juan disserta ao completa biblioteca...
Post on 23-Sep-2020
7 Views
Preview:
TRANSCRIPT
i
JUAN EDUARDO SAMUR SAN MARTIN
FREQÜÊNCIA DA OBESIDADE E SEUS FATORES DETERMINANTES EM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN ATENDIDAS EM UM
CENTRO DE REFERÊNCIA
CAMPINAS-SP
2010
ii
JUAN EDUARDO SAMUR SAN MARTIN
FREQÜÊNCIA DA OBESIDADE E SEUS FATORES DETERMINANTES EM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN ATENDIDAS EM UM
CENTRO DE REFERÊNCIA
Dissertação de Mestrado apresentada à Pós-Graduação
da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade
Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre
em Saúde da Criança e do Adolescente, na área de
concentração Saúde da Criança e do Adolescente.
ORIENTADOR: PROF. DR. GABRIEL HESSEL
CAMPINAS-SP
2010
iii
“Quando temos vontade, amor, sabedoria, fé e
perseverança em nós e em tudo que desejamos concretizar, somos presenteados com a prosperidade”.
Juan Samur
iv
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP
Bibliotecário: Sandra Lúcia Pereira – CRB-8ª / 6044
Título em inglês : Frequency of obesity and its determinant factors in children and adolescents with Down syndrome assisted at a Center of Reference
Keywords: • Down syndrome • Obesity • Childrens • Adolescents • BMI • Body weight • Physical activity
Titulação: Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente Área de concentração: Saúde da Criança e do Adolescente Banca examinadora: Prof. Dr. Gabriel Hessel Profº. Drº. Graciele Massoli Rodrigues Profª. Drª. Maria Ângela Reis de Góes Monteiro Antonio Data da defesa: 26-02-2010
Samur San Martin, Juan Eduardo Sa46f Freqüência da obesidade e seus fatores determinantes em crianças e
adolescentes com síndrome de Down atendidas em um Centro de Referência / Juan Eduardo Samur San Martin. Campinas, SP: [s.n.], 2010.
Orientador: Gabriel Hessel Dissertação ( Mestrado ) Universidade Estadual de Campinas.
Faculdade de Ciências Médicas. 1. Down, síndrome de. 2. Obesidade. 3. Crianças. 4.
Adolescentes. 5. Índice de massa corporal. 6. Peso corporal. 7. Atividade física. I. Hessel, Gabriel. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.
v
vi
DEDICATÓRIA
A Deus e nosso Mestre
Jesus por seu Amor Supremo e Sabedoria Infinita para
conosco e tudo nesta existência e vida, dando-nos a
grandiosa oportunidade do aprimoramento moral,
intelectual e espiritual e da evolução do nosso ser.
A minha maravilhosa família,
meus pais Carlos e Margarita; Patricia, Mario e Beatriz;
Carlos, Mirian e Priscila por todo seu amor, sabedoria,
paciência, apoio, companheirismo e respeito, que me
motiva e incentiva a prosseguir nas conquistas dos meus
objetivos.
vii
AGRADECIMENTOS
A Deus e ao Mestre Jesus por terem conduzido o Professor Dr. Gabriel Hessel à
Biblioteca da FCM e coincidentemente proporcionado o encontro de quem seria meu
guia e orientador. Que com sua sabedoria, respeito, carinho, paciência, dedicação e
sensatez me concedeu a oportunidade, por meio do seu ensinamento, amizade e
constante incentivo concretizar este trabalho. Maravilhoso ser humano que aprendi a
admirar e respeitar.
Ao Professor Dr. Roberto Teixeira Mendes pela competência, dinamismo, conhecimento
e incentivo na elaboração desta pesquisa científica, assim como na co-orientação deste
trabalho.
Aos membros da banca Professora Dra. Graciele Massoli Rodrigues e Professora Dra.
Maria Ângela Reis de Góes Monteiro Antonio por terem concordado em participar da
minha defesa, assim como pela valiosa contribuição nas sugestões dadas para a
finalização deste estudo.
Aos membros da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de
Campinas, por meio do programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do
Adolescente.
Aos membros da diretoria, coordenação e profissionais do Centro de Educação
Especial Síndrome de Down, por sua autorização, apoio e contribuição neste trabalho.
Também aos pais e crianças e adolescentes com síndrome de Down por sua
contribuição carinhosa e importante para a elaboração deste estudo.
À Simone C. Ferreira, Tathyane Krahenbuhl e Eliene Sue Dupret Garcia pela paciência,
compreensão e ajuda, como também por estarem sempre à disposição para solucionar
e esclarecer as nossas dúvidas e solicitações. Obrigado pela sua amizade.
viii
Aos funcionários do Centro de Investigação em Pediatria (CIPED), pela ajuda e
amizade.
À Cleliane Silva, Estela Boccaleto, Daniella Camilo e Thalita Pereira pelo apoio e ajuda
intelectual e material inestimáveis.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por me
terem concedido a bolsa de estudo, valiosa contribuição pra minha formação
acadêmica.
Em especial aos meus familiares, pais Carlos e Margarita; Patricia, Mario R. Zúñiga
Cáceres e Beatriz; Carlos, Mirian e Priscila, Viviane, José Pin e Tainá pelo incentivo,
apoio, compreensão e amor de todos e por estarem sempre ao meu lado. Mario R.
Zúñiga Cáceres obrigado pela sua paciência e ajuda nos esclarecimentos de cunho
cientifico.
À Silene Montoro e ao Luiz Carlos Ramalho pelo privilegio de tê-los como meus amigos.
Grandes companheiros em todos os momentos.
Aos meus tios Eusebio e Estela, Mario e Nelly que sempre me incentivaram e apoiaram
na vida, assim como meus primos Andrés e Janaina, Maria Cecilia e Humberto pelo seu
amor, compreensão e respeito.
ix
RESUMO
A obesidade é definida como um excesso de gordura corporal em relação à massa
magra, sendo uma doença com aumento da prevalência nos últimos anos. O Objetivo
desse trabalho foi estudar a freqüência da obesidade e os fatores determinantes em
crianças e adolescentes com síndrome de Down. Casuística e Métodos: O estudo foi
realizado em 47 crianças e adolescentes matriculados no Centro de Educação Especial
Síndrome de Down, divididos em 3 sub-grupos, em faixas etárias, para a análise dos
resultados: A) de 5 a 10 anos; B) de 11 a 15 anos e C) de 16 a 20 anos de idade. As
variáveis estudadas foram: peso, estatura, índice de massa corporal (IMC), dobra
cutânea triciptal (DCT), dobra cutânea subescapular (DCSE), circunferência da cintura
(CC), bioimpedância (BIA) e prática de atividade física com a interpretação pelo IPAQ
versão curta. Para comparação das proporções foi empregado o teste do Qui-quadrado
ou teste exato de Fischer. Para correlação entre o IMC e a DCT, DCSE, CC e BIA foi
utilizado o coeficiente de correlação de Pearson. O nível de significância adotado foi de
5%. Resultados: A idade das crianças e adolescentes com SD variou de 5 a 20 anos
com média de 12,17 anos. Em relação à estatura, observou-se que empregando os
valores de referência do Center for Disease Control and Prevention (CDC), 25/47
(51,19%) apresentaram baixa estatura. Contudo, empregando-se uma curva especifica
para a síndrome de Down, curvas de Cronk et al., apenas 1/47 (2,12%) apresentou
baixa estatura. A freqüência da obesidade por meio dos diferentes indicadores foi: IMC
= 36,17%, DCT = 30%, DCSE = 62,50%, CC = 22,85% e BIA = 7,31%. A freqüência de
obesidade por meio do IMC não apresentou diferença estatisticamente significativa nas
seguintes faixas etárias: 5 a 10 anos, 11 a 15 anos e de 16 a 20 anos. O coeficiente de
correlação entre o IMC e os outros métodos de avaliação nutricional foi de: 0,67 com a
DCT, 0,71 com a DCSE, 0,95 com a CC e 0,55 com o percentual de massa gorda da
bioimpedância. Em relação à atividade física observou-se que 4/17 (23,52%) foram
classificados como sedentários, 1/17 (5,88%) foram classificados como insuficiente
ativo A, 5/17 (29,41%) foram classificados como insuficiente ativo B, 4/17 (23,52%)
como ativo e 3/17 (17,64%) como muito ativo. Quando esses resultados foram
comparados com o estado nutricional, não foi observada correlação significativa. Nas
x
mães de crianças e adolescentes com síndrome de Down, observou-se sobrepeso em
4/10 e obesidade em 4/10. Conclusões: 1. Há baixa estatura na maioria das crianças e
adolescentes se for adotada como referência a curva do CDC. 2. É alta a freqüência de
obesidade nas crianças e adolescentes com SD na faixa etária de 5 a 20 anos, variando
de 22,85% a 62,50%, de acordo com o método adotado (IMC, DCT, DCSE e CC). 3.
Não há diferença da freqüência de obesidade em relação ao gênero nas diferentes
faixas-etárias avaliadas. 4. Observou-se correlação entre IMC e os diferentes métodos
aplicados para avaliação nutricional (DCT, DCSE, CC e BIA). 5. Não foi observada
relação entre obesidade e nível de atividade física em 17 questionários analisados.
Palavras-Chave: síndrome de Down, obesidade, crianças, adolescentes, IMC, peso,
atividade física.
xi
ABSTRACT
Obesity is defined as an excess of body fat relative to lean body mass, is a disease with
increasing prevalence in recent years. The objective of this work was to study the
frequency of obesity and its determinants in children and adolescents with Down
syndrome. Methods: The study was conducted in 47 children and adolescents enrolled
at the Centro de Educação Especial Síndrome de Down (Center for Special Education
Down Syndrome) divided into 3 sub-groups by age, for the analysis of the results: A)
from 5 to 10 years old, B) 11 to 15 years old and C) from 16 to 20 years old. The
variables studied were: weight, height, body mass index (BMI), triceps skinfold,
subscapular skinfold, waist circumference (WC), bioelectrical impedance analysis (BIA)
and physical activity with the interpretation the IPAQ short version. To compare
proportions, the chi-square or Fisher exact test were applied. For correlation between
BMI and triceps skinfold, subscapular skinfold, WC and BIA used the correlation
coefficient of Pearson. The level of significance was 5%. Results: The age of children
and adolescents with Down syndrome ranged from 5 to 20 years old with an average of
12.17 years. About height, it was observed that using benchmarks from the Center for
Disease Control and Prevention (CDC), 25/47 (51.19%) had short stature. However,
using an specific curves for Down syndrome, curves Cronk et al., Only 1 / 47 (2.12%)
had short stature. The frequency of obesity through the different indicators were: BMI =
36.17%, triceps skinfold = 30%, subscapular skinfold = 62.50%, WC = 22.85% and BIA
= 7.31%. The prevalence of obesity by BMI did not show a statistically significant
difference in the ages 5 to 10 years, 11 to 15 years and 16 to 20 years. The correlation
coefficient between BMI and other methods of nutritional assessment was: 0.67 with the
triceps skinfold, with subscapular skinfold 0.71, 0.95 to WC and 0.55 with percentage of
fat mass in elderly women. In relation to physical activity showed that 4 / 17 (23.52%)
were classified as sedentary, 1 / 17 (5.88%) were classified as insufficiently active A, 5 /
17 (29.41%) were classified as insufficient asset B, 4 / 17 (23.52%) as active and 3 / 17
(17.64%) as very active. When these results were compared with the nutritional status,
there was no significant correlation. In mothers of children and adolescents with Down
syndrome, overweight was observed in 4 / 10 and obesity in 4 / 10. Conclusions: 1.
xii
There's stature in most children and adolescents if adopted as a reference curve of the
CDC. 2. The high frequency of obesity in children and adolescents with DS aged 5 to 20
years, ranging from 22.85% to 62.50%, according to the method adopted (BMI,
skinfolds, and WC). 3. There is no difference in the frequency of obesity in relation to
gender in different age-groups studied. 4. A correlation between BMI and the various
methods used for nutritional assessment (triceps skinfold, subscapular skinfold, waist
circumference and BIA). 5. There was no relationship between obesity and physical
activity in 17 questionnaires analyzed.
