamento de sua eficácia, deficiências, particularidades, etc..
Com este objetivo, compete a União propor mecanismos para a programação,
controle, regulação e avaliação sendo que a participação dos Estados consiste em
auxiliar a execução das estratégias de avaliação a serem utilizadas e, por último, ao
município cabe alimentar o sistema de informações.
De forma exclusiva, compete a União manter as bases de dados nacionais,
enquanto que, privativamente compete ao Estado regular as relações
intermunicipais.
As relações intermunicipais apresentam uma conotação muito relevante, pois,
em algumas regiões a existência de municípios não mais possui limites geográficos
definidos, configurando-se a denominada “conurbação”, ficando a população em
uma imaginária linha limítrofe diante da qual poderá optar pelo atendimento em
qualquer dos dois municípios.
Implicação prática é a destinação de investimento nestas áreas uma vez que,
dadas as características de cada gestor municipal, nem sempre é possível a mesma
qualidade de atendimento nos municípios então vizinho-confrontantes.
Neste sentido a atuação do Estado se faz imprescindível, pois é ele que,
valendo-se de suas prerrogativas poderá, e deverá ajustar o procedimento que
melhor atenda aos anseios dos gestores tendo em mente que, antes de tudo, deverá
ser considerada a população para a qual o programa está sendo implementado.
Ao município compete, exclusivamente, manter em funcionamento as UBSs
bem como promover a avaliação do desempenho de suas equipes de atenção
básica.
Tais atividades serão exercidas poder municipal, ou seja, pelo executivo,
responsável direto pela gestão; pelo legislativo que, pelos vereadores representam e
externam a vontade popular e pelo judiciário, quando a esse é levada denúncia de
irregularidades, tudo com fulcro na constituição federal.
O PSF no município de Ituverava
563
Ituverava aderiu ao programa de forma gradativa, contando hoje com a
seguinte gama de serviços colocados à disposição da população: neurologia,
otorrinolaringologia, oftalmologia, endocrinologia, cardiologia, pneumologia,
gastroenterologia, proctologia, urologia, nefrologia, ortopedia, dermatologia,
psiquiatria, infectologia, psicologia, fonoaudiologia, enfermagem, assistente social e
educadora em saúde.
Além das especialidades acima relacionadas, o município conta, ainda, entre
outros, com a seguinte estrutura de atendimento, oferecida sob o controle deste de
forma direta ou indireta: laboratório clínico, ultra-sonografia, eletrocardiografia,
eletroencefalografia, radiografia geral, tomografia computadorizada, endoscopia,
ecodopplercardiografia, holter, esteira ergométrica, fisioterapia, litotripsia.
O quadro 1 demonstra a estrutura do atendimento à saúde no município,
apresentando sua distribuição por toda sua área, englobando, não apenas o PSF,
mas também os demais mecanismos que atuam em conjunto com o mesmo como,
por exemplo, a vigilância sanitária.
Analisando o quadro mister se faz esclarecer que Aparecida do Salto, é um
bairro rural, distante 30 quilômetros da sede do município e São Benedito da
Cachoeirinha e Capivari da Mata são dois distritos, distantes, respectivamente, 13 e
26 quilômetros da sede do município.
Outro fator que merece destaque são as cidades de maior porte, que
representam maiores recursos quanto ao atendimento em saúde, sendo, a cidade de
Franca-SP, distante 70 quilômetros, Barretos-SP, distante 65 quilômetros e Ribeirão
Preto-SP, distante 100 quilômetros. Estes municípios oferecem à população a
garantia de serviços de alta complexidade ainda não disponíveis em Ituverava.
Quadro 1 – Demonstrativo da Estrutura do Sistema de Saúde
Municipal
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SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE ITUVERAVA
USFAP.DO SALTO
USFSÃO BENEDITO
USFCAPIVARIDA MATA
USFPQ ESPORTESVL S.JORGE
USFJARDIM
INDEPENDENCIA
USFGUANABARA
USFCOHAB
USFBENEDITOTRAJANO
USFESTAÇÃO
LABORATÓRIO
PRONTO SOCORRO
FRANCA
RIBEIRÃO PRETO
BARRETOS
OUTROS
VIGILANCIAEPIDEMIOLOGICAVIGILANCIAAMBIENTAL
VIGILANCIASANITÁRIASAÚDE DOTRABALHADOR
VIGILANCIAEM SAÚDE
SANTACASA
NGAAMBULATÓRIODE REFERENCIA
CENTRO DE SAÚDECENTRAL
CENTROODONTOLÓGICO
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
DA PRODUÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE
Para este estudo serão selecionados alguns procedimentos da área da saúde
executados pelo município, por meio de estrutura física e profissional própria que,
posteriormente, terão seu impacto na rede hospitalar pública analisado.
