implosão não apaga memórias
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CENTRO PAULA SOUZA
ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PARQUE DA JUVENTUDE
CURSO TÉCNICO EM MUSEOLOGIA
Implosão não apaga memórias
São Paulo
2014/2º SEMESTRE
CURSO TÉCNICO EM MUSEOLOGIA
Implosão não apaga memórias
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como requisito para obtenção do título de
Técnico em Museologia, sob a orientação da
Professora Cecília de Lourdes Fernandes
Machado.
São Paulo 2014/2º SEMESTRE
AUTORIZAÇÃO PARA DEPÓSITO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
AUTORIZAMOS a Escola Técnica Parque da Juventude, sem ressarcimento dos
direitos autorais, a disponibilizar para comunidade escolar e permitir a reprodução
por meio eletrônico ou impresso, do texto integral e/ou parcial do Trabalho de
Conclusão de Curso, para fins de leitura e divulgação da produção científica gerada
pela Instituição.
São Paulo, 10 de Dezembro de 2014.
Bruna Michelle Nogueira da Silva
Fabiana Aparecida da Silva
Fernanda Correia Silva
Graziela Gonçalves dos Santos
Karina de Barros
Leonardo de Souza Silva
Maíra de Figueiredo Guimarães
Marcelo Parra
Márcio Cavalcanti de Andrade
Natália Sarkisian Tavares
Sandra Diniz Montilha
Talita Rubbo Vieira
AGRADECIMENTOS
A Escola Técnica Estadual Parque da Juventude por propiciar o ambiente
necessário para nossa aprendizagem e consequentemente por nosso
desenvolvimento pessoal e profissional.
Aos docentes do Curso Técnico de Museologia pela generosidade depositada
em todos os momentos de compartilhamento de seus conhecimentos profissionais e
humanos.
A todas as pessoas que passaram e contribuíram de uma determinada forma
para que esse projeto conseguisse ser concretizado nesses dezoito meses de
elaboração e definição.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Pátio da ETEC-PJ com delimitação da proposta museográfica............................. 38
Figura 2: Vista aérea da proposta museográfica .................................................................. 39
Figura 3: Banners instalados na fachada com as seis palavras-chave ................................ 40
Figura 4: Primeiro plano do corredor de entrada .................................................................. 42
Figura 5: Divinéia no fim do corredor ................................................................................... 42
Figura 6: Lado esquerdo do corredor de entrada ................................................................. 43
Figura 7: Lado direito do corredor de entrada ...................................................................... 43
Figura 8: Cárcere Escolar .................................................................................................... 45
Figura 9: Cárcere Penitenciário ........................................................................................... 45
Figura 10: Caixa de alimentos (caixa de fuga) e vídeo ......................................................... 47
Figura 11: Quadros e objetos pertencentes ao Espaço Memória Carandiru ........................ 49
Figura 12: Estante vazada com face voltada para o espaço expositivo ............................... 49
Figura 13: Saída da exposição com estante voltada para o pátio da ETEC-PJ .................... 49
Figura 14: A grande Lousa com a frase disparadora............................................................ 50
Figura 15: Etapa 1 de desenvolvimento da logomarca ......................................................... 61
Figura 16: Etapa 2 de desenvolvimento da logomarca ......................................................... 62
Figura 17: Etapa 3 do desenvolvimento da logomarca ......................................................... 63
Figura 18: Etapa 4 do desenvolvimento da logomarca ......................................................... 63
Figura 19: Etapa 5 do desenvolvimento da logomarca ......................................................... 63
Figura 20: Estudos para tipografia da logomarca ................................................................. 65
Figura 21: Referências para escolha da tipografia ............................................................... 65
Figura 22: Tipografia escolhida para Logomarca ................................................................. 66
Figura 23: Afinamento visual da logomarca ......................................................................... 66
Figura 24: Aplicação da tipografia em positivo e negativo .................................................... 67
Figura 25: Escolha de cores para logomarca ....................................................................... 68
Figura 26: Possibilidade de aplicação das cores na logomarca ........................................... 68
Figura 27: Aplicação da logomarca nos uniformes (Produção) ............................................ 69
Figura 28: Aplicação da logomarca nos uniformes (Educativo) ............................................ 70
Figura 29: Aplicação de tipografia nas legendas expositivas ............................................... 70
Figura 30: Aplicação das legendas no texto curatorial ......................................................... 71
Figura 31: Aplicação das legendas nos verbetes ................................................................. 72
Figura 32: Sinalização local com tipografia escolhida .......................................................... 73
Figura 33: Cartaz de divulgação da Exposição .................................................................... 74
Figura 34: Banner maior para fachada da ETEC-PJ ............................................................ 75
Figura 35: Exemplo de banner's menores para fachada da ETEC-PJ.................................. 75
Figura 36: Página no Facebook para a exposição ............................................................... 77
Figura 37: Exemplo de atualizações no Facebook ............................................................... 78
Figura 38: Exemplo de anúncio como estratégia digital de divulgação ................................ 79
Figura 39: Página no Instagram para a exposição ............................................................... 80
Figura 40: Card's produzidos como material de apoio para o Educativo .............................. 88
Gráfico 1: Pesquisa de público – Grupo Amostral ................................................................ 53
Gráfico 2: Pesquisa de público – Sexo ................................................................................ 53
Gráfico 3: Pesquisa de público – Faixa Etária ...................................................................... 54
Gráfico 4: Pesquisa de público – Escolaridade .................................................................... 54
Gráfico 5: Pesquisa de público – Conhece o Espaço Memória Carandiru? .......................... 55
Gráfico 6: Pesquisa de público – Conhece a história da Penitenciária Carandiru? .............. 55
Gráfico 7: Pesquisa de público – Conhece a ETEC Parque da Juventude? ......................... 56
Gráfico 8: Pesquisa de público – Com que frequência visita exposições? ........................... 56
Gráfico 9: Pesquisa de público – Preferência de visitação ................................................... 57
Gráfico 10: Pesquisa de público – Disponibilidade para visitar exposições .......................... 57
Gráfico 11: Pesquisa de público – O que acha do título "Implosão não apaga memórias”? . 58
Gráfico 12: Pesquisa de público – Se interessaria por uma exposição com a temática
"Penitenciária Carandiru"? ................................................................................................... 58
Gráfico 13: Pesquisa de público – Principais meios de informação ...................................... 59
Tabela 1: Orçamento seguindo o ProAc para o projeto museográfico...................................99
Tabela 2: Cronograma geral de produção do projeto museográfico....................................100
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 6
2 INTERVENÇÃO: CONCEITOS, TÉCNICAS E EXEMPLOS ................................ 7
3 HISTÓRIA DO ESPAÇO .................................................................................... 10
3.1 A CASA DE DETENÇÃO DE SÃO PAULO – PRESÍDIO CARANDIRU ......................... 10
3.2 DESATIVAÇÃO DO PRESÍDIO ............................................................................. 13
3.3 PARQUE DA JUVENTUDE .................................................................................. 14
3.3.1 História preservada ................................................................................... 15
3.3.2 Fachada e átrio ......................................................................................... 15
3.3.3 Pavilhão de exposições ............................................................................ 16
3.4 A BIBLIOTECA SÃO PAULO ............................................................................... 16
3.5 ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PARQUE DA JUVENTUDE ....................................... 16
3.5.1 Objetivos da escola ................................................................................... 17
4 PROJETO EXPOSITIVO IMPLOSÃO NÃO APAGA MEMÓRIAS .................... 18
4.1 EIXO CURATORIAL ........................................................................................... 18
4.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 19
4.2.1 Geral ......................................................................................................... 19
4.2.2 Específicos ................................................................................................ 19
4.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 19
4.4 SELEÇÃO DOS OBJETOS .................................................................................. 24
5 PROPOSTA MUSEOGRÁFICA ......................................................................... 38
5.1 PERCURSO E TEMAS ABORDADOS..................................................................... 40
6 PLANO DE COMUNICAÇÃO ............................................................................. 51
6.1 PÚBLICO ........................................................................................................ 51
6.1.1 Interno ....................................................................................................... 51
6.1.2 Externo...................................................................................................... 52
6.2 PESQUISA DE PÚBLICO .................................................................................... 52
6.3 IDENTIDADE VISUAL ........................................................................................ 60
6.3.1 Desenvolvimento da logomarca ................................................................ 60
6.3.2 Cores ........................................................................................................ 67
6.3.3 Aplicação da cor na logomarca ................................................................. 68
6.3.4 Aplicação nos uniformes ........................................................................... 69
6.3.5 Aplicação nas legendas ............................................................................ 70
6.4 CANAIS DE DIVULGAÇÃO .................................................................................. 72
6.4.1 Sinalização local e entorno ....................................................................... 72
6.4.2 Local ......................................................................................................... 72
6.4.3 Entorno ..................................................................................................... 73
6.4.4 Digitais ...................................................................................................... 76
6.4.5 Releases ................................................................................................... 76
6.4.6 Facebook .................................................................................................. 76
6.4.7 Atualizações .............................................................................................. 77
6.4.8 Anúncio em páginas do Facebook ............................................................ 78
6.4.9 Instagram .................................................................................................. 80
6.4.10 Atualizações .......................................................................................... 81
6.5 ANÁLISE SWOT ............................................................................................. 81
6.5.1 Ambiente Interno ....................................................................................... 81
6.5.2 Ambiente Externo ..................................................................................... 81
7 AÇÕES EDUCATIVAS ....................................................................................... 83
7.1 CONCEITO DO EDUCATIVO ............................................................................... 83
7.2 TEXTO EDUCATIVO NA EXPOSIÇÃO .................................................................... 86
7.3 ROTEIRO DE VISITA ......................................................................................... 87
7.4 MATERIAL DE APOIO ....................................................................................... 87
7.5 ACOLHIMENTO ................................................................................................ 88
7.6 DESCRIÇÃO DO ROTEIRO DE VISITA ................................................................... 89
7.7 ATIVIDADES QUE SERÃO DESENVOLVIDAS PELO EDUCATIVO ............................... 91
7.7.1 Atividade 1 ................................................................................................ 91
7.7.2 Atividade 2 ................................................................................................ 92
7.7.3 Mostra de Cinema ..................................................................................... 92
7.7.4 Palestra ..................................................................................................... 94
7.7.5 Oficina de Pipas ........................................................................................ 94
8 PRODUÇÃO ....................................................................................................... 96
9 FICHA TÉCNICA .............................................................................................. 101
10 ANEXOS ........................................................................................................... 102
ANEXO A: CADERNO DO EDUCADOR ...................................................................... 102
ANEXO B: CADERNO DE MONTAGEM ..................................................................... 110
11 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 126
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1 APRESENTAÇÃO
Neste trabalho apresentamos o projeto “Implosão não apaga memórias” que
consiste em uma intervenção artística na Escola Técnica Estadual de São Paulo
Parque da Juventude (ETEC-PJ), que antes era ocupado por um presídio e que
agora abriga um parque, uma escola e uma biblioteca.
Utilizando o espaço interno da escola, além de objetos e imagens
pertencentes ao acervo do Espaço Memória Carandiru (EMC), propomos uma
reflexão sobre o perfil institucional que define os 427mil m² cercado pelas Avenidas
Cruzeiro do Sul, Ataliba Leonel e Zaki Narchi e as transformações ali ocorridas no
decorrer do tempo, mas focamos neste trabalho a escola administrada pelo Centro
Paula Souza.
Entendemos que o espaço é essencialmente voltado para a educação, mas
de qual tipo? Disciplinadora, cerceadora ou libertadora e que desperta a consciência
cidadã? Qual o papel da implosão do complexo penitenciário no processo de
desconstrução da imagem negativa que o local adquiriu no decorrer dos anos
enquanto presídio?
Tal qual o próprio ser que às vezes precisa se desconstruir para se reerguer
em bases mais sólidas, após a implosão do Complexo Carandiru foi preciso quebrar
um estigma de violência, e então resgatar sua função social: o desenvolvimento de
um ser social. Manter dois pavilhões em pé, onde funciona a ETEC-PJ, a nosso ver,
representa esse elo entre o passado e o presente.
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2 INTERVENÇÃO: CONCEITOS, TÉCNICAS E EXEMPLOS
O ser humano, desde a sua origem, sente a necessidade de modificar o local
onde está inserido. Arquitetura e arte muitas vezes fundiram-se para este objetivo e
historicamente há diversas formas de intervir com a arte na natureza ou na
paisagem, tanto urbana como rural. O lugar pensado como suporte dessa
intervenção, deve considerar as cidades em toda sua complexidade, ou seja,
usufruindo a sua história, seu espaço e sua geografia, tanto física como humana.
Os elementos primordiais para que essa intervenção tenha visibilidade e
interatividade são os indivíduos, o fluxo urbano coletivo, o trânsito, a arquitetura, a
paisagem, o clima, a cultura e os demais fenômenos ocorrentes nesse espaço
público onde tal intervenção se inscreve (BARJA, 2008).
Dessa forma, os artistas, atualmente, têm buscado compor suas intervenções
a partir de uma análise simbólica desse urbano, em que a arte participa como
constituinte e não como constituída, criando um campo processual entre o urbano e
o “estar” artístico (OLIVEIRA, 2007). Noções antes reservadas às esferas de
discussão política e do urbanismo passam a integrar o discurso estético de projetos
artísticos constituídos pela intervenção urbana ou pelas formas da chamada nova
arte pública (OLIVEIRA, 2007).
A prática se consolidou no Brasil em 1970, com ações que visavam aumentar
a noção de arte e maior comunicação com o público. Novos objetivos são almejados
na década de 1990 e as ações passam a possuir caráter ativista, visando também
mudanças sociais e culturais. Diversas iniciativas artísticas realizadas fora dos
museus e galerias, dos palcos e dos pedestais buscaram novas relações
socioespaciais e consolidaram a ideia de intervenção urbana em dois rumos: como
estratégia de transformação física ou como tática de uso da cidade e da cultura.
Segundo definição feita pelo dicionário Aurélio, intervenção é o ato de intervir,
alteração da ordem natural e habitual. Intervir é interagir, causar reações diretas ou
indiretas, é tornar uma obra inter-relacional com o seu meio, por mais complexo que
seja, considerando-se seu contexto histórico, sociopolítico e cultural (BARJA, 2008).
É todo processo que provoca uma interferência artística seja num espaço urbano,
em obras de arte ou produtos preexistentes ou em projetos arquitetônicos, de forma
definitiva ou efêmera, provocando reação, interação, aproximação com o público e
uma maior difusão da arte.
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Mais do que marcos espaciais, a intervenção urbana estabelece marcas de
corte. Particulariza lugares e, por decoupagem, recria paisagens. Existem
intervenções urbanas de vários portes, indo desde pequenas inserções através de
adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas. Aparece como uma alternativa
aos circuitos oficiais, capaz de proporcionar o acesso direto e de promover um
corpo-a-corpo da obra de arte com o público, independente de mercados
consumidores ou de complexas e burocratizantes instituições culturais (BARJA,
2008). Um dos objetivos artísticos das intervenções é a aproximação do trabalho do
artista com a vida cotidiana para tornar a arte mais acessível ao público, não as
limitando aos seus ambientes consagrados, como galerias e museus.
