instituto h&h fauser para o desenvolvimento sustentável … · 1 instituto h&h fauser para...
Post on 10-Feb-2019
216 Views
Preview:
TRANSCRIPT
1
INSTITUTO H&H FAUSER
Para o Desenvolvimento Sustentável e a Cultura
Programa de Jovens - Meio Ambiente e Integração Social
Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo
End.: Rua Nabor Nogueira Santos, nº 258, sala 10, Centro - Paraibuna-SP
CEP: 12.260.000 TEL: (12) 39740296
HISTÓRIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA
REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA, EM PARAIBUNA-SP.
Bruno Silva Santos de Oliveira
William Oliveira Moreira
Milena Antunes de Camargo Mendes (Instituto H&H Fauser/Orientadora)
Larissa Neli da Cruz Pereira Faria (Instituto H&H Fauser/Co-orientadora)
Paraibuna, 2014.
Período de Desenvolvimento do Projeto:
de 10/06/2013 a 26/10/2013
Número FEBRACE: 800
2
BRUNO SILVA SANTOS DE OLIVEIRA
WILLIAM OLIVEIRA MOREIRA
HITÓRIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA
REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA, EM PARAIBUNA-SP.
Monografia apresentada à Feira Brasileira de Ciências e Engenharia – 12ª FEBRACE.
Milena Antunes de Camargo Mendes (Instituto H&H Fauser/Orientadora)
Larissa Neli da Cruz Pereira Faria (Instituto H&H Fauser/Co-orientadora)
Paraibuna-SP 2014
3
HITÓRIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA REPRESA
DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA, EM PARAIBUNA-SP.
_____________________________________________
Bruno Silva Santos de Oliveira
_____________________________________________
William Oliveira Moreira
_____________________________________________
Milena Antunes de Camargo Mendes (Orientadora)
____________________________________________
Larissa Neli da Cruz Pereira da Cruz Faria (Co-orientadora)
Paraibuna-SP 2014
4
DEDICATÓRIA
Dedicamos nosso projeto à todas as pessoas que tiveram suas vidas
transformadas pelas águas da represa, e mantêm ainda hoje a saudade em seus
olhares.
5
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus.
Aos nossos queridos PAIS pelo apoio e confiança durante todo o tempo.
Às Sras. Creuza de Fátima Castilho e Silva, Rosária Claro Oliveira, Maria Rita de
Almeida, Irene Fernandes Neves e aos Sres. José Benedito Nogueira, Sebastião Santos
Bárbara, Joaquim Fideli Serra, Sebastião Monteiro de Andrade, Sérgio Cascarde, Valter
Ebram, Lourenço Rabelo dos Santos e José Tadeu Menecucci por nos terem contado
histórias impressionantes de vida, fundamentais para o projeto.
Às Orientadoras Milena Antunes e Larissa Neli, por terem nos transformado de uma
forma impressionante, que nos aturaram esse tempo, por terem tido muita paciência, e terem
nos ajudado em tudo, não terem deixado faltar nada.
À Ariane, auxiliar administrativa do Instituto H&H Fauser, que nos ajudou muito em
pesquisas e materiais.
Aos coordenadores de oficina: Bruno Barreto, Diana D’arc, Elaine Nogueira e Levindo
Neto, por terem cedido suas aulas para trabalharmos em nosso projeto.
Ao Sr. José Vicente, que nos ajudou bastante fornecendo materiais e depoimentos.
À Rogério Faria e sua esposa Letícia Sales pelo apoio e ajuda.
Aos jovens: Alice Prado, Bruna Rodrigues, Lucas Jeremias, Júlia Helena e Ana
Caroline (empréstimo de equipamento), por terem ajudado a complementar nosso projeto.
Ao projeto Azimute da OUTWARD BOUND BRASIL que, em parceria com o PJ-MAIS
Paraibuna, onde estudamos, teve a iniciativa de entrevistar alguns moradores dando-nos
inspiração.
À Deise Soares Martins e Paulo Rodolfo César, da Usina Hidrelétrica de Paraibuna, e
à Beatriz Ferreira por terem cedido materiais importantes para nosso projeto.
Ao Sr. Osvaldo Vicente Mendes e à Sra. Eunice Antunes de Camargo por terem
cedido suas casas, para que estudássemos vários dias, e por ajudarem em nossa
alimentação.
À Luíz Alberto (Phil) pela ajuda na confecção dos banners.
Ao Sr. Paulo Serra, Creusa Castilho, Valter Ebram, Luisinho, Inst. Santa Cruz do
Paiolinho e César Gentile pelas fotos e vídeos.
À NOVA IMPRESSÃO, por terem tentado consertar nosso computador.
À PETROBRAS por patrocinar o Instituto H&H Fauser.
6
RESUMO
A construção da barragem dos rios Paraibuna-Paraitinga, situada em
Paraibuna-SP, alagou terras produtivas, casas, igrejas e até cidades inteiras,
ocasionando perdas de bens materiais e imateriais para algumas pessoas, como as
festas, convívio com amigos e apego ao lugar que moravam. De lá só sobraram as
memórias que hoje sentem prazer em contá-las. O Objetivo foi identificar impactos,
pessoas atingidas e alternativas de subsistência após a construção da represa de
Paraibuna, Natividade da Serra e Redenção da Serra-SP e criar um documentário
para maior acessibilidade e divulgação sobre esse acontecimento. As pessoas
afetadas e entrevistadas até o momento, eram do bairro Varginha e Fazenda Mato
da Onça Campo em Paraibuna; bairro dos Remédios, Limoeiro, Bom Sucesso e Vila
Velha de Natividade da Serra; Paiol Grande e Antiga Redenção da Serra e viviam
exclusivamente da agricultura e pecuária leiteira, e que aparentemente viviam em
harmonia com a paisagem. É necessário encontrar mais desses atores importantes
que vivenciaram o enchimento da barragem. Os impactos foram perdas de criações,
terras agrícolas, bens imateriais e, o principal, é que essas histórias tem sido
esquecidas com o tempo, mesmo sendo muito importantes para os municípios e
pessoas, como as Sras. Creuza, Rosária, Irene, Maria Rita e os Sres. José Benedito,
Sebastião Bárbara, Joaquim, Sérgio, Lourenço, José Tadeu, Valter e Sebastião
Monteiro, pois foi uma época muito difícil para eles. Estes e outros atingidos
merecem ser relembrados, porque foi em detrimento de seu bem estar que foi
construída a represa, hoje símbolo para todos os Paraibunenses. Após a construção,
as formas de subsistência dessas pessoas foram trabalhar com taxi; costura; vender
peixes; trabalhar em casas de família; construtor; taxista; trabalhos esporádicos;
exército; cuidar de fazendas; desemprego por causa da idade avançada; fábrica e
firmas. Até o momento foram feitas 4 apresentações orais para valorização da
história e impactos sociais causados pela represa, dessas, 2 foram abertas ao
público. Serão elaboradas propostas de valorização dessas memórias para os
setores de cultura e educação dos municípios atingidos, levando as histórias e
memórias registradas, para que as novas gerações possam conhecer suas raízes.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Abrangência da bacia do Paraíba do Sul........................................... 15
Figura 2 - Represa dos rios Paraibuna e Paraitinga..........................................
Figura 3 - Paraibuna, Redenção e Natividade...................................................
16
16
Figura 4 - Encontro das águas no bairro hoje denominado Chororão em
Paraibuna...........................................................................................................
21
Figura 5 - Bairro da Varginha em Paraibuna antes do represamento................
Figura 6 – Fazenda Mato da Onça, Bairro Campo Redondo em Paraibuna-SP-
foto histórica cachoeira não identificada............................................................
24
25
Figura 7 - Bairro dos Remédios e Capela de Nossa Senhora dos Remédios em
Natividade da Serra............................................................................................
Figura 8 - Igreja em Natividade da Serra que foi demolida e submersa............