Keywords: Down syndrome, obesity, childrens, adolescents, BMI, weight, physical
activity.
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CDC = Center for Disease Control and Prevention
CEESD = Centro de Educação Especial Síndrome de Down
CELAFICS = Centro Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul
CEP = Comitê de Ética em Pesquisa
Cm = Centímetros
DEXA = absortometria de raios X de dupla energia
DP = Desvio Padrão
DRI = Dietary References Intakes
E = Estatura
E/I = Estatura/Idade
FCDS = Fundació Catalana Síndrome de Down
FCM = Faculdade de Ciências Médicas
I = Idade
IOTF = International Task Force
IPAQ = Questionário Internacional de Atividade Física
Kg = Quilograma
m = Metros
NANHES = National Health Nutrition Examination Survey
NCHS = National Center for Health Statistics
O = Obesidade
OMS = Organização Mundial da Saúde
P = Peso
P/E = Peso/Estatura
P/I = Peso/Idade
Ps = Percentil
SD = síndrome de Down
SP = Sobrepeso
TCLE = Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Unicamp = Universidade Estadual de Campinas
xiv
WHO = Word Health Organization
Avaliação Antropométrica
BMI = Body Mass Index
CB = Circunferência do Braço
CC = Circunferência da Cintura
DC = Dobra Cutânea
DCs = Dobra Cutânea
DCSE = Dobra Cutânea Subescapular
DCT = Dobra Cutânea Triciptal
IMC = Índice de Massa Corporal (Kg)
Bioimpedância
%AIntC = Percentual de Água Intracelular
%ExtC = Percentual de Água Extracelular
%MG = Percentual de Massa Gorda
%MM = Percentual de Massa Magra
ACT = Água Corporal Total
AExtC = Água Extracelular
AIntC = Água Intracelular
AngF = Ângulo da Fase
BIA = Bioimpedância Elétrica
Capacit = Capacitância
MG kg = Massa Gorda
MM kg = Massa Magra
Reatan = Reatância
Resist = Resistência
TMB = taxa Metabólica Basal
xv
LISTA DE TABELAS
TABELAS DOS RESULTADOS DO CAPÍTULO ÚNICO (ARTIGO) PÁG
Tabela 1 – Comparação de estatura em desvio padrão das crianças com
Síndrome de Down de 0 a 8 anos de idade (Mustacchi x NCHS). 36
Tabela 2 – Comparação do peso em desvio padrão das crianças com
Síndrome de Down de 0 a 8 anos de idade (Mustacchi x NCHS). 37
Tabela 3 – Comparação da estatura em desvio padrão das crianças com
Síndrome de Down de 0 a 8 anos de idade (Mustacchi x Cronk et al.). 38
Tabela 4 – Comparação do peso em desvio padrão das crianças com
Síndrome de Down de 0 a 8 anos de idade (Mustacchi x Cronk et al.). 39
Tabela 5 – Descrição dos principais estudos relacionados com o crescimento
de crianças e adolescentes com síndrome de Down. 40
xvi
LISTA DE TABELAS
TABELAS DOS RESULTADOS DA DISSERTAÇÃO PÁG
Tabela 1 – Comparação do índice de estatura/idade das crianças e
adolescentes com síndrome de Down entre as curvas do CDC 2000 e as
curvas de Cronk et al (1988), segundo gênero.
70
Tabela 2 – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes
com SD por gênero, baseada nos valores de referência do IMC definidas pelo
CDC 2000.
71
Tabela 3 – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes
com SD de acordo com os valores de referência do IMC do CDC 2000
segundo gênero e faixas etárias.
71
Tabela 4A – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes
com síndrome de Down de acordo com a dobra cutânea tricipital (DCT)
segundo gênero e faixas etárias.
72
Tabela 4B – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes
com síndrome de Down de acordo com a dobra cutânea subescapular (DCSE)
segundo gênero e faixas etárias.
72
Tabela 5 – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes
com SD de acordo com a circunferência da cintura (CC) segundo gênero. 73
Tabela 6 – Classificação do estado nutricional de acordo com a bioimpedância
elétrica. 73
Tabela 7 – Freqüência de obesidade e sobrepeso em crianças e adolescentes
com SD segundo diferentes índices. 74
Tabela 8 – Correlação entre o IMC e as dobras cutâneas, circunferência da
cintura e percentual de massa gorda obtida pela bioimpedância elétrica. 74
Tabela 9 – Classificação das mães das crianças e adolescentes com SD pelo
IMC. 77
Tabela 10 – Classificação do nivel de atividade física do questionário de
atividade física, IPAQ versão curta. 78
xvii
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICOS DOS RESULTADOS PÁG
Grafico 1 – Correlação entre o IMC e a dobra cutânea triciptal.
75
Grafico 2 – Correlação entre o IMC e a dobra cutânea subescapular.
75
Grafico 3 – Correlação entre o IMC e a circunferência da cintura.
76
Grafico 4 – Correlação entre o IMC e o percentual de gordura obtida pela
bioimpedância elétrica. 76
xviii
SUMÁRIO PÁG
1. CAPÍTULO ÚNICO 20 2. ANTECEDENTE DA LITERATURA 41 2.1. Síndrome de Down
42
2.1.1. Um breve histórico da síndrome de Down
43
2.1.2. Primeiros estudos médicos e científicos sobre a síndrome de Down
43
2.1.3. Causa genética
44
2.1.4. Características da síndrome de Down
45
2.2. Obesidade
46
2.2.1. Diagnóstico da obesidade em crianças e adolescentes
47
2.2.2. Obesidade, composição corporal e síndrome de Down
48
2.3. Composição Corporal
49
2.3.1. Técnicas para determinar a composição corporal
50
2.3.1.1. Método Direto
50
2.3.1.2. Métodos Indiretos
50
2.3.1.3. Métodos Duplamente Indiretos
51
2.4. Atividade física e síndrome de Down
52
3. OBJETIVOS 55 3.1. Objetivo geral
56
3.2. Objetivos específicos
56
4. CASUÍSTICA E MÉTODOS 57 4.1. Casuística
58
4.1.1. Aspectos Éticos
58
4.1.2. População
58
4.1.3. Critérios de Inclusão
58
4.1.4. Critérios de exclusão
58
4.1.5. Amostra Final
58
4.1.6. Variáveis
59
4.1.6.1. Variáveis independentes 59
4.1.6.2. Variáveis dependentes 59
4.2. Método
59
4.2.1. Delineamento do estudo
59
xix
4.2.2. Técnicas utilizadas
59
4.2.2.1. Primeira Fase
60
4.2.2.2. Segunda Fase 60
4.2.2.2.1. Elaboração das coletas 61
4.2.2.2.1.1. Peso 61
4.2.2.2.1.2. Estatura
61
4.2.2.2.1.3. Índice de Massa Corporal
62
4.2.2.2.1.4. Dobras Cutâneas
62
4.2.2.2.1.4.1. Dobra Cutânea Triciptal 63
4.2.2.2.1.4.2. Dobra Cutânea Subescapular
63
4.2.2.2.1.5. Perímetros Corporais
64
4.2.2.2.1.5.1. Circunferência da Cintura
64
4.2.2.2.1.6. Bioimpedância Elétrica 64
4.2.2.2.1.7. Questionário Alimentar 65
4.2.2.2.1.8. Questionário IPAQ versão curta
66
4.2.2.2.1.8.1. Atividade Moderada 66
4.2.2.2.1.8.2. Atividade Vigorosa 66
4.2.2.2.1.8.3. Critérios de Freqüência e Duração
66
4.2.2.2.1.8.3.1. Sedentário 66
4.2.2.2.1.8.3.2. Insuficiente Ativo A 67
4.2.2.2.1.8.3.3. Insuficiente Ativo B 67
4.2.2.2.1.8.3.4. Ativo 67
4.2.2.2.1.8.3.5. Muito Ativo 67
4.2.2.2.1.9. Preenchimento do questionário de ingestão alimentar e atividade física 67
4.2.2.2.1.10. Atividades desenvolvidas com os pais das crianças e adolescentes com síndrome de Down
67
4.2.2.3. Terceira Fase
68
5. RESULTADOS 69 6. DISCUSSÃO 79 7. CONCLUSÕES 88 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 90 9. ANEXOS 103 10. APÊNDICES 109
Capítulo Único 20
1. CAPÍTULO ÚNICO
Capítulo Único 21
ARTIGO DE REVISÃO:
Indicadores do diagnóstico de obesidade em crianças e adolescentes com síndrome de
Down
Diagnostic indicators of obesity in Children and Adolescents with Down Syndrome
Autores: Juan Eduardo Samur San Martin1, Roberto Teixeira Mendes2, Gabriel Hessel3
Revista em que foi submetido o artigo: Revista Paulista de Pediatria
1 Aluno do Curso de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente do
Departamento de Pediatria, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). 2 Professor Assistente Doutor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências
Médicas da Unicamp. 3.Professor Associado do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências
Médicas da Unicamp.
Endereço de Correspondência:
Juan Eduardo Samur San Martin
Rua Albatroz, 65 bloco F4 Apto. 23 – Jardim Londres
CEP: 13061-371 – Campinas/SP
E-mail: juansamur@yahoo.com.br
Capítulo Único 22
RESUMO
Objetivo: Apresentar uma revisão dos indicadores diagnósticos de obesidade em
crianças e adolescentes com síndrome de Down.
Fonte de dados: Levantamento dos artigos realizado pela base de dados Medline,
Lilacs e Scielo. Os termos de busca utilizados foram: síndrome de Down, Trissomia 21,
relacionados com avaliação antropométrica, tabelas de crescimento, obesidade em
crianças e adolescentes.
Síntese dos dados: A obesidade é considerada como uma epidemia que acomete
também crianças e adolescentes com síndrome de Down e o seu diagnóstico é
dificultado por haver variabilidade em diferentes estudos dos índices antropométricos.
As pesquisas efetuadas em diferentes países revelaram que há um déficit da altura das
crianças e adolescentes com síndrome de Down quando comparadas com os dados
das tabelas publicadas pelo National Center for Health Statistics em todas as faixas-
etárias e em ambos os sexos, mas com variabilidade de intensidade. O estudo de
Mustacchi realizado em São Paulo com 174 crianças com síndrome de Down, revelou
um déficit importante de estatura aos 8 anos tanto em meninas como em meninos
quando comparou seus resultados com as curvas do National Center for Health
Statistics. Em relação ao peso, não observou diferença no sexo masculino aos 8 anos,
mas houve déficit significativo no sexo feminino.