Essa é uma tendência de não expor a obra de arte em locais e de maneiras
convencionais, tornando-a interativa com manifestações culturais de outra
linguagem ou natureza, ocupando espaços púbicos e abertos, vai também rediscutir
modelos canônicos impostos à arte pelo sistema da tradição museológica (BARJA,
2008). Fazendo, dessa forma, o espectador vivenciar uma experiência que somente
o lugar, carregado de significado social, político e história, possam transmitir
(PEIXOTO, 2012).
Dentre alguns exemplos de intervenções estão os artistas Cildo Meireles e
Artur Barrio, que revolucionaram e realizaram intervenções polêmicas durante a
ditadura militar, além do projeto Arte/Cidade o qual realiza inúmeras obras de
intervenções nas cidades.
No período mais tenso da ditadura militar brasileira, entre 1968 e 1970, Artur
Barrio realizou uma ousada intervenção artística na cidade que resultou em grande
repercussão do público e de mídia. Barrio distribuiu, nas ruas do Rio de Janeiro,
inúmeras trouxas de pano ensanguentadas e com restos mortais de animais.
Embrulhos com carnes e ossos foram também espalhados pelos bueiros da cidade.
Acreditou-se inicialmente que eram restos mortais de vítimas do poder abusivo das
autoridades da época. Outra intervenção referencial, de Cildo Meireles realizada no
período de repressão militar, onde presos políticos eram torturados foi incinerar em
praça pública várias galinhas amarradas a um poste. Obviamente entidades de
proteção aos animais protestaram, sem perceberem que a metáfora do artista
também era um protesto contra a matança de seres humanos vivida nesse período.
Ainda durante a ditadura Cildo, distribuiu garrafas de Coca-cola, com impressões em
silkscreen contendo instruções de como confeccionar coquetéis molotov.
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Outro projeto interessante de intervenção, também de Cildo Meireles, ocorreu
na Avenida Paulista – lugar frequentado por uma elite de investidores e empresários.
A mesma contava com a produção de centenas de parafusos de ouro, onde os fora
atarraxados, aleatoriamente, nas pedras portuguesas do calçamento da Avenida.
Depois fez a notícia repercutir na mídia, mais especificamente na página de anúncio
de negócios. Resultado: houve muito executivo ajoelhado na calçada “garimpando”
os parafusos de ouro. O grande impacto dessa intervenção foi à transformação
temporária do comportamento dos usuários desse meio.
O projeto O Trem realizado pelo grupo Arte/Cidade teve o trem como
elemento de deslocamento e previa, inicialmente, uma ligação entre quatro pontos
num percurso de linha férrea. O trem Arte/Cidade, em vez de avançar em linha reta,
ou seja, em uma única linha, realizaria um percurso em “leque”, desviando-se ora
para a direita, ora para a esquerda. Seria um percurso em ziguezague e várias
direções, levando a composição a avançar de modo irregular, ocupando em largura
toda área circunscrita pelos ramais ferroviários. Um trem que anda em ziguezague
altera por completo a organização e a percepção da cidade. A intervenção vem se
contrapor às determinações mecânicas do dispositivo ferroviário, apontando para
outras formas de organizar o espaço urbano. Há outro aspecto da intervenção nesse
ramal de trens: a nova composição vai percorrer o trecho em menor velocidade. O
trem representa o encontro entre a indústria e a arte na cidade. Assim, de acordo
com PEIXOTO as intervenções:
Tendem, portanto, a não ser locais, mas a abranger áreas mais amplas, a partir dos territórios configurados pelos sistemas de transporte e comunicações e pelas grandes operações urbanas. Trabalhando na intersecção desses diferentes dispositivos, nos intervalos surgidos no tecido fragmentado e nos fluxos descontínuos da megalópole [...] (PEIXOTO, Nelson Brissac, 2002, p. 29).
A intervenção tem sido uma prática artística constante na arte contemporânea
a partir do uso de múltiplas linguagens e técnicas, como a arte Xerox, arte
postal, instalação, videoarte, entre outros. Entre alguns exemplos de intervenções
pode-se citar a inserção de instalações artísticas em paisagens públicas ou em
edifícios, a realização de performances e trabalhos cênicos em áreas abertas, a
interferência em placas publicidade e o uso de recursos da arte de rua como
o graffiti. Elas variam nas suas estruturas, mas tem um apelo reflexivo, socialpolítico,
didático, confrontador, ideológico ou simplesmente humorístico.
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3 HISTÓRIA DO ESPAÇO
3.1 A Casa de Detenção de São Paulo – Presídio Carandiru
O Complexo Penitenciário do Carandiru, mais tarde nomeado pelo interventor
Ademar Pereira de Barros (1938-1941) como Casa de Detenção Carandiru, foi
inaugurado em 1920 como Penitenciária do Estado de São Paulo.
O projeto do presídio que venceu a licitação foi inspirado no Centre
Pénitentiaire de Fresnes, na França, no modelo "espinha de peixe" (que ainda existe
- em funcionamento até hoje - nos arredores de Paris) e recebeu o título de Laboravi
Fidenter. Foi elaborado pelo engenheiro-arquiteto Giordano Petry, tendo, no decorrer
de sua execução, sofrido algumas adequações feitas por Ramos de Azevedo. A
proposta inicial da Casa de Detenção era a regeneração dos residentes, criando a
separação de réus primários de presos reincidentes, além da divisão dos presos
pela natureza do delito.
Foi no período entre 1920 e 1940 que o presídio, então chamado Instituto de
Regeneração, foi considerado um padrão de excelência nas Américas, atraindo a
visita de inúmeros políticos, estudantes de direito, autoridades jurídicas italianas e
até mesmo personalidades como Claude Lévi-Strauss, que vinham a São Paulo para
conhecer a “fábrica de trabalho”, pois os presos além de habitarem um local limpo,
realizavam diversas atividades de trabalho e educação.
Ao longo das décadas, o problema da superlotação foi ficando cada vez mais
grave, o que gerou muitas brigas e rebeliões. Em meados de 1985 a situação se
intensificou até o episódio mais marcante em toda a história do presídio – O
Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992.
Ao total a penitenciária tinha sete pavilhões (2, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) dos quais
suas atividades no cotidiano eram diferentes, como podemos citar, a famosa "Rua
Dez". Os pavilhões ali presentes eram localizados opostos às escadas, e por isto
esta região da penitenciária era propícia a acerto de contas, brigas mais sérias e
mortes, pois até que os carcereiros lá chegassem os envolvidos já teriam sido
avisados pelos olheiros que ficavam nos corredores de acesso. Os pavilhões eram,
então, divididos da seguinte forma:
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- Pavilhão 2: Lugar para onde iam os detentos recém chegados à casa de
detenção. Primeiramente havia uma passagem por esse pavilhão, para que os
mesmos fossem registrados, fotografados, recebessem corte de cabelo
característico, calça bege, e encaminhados para outros pavilhões. Escreve Dráuzio
Varella que:
O critério de distribuição não é rígido, mas obedece as regras básicas. Por exemplo, artigo 213 - estupro - normalmente e encaminhado para o pavilhão Cinco; reincidentes, no Oito; primários, Nove; e os raríssimos universitários vão morar nas celas individuais do pavilhão Quatro (VARELLA,1999).
- Pavilhão 4: O mais "desejado" entre os novos presos por não ser tão
populoso e contar com celas individuais. Esse pavilhão foi criado com a intenção de
ser uma área médica e, apesar de nunca tê-lo sido de forma exclusiva e efetiva,
acabou por manter essa característica. No térreo ficavam os presos tuberculosos, no
segundo andar, os doentes mentais ou aqueles que fingiam ser para escapar dos
outros pavilhões e no quinto a enfermaria. No térreo desse pavilhão existiu uma ala
conhecida como masmorra ou amarelo. Continha celas apertadas, úmidas e escuras
onde ficavam detentos jurados de morte por outros presos e que não podiam ser
transferidos para outros pavilhões. Essas celas foram motivo de frequentes
polêmicas com a imprensa e organizações humanitárias. Porém, as mesmas eram
uma garantia de vida para esses presos, que preferiam não sair dali, a não ser para
outro presídio.
- Pavilhão 5: Era o mais populoso dos pavilhões, também considerado o mais
humilde de todos, sendo seus habitantes olhados com certo desdém pelos detentos
de outros pavilhões. No primeiro andar, ficavam as celas de castigo. Semelhantes às
masmorras, trancafiavam por cerca de trinta dias infratores internos (porte de
drogas, armas, desacato etc.). No terceiro andar eram alojados estupradores,
justiceiros (matadores "profissionais" de ladrões) e aqueles que foram expulsos de
outros pavilhões. O quarto andar possuía perfil similar ao terceiro, porém com
presença de muitos travestis. O quinto andar foi conhecido como amarelo, que
também abrigou precariamente muitos presos jurados de morte, além da ala dos
evangélicos da Assembleia de Deus. Esses presos, por estarem ameaçados não
tinham banho de sol e ficavam acuados em suas celas. Por isso tinha a aparência
amarelada, o que deu o apelido do setor. Devido a todos esses fatores, tal pavilhão
foi sempre considerado o mais armado dos pavilhões:
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Moram ali 1600 homens, o triplo do que o bom senso recomendaria para uma cadeia inteira. Para tomar conta deles, a Detenção escala de oito a dez funcionários durante o dia e cinco ou seis à noite, às vezes menos. (VARELLA,1999).
- Pavilhão 6: Era onde ficava a Cozinha Geral, desativada em 1995 e um
antigo cinema (destruído em rebelião) transformado em um grande auditório no
segundo andar. Havia salas da área administrativa do presídio, além de reunir os
detentos mais comuns.
- Pavilhão 7: Foi considerado de todos o mais calmo, chegando a permanecer
dois ou três anos sem mortes. Criado com o intuito de ser um pavilhão de trabalho,
permaneceu habitado por detentos com ocupações laboriosas, como confecção de
bolas, pipas, barcos e outras atividades. Este também era o preferido por aqueles
que pretendiam fazer escavações e tentar a fuga, por ser o mais perto das muralhas.
- Pavilhão 8: Neste pavilhão moravam os presos mais respeitados, por serem
reincidentes no crime, conheciam muito bem as regras prisionais e sabiam como se
comportar neste ambiente. Nem por isso deixava de ser tenso e violento. Junto a
este pavilhão ficava o campo de futebol que era o maior dentro da penitenciária,
onde eram disputados os campeonatos entre os times internos, bem como times
vindos de fora da Detenção. Conforme relato de Dráuzio Varella este pavilhão ainda
abrigava espaços das mais diferentes religiões, como “(...) templos da Assembleia
de Deus, da Igreja Universal, da Deus é Amor e do Centro de Umbanda”.
(VARELLA, 1999).
- Pavilhão 9: Um dos mais conhecidos, ficou famoso fora da Casa de
Detenção, pois ali se formou uma torcida organizada do Sport Club Corinthians
Paulista com o mesmo nome. Essa torcida organizada foi imortalizada pelos
torcedores corintianos e é sempre vista nos estádios de futebol. Uma curiosidade e
característica marcante dessa torcida é que os torcedores se vestem com roupas de
detentos, com listras em preto e branco e alguns usam até algemas fictícias. Os
habitantes deste pavilhão eram réus primários, que na maioria das vezes eram
impetuosos e ainda sem a assimilação completa das regras a serem seguidas, o que
acabava muitas vezes por gerar conflitos diversos. Também era o segundo pavilhão
mais populoso chegando a ter mais de dois mil presos, o que gerava uma maior
necessidade de luta por sobrevivência. Os detentos que possuíam mais influência
eram respeitados, e muitas vezes conseguiam transferência para outros pavilhões,
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que possuíssem melhores condições. Os menos influentes tinham de prestar
serviços por sua sobrevivência para outras pessoas, como lavar mantas, vender
objetos, notas, baralho, armas brancas como facas, etc. Havia grande extorsão de
recursos como a alimentação, que era desviada de diversas formas. No fundo do
pavilhão ficavam as sobras de comida, aonde a alimentação era negociada, sejam
por maços de cigarros, prestações de serviços, entre outros. Os detentos que não
possuíam condições para negociar eram prejudicados e tinham uma condição de
vida precária.
3.2 Desativação do Presídio
A desativação após o motim de presos em 1992 deveria acontecer a partir da
construção de prisões no interior do Estado, possibilitando a melhoria das condições
do sistema penitenciário e desmobilização da organização do crime que estava se
aperfeiçoando dentro da própria detenção.
Até 1998, não havia um projeto para o espaço e após a desativação do
presídio, o mais provável seria a sua venda. No entanto em março de 1999 foi
anunciada a cessão da área para construção de um parque.
O fim da Penitenciária foi recebido com grande festa pela sociedade e
especialmente pelos moradores da região. O mercado imobiliário reagiu
imediatamente. O valor do aluguel de imóveis do entorno subiu 30%, equiparando
com os de bairros vizinhos, como Santana. Note-se que, com exceção do entorno do
Carandiru, a região já é bastante valorizada. Pela vizinhança com uma região já
valorizada, a inserção do parque surge como um "empurrãozinho" do Estado,
acelerando a revalorização do entorno. Satisfaz, assim, além dos moradores, antes
"sufocados" com a presença do presídio, o capital imobiliário já presente na região.
A nova ocupação foi definida em um concurso realizado em 1999. O projeto
vencedor previa, além da construção de um centro de lazer, esporte e educação, a
demolição de três pavilhões, entre eles o pavilhão 9, local da chacina. Antes do
concurso, falava-se na construção de uma "Universidade do Trabalho", para
reinserção de profissionais no mercado.
Como tantos outros concursos, este também não foi realizado de forma
participativa. Não se trouxe a debate nem qual o melhor destino para uma área de
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tamanha dimensão (427 mil m²), muito menos como preservar a memória de local
com tal carga simbólica. A demolição de pavilhões deveria ser repensada diante do
imenso interesse da população em entrar em contato com a memória ali
impregnada, manifestado nas filas para visitação da Penitenciária.
É evidente que a cidade carece de parques e centros de lazer e educação
democráticos. O que é questionável, no entanto, é a forma como ocorrem as
decisões do poder público e quais os setores da sociedade são prioritariamente
favorecidos. A forma simplista como foi feita a desativação do espaço não passou de
uma medida eleitoreira, pois levou outras prisões à superlotação, ao invés de
resolver o problema. Da mesma forma, apagar a memória do presídio não afetará as
origens dos problemas que o tornaram um "campo de horrores".
3.3 Parque da Juventude
O desafio para o escritório Aflalo&Gasperini Arquitetos, ganhador da
concorrência pública do Governo do Estado de São Paulo, foi transformar esse
território, marcado por muitas tragédias, em uma área de lazer e convivência, que
acolhe milhares cidadãos da capital paulista desde 2003. “Coube à Purarquitetura,
com base no partido já aprovado, qualificar e desenvolver o projeto do parque
institucional e do teatro, considerando as tecnologias mais viáveis”, conta o arquiteto
Eduardo Martins.
Em setembro de 2003, o Parque da Juventude mudou a paisagem na Zona
Norte, ao substituir a Casa de Detenção do Carandiru por uma grande área verde. O
Parque é composto de três grandes espaços (cada um deles correspondendo a uma
das três fases de implantação): o primeiro, a Área Esportiva, é de caráter recreativo-
esportivo, com quadras poliesportivas, espaços para prática de skate e patins, pistas
de cooper, entre outros.