26
27
Figura 9 - Construção Barragem Paraibuna........................................................ 30
Figura 10 - Construção Barragem situada no bairro Rio Claro......................... 30
Figura 11 - Construção Barragem Paraibuna..................................................... 31
Figura 12 - Tulipa nos dias atuais....................................................................... 31
Figura 13 - Desmatamento Paraitinga................................................................ 32
Figura 14 - Desmatamento Paraitinga................................................................ 33
Figura 15 - Túnel de desvio................................................................................ 33
Figura 16 - Túnel de desvio, imagem do interior da obra................................... 34
Figura 17 - Vista do interior do túnel de desvio................................................... 34
8
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................... 08
06
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... 07
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 09
2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 12
2.1. Objetivo geral ........................................................................................................ 12
2.2. Objetivo específico ................................................................................................ 12
3. MATERIAIS E METODOS ....................................................................................... 13
3.1. Área de estudo...................................................................................................... 13
3.2. Coleta de dados..................................................................................................... 17
3.3.Identificação dos participantes................................................................................ 18
3.4. Documentário......................................................................................................... 18
3.4.1. Capacitação da equipe........................................................................................ 19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 20
4.1. Ocupação de terra, agropecuária e trabalho no Vale do Paraíba.......................... 20
4.2. As entrevistas ........................................................................................................ 23
4.3. As paisagens de antes - saudades........................................................................ 24
4.4. Rotina e relações sociais - a vida antes da represa ............................................. 27
4.5. A construção da represa - um ponto de vista........................................................ 28
4.6. O processo de negociação.................................................................................... 35
4.7. Formas de trabalho e subsistência antes e depois............................................... 36
4.8. Os impactos.......................................................................................................... 39
4.9. Relembrando a parte que faltava- a importância de disponibilizar materiais, fotos
e histórias da represa para a comunidade...................................................................
39
5. CONCLUSÃO.......................................................................................................... 42
6. REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 44
ANEXO A - Mapa de 1922 que mostra os recursos hídricos existentes até o
enchimento da represa e a área que ficou submersa (PARAHYBUNA, 1922)............ 49
ANEXO B - Imagens da construção da represa dos rios Paraibuna e
Paraitinga, em Paraibuna-SP....................................................................................... 50
ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido -TCLE............................... 79
ANEXO D - Termo de Consentimento para uso de acervo pessoal (fotos e vídeos)
..................................................................................................................................... 81
9
1. INTRODUÇÃO
A construção da barragem da represa dos rios Paraibuna-Paraitinga, que em
parte está situada em Paraibuna-SP, alagou terras produtivas, casas, igrejas e até
cidades inteiras, ocasionando perdas para os moradores da área alagada de bens
materiais e imateriais como as festas, convívio com amigos e apego ao lugar que
moravam. De lá só sobraram as memórias que hoje sentem prazer em contá-las.
A preservação da memória é um tema em destaque nos últimos anos, a
preocupação com a conservação de registro de memória, diferentes contextos e
suportes, justifica a reflexão sobre o perigo de esquecer ou perder tais registros que
relatam fatos históricos marcantes de uma determinada sociedade. O conceito de
memória enquanto fenômeno social é um processo histórico e tradicional que
observa e analisa as características culturais de um determinado povo (LIMA E
SANTIAGO, 2011).
Toda história possui particularidades, e demonstram a visão dos indivíduos
que a constroem, a memória é como cada um visualiza a história pela qual passou,
buscando as histórias e as memórias de um povo, é possível refletir sobre quem
realmente são.
A maioria dos seres humanos pertence a um grupo, como um modo de
reconhecimento da sua existência, que os leva uma buscar constante passados
comuns, entretanto as formas de recuperar o passado são distintas entre as
diferentes esferas da sociedade, e importante lembrar que história e memória
partilham uma mesma feição de ser: são ambas narrativas, formas de dizer o
mundo, de olhar o real, atribuem significados a realidade, são representações, ou
seja, são discursos que são colocados em coisas acontecidas (PRRETO, 2011).
Segundo Matos (2011), a maior parte dos seres humanos se preocupa com a
história num âmbito mais restrito, pessoal. Por exemplo, quase todas as pessoas têm
curiosidade em conhecer a sua árvore genealógica, em obter informações sobre a
sua família, os seus antepassados. Hoje em dia existem firmas especializadas em
fazer esse tipo de pesquisa para os interessados. Com frequência, os meios de
10
comunicação mostram pais procurando filhos e especialmente filhos procurando
pais, buscando preencher lacunas importantes em suas vidas, em sua
personalidade.
Uns dos fenômenos mais trágicos da sociedade pós-modernas é a ausência
ou perda da memória, seja ela individual ou coletiva, hoje o homem é um infeliz
desmemoriado, carente, necessitado e angustiado ele recusou a memoria pois há
cerca de quarenta anos a pedagogia construtiva baniu a “decoreba” dos bancos
escolares (COSTA, 2003).
Paraibuna é um município muito antigo, tricentenário, e por isso possui muitas
histórias que hoje são contadas, parte dessas histórias estão registradas através de
documentos. A construção da barragem da represa de Paraibuna modificou não só o
encontro natural de dois rios, mas também o curso da história de toda uma
população. Muitos dos que moravam na área alagada não levaram nada, mas
mesmo os que receberam indenizações, os que conseguiram retirar seus pertences
e aqueles que conseguiram vender seus animais, tiveram que se “reconstruir” em
outros lugares.
O deslocamento da população residente nas áreas necessárias à implantação
não é em seu próprio benefício mas uma pré-condição para a realização da
hidrelétrica, o deslocamento faz com que não se dê atenção devida aos problemas
da população atingida (ZITZKE, [s.d.]).
Muitos dos moradores da área alagada pela represa já faleceram, os que
ainda vivem contam sobre como foram afetados com a construção da barragem,
falam sobre seu espaço, suas famílias e o modo como levavam a vida.
As populações são atingidas diretamente, através de alagamentos em suas
propriedades, casas, áreas produtivas e até cidades. Existem também os impactos
indiretos como perdas de laços comunitários, destruição de igrejas, separação de
comunidades e famílias, capelas e inundação de locais sagrados para comunidades
indígenas e tradicionais (VIEIRA E VAINER, [s.d.]).
Partindo da ideia sobre a importância da memória e do fortalecimento da
identidade da população e autovalorização o presente projeto buscou através de
entrevistas registrar para divulgar uma história quem está se perdendo quando se
11
trata da visão do povo, ficando somente em dados numéricos e análises estatísticas
da época.
Há falta de conhecimento da população em relação a construção da represa e
os impactos causados, poucos conhecem a história do alagamento de terras de
Paraibuna, Natividade da Serra e Redenção da Serra. Considerando esta
problemática, foram formuladas as seguintes perguntas de pesquisa: quais foram as
pessoas que sofreram com esses impactos? Quais foram os impactos causados pela
construção da represa? Quais foram as alternativas de subsistência das pessoas
após os impactos? Questões estas que serão abordadas no decorrer deste trabalho.
12
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Identificar os impactos, as pessoas atingidas e quais foram as suas
alternativas de subsistência após a construção da represa de Paraibuna, Natividade
da Serra e Redenção da Serra e criar um documentário para maior acessibilidade e
divulgação sobre esse acontecimento.
2.2 Objetivos específicos
● Identificar quem são as pessoas que sofreram impactos com a construção da
represa.
● Entrevistar pessoas afetadas pela construção da represa.
● Criar um documentário sobre os impactos da construção da represa.
● Apresentar o documentário para a comunidade.
13
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Área de estudo
A área de estudo é o município de Paraibuna, Natividade da Serra e
Redenção da Serra-SP, que foi testemunha de uma transformação que atingiu tanto
a paisagem como seus habitantes, quando foram iniciadas as obras da represa dos
rios Paraibuna e Paraitinga (mais conhecida como “represa do Paraibuna” ou
“represa de Paraibuna”).
Segundo o SEADE, a população do município de Paraibuna em 2013 é de
17.638 habitantes; em 2011 a participação dos empregos formais da agricultura,
pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura no total de empregos formais foi
12% e o rendimento médio nesses empregos foi de R$754,66. Em 2010, a
participação no PIB do Estado foi de 0,02% e o grau de urbanização era de 30,15%.
Um dos fatores que historicamente influenciou a urbanização do município, foi a
construção da barragem.
A represa de Paraibuna está situada em uma região de grande riqueza
ambiental. Sua área de influência atinge pelo menos duas Reservas de Biosfera. As
Reservas de Biosfera, de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente (1999), são
compostas por 360 regiões de importância para o globo, formando uma grande rede
internacional. Estas unidades de conservação objetivam uma correta utilização de
seus ambientes naturais e modificados e a busca do desenvolvimento sustentável.
