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Relatório de Mapeamento Geológico Local
na escala 1:25.000, ocorrido entre 16 e 23 de
fevereiro de 2008, Arraias – TO.
ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA
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Sumário
Introdução................................................................................................1
Materiais e Métodos...............................................................................1
Geologia Regional...................................................................................3
Geologia da área Mapeada........................................................10
Geologia Estrutural....................................................................15
Discussões e Conclusão..............................................................17
Referências Bibliográficas.........................................................18
ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA
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1. Introdução
1.1 Apresentação
No presente trabalho constam os resultados das atividades de campo realizadas
na região de Arraias (TO) entre os dias 16 a 23 de Fevereiro de 2008, referentes ao
estágio realizado à empresa Itafós Mineração LTDA.
A área mapeada possui cerca de 20Km2 e esta compreendida entre as
coordenadas UTM 304088m E e 309115m E, 8577211m N e 8573246m N.
1.2 Localização
A Itafós Mineração LTDA, localiza-
se na rodovia GO-110, Km 5,5, Zona Rural
no município de Campos Belos, estado de
Goiás, a 400 Km de Brasília.
A área mapeada encontra-se no
município de Arraias, divisa sul do estado
de Tocantins.
O acesso a área se dá através da
GO-110, a aproximadamente 15 Km da
sede da Itafós Mineração, rumo ao norte da cidade de Campos Belos.
2. Materiais e Métodos
A realização do mapeamento geológico constitui em um trabalho contínuo que
se desenvolveu em três etapas: pré-campo, campo e pós-campo.
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2.1 Etapa Pré-campo
A etapa pré-campo consiste em (1) revisão bibliográfica, (2) análise e
interpretação de fotografias aéreas e imagens de satélite.
A revisão bibliográfica possibilitou o reconhecimento da geologia local em seu
sentido mais amplo, como o conhecimento das unidades estratigráficas, suas
características e distribuição espacial.
A análise de fotografias aéreas e imagens de satélite consistem na extração da
rede de drenagem, quebras de relevo, análise de elementos texturais indicadores de
estruturas geológicas e posterior interpretação destes dados com a individualização de
zonas homólogas.
O material utilizado na etapa pré-campo foi: fotos aéreas, imagens de satélite e
material bibliográfico relacionado ao trabalho a ser realizado em campo.
2.2 Etapa de campo
A etapa de campo realizou-se entre os dias 16 a 23 de Fevereiro de 2008 e
envolveram o reconhecimento da geologia da área e coleta de informações acerca da
litologia, estruturas ígneas e sedimentares, assim como feições estruturais para a
confecção do mapa.
Os pontos descritos são de dois tipos: Afloramentos e pontos de controle. Na
ausência de afloramentos, blocos rolados, vegetação e aspectos fisiográficos foram
utilizados para determinação da litologia.
Os materiais utilizados na etapa de campo foram: (1) GPS, (2) bússola, (3)
martelo e (4) imagem de satélite georreferenciada.
2.3 Etapa Pós-campo
A etapa pós-campo consiste na confecção de mapa de pontos, sua integração e
posterior confecção de mapa geológico e coluna estratigráfica. Por fim é feita a
compilação dos dados e elaboração do relatório final.
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3. Geologia Regional
3.1 A Província Estrutural do Tocantins
Localizada na região central do Brasil, compreende todos os terrenos situados
entre os Crátons Amazônico e do São Francisco (Fonseca et al., 1995). Caracterizada
pela convergência dos Crátons supracitados, teve por resultado o fechamento do
paleooceano Brasilides no Neoproterozóico, durante o ciclo orogenético Brasiliano.
Sua compartimentação tectônica é composta por três faixas móveis orogênicas.
Duas margeiam o Cráton Amazônico, Faixa Araguaia e Faixa Paraguai, a leste e a oeste,
respectivamente, e uma margeia o Cráton do São Francisco a oeste. Esta é conhecida
como Faixa de Dobramentos Brasília (Pimentel et al., 2004).
3.2 A Faixa de Dobramentos Brasília
Edificada na borda oeste do Cráton do São Francisco, estende-se por mais de
1000 Km na direção norte-sul, através dos estados de Minas Gerais, Goiás, Distrito
Federal e Tocantins (Fonseca et al, 1995). Com vergência para o Cráton, a faixa exibe
diversos compartimentos tectônicos, caracterizados pela diferença do material
envolvido, grau metamórfico e estilo estrutural.