Conclusões: Os dados antropométricos disponíveis em curvas pôndero-estaturais são
considerados relativos a uma determinada população e revela suas características
específicas porque expressam a influência dos fatores ambientais e determinantes
genéticos daquela população. Portanto, há necessidade de se definir curvas de padrão
de referência para crianças e adolescentes com síndrome de Down em diferentes faixas
etárias, regiões e etnias.
Palavras-chave: Síndrome de Down; obesidade, crescimento, peso, estatura,
antropometria.
Capítulo Único 23
ABSTRACT
Objective: Present a review of obesity diagnostic indicators in children and adolescents
with Down Syndrome.
Data Source: Articles research on Medline, Lilacs and Scielo databases, the search
terms used were: Down syndrome, Trissomy 21, Anthropometric evaluation, growth
charts, obesity on children and adolescents.
Data Synthesis: Obesity is considered an epydemy that also affect children and
adolescents with Down syndrome and its diagnostic is difficult because of the variability
on different studies of anthropometric indexes. Studies performed on different countries,
revealed that there are a deficit on the height of children and teenagers with Down
syndrome when compared to the data on the tables published by the National Center for
Health Statistics on all ages and on both genders, but with differences on intensity. A
study from Mustacchi realized in São Paulo with 174 children with Down syndrome,
revealed an important deficit on height when they are 8 years old on boys and girls when
he compared his results to the charts of the National Center for Health Statistics.
Regarding weight, no difference was found on male gender at age 8, but there was an
important deficit on female gender.
Conclusions: The anthropometric data available on weight and height charts are
considered relative to a determined population and reveals its specific characteristics
because they express an influence on environmental factors and genetic determinants
of that population. Thus, there is a necessity to define standard reference charts for
children and adolescents with Down syndrome on different ages, regions and ethnic
groups.
Key-words: Down syndrome, obesity, growing, weight, stature, anthropometry.
Capítulo Único 24
1. INTRODUÇÃO
O nome dado à síndrome de Down (SD) deve-se ao reconhecimento atribuído
ao pesquisador/estudante de medicina John Langdon Down que no ano de 1866
descreveu com clareza os pontos cardinais da síndrome, vindo a denominá-la de
mongolismo devido aos ligeiros traços faciais, semelhantes aos povos orientais. Porém,
Stratford destaca que o termo mongolóide, começou a ser muito criticado pelos
cientistas japoneses, chineses e mongóis que o consideravam ofensivo sendo
suprimido já na década de 70 pelos médicos e periódicos científicos. A sua incidência é,
em média, de 1 (um) a cada 700 nascimentos e acomete todas as raças e grupos sócio-
econômicos. A sua ocorrência aumenta de acordo com a idade materna, e o
diagnóstico é confirmado pelo exame do cariótipo 1-16.
A SD é considerada uma anomalia genética autossômica, resultante da
trissomia do cromossomo 21, e os portadores apresentam um dos seguintes tipos: a
trissomia livre ou não-disjunção, que é a mais comum (encontra-se em 95% dos
indivíduos afetados), ocorre em todas as células e é constituído de 47 cromossomos,
sendo que este cromossomo extra pode proceder da mãe ou do pai; trissomia por
translocação (acomete em aproximadamente 2% a 3% dos afetados) e nesse tipo o
cromossomo extra está associado a outro cromossomo, geralmente o cromossomo 14
ou a outro cromossomo 21; e o mosaicísmo do cromossomo 21 (varia entre 1% e 2%
dos casos), ocorre após a fertilização nas primeiras divisões celulares, e em parte das
células do indivíduo 1-16.
1.1. Obesidade e Síndrome de Down
A obesidade é vista atualmente como uma epidemia mundial, que acomete
crianças, adolescentes, adultos e idosos, sendo reconhecida como um dos maiores
problemas de saúde pública no mundo. A OMS descreve a obesidade como uma
doença crônica que se caracteriza pelo excesso do tecido adiposo no organismo e a
sua ocorrência facilita o aparecimento das diferentes alterações: dislipidemias, afecções
pulmonares, diabetes melitus, alguns tipos de câncer, problemas renais, doença da
Capítulo Único 25
vesícula biliar, problemas nas articulações, músculos, hipertensão arterial e alterações
endócrinas. 17-22.
A etiologia da obesidade ainda não está totalmente definida, mas fatores
genéticos, bioquímicos, metabólicos, psicossociais e culturais contribuem para sua
gênese. Pode ser classificada quanto a sua origem em: endógena, que afeta 5% dos
casos e está relacionada a fatores genéticos, endócrinos, metabólicos e
neuropsicológicos; exógena, que acomete 95% dos casos e está relacionada com
fatores de origem comportamental, dietética e ambiental 19-22.
Em relação à etiologia, Schwatzman relata que não há total esclarecimento
sobre as causas da obesidade na SD, mas os seguintes fatores devem contribuir:
hábitos alimentares inadequados, ingestão calórica excessiva, menor taxa do
metabolismo basal, hipotonia muscular, baixo índice da pratica de atividade física.
Algumas doenças secundárias que acometem os indivíduos com SD, também podem
contribuir para o aumento de peso, tais como: hipotireoidismo não controlado,
anomalias intestinais, problemas ortopédicos e a apnéia do sono 1-16.
Por outro lado, Giaretta et al.23 apontam os pais como responsáveis pela
obesidade ou sobrepeso nas crianças com SD ao compensarem as vontades dos seus
filhos dando total liberdade na hora da alimentação, o que pode acarretar em sérios
problemas de saúde na infância, adolescência e na vida adulta.
Mendonça e Pereira 24 apontam que no passado, diversos pesquisadores
atribuíram o elevado índice de prevalência de obesidade e sobrepeso em indivíduos
com SD de ambos os sexos devido ao uso confuso das classificações de IMC, quando
classificados pelas diretrizes convencionais, já que os mesmos se diferenciam na
composição corporal em relação à população sem a prevalência da síndrome.
No entanto, na literatura especializada não se encontram estudos consistentes
que abordem os indicadores de diagnostico nutricional e a etiologia da obesidade na
SD.
Capítulo Único 26
2. FONTE DE DADOS
Revisão dos estudos sobre síndrome de Down, Trissomia 21, relacionados com
avaliação antropométrica, tabelas de crescimento, obesidade em crianças e
adolescentes, sendo esses termos digitados nos idiomas Inglês, Português e Espanhol
nas bases de dados Medline, Lilacs e Scielo. Adicionalmente, alguns livros foram
empregados como referências bibliográficas.
3. REFERÊNCIAS ANTROPOMÉTRICAS NA SÍNDROME DE DOWN
As crianças com SD apresentam um déficit no crescimento que pode iniciar-se
no período pré-natal. Após o nascimento, a taxa de crescimento sofre uma redução de
20% do 3º ao 36º mês de vida para ambos os sexos; de 5% dos 3 aos 10 anos para
meninas e de 10% dos 3 aos 12 anos para meninos. Na faixa etária dos 10 aos 17
anos, para o sexo masculino e feminino, a taxa de crescimento se reduz para 50% e
27% respectivamente. Tal redução no crescimento linear resulta na baixa estatura que
demanda menor ingestão calórica e também pode interferir no cálculo do IMC para o
diagnóstico de obesidade 6,9-16.
Os estudos apresentados a seguir trazem o panorama da tentativa de
estabelecer padrões de crescimento da criança e do adolescente com SD e analise
critica dos indicadores de diagnostico de obesidade e sobrepeso nessa população.
3.1. Na América do Norte
Nos Estados Unidos, no ano de 1978, Cronk10 realizou um estudo com 90
crianças com SD, do nascimento até os 3 anos de idade em que avaliou o comprimento
e o peso. Verificou que ao nascer tanto no comprimento como no peso houve um déficit
de 0,5 desvio padrão (DP) da média em relação ao grupo controle. Com 3 anos de
idade, o déficit do comprimento foi de 2DPs da média e déficit de peso de 1,5DPs da
média em relação ao grupo controle. Observou também que a velocidade do
Capítulo Único 27
crescimento, calculada em intervalos de 6 meses, foi deficiente em todos os intervalos,
principalmente entre 6 e 24 meses. Dessa forma, 30% das crianças apresentavam
excesso de peso em relação ao comprimento aos 3 anos de idade.
No ano de 1988, Cronk et al.11 aplicaram um estudo transversal para delinear
os índices de peso, estatura e crescimento em 730 crianças e adolescentes americanos
de 1 até 18 anos com SD, que posteriormente foram adotados pelo Center for Disease
Control and Prevention (CDC) e o National Health Nutrition Examination Survey
(NHANES) desse país. Foram elaboradas tabelas de percentil (P) de peso/idade,
estatura/idade e do perímetro cefálico por idade, possibilitando assim diagnosticar o seu
estado nutricional. A origem das amostras foi de 5 diferentes clínicas ou por dados
obtidos de prontuários, e foi baseada em 4650 observações. Por meio das avaliações,
concluíram que as crianças com SD apresentaram semelhança com as crianças sem a
síndrome na evolução do ganho de peso, desde a infância até a adolescência, mas
demonstraram durante o período de desenvolvimento redução na velocidade do
crescimento na comparação entre ambas, acreditando-se ser esta a fundamentação
para justificar o aparecimento do sobrepeso e/ou da obesidade. Compararam a média
da altura das crianças com SD com os dados das tabelas publicadas pelo National
Center for Health Statistics (NCHS) e constataram uma diferença estatisticamente
significativa na média da altura em todas as faixas-etárias e em ambos os sexos –
sendo que os índices de altura nas meninas com SD estavam entre 1,5-2,5DPs abaixo
da média até os 12 anos e inferior a 3DPs abaixo da média entre 12 e 17 anos. Nos
meninos, os valores de altura se situaram entre 2-3DPs abaixo da média até 13 anos e
entre 2-4DPs abaixo da média após essa idade. Posteriormente, essas tabelas foram
muito utilizadas como referência por pesquisadores de vários países e constantemente
citadas na literatura especializada.
No entanto, Styles et al.12 fizeram uma critica no estudo realizado pela equipe
de Cronk, enfatizando que a amostra da pesquisa não representa a população de
crianças americanas com SD porque não excluiu importantes doenças como as da
tiróide e cardiopatias, assim como a idade gestacional e também que não foi elaborada
nenhuma tabela com a relação peso/estatura.
Capítulo Único 28
3.2. Na Europa
Por muito tempo, na Inglaterra assim como em outros países da Europa, as
tabelas de corte elaboradas por Cronk et al. (1988) são ou foram utilizadas como
modelo padrão de referência para se avaliar o peso/idade, estatura/idade e crescimento
de crianças e adolescentes com SD. Quando os dados das avaliações européias são
comparados com as curvas americanas, os resultados demonstram diferenças o que
propicia muitas controvérsias, pois como acontece na população em geral, a altura e/ou
o peso das crianças e adolescentes com SD varia de país para país. Um exemplo é o
índice de altura de crianças com SD holandesas, em relação às americanas e italianas,
que demonstrou ser mais elevado – sendo as holandesas mais altas do que as crianças
americanas e muito mais altas que as italianas12-14.