As duas Reservas que abrangem o município são: Cinturão Verde da Cidade de São
Paulo e Mata Atlântica. A Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São
Paulo (RBCV) foi declarada em 1984, é formada por 73 municípios onde vivem mais
de 10% da população brasileira e abriga importantes remanescestes da Mata
Atlântica (como os Parques Estaduais da Cantareira, Alberto Lofgren, Jaraguá,
Jurupará e Serra do Mar). A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) abrange
um conjunto de ecossistemas terrestres nas áreas remanescestes da Mata Atlântica.
A área da Reserva na Mata Atlântica foi reconhecida entre os anos de 1991 a 2002,
sendo a primeira unidade no Brasil inserida nos projetos da Rede Mundial de
14
Reservas da Biosfera, atuante em vários países da América Latina como: Argentina,
Bolívia, Chile, Costa Rica e Cuba. Esta reserva é considerada a maior em área
florestal do planeta, com cerca 35 milhões de hectares, abrangendo de 15 a 17
Estados brasileiros (RBMA, 2013).
Contida na RBCV e na RBMA está a unidade de preservação de proteção
integral Parque Estadual da Serra do Mar que é uma região de importância
estratégica para o Estado de São Paulo, tanto pelo desenvolvimento sustentável, por
abrigar as porções remanescestes da Mata Atlântica, quanto pelo desenvolvimento
econômico favorecido pelas ferrovias, rodovias, duto vias e instalações industriais e
portuárias (PROJETO SERRA DO MAR, 2013). Conforme o Sistema Ambiental
Paulista (2013), o Parque Estadual Serra do Mar - Núcleo Caraguatatuba, guarda
aproximadamente 50 mil hectares dos últimos 7% da Mata Atlântica, incluindo lindas
paisagens como os mananciais da represa de Paraibuna.
O alagamento do município de Paraibuna foi causado pelo represamento dos
dois rios (Paraibuna e Paraitinga). O Paraitinga nasce a 1800 metros de altitude na
Serra da Bocaina no município de Areias e o rio Paraibuna nasce em Cunha. A
junção dos dois rios, que acontecia com um encontro das águas entre os vales, no
bairro hoje denominado Chororão em Paraibuna, agora acontece dentro do lago da
represa e, a partir desse encontro, o rio passa a se chamar Paraíba do Sul. A bacia
do rio Paraíba do Sul estende-se pelo território de três Estados (Figura 1) - São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro - e é considerada, em superfície, uma das três
maiores bacias hidrográficas secundárias do Brasil, abrangendo uma área
aproximada de 57.000km² (INEA, 2013).
15
Figura 1 - Abrangência da bacia do Paraíba do Sul (CHB-PS, 2012, CD-ROM).
A Usina Hidrelétrica de Paraibuna teve o início de sua construção em 1964, e
término em 1978, a área do reservatório é de 224 km² (Figura 2), a responsável pela
represa é a CESP (Companhia Energética de São Paulo) e o motivo da sua
construção foi: regular a vazão do rio Paraíba do Sul e geração de energia
(considerado baixo). O tempo de vida útil da usina é estimado em 100 anos, com
potência de cerca de 85MW (LIMA & BATISTA, 2010). Segundo a CESP (1992), o
enchimento do reservatório inundou terras dos municípios de Natividade da Serra,
Paraibuna e Redenção da Serra (Figura 3). Cada município, na mesma ordem,
perdeu cerca de 14% (120km²), 9% (70km²) e 6% (20km²) de suas áreas totais, no
período de 1970/80 que abrangeu o término das obras e o enchimento do
reservatório, os municípios de Natividade da Serra e Redenção da Serra perderam
(31,36% e 23,06%) respectivamente de sua população sendo que na área rural, os
índices foram ainda superiores 41,84% e 29,53% na mesma ordem, a redução da
16
população rural alcançou índices negativos para o pessoal ocupado nas atividades
agropecuárias, demostrando significativas mudanças na estrutura de produção. A
represa tem um perímetro de 770km.
Figura 2 - Represa dos rios Paraibuna e Paraitinga (Google Mapas, 2013).
Figura 3 - Paraibuna, Redenção e Natividade. Fonte: Wikipédia, 2013.
17
3.2 Coleta de dados
Para coleta de dados primários foram entrevistadas as pessoas que
habitavam as áreas hoje alagadas pela represa dos rios Paraibuna e Paraitinga que
abrange as cidades de Paraibuna, Redenção da Serra e Natividade da Serra,
pertencentes ao Estado de São Paulo. Os dados secundários foram baseados,
principalmente, no Plano Diretor do Reservatório de Paraibuna (CESP, 1992) e fotos
cedidas por entrevistados.
O TCLE (Termo Consentimento Livre e Esclarecido) foi elaborado pela equipe
do projeto com a ajuda da orientadora, nele estava contido o objetivo do projeto,
além de esclarecer sobre riscos, benefícios e conter contatos da equipe.
A técnica utilizada para entrevista foi: apresentação dos objetivos do projeto e
origem da equipe participante, elaboração de pergunta de corte (pergunta principal,
que estimula as pessoas a contarem suas histórias), um roteiro buscando
informações importantes para ilustrar os impactos e um ângulo de filmagem que
permite que apenas o entrevistado apareça na imagem. Foi utilizada uma filmadora
SONY HDR-PJ30V. As visitas foram realizadas na própria residência do entrevistado,
e os vídeos foram editados através do software Pinacle Studio HD.
Para identificação dos participantes na gravação foram feitas duas perguntas:
“Qual é o seu nome?” e “Qual a sua idade?”. A pergunta de corte utilizada foi “Quais
foram as mudanças que a represa trouxe para sua vida?”.
Depois de iniciada a entrevista, foram direcionadas as perguntas para
identificar quais foram as formas de subsistência dos participantes: “Em que você
trabalhava antes da construção da represa?”, “Após a construção da represa quais
foram suas formas de trabalho?”.
As perguntas: “Como era a paisagem?”, “Onde viviam na época em que a
água tomou posse das terras?”, “Depois de abandonar suas terras, onde você foi
morar?”, “Como era sua infância?”, “Como eram as festas naquela época e o que
serviam nelas?”, foram feitas para os participantes lembrarem como eram as
relações com a natureza, relações sociais e para recordarem suas histórias.
18
A pergunta: “Você acha que agora a represa é importante para nosso
município?”, “Como foi a negociação dos terrenos?”, “Você recebeu indenização?”,
foram feitas para verificar a percepção sobre o grande empreendimento - a represa.
Os questionamentos sobre “Se hoje você fosse até a área alagada pela
represa, conseguiria identificar o local?”, “Lá tinha capela?”, “Qual era o nome dessa
capela?” foram aplicados para auxiliar outros projetos como o de um grupo de
mergulhadores que tentam achar uma igreja submersa na represa de Paraibuna
(GENTILE, 2013).
3.3 Identificação dos participantes
As pessoas foram identificadas através de informações coletadas junto a
conhecidos, parentes, amigos e colaboradores da equipe do projeto. O município de
Paraibuna-SP, com suas características interioranas, ainda permite contato próximo
com muitas pessoas que acompanharam a história dos atingidos pela construção da
represa, propiciando assim a construção de uma lista com nomes de possíveis
participantes. Os entrevistados escolhidos formaram um grupo heterogêneo:
moradores, técnicos da construção da represa, homens e mulheres que vivenciaram
a construção.
3.4 Documentário
O documentário será apresentado no primeiro semestre de 2014.
Em Paraibuna: as apresentações acontecerão nas comunidades do Bairro do
Macaco (onde foi iniciada a ideia do projeto), Telles (onde reside um dos autores) e
Centro, em formato de “cinema” (poderão ser organizadas outras apresentações, em
bairros diferentes após estas serem realizadas, dependendo dos recursos
financeiros da equipe). O referido material será doado para as escolas públicas do
19
município, para Diretoria de Educação de Paraibuna e Fundação Cultural “Benedicto
Siqueira e Silva”.
Em Natividade da Serra e Redenção da Serra-SP: será proposta uma parceria
com os responsáveis pela cultura e educação para mobilização da população e
exibição do documentário aos munícipes. O referido material será doado para as
escolas públicas dos municípios, para os setores de educação e cultura.