A Megaflexura dos Pirineus é uma sintaxe na altura do paralelo 16° que secciona
a faixa em dois segmentos distintos, com cinemática e geometria própria. Desta
maneira, trabalhos de Pimentel et al. (2000) e Valeriano et al. (2004), separam as
unidades desta faixa de dobramentos em Faixa Brasília Setentrional (FBS), com
orientação NE, e Faixa Brasília Meridional (FBM), com orientação NW.
Fuck (1994) distinguiu na Faixa Brasília os seguintes compartimentos:
o Zona Cratônica: representada por algumas exposições do embasamento,
coberturas pré-cambrianas e fanerozóicas, cuja deformação é epidérmica.
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o Zona Externa: Compreende as unidades metassedimentares dos grupos Paranoá,
Bambuí, Canastra, Ibiá e Formação Vazante, com estruturação em um cinturão
de dobras de antepaís.
o Zona Interna: Representada por rochas dos grupos Araí, Serra da Mesa e Araxá,
além de porções do embasamento situadas entre as faixas de rochas
metavulcânicas e metassedimentares.
3.2.1 O Complexo Granito-Gnáissico
Representa o embasamento siálico, sobre o qual estão depositados as seqüências
vulcano-sedimentares paleoproterozóicas dos grupos Araí e Natividade, além das rochas
sedimentares dos grupos paranoá e Bambuí, de idades meso/neoproterozóica e
neoproterozóica, respectivamente.
Caracterizado por ortognaisses de coloração cinza que ocorrem em contato
brusco com as demais unidades litoestratigráficas. Contém foliação milonítica, com
espaçamento milimétrico entre domínios filossilicaticos, constituídos por cloritas,
biotitas e fengitas e domínios granuloblásticos constituídos por quartzos e feldspatos
estirados. Quando alterados, estes ortognaisses geram solos arenosos esbranquiçados,
que contribuem com a geração de aluviões (Campos & Dardenne, 1999).
3.2.2 A Formação Ticunzal
Caracterizada por rochas metassedimentares neo-arqueanas/Paleopreterozóicas
(pimentel et al, 2004), com exposições de xistos e paragnaisses próximos a Monte
alegre de Goiás, Cavalcante, Colinas, Campos Belos e Teresina de Goiás. Encontra-se
sobreposta ao complexo granito-gnáissico e sotoposta ao Grupo Araí, por meio de
discordância erosiva (Marini et al, in RADAMBRASIL).
As rochas predominantes nesta unidade são xistos grafitosos, biotita-fengita-
quartzo xisto, granada-mica-xisto e biotita gnaisse. Esteve submetida a eventos
magmáticos, que alojaram intrusões de corpos graníticos peraluminosos pertencentes à
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Suíte Aurumina e corpos graníticos estaníferos anorogênicos, com idade próxima a 1,77
Ga (Pimentel el al., 1991). Próximo às intrusões cristalizou-se andaluzita, como auréola
de alteração, gerada pelo metamorfismo de contato com estes corpos intrusivos.
Devido à presença de grafita de alta cristalinidade, o ambiente de sedimentação
proposto é de marinho restrito euxinico com alta atividade biológica (Pimentel et al.,
2000). A paragênese mineral das rochas da Formação Ticunzal, indica que estas,
estiveram submetidas às condições de pressão e temperatura de fácies anfibolito devido
a presença da grafita, mas que sofreu posteriormente retrometamorfismo para a fácies
xisto verde (Fuck et al., 1988).
3.2.3 A Suíte Aurumina
Caracterizada por granitos e tonalitos peraluminosos de idade paleoproterozóica
(Botelho et al., 1999).
A mineralogia das rochas que compõe esta suíte possui predominantemente
quartzo, microclínio, plagioclásio, biotita e muscovita, tendo como minerais acessórios
turmalina, zircão, apatita, monazita, torita, ilmenita e fluorita. As características
texturais predominantes são as de granitos grossos, com grandes cristais de feldspato,
até ultramilonitos com foliação métrica (Campos e Dardenne, 1999). Sua natureza
peraluminosa é confirmada pelo índice de saturação em alumínio maior que um.