A tabela a seguir demonstra a evolução de consultas médicas domiciliares, a
partir do ano de 2000 até o ano de 2007.
Tabela 1 – Número de Consultas Médicas Domicilia r das Equipes
do PSF DE 2000 A 2007.
565
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
A tabela acima demonstra o número de consultas realizadas por médicos, em
domicilio, mas, além dos médicos, os enfermeiros também realizavam consultas
que, da mesma forma, contribuíram para as mudanças acima observadas.
É importante salientarmos que o número de consultas ocorreu em virtude,
também, da ampliação das especialidades oferecidas à população, como resultado
do incremento do programa no município.
O atendimento domiciliar promoveu uma mudança no comportamento do
enfermo bem como de seus familiares. Quando do atendimento, além do mesmo, a
família ou os responsáveis pelo enfermo recebem orientação sobre os cuidados
médicos, higiene, etc..
Observou-se que o fato do enfermo receber tratamento em sua residência
facilitou a vida do mesmo e de seus familiares. Era comum o enfermo deixar de
comparecer aos retornos e/ou para fazer “curativos” uma vez que não dispunha de
veículos ou mesmo pessoa para acompanhá-lo.
Neste sentido, ocorreu a humanização do tratamento, aumentando sua
eficácia e contribuindo para uma mudança de conduta de todos os entes envolvidos
com o paciente frente sua doença.
Os atendimentos realizados em domicílio, pelos enfermeiros, sofreram a
seguinte alteração, durante o período de 2000 a 2007 conforme tabela abaixo
apresentada.
566
Tabela 2 – Número de Consultas Realizadas por En fermeiros nas
Unidades de Saúde (PSF) de 2000 a 2007
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
1 2 3 4 5 6 7 8
160485
714 867
2.094 1.990
4.871
7.133
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
Os enfermeiros que servem ao PSF atendem, também, nas unidades do programa
saúde da família, ou como são conhecidas, no “posto de saúde da família”.
Da mesma forma que os demais serviços colocados à disposição da
população no presente programa, este atendimento também sofreu acentuado
aumento, conforme prova a tabela a seguir, que retrata o atendimento prestado nos
anos de 2000 a 2007.
Tabela 3 – Número de Visitas Domiciliares realiz adas pelos ACSs
de 2000 a 2007.
567
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
100.000
1 2 3 4 5 6 7 8
12.293
26.092 25.969 27.420 27.378
35.983
60.965
94.608
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
Da mesma forma, completando o atendimento prestado em domicilio, temos
as visitas domiciliares realizadas pelos ACSs.
O PSF dada suas particularidades, em especial, a humanização do
atendimento e o deslocamento deste até o usuário, apresenta dois elementos que
marcam de forma positiva seu método de ação, sendo, as equipes de saúde e os
agentes comunitários de saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde
... O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde. As equipes são compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e 6 agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental (www.saude.gov.br em 15/09/2008).
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde, que hoje é considerado
parte do Programa Saúde da Família, pode ser encontrados em duas situações
distintas, conforme se extrai do sitio do Ministério da Fazenda, ou seja, ligados a
uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da Saúde da Família
ou ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como membro da equipe
multiprofissional.
Portanto vemos que o Ministério da Saúde, considerando a importância
e relevância dos serviços prestados por estes dois grupos, definiu seus parâmetros
de trabalho, vocação e responsabilidades, razão pela qual não incorre em erro
atribuir aos mesmos a árdua tarefa de, além de prestar serviços próprios da área de
568
saúde, promover a educação ou re-educação dos atendidos, promovendo não
apenas a cura da doença física (em toda sua amplitude), mas, também, daquelas
provocadas pela exclusão social, pela falta de humanização e desprezo, que
comumente ocorriam quando do atendimento fora do programa em estudo.
Tabela 4 – Número de Consultas Domiciliares Realiza das por
Enfermeiros do PSF de 2000 a 2007
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
Da tabela constatamos um aumento de mais de 110% (cento e dez por cento)
do número de atendimentos comparando-se o ano de 2004 e o de 2007, o que
comprova a afirmação de que o programa em estudo encontrou período de avanço e
consolidação a partir do ano de 2005.
IMPACTO DO PROGRAMA NO ATENDIMENTO HOSPITALAR
PÚBLICO
Conforme já mencionado anteriormente, o PSF promove inúmeros benefícios
ao sistema de saúde público. uma vez que vários atendimentos são realizados em
domicilio, o doente, nestes casos, não precisa se deslocar até o hospital público
para, por exemplo, fazer um curativo.
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Os benefícios ocorrem de ambas as partes, pois, se de um lado o doente não
precisa se deslocar e tem o risco de contrair uma contaminação hospitalar anulado,
e também não precisa mobilizar familiar ou amigo para levá-lo, não tem despesa
com transporte, por outro, a rede pública se beneficia com o fato de não ter que
mobilizar seu pessoal para promover tal atividade.