3.4.1 Capacitação da equipe
A equipe do projeto participou do curso gratuito “História Oral e a Prática do
Ouvir”, realizado em Salesópolis em 15 de agosto de 2013, realizado pelo Museu da
Energia de Salesópolis, ministrado pela historiadora Suzana Lopes Ribeiro. O
conteúdo tratou da importância de se fazer perguntas menos específicas, ter
curiosidade e atenção sobre o que o entrevistado fala; salientou métodos para
estimular a fala do entrevistado; mostrou como deve ser a abordagem respeitosa do
entrevistador e que este deve procurar não fazer perguntas objetivas (com respostas
“sim” ou “não”); e expôs sobre ângulos de filmagem.
20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Ocupação de terra, agropecuária e trabalho no Vale do Paraíba
Antes de serem descritos os depoimentos, cabe esclarecer um pouco sobre o
contexto histórico do Vale do Paraíba (formado pelos rios represados: Paraibuna e
Paraitinga) e como se desenvolveu a região onde moravam os participantes desta
pesquisa.
Segundo Salgado, Campos e Goldzveig (1997), o Vale do Paraíba começou a
partir do Séc. XVIII, e durante o ciclo de mineração para circulação e produção de
ouro ele foi muito importante. Nessa época, entre o Médio Vale e o litoral surgem no
Alto Vale as cidades de Paraibuna, Cunha e São Luís do Paraitinga, que foram o
apoio das diversas tropas de burro que transportavam o ouro para os portos.
Provindo do Rio de Janeiro a expansão cafeeira atingiu o Vale do Paraíba que foi a
mais importante área produtora do país no Séc. XIX. Quando a cultura do café
migrou para o oeste do Estado de São Paulo houve uma decadência no Vale que
fixou sua produção na pecuária leiteira e na pequena produção de alimentos, em
especial queijos e doces caseiros. Existem na região belos exemplares históricos da
época da mineração e do café, como sedes de fazendas e mercado municipal.
Paraibuna se formou de um pouso de tropeiro, no começo do Séc. XVII,
alguns homens desceram o Rio Paraitinga e pararam no encontro com o Rio
Paraibuna, eles entraram 2 km mata a dentro e fizeram uma cabana e uma capela
em homenagem ao Santo do dia, dando o nome a Vila de Santo Antônio da Barra do
Paraibuna (RURAL, 2012).
Paraibuna na língua Tupi significa “rio de águas escuras” e Paraitinga tem
nome de origem indígena e em tupi-guarani significa “rio de águas claras”, este
desaguava no primeiro, formando logo o rio Paraíba do Sul (Figura 4).
21
Figura 4 - Encontro das águas de antigamente, no bairro hoje denominado Chororão em Paraibuna-
SP. À esquerda da foto está o Rio Paraitinga em seu leito original, descendo ao encontro do Rio
Paraibuna (à direita). Ao centro da foto o Rio Paraíba do Sul, formado pelo encontro dos dois rios. [s.
d.] (PARAIBUNA, 2009).
De acordo com (RURAL, 2010), o rio Paraíba do Sul foi testemunha e
participante das principais eras econômicas do país e, nos tempos bons, tempos
tropeiros, carregavam e transportavam em suas mulas: algodão, fumo, açúcar,
aguardente e até ouro, além de trabalhar com plantações de arroz.
No começo de 1960, teve início a construção da barragem Paraibuna -
Paraitinga, com isso a produção de leite caiu e as plantações das roças foram
diminuindo, devido a ocupação das terras pelas águas e a saída de produtores da
zona rural para trabalhar na construção da barragem (segundo a Tabela 1), por um
lado, havia cerca de 5.000 pessoas indo trabalhar na barragem no período de 1965 a
1975, e por outro, inúmeros moradores (até hoje não contabilizados) foram obrigados
a abandonar suas terras e irem para outro lugar (ANEXO A). Após o término da
construção a situação piorou, a finalização das obras mudou radicalmente o estilo de
vida dos Paraibunenes, porque muitos perderam o emprego e não tinham o que
fazer. Alguns voltaram para a roça propiciando novamente o aumento da produção.
22
Em 1980 teve início a plantação do feijão, que foi a preferida dos produtores, e com
isso o município foi a maior produtora desta cultura no Vale do Paraíba, logo depois
a população rural procurou outros cultivos, como o tomate. A pecuária leiteira foi
diminuindo cada vez mais (como mostra a Tabela 2), embora existissem criadores de
gado de corte. Houve expectativas da população sobre o turismo, para que, após a
construção da represa, este fosse desenvolvido. É fato que, até hoje, Paraibuna-SP
necessita planejamento estratégico para cumprir essas expectativas de forma
sustentável (PARAIBUNA..., 2000).
Tabela 1 – Evolução da população nos municípios afetados. Fonte: CESP/Plano Diretor do Reservatório de Paraibuna, 1992.
23
Tabela 2 – Evolução do rebanho bovino e do número de produtores. Fonte: CESP/ Plano Diretor do Reservatório de Paraibuna, 1992.
4.2 As entrevistas
Foram realizadas 12 entrevistas até o momento e todas foram muito
produtivas. A produção de um documentário envolveu dificuldades, como achar um
lugar silencioso, e às vezes, no meio da entrevista vieram pessoas falar com o
entrevistado, o que poderia atrapalhar, mas foi gratificante poder presenciar as
emoções do entrevistado quando este contava suas histórias. É possível ver em
seus olhos a saudade que sentia do lugar onde morava, foi possível reparar que,
após a construção da barragem, sua vida foi muito sofrida. Através das entrevistas
foram coletados dados importantes e foi possível aprender com as histórias, que
foram novidade para a equipe, pois, até o momento, não se tinha ouvido alguém falar
como havia sido a vida daquelas pessoas, o sofrimento delas. Foi interessante esse
momento para esta geração, integrar-se com a geração mais velha, com aqueles
que já viveram muito e tem tanto para contar, mas tem poucas oportunidades para
isso.
24
4.3 As paisagens de antes - saudades
O bairro da Varginha (Figura 5), localizado em Paraibuna-SP, foi descrito
como um bairro grande, que ficava na beira da estrada mas havia outras
propriedades mais dispersas. Lá existia uma capela de São João e o lugar era
caracterizado por várzeas, pastos de gado, pouca mata e plantações. As culturas
iam desde plantações de uva, pomares de laranja, arroz, feijão, milho, cana,
mandioca, até abacaxi, encontravam frutas do mato também, como maracujá roxo,
gabiroba, guapa e goiaba.
Figura 5 - Bairro da Varginha em Paraibuna, antes do represamento. [s. d.]
A Fazenda mato da Onça, no bairro Campo Redondo, em Paraibuna-SP, foi
descrita com belas cachoeiras (Figura 6), criações e terras muito produtivas.
25
Figura 6 - Fazenda Mato da Onça, bairro Campo Redondo em Paraibuna-SP - Foto histórica de
cachoeira não identificada. [s. d.].
Já o bairro dos Remédios, localizado em Natividade da Serra - SP foi descrito
como uma vilinha, com uma capela muito bonita de Nossa Senhora dos Remédios
(Figura 7). No bairro havia plantações de cebola, arroz, milho, mandioca e batata, no
lugar viam muitos tatus quando iam colher mandioca e batata pois também se
alimentavam das raízes. Lembram com saudades também do rio, do “Lourenço
Velho” que era onde pescavam e nadavam e tinham uma estima grande por ele.
26
Figura 7 - Bairro dos Remédios e Capela de Nossa Senhora dos Remédios em Natividade da Serra-
SP. [s.d.]
O bairro Bom Sucesso em Natividade da Serra foi descrito como um bairro
caracterizado por várzeas, plantações de milho feijão e fumo, e terras muito
produtivas.
A antiga cidade de Natividade da Serra, agora chamada por alguns de Vila
Velha Natividade da Serra, tinha um mercado municipal muito grande, uma linda
igreja de Nossa Senhora da Natividade que foi demolida antes de encher a represa
(Figura 8) e também tinha o Rio do Peixe onde pescavam, criações de galinha e
porco, além de avistarem diversas aves.
27
Figura 8 - Igreja em Natividade da Serra que foi demolida e submersa. [s. d.].
4.4 Rotina e relações sociais - a vida antes do enchimento da represa
Eles viveram lá suas infâncias, e já trabalhavam desde pequenos como
podemos ver nos relatos:
“Ah, era gostoso, porque quando a gente morava lá na Varginha mesmo, meu
pai, minha mãe e meus irmãos, toda a vida a gente trabalhou assim de lavoura e
gado né, meus pais tinham os gados e a gente tirava leite, então é isso ai minha
vida, e foi isso ai, só trabalhava mesmo, trabalhava na roça” (Depoimento Rosaria
Claro).