O segundo, denominado Área Central, é de caráter recreativo-contemplativo,
com trilhas, caminhos ajardinados, passarelas, entre outros elementos que remetem
mais à ideia tradicional do "parque". Finalmente, o terceiro, a Área Institucional e de
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caráter cultural, onde estão localizadas as ETEC's (Escolas Técnicas)1 e a Biblioteca
de São Paulo, sob responsabilidade da Secretaria da Cultura.
3.3.1 História preservada
A inserção urbanística foi uma grande preocupação nesse projeto.
Originalmente, eram quatro pavilhões que seriam conservados para manter viva a
memória do lugar, como um monumento à defesa dos direitos humanos. Porém
havia recursos para renovar apenas dois deles. “Durante um bom tempo, olhamos
os quatro prédios por vários ângulos, até decidirmos que os dois laterais
desapareceriam e seria construído um pavilhão de exposições, menor, posicionado
em frente aos dois originais, que circunscreveriam a grande praça”, conta Eduardo
Martins. Como coordenador do projeto dos dois pavilhões originais ainda relata:
Estudando os projetos que deram origem ao presídio, feitos nos anos 1970, descobri que, apesar da aparência de fortaleza, eles eram frágeis, de alvenaria. Fiquei pensando como removê-la, como mudar aquilo sem descaracterizar a memória da antiga cadeia. Em um dia de inverno, observei a insolação lateral, fazendo uma sombra de profundidade e remetendo à ideia de calabouço. Era isto: essa luz tornaria possível manter a referência da antiga cadeia, no presente, porém com leveza. Trabalhamos para conseguir justamente o efeito das sombras no vazio, um elemento que preservou a memória visual e simbólica do lugar.
3.3.2 Fachada e átrio
Nos dois pavilhões que permaneceram, toda a alvenaria foi removida, e a
estrutura de concreto, envelopada com painéis pré-fabricados. No vão entre as duas
fachadas, passam todas as instalações. Os vértices do volume superior também
foram mantidos, e o pátio interno recebeu uma grelha com cobertura de vidro, por
onde o sol passa e desenha sombras quadriculadas no átrio. A área onde ficavam
as celas cedeu espaço aos corredores.
1 A ETEC Parque da Juventude oferece os seguintes cursos: Administração, Informática, Marketing e Meio
Ambiente, estes integrados ao Ensino Médio e os somente técnicos como Administração, Biblioteconomia, enfermagem, Logística, Marketing, Museologia e Serviços Jurídicos. Já a ETEC de Artes oferece os seguintes cursos: Canto, Dança, Design de Interiores, Eventos, Regência, Composição e Arranjo, Produção Cultural, Arte Dramática, Paisagismo e Processos Fotográficos.
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3.3.3 Pavilhão de exposições
Desenvolvido pela Purarquitetura, o Pavilhão de Exposições, com área de 4,2
mil m2, tem dois pavimentos: o térreo envidraçado, e o superior, com aberturas
ritmadas por painéis pré-fabricados, que dão unidade ao conjunto. De acordo com o
escritório nesse projeto:
Os arremates foram muito importantes, pois os materiais brutos poderiam comprometer o acabamento. “Criamos dobras para esconder a junção dos painéis com o concreto e arremates precisos junto aos caixilhos”, explica a arquiteta Karen de Abreu: “O volume do prédio foi definido pelas duas fachadas assimétricas: de um lado ela cobre o terraço e, do outro, descobre”. Essa é a graça do edifício, que também se destaca pelos painéis com pigmentação vermelha, que contrasta com o concreto dos pavilhões originais.
A estrutura interna flexível foi pensada para que o local servisse a várias
finalidades. A partir de 2010, o prédio foi ocupado pela Biblioteca de São Paulo, que
concentra mais de 30 mil livros.
3.4 A Biblioteca São Paulo2
A Biblioteca de São Paulo (BSP), inaugurada em 8 de fevereiro de 2010, foi
um projeto inovador porque sua estrutura foi planejada para oferecer conforto,
autonomia e a inclusão social por meio da leitura.
Inspirada na Biblioteca de Santiago, no Chile, e nas melhores práticas
adotadas pelas bibliotecas públicas do país, a BSP vem atuando, entre outras
frentes, na oferta de equipamentos e espaços que permitam o acesso da população
à produção e à expressão cultural.
3.5 Escola Técnica Estadual Parque da Juventude
A ETEC-PJ foi a terceira parte entregue e iniciou suas atividades no Prédio I
da Área Institucional do Parque da Juventude, em 26 de fevereiro de 2007.
Ocupando uma área de cerca de 6000 mil m2, num prédio construído sob a ótica de
um projeto inovador e aberto, em contraposição a ocupação inicial (Casa de
2 Descrição oficial no site da instituição http://bibliotecadesaopaulo.org.br
P á g i n a | 17
Detenção), a escola dispõem de 15 salas de aula ambientadas de acordo com o
componente curricular, 6 laboratórios de Informática, 1 laboratório de Montagem e
Manutenção de Computadores (hardware), 1 sala de Info-Servidores, 1 laboratório
de Enfermagem, 1 laboratório de Bioquímica, 1 laboratório de Robótica, 1 laboratório
de Museu, 2 salas de multimeios (com capacidade para 80 alunos), 1 Espaço do
Conhecimento (Biblioteca de Eventos), 1 Centro de Convenções e 1 Espaço
Memória do Carandiru, além de um posto de inclusão digital chamado Acessa SP3.
3.5.1 Objetivos da escola
O objetivo da escola é desencadear um processo de busca de saber,
protagonizado pelo aluno, a fim de promover a formação de valores e a aquisição de
competências e habilidades na construção de conhecimentos significativos e
sistematizados. Além disso:
Oportunizar situações de reflexão sobre uma convivência harmoniosa com
respeito mútuo, a fim de construir direitos e deveres de cada grupo,
preservando e respeitando a diversidade cultural da comunidade;
Priorizar a interdisciplinaridade, a fim de resolver problemas e estabelecer
relações de forma crítica entre as diferentes áreas do conhecimento;
Valorizar as produções individuais e coletivas, buscando resgatar a
autoestima do aluno;
Incentivar a criatividade, despertando o prazer pelo fazer e.
Desenvolver ações que estimulem a consciência socioambiental, buscando e
propondo soluções.
3 Acessa São Paulo é um programa de inclusão digital do Governo do Estado de São Paulo, criado em julho de
2000 e oferece para a população acesso às novas tecnologias da informação e comunicação (TIC’s), em especial à internet, contribuindo para o desenvolvimento social, cultural, intelectual e econômico dos cidadãos, mantendo espaços públicos com computadores para acesso gratuito e livre à internet.
P á g i n a | 18
4 PROJETO EXPOSITIVO IMPLOSÃO NÃO APAGA MEMÓRIAS
4.1 Eixo curatorial
O antigo Complexo Penitenciário do Carandiru, mesmo após implosão, ainda é
visto como símbolo de uma instituição cerceadora, de domínio e nulidade do
indivíduo. Porém, quando o espaço por ele deixado foi ocupado pelas ETEC’s, pelo
Parque e pela Biblioteca, o “Carandiru”, a nosso ver, buscou assumir outro papel: o
de complementar a formação do ser social por meio da educação e práticas
culturais, mas sem esquecer a história do lugar e seus antigos moradores.
Comparando os dois momentos do espaço ficam evidenciados a necessidade
social de transformação, desenvolvimento do indivíduo, da responsabilidade e
liberdade.
Nesta perspectiva, idealizamos o eixo “Implosão não apaga memórias” onde
apresentamos as similaridades das instituições presídio e escola, o perfil
disciplinador, bem como a necessidade de se praticar a educação como ação
cultural libertadora.
A proposta desta intervenção fará uso da apropriação do prédio, da
substituição das memórias e as várias ocupações do espaço. Buscamos, portanto,
refletir sobre a modelagem dos indivíduos nas escolas positivistas e a destituição do
indivíduo transgressor nas instituições prisionais, chamados de (re) educandos, a
busca pela liberdade para recuperar a individualidade e a prática da liberdade por
meio da educação.
Entendemos que a educação em si não resolve todos os problemas, mas é por
meio dela que o indivíduo terá acesso a ferramentas para formar opinião,
desenvolver seu senso crítico, ampliar sua visão e consequentemente fazer
melhores escolhas.
P á g i n a | 19
4.2 Objetivos
4.2.1 Geral
Propor aos diversos públicos, uma reflexão sobre o perfil disciplinador das
instituições, escolar e prisional e sobre a intrínseca vocação educacional do espaço
em seus diversos momentos: desde a casa de detenção até depois um parque com
escola e biblioteca.
4.2.2 Específicos
Informar sobre o histórico do local;
Refletir sobre violência latente em ambientes cerceadores;
A constante busca da liberdade e individualidade;
Relacionar passado e presente do espaço (presídio e escola);
Interatividade com o visitante e
Focar a intervenção nas atividades de educação, socialização e
desenvolvimento.
4.3 Justificativa
O historiador francês Jaques Le Goff em seu livro “História e Memória” analisa
as diferentes formas de memória e como essas são construídas. Segundo o autor a
História era um relato emitido pela testemunha do fato, hoje o relato já recebe status
de explicação do evento. A oposição entre o passado e o presente não é um dado
natural, mas uma construção, que ocorre de acordo com a época e o contexto
histórico em que se está submetido:
A memória, como propriedade de conservar certas informações remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas ou que apresenta como passadas (LE GOFF, 1992, p. 423).
Na idealização da intervenção abordando a apropriação do espaço onde foi o
Complexo Penitenciário do Carandiru e, hoje são o Parque da Juventude e a ETEC-
P á g i n a | 20
PJ e a Biblioteca de São Paulo, pensamos que teremos que lidar com: escolhas
arquitetônicas, o recorte de tempo e de seus elementos e, principalmente, das
memórias e da percepção dos frequentadores. Isso provavelmente resultará em
novas formas de enxergar esse espaço. Le Goff pontua a questão:
O documento não é inócuo. É, antes de tudo, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história da época, das sociedades que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante os quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio (LE GOFF, 1992, p.547).
O filósofo francês Michel Foucault em seu livro “Vigiar e Punir” discorre sobre
o cotidiano das prisões e seu contexto histórico na França. Porém, é possível
atualizar sua discussão para o contexto brasileiro. O cerne da obra do pensador é a
relação estabelecida entre o saber e o poder e como essa relação se altera ao longo
da história das prisões e como as instituições de ensino, de algum modo, se
apropriam dos mesmos modos punitivos no ambiente acadêmico.
Poder, por definição, é o direito de deliberar, agir, mandar e também,
dependendo do contexto, exercer sua autoridade, soberania, ou a posse do domínio,
da influência ou da força. Segundo a sociologia, poder é a habilidade de impor a sua
vontade sobre os outros.
Para Focault, neste âmbito, o que existe são as relações de poder
expressadas nas interações da vida cotidianas, desde a mais banal a mais
complexa. Elas existem quando a ação e o pensamento de uma pessoa são
subjugados e ele acaba fazendo ou agindo de acordo com o que o outro deseja.
Esse poder também era exercido de diversas formas no ambiente prisional,
tanto na relação apenado e autoridade policial, como na relação entre detentos: na
inclusão e exclusão dentro dos próprios pavilhões. Ainda nesse contexto é preciso
pensar no conceito que um indivíduo tem de liberdade porque para o filósofo,
ninguém consegue manipular a liberdade de ninguém.
Saber que nossa condição de liberdade esta diretamente ligada ao conceito
de autoridade do outro, pode limitar tanto um quanto o outro, sendo possível uma
pessoa exercer o poder em um campo e estar sujeito a ele em outro.
Na primeira parte da obra, a questão central é o suplício e como ele foi se
extinguindo na Europa ao longo do século XIX, fazendo com que o corpo deixasse
de passar por dores insuportáveis, provocadas pelas torturas, dando lugar a um
corpo que sofre com a privação da liberdade. Como escreve Foucault (1987):
P á g i n a | 21
O castigo passou de uma arte das sensações insuportáveis a uma economia dos direitos suspensos. Se a justiça ainda tiver que manipular e tocar o corpo dos justiçáveis, tal se fará à distância, propriamente, segundo regras rígidas e visando a um objetivo bem mais “elevado” (p.15).
Nota-se aqui uma analogia possível com o Complexo Penitenciário do
Carandiru, onde seus moradores além da falta de liberdade eram obrigados a dividir
espaços minúsculos com dez, quinze, às vezes até com mais de vinte pessoas. Ou
seja, o suplício vivenciado pelos presos franceses do século XIX em seus corpos por
conta de torturas se transformou em suplício por conta de espaços opressores e em
condições indignas. Por isso a necessidade de evidenciar questões como essa por
meio de uma intervenção no espaço que abrigou, por vezes, esse tipo de situação.
Passando à segunda parte do texto, o pensador francês se debruça sobre a
questão da punição, pensada sem o suplício, isto é, um castigo que levasse em
conta a “humanidade” do infrator, com o objetivo de fazer:
(...) da punição e da repressão das ilegalidades uma função regular, coextensiva à sociedade; não punir menos, mas punir melhor; punir talvez com uma severidade atenuada, mas para punir com mais universalidade e necessidade; inserir mais profundamente no corpo social o poder de punir (FOUCAULT, 1987, p. 102).
A prisão passa, assim, a assumir a função de um reformatório, pretendendo
evitar a repetição da infração e não apagar o crime cometido. O objetivo é a
transformação do culpado.
Na terceira parte, onde o autor aborda o tema da disciplina, começa a ser
elaborada uma aproximação entre os dois territórios: prisão e escola, como
ambientes disciplinadores. Alguns elementos são utilizados para garantir um
ambiente disciplinado, como por exemplo: as grades e a ideia de clausura
instaurando comunicações importantes para facilitar o encontro de indivíduos e
interrompendo outras comunicações, quando necessário.
As celas nas prisões e as fileiras nas salas de aula são modos de
organização, de disciplinar os indivíduos e certamente importantes para reflexão do
espaço que deixou de ser uma penitenciária e passou a ser ocupado por uma
escola.
Outra situação comum ao cotidiano dos presos, dos alunos e das pessoas
fora dessas instituições é a questão do horário, pois toda a sociedade está
condicionada a exercer atividades dentro de determinadas quantidades de tempo.
P á g i n a | 22
Isso é uma forma de disciplina a qual quase ninguém se dá conta. Como escreve
Foucault (1987): “a exatidão e a aplicação são, com a regularidade, as virtudes
fundamentais do tempo disciplinar” (p.177).
O controle de tempo na sociedade capitalista restringe a individualidade do
ser: na escola temos o sinal, os horários das aulas, deixamos a escola para o
mercado de trabalho onde teremos um horário para exercer nossas funções, horário
de entrada, almoço, saída, ou seja, temos nossas vidas encaixotadas e o tempo
determinado pelo empregador, pela sociedade.