Cunha e Botelho (2002) subdividiram a Suíte Aurumina em cinco litofácies de
acordo com a composição mineralógica: muscovita-biotita granito (MBG), Biotita-
muscovita granito (BMG), muscovita-turmalina granito (MTG), biotita tonalito (BT) e
muscovita-biotita tonalito (MBT).
A sua paragênese metamórfica indica que as rochas desta unidade foram
submetidas a condições de temperatura e pressão, menores que a as de cristalização
magmática. Com posterior hidratação, a assembléia metamórfica foi retrometamorfisada
para fácies xisto-verde, zona da clorita (Campos e Dardenne, 1999).
A associação da composição química, da idade de cristalização e a relação de
orientação dos corpos graníticos intrusivos segundo a direção da foliação na Formação
Ticunzal, sugere que a Suíte Aurumina pode ter sido formada em função da atividade
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magmática sin-colisional durante o Ciclo orogênico Transamazônico ou apenas
constituí uma suíte sin-tectônica de fusão crustal (Botelho et al., 1999).
3.2.4 O Grupo Araí
Caracterizado pela ocorrência de rochas supracrustais de idade Paleo-
Mesoproterozóica (Marini et al., 1984).
A partir da definição litoestratigrafica preliminar de Barbosa et al. (1969) para o
Grupo Araí, trabalhos de Dyer (1970 e 1980), Marini et al. (1976 e 1979), Baeta Jr et al.
(1978) e Fuck & Marini (1979), foram propostas modificações, resultando em uma
subdivisão em três grandes grupos: Araí, Paranoá e Bambuí.
O Grupo Araí, encontra-se em contato discordante erosivo e angular sobre o
embasamento Granito-Gnáissico, Formação Ticunzal e Suíte Granito Intraplaca,
relacionados ao Paleoproterozóico (Dardenne, 2000). Por discordância erosiva, sobre o
Grupo Araí, encontra-se o Grupo Paranoá (Martins, 1999).
As rochas supracrustais do Grupo Araí constituem um espesso pacote
sedimentar, com intercalações de rochas ígneas, e estão divididas em duas formações
crono-estratigráficas: Formação Arraias e Formação Traíras (Dardenne 2000).
A Formação Arraias, com deposição associada à fase sin-rift, sob influência de
sistemas deposicionais continentais de leque-aluvial, flúvio-eólico e flúvio deltáico
(Martins, 1999) é formada predominantemente por sedimentos psefíticos e psamíticos,
que geram quartzitos, metaconglomerados, metarcóseos, quartzitos feldspáticos,
metassiltitos e filitos. E ocorrem intercalações de vulcânicas, tais como, basaltos
alcalinos, andesitos, dacitos, riodacitos, riolitos e ingnibritos, datados pelo método U-Pb
em zircão, com idades obtidas em torno de 1771±2 Ma (Pimentel et al., 1991).
A Formação Traíras, caracterizada por seqüência pelito-carbonatada, com
deposição atribuída à fase pós-rift, dominada por ambientes deltáicos estuarinos,
marinho rasos a pouco profundos com posterior transgressão marinha (Maritins, 1999).
Esta unidade é caracterizada pela ocorrência de metapelitos carbonáticos, calcixistos,
clorita xistos, metacalcários, metadolomitos e lentes de mármore (Dardenne, 2000).
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O início da formação do Rift do Araí deu-se por volta de 1770 Ma e estabilizou-se
próximo a 1574 Ma, em resposta a uma tectônica extensional de direção NNE-SSW. E
neste processo de Rifteamento a deposição dos sedimentos ocorre em três estágios:
o Estágio Pré-Rift: dominado pela deposição de sedimentos flúvio-eólicos e
fluviais continentais.
o Estágio Sin-Rift: caracterizado pela deposição predominante de sedimentos de
origem fluvial, dominada por conglomerados e arenitos com feições típicas de
depósitos de leque aluviais, correlacionados a uma subsidência mecânica,
geradora de gradiente de relevo. Na fácies arenito encontram-se alojadas rochas
vulcânicas, com disposição bimodal, onde basaltos alcalinos sobrepõem-se a
vulcânicas ácidas, características típicas de ambiente crustal em processo de
semi-riftamento.
o Estágio Pós-Rift: Com a bacia bem formada, a sedimentação é típicamente
marinha rasa, marcada por processos de transgressões marinhas, havendo
deposição de sedimentos arenosos, pelíticos e carbonáticos.