28
No bairro da Varginha aconteciam festas e os moradores gostavam de
participar, como o Sr. Sebastião diz:
“As festas lá juntava bastante gente, tinha fogueira tinha bingo, era 3 dias de
festa e quando terminava cada um ia pra sua casa, e o outro ano fazia isso
novamente, tinha gente que ia no começo e ia embora só no final” (Depoimento
Sebastião Santos Bárbara).
No bairro dos Remédios também tinha festas, como diz a Sra. Creuza:
“A festa era boa demais, muito boa, era festa, eu lembro que era mês de
agosto e mês de outubro… Quando não tinha o afogado era churrasco, à noite tinha
café com biscoito, tinha muita coisa boa… eu gostava, o povo gostava porque ia
muita gente de fora lá, até os meus tios iam para cantar” (Depoimento de Creuza de
Fátima Castilho e Silva).
Na antiga Redenção tinha brincadeiras, como diz a Maria Rita:
“As brincadeiras que eram na praça da igreja ao redor da praça do coreto, era
amarelinha, pula cela, pega pega” (Depoimento de Maria Rita de Almeida).
Da Vila Velha de Natividade sentem saudade do Rio do Peixe onde
pescavam, e da praça, como diz Valter Ebram:
“Tinha um rio chamado Rio do Peixe que a gente pescava, lembro bastante da
praça, eu amava aquela praça, me trazia muita recordação as histórias que meu pai
contava da praça” (Depoimento Valter Ebram).
4.5 A construção da represa - um ponto de vista
A construção da represa se iniciou no ano de 1964, primeiramente a empresa
responsável era a COMEPA (Companhia Melhoramentos de Paraibuna).
A COMEPA foi criada em 1963 e acabou em dezembro de 1966, precisamente
quando houve a criação da CESP (CESP, 1995).
O DAEE ficou reponsavél por tudo que se referia ao reservatório, inclusive as
desapropriações, enquanto a CESP assumia a responsabilidade pelas barragens. O
projeto foi da Hidroservice e a construção da Camargo Corrêa (CESP, 2014).
29
O senhor José Benedito Nogueira, conhecido como Santa Branca, veio para
Paraibuna em 1966 e trabalhou na construção da barragem (Figuras 9, 10 e 11), na
COMEPA. Acompanhou o desenvolvimento da obra desde os primeiros lançamentos
de terras (aterros) da construção da barragem, até o final da construção.
Após encerrado seu trabalho no setor de engenharia, foi trabalhar no setor de
meio ambiente, e lá ficou por 30 anos. Segundo o Sr. José, este setor começou na
CESP de Paraibuna através de um senhor que se chamava Alfredo Lobato e que
hoje é seu vizinho.
Sr. José relata que trabalhava cuidando de mudas de café, depois, tiveram
interesse em cultivar mudas de outras plantas, já que naquele tempo não plantavam
só árvores nativas, e depois disso a ideia evoluiu até que reflorestaram parte das
áreas com muitas frutíferas para os peixes. Aposentou-se na CESP, no mesmo setor
de meio ambiente e hoje ele trabalha com abelhas (Florada da Serra), sendo um dos
apicultores mais conhecidos na região.
Quando foi perguntado ao Sr. José sobre o que ele achava da construção da
represa, este disse: “Ah, foi excelente, eu acho o ponto mais bonito de Paraibuna
quando a represa está cheia e ela está descendo a tulipa (Figura 12), ali está na cota
714, ai ela está bem cheia assim você passando de barco você vai ver aquelas
matas e a água vai esta batendo em baixo das matas” (Depoimento de José
Benedito Nogueira).
30
Figura 9 - Construção Barragem Paraibuna. [s. d.]
Figura 10 - Construção da barragem Paraibuna, situada no bairro Rio Claro. [s. d.]
31
Figura 11 - Construção Barragem Paraibuna.
Figura 12 - Tulipa nos dias atuais, mencionada como belo cenário pelo Sr. José (CÂMARA
MUNICIPAL DE PARAIBUNA, 2010).
32
O Sr. Sebastião Monteiro de Andrade entrou na Camargo e Correia que foi a
empresa que construiu a barragem, ele trabalhava no setor de “desmatamento”,
como ele descreve: “Eu comecei no desmatamento, na limpeza pra limpar a área
que represa ia desocupar sabe, então tinha que tirar árvore, tinha que tirar tudo, ficar
só na terra limpa” (Depoimento Sebastião Monteiro de Andrade). O setor de
supressão vegetal (Figuras 13 e 14) trabalhava ativamente na remoção e limpeza da
área que a represa ia ocupar. Conta ele que não começou trabalhar desde a
fundação da represa, quando chegou em Paraibuna, a barragem do Paraitinga já
estava bem alta e o túnel de desvio da água já estava feito (Figura 15, 16 e 17).
Figura 13 - Desmatamento Paraitinga.
33
Figura 14 - Desmatamento Paraitinga. [s. d.]
Figura 15 - Túnel de desvio mencionado pelo Sr. Sebastião. [s. d.]
34
Figura 16 - Túnel de desvio, imagem do interior da obra. [s. d.]
Figura 17 - Vista do interior do túnel de desvio, onde trabalhou Sr. Sebastião. [s. d.]
35
Sr. Sebastião Monteiro começou a trabalhar na construção da represa em
1967 e trabalhou em várias cidades, como: São Luís do Paraitinga, Natividade da
Serra e Redenção da Serra. Depois que terminou a construção da represa ele foi
trabalhar em uma granja e lá ficou por 10 anos.
O Sr. Valter Ebram foi trabalhar na Camargo Corrêa em 1971, com 19 anos,
até o final de 1974, foi emprestado para a CESP até abril de 1975, trabalhou então
na área administrativa e não tinha muito envolvimento com a área de campo.
“Eu soube de uma vaga na Camargo Corrêa numa área administrativa... na
época de 71, eu tinha 19 anos, então comecei a trabalhar na Camargo Corrêa...
Então fiquei na Camargo Corrêa até o final de 74, ai eu fui para a CESP sem fichar,
eu fui emprestado pela Camargo Corrêa à CESP até o mês de abril de 1975”
(Depoimento Valter Ebram).
4.6 O processo de negociação
Dna. Rosária Claro Oliveira foi avisada oito dias antes de a represa inundar o
lugar em que morava, então teve que vender seu gado, não tinham onde colocar,
nem como transportar o rebanho. Segundo ela, houve conflito na negociação: “Levou
muito tempo para eles pagarem o terreno da gente, só que, pagaram
uma mixaria lá, depois, ficou um resto, daí não recebemos mais nada.” (Depoimento
Rosária Claro Oliveira).
Para ela a represa foi importante por causa da energia elétrica, mas muitas
famílias sofreram, pois havia gente sem reservas financeiras lá e tiveram que sair:
“Foi muito ruim quando a represa chegou, foi muito difícil pra nós.” (Depoimento
Rosária Claro Oliveira).
Quando avisaram o Sr. Sebastião Bárbara que a água atingiria suas terras,
ele as vendeu, segundo ele, para uns “alemães”, por um bom preço, e em relação a
indenização, declarou que não foi suficiente: “Pagaram muito pouquinho, o dinheiro
que sobrou foi o dos alemães.” (Depoimento Sebastião Santos Babara).
36
Dna. Creuza de Fátima Castilho também explica que a avisaram pouco tempo
antes de a represa começar a encher: “Eles já tinham avisado pouco tempo antes,
mas aí como o meu vô era muito birrento ele não quis sair. A minha mãe e o meu pai
saíram, mas como eu era muito ligada a minha avó, ali eu fiquei.”, “...quando deu a
enchente saímos correndo tirando as coisas com a água no pé já, levando pra cima
dos pastos, subindo o morro, e só subindo a água. Depois disso que nós viemos
para a cidade”. Segundo Dna. Creuza, também houve conflitos na negociação: “Era
para ter recebido e até hoje nada, a terra era dos meus avós e ninguém recebeu até
hoje.” (Depoimento de Creuza de Fátima Castilho).
Quando perguntado sobre o que ela acha da represa hoje ela disse: “Ah, pra
quem gosta é bom né, mas para quem vivia na roça e tinha de tudo...” (Depoimento
de Creuza de Fátima Castilho).
A família do Sebastião Monteiro perdeu diversas terras, seu pai tinha dois
terrenos, um no bairro Lourenço Velho e outro na Varginha, município de Paraibuna.