O Carandiru, com toda sua complexidade, é um espaço antropológico é
criador de identidades e de relações interpessoais, aqui representado num primeiro
momento como presídio onde a relação que os moradores mantinham com o
espaço, a relação variável entre os pavilhões - como se lê nos depoimentos dados
por ex-moradores, bem como nos relatos da antropóloga Maureen Bisilliat e o
médico Dráuzio Varella. Pela escola/parque/biblioteca, onde abriga traços históricos
em que fica bem claro a fronteira entre o eu e os outros, tratando-se de uma história
nativa, formadora do “eu” e não de moldes científicos.
Alguns teóricos da Geografia colaboram também no conceito de território.
Sabemos que existem diferentes interpretações produzidas e de acordo com as
variadas concepções teórico-metodológicas há diversos pontos de vista, seja ele
econômico, político, social, cultural visto a dinâmica existente dentro do espaço em
constante modificação.
O território da cidade define sua forma de representação, materializando sua
história estimulada pela necessidade de memorizar suas experiências humanas.
Enquanto lugar das relações registram os que por ali passaram e fizeram, através de
documentos e de sua arquitetura, principalmente. Quando desmembramos esta
forma de representação, compreendemos melhor suas complexidades.
De acordo com Milton Santos o território configura e reconfigura o espaço,
sendo base das relações sociais:
O território é imutável em seus limites, uma linha traçada de comum acordo ou pela força. Este território não tem forçosamente a mesma extensão através da história. Mas em um dado momento ele representa um dado fixo. Ele se chama espaço logo que encarado segundo a sucessão histórica de situações de ocupação efetiva por um povo – inclusive a situação atual – como resultado da ação de um povo, do trabalho de um povo, resultado do trabalho realizado segundo as regras fundamentadas do modo de produção adotado e que o poder soberano torna em seguida coercitivas. É o uso
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deste poder que, de resto, determina os tipos de relações entre as classes sociais e as formas de ocupação do território (SANTOS, 2002, p. 233).
Já Claude Raffestin considera o território um instrumento de poder, onde
ocorre a produção entre as diferentes ações humanas e a natureza. Conforme
Fernanda Correia Silva salienta ocorre uma multiplicidade de territórios:
Assim, as relações de poder que são adquiridas em diferentes escalas, produzem uma multiplicidade de territórios, cada qual com uma territorialidade diferente. Deste modo, o Estado não é a única organização capaz de estabelecer espaço e construir (ou desconstruir) uma territorialidade. (SILVA, 2010, p.21)
Concordamos com Raffestin e Silva, que refletindo sobre a vida cotidiana do
sistema carcerário, são trazidos para análise através da intervenção a ser realizada,
recortes espaciais advindos das celas e pavilhões que são espacializados por meio
da vivência cotidiana reveladas nas relações de poder, inclusão e exclusão que, por
sua vez, identificam a posição do detento na prisão que o mesmo se encontrava na
ocasião.
Surge assim uma consolidação de um conjunto de estratégias que fazem um
recorte da geografia de territórios do cotidiano com o objetivo de trazer a
sobrevivência naquele espaço já delimitado por excelência.
Deste modo, o território carcerário traz suas estruturas de poder e memória e
fazem parte de uma estrutura maior – o da cidade – que incluída também nesta
trama de poder e memória fazem parte do espaço humanizado e em constante
modificação, deixando através das memórias o registro dos que passaram e de
como ali viveram.
O território formado é o resultado de diversas ações, que ao se apropriar de
um espaço, seja ele concreto ou abstrato, o territorializa. Segundo Raffestin: “o
território é a cena do poder é o lugar de todas as relações” (1993, p.58).
Por fim, acreditamos que houve a necessidade de abordar conceitos diversos
sobre curadoria e intervenção urbana, bem como o levantamento da história do
espaço em discussão e seus diferentes usos.
Pensando em uma escola desvinculada à imagem de instituição corretiva, tal
como pensada por Foucault, há o educador brasileiro Paulo Freire que defendia o
exercício da educação para o desenvolvimento do pensamento critico, a destruição
dos muros em prol do indivíduo. A escola deixa de ser uma instituição disciplinadora
para ser um espaço de transformação.
P á g i n a | 24
A educação como prática da liberdade, ao contrário daquela que é a prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens (FREIRE, 1999).
Na pedagogia freiriana o núcleo é o educando, o papel do educador é mediar
à formação deste, respeitando o conhecimento que esse aluno já possui, passando
da simples curiosidade a curiosidade epistemológica, isto é, um conhecimento
prático passa a ser fundamentado, o educando passa a entender determinados
“porquês”. Paulo Freire deixa isso bastante explícito quando escreve:
O fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me põe numa posição em face do mundo que não é de quem nada tem a ver com ele. Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da história (FREIRE, 1999).
O ambiente escolar pensado por Freire é democrático, na medida em que é
regido pelo respeito, onde o educador ensina aprendendo e o aluno aprende, mas
também ensinando. É também um espaço de desenvolvimento do pensamento
crítico, reflexivo, onde não há verdades absolutas.
Podemos citar esse projeto de intervenção do espaço como exemplo desse
processo educacional transformador, formador de indivíduos críticos. Pensar na
antiga ocupação do espaço da ETEC-PJ pelo presídio do Carandiru e dialogar com
a sua atual ocupação por uma escola, é fazer com que o visitante se sinta parte
dessa história e se sinta responsável pela ocupação e transformação dele.
4.4 Seleção dos objetos
Para este projeto expositivo, foi realizada uma seleção de objetos pertencentes
ao Espaço Memória Carandiru (EMC) de forma que fosse possível ilustrar o conceito
do projeto e a cenografia proposta na expografia (Capítulo 5).
Utilizaremos também imagens obtidas na internet e do acervo pessoal dos
alunos, bem como cenas do documentário “O prisioneiro da grade de ferro” -
realizado pelos próprios detentos do Carandiru em 2001.
Para a conservação e preservação dos objetos está previsto o restauro, a
higienização e a criação de espaços com proteção com vidro para expor as peças.
Contudo, optamos pela contratação de um especialista para gerir o processo de
P á g i n a | 25
salvaguarda dos objetos pertencentes ao Espaço Memória Carandiru durante o
período da exposição.
Para a equipe de produção idealizamos um caderno de montagem (ANEXO
B), onde detalhamos cada espaço, dimensões, localização de objetos, plotagens,
textos e outras informações pertinentes para a realização da exposição.
A seguir, peças e fotos que selecionamos para a exposição separada por
módulos. As imagens são tanto do acervo EMC como de banco de imagens.
Módulos Imagem Título Descrição Observações
Destituição do ser Módulo 2
Fotografia Corredor
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Plotagem
Silhuetas
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Plotagem
Fotografia Divinéia 1
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Plotagem Uso também
no vídeo
Divinéia
Portão de metal 327 cm x 173 cm
x 8 cm Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte
adequado ao peso e ações de restauro
Cela Ambiente escolar
Módulo 3
Fotografia Sombra 1
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Plotagem
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Cela Ambiente escolar
Módulo 3
Fotografia Sombra 2
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Plotagem
Fotografia Sombra 3
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Plotagem
Carteira escolar
Cadeira: 77 cm x 40 cm x 50 cm
Mesa: 72 cm x 61 cm x 43 cm
Pertencente a ETEC-PJ
Cela Ambiente presídio
Módulo 3
Fotografia Pavilhão 8
Data: desconhecido Autor: João
Wainer
Plotagem
Grade de ferro
187 cm x 167 cm Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte
adequado e ações de
restauro
Painel Pavilhão 4
Quadro em madeira
130 cm x 150 cm x 5 cm Data:
desconhecido Autor: Complexo Penitenciário do
Carandiru Coleção: EMC
Necessita de suporte de parede e ações de restauro
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Cela Ambiente presídio
Módulo 3
Quadro 1 62,5cm x 74,5cm
x 3 cm Coleção: EMC
Necessita de suporte de
parede e ações de
restauro
Liberdade e rupturas Módulo 4
Caixas de fuga
5 Caixas plásticas 146 cm x 66 cm x
46 cm Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de higienização
Fotografia Arte educação
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Banda 1
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Banda 2
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6
Fotografia Cela 1
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Uso no vídeo
Fotografia Cela 2
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Uso no vídeo
P á g i n a | 28
Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia Cela 3
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Uso no vídeo
Fotografia Desativação 1
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Uso no vídeo
Fotografia Desativação 2
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Uso no vídeo
Fotografia Desativação 3
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Uso no vídeo
Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia desativação 4
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Uso no vídeo
Fotografia desativação 5
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Uso no vídeo
Fotografia Divinéia 2
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
P á g i n a | 29
Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia Divinéia 3
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Educativo 1
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Educativo 2
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Esporte
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6
Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia Evento 1
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Evento 2
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Evento Esportivo
1
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
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Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia Evento Esportivo
2
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia e Evento Esportivo
3
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Evento Esportivo
4
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6
Fotografia Evento Esportivo
5
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia Evento Esportivo
6
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Evento com Jair
Rodrigues
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Evento com Gil
Gomes
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
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Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia Evento com Rita
Cadilac
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6
Fotografia Fuga com Tereza
1
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6
Fotografia Fuga com Tereza
2
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Fuga com Tereza
3
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia Fuga com Tereza
4
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Ofício
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6
Fotografia Panóptico
Data: desconhecido
Autor: desconhecido
Uso no vídeo
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Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia Refeitório de funcionários
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6
Fotografia Reportagem com
Goulart de Andrade
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Uso no vídeo
Fotografia Implosão 1
Data: 08/12/2002 Autor:
desconhecido
Reprodução Instalação: Módulo 4
Fotografia implosão 2
Data: 08/12/2002 Autor:
desconhecido Reprodução
Liberdade e rupturas Módulo 4
Fotografia implosão 3
Data: 08/12/2002 Autor:
desconhecido Reprodução
Fotografia implosão 4
Data: 08/12/2002 Autor:
desconhecido Reprodução
Transformação Módulo 5/6
Quadro 2 66,5cm x 86,5cm
x 1,5cm Coleção: EMC
Necessita de suporte de
parede e ações de
restauro
P á g i n a | 33
Transformação Módulo 5/6
Quadro 3 40 cm x 55 cm x 3 cm Coleção: EMC
Necessita de suporte de parede e ações de restauro
Quadro 4 73 cm x 55,5cm x
3,5cm Coleção: EMC
Necessita de suporte de
parede e ações de
restauro
Quadro 5 34,5cm x 45 cm x
3,5cm Coleção: EMC
Necessita de suporte de
parede e ações de
restauro
Quadro 6 31 cm x 41 cm x 1 cm Coleção: EMC
Necessita de suporte de
parede e ações de
restauro
Transformação Módulo 5/6
Quadro 7 61 cm x 101 cm x
4 cm Coleção: EMC
Necessita de suporte de
parede e ações de restauro na
moldura
Bola de futebol 1
69 cm (diâmetro) Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte com
tampo acrílico para proteção
Bola de futebol 2
60 cm (diâmetro) Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte com
tampo acrílico para proteção
P á g i n a | 34
Transformação Módulo 5/6
Luva de Boxe 1
28 cm x 17 cm x 16 cm Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte com
tampo acrílico para proteção
Luva de Boxe 2
30 cm x 17 cm x 16 cm Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte com
tampo acrílico para proteção
Halteres 1
34 cm x 16 cm Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte com
tampo acrílico para proteção
Halteres 2
34 cm x 16 cm Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte com
tampo acrílico para proteção
Transformação Módulo 5/6
Halteres 3
34 cm x 16 cm Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte com
tampo acrílico para proteção
Troféu esportivo
45 cm x 22 cm x 21 cm
69 cm (diâmetro) Data:
desconhecido Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte com
tampo acrílico para proteção
P á g i n a | 35
Transformação Módulo 5/6
Arco das Rosas: O marchand como
curador
25 cm x 25 cm x 1
cm
Data: desconhecido
Autor: Casa das Rosas
Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Arte na Associação Paulista de Medicina
28 cm x 21 cm x
0,5cm
Data: desconhecido
Autor: José Roberto Teixeira
Leite Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
As mil e uma noites. Volume 1
e 4
18,7cm x 12 cm x
3 cm
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Cabeças
20,5cm x 13,5cm
x 0,4cm
Data: desconhecido Autor: Valdir
Rocha Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Transformação Módulo 5/6
Caminhos da pobreza:
A manutenção das diferenças em
Taubaté
23 cm x 16 cm x
1,2cm
Data: desconhecido Autor: Mauricio Martins Alves Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Catálogo dos Museus do Brasil
23 cm x 16 cm x
1,2cm
Data: desconhecido Autor: Fausto Henrique dos
Santos; Fernando Menezes de
Moura; Neusa Fernandes.
Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
P á g i n a | 36
Transformação Módulo 5/6
CNA Workbook Volume 2
24 cm x 21m x 1
cm
Data: desconhecido
Autor: CNA Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Crimes em São Paulo
28 cm x 21,5cm x
2,5cm
Data: 1998 Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte para
expor em pé e aberto
Depoimentos
23 cm x 17 cm x 2
cm
Data: desconhecido
Autor: Alexandre Kafka
Coleção: EMC
Necessita de suporte para
expor em pé e aberto
Encíclicas Sociais de João XXIII
Volume 2
23 cm x 16 cm x
3,3 cm
Data: desconhecido
Autor: Jose Olímpio Editora Coleção: EMC
Necessita de suporte para
expor em pé e aberto
Transformação Módulo 5/6
Enciclopédia Delta Larousse
Volume 8
27,2cm x 19 cm x
3,3cm
Data: desconhecido
Autor: desconhecido Coleção: EMC
Necessita de suporte para expor em pé
Guia Cultural do Estado de São
Paulo – municípios de M a
R
23 cm x 16 cm x 3,7cm
Autor: Secretaria de Estado da
Cultura e Fundação SEADE
Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Guia de Museus do Brasil
21 cm x 14 cm x
1,5cm
Data: desconhecido
Autor: Fernanda Camargo de
Almeida Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
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Transformação Módulo 5/6
História do Brasil
21 cm x 15 cm x 2
cm
Data: desconhecido Autor: AS outo
Maior Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Inventários e Testamentos Volume 25
23,5cm x 16,5cm
x 2,3cm
Data: 1994 Autor: Secretaria
de Estado da Cultura
Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Inventários e Testamentos Volume 46
23 cm x 16 cm x 2
cm
Data: 1998 Autor:
desconhecido Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Transformação Módulo 5/6
XX Bienal Internacional de
São Paulo
28 cm x 21 cm x
0,1cm
Data: desconhecido
Autor: Fundação Bienal
Coleção: EMC
Bom estado de
conservação
Mesa de alimentação
Mesa: 81 cm x 252 cm x 102 cm Banco: 47 cm x 249 cm x 35 cm
Pertencente a ETEC
P á g i n a | 38
5 PROPOSTA MUSEOGRÁFICA
A museografia ou expografia consiste no desenho do espaço de uma
exposição e de tudo aquilo que diz respeito à ambientação. Segundo André
Desvallées, ela visa a pesquisa de uma linguagem e de uma expressão fiel para
traduzir o programa científico de uma exposição4.
Esta tradução poderá ser feita por meio de uma ambientação do espaço, cores
das paredes, tipografias e pela cenografia. Contudo, o projeto museográfico deve
conter não só a ambientação que atenda o conceito curatorial, mas também a
elaboração de painéis, bases e outros tipos de suportes para apresentação dos
objetos.