3.2.5 O Grupo Bambuí
Classificado por Fuck (1994) como unidade componente da zona externa da
Faixa Brasília, recobre uma vasta extensão sobre o Cráton do São Francisco e é
caracterizado pela ocorrência de metapelitos e carbonatos de idade neoproterozóica.
Foi subdivido por Dardenne (1978) em cinco diferentes unidades
litoestratigraficas, dispostas da base ao topo da seguinte maneira:
o Formação Sete Lagoas: unidade em contato erosivo com a formação
Jequitaí, relacionada a um hiato deposicional quando há mudança climática,
para clima quente, propiciando a deposição de calcários. Unidade constituída
por seqüência de margas e pelítos contendo lentes carbonáticas de calcários
cinza a arroxeados e dolomitos beges.
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o Formação Serra de Santa Helena: unidade estritamente composta por
terrígenos, marca a intercalação de horizontes carbonáticos na estratigrafia
do Bambuí.
o Formação Lagoa do Jacaré: unidade formada por calcários oolíticos e
pisolíticos, escuros e fétidos, com lentes de siltitos e margas.
o Formação Serra da Saudade: unidade terrígena, com passagem gradual de
folhelhos e argilitos para siltitos feldspáticos e arcóseos.
o Formação Três Marias: caracterizada pela ocorrência de siltitos e arcóseos de
cor verde escura e sobrepostos de maneira transicional à unidade
sobrejacente.
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Figura 2.1 – Estratigrafia do Grupo Araí e Bambuí na bacia São Franciscana (Braun et al., 1990)
Segundo Chiavegatto & Dardenne (1997) a deposição destes conjuntos
sedimentares relacionam-se a três mega-ciclos regressivos, iniciados cada um com
rápido momento transgressivo.
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o 1° Mega-Ciclo: argilo-carbonatado, representado pela variação granocrescente
das rochas carbonáticas da Formação Sete Lagoas.
o 2° Mega-Ciclo: argilo-carbonatado representado pelas rochas argilosas da
Formação Serra de Santa Helena, que indicam a subsidência da bacia, além da
sedimentação carbonática plataformal correspondente à Formação Lagoa do
Jacaré.
o 3° Mega-Ciclo: argilo-arenoso, representado pelas rochas argilosas da Formação
Serras da Saudade, que indicam sedimentação em ambiente plataformal
profundo sob regime de tempestades e as rochas arenosas da Formação Três
Marias, que indicam ambiente plataformal raso, com fácies litorânea.
Devido à ausência de vulcanismo contemporâneo à deposição dos sedimentos, a
idade do Grupo Bambuí ainda é aproximada, com datações que variam entre 950 e 600
Ma, que coincidem com o início do rift Macaúbas e o fim do ciclo Brasiliano (Valeriano
et al., 2004). As áreas fontes dos sedimentos são de idade Neoproterozóicas e
Paleoproterozóicas, e relacionam-se à erosão do Arco Magmático de Goiás e da porção
continental a leste do Cráton do São Francisco, respectivamente.
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4. Geologia da área mapeada
4.1 Aspectos Fisiográficos e Litoestratigrafia
O mapeamento geológico possibilitou, na área, a discriminação das seguintes
unidades litoestratigráficas: Suíte Aurumina, Grupo Araí e Grupo Bambuí.
A Suite Aurumina compõe a base da sequência estratigráfica, onde os litodemas
muscovita granito, muscovita-biotita granito, biotita-muscovita granito são aflorantes na
região. Sobreposto a Suíte Aurumina encontra-se o Grupo Araí, caracterizado na área
mapeada principalmente por ortoquartzitos, além da restrita ocorrência de metassiltitos,
quartzitos feldspáticos e metaconglomerados. No topo da sequência estratigráfica
encontra-se o Grupo Bambuí, do qual, as unidades aflorantes são: dolomito, calcário,
siltito e argilito.
As litofácies encontram-se diretamente relacionadas com a morfologia do
relevo, vegetações e tipo de solo, portanto, estes recursos, aliados à fotointerpretação,
foram utilizados para determinar os litotipos em porções da área cujo não ocorriam
afloramentos.
A Suíte Aurumina ocorre geralmente em terrenos sem grandes variações
topográficas, com exceção de algumas pequenas elevações no sul e sudoeste da área
mapeada. A sua alteração resulta em solo arenoso de coloração esbranquiçada, que
suporta vegetação constituída por árvores de médio porte, geralmente espaçadas.