Conta Sr. Sebastião que recebeu indenização de um terreno e não concordava com
o preço que queriam pagar no outro, então foi para a justiça, a família contratou um
advogado, que veio a falecer durante o processo. Segundo ele, não conseguiram
encontrar os documentos, e até hoje não receberam por suas terras.
Para conhecimento, como assinalam Foschiera e Júnior (2012), as usinas
hidrelétricas passaram a ser construídas no Brasil desde o final do Séc. XIX, porém,
os questionamentos e ações de resistência frente a construção desses
empreendimentos se deram, de forma mais incisiva, a partir da segunda metade da
década de 1970. Da aproximação e desenvolvimento de atividades em conjunto
desses movimentos, resultou a criação do Movimento dos Atingidos por Barragens
(MAB), em 1991.
4.7 Formas de trabalho e subsistência - antes e depois
A Sra. Rosária Claro Oliveira, que morava na Varginha fazia farinha de
mandioca, tirava leite, plantava arroz, milho, feijão e cana, da qual se fazia rapadura,
37
sua vida lá envolveu apenas o trabalho na lavoura. Depois da desapropriação, foi
morar no bairro do Cedro, em Paraibuna-SP, e com o dinheiro do gado que vendeu,
seu marido comprou uma perua (automóvel) e começou a trabalhar de taxista. Mas
não deu certo, porque seu irmão capotou o carro e deu perda total. Então, seu
marido mudou de ideia e se mudaram para o município de Caraguatatuba,
trabalharam de pescadores e começaram a vender peixes, só depois de 7 anos
voltaram para Paraibuna, começaram a construir sua casa onde mora hoje aos
poucos há cerca de 30 anos e que ainda não terminou de construir.
O senhor Sebastião Bárbara, que também morou na Varginha, plantava arroz,
arava terra no enxadão e fazia bicos. Depois do alagamento, ele foi morar no bairro
Telles, em Paraibuna, e começou a trabalhar em uma fazenda onde, conforme seu
depoimento, ganhava muito pouco, “Fui trabalhar um pouco na fazenda do José
Vilhena, ganhava muito pouquito, tinha vez que não ganhava quase nada. Ai entrou
o DER (Departamento de Estrada e Rodagem), ai fui plantar milho, daí meu irmão
que morava em Caraguatatuba veio embora pra cá, eu tive sorte, arrumei serviço e
fui trabalhar no DER. No DER fiquei 13 anos trabalhando, e do que eu tenho hoje é
por isso, porque se eu estivesse empregado na fazenda não tinha nada porque era
muito ruim, foi ruim demais, agora tá tranquilo” (Depoimento Sebastião Santos
Bárbara).
A Sra. Creuza de Fátima Castilho Silva morava no bairro dos Remédios, em
Natividade da Serra-SP: “A gente trabalhava na roça, fazia de tudo um pouco, a
minha vó tirava leite, pouca coisa, mas tirava, minha mãe e nos trabalhava na roça e
meu pai trabalhava na feira” (Depoimento Creuza de Fátima Castilho Silva). Depois,
foi morar na cidade com seus avós pois era muito ligada a eles, e seus pais ficaram
morando perto da balsa do bairro do Comércio (balsa Varginha), no terreno de um tio
de sua mãe, ela ficava quinze dias na casa de sua avó e quinze dias na casa de sua
mãe. Seu pai trabalhava um pouco na roça e quando a firma (Metropolitana e
Reflora) chamava, ele ia para a cidade. Com 12 anos, Dna. Creuza começou a
trabalhar em casa de família, depois foi trabalhar em uma fábrica e se casou.
O Sr. Joaquim Fideli Serra morava no bairro do Macaco, no município de
Paraibuna-SP e fazia artesanato para sobreviver, depois que saiu de lá, foi morar em
38
Jacareí e depois morou 11 anos no Limoeiro em São José dos Campos-SP, ainda
hoje ganha a vida com artesanatos e até agora não conseguiu comprar um terreno e
mora de aluguel pois saiu de onde morava sem recursos.
Quando o pai do Sr. Sebastião Monteiro trabalhava na roça, se sustentava
tirando e vendendo o leite para cooperativas. Quando a represa veio a encher, seu
pai já estava idoso e não conseguiu mais trabalhar, morreu sem se aposentar.
O Sr. Sérgio Cascarde morava no bairro Limoeiro na Vila Velha de Natividade
da Serra e trabalhava em lavoura, plantava milho, arroz e feijão, depois saiu e foi
morar em um bairro que ficou conhecido como Quebra Galho pelo fato de que
algumas casas eram feitas de pau a pique porque o dinheiro não dava para construir
uma casa de alvenaria e porque o bairro era improvisado, e depois começou a
trabalhar sem emprego fixo: “Nós aguentava do mesmo jeito, trabalhava para um,
para outro, trabalhava para sobreviver” (Depoimento Sérgio Cascarde). E agora
trabalha na prefeitura.
O Sr. Valter Ebram lecionava como professor em escolas rurais, e com
dezenove anos entrou na Camargo Correia (construtora da represa), na área
administrativa. Ele sempre teve o sonho de ficar em Paraibuna e esse emprego deu
estabilidade financeira. Com 20 anos já estava casado.
A Dona. Irene morava na Fazenda Mato da Onça, bairro Campo Redondo, em
Paraibuna-SP e ainda não trabalhava fora antes do enchimento do reservatório
(ajudava em casa). Depois que seus irmãos foram embora para estudar e trabalhar,
e ela ficou ajudando sua mãe a cuidar de seus irmãos mais novos.
O Sr. Lourenço Rabelo morava no bairro Paiol Grande, em Redenção da
Serra-SP. Ao completar a idade de ir para o exército, ele foi. Quando voltou,
estabeleceu uma lojinha em Natividade da Serra, depois foi candidato a vereador em
Redenção da Serra.
O Sr. José Tadeu Menecucci morava no bairro Bom Sucesso, em Natividade
da Serra e trabalhava em lavoura, plantava feijão, milho e fumo e, depois da
construção do reservatório, começou a trabalhar de pedreiro (construtor).
39
4.8 Os impactos
Analisando os depoimentos, percebe-se que com a construção da represa as
pessoas que moravam lá sofreram com perdas de terras, criações, bens imateriais –
como práticas e domínios da vida social, ofícios e modo de fazer, celebrações,
formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas, e nos lugares como:
mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas, conforme
IPHAN (2014) – e desestabilidade financeira, porque alguns saíram sem recursos do
local.
De acordo com Leitão (2013), a construção de barragens para a produção de
energia elétrica é defendida como uma fonte de energia limpa, porém há muito
sofrimento para as populações atingidas por esses projetos hidrelétricos. Esses
grandes projetos de investimento vêm de decisões tomadas por pessoas que não
são do local, nem da região, principalmente as construções de barragens, dessa
forma ocorre o desconhecimento dos impactos gerados sobre aquela população.
Nesses projetos muito dinheiro é investido em um espaço de tempo curto, gerando
com isso mudanças bruscas no território. Até a década 1980 não existia no Brasil
movimentos voltados para a preservação do meio ambiente e para população
atingida por barragens, assim as Usinas Hidrelétricas eram construídas sem
preocupação com o meio ambiente e com os atingidos. Dizendo que traziam
desenvolvimento para a região, diversas hidrelétricas foram implantadas por decisão
do estado, com diversos investidores interessados no capital a ser gerado, deixando
de lado o principal atingido por esses projetos, que é a população.
4.9 Relembrando a parte que faltava - a importância de disponibilizar
materiais, fotos e histórias da represa para a comunidade
A discussão sobre a memória e a elaboração da lembrança coloca-nos o
destaque que os relatos orais tem sido assumidos como um novo conjunto de fontes
documentais (OLIVEIRA, 2007).
40
Quem vê hoje a represa não imagina quantas histórias, recordações e
prejuízo financeiro ficou debaixo daquelas águas. E essas histórias correm o risco de
ficar apenas em poucos registros fotográficos daquela época. Muitas das pessoas
que sofreram com o impacto da represa já não estão mais vivas, e a cada dia
corremos o risco de perder mais uma parte importante desse acontecimento do
passado da população de três cidades: Paraibuna, Natividade da Serra e Redenção
da Serra.