A proposta para a exposição “Implosão não apaga memórias” utiliza-se de
uma área delimitada no Pátio da ETEC-PJ, estrategicamente ao lado do Espaço
Memória Carandiru. A área será de 12m x 11,58m, com paredes construídas com
madeira MDF, e o interior dividido em oito ambientes que explorem e ativem a
reflexão e pensamento crítico do visitante.
Figura 1: Pátio da ETEC-PJ com delimitação da proposta museográfica
4 FIGUEIREDO, R. artigo “O que é expografia”. 2012.
P á g i n a | 39
A área desenhada permitirá uma confortável circulação de pessoas, atividades
dentro do espaço, bem como a mobilidade / acessibilidade, dentre outras questões
inerentes ao espaço museológico.
Figura 2: Vista aérea da proposta museográfica
A instalação não terá o teto totalmente fechado, pois serão utilizadas como
base de estrutura e delimitação as colunas já existentes no prédio. Como a altura
destas colunas é baixa (2,36m), o ambiente se fechado totalmente seria
claustrofóbico.
Optou-se então pelo fechamento somente do corredor de entrada a fim de
ampliar a sensação do cárcere e na sequência propiciar a sensação de liberdade
com a ausência do teto. Considerou-se também a possibilidade de se utilizar a
iluminação da escola.
P á g i n a | 40
5.1 Percurso e temas abordados
Módulo 1: Brise-soleil (quebra sol instalado na fachada) Tema: Memória Objeto: Banners Materiais: Terceirização de materiais gráficos (lona).
Considerando que muitos se lembram do presídio porque passavam na
estação de metrô Carandiru e visualizavam as roupas dos detentos penduradas nas
janelas, nosso objetivo nesse contexto é estimular essa memória visual e a
curiosidade de quem ali transita.
Por isso, como primeiro elemento de comunicação com o público, serão
expostos sete banners suspensos nos brises na fachada da ETEC-PJ, frente voltada
para o metrô, sendo seis com palavras relativas ao conceito e um com as
informações da exposição.
Partindo do pressuposto de quem passará fora do prédio da ETEC-PJ e
visualizará esse primeiro módulo, formado pelos banners em sua fachada, não terá
conhecimento da exposição em si, foram escolhidas seis palavras-chave de
entendimento de todos a fim de gerar curiosidade e questionamento. As palavras
são uma síntese da proposta da intervenção e opõem-se entre si: Carandiru x
Escola; Liberdade x Opressão; Transformação x Disciplina.
Estas, porém, serão dispostas de uma forma misturada para que o próprio
público faça as associações. Foi escolhido um número reduzido de palavras para
que estas realmente chamem atenção, sejam lidas e interpretadas.
Figura 3: Banners instalados na fachada com as seis palavras-chave
P á g i n a | 41
Módulo 2: Corredor de entrada e Divinéia Tema: Destituição do ser Objeto: Silhuetas e Portão da Divinéia Materiais: Plotagens das imagens e silhuetas (material gráfico); plotagem do texto curatorial; suporte em ferro para a Divinéia, tinta para parede (bordô).
Para entrar na instalação o visitante atravessará um longo corredor com baixa
luminosidade e silhuetas ao redor, remetendo à sensação do aprisionamento e da
vigilância.
Ao fundo verá o portão da Divinéia - local onde os presos entravam e saiam
do Complexo Penitenciário Carandiru - que será o primeiro objeto a ser exposto.
Com grande representatividade para a história local, podemos pensar também que
metaforicamente toda porta é um local de passagem entre o conhecido e o
desconhecido, de entrada e retorno, que é uma possibilidade de mudanças. Uma
porta nos convida a atravessá-la.
Neste espaço também será apresentados o texto curatorial da exposição
(apresentado no quadro abaixo) com um breve resumo do conceito e convidando o
visitante a refletir sobre o espaço que ele acabou de entrar.
A passagem de um local símbolo de uma instituição cerceadora, de
domínio e nulidade para um ambiente que assume um papel
totalmente oposto, que é o de complementar a formação do ser
social através da educação e práticas culturais, leva ao
questionamento da necessidade de transformação e
desenvolvimento do ser humano.
Porém a educação, na forma de escola, teria realmente esse perfil
libertador ou seria voltada apenas para disciplinar, se assemelhando
em muitos casos com o sistema carcerário? Essa é a questão
proposta por esta instalação, onde no mesmo espaço convivem os
resquícios e memórias do ambiente cerceador e a atividade
educacional atual.
Será possível ao visitante se inserir em uma realidade que remeterá
tanto ao ambiente do cárcere quanto ao da escola, com uma
proposta interativa e questionadora sobre o que liberta e o que
oprime.
P á g i n a | 42
Figura 4: Primeiro plano do corredor de entrada
Figura 5: Divinéia no fim do corredor
P á g i n a | 43
Figura 6: Lado esquerdo do corredor de entrada
Figura 7: Lado direito do corredor de entrada
P á g i n a | 44
Módulo 3: Celas Tema: Cárcere na escola e no presídio Objetos: Silhuetas, carteira escolar, camisetas, painel de organização do pavilhão 4, quadro de esporte, grade de ferro Materiais: Plotagens (material gráfico); iluminação focal; 100 camisetas brancas; 1 camiseta vermelha; suporte para as camisetas; suporte para a grade (acervo); grade; suporte para os quadros de parede. Será mantida a textura original das colunas do prédio.
Neste espaço serão reproduzidas duas celas, as paredes terão plotagens de
silhuetas e a inserção de itens representativos ao espaço escolar e do presídio.
Na cela 1 – O cárcere escolar será representado pelas silhuetas e pela carteira
escolar. As silhuetas denotam o aluno que deixa de ter nome e se torna um número
de chamada. A carteira remete ao ensino de regras a serem seguidas, a disciplina.
A grade enfatiza que ali começa o cárcere, ele só não é percebido.
É possível pensar também que as silhuetas neste espaço podem ampliar a
reflexão, visto que não é possível identificar quem estamos projetando se o
presidiário ou o aluno, o funcionário ou o visitante, o que representa o conceito de
supressão do indivíduo.
Na cela 2 – Utilizaremos as camisetas para representar os uniformes –
presente em ambas as realidades para padronizar o indivíduo - e também a
superlotação das celas no presídio (algo que acontece também nas salas de aulas).
As camisetas serão brancas e amontoadas como “roupas sujas” jogadas ao
chão e somente uma delas será vermelha, numa discreta abordagem ao motim
sangrento de 1992. Haverá também a exposição de elementos do acervo do Espaço
Memória Carandiru a fim de ambientar o espaço da cela. Para isso serão expostos
na parede um painel de organização do pavilhão 4 (disciplina) e um quadro de fotos
sobre futebol montado por detento (memória de liberdade).
O seguinte texto acompanhará este módulo:
Em diferentes ambientes e de inúmeras maneiras o ser humano
pode ser suprimido. Indivíduos que se tornam sombras, que são
números, que são uniformes, que estão alocados em fileiras e
pavilhões. Estes vivem em celas que podem ser reais e
materializadas como no cárcere ou discretas e sutis como em um
ambiente educacional. Como distinguí-las? Como se libertar de algo
que podemos não enxergar?
P á g i n a | 46
Módulo 4: Liberdade e Rupturas Tema: Busca por liberdade e individualidade Objetos: Vídeo, caixa de fuga, fotos da implosão Materiais: Vídeo; suporte para a TV; Tela; suporte para a caixa de fuga; tinta para a parede (bordô); 6 pufs; 3 fones de ouvido; plotagem do texto sobre a caixa de fuga; reprodução de fotografias / plotagens pequenas.
Para este espaço houve a seleção das caixas de alimento que foram objetos
adaptados pelos detentos em tentativas de fuga.
Estes elementos são significativos no conceito da busca pela liberdade, a fuga
de um lugar para outro mais desejado, o fim de uma individualidade suprimida, um
rito de passagem que na exposição representará a transformação do espaço.
Neste momento também será disponibilizado um vídeo focado na ideia de que
para um ser destituído de individualidade, não importa o que a sociedade faça para
“amenizar” o cárcere, ele desejará sua liberdade, desejará fazer suas próprias
escolhas. O áudio enfatizará essa sensação do cárcere e da solidão e para tanto
escolhemos:
a. Like a Dog Chasing Cars – Hans Zimmer
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=R0ynjjk2c7Y.
Acesso em: 03/12/2014
b. Som da implosão do Carandiru –
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QhLt7iKUrYY
Acesso em: 03/12/2014
c. Another Brick the Wall – Pink Floyd (Sample Hip Hop Beat)
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_aTJLy7Tthk
Acesso em: 03/12/2014
O objetivo do vídeo não é disponibilizar um álbum de fotografias com trilha
sonora e sim ampliar a sensação do desespero de um ser destituído de
individualidade. Para tanto as imagens do cotidiano têm uma transição acelerada,
bem como a música, e somente as imagens que focam o conceito curatorial
possuem a transição mais lenta, ou seja, a busca da liberdade, a transformação, as
rupturas.
P á g i n a | 47
Uma coluna com imagens da implosão foi inserida representando a ruptura
entre os dois momentos: o da supressão do indivíduo para o de estímulo ao
desenvolvimento humano.
Figura 10: Caixa de alimentos (caixa de fuga) e vídeo
O seguinte texto acompanhará a exposição das caixas:
Quando se vive encarcerado o sonho de muitos é viver em liberdade,
por isso várias rotas de fugas foram registradas ao longo da
existência da Penitenciária do Carandiru. Uma das mais curiosas foi
a das caixas de transporte de alimentos.
Usando um objeto do cotidiano, como as caixas em que era entregue
a alimentação diária, alguns detentos tentaram fugir em seu interior
enquanto essas eram retiradas de dentro do presídio, porém era
impossível imaginar que o sol, um grande símbolo de liberdade, os
impediria de realizar seu objetivo, pois foi através de suas sombras
que estes foram descobertos tornando a fuga totalmente frustrada.
P á g i n a | 48
Módulo 5 / 6: Transformação e inter-relação do passado e presente do Espaço Temas: Similaridades entre as atividades da escola e presídio, busca por transformação. Objetos: Estante vazada. Quadros. Bolas, luvas de boxe, halteres, troféus, livros e fotografias. Materiais: Tinta para parede (bordô); suporte para os quadros; plotagem do texto sobre o espaço; estante vazada em MDF (18 vãos com vidros removíveis na face para a exposição e brises na face voltada para o pátio e outros 16 vãos totalmente abertos).
O esporte, a leitura, a socialização, presentes nos dois ambientes, serão
representados por objetos dispostos em uma estante vazada.
A estante será construída com algumas das “janelas” no mesmo formato dos
brise-soleils da fachada da ETEC-PJ, e os outros vãos, totalmente abertos,
permitirão a conexão entre o passado – exposição e o presente – movimento diário
no pátio da ETEC-PJ.
Foram selecionados objetos e fotos que ilustram a prática de diversos esportes
e exercícios físicos no presídio, tais como lutas, futebol e academia. Também foram
eleitas imagens que demonstram a intenção de se formar um sistema educativo
dentro da prisão e incentivar a prática da leitura no Complexo Penitenciário.
Este escopo é de suma importância já que o Centro Paula Souza, instituição
responsável por parte do antigo espaço Complexo e a Biblioteca de São Paulo, são
totalmente voltados para educação e o aprendizado.
O seguinte texto acompanhará este módulo:
Por mais que o ambiente seja árido, apertado e hostil algumas
plantas ainda assim conseguem florescer. Práticas como leitura,
aprendizado, socialização e esportes aconteciam na Penitenciária do
Carandiru. É possível observar quadros, tais quais janelas para outra
realidade, produzidos por detentos, além de objetos de um cotidiano
que se aproxima ao que se desenvolve hoje neste mesmo ambiente:
a educação. Ambos os espaços dialogam, através de resquícios
tanto de cárcere como de evolução e transformação.
P á g i n a | 49
Figura 11: Quadros e objetos pertencentes ao Espaço Memória Carandiru
Figura 12: Estante vazada com face voltada para o espaço expositivo
Figura 13: Saída da exposição com estante voltada para o pátio da ETEC-PJ
P á g i n a | 50
Módulo 7: Lousa “A liberdade deste mundo é apenas uma cela mais espaçosa” Tema: A transformação por meio da educação: interação com o visitante Objeto: Interatividade e assimilação do tema exposto; material de apoio do educativo Materiais: Tinta lousa ou placa branca, canetas hidrográfica ou giz antialérgico; material gráfico, armário/suporte em madeira.
O que será a liberdade para cada um? E cárcere? Neste espaço será
disponibilizada uma parede para que o visitante possa se manifestar sobre os temas
abordados na exposição seja a partir de ações do educativo ou livremente, a partir
da frase disparadora que a integra “A liberdade deste mundo é apenas uma cela
mais espaçosa”. Nosso objetivo é que este seja um espaço aberto ao debate e
exteriorização do pensamento.
Figura 14: A Grande Lousa com a frase disparadora
P á g i n a | 51
6 PLANO DE COMUNICAÇÃO
A comunicação é uma ferramenta de integração, instrução e troca mútua,
compreendemos a importância do desenvolvimento do seguinte plano de
comunicação para servir de guia, visando alcançar propostas.
Nele apontaremos público alvo, mensagem, seus canais de transmissão e os
demais processos que envolvem a comunicação deste projeto.
A exposição aponta similaridades entre as instituições presídio e escola, o
perfil disciplinador, bem como a necessidade de se praticar a educação como ação
cultural libertadora. Dentro dessa temática, visamos atingir o público de forma
instigante e reflexiva levando-o a conhecer mais da história e memória do espaço
que hoje abriga o prédio da ETEC-PJ.
6.1 Público
Partindo da localização da exposição - pátio da ETEC-PJ - entendemos que
nosso público principal se encontra num raio que abrange os frequentadores das
ETEC-PJ e seu entorno. Para atingir com eficácia esses diferentes grupos de
pessoas, o público da exposição foi dividido entre interno e externo.
6.1.1 Interno
Este conjunto abriga os indivíduos que frequentam e/ou estão ligados à
estrutura organizacional da ETEC-PJ:
Alunos o ETIM (Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio); o Cursos Técnicos; o EaD (Ensino à Distância).
Funcionários o Professores; o Coordenadores; o Diretores; o Terceirizados (Seguranças e Limpeza); o Acessa SP; o Lanchonete;
P á g i n a | 52
o Estação do Conhecimento; o Copiadora.
Usuários das dependências internas.
6.1.2 Externo
No público externo consideramos os outros grupos que se relacionam com a
ETEC-PJ e não fazem parte de sua operação, além de abranger também
interessados em geral:
Frequentadores e funcionários do Parque da Juventude e da Biblioteca de
São Paulo;
Convidados especiais para a exposição (ex: Autoridades municipais,
estaduais e federais, fotógrafos, jornalistas);
Convidados dos alunos e funcionários da ETEC-PJ;
Público espontâneo.
6.2 Pesquisa de Público
Desenvolvemos um questionário com treze perguntas a fim de
entender/conhecer o nosso público alvo e seus interesses. As alternativas focam em
dados básicos (grupo amostral, sexo, idade, escolaridade), noções sobre o
Carandiru e a ETEC-PJ, disposição para exposições e meios de informação
adotados pelos participantes.