O Grupo Araí, que ocupa principalmente a porção central da área mapeada,
relaciona-se muitas vezes a regiões mais elevadas topograficamente. A vegetação
natural que recobre este litotipo é bastante densa, com árvores de médio porte,
conhecida como cerrado rupestre. Porém, devido à ação antrópica, este litotipo, também
se encontra em regiões de relevo arrasado, principalmente no sudeste da área. O solo
gerado a partir das rochas desta unidade é arenoso com coloração variando de amarelo
escuro à ligeiramente avermelhada.
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Figura 4.1 – Coluna Litoestratigráfica proposta para a área mapeada.
O Grupo Bambuí, que recobre praticamente toda região norte da área mapeada,
permite a correlação de sua porção pelítica a relevos geralmente planos e com poucas
ondulações, ao passo que a porção com exposições de rochas carbonáticas,
principalmente onde há ocorrência de dolomito, são associadas a altos topográficos. As
Rochas pelíticas estão relacionadas a uma vegetação de pequeno porte, composto
geralmente por gramíneas, arbustos e algumas poucas árvores, enquanto as rochas
carbonáticas possuem uma vegetação densa com árvores de médio a grande porte e
também plantas espinhosas. Associado à porção carbonática ocorre solo profundo e de
coloração arroxeada.
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4.2 Suíte Aurumina
Constitui o embasamento da área mapeada, ocupando grande parte da porção sul
e sudoeste da área mapeada. Foram individualizados os litodemas: muscovita granito,
muscovita-biotita granito e biotita-muscovita granito.
Os principais afloramentos ocorrem em drenagens ou em forma de blocos,
alguns muito intemperizados. Estes possuem coloração geralmente
esbranquiçada/amarelada. As rochas da Suíte Aurumina sofreram deformação
heterogênea, que pode ser observada através da variação de litofácies muitas vezes bem
foliadas, apresentando cisalhamentos sub-verticais além de sombra de pressão em
sigmóides ao redor de grãos de quartzo ligeiramente alongados, como indicativo de
cinemática dúctil/rúptil e outras vezes, com textura ígnea primaria ainda bem
preservada.
Esta unidade encontra-se em discordância erosiva com as rochas do Grupo Araí
e Bambuí.
4.3 Grupo Araí
Recobrindo a porção central, noroeste e sudeste da área mapeada, é
caracterizado pela ocorrência predominante de ortoquartzitos e discreta de metassiltitos,
quartzitos feldspáticos e metaconglomerado.
Os ortoquartzitos afloram nas regiões de elevação topográfica na forma de
blocos. Com estruturas sedimentares preservadas, tais como acamamento e laminação
plano-paralela e compostos basicamente por grãos de quartzo sub-arredondados, bem
selecionados e cimentados, com predominância dos grãos na granulação areia média.
Apresentam a ocorrência de pequenas quantidades de mica branca, sem qualquer
organização ou alinhamento preferencial dos grãos.
A unidade supracitada esta subordinada à Formação Arraias, com deposição
relacionada a um estágio sin-rift, onde ocorrem ambientes fluvias e leques aluviais, bem
caracterizados em campo pela textura dos arenitos e conglomerados presentes na área.
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O metamorfismo e deformação sofridos pelas rochas desta unidade possuíram
caráter muito heterogêneo, pois, por vezes havia possibilidade de distinção clara de
estruturas sedimentares preservadas, ao passo que em outras oportunidades, estas
estruturas estavam obliteradas.
4.4 Grupo Bambuí
Ocupa boa parte central e toda região nordeste da área mapeada. Representado
predominante por rochas carbonáticas, porém com menor ocorrência de siltito calcífero,
siltito e argilito.
As rochas carbonáticas, que são expostas com muita freqüência em toda região,
ocorrem divididas em dolomitos e calcários. Há na área mapeada predominância na
ocorrência da unidade dolomito em relação ao calcário.
O dolomito ocorre na porção central estendendo-se em direção norte e noroeste
da área. Aflora principalmente em regiões de cristas, a níveis topográficos mais altos do
que o calcário. São geralmente maciços, sem qualquer contribuição terrígena e com
coloração variando de cinza muito claro a cinza escuro. Possui laminação plano-paralela
com espessuras variando de milimétrica a métrica e ocorrem dobras suaves e algumas
fraturas podem ser observadas preenchidas por calcita.