Além deste fato, sempre que possível e/ou necessário, quando do
atendimento, os profissionais promovem a orientação do enfermo e de seus
familiares, repassando ensinamentos sobre saúde, higiene e limpeza, promovendo,
assim, um novo conceito de vida e moradia.
Os dados apontados a seguir comprovam a redução da utilização do sistema
de saúde público como conseqüência dos procedimentos inerentes ao Programa de
Saúde da Família.
O primeiro item analisado diz respeito ao número de internações por infecção
respiratória aguda, no período de 2000 a 2007, em crianças menores de cinco anos
de idade.
Tabela 5 – Número de Internações por Infecção Re spiratória
Aguda em Crianças Menores de Cinco Anos de Idade de 2000 a 2007.
TAXA DE INTERNAÇÃO / 1.000 HABITANTES
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
570
A queda das internações por infecção respiratória aguda se deve, em parte,
pelo trabalho desenvolvido pelo programa em estudo. O mesmo, ao acompanhar as
crianças desde o seu nascimento, orienta os pais/responsáveis quanto às medidas
de puericultura imprescindíveis para o desenvolvimento da mesma.
Aliado a isso, o desenvolvimento das crianças é acompanhado e todas as
intercorrências são levadas, de imediato, ao conhecimento do médico que promove
seu saneamento.
Veremos, em seguida, a tabela que demonstra o número de internações de
crianças, menores de cinco anos de idade, por doença diarréia, período de 2000 a
2007.
Tabela 6 – Número de Internações por Doença Diar réia em
Crianças Menores de Cinco Anos de Idade de 2000 a 2 007.
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
TAXA DE INTERNAÇÃO / 1.000 HABITANTES
FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
A doença “diarréia”, da mesma forma como a infecção anteriormente relatada
também é alvo dos integrantes do programa.
571
Higiene, cuidados com as crianças (desde seu nascimento) incluindo
alimentação e estímulos são ensinados à mãe, antes mesmo do nascimento e,
havendo necessidade, o serviço social local é chamado para amparar àquela nova
família que vai receber o bebê.
Medidas simples como ensinar o soro caseiro, a busca de orientação médica
imediatamente após os primeiros sintomas são orientações que promovem a
redução do índice de internação.
A próxima tabela apresenta o número de internações por insuficiência
cardíaca em adultos, maiores de 40 anos de idade.
Tabela 7 – Número de Internações por Insuficiênc ia Cardíaca em
Adultos (Maiores de 40 anos de idade) de 2000 a 200 7.
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
TAXA DE INTERNAÇÃO / 10.000 HABITANTES
FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
A insuficiência cardíaca apresentou queda uma vez que existe no PSF uma
atenção especial aos portadores de hipertensão arterial. Além dos cuidados
médicos, os pacientes são orientados quanto à alimentação, controle de peso,
pressão e demais hábitos de vida saudável.
A conseqüência é a queda de ocorrência de internação por insuficiência
cardíaca em adultos.
572
No que se refere a diabetes, doença que apresenta grande crescimento na
atualidade, é tema do próximo gráfico que mostra o número de internações por
diabetes mellitus em adultos, nos anos de 2000 ao ano de 2007.
Da mesma forma que a insuficiência cardíaca, a diabetes recebe atenção
especial do Programa.
Os portadores de diabetes são orientados para melhor conviverem com a
doença recebendo, além da orientação, medicamentos e equipamentos para
controle, quando necessário.
O resultado é a queda das internações o que reflete que os portadores de
diabetes estão assimilando os conhecimentos repassados, colocando-os em prática
e, assim, tendo uma vida melhor.
Tabela 8 – Número de Internações por Diabetes Me llitus em
Adultos de 2000 a 2007
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
TAXA DE INTERNAÇÃO / 10.000 HABITANTES
FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
As internações de adultos por crises hipertensivas e encefalopatia são
apresentadas no gráfico abaixo, que retrata o período de 2000 a 2007.
Tabela 9 - Número de Internações por Crises Hipe rtensivas e
Encefalopatia em Adultos de 2000 a 2007
573
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
TAXA DE INTERNAÇÃO / 10.000 HABITANTES
FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE
Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava
Para finalizarmos esta apresentação sobre o impacto do PSF no hospital
público do município, temos as tabelas abaixo, referentes aos anos de 2000 a 2007,
que sintetizam toda a queda do número de atendimento, a partir do ano de 2005,
com a incrementação do Programa, no município, como sinal inequívoco de que o
mencionado programa ajuda a diminuir a demanda na rede de saúde pública.