Desta forma, em 2002, Styles et al.12 realizaram um estudo na Inglaterra,
Republica da Irlanda, Irlanda do Norte e Escócia, no qual avaliaram 1089 crianças e
adolescentes com SD – 597 do sexo masculinos e 492 do sexo feminino, desde o
nascimento até os 18 anos de idade – sendo no total 5.913 observações. Houve a
exclusão dos prematuros e de quem apresentou alguma cardiopatia. Estabeleceram-se
novos padrões de referência em percentis (Ps), assim como novas curvas de
peso/idade, estatura/idade, IMC e perímetro cefálico para a idade dessa população,
sendo as curvas apresentadas em 9 divisões de Ps: 0,4;2;9;25;50;75;91;98;99,6.
Constataram: tendência para o sobrepeso, iniciando-se na infância até os 14 anos de
idade; e que 30% das crianças com 10 anos de idade apresentaram IMC acima do P91
e 20% superior ao P98 em relação à população geral.
Na Espanha, a Fundação Catalã de Síndrome de Down no ano de 1998
elaborou as primeiras tabelas de crescimento para crianças e adolescentes espanholas
com SD. Essas referências de altura e peso foram substituídas por uma nova versão
em 2004, com a utilização metodológica e estatística mais adequada e apropriada, que
assegurou maior precisão nas novas curvas. Esse estudo foi realizado por Pastor et
al.15 e abrangeu um número de 1718 crianças de ambos os sexos, desde seu
nascimento até os 15 anos e os resultados passaram a ser utilizadas como novos
parâmetros para estimar e avaliar o crescimento de crianças e adolescentes espanhóis
Capítulo Único 29
com a síndrome – tendo como curvas os Ps: 3; 10; 25; 50; 75; 90 e 97 e como
parâmetros: peso, idade, peso/idade, estatura/idade e perímetro cefálico/idade. Essas
curvas vêm sendo empregadas tanto na Espanha como em alguns países latino
americanos sendo mais adequadas para o diagnostico de sobrepeso e obesidade.
Como exemplo, os estudos de Pinheiro et al. em 116 crianças com SD no Chile
observou que empregando a curva NCHS, obteve 0,9% de sobrepeso, empregando a
curva de Cronk et al. obteve 1,7% e empregando a curva da FCSD obteve 17,2% de
sobrepeso.
Na Suécia, em 2002, Myrelid et al.16 realizaram um estudo de antropometria
com 354 crianças e jovens com SD, de 0 a 18 anos de idade. A pesquisa se baseou em
4832 avaliações de prontuários das unidades pediátricas e foram excluídos os
pacientes que utilizaram hormônios de crescimento. Os dados antropométricos foram
comparados com as curvas americanas de Cronk et al. para a SD. A média final de
estatura para ambos os sexos foi de 2,5DPs abaixo da média da curva padrão; o IMC
observado aos 18 anos foi > 25 kg/m2 em 31% no sexo masculino e 36% no sexo
feminino. Em relação à comparação com os americanos, observou-se que as crianças
com SD do sexo masculino foram maiores do que as americanas do mesmo sexo. Por
outro lado houve pequena diferença em relação à estatura no sexo feminino. Os
pesquisadores consideraram essas alterações à diferença no tamanho das amostras
analisadas assim como à diferença étnica. Foram estabelecidas tabelas especificas
para as crianças e jovens com SD, por meio da criação de curvas para o
acompanhamento de peso, estatura, comprimento, perímetro cefálico, idade e IMC,
como também gráficos de estatura/idade, peso/idade, IMC/idade e perímetro
cefálico/idade.
Outros estudos podem ser destacados na Europa com a SD: 1) Na Sicilia
(Itália, 1990), onde Piro et al.13 elaboraram curvas de crescimento, peso/idade,
estatura/idade, comprimento/estatura e perímetro cefálico de crianças com SD de 0 a
14 anos nos anos de 1977 a 1988. Excluíram aquelas que apresentaram morbidades
associadas entre elas cardiopatias, doença celíaca, hipotireoidismo e diabetes. O
objetivo do trabalho foi desenvolver uma curva de crescimento normal para essas
crianças a fim de diagnosticar doenças que poderiam comprometer o crescimento; 2)
Capítulo Único 30
Na Holanda, onde Cremers et al.14 realizaram um estudo com 295 crianças e
adolescentes de ambos os sexos do nascimento até os 20 anos de idade com SD, num
total de 2045 avaliações. Excluíram quem apresentou doenças associadas
diagnosticadas (doença celíaca, hipotireoidismo e doença congênita do coração). A
pesquisa foi publicada em 1996 e criou indicadores de peso, estatura e peso/estatura
por idade e sexo. Observaram que essas crianças foram maiores do que as americanas
com SD (P50 = P75) mas elas foram menores 2DPs do que as crianças holandesas
sem a síndrome.
3.3. Na America do Sul
Na Argentina, Altamirano et al.27, avaliaram crianças do nascimento até 1 ano
de vida, nos anos de 1996 a 1998. No estudo se obteve a curva peso/idade,
comprimento/idade e perímetro cefálico. Quanto ao crescimento das crianças,
observaram que foi adequado quando comparado com as curvas americanas para a
SD.
No Brasil, como os parâmetros americanos não comportavam a realidade da
população brasileira, o pesquisador/médico Mustacchi6, num estudo longitudinal de
1980 até 2000, avaliou o perímetro cefálico, peso e estatura de 174 crianças
caucasianas com SD de um dia de vida até os 8 anos residentes na região urbana de
São Paulo, e elaborou índices de peso/idade, estatura/idade e perímetro cefálico/idade.
Esse autor relatou a inexistência de padrões de referência de peso, estatura e
perímetro cefálico no país, relacionados à SD. A partir dos dados obtidos, o
pesquisador efetuou a comparação com os valores de referência do NCHS para
crianças do nascimento até os 8 anos de idade. Os resultados são apresentados na
tabela 1 e 2.
[inserir tabela 1}
[inserir tabela 2]
Capítulo Único 31
Quando fez a comparação dos seus dados de peso e estatura com os valores
obtidos por Cronk et al observou variação entre as faixas etárias e entre os gêneros
(Tabela 3 e 4)
[inserir Tabela 3]
[inserir Tabela 4]
No Chile, em 2003, Pinheiro et al.28 realizaram um estudo para tentar
determinar quais das curvas americanas ou espanholas poderiam ser mais apropriada
para a população chilena com SD. Avaliaram crianças de 3 meses até 18 anos, sendo
no total 116 de ambos os sexos, tendo como indicadores peso/idade, estatura/idade e
IMC para a idade. Observaram que a curva espanhola da Fundação Catalã de
Síndrome de Down foi a mais apropriada para discriminar déficit e excessos, por ser
estabelecida para a população latina.
3.4. No Oriente Médio
Na Arábia Saudita, destaca-se o estudo realizado por Al-Husain29 com 785
crianças, que estabeleceu curvas de peso, comprimento/estatura, perímetro cefálico
para crianças de 0 a 5 anos de idade com SD. Quando realizou a comparação com
crianças da mesma idade sem a síndrome, constatou que nas crianças com SD houve
a prevalência de obesidade assim como déficit no seu crescimento, atribuindo esses
índices às dificuldades motoras, aos problemas de mastigação (devido à hipotonia
facial) e ao excesso na alimentação. Destacou que o déficit de peso é mais freqüente
em crianças menores de 2 anos com SD, havendo uma preponderância para o
sobrepeso depois dos 3 anos.
Na tabela 5, há um resumo dos principais estudos em diferentes países.
[inserir Tabela 5]
Capítulo Único 32
4. CONCLUSÕES
1. Os dados antropométricos disponíveis em curvas pôndero-estaturais são
considerados relativos a uma determinada população e revela suas características
específicas porque expressam a influência dos fatores ambientais e determinantes
genéticos daquela população.
2. Por apresentarem crescimento menor do que as crianças sem síndrome, os
portadores de SD requerem menos calorias e nutrientes para o seu metabolismo
energético e esse é um dos fatores importantes na gênese da obesidade.
3. Há necessidade de se definir curvas de referência para crianças e
adolescentes com SD para identificar desvios do seu próprio padrão de crescimento.
4. Para as crianças brasileiras com SD, há necessidade de elaboração de
curvas de referência em diferentes faixas etárias e em diferentes regiões com variação
étnica.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Schwartzman JS. Síndrome de Down. 2ª. Ed. São Paulo: Memnon; 2003
2. Stratford B. Síndrome de Down: Passado, presente y futuro. Colônia Del Valle,
México: Diana,1999.
3. Siegfried MP e colaboradores. Síndrome de Down: guia para pais e educadores. 8ª.
Ed. Campinas-SP: Papirus, 2003.
4. Déa VHSD, Duarte E. Síndrome de Down: informações, caminhos e histórias de
amor. São Paulo: Phorte, 2009.
5. Kaminker P, Armando R. Síndrome de Down. Primera parte: Enfoque clínico-
genético. Arch Argent Pediatr 2008; 106(3): 249-59.
Capítulo Único 33
6. Mustacchi Z. Curvas de padrão pondero-estatural de portadores de síndrome de
Down procedentes da região urbana da cidade de São Paulo. Tese de Doutorado.
Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo (SP),
2002.
7. Moreira LMA, El-Hani CN, Gusmão FAFA. A síndrome de Down e sua patogênese:
considerações sobre o determinismo genético. Rev Bras de Psiquiatr, 2000; 22(2):96-9
8. Balic MG. Síndrome de Down y Respuesta al Esfuerzo Físico. Tesis de Doctorado.
Escola de Medicina de l’Educació Física i l’Esport. Departamento de Ciencias
Morfológicas. Barcelona (Espanha), 2000.
9. Silva DL da, Santos JAR dos, Martins CF. Avaliação da Composição Corporal em
Adultos com síndrome de Down. Arquivos de Medicina, 2006; 20(4):103-10.
10. Cronk CE. Growth of children with Down's syndrome: birth to age 3 years.
Pediatrics, 1978; 61:564-68.
11. Cronk C, Crocker AC, Pueschel SM, Shea AM, Zackai E, Pickens G et al. Growth
charts for children with Down syndrome: 1 month to 18 years of age. Pediatrics, 1988;
81:102-10
12. Styles ME, Cole TJ, Dennis J, Preece MA. New cross sectional stature, weigth, and
head circumference references for Down’s syndrome in the UK and Republic of Ireland.
Arch Dis Child, 2002;87:104-8.
13. Piro E, Penninno C, Cammarata M, Corselho G, Grenci A, Lo Giudice C et al.
Growth charts of Down syndrome in Sicily: evaluation of 382 children 0-14 years of age.
Amer Journ Med and Genet, 1990; 7:66-70.
Capítulo Único 34
14. Cremers JG, Tweel I van der, Boersma B, Wit JM, Zonderlan M. Growth curves of
Dutch children Down’s syndrome. J Intell Disabil Res, 1996; 412-20.