O calcário exposto exclusivamente na borda nordeste da área possui em geral
coloração cinza escuro e apresentam laminação plano-paralela de espessura milimétrica.
São microcristalinos e alguns apresentam uma contribuição terrígena síltico-argilosa,
portanto ocorrendo algumas vezes impuros.
As rochas pelíticas encontradas são argilitos, siltitos e raros siltitos calcíferos.
Expostos de maneira irregular afloram principalmente em cortes de estrada e em
ravinas. Possuem acamamento plano-paralelo bem definido com espessura variando de
milimétrico a centimétrico. Por vezes indicam baixos teores de fosforito em sua
composição, porém, na área mapeada não há viabilidade econômica para sua
exploração.
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5. Geologia Estrutural
5.1 Introdução
Foi possível distinguir na área mapeada dois diferentes domínios: Domínio
Embasamento, constituído estritamente pela Suíte Aurumina e Domínio Supracrustal,
composto pelas unidades metassedimentares dos Grupos Araí e Bambuí.
A deformação na região é heterogênea e cada unidade litológica, possui feições
estruturais diferenciadas, intrínsecas à sua reologia.
5.2 Domínio Embasamento
O domínio embasamento, constituído pelos Muscovita Granito e Biotita-
Muscovita Granito da Suíte Aurumina, apresenta penetrante foliação tectônica (Sn) que
possui direção predominante para NNW e por vezes NNE, com altos mergulhos para W
(figura 5.1). Estas rochas apresentam também milonitização, com a ocorrência de
granuloblastos de quartzo (Domínio Q) da foliação milonítica S-C em forma sigmoidal
apresentando elongação mineral.
A estrutura milonitizada sugere um regime deformacional dúctil, porém devido a
falta de um mapeamento estrutural em detalhe, o regime deformacional possivelmente
será dúctil/rúptil.
Figura 5.1- estereogramas de população e de pontos da foliação Sn do domínio embasamento
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5.3 Domínio Supracrustal
Composto pelas rochas de natureza sedimentar dos Grupos Araí e Bambuí é
possível identificar nestas unidades o acamamento sedimentar (S0). Por vezes, as rochas
do Grupo Araí, apresentavam se em forma de blocos, assim, foi praticamente
impossível determinar a direção do acamamento nestas rochas.
Observa-se a predominância de suaves dobramentos nas rochas que compõe este
domínio. Os planos de acamamento apresentam-se em geral orientados com direção
NW e baixos mergulhos, ora para NE e ora para NW.
Figura 5.2 - estereogramas de população e de pontos do acamamento S0 das rochas do domínio
supracrustal
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6. Discussões e Conclusão
Os litodemas da Suíte Aurumina compõe o embasamento da área mapeada, que
se encontra em discordância erosiva com a seqüência metassedimentar do Grupo Araí,
representada na área por ortoquartzitos, e por pequenas ocorrências de
metaconglomerados e metassiltitos.
O Grupo Bambuí, estratigraficamente posicionado sobre a Suíte Aurumina e o
Grupo Araí, expõe na área fácies da Formação Sete Lagoas, estas com características
pelito-carbonatadas.
A ocorrência de siltito fosforítico é ínfima, estando restrita apenas a pequenas
porções no norte da área havendo possibilidades da ocorrência de tais rochas, de
maneira mais abundante, ao norte e a leste de seus limites. Não foram encontradas na
área mapeada feições de acumulo de fosforito laterítico, como os “chapéus-de-ferro”,
explorados nas regiões ao sul da área.
A deformação sofrida pela Suíte Aurumina e Grupo Araí é heterogênea, desta
maneira, por vezes preservam-se características primárias das rochas que as compõe e
outras vezes, estruturas primárias encontram-se totalmente obliteradas. Esta deformação
relaciona-se ao ciclo Brasiliano, decorrido no Neoproterozóico, argumentos estes
comprovados pelas idades absolutas obtidas para estas rochas.
O Grupo Bambuí, representado na área por fácies da Formação Sete Lagoas, não
apresenta sinais de deformação, pois, possui acamamento sedimentar bem preservado e
predominantemente horizontalizado, por vezes contendo dobramentos muito suaves.
Devido esta ausência de deformação e metamorfismo, relaciona-se a sua deposição a
um período tardio ao Ciclo Brasiliano.
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Referências Bibliográficas
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