A pesquisa foi realizada em dois dias diferentes, um sábado (25/10) e uma
segunda-feira (27/10), essas datas foram escolhidas com o objetivo de recolher
respostas de grupos distintos.
No sábado, o questionário foi aplicado visando o público externo, portanto
abordamos pessoas nos arredores da ETEC-PJ, enquanto que na segunda focamos
no público interno e foram selecionados apenas frequentadores do prédio. Optamos
por distribuir as folhas de pesquisa aleatoriamente e permitir que cada participante
as preenchesse, com tempo individual. Desta forma, tabulamos 20 questionários
preenchidos, dez para cada dia.
P á g i n a | 53
Sem levar em consideração os diferentes dias de aplicação as folhas de
pesquisa foram agrupadas. Os dados obtidos resultaram em treze gráficos que
podem ser observados abaixo:
Gráfico 1: Pesquisa de público – Grupo Amostral
Gráfico 2: Pesquisa de público – Sexo
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Gráfico 3: Pesquisa de público – Faixa Etária
Gráfico 4: Pesquisa de público – Escolaridade
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Gráfico 5: Pesquisa de público – Conhece o Espaço Memória Carandiru?
Gráfico 6: Pesquisa de público – Conhece a história da Penitenciária Carandiru?
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Gráfico 7: Pesquisa de público – Conhece a ETEC Parque da Juventude?
Gráfico 8: Pesquisa de público – Com que frequência visita exposições?
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Gráfico 9: Pesquisa de público – Preferência de visitação
Gráfico 10: Pesquisa de público – Disponibilidade para visitar exposições
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Gráfico 11: Pesquisa de público – O que acha do título "Implosão não apaga memórias”?
Gráfico 12: Pesquisa de público – Se interessaria por uma exposição com a temática "Penitenciária
Carandiru"?
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Gráfico 13: Pesquisa de público – Principais meios de informação
No questionário, também disponibilizamos um espaço para a sugestão de
títulos para a exposição e nele obtivemos as seguintes considerações:
País das calças bege;
Exposição memória Carandiru;
Carandiru;
Carandiru, um pedaço da história.
Nossa pesquisa apontou um público composto principalmente por
freqüentadores do parque/moradores da região (35%); homens (60%); pessoas com
mais de 25 anos (60%) e ensino médio (55%). Essas pessoas afirmam conhecer a
história da Penitenciária Carandiru (95%) e a ETEC-PJ (90%), a maioria também
afirma conhecer internamente o Espaço Memória Carandiru (45%).
Apesar de pouco frequentar exposições (90%), grande parte dos
entrevistados declarou interesse numa exposição com a temática “Penitenciária
Carandiru” (55%). Verificamos ainda, a aceitação do título “Implosão não apaga
memórias”, pois 65% dos entrevistados consideraram um “bom” título para uma
exposição com a temática. Quanto a disponibilidade, a preferência de visitação se
dá na parte da tarde (50%), e com predileção pelo final de semana (65%).
P á g i n a | 60
Por último, buscamos entender quais meios de divulgação são adotados por
nosso público e obtivemos os seguintes resultados: Internet (48%), Televisão (24%),
Impresso (21%) e outros (7%).
Reconhecemos a necessidade de uma amostragem maior, porém a pesquisa
objetivava uma pequena base para que pudéssemos começar a delinear nosso
público e pensar em ações estruturantes de divulgação. Mesmo assim, podemos
concluir que lidamos com público jovem, conectado ao meio digital e com interesse
na temática proposta.
6.3 Identidade Visual
A identidade visual é de suma importância para sua reputação de uma
empresa, pois se trata, muitas vezes, da primeira impressão que o observador faz
dessa determinada empresa, além disso, ela é a representação visual que o público
enxerga, se identifica ou não com determinados aspectos e características nela
representados, que por sua vez devem refletir a própria empresa. Essas
características e aspectos físicos são determinados pela psicologia das formas,
conhecida por Gestalt, que ajuda a compreender como essas formas e cores são
percebidas pelo observador.
A criação dessa identidade visual no desenvolvimento da exposição
aconteceu embasada nas justificativas teóricas do texto curatorial, de forma a tentar
reforçar todo o ideal nele representado.
6.3.1 Desenvolvimento da logomarca
O desenvolvimento da logomarca foi embasado na tentativa de representação
de indivíduos, em sua primeira etapa houve um apelo figurativo nos estudos
realizados dessa representação, mas os resultados obtidos não foram satisfatórios:
P á g i n a | 61
Figura 15: Etapa 1 de desenvolvimento da logomarca
Houve então uma tentativa de representá-los através de tipografia, traçando
um paralelo com a escrita e escola:
P á g i n a | 62
Figura 16: Etapa 2 de desenvolvimento da logomarca
Observou-se nessas tentativas uma proximidade com o que se pretendia
passar e a partir da definição do título da exposição, pôde nos aproximar cada vez
mais com o objetivo gráfico pretendido:
P á g i n a | 63
Figura 17: Etapa 3 do desenvolvimento da logomarca
A mescla de alguns estudos foi desenvolvida como tentativa de aperfeiçoar
cada vez mais os resultados e chegar a um denominador comum:
Figura 18: Etapa 4 do desenvolvimento da logomarca
Os resultados visuais obtidos até então, foram um pouco mais interessantes,
porém não estavam ainda amadurecidos e foi a partir do entendimento das palavras,
contidas no título: IMPLOSÃO, NÃO, APAGA e MEMÓRIAS como “indivíduos” que
as justificativas visuais foram se consolidando e amadurecendo aos poucos como
observamos a seguir:
Figura 19: Etapa 5 do desenvolvimento da logomarca
P á g i n a | 64
Aqui já adotamos de vez o “colchete” como símbolo gráfico que compõe e
acompanha as palavras para reforçar o significado do logo. Nesta etapa lidamos
com as palavras de duas formas, ora ela aparece bastante sólida, formando um
bloco único e contido por uma “barreira”, ora esses elementos (palavras) se deixam
enxergar mais individualmente com seus tamanhos diferentes, causando um
incômodo visual maior o que reforça ainda mais a presença dessa “barreira”.
Essa segunda opção foi escolhida, pois observou-se aqui uma referência
satisfatória em relação as palavras se tornando-se indivíduos distintos, mas que ao
mesmo tempo estão unidos por um propósito, seja ele de ultrapassar essa barreira
ou de simplesmente se mostrarem incomodados com a presença dela, isso faz
algum paralelo com o sentido de transformação do indivíduo e as suas necessidades
também. E foi a partir da escolha desse segundo formato que a etapa seguinte,
escolha da tipografia, se desenvolveu.
Nesta etapa já havíamos decidido a necessidade de utilizar uma tipografia
mais robusta e com cantos retos, que pudesse causar algum peso visual, sendo,
portanto utilizada em caixa alta, para garantir que seja memorizada com facilidade
pelo observador. Foram realizados os estudos a seguir:
P á g i n a | 65
Figura 20: Estudos para tipografia da logomarca
Optamos pelo uso da tipografia STENCIL, pois fizemos um paralelo de
referência a duas experiências: uma delas vivida ao longo do curso e ligada ao
acervo do Espaço Memória Carandiru, as Placas de “Stencil”, produzidas pelos
presidiários e a outra uma memória voltada para o universo escolar, com as réguas
stencil, utilizadas para desenvolver os trabalhos escolares, conforme é visto abaixo:
Figura 21: Referências para escolha da tipografia
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Temos aqui já definida a tipografia principal que será aplicada na logomarca
desenvolvida e possivelmente em mais alguma outra peça gráfica que houver
necessidade de referenciar:
Figura 22: Tipografia escolhida para Logomarca
Dessa etapa, partimos para um afinamento visual desse logo observado a
seguir:
Figura 23: Afinamento visual da logomarca
Podemos perceber a diferença que se dá nas três situações apresentadas, o
quão perto ou longe o “colchete” se encontra das palavras muda o aguçamento do
logo e causa diferente apelo visual no observados, sendo assim optamos pela
terceira opção em que as palavras encostam-se a esse “colchete” que causa mais
inquietude no observador. A seguir, na aplicação da tipografia em negativo e positivo
percebemos o impacto visual que a versão negativo causa e já decidimos adotá-la
como alternativa de baixo custo, pensando em sua reprodução.
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Figura 24: Aplicação da tipografia em positivo e negativo
6.3.2 Cores
A cor não tem existência material, ela é uma sensação provocada pela luz
sobre o órgão da visão. Adquire seu significado de acordo com a cultura, o contexto
em que está inserida e de quem a observa: COR = LUZ (Ação, estímulo) + OLHO
(Receptor).
Segundo Goethe “o espírito humano tem preferência por cores”, as cores nos
proporcionam estados de ânimos específicos. É através dos nossos olhos que
conseguimos interpretar o mundo e decodificar a realidade; pois se somos
percebidos existimos, logo existir é ser percebido.
Na produção de exposições a cor é utilizada como um meio de identificação,
pois sua visibilidade e legibilidade contribui para melhor memorização e
entendimento do texto, legenda e da exposição em si. Ela pode ressaltar a
tipografia, ser usada como fundo, pois nela esta contida uma série de informações
importantes. Para a exposição, escolhemos três matizes-base, a saber:
Preto: Ausência de cor. Esta relacionada ao elemento “silhueta/sombra”, é o
indivíduo no qual será identificado pelo público da exposição conforme seu
entendimento (aluno ou presidiário).
Branco: Soma de todas as cores. Esta relacionada ao elemento
transformação (é onde ao adentrar, na escola ou no presídio, o coletivo
predomina sobre o indivíduo).
Bordô/vermelho: Cor que tem a capacidade de penetrar mais profundamente
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a neblina e a escuridão; É usada nos edifícios e embarcações como uma luz
de alarme, (direcionamento). Esta relacionada ao elemento “liberdade”, no
qual o indivíduo esta livre para escolher o seu caminho, (direção), que pode
culminar ou não num presídio.
Figura 25: Escolha de cores para logomarca
6.3.3 Aplicação da cor na logomarca
Tendo em vista a definição das cores já referida, pensamos nas seguintes
possibilidades de aplicação:
Figura 26: Possibilidade de aplicação das cores na logomarca
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Nas duas primeiras opções podemos observar a indução da leitura do título,
que permite destaque ora par um trecho e ora para outro, o que não era nada
vantajoso e nem intencional para a exposição. Entre as duas próximas optamos por
aquela que deixa apenas o “colchete” bordô e a tipografia na cor preta, dessa forma
mantemos a cor preta nas palavras que representam os “indivíduos” e
consequentemente fazem menção as sombras e o bordô que indica o
direcionamento para onde esses indivíduos caminham.
6.3.4 Aplicação nos uniformes
A partir do desenvolvimento do logo criamos uma forma de aplicá-lo nas
camisetas que servirão de uniforme e identificação das equipes que trabalharão
ativamente na exposição:
Produção:
Figura 27: Aplicação da logomarca nos uniformes (Produção)
Nesses uniformes utilizamos as cores preta - para equipe de produção - e
bordô para a equipe do educativo. A logomarca será aplicada em negativo (branco),
assim garante custo mais baixo, pois utiliza apenas uma cor de impressão e ainda
possui boa visibilidade. Nas costas da camiseta temos aplicado o nome da equipe
que a utilizará seguindo a mesma ideia da logomarca e inclusive a mesma tipografia:
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Educativo:
Figura 28: Aplicação da logomarca nos uniformes (Educativo)
.
6.3.5 Aplicação nas legendas
Para aplicação das legendas e textos de leitura e divulgação da exposição, foi
eleita uma tipografia secundária. Percebemos a necessidade de uma tipografia com
serifa, voltada para a leitura de textos e que possuía alguma sinuosidade e
elegância, menos presente na tipografia principal, de forma a gerar um certo
equilíbrio para a identidade visual da exposição, a escolha dessa tipografia se
pautou também no conforto para a leitura. A tipografia escolhida foi a Constantia
conforme é mostrada abaixo:
Figura 29: Aplicação de tipografia nas legendas expositivas
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Desta forma, desenvolvemos a aplicação do texto curatorial da parede e os
verbetes dos objetos selecionados do acervo. Para isso, mantivemos o símbolo do
“colchete” e texto alinhado à direita, assim como na logomarca. Foi adotado fundo
bordô e texto/símbolo branco para o texto curatorial, pois esse será aplicado em
uma parede com fundo também bordô e medirá aproximadamente 110cm x 80cm
(AxL):
Figura 30: Aplicação das legendas no texto curatorial
Já as demais legendas serão destinadas aos verbetes, terão o fundo branco,
tipografia preta e símbolo bordô, assim como a logomarca e serão aplicadas em
parede também bordô medindo aproximadamente 30cm x 20cm (AxL), o fundo
branco as manterá em destaque na parede bordô. Segue exemplo:
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Figura 31: Aplicação das legendas nos verbetes
6.4 Canais de divulgação
Os meios escolhidos para divulgar determinado evento devem basear-se
principalmente nos hábitos do público-alvo e nos objetivos pretendidos, para que
seja eficiente. Nessa etapa a nossa pesquisa de público nos ajudou a definir com
mais propriedade esses canais.
6.4.1 Sinalização local e entorno
A sinalização tem papel importante para uma exposição, pois pode facilitar a
identificação do local e de seus acessos. Primeiramente deve ser pensada in loco e
no entorno. Deve seguir fluxos de segurança, acessibilidade e receptivos e ser
baseada na identificação visual, adotada no projeto gráfico.
6.4.2 Local
Foram desenvolvidas algumas peças que sinalizarão os banheiros do térreo,
entrada, saída e fluxo dentro da exposição, essas peças fazem referência direta ao
logo criado, tanto na tipografia quanto nas cores:
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Figura 32: Sinalização local com tipografia escolhida
6.4.3 Entorno
Para o entorno foi desenvolvido um cartaz, que será espalhado pelas
dependências do Parque da Juventude, Biblioteca de SP, ETEC de Artes,
corredores da ETEC-PJ e restaurante, assim como em algumas estações de metrô.
Este cartaz será impresso em tamanho A3 (42cm x 29,7cm) e papel couchê fosco.
Para o cartaz elegemos uma imagem como símbolo, esta imagem foi retirada
de um banco de imagens da internet e trata-se de uma fotografia de pessoas
caminhando com suas sombras projetadas de forma dramatizada, criando uma
perspectiva interessante e foi aproveitando o “vazio” da imagem para projetar às
informações pertinentes a exposição, de forma a gerar equilíbrio visual a peça
gráfica.
A escolha dessa imagem foi necessária, uma vez que não nos interessava
eleger uma das peças do acervo como símbolo visual para a exposição, pois não
desejávamos que essa peça fosse vista como a “principal”. Sendo assim voltamos a
questão do indivíduo sendo representado por sombras/silhuetas de pessoas que não
são identificadas como presidiário ou aluno, assim como discutiremos no Módulo 2
do projeto museográfico.