15. Pastor XD, Quintó LD, Corretger MC, Gassió RS, Hernández MM, Seres AS. Tablas
de crecimiento actualizadas de los niños españoles con síndrome de Down. Rev Med
Int sobre Síndrome de Down, 2008; 8(3):34-46.
16. Myrelid A, Gustafsson J, Ollars B, Annerén G. Growth charts for Down’s syndrome
from birth to 18 years of age. Arch Dis Child, 2002;87:97-103.
17. WHO. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO
consultation on obesity in Geneva 3-5, 1997. Geneva: WHO, 1998
18. WHO. Inforrme sobre la Salud en el Mundo: Reducir los riesgos y promover una
vida sana. Publicación oficial, 2003.
19. Bouchard C. Atividade Física e Obesidade. Barueri: Manole, 2003.
20. Dâmaso A. Nutrição e exercício na prevenção de doenças. Rio de Janeiro: MEDSI,
2001.
21. Dâmaso A. Obesidade. Rio de Janeiro, MEDSI, 2003
22. Fisberg M. Atualização em obesidade na infância e adolescência. São Paulo:
Atheneu, 2005.
23. Giaretta A, Ghiorzi AR. O ato de comer e as pessoas com síndrome de Down. Rev
Brás Enferm, 2009; 62(3):480-84.
24. Mendonça V, Pereira FD. Medidas de composição corporal em adultos portadores
de Síndrome de Down. Rev Brás Educ. Fis Esp, São Paulo, 2008; 22(3):201-10.
Capítulo Único 35
25. Costa RF. Composição Corporal: teoria e prática da avaliação. Barueri: Manole,
2001.
26. Kiss MA PD. Esporte e Exercício: Avaliação e Prescrição. São Paulo: Roca, 2003.
27. Altamirano E, Aspres N, Rittler M, Schapira I. Seguimiento de niños com síndrome
de Down: Grupo At.i.e.n.do (Atención Interdisciplinar em niños Down): Estúdio
Preliminar. Rev Hosp Mat Inf. Ramon Sarda, 2000; 19(2): 67-71.
28. Pinheiro ACF, Urtega CR, Cañete GS, Atalah ES. Evaluación Del estado nutricional
em niños com síndrome de Down según diferentes referencias antropométricas. Rev
Chil de Pediatr, 2003; 4(6): 585-589.
29. Al Husain M. Growth charts for children with Down's syndrome in Saudi Arabia: birth
to 5 years. Int J Clin Pract 2003; 57:170-4.
Capítulo Único 36
Tabela 1 - Comparação de estatura em desvio padrão das crianças com Síndrome de Down de
0 a 8 anos de idade (Mustacchi x NCHS).
Idade
Sexo Masc. 0-1anos 1-2anos 2-3anos 3-4anos 4-5anos 5-8anos
Resultado
-2DPs
-1DP
-1DP a
-2DPs -2DPs -3DPs
Sexo Fem. 0-1anos 1-2anos 2-3anos 3-4anos 4-5anos 5-8anos
Resultado Normal -1DP
a -2DPs
-1DP
-2DPs a
-3DPs
Capítulo Único 37
Tabela 2 - Comparação do peso em desvio padrão das crianças com Síndrome de Down de 0 a
8 anos de idade (Mustacchi x NCHS).
Idade
Sexo Masc. 0-1 ano 1-2anos 2-3anos 3-4anos 4-5anos 5-6anos 6-7anos 7-8anos
Resultado
-2DPs a
-3DPs
-2DPs e
-1DP -1DP
Sem ≠
Sexo Fem. 0-1 ano 1-2anos 2-3anos 3-4anos 4-5anos 5-6anos 6-7anos 7-8anos
Resultado
-1DP a – 3DPs -2DPs a -1DP -1DP -1DP a -3DP
Capítulo Único 38
Tabela 3 – Comparação da estatura em desvio padrão das crianças com Síndrome de Down de
0 a 8 anos de idade (Mustacchi x Cronk et al.).
Idade
Sexo Masc. 2-3anos 3-4anos 4-5anos 5-6anos 6-7anos 7-8anos
Resultado
+ 1DP Sem ≠
Sexo Fem. 2-3anos 3-4anos 4-5anos 5-6anos 6-7anos 7-8anos
Resultado
+ 1DP Sem ≠
Capítulo Único 39
Tabela 4 - Comparação do peso em desvio padrão das crianças com Síndrome de Down de 0
a 8 anos de idade (Mustacchi x Cronk et al.).
Idade
Sexo Masc. 0-1 ano 1-2anos 2-3anos 3-4anos 4-5anos 5-6anos 6-7anos 7-8anos
Resultado
Sem ≠ Sem ≠
Sexo Fem. 0-1 ano 1-2anos 2-3anos 3-4anos 4-5anos 5-6anos 6-7anos 7-8anos
Resultado
- 1DP Sem ≠ - 1DP - 2DPs
Capítulo Único 40
Tabela 5 – Descrição dos principais estudos relacionados com o crescimento de crianças e
adolescentes com síndrome de Down.
Pesquisadores País
An
o
$ a
most
ra
Idade
Avaliação
$º
de
ob
serv
açõ
es
Per
ímet
ro C
efá
lico
Pes
o/I
da
de
Est
atu
ra/I
da
de
IMC
/id
ad
e
Com
pri
men
to/i
da
de
Cronk EUA 1978 90 0 a 3 anos - - x x - x
Cronk et al. EUA 1988 730 1mês a 18 anos 4650 x x x - x
Styles et al. Reino Unido e República da
Irlanda 2002 1089 0 a 18 anos 5913 x x x x x
Pastor et al. Espanha 2004 1718 0 a 15 anos - x x x - x
Myrelid et al. Suécia 2002 354 0 a 18 anso 4832 x x x x x
Piro et al. Itália 1990 382 0 a 14 anos 1464 x x x - x
Cremers et al. Holanda 1996 295 0 a 20 anos 2045 - x x - x
Altamarino et al. Argentina 2000 - 0 a 1 ano - x x - - x
Mustacchi Brasil 2002 174 0 a 8 anos 4005 x x x - -
Pinheiro et al. Chile 2003 116 3 meses aos 18
anos - - x x x x
Al-Husain Arábia Saudita 2003 785 0 a 5 anos - x x x - x
Antecedentes da literatura 41
2. ANTECEDENTES DA LITERATURA
Antecedentes da literatura 42
2.1. Síndrome de Down
O nome dado à síndrome de Down (SD) deve-se ao reconhecimento atribuído
ao pesquisador/estudante de medicina John Langdon Down (apud Stratford, 1999) que
no ano de 1866 descreveu com clareza os pontos cardinais da síndrome vindo a
denominá-la de mongolismo devido aos ligeiros traços faciais, semelhantes aos povos
orientais. Porém, Stratford destaca que o termo mongolóide, começou a ser muito
criticado pelos cientistas japoneses, chineses e mongóis que o consideravam ofensivo
sendo suprimido na década de 70 pelos médicos e periódicos científicos (Stratford,
1999; Mustacchi; 2002; Schwartzman et al., 2003; Siegfried, 2003; Déa e Duarte, 2009).
A incidência da SD é, em média, de 1 (um) a cada 700 nascimentos e acomete
todas as etnias e grupos sócio-econômicos. A sua ocorrência aumenta de acordo com a
idade materna e o diagnóstico é confirmado pelo exame do cariótipo (Stratford, 1999;
Pogribna et al 2001; Mustacchi, 2002; Schwartzman et al., 2003; Siegfried et al., 2003;
Lopes et al., 2006; Silva e Kleinhans, 2006; Déa e Duarte, 2009). No Brasil, de acordo
com os dados do IBGE (Censo de 2000), há em torno de 300 mil pessoas com SD, com
expectativa de vida de 50 anos de idade (Lima et al, 2009).
A SD é considerada uma anomalia genética autossômica, resultante da
trissomia do cromossomo 21 e os portadores apresentam um dos seguintes tipos: a
trissomia livre ou não-disjunção, que é a mais comum (encontra-se em 95% dos
indivíduos afetados), ocorre em todas as células e é constituído de 47 cromossomos,
sendo que este cromossomo extra pode proceder da mãe ou do pai; trissomia por
translocação (acomete em aproximadamente 2% a 3% dos afetados) e nesse tipo, o
cromossomo extra está associado a outro cromossomo, geralmente o cromossomo 14
ou a outro cromossomo 21; e o mosaicísmo do cromossomo 21 (varia entre 1% e 2%
dos casos), ocorre após a fertilização nas primeiras divisões celulares, e em parte das
células do indivíduo (Stratford, 1999; Moreira et al, 2000; Guerra, 2000; Mustacchi,
2002; Schwartzman et al., 2003; Siegfried et al., 2003; Freeman et al., 2007; Lopes et
al, 2008; Kaminker et al, 2008; Déa e Duarte, 2009; Ghosh, 2009).
Antecedentes da literatura 43
2.1.1. Um breve histórico da SD
Alguns estudiosos e pesquisadores acreditam que a primeira observação da
SD tenha sido datada dos tempos dos Olmecas que habitaram o Golfo do México
aproximadamente de 1500 a.C. a 300 d.C., pois foi por meio das descobertas
arqueológicas de alguns utensílios desse povo, que se encontraram esculpidas nas
esculturas e desenhos, representações da face semelhantes às características faciais
de uma pessoa com SD. Entretanto, não há noticias de descobertas de esqueleto
humano nesse período que possam contestar ou afirmar tais informações (Stratford,
1999; Schwartzman et al., 2003; Siegfried et al. 2003; Déa e Duarte, 2009).
Outro registro antropológico que se deve destacar, em relação à SD, foi a
descoberta em escavações de um crânio saxônico, datado do século VII, que
apresentava características estruturais modificadas semelhantes às encontradas com
freqüência nas crianças com SD (Stratford, 1999; Schwartzman et al., 2003; Siegfried et
al., 2003; Déa e Duarte, 2009).
Aprofundando-se ainda mais na história, tanto na Idade Média, na Renascença
e em algumas civilizações antigas da Europa, destacando-se a Grécia, crianças que
nasciam com problemas de saúde, com alguma anomalia ou com deficiência eram
vistas como desgraça, não humanos ou filhos do diabo, sendo expostas à morte em
situações totalmente selvagens e desumanas. Nesses períodos, acredita-se que houve
a caracterização da SD por meio de obras de arte, em pinturas realizadas por artistas
como Mantega, Filippo Lippi, Jacob Jordeans e Castillo Hradek (Stratford, 1999;
Schwartzman et al., 2003; Siegfried et al., 2003; Déa e Duarte, 2009).
2.1.2. Primeiros estudos médicos e científicos sobre a SD
A primeira descrição sobre a SD foi provavelmente realizada pelo médico
Francês Jean-Etienne-Dominique Esquirol que fez referências em um dicionário médico
publicado em 1838, “Maladies Mentales” e o “Dictionaire dês Sciences Médicales”.