A fotografia está associada à ideia de documento, ela serve para mostrar uma
realidade, logo após, para lembrar a existência dessa mesma realidade. O tempo
tem um papel fundamental no ponto de vista histórico e emocional, a fotografia tem
uma grande importância de recordação, como transformações físicas e materiais
(SILVA, 2008).
A represa de Paraibuna tem hoje um enorme potencial para virar atrativo
turístico, também pode ser fonte de diversos outros eco empreendimentos para os
proprietários da região, então registrar e fomentar essas histórias faz parte da
valorização do lugar e da população que teve sua vida alterada e sofreu diretamente
com esses impactos.
Como reforça a moradora Maria Rita: “Na época do leite conseguimos viver
bem, ter dinheiro, na época do café... e por que não, eu me pergunto, por que não no
ciclo da água a cidade não enriquece?” (Depoimento de Maria Rita de Almeida).
E também o Sr. Valter Ebram: “Hoje essa água representa turismo, na minha
visão é o turismo, é turismo náutico, é o turismo local, é o turismo interno e o turismo
externo”. Mas para Sr. Valter, o turismo não está sendo utilizado como deveria: “O
turismo não tem se desenvolvido da maneira que deveria em hipótese alguma, é
uma gota d’água no oceano, o potencial turístico é muito grande, a utilização turística
é pequena”.
A compilação de todo material recolhido para contar a história das pessoas
que moravam na área hoje alagada é um instrumento de reconhecimento. A
princípio, elaborando o material de divulgação, foram feitos cartazes para colocar
pela cidade e convites para entregar nas escolas, estes ainda estão em arquivo
digital aguardando as datas finais de exibição do documentário. Também será
41
utilizado um carro de som (meio de divulgação que mais funciona nessa cidade
interiorana) na semana de exibição. Para a exibição do documentário, no primeiro
semestre de 2014, será utilizado o telão e o data show do Instituto H&H Fauser.
Serão negociadas as mostras do documentário com as diretorias de educação das
cidades de Paraibuna, Natividade da Serra e Redenção da Serra, além de fornecer o
DVD para estes setores. Também é possível encaminhar cópias para os setores de
cultura dos referidos municípios. Serão prioritariamente convidadas as pessoas que
foram entrevistadas neste projeto.
42
5. CONCLUSÃO
Conclui-se que as pessoas afetadas, que foram entrevistadas até o momento,
eram do bairro Varginha e Fazenda Mato da Onça em Paraibuna-SP; Vila Velha de
Natividade, bairro dos Remédios, Limoeiro e bairro Bom Sucesso em Natividade da
Serra-SP; Antiga Redenção e Paiol Grande em Redenção da Serra-SP e viviam
exclusivamente da agricultura e pecuária leiteira, que aparentemente viviam em
harmonia com a paisagem e em nenhum momento relataram benefícios da
construção da represa em suas vidas (referindo-se aos moradores). É necessário
continuar a pesquisa para encontrar com mais desses atores importantes que
vivenciaram o enchimento da barragem.
Os impactos causados pela construção da represa foram as perdas de
criações, terras agrícolas, bens imateriais e o principal, é que essas histórias tem
sido esquecidas com o tempo, mesmo sendo muito importantes para o município e
para as pessoas, como as senhoras Creuza de Fátima Castilho e Silva e Rosária
Claro Oliveira, Irene Fernandes Neves, Maria Rita de Almeida e os senhores
Sebastião Santos Bárbara, José Benedito Nogueira, Joaquim Fideli Serra, Sérgio
Cascarde, Lourenço Rabelo dos Santos, José Tadeu Menecucci, Valter Ebram e
Sebastião Monteiro de Andrade, pois foi uma época muito difícil para os moradores.
Estes e outros atingidos merecem ser relembrados, porque foi em detrimento de seu
bem estar que foi construída a represa, hoje símbolo para todos os Paraibunenses.
Após a construção, as formas de subsistência dessas pessoas foram trabalhar
com taxi, costura, venda de peixes, trabalho em casas de família, construções
(pedreiro), trabalhos esporádicos, exército, serviços gerais em fazendas,
desemprego por causa da idade avançada, fábrica e firmas, como DER,
Metropolitana e Reflora.
A equipe de pesquisa elaborará propostas de valorização dessas memórias
para os setores de cultura e educação dos três municípios atingidos, levando adiante
as histórias e memórias registradas, para que as novas gerações possam conhecer
suas raízes.
43
Poderá ser elaborada outra proposta a CESP, para que se crie um material e
um espaço onde possam ser recordadas, valorizadas e contatas as histórias do
atingidos pela barragem, como foi feito com a implantação do Museu de Memórias
Regional em Porto Primavera.
44
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAIRRO da Varginha em Paraibuna, antes do represamento. [s. d.]. 1 fotografia, color. BAIRRO dos Remédios e Capela de Nossa Senhora dos Remédios em Natividade da Serra-SP. [s. d.]. 1 fotografia, color. BARRAGEM Paraibuna. [s. d.]. 1 fotografia CÂMARA MUNICIPAL PARAIBUNA. Agua atinge limite da tulipa. 2010. Altura: 1080 pixel. Largura: 1920 pixel. Formato JPG. 1 fotografia. Disponível em<http://www.cmparaibuna.sp.gov.br/noticia.php?Id=112> Acesso em: 23 Out. 2013, 01:04. CESP. A COMEPA e o Alto Paraíba. CESP; Júlio César Assis Kühl. São Paulo, 1995. 69p. (Fascículo da História da Energia Elétrica em São Paulo, nº 6) CESP/Plano Diretor do Reservatório de Paraibuna. Coordenação de Francisco G. Almeida Salgado e Paulo da Silva Noffs. 2 ed. São Paulo, 1992. CBH-PS (Comitê de Bacias Hidrografias do Rio Paraiba do Sul), CD-ROM, 2012. CONSTRUÇÃO barragem Paraibuna. [s. d.]. 1 fotografia. CONSTRUÇÃO da barragem Paraibuna, situada no bairro Rio Claro. [s. d.]. 1 fotografia. COSTA, R. História e memória: a importância de prevenção e da recordação. Artigo publicado na revista sinais 2, volume 1 UFES, P. 2-15 (issn, 1981-1988) 21 a 23 de setembro de 2003. Disponível em <www.ricardocosta.com/pub/RicardoCosta_artigo.pdf>. Acesso em: 22 out. 2013, 21:48. DESMATAMENTO Paraitinga 1. [s. d.]. 1 fotografia
45
DESMATAMENTO Paraitinga 2. [s. d.]. 1 fotografia FAZENDA Mato da Onça, bairro Campo Redondo em Paraibuna-SP – Foto histórica de cachoeira não identificada. [s. d.]. 1 fotografia. FOSCHIERA, A. A.; JÚNIOR, A. T. A luta dos atingidos por barragens no Brasil: o caso dos atingidos pela usina hidrelétrica de Barra Grande. Revista da Casa da Geografia de Sobral, v. 14, n.1, 2012. Disponível em: <http://www.uvanet.br/rcgs/index.php/RCGS/article/view/10>. Acesso em 25 iut. 2013. GENTILE, C. Mergulho Exploratório Represa Paraibuna. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=k8RdnJ3gYLo>. Acesso em: 21 out. 2013. GOOGLE MAPAS. Represa Paraibuna. Disponível em <https://maps.google.com.br/maps?q=represa+paraibuna&ie=UTF-8&ei=WCVYUrvRLMethQfcrYD4CA&sqi=2&ved=0CAgQ_AUoAg> acesso em: 15 Out. 2013, 10:51 IGREJA Natividade da Serra que foi demolida e submersa. [s. d.] . 1 fotografia, color. INEA - INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE. Rio Paraíba do Sul. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/fma/bacia-rio-paraiba-sul.asp> Acesso em: 20 de Out. de 2013, 12:24. LEITÃO, E. S. Barragens: Um Enfoque sobre paisagem cultural e patrimônio. Revista Geográfica de América Central, Costa Rica, número especial EGAL, 2º semestre de 2011. Disponível em: <http://www.revistas.una.ac.cr/index.php/geografica/article/view/2303>. Acesso em: 25 out. 2013. LIMA, A. J., SANTIAGO, P. O. Preservação da Memoria: resgatando vestígios históricos e culturais do município de Frei Miguelino-PE. In: XIV Encontro Regional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da informação, de 16 a 22 de janeiro de 2011. Disponível em: <http://rabci.org/rabci/sites/default/files/PRESERVA%C3%87%C3%83O%20DA%20
46