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As demais peças desenvolvidas constituem o Módulo 1 do projeto
museográfico, que será melhor detalhado no campo referente, e se apresentam aqui
em forma de peça gráfica, sendo composto por um banner principal maior que
veicula a mesma imagem do cartaz, além dos outros 6 banners menores que
estarão espalhado pela fachada da ETEC-PJ, conforme citado também no projeto
museográfico (item 5.1 do Capítulo 5) . Segue a baixo:
Banner maior, medindo aproximadamente 4m x 1,5m (AXL) e produzido em
lona:
Figura 34: Banner maior para fachada da ETEC-PJ
Banner menor, medindo aproximadamente 0,80m x 1,10m (AxL) e produzido
também em lona, terá fundo bordô, tipografia branca (Constantia), para
garantir boa legibilidade:
Figura 35: Exemplo de banner's menores para fachada da ETEC-PJ
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6.4.4 Digitais
A internet trouxe uma grande mudança na forma de comunicação entre as
pessoas e as organizações. Elas vieram através das oportunidades oferecidas pela
tecnologia. Uma das mais importantes foi à agilidade na comunicação e a
comunicação em rede, pois além de receptores, passamos também a ser emissores
da mensagem. Sendo assim, entendemos a importância do uso da comunicação
digital em nossas estratégias de divulgação.
6.4.5 Releases
Estruturados com a finalidade de uso pela imprensa ou qualquer outra ação
que necessite de dados sobre a exposição, os textos de apresentação serão
compostos pelas seguintes informações:
Resumo básico da exposição e serviço;
Apresentação detalhada da exposição;
Serviço completo;
Serviço das ações educativas;
Fotografias em alta qualidade.
Disparado para um mailing de jornalistas e formadores de opinião, serão
responsáveis também por atrair público espontâneo através de publicações gratuitas
em sites, blogs e redes sociais.
6.4.6 Facebook
Fundado em 2004, o Facebook é uma rede social gratuita e através da
criação de um perfil, o usuário pode trocar mensagens privadas e públicas entre
amigos, criar listas, seguir páginas e compartilhar seus interesses.
Utilizaremos esta ferramenta, pois além de gratuita é eficaz na comunicação
com diversos públicos. Criaremos uma fanpage para a exposição onde o público
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poderá curtir novidades e se inteirar sobre atividades, horário de funcionamento,
endereço, telefone para contato, etc.
Figura 36: Página no Facebook para a exposição
6.4.7 Atualizações
O Facebook oferece a opção de agendar publicações, dessa forma, os posts
que irão compor a página da exposição poderão ser pensados previamente e em
grupo, dessa forma o conteúdo poderá ser melhor desenvolvido e controlado.
Restará então a função de gerenciar a página para que dúvidas possam ser
sanadas com rapidez, reclamações e sugestões possam ser lidas e apuradas,
possibilitando a fluidez de comunicação e interação almejada.
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Figura 37: Exemplo de atualizações no Facebook
6.4.8 Anúncio em páginas do Facebook
Ainda dentro da ferramenta, optamos por anunciar em duas páginas de
grande influência: Catraca Livre e Veja São Paulo.
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As páginas foram escolhidas pelo perfil de postagem que abrange fortemente
dicas culturais e de lazer, também pelo número de seguidores de cada uma, pois
juntas somam quase seis milhões de “curtidas”.
O anúncio nestas plataformas tem como objetivo o público espontâneo. Serão
posts informativos, com serviço e fotografia, para despertar interesse e atrair o
público em geral para a exposição.
Figura 38: Exemplo de anúncio como estratégia digital de divulgação
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6.4.9 Instagram
O Instagram é uma rede social gratuita que possibilita o compartilhamento de
fotos e vídeos com a opção de edição através de filtros digitais. Na atualidade é um
grande êxito, pois consegue atingir grande público em questões de minutos com
apenas uma foto/vídeo.
A proposta é criar uma conta no Instagram e divulgar fotos estratégicas, que
não revelem toda a exposição. Outra ferramenta que utilizaremos dentro desta
plataforma é a criação de uma hashtag (representada pelo símbolo # do teclado)
para ajudar a envolver o público-alvo e aumentar o reconhecimento da exposição, a
intenção é o visitante coloque-a em sua legenda toda vez que postar uma foto ou
vídeo relacionado à mostra, gerando inclusive mídia espontânea.
Figura 39: Página no Instagram para a exposição
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6.4.10 Atualizações
O profissional de mídias sociais também será responsável por alimentar a
conta do Instagram. Serão posts diários, entre fotos/vídeos instantâneos e regram
de publicações dos usuários que utilizaram a hashtag criada para a exposição.
6.5 Análise SWOT
6.5.1 Ambiente Interno
Pontos Fortes:
Infra-estrutura: lanchonete, restaurante, banheiros, assentos para descanso,
duas entradas no prédio, estacionamento no local, área coberta,
acessibilidade e segurança interna. Assim como a proximidade com o Parque
e a Biblioteca de São Paulo;
Acervo: vinculado ao cotidiano da penitenciária;
Local: prédio possui uma ligação direta com a história do espaço, contexto
histórico e físico;
Evento gratuito.
Pontos Fracos:
O tema pode trazer uma associação direta com o massacre do Carandiru;
O período curto da exposição.
6.5.2 Ambiente Externo
Oportunidades:
Fácil acesso com transporte público e particular (metrô, ônibus e carro);
Credibilidade do Centro Paula Souza;
Acesso e vínculo público frequentador da ETEC’s, Biblioteca, Parque e
entorno;
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Fluxo de pessoas que utilizam o serviço do Acessa SP, o Parque da
Juventude e a Biblioteca de São Paulo, bem como os das Escolas Técnicas
em pleno ano letivo.
Ameaças:
Falta de segurança no entorno e grande incidência de pequenos assaltos em
diferentes horários de circulação;
Clima (chuva torrencial);
Autorização para funcionamento da exposição, no final de semana e horários
alternativos;
Construir o espaço expositivo no pátio da escola durante ano letivo, alteraria a
logística da equipe de produção;
O esquema de segurança da escola x segurança do espaço expositivo e
controle do espaço.
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7 AÇÕES EDUCATIVAS
Os museus têm como um dos principais alicerces a comunicação, que
abrange ao processo educacional, com o intuito de facilitar ao acesso à cultura,
sociabilizando o indivíduo, para favorecer a prática da cidadania, desenvolvendo
indivíduos críticos e criativos, humanizando assim o ser humano que adentra no
espaço museológico, difundindo os conceitos que as exposições pretendem
demonstrar.
A proposta principal é desenvolver uma experiência compartilhada com o
visitante, atuando por meio de estímulos capazes de estabelecer diálogos, tendo
como ponto de partida sua percepção, interpretação e compreensão das obras
enfocadas, para a construção de significados possíveis.
Com o conceito curatorial e o projeto museográfico já pré-definidos, o
Educativo buscou desenvolver roteiros e atividades que pudessem ampliar a
discussão dentro do espaço expositivo, a fim de obter possibilidades de
interpretações durante o cenário.
Tendo o processo de mediação entre o sujeito e o bem cultural, pretende-se
gerar o respeito e valorização pelo patrimônio cultural, sendo esses os elementos
fundamentais de comunicação que, juntamente com a preservação e a investigação,
formam o pilar de sustentação de todo museus.
7.1 Conceito do educativo
A exposição evidencia o processo de transformação que o espaço do
Carandiru sofreu ao longo dos anos, conjunto com as mudanças existentes no ser
humano que estavam e continuam a estar nesse espaço.
Enfoca esse processo de transformação, visto que essa transformação é um
movimento contínuo que atinge todos os seres humanos. Do modo que o indivíduo,
segundo a definição do filósofo alemão Martin Heidegger, é consequência das
circunstâncias históricas e sociais, que proporcionam sensações prazerosas e
desagradáveis, mas que marcam esse ser.
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Dentre essas sensações desagradáveis está a angústia, que para Heidegger
esse elemento demonstra para o ser humano que na sua existência existe um vazio,
que não direciona o ser para nenhum lugar, colocando-o no exato nada.
A angústia salienta para esse indivíduo que a sua existência não é algo pré-
estabelecida, não sendo algo definido por esse ser, nem definido pelas condições
sociais e históricas. Para fugir dessa angústia, o ser humano planeja algo, que o
afaste desse sofrimento. Dessa forma a essência do ser humano é um projeto, um
vir-a-ser, que será preenchido pelo desejo do indivíduo. Evidenciando um sentido
para essa vida humana, que modifica-se conforme a angústia ou o desejo desse ser,
que impulsiona as ações durante a sua vida, almejando com isso mudanças.
O ser humano está sempre procurando aquilo que ainda não é, ou seja, um
projeto contínuo, que sempre almeja algo, mas que não necessariamente será
alcançado, mas será almejado. Nas palavras de Heidegger:
O projeto do mundo, porém, é da mesma maneira como não capta propriamente o projetado, também sempre trans-(proj)-eto do mundo projetado sobre o ente. Este prévio trans-(proj)-eto é o que apenas possibilita que o ente com o tal se revele (HEIDEGGER, 1999, pp.136-137).
Diante disso, o homem quer algo, mesmo não sabendo o que seja, mas
pretende modificar a sua situação, evitando a continuidade de seus atos e de suas
experiências. Pretende transformar a sua situação atual, num processo natural, do
modo que cada dia tem sensações e experiências diferentes, que evidenciamos ao
longo de nossos dias.
Com isso, o conceito de transformação transparece direta e indiretamente na
exposição, salientando a mudança do espaço, a mudança do desejo do indivíduo
que está temporalmente preso ao ambiente.
Tendo esse conceito como cerne dessas ações educativas, notamos que as
sombras do início da exposição, no corredor de entrada, simbolizam a destituição do
ser, que perde a sua singularidade que o caracteriza como um ser humano,
transfigurando-o como mais um ser, sem singularidades evidentes.
No caso do detento que adentra no complexo penitenciário, ele se torna um
integrante de um grande contingente, sem forma, que vai ser projetada, um
contingente de pessoas que podem vir-a-serem algo, ainda sem definição clara. A
única definição para esse ser, é que ele não deve pertencer à sociedade, mas sim
permanecer afastado dela.
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O vir-a-ser na concepção do filósofo está no detento, que é de não pertencer
mais a esse espaço de opressão; seja recolocando novas regras dentro do espaço,
seja transfigurando o espaço físico repressor num espaço confortável, através de
elementos semelhantes ao de uma sociedade, como a criação de academias de
esporte, ou ainda quando o desejo de liberdade está inerente a esse ser. Com isso,
a transformação está atrelada a esse ser.
No caso do estudante numa escola, que segue o padrão educacional
tradicional, desenvolvido no século XIX, que direciona o ensino através da ordem e
da uniformização, também faz parte de uma sociedade que condiciona esse ser a
seguir regras que comandam um grupo social, com os preceitos já existentes. Sendo
direcionado através do uso da punição como forma de controle e de ordenação dos
indivíduos em grupo.
Diante disso, o aluno também almejará uma transformação, pois ele não é um
ser pré-definido em sua essência, não é um ser construído socialmente antes de sua
formação intelectual. Inicialmente, esse tipo de processo educacional pretende
igualizar os seres, através da uniformização dos indivíduos e de um sistema de
regras bem definido, com o objetivo de orientar e guiar as ações do indivíduo no
coletivo.
Entretanto, esse indivíduo vai sofrer uma angústia diante da repressão, que
evidenciará um vazio na sua existência, causando-o uma necessidade de
transformar, de mudar. Nesse instante o aluno pretende romper as regras que o
oprime, apontando novos caminhos de liberdade, seja no ato de se recusar a
compactuar com essas regras ou então o de inovar com outras regras.
Entretanto, essa concepção educacional não é a única. Existe outra espécie
de educação, mais libertária, que respeita o ser como indivíduo no processo
cognitivo, não caracterizando todos como o mesmo ritmo de aprendizagem. Essa
concepção pretende salientar as particularidades do ser humano, destacando cada
um no grupo; e não transfigurando todos como elementos sem expressões e
sentimentos, a qual todos devem aprender no mesmo tempo e espaço. Um dos
maiores expoentes dessa educação libertária é o educador Paulo Freire.
Segundo o educador, o processo educacional é também um elemento de
transformação, que exercita o desenvolvimento do pensamento crítico, sendo assim,
a escola deixa de ser uma instituição que busca dominar os seres, e passa a ser um
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espaço de transformação. Do modo que a figura do educador é também parte desse
processo transformador:
Por isso, é fundamental que, na prática da formação docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo não é presente dos deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados intelectuais escrevem desde o centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o professor formador (FREIRE, 1996, p.22).
O vir-a-ser heideggeriano está contido na exposição. Quando analisamos a
mudança do espaço Carandiru, que foi destinado inicialmente a ser um complexo
penitenciário, para reeducar alguns seres da sociedade, mas depois se transformou
num espaço de repressão; virou, depois, um espaço de conhecimento, através da
construção de uma escola técnica e uma biblioteca pública. Ao analisarmos a
relação do ser humano nesses espaços sociais, o presidio e a escola, notamos
também essa transformação, pois o ser humano almeja mudança do modo que seus
desejos sejam realizados.
Busca-se também abrir possibilidades de interpretações no espaço expositivo,
valorizando as experiências sensoriais durante a exposição, orientadas através do
conceito de transformação. Essa abertura será desenvolvida através da relação
existente entre os elementos contidos na exposição, ou seja, entre o presídio e a
escola. Esse querer algo evidencia como o indivíduo não é algo programático,
definido e estático, e sim algo vivo, constante, que almeja sempre alguma coisa
nova.
7.2 Texto educativo na exposição
No final da exposição haverá um espaço reservado para um texto educativo
com propósito de desenvolver uma reflexão sobre a temática apresentada. Segue
abaixo o texto:
No passado existia uma penitenciaria, símbolo de um Estado repressor.
Local à margem da sociedade. Onde a liberdade sempre foi buscada. No
presente, há uma escola, símbolo de transformação. Aqui a liberdade existe,
porém a repressão e o controle ainda persistem.
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7.3 Roteiro de Visita
Tema: Transformação
Tempo Estimado: 1h e 30m (com atividade)
Espaços Visitados:
• Brise-soleil (quebra sol instalado na fachada)
• Corredor de entrada e Divinéia
• Celas
• Liberdade e rupturas
• Transformação e inter-relação passado e presente do espaço
• Lousa "A liberdade deste mundo é apenas uma cela mais espaçosa".
7.4 Material de Apoio
Como material de apoio será usado Card’s onde serão apresentadas imagens
de alguns objetos expostos assim como fotos aéreas do Complexo Penitenciário do
Carandiru antes e depois da implosão.
Os Card´s são parte do material educativo, pois representam, através das
fotografias e perguntas, as transformações que o espaço sofreu ao longo dos anos,
possibilitando uma reflexão do visitante. Reflexão está que desenvolverá outras
interpretações dentro da exposição e fora dela.
Serão distribuídos para os visitantes, logo na entrada da exposição, onde eles
poderão levar para casa e refletir não somente durante a exposição mais também
durante a vida, e ainda, mostrar para parentes e amigos, fazendo com que eles
reflitam, pensem e busquem a transformação. Serão três frases de impacto:
Transformação, algo bom ou ruim?
Educação. Meio de transformação?
Realidade. É possível transformá-la?
As frases serviram como impulso para que o diálogo interno aconteça.