Acredita-se que Robert Chambers, firme defensor da teoria da Degeneração e autor do
livro “The Vestiges of the Natural History of Creation” em 1844, foi quem se referiu ao
termo “idiota do tipo mongolóide”, como também escreveu uma alusão errada a respeito
Antecedentes da literatura 44
da SD, dizendo que pais com parentesco demasiado próximo tendem a ter filhos do tipo
mongolóide. Nos anos de 1846 e 1866, Jean-Marc Itard (contemporâneo de Esquirol) e
Édouard Séguin (discípulo de Itard) conhecido como o apóstolo dos idiotas,
caracterizaram os traços clínicos da SD (Stratford, 1999; Schwartzman et al., 2003;
Siegfried et al., 2003; Visootsak e Sherman, 2007; Laffaire, 2008; Déa e Duarte, 2009).
Em um clima político, científico e social onde imperava a supremacia britânica,
John Langdon Down, em Londres, no ano de 1866, publicou no London Hospital
Reports a classificação das diferentes manifestações de deficiência mental –
“Observations on an ethnic classification of idiots” – cuja obra foi elaborada com as suas
investigações realizadas no Hospital de Earlsfield. No seu estudo, descreveu cinco
classes de pacientes, dando destaque à classe mongólica, detalhando minuciosamente
as características do paciente, desde sua pele, cabelo, face e estado mental que
atualmente são conhecidas na SD (Stratford, 1999; Schwartzman et al., 2003; Siegfried
et al., 2003; Déa e Duarte, 2009).
Em 1876, Fraser e Michel (apud Stratford, 1999) publicaram um trabalho com
as primeiras ilustrações médicas sobre a SD e chegaram às mesmas conclusões de
Langdon Down. Em 1877, Willian Ireland consegue demonstrar a diferença entre as
conotações de “idiota mongolóide” e “idiota cretinóide” (apud Schwartzman et al, 2003).
Anos mais tarde, entre 1880 e 1952, cientistas e pesquisadores buscaram por
meio de teorias, a etiologia da SD. Esses estudos tentaram vincular alguma doença
como agente causador (tuberculose, sífilis, alcoolismo, desequilíbrio endócrino e o
estresse emocional), como também relacionavam os problemas no aparelho reprodutor
feminino para tal acontecimento (apud Stratford, 1999).
2.1.3. Causa genética
Na década de 30, a comunidade cientifica começou a questionar se a SD era
um problema cromossômico. Nessas pesquisas, destacaram-se cientistas como
Waardenburg e Bleyer, Turpin, Penrose e Fanconi. No ínicio da década de 50, ainda
não havia consenso a respeito da quantidade de cromossomos numa célula. Contudo, a
cientista Mittwoch (apud Mikkelsen, 1971), ao investigar minuciosamente a quantidade
Antecedentes da literatura 45
de cromossomos presentes nas células do ser humano numa placa fotográfica, deduziu
que não podia haver uma conta exata dos cromossomos, mas que em muitas células
havia aproximadamente a cifra de 48 cromossomos (sendo 23 pares autossômicos e
um par X-Y). Possivelmente, Mittwoch foi a primeira a observar, mesmo sem perceber,
o tal cromossomo extra na SD. Mas, foi somente em 1959 que o cientista francês
Jérome Lejeune e seus colaboradores Gauthier e Turpin se aproximaram de um
resultado satisfatório, avaliando três jovens com SD, no qual conseguiram encontrar a
quantidade de 47 cromossomos em cada um dos três, porém, fizeram ressalvas às
suas observações. Sete semanas após, Lejeune e sua equipe encontraram na maioria
das células examinadas de nove crianças com SD a quantidade de 47 cromossomos e
explicaram que talvez tivesse ocorrido a não-disjunção entre o par dos cromossomos
pequenos, no momento da meiose (apud Siegfried et al, 2003).
Foi o cientista francês Lejeune quem deu o nome à síndrome de “síndrome de
Down” em homenagem a John Langdon Down médico/cientista que observou e
divulgou pessoas que possuíam características específicas em comum (Stratford, 1999;
Schwartzman et al., 2003; Siegfried et al., 2003; Déa e Duarte, 2009).
Segundo alguns autores, a SD é a causa genética mais freqüente de
comprometimento intelectual e do desenvolvimento motor (Stratford, 1999; Moreira et
al., 2000; Guerra, 2000; Pogribna et al., 2001; Mustacchi, 2002; Schwartzman et al.,
2003; Siegfried et al., 2003; Freeman et al., 2007; Lopes et al., 2008; Kaminker et al.,
2008; Déa e Duarte, 2009; Ghosh et al., 2009).
2.1.4. Características da SD
As principais características apresentadas nos indivíduos com SD são:
hipotonia, comprometimento intelectual, fáscies típica, retardo no desenvolvimento e
crescimento e a presença de diversas anomalias congênitas como cardiopatias que
acometem 40% dessa população (Stratford, 1999; Moreira et al, 2000; Guerra, 2000;
Mustacchi, 2002; Schwartzman et al., 2003; Siegfried et al., 2003; Freeman et al., 2007;
Lopes et al., 2008; Kaminker et al., 2008; Déa e Duarte, 2009; Ghosh et al., 2009).
Ainda são descritas outras características, como: braquicefalia; rosto arredondado;
Antecedentes da literatura 46
língua hipotônica (protusa); prega epicântica; fissura palpebral oblíqua; pavilhão
auricular menor; nariz pequeno; boca e dentes pequenos e prega palmar transversal.
2.2. Obesidade
Conforme os dados fornecidos pela International Obesity Task Force (IOTF) e
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo, houve um acréscimo de
freqüência de obesidade em crianças, jovens e adultos, sendo considerada uma
epidemia mundial (WHO, 1998; WHO, 2003; Task Force, 2005; WHO, 2006).
A obesidade é definida como excesso de gordura corporal, sendo considerada
uma doença crônica, complexa, de etiologia multifatorial e metabólica caracterizada
pelo desequilíbrio entre o consumo calórico e a redução no gasto energético (balanço
energético positivo). Sua ocorrência pode ser decorrente de fatores genéticos,
ambientais e comportamentais (Dâmaso, 2003 Sotelo et al., 2004; Barbosa, 2004;
Guedes et al., 2005; OMS, 2006; Rech et al., 2007; Setian et al., 2007; Souza et al.,
2007; Benjamin et al., 2008).
O que caracteriza a obesidade além do aumento de peso corporal é também o
aumento da massa adiposa no corpo que pode resultar tanto de fatores endógenos
como exógenos (Dâmaso, 2001).
Segundo Bouchard (2003) o sobrepeso e a obesidade são problemas que
afetam crianças, adolescentes e adultos, e a sua prevalência se altera de acordo com a
idade, sexo, etnia e situação socioeconômica dos países em desenvolvimento e dos
países desenvolvidos (Bouchard, 2003).
Essa situação, seguramente decorre do modo de vida adotado pelo conjunto
da população, combinando a facilidade de acesso a alimentos altamente calóricos à
redução da movimentação espontânea, como a locomoção e a atividade física presente
no lazer.
Antecedentes da literatura 47
2.2.1. Diagnóstico da obesidade em crianças e adolescentes
Nas últimas décadas, observou-se, por meio de estudos epidemiológicos,
diminuição na prevalência da desnutrição infantil e um acréscimo da obesidade (Miller,
2004; Ricardo, 2009). Esse elevado índice de prevalência e incidência da obesidade na
população infanto-juvenil é considerado hoje como problema de saúde pública
(Tomkins, 2006; Rech et al., 2007; Panijkkaran et al., 2009). Esse fato tem gerado
grande preocupação entre os profissionais da área da saúde, mobilizando a sociedade
e o governo, na busca de se enfrentarem soluções para essa situação (Fisberg et al.,
2005).
A maioria dos estudos epidemiológicos destaca as profundas mudanças no
estilo de vida das crianças e adolescentes, como o aumento do sedentarismo
(inatividade física e baixo condicionamento físico), hábitos alimentares inadequados (de
alto conteúdo energético: gordura saturada e colesterol), assim como os fatores
ambientais e comportamentais que contribuem para esse quadro (Lima et al., 2004;
Carrel et al., 2005; Rech et al., 2007; Potestio et al., 2009; Martinez-Gomez et al.,
2009).
A obesidade infanto-juvenil está associada com uma variedade de
conseqüências adversas à saúde que se instalam nessa idade ou na vida adulta, como
comorbidades que podem incluir o diabetes mellitus tipo II, hipertensão arterial,
hiperlipidemia, hipercolesterolemia, asma, apnéia do sono, maturação precoce, baixa
auto-estima, problemas cardiovasculares e estresse psicossocial (Guillaume et al.,
1998; Miller et al., 2004; Tomkins, 2004; IOTF, 2005; WHO, 2006; Hidalgo et al., 2007;
Rech et al., 2007; Benjamin et al, 2008; Potestio et al., 2009).
Em razão disso, Serra et al. (2007) enfatizaram que avaliar a história clínica da
criança com sobrepeso e obesidade é de suma importância, pois ajuda a compreender
e identificar a etiologia, assim como quantificar a sua gravidade (Serra et al., 2007).
Em relação ao diagnóstico de sobrepeso e obesidade, tem-se adotado com
freqüência o índice de massa corporal (IMC), pela sua facilidade, praticidade e rapidez.
O IMC leva em conta o peso e a altura, onde sua equação consiste em: IMC = P: E²
(sendo P = Peso, em quilogramas; e E² = Estatura ao quadrado, representada em
Antecedentes da literatura 48
metros). Por outro lado, outras técnicas também são empregadas como as medidas das
dobras cutâneas para se verificar a distribuição da gordura corporal; a medida da
circunferência da cintura para se verificar o acúmulo da adiposidade na região
abdominal (tipo: andróides); a circunferência do quadril para se averiguar o acúmulo de
gordura glúteo-femoral (tipo: genóides) e a circunferência do braço para se conferir a
gordura não visceral (Sotelo et al., 2004; Tomkins, 2004; Mello et al., 2004; Guedes,
2006; Rech et al., 2007; Ferreira et al., 2008).
Segundo Panjikkaran et al. (2009), durante o crescimento na infância, a
gordura corporal se deposita no tecido subcutâneo e intra-abdominal. Dessa forma, a
mensuração da circunferência abdominal em crianças e adolescentes pode ser tão útil
quanto o IMC como um meio de se identificar o sobrepeso e obesidade (Panjikkaran et
al., 2009).
2.2.2. Obesidade, composição corporal e síndrome de Down
Com relação à criança e ao adolescente com SD, na literatura não se
encontram estudos consistentes que abordem a etiologia da obesidade na SD, assim
como não há medidas e indicadores para sua análise e comparações (Guerra, 2000).
Conforme Schwartzman et al., os seguintes fatores podem comprometer o
desenvolvimento e o crescimento de crianças e adolescentes com SD: retardo mental
(comprometimento intelectual) e de crescimento, hipotonia, baixo índice da prática de
atividade física, alterações anatômico-estruturais e ambientais (Schwartzman et al,
2003)
Embora não hajam respostas adequadas, alguns dados científicos apontam
que o crescimento das crianças com SD difere das crianças sem a síndrome, devido à
precocidade no início do estirão de crescimento e na redução da velocidade do seu
crescimento linear, ocasionando como conseqüência um indivíduo de baixa estatura em
relação a outro individuo sem a síndrome. Dessa forma esse déficit de crescimento
pode ser um fator contribuinte para a obesidade, já que pode estar relacionado à
redução das necessidades energéticas (Cronk, 1978; Lopes et al., 2008).