MEM%C3%93RIA%20resgatando%20vest%C3%ADgios%20hist%C3%B3ricos%20e%20culturais%20do%20munic%C3%ADpio%20de%20Frei%20Miguelinho%20-%20PE.pdf>. Acesso em: 25 out. 2013. LIMA, S. F. S.; BATISTA, G. T. Impacto da represa da Usina Hidrelétrica de Paraibuna, SP, Brasil. Ambi-Agua, Taubaté, v. 5, n. 3, p. 208-221, 2010. (doi:10.4136/ambi-agua.163) Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=92815711013> Acesso em: 20 de Out. de 2013, 16:10. MATOS, A. S.A síndrome de adão - Por que devemos valorizar a história. Portal Mackenzie. Disponível em: <http://www.mackenzie.com.br/7119.html>. Acesso em: 20 out. 2013. OLIVEIRA, R. E. A história oral como instrumento de pesquisa de práticas culturais e memórias no Rio Paraná. IV Seminário da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo, UAM, 27 a 28 de agosto de 2007. PARAIBUNA. 2009. Disponível em: <http://parahybvna-svper-flvmina.blogspot.com.br/2009/01/o-rio-atravessa-cidade.html>. Acesso em: 20 out. 2013. PARAIBUNA e suas histórias. Revista Histórica e Turística. Mogi das Cruzes: Editora Ativa Comunicação, p. 8-10, dez. 2000. PRRETO. L.A,2 O direito de preservar a história local, memória individual e coletiva- UNILASALLE, (CENTRO UNIVERSITARIO LA SALLE) CANOAS 2011, Disponível em: http://www.unilasalle.edu.br/canoas/assets/upload/ana%20lucia%20pretto.pdf acesso em : 23 de out. 14:50. PROJETO SERRA DO MAR. Estudos da Previsibilidade de Eventos Meteorológicos Extremos na Serra do Mar. Disponível em: <http://serradomar.cptec.inpe.br/> Acesso em: 10 Out. 2013, 16:56. RBMA - Reserva da Biosfera Mata Atlântica. Disponível em:<http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_1_textosintese.asp>. Acesso em: 9 de Out. de 2013, 14:38
47
RURAL, J. Guia Nascentes do Paraíba do Sul. 4 ed. São José dos Campos-SP: Editora Gráfica Mogiana, 2012. RURAL, J. Um rio generoso. Revista Histórica e Turística. Paraibuna, p. 10, Jun. 2010. SALGADO, F. G. A.; CAMPOS, M. A.; GOLDZVEIG, S. R. Fomento ao Ecoturismo no Reservatório de Paraibuna.2 ed. São Paulo: CESP, 1997. SEADE - FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANALÍSE DE DADOS. Perfil municipal. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfilMunEstado.php> Acesso em: 09 Out. 2013, 16:28. SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE - SMA. Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo,MAB - UNESCO. 1999. 1 Folder SILVA, R. M. C. (Org.). Cultura popular e educação. Brasília: TVescola, 2008. SISTEMA AMBIENTAL PAULISTA. Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba. Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-serra-do-mar-nucleo-caraguatatuba/> Acesso em: 10 Out. 2013, 21: TÚNEL de desvio mencionado pelo senhor Sebastião. [s. d.]. 1 fotografia. TUNEL de desvio imagem interior da obra. [s. d.]. 1 fotografia. VIEIRA, F.; VAINER, C. O que fazer quando uma hidrelétrica “bate à sua porta”? Os Impactos Sociais e Ambientais. Disponível em: <http://www.maternatura.org.br/hidreletricas/guia/LeiaMais_Osimpactosambientaisesociais.pdf> Acesso em: 22 out. 2013. VISTA interior túnel de desvio, onde trabalhou Sr. Sebastião. [s. d.]. 1 fotografia.
48
WIKIPÉDIA. Mapa do Estado de São Paulo mostrando o município de Natividade da Serra. 800 x 540 pixels. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:SaoPaulo_Municip_NatividadedaSerra.svg> Acesso em: 05 Mar 2014. ZITZKE, V. A. O deslocamento compulsório das famílias atingidas pela UHE de Estreito na perspectiva das redes sociotécnicas. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/encontro5/cd/artigos/GT14-612-1041-20100903222134.pdf> Acesso em: 25 out. 2013.
49
ANEXO A - MAPA DE 1922 QUE MOSTRA OS RECURSOS HÍDRICOS
EXISTENTES ATÉ O ENCHIMENTO DA REPRESA E A ÁREA QUE FICOU
SUBMERSA (O PARAHYBUNA, 1922).
50
ANEXO B - IMAGENS DA CONSTRUÇÃO DA REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA
E PARAITINGA, EM PARAIBUNA-SP
01. Usina Félix Redenção da Serra.
02. Usina Félix Redenção da Serra.
79
ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE
1. Você está sendo convidado para participar da pesquisa “HISTORIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA.
2. Você foi convidado pela equipe do projeto e sua participação NÃO É OBRIGATÓRIA. Não trará nenhum maleficio para você.
3. Os objetivos deste estudo são: Identificar quem são as pessoas que sofreram impactos com a construção da represa. Entrevistar as pessoas afetadas pela construção da represa. Criar um documentário sobre os impactos da construção da represa. Apresentar o documentário para a comunidade.
Participante que era trabalhador na construção da represa: 4. Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder à entrevista
contanto sobre a sua história, de quando trabalhava na construção da represa.
Participante que era morador de regiões atingidas pela construção da represa:
4. Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder à entrevista contanto sobre a sua história, de quando morava nos bairros hoje alagados pela represa, e como foi para você depois de alagada a região.
5. Não existem riscos, nem benefícios diretos, relacionados
à sua participação nesta pesquisa. Existe um benefício para a comunidade, pois conhecerão um pouco da história do município.
6. As respostas coletadas em entrevista serão divulgadas no relatório de pesquisa e encontros de pesquisadores, feiras de ciências e exposições.
7. As informações da entrevista serão utilizados nos relatórios, pôsteres e encontros de pesquisadores, para fins de divulgação do trabalho de pesquisa.
8. As imagens (fotografias e vídeos) da entrevista serão utilizadas nos relatórios, pôsteres e encontros de pesquisadores, e na apresentação do documentário para a comunidade em geral, para fins de divulgação do trabalho de pesquisa.
9. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento.
Em caso de alguma dúvida. DADOS DO ORIENTADOR DO PROJETO
NOME: Milena Antunes de Camargo Mendes
80
ENDEREÇO: Instituto H&H Fauser. Rua Nabor Nogueira Santos, 258, 1° Andar, sala 10. TELEFONE: (12) 39740296 ou (12) 981867186
ASSINATURA:_____________________
Declaro que entendi os objetivos de minha participação na pesquisa e concordo em participar. Paraibuna, _____ de ______________ de2014
______________________________________________________________
Nome por extenso
_________________________________
Assinatura do Sujeito da pesquisa
81
ANEXO D – TERMO DE CONSENTIMENTO PARA USO DE ACERVO
PESSOAL (FOTOS E VÍDEOS) DOS ENTREVISTADOS
1. Você está sendo convidado para participar da pesquisa “HISTORIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA.
2. Você foi convidado pela equipe do projeto e sua participação NÃO É OBRIGATÓRIA. Não trará nenhum maleficio para você.
3. Os objetivos deste estudo são: Identificar quem são as pessoas que sofreram impactos com a construção da represa. Entrevistar as pessoas afetadas pela construção da represa. Criar um documentário sobre os impactos da construção da represa. Apresentar o documentário para a comunidade.
4. Os documentos (fotografias e vídeos) do seu acervo pessoal serão utilizadas nos relatórios, pôsteres e encontros de pesquisadores.
5. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento.
Em caso de alguma dúvida: DADOS DO ORIENTADOR DO PROJETO
NOME: Milena Antunes de Camargo Mendes
ENDEREÇO: Instituto H&H Fauser. Rua Nabor Nogueira Santos, 258, 1° Andar, sala 10. TELEFONE: (12) 39740296 ou (12) 981867186
ASSINATURA:_____________________
Declaro que entendi os objetivos de minha participação na pesquisa e concordo em ceder fotos e/ou vídeos do meu acervo pessoal.
Paraibuna, _____ de ______________ de 2014
______________________________________________________________
Nome por extenso
________________________________
Assinatura do Sujeito da pesquisa
top related