Diálogo este que tem como objetivo alcançar vários âmbitos dentro do tema
transformação, ou seja, é fazer com que o visitante reaja de forma positiva às
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transformações que ocorrem diariamente, e que reflita sobre as transformações que
já foram tomadas ao longo de sua vida, e veja que tais escolhas o levaram a ser que
ele é hoje, e pense se o que ele é hoje o agrada. As imagens serão utilizadas para
remeter ao assunto discutido na exposição, mas sem limitar o visitante a pensar
apenas o âmbito “carcerário”:
Figura 40: Card's produzidos como material de apoio para o Educativo
7.5 Acolhimento
Acontecerá na parte externa da ETEC-PJ, tendo como base o primeiro
contato dos visitantes com as palavras do Brise-soleil: Carandiru, escola, liberdade,
opressão, transformação e disciplina. O objetivo é identificar os estímulos causados,
como a memória visual e a curiosidade. E já aproveitando para introduzir na
conversa o tema que será abordado durante a visita, perguntas como: Vocês
notaram alguma mudança? Antes e depois da inauguração da exposição? O banner
exposto do lado de fora do prédio da instituição é uma mudança evidente.
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7.6 Descrição do roteiro de visita
Após o acolhimento junto aos visitantes no corredor onde começa o espaço
expositivo, serão guiados para a Divinéia onde serão discutidos assuntos como a
passagem e a transformação, pois a passagem representa o detento que sai da
sociedade para ser reeducado, e o aluno que entra na escola para ser educado para
ter seus primeiros contatos com a sociedade padronizada. Discussão essa que se
dará com as perguntas: O que uma porta pode representar? A passagem
representada pela porta é transformadora? Tendo já a base, será tratado sobre a
destituição do ser.
A partir do momento em que entra no presídio o detento deixa de ser um
indivíduo para a sociedade, tornando-se parte de um grupo sem identidade
individual a ser reeducada, representada por números, o mesmo se aplica aos
alunos que mesmo não tendo tanta autonomia por serem seres sem formação
acadêmica e ética, passam a ser moldados de todas as mesmas maneiras, deixando
algumas características da personalidade latentes e até vindo a perder a mesma.
O grupo será encaminhado para o espaço das celas. Na primeira cela vão
estar expostas silhuetas e uma carteira escolar. Será questionado que tipo de
educação está sendo representada no espaço? A educação é transformadora? E a
(re) socialização faz diferença? Serão abordadas as similaridades entre a escola
opressora e o presídio, apontando a transformação que seu caráter reformatório e
disciplinador desenvolvem. Reformatório, pois uma educa (escola) e a outra reeduca
(presídio), e a disciplina se dá na determinação de tempo, na relação com os
superiores e na similaridade entre a organização das celas nas prisões e as fileiras
nas salas de aula.
Na segunda cela, estarão expostas as camisetas para representar os
uniformes - presente em ambas às realidades para padronizar o indivíduo - e
também a superlotação das celas no presídio (algo que acontece também no
ambiente escolar).
Vemos a transformação do indivíduo em grupo através da padronização das
vestimentas, ou seja, o uso de uniformes que podemos perceber como característica
das escolas e dos presídios, e da numeração que substitui o nome do detento e do
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aluno. Neste ponto a transformação é evidente, transformação essa que abrange
vários aspectos não só indivíduo, mais também a transformação dos espaços.
No espaço liberdade e rupturas, estará exposta a caixa de plásticos que foi
adaptada por um detento numa tentativa de fuga. A transformação se inicia quando
o indivíduo passa pelo portão de entrada e existe ainda uma mudança ainda maior
imposta pela sociedade, porém no presídio esta mudança é imposta e nem sempre
aceita, e a fuga se torna consequência.
Na escola podemos ver a fuga quando o aluno deixa de ir para a aula e passa
a não entrar na escola, o dito "cabular" ou matar aula. Dentro deste contexto, será
questionadas as formas de fuga, com uma pergunta: Meios de fuga, qual você tem?
Da forma que a concepção de fuga pode não ser apenas física, e sim conceitual e
sentimental.
No mesmo espaço haverá uma coluna com imagens da implosão, que
representará a ruptura entre os dois momentos: o da supressão do indivíduo para o
de estímulo ao desenvolvimento humano. Será trabalhado o impacto da
transformação do espaço, de presídio a escola e a transformação física e funcional
do prédio, enfocando o deixa de ser para vi-lo-a-ser, e se essa funcionalidade
mudou realmente. Perguntaremos, ainda existe características no antigo pavilhão 4
na atual ETEC-PJ?
Será abordado no espaço transformação e inter-relação passado e presente
do espaço. Estarão expostos quadros, bolas, luvas de boxe, halteres, troféus e
fotografias, abordaremos as relações e transformações que o ser humano causa ao
espaço onde habita.
Além da transformação que o ser humano passa ao entrar no presídio, ele
também causa uma transformação nesse espaço, pois entra em um ambiente que
tem a função específica de penitenciária e o ambienta. Os objetos e fotografias nos
permitirão ver a escolha de ambientação do espaço. Os detentos trazem os esportes
que gostam para dentro do presídio, formam times e fazem campeonatos.
Além dos esportes se vê a intenção de formar um sistema educativo dentro
da prisão e incentivar a prática a leitura dentro da penitenciária. Os esportes e os
livros não pertencem ao presídio, pertencem aos detentos. Dentro das escolas
vemos a intervenção do espaço com os trabalhos escolares colados na parede, ou
até mesmo nas pichações que os alunos fazem nas carteiras e paredes da
instituição.
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O ultimo espaço que será visitado é a Lousa, onde a transformação por meio
da educação será salientada que existe outra concepção de educação, a educação
libertária, que respeita o indivíduo como ser, sem querer massificar e quantificar os
alunos como meros números de um sistema educacional.
Um dos maiores expoentes dessa nova visão foi o pedagogo Paulo Freire,
que apresentou que a educação deve ser mais humana e menos bancária; ou seja,
deve valorizar as discussões e diminuir a repetição. Segundo Paulo Freire, a
educação para transformação é uma educação que exercita o desenvolvimento do
pensamento critico. A frase da Lousa “A liberdade desse mundo é apenas uma cela
mais espaçosa”, será trabalhada como exemplo do desenvolvimento de um
pensamento crítico, crítica esta que pode ser representadas por expressões
afirmativas ou discordando da frase. Além disso, os visitantes poderão se manifestar
na lousa a partir dos temas identificados por eles na exposição.
7.7 Atividades que serão desenvolvidas pelo Educativo
7.7.1 Atividade 1
Em grupos de seis pessoas, será formada uma roda. Cada um deve pegar um
objeto que o identifique dentre os objetos que disponibilizaremos (Anel; Caneta;
Carrinho de brinquedo; Caderno; Espelho; Passaporte; Boneca; Óculos; Pedra;
Celular; Guarda-chuva; Fone de Ouvido; Pen drive; Escova de dente; clips de papel;
bilhete único; garrafa; corda; pífaro). Em seguida devem explicar porque o objeto
escolhido os identifica. Então cada um deverá dizer se seu objeto poderia entrar em
um presidio ou em uma escola.
Feitas as análises os visitantes vão identificar a função original de seu objeto,
e tentar identificar qual função seu objeto adotaria dentro das instituições escola e
presídio, mostrando a transformação da função desse objeto.
Exemplo:
Objeto – Caderno Função primaria – Objeto onde se escreve Função em uma escola – Armazenar informações; ferramenta de aprendizagem; Função em um presídio – Armazenar informações; ferramenta de aprendizagem; meio de comunicação interna e externa por cartas; contem papel para fazer dobraduras.
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7.7.2 Atividade 2
Em um tablet programado, alguns jogos serão disponibilizados para uma
melhor interação dos visitantes. Haverá um jogo de caça-palavras, onde o visitante
deverá reconhecer palavras apresentadas ao longo da exposição. Outro jogo será
de memória, utilizando fotografias dos espaços e dos objetos da exposição.
7.7.3 Mostra de Cinema
O Grupo do Educativo da exposição realizará uma mostra de cinema com
filmes e documentários sobre o Complexo Penitenciário do Carandiru que
acontecerá no quinto dia de exposição e terá duração de dois dias.
No primeiro dia estará em Cartaz o filme “Carandiru” de Hector Babenco, o
documentário “Entre a Luz e a Sombra” de Bianca Vasconcellos e o documentário
“Sobreviventes – A história depois do Carandiru” produzido por alunos de 4ºano de
Jornalismo da PUC-Campinas.
No segundo dia estará em Cartaz novamente o filme “Carandiru” de Hector
Babenco, o documentário “Carandiru – 20 anos depois da morte de 111 presos, as
versões da tragédia” e “Prisioneiro da grade de ferro (autorretratos)” dirigido por
Paulo Sacramento. Segue abaixo a sinopse:
CARANDIRU Longa metragem brasileiro de 2003, dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco. Baseado no livro Estação Carandiru, do médico Dráuzio Varella, onde ele narra suas experiências com a dura realidade dos presídios brasileiros em um trabalho de prevenção à AIDS realizado na Casa de Detenção. O filme aborda o cotidiano da extinta "Casa de Detenção", mais conhecida por Carandiru (por se localizar no bairro de mesmo nome na cidade de São Paulo), antes e durante o massacre ocorrido na casa de detenção. Duração: 2h26min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QZOKwn6GIN0 Acesso em: 20/10/2014
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ENTRE A LUZ E A SOMBRA
Entre a Luz e a Sombra é um documentário brasileiro lançado em 2009 que investiga a violência e a natureza humana a partir da história de uma atriz que dedica sua vida para humanizar o sistema carcerário, da dupla de rap 509-E formada por Dexter e Afro-X dentro do Carandiru e de um juiz que acredita em um meio de (re) socialização mais digno para os encarcerados. Duração: 2h30min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mbUfwr5KGu0 Acesso em: 20/10/2014
SOBREVIVENTES – A HISTÓRIA DEPOIS DO CARANDIRU
Documentário brasileiro lançado em 2013 e produzido por alunos do 4ºano de Jornalismo da PUC-Campinas. Duração: 28min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zHr2vsjOKWg Acesso em: 20/10/2014
CARANDIRU – 20 ANOS DEPOIS DA MORTE DE 111 PRESOS, AS VERSÕES DA TRAGÉDIA
Programa produzido pela TV Brasil, chamado “Caminhos da reportagem” lançado em 2012. Várias histórias entrelaçadas como, por exemplo, de um sobrevivente conseguiu escapar da linha de tiros, o depoimento de quem acompanhou tudo de dentro, de fora ou na porta do presídio. Ex-funcionários, o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho e jornalistas mostram os vários olhares sobre a tarde de 2 de outubro de 1992. Quem deu a ordem para a Tropa de Choque invadir? Por que a Rota também entrou no Carandiru? O que
aconteceu com os policiais militares acusados pela execução dos presos? E mais: o perito que provou que os tiros eram dados de fora para dentro das celas, a madrinha dos detentos Rita Cadilac, e como vivem os vizinhos do antigo Carandiru hoje o Parque da Juventude. O programa mostra porque só um réu foi condenado - e absolvido - até agora. Duração: 52min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tpeNHtCbgRo Acesso em: 20/10/2014
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PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO (AUTORRETRATOS)
Prisioneiro da Grade de Ferro (Autorretratos) é um filme documentário brasileiro de 2003, dirigido por Paulo Sacramento. Retrata a ineficácia do sistema carcerário brasileiro, sobretudo sua falha no processo de (re) socialização. As lentes de Paulo Sacramento conseguem captar a desobediência a vários princípios constitucionais, principalmente em relação à dignidade do apenado. Apesar de mostrar assassinos, estupradores, ladrões, entre outros, o filme expõe a maneira - muitas vezes inusitada e criativa - que os presos encontram para (sobre) viver no cárcere, numa tentativa de diminuir o tempo que sempre insiste em correr mais vagarosamente quando se está cerrado dentro das gaiolas de ferro. Por outro lado, o documentário revela as condições sub-humanas a que os apenados estão submetidas no cárcere, confirmando o descaso Estatal que impera no Sistema Penal brasileiro. Duração: 2h3min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=x2wvIjjS8U4 Acesso em: 20/10/2014
7.7.4 Palestra
Com base na frase do filósofo Martin Heideggeer “A transformação está
dentro de você”, o Grupo do Educativo promoverá a palestra motivacional e oficina
“Transformação e Liberdade”.
A palestra motivacional terá o tempo estimado de 30 minutos onde será
abordada a transformação interna, ou seja, frisando que cada um pode ser o que
quiser ser, independente das ideias que lhe foram impostas, classe social, cor ou
idade. O objetivo da palestra é motivar o visitante a mudar e quem sabe tirar o receio
dessa transformação, pois a consequência da transformação é o novo, que por sua
vez amedronta.
7.7.5 Oficina de Pipas
A oficina “Transformação e Liberdade” irá trabalhar com a confecção de
pipas, onde os visitantes terão uma breve história do objeto trabalhado e saberão
como essa mesma oficina funcionava dentro dos presídios e escolas, pois a mesma
era usada para (re) socializar o detento, que deixa de pensar incisivamente no
cárcere passando a aprender um oficio e, consequentemente a se libertar.
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Dentro das escolas a mesma oficina é usada em recriações com crianças e
adolescentes, que tem como objetivo banir a ideia de escola disciplinadora, e aplicar
a escola para a liberdade. Em ambas as instituições a oficina tem como objetivo
transformar com o intuito de libertar.
Primeiramente o visitante irá assistir à palestra que acontecerá no auditório da
Escola Técnica Parque da Juventude e após isso irão para o pátio externo onde
poderão confeccionar as próprias pipas e soltá-las no Parque da Juventude. A
oficina de pipas terá esse viés para mostrar a liberdade existente, quando a pipa
estiver em voo.
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8 PRODUÇÃO
Visando seguir o Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São
Paulo – ProAc5, o projeto de exposição traz neste capítulo o orçamento e o
cronograma de produção, com o objetivo de aprovação nesse Programa.
5 Surgido em 2006, é um Programa da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, que financia a renovação ou
intercâmbio, divulgação e a produção artística e cultural do Estado, através de concursos e incentivos fiscais com o objetivo de ampliar e diversificar a produção artística e cultural, além da criação de novos espaços culturais, preservação do patrimônio material e imaterial fortalecimento das fórmulas de bens culturais do Estado de São Paulo.
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9 FICHA TÉCNICA
Coordenação Geral: Cecília de Lourdes Fernandes Machado Orientadores: Ana Maria Minice Mirio Julian Medeiros Seifert Priscila Leonel Tayna Rios Pesquisa e Fundamentação Teórica: Fernanda Correia Silva Curadoria: Fabiana Aparecida da Silva
Maíra Figueiredo Guimarães Plano de Comunicação: Fernanda Correia Silva
Karina de Barros Marcio Cavalcanti de Andrade Natalia Sarkisian Tavares Sandra Diniz Montilha Talita Rubbo Vieira
Projeto Museográfico: Fabiana Aparecida da Silva Produção: Fabiana Aparecida da Silva
Karina de Barros Leonardo Souza da Silva Maíra de Figueiredo Guimarães Marcio Cavalcanti de Andrade Marcelo Parra
Projeto Educativo: Bruna Michelle Nogueira
Graziela Gançalves Márcio Cavalcanti de Andrade Marcelo Parra
Audiovisual: Fabiana Aparecida da Silva Colaboração: Karina de Barros
Natalia Sarkisian Tavares
Revisão de Textos: Fernanda Correia Silva
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11 REFERÊNCIAS
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