Antecedentes da literatura 49
No entanto, alguns autores, por meio de pesquisas cientificas, tentam associar
a obesidade nas crianças e adolescentes com SD ao sedentarismo, à alimentação
inadequada e à super-proteção (Pitetti, 1994; Luke et al., 1996; Kawana et al., 2000;
Lopes et al., 2006).
2.3. Composição Corporal
A composição corporal é a relação entre diferentes componentes corporais e a
massa total, sendo expressa pelo percentual de gordura e de massa magra. A
avaliação da composição corporal permite estimar o metabolismo basal, a reserva de
energia, o estado mineral da estrutura óssea, a massa protéica e o estado relativo de
hidratação, assim como permite verificar a variação na massa corpórea do tecido
muscular, adiposo e ósseo na distribuição anatômica. Por meio da avaliação da
composição corporal pode-se verificar o perfil de saúde e aptidão física de um individuo
(Costa, 2001; Heyward, 2004; Guedes e Guedes, 2006).
Outro ponto que se deve considerar em relação à avaliação da composição
corporal é que, pode-se perceber a adequação do desenvolvimento físico e crescimento
de crianças e adolescentes, assim como se observa nas crianças e jovens em geral que
os componentes corporais variam de acordo com a idade, sexo, etnia, momento e
tempo de maturação e impulso de crescimento (Costa, 2001; Guedes e Guedes, 2003;
Kiss, 2003; Guedes e Guedes, 2006).
Há varias técnicas para determinação da composição corporal, classificadas
em método direto, método indireto e método duplamente indireto.
Antecedentes da literatura 50
2.3.1. Técnicas para determinar a composição corporal
2.3.1.1. Método Direto (necropsia)
É o método normalmente utilizado para a dissecação de cadáveres, onde
ocorre a separação e a pesagem de cada um dos componentes corporais separados
(Costa, 2001; Guedes e Guedes, 2003; Kiss, 2003).
2.3.1.2. Métodos Indiretos
É a técnica em que não ocorre a manipulação dos componentes
separadamente e há três formas para se estimar a composição corporal: 1) os métodos
químicos: propõem que a massa livre de gordura indica uma constância quanto à
quantidade de alguns elementos químicos como água, potássio, carbono, nitrogênio e
outros, sendo dosados o potássio radioativo, a diluição de óxido de deutério e a
excreção de creatinina urinária; 2) os métodos bioquímicos que utilizam amostras de
sangue e urina. 3) os métodos físicos: são os baseados em técnicas que avaliam
fenômenos físicos, sendo os mais conhecidos o ultra-som, raio X, ressonância nuclear
magnética, densitometria, impedância elétrica, interactância infravermelha, tomografia
computarizada, absormetria fotônica, condutividade elétrica, pesagem hidrostática,
absortometria de raios X de dupla energia (DXA) e as medidas antropométricas. Entre
as medidas antropométricas destacam-se: as equações experimentais de densidade
corporal, massa de gordura, massa muscular e massa óssea; e o modelo matemático
da proporcionalidade (Sigulem et al., 2000; Costa, 2001; Guedes e Guedes, 2003; Kiss,
2003).
Dentre os métodos indiretos, a Bioimpedância (BIA) é uma técnica não invasiva
indolor e de fácil manuseio, de precisão relativa. A BIA baseia-se numa corrente elétrica
alternada sensorial de baixa intensidade (500-800µA – imperceptível para o corpo) e de
alta freqüência (50khz) que mede os principais componentes denominados de
Resistência, medida de oposição pura ao fluxo de corrente elétrica, em qualquer meio,
através do corpo; Reatância, que é a oposição ao fluxo da corrente elétrica causada
Antecedentes da literatura 51
pela capacitância – provocada pelas membranas citoplasmáticas; e Impedância, que é
a oposição ao fluxo da corrente elétrica no corpo, que é a conseqüência da soma
vetorial da Resistência e da Reatância (Costa, 2001; Rossi e Tirapegui, 2001; Rosada e
Bressan, 2002; Guedes e Guedes, 2003; Kiss, 2003; Heyward, 2004; Brandino e Picchi,
2007).
Já que os organismos vivos possuem voltagem, corrente e impedância, os
fluidos corporais (intracelulares e extracelulares) agem como condutores elétricos e as
membranas celulares atuam como condensadores elétricos. Os tecidos magros são
altamente condutores de corrente elétrica devido à grande quantidade de água e
eletrólitos e apresentam baixa resistência à passagem de corrente elétrica. Entretanto,
os ossos, a pele e a gordura constituem baixa condutividade apresentando elevada
resistência (Costa, 2001; Rossi e Tirapegui, 2001; Rosada e Bressan, 2002; Guedes e
Guedes, 2003; Kiss, 2003; Heyward, 2004; Brandino e Picchi, 2007).
2.3.1.3. Métodos Duplamente Indiretos
São constituídos por técnicas alternativas mais comuns, face às dificuldades
decorrentes da aplicação das outras técnicas. São responsáveis pelas medidas
antropométricas, que incluem circunferências corporais, proporções massa-estatura e
medidas de DCs. Costa (2001) afirma que os procedimentos duplamente indiretos são
validados por um método indireto, mais freqüentemente a pesagem hidrostática e a
absortometria de raios X de dupla energia (DXA) (Costa, 2001).
Porém, a conduta mais utilizada hoje em estudos de campo para a realização
da avaliação da composição corporal é a impedanciometria e a antropometria (peso,
estatura, perímetros, diâmetro ósseo e espessura de dobras cutâneas) em razão do
baixo custo, reprodutibilidade, aplicabilidade, facilidade de técnica e boa correlação com
os métodos indiretos (Costa, 2001; Guedes e Guedes, 2003; Kiss, 2003).
O método da avaliação da DC serve para medir indiretamente a espessura do
tecido adiposo subcutâneo, e por meio desta se estima a densidade corporal total para
se calcular a gordura corporal relativa (Heyward, 2004).
Antecedentes da literatura 52
A utilização das medidas da circunferência em regiões especificas do corpo,
serve para se estimar a distribuição da gordura corporal (Costa, 2001). Pela avaliação
da CC e CQ, de acordo com Guedes e Guedes (2006, p216), pode-se estimar a
quantidade de gordura de indivíduos obesos com melhor qualidade.
2.4. Atividade física e síndrome de Down
Especialistas têm procurado definir os conceitos de aptidão física, atividade
física e exercício. Ainsworth, citado por Tritschler (2003, 528p), define atividade física
como “qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta
de um gasto energético”. Essa definição compreende atividades diárias como trabalho,
transporte, lazer, cuidar dos afazeres da casa, entre outros. Barbanti (2003, 53p) define
a atividade física como “a totalidade de movimentos executados no contexto do esporte,
da aptidão física, da recreação, da brincadeira, do jogo e do exercício”. MacArdle et al.
(2008, 888p) enunciam a aptidão física como “atributos relacionados à maneira pela
qual se executa uma atividade física”, e define o exercício como “atividade física
planejada, estruturada, repetitiva e intencional” (Barbanti, 2003; MacArdle et al., 2003,
Trischler, 2003).
Segundo Goldberg e Elliot mencionados por Guerra (2000), a utilização do
exercício para prevenir e tratar doenças é um conceito muito antigo, mas recentemente
tem aumentado a evidência cientifica que reconhece seus benefícios (Guerra, 2000).
Já nas palavras de Ramos (1982, 15p) “a prática dos exercícios físicos vem da
Pré-história, afirma-se na Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamenta-se na
Idade Moderna e sistematiza-se nos primórdios da Idade Contemporânea”. Na
Antiguidade, quatro civilizações do Oriente se destacaram na utilização da atividade
física como beneficio para a saúde (exercícios terapêuticos): os hindus com a ioga, os
chineses com o kung fu, os japoneses com o jiu-Jitsu e os persas com o pólo (Ramos,
1982).
Antecedentes da literatura 53
Segundo Jacini (2007), os exercícios físicos produzem bons resultados no
sistema nervoso central, vindo sua idéia a se complementar com as palavras de
Herculano-Houzel (2006), que expõe que o exercício é bom para corpo e para a mente.
No entanto, a OMS (WHO, 2005) estima que a cada ano 1,9 milhões de
pessoas morram por causa da inatividade física, e que 2,6 milhões falecem devido ao
sobrepeso e/ou obesidade. Além disso, a OMS considera que a inatividade física e a
obesidade podem ser a causa de milhões de mortes de pessoas no mundo (Katzmarzyk
e Masson, 2008).
Para se avaliar o nível de atividade física, segundo Livingstone (1994), os
métodos habitualmente utilizados são os questionários, sensores eletrônicos de
movimento, monitor de freqüência cardíaca, e a água duplamente marcada.
Segundo Navas (2009), a principal diferença das crianças de hoje com as
crianças de algumas décadas atrás é o descaso com a atividade física. O mesmo autor
relata que o sedentarismo está intimamente ligado à obesidade infantil, devido à falta de
tempo dos pais para acompanharem as crianças no seu dia a dia (ambos trabalham
para sustentar o lar) e pela substituição das brincadeiras na rua pelos jogos eletrônicos
dentro de casa. Outro fator importante, que o mesmo autor cita, é a mudança do hábito
alimentar das crianças devido à grande oferta de alimentos gordurosos, ricos em
calorias, como batatas fritas, salsichas, hambúrgueres, que promovem a troca do prato
tradicional caseiro (com legumes, verduras, hortaliças e frutas) pelos alimentos
enlatados, fritos ou também pelo fast-food. Todas essas situações são adversas para a
saúde, que influenciam negativamente no crescimento e desenvolvimento da criança,
acarretando graves conseqüências na sua saúde nesse período, na adolescência e na
vida adulta (Navas, 2009).
Outro estudo realizado por Trost et al (2002) que avaliaram o peso das
crianças em relação à atividade física, cujos testes foram realizados por meio de
acelerômetros, câmeras de vídeo e um questionário, obtiveram como resultado que as
crianças obesas ou com sobrepeso, na idade pré-escolar, são menos ativas do que as
crianças sem obesidade ou sobrepeso. Concluíram que a inatividade física em crianças
com sobrepeso é fator predominante para ganhos adicionais de adiposidade e assim o
aparecimento da obesidade, devido ao pouco gasto de energia (Trost et al., 2002).
Antecedentes da literatura 54
Em relação à atividade física e a SD, Ordonez et al (apud Ribeiro e Rodrigues,
2009) realizaram um estudo em 22 adolescentes com SD, na faixa-etária de 16 anos de
idade, do sexo masculino. Avaliaram o percentual de gordura antes e após a execução
de um programa de atividade física, com exercícios realizados no meio líquido e em
campo, com duração de 12 semanas, sendo três sessões de uma hora por semana.
Após o final do programa verificaram que houve melhora no nível de adiposidade dos
avaliados (Ribeiro e Rodrigues, 2009).
Objetivos 55
3. OBJETIVOS
Objetivos 56
3.1. Objetivo geral
Estudar a freqüência da obesidade e seus fatores determinantes em crianças e
adolescentes que freqüentam o Centro de Educação Especial Síndrome de Down
(CEESD) na faixa etária dos 5 aos 20 anos.