Para melhor análise, devemos considerar que, durante o mesmo período a
população fixa cresceu, e, a população flutuante, esta representada pelos
trabalhadores rurais (cortadores de cana), que permanecem vários meses no
município e que não constam dos dados coletados pelo IBGE, mas, que, da mesma
forma como a população fixa, desfrutam dos serviços oferecidos, cresceu
vertiginosamente, com a instalação de usina em cidade vizinha.
Tabela 10 – Número de Atendimentos Anuais do SUS no Pronto
Socorro de 2000 a 2007 – Santa Casa de Misericórdia de Ituverava
70.502
73.866
76.387
66.000
68.000
70.000
72.000
74.000
76.000
78.000
2005 2006 2007
574
Tabela 11 – Número de Atendimentos Anuais do SUS na Santa
Casa de Misericórdia de Ituverava de 2000 a 2007
2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007
FONTE: SANTA CASA MISERICÓRDIA DE ITUVERAVA
Uma das responsabilidades do município quanto ao PSF consiste em avaliar
o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão.
É de sua importância para a unidade executora do programa a realização de
pesquisa de satisfação uma vez que é por meio dela que é possível reconhecer os
pontos falhos, e, promover sua correção, bem como, melhor definir as ações futuras
dentro da área de cada uma das unidades de atendimento.
Neste sentido o município promove a coleta de dados, de forma aleatória,
entre os usuários de seus serviços.A mais recente pesquisa, realizada em março de
2007, apontou os seguintes
resultados:
Notas
Item Pesquisado Ótimo Bom Regular Ruim
Recepção 49,56 43,25 5,63 1,56
Enfermagem 66,34 27,98 3,74 1,95
Médico 70,36 22,63 5,45 1,56
Farmácia 60,68 29,03 3,65 6,65
Limpeza 53,01 33,01 8,29 5,69
Outros serviços 51,71 30,90 14,24 3,15
Recomendação 93,80 6,20 0,00 0,00
575
Observa-se, portanto, que a população atendida pelo programa está em sua
maioria satisfeita uma vez que, mais de noventa e três por cento recomendariam sua
utilização.
CONCLUSÃO
Analisando os dados apresentados no presente trabalho verificamos
claramente que a implementação do PSF no município de Ituverava-SP, apresentou
resultados satisfatórios.
À medida que o mesmo foi implementado houve uma diminuição no
atendimento médico oferecido pela Santa Casa de Misericórdia, que promove o
atendimento de urgência/emergência e pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Acreditamos que muitos reflexos do trabalho desenvolvido na área da saúde
por meio do programa somente serão observados daqui a alguns anos quando, as
estatísticas apresentarem redução do número de casos de algumas enfermidades
como a diabetes, hipertensão arterial, obesidade, etc.
Esta diminuição será fruto do trabalho de educação desenvolvido pelo
Programa, o acompanhamento e apoio constante.
Observa-se que, à medida que o programa avança, diminui-se o número de
atendimentos médicos de urgência a crianças de zero a cinco anos de idade. Tal
fato é decorrente de trabalho realizado no período pré-natal e, também, após o
nascimento. A mãe é acompanhada durante toda a gestação recebendo noções
sobre puericultura, benefícios da amamentação, importância da vacinação e da
periodicidade de atendimento médico.
Da mesma forma, o hipertenso também recebe todo o apoio médico,
orientações e medicamentos o que reflete na diminuição do atendimento de urgência
prestado pela rede pública do município.
Observa-se, também, de forma clara, que o atendimento oferecido nos Postos
e, também, nos domicílios, promoveu na população beneficiada grande conforto e,
até mesmo melhoria na auto-estima.
Conclui-se que uma vez bem administrado, o PSF se mostra ferramenta
capaz de disponibilizar a população atendimento que alia qualidade e conforto, com
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o atendimento humanizado, resgatando a figura do antigo “médico da família”, o que
promove uma incontestável sensação de bem estar.
Sendo um programa relativamente novo, novos desafios surgirão e a
adequação será necessária a novas realidades e inovações, devendo-se, por
derradeiro destacar que o PSF é diretamente vinculado ao Governo Federal e,
portanto, estará sempre sujeito às intempéries políticas o que pode comprometê-lo
ou até mesmo torná-lo dispensável, determinando-se, assim, seu fim.
Por fim cumpre salientar que o mesmo contribui de forma direta, ou seja,
diminuindo a demanda pelos serviços, o congestionamento hospitalar e suas
drásticas conseqüências; e de forma indireta, diminuindo a incidência de moléstias,
por meio da educação e outras medidas preventivas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Departamento de Atenção Básica -
http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php, em 15/09/2008.
Portal da Saúde: www.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.efm?id_area=149,
em 15/09/2008.
Portaria nº 1886/GM, de 18/12/1997 – Aprova as Normas e Diretrizes do Programa
de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família.
SAÚDE, Ministério da, Política Nacional de Atenção Básica, 4ª Ed. Brasília (DF):
Ministério da Saúde, 2007.
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