3.2. Objetivos específicos
� Avaliar o índice de massa corporal das crianças e adolescentes com síndrome
de Down e de seus pais;
� Avaliar a composição corporal das crianças e adolescentes com síndrome de
Down por meio das medidas das dobras cutâneas (DCT e DCSE);
� Avaliar a composição corporal das crianças e adolescentes com síndrome de
Down por meio das medidas da circunferência da cintura;
� Avaliar a composição corporal das crianças e adolescentes com síndrome de
Down por meio da bioimpedância;
� Determinar a correlação do índice de massa corporal com as dobras cutâneas, a
circunferência da cintura e o percentual de gordura obtido por bioimpedância.
� Avaliar a ingesta calórica das crianças e adolescentes com síndrome de Down
por meio de um questionário;
� Avaliar a prática de atividade física nas crianças e adolescentes com síndrome
de Down por meio de um questionário;
� Estudar a relação entre obesidade nas crianças e adolescentes com síndrome de
Down e a ocorrência de obesidade entre seus pais.
Casuística e Métodos 57
4. CASUÍSTICA E MÉTODOS
Casuística e Métodos 58
4.1. Casuística
4.1.1. Aspectos Éticos
A pesquisa foi realizada após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, parecer nº 844/2007.
4.1.2. População
O estudo foi realizado em crianças e adolescentes com SD matriculados no
CEESD.
4.1.3. Critérios de Inclusão
Crianças e adolescentes com SD, com idade de 5 anos completos (idade
mínima para o estudo) até 20 anos de idade completos, que freqüentam o CEESD e
seus respectivos pais.
4.1.4. Critérios de exclusão
4.1.4.1. Exclusão das crianças e adolescentes com SD
Foram excluídos do estudo crianças e adolescentes com SD que:
• se apresentaram sob o uso de medicamentos, exceto o hormônio tireoidiano para
controle de hipotireoidismo;
• desistiram da avaliação no momento da coleta dos dados.
4.1.5. Amostra Final
Dos 60 matriculados no CEESD, na faixa etária de 5 até 20 anos de idade, de
ambos os sexos, 51 pais ou responsáveis autorizaram a pesquisa assinando o TCLE.
Desses 51 autorizados, quatro (educandos) se recusaram a serem avaliados porque
ficaram com medo, por já terem passado anteriormente por experiências dolorosas
Casuística e Métodos 59
provocadas por métodos invasivos em consultas e/ou internações. A amostra final foi,
portanto, de 47 crianças e adolescentes com SD que foram divididos em três sub-
grupos na análise dos resultados de IMC: A) de 5 a 10 anos de idade, B) de 11 a 15
anos de idade e C) de 16 a 20 anos de idade. Dos 47 avaliados com SD, somente 10
mães participaram das avaliações do IMC.
4.1.6. Variáveis
A pesquisa consistiu em estudar a freqüência de obesidade e fatores
determinantes. As variáveis independentes e dependentes estudadas foram:
4.1.6.1. Variáveis independentes: sexo, idade, hábitos familiares, hábitos da
criança e dos jovens, hábitos alimentares, características antropométricas e prática de
atividade física.
4.1.6.2. Variáveis dependentes: IMC, peso, estatura, composição corporal,
medidas das dobras cutâneas triciptal e subescapular e circunferência da cintura.
4.2. Método
4.2.1. Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo descritivo, com delineamento transversal, com
amostragem de conveniência, realizado no CEESD, localizado na cidade de Campinas
do estado de São Paulo.
4.2.2. Técnicas utilizadas
O projeto foi estruturado em três fases para melhor desenvolvimento das
atividades.
Casuística e Métodos 60
4.2.2.1. Primeira Fase (Aplicação)
O projeto de mestrado foi apresentado à diretoria, profissionais, pais e/ou
responsáveis com as devidas explicações do que seria desenvolvido na instituição por
meio de uma breve palestra. Após, houve a entrega do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE) e um questionário com perguntas abertas e fechadas, abordando
a identificação, os antecedentes patológicos, o nível de atividade física e a ingesta
calórica.
4.2.2.1.1. Plano de adaptação e aplicação do projeto:
• Foi enviada uma carta aos pais e/ou responsáveis que estavam ausentes
na palestra, cujo conteúdo informava e explicava a respeito do
desenvolvimento do projeto. Esta carta foi afixada nos cadernos de recados
pertencentes às crianças e adolescentes com SD da instituição;
• Foi enviado o TCLE aos pais e/ou responsáveis que estavam ausentes na
palestra, anexado nos cadernos de recados pertencentes às crianças e
adolescentes com SD da instituição;
• Foram realizados telefonemas aos pais e/ou responsáveis ausentes;
• Foram agendadas as avaliações nas crianças e adolescentes com
síndrome de Down e em seus pais;
• Foram enviados os protocolos de avaliação da ingesta alimentar e do nível
de atividade física IPAQ, versão curta aos pais e/ou responsáveis anexados
nos cadernos de recados pertencentes às crianças e adolescentes com SD;
4.2.2.2. Segunda Fase (Desenvolvimento)
Na segunda etapa, houve a coleta dos seguintes dados: peso, estatura, IMC,
dobras cutâneas (DCT e DCSE), CC e BIA. Para essa etapa, a amostra foi variável
porque nem todos os avaliados concordaram em participar de todos os procedimentos.
Dessa forma, o número de participantes nas avaliações é descrito abaixo:
Casuística e Métodos 61
a) Mensuração da estatura, determinação do peso e o cálculo do IMC.
Foram avaliados 47 crianças e adolescentes com SD.
b) Coleta das dobras cutâneas (DCT e DCSE) no qual houve a
avaliação de 40 crianças e adolescentes com SD;
c) Coleta da CC em que houve a avaliação de 35 crianças e
adolescentes com SD;
d) Coleta da BIA no qual houve a avaliação de 41 crianças e
adolescentes com SD.
4.2.2.2.1. Elaboração das coletas
4.2.2.2.1.1. Peso
Para se determinar a massa corporal da criança e do adolescente com SD,
assim como dos seus pais, utilizou-se a balança antropométrica digital, com capacidade
de pesagem até 136 quilos com precisão de 100 gramas, modelo Tanita BF-680,
fabricante: Tanita Corporation – Tókio. A técnica consiste em o avaliado se posicionar
em pé, no centro da plataforma da balança, sem sapatos, com os braços ao longo do
seu corpo e com olhar num ponto fixo à sua frente para se evitar oscilações no
momento da leitura da medida que foi registrada em Kg.
4.2.2.2.1.2. Estatura
Para se avaliar a estatura se utilizou o Estadiômetro Portátil Profissional em
alumínio anodizado, com escala em centímetros e com precisão ± 2mm em 217cm.
Para se obter a medida das crianças e adolescentes com SD, assim como dos seus
pais, foi necessário que o avaliado se posicionasse em pé, sem sapatos e de forma
ereta, com os pés unidos (com os joelhos e calcanhares juntos) e os braços estendidos
ao longo do corpo. Posicionou-se a cabeça do avaliado no plano de Frankfurt, de forma
a deixá-lo olhar para a linha do horizonte. A medida correspondeu entre a região plantar
e o vértex. Nesta posição, o cursor do estadiômetro posicionou-se sobre o topo da
Casuística e Métodos 62
cabeça e a medida foi registrada em centímetros, estando o dorso, as nádegas e a
cabeça em contato com escala do plano vertical do estadiômetro.
4.2.2.2.1.3. Índice de Massa Corporal
O Índice de Massa Corporal foi utilizado para determinar o estado nutricional do
avaliado. Calculou-se o IMC pela relação entre o peso em quilogramas (kg) e o
quadrado de altura em metros (m). O parâmetro de referência para os pontos de corte
neste estudo foram os propostos pelo CDC 2000. Sendo IMC ≤ P5 – Baixo Peso; IMC >
P5 e < P85 – Peso Adequado (eutróficas); IMC > P85 e < P95 – Sobrepeso; e IMC ≥
P95 – Obeso ou excesso de peso (CDC, 2000). Para avaliação da obesidade nas mães
foi adotado como parâmetro o IMC em adultos da OMS, sendo considerada obesidade
quando o IMC está entre ≥30 e ≥40 e sobrepeso para o índice entre ≥25 até 29,99. e
eutrófico entre 18,50 e 24,99.
4.2.2.2.1.4. Dobras Cutâneas
A avaliação das dobras cutâneas foi efetuada por meio de um compasso
cientifico da marca Lange, (Lange Skinfold Caliper) com precisão de medida de ± 1 mm
com escala variando entre 0-65 mm. Essa técnica não é invasiva, de fácil manuseio e
com alto grau de reprodutibilidade. As dobras utilizadas neste estudo foram: dobra
cutânea triciptal (DCT) e a dobra cutânea subescapular (DCSE). A mensuração das
dobras cutâneas foi realizada no lado direito do indivíduo, em repouso e em posição
ortostática. Foram realizadas três medidas sucessivas em cada dobra cutânea, na
mesma região demarcada, para haver maior precisão na sua leitura. Após, calculou-se
a média de cada dobra cutânea avaliada. Para esse procedimento, pinçou-se a pele e o
tecido celular subcutâneo com o auxílio do polegar e do indicador 1 cm acima do ponto
demarcado e aplicou-se o compasso por pelo menos 2-3 segundos no local definido,
um centímetro do ponto pinçado pelos dedos (Costa, 2001; Guedes, 2003; Heyward,
2004; Norton, 2005; Guedes, 2006). Para as dobras cutâneas, foi considerado
desnutrição o percentil menor ou igual a 5, para eutrófico percentil entre 10 e 85 e
Casuística e Métodos 63
obesidade o percentil acima ou igual a 85 segundo critérios de Frisancho (Frisancho,
1990). O percentual de gordura corporal foi determinado, de acordo com as equações
preditivas propostas por Slaughter, (1988).
4.2.2.2.1.4.1. Dobra Cutânea Triciptal (DCT)
4.2.2.2.1.4.1.1. Procedimento:
a) Posição do avaliado: solicitou-se que a criança e/ou adolescente com SD
ficasse em posição ereta, com os braços ao lado do corpo e relaxados, e que
posteriormente flexionasse o cotovelo a 90º, marcando-se o ponto médio – o mesmo
que se utiliza para se medir a circunferência do braço (CB).
b) Execução da medida: a medida foi realizada sobre o músculo tríceps, na
dobra na face posterior do braço, na distância média entre a borda supero-lateral do
acrômio e a borda inferior do olécrano, seguindo o eixo longitudinal do braço que se
encontra na posição vertical e em repouso.
c) Direção da dobra: vertical (linha média), paralela ao eixo longitudinal.
d) Local anatômico: Processo acromial da escápula e processo do olecrano
da ulna, sobre o músculo tríceps.
4.2.2.2.1.4.2. Dobra Cutânea Subescapular (DCSE)
4.2.2.2.1.4.2.1. Procedimento:
a) Posição do avaliado: solicitou-se que a criança e/ou adolescente com SD
ficasse em posição ereta, com os braços relaxados e ao longo do corpo e que
posteriormente realizasse o movimento de abdução e flexão do braço para trás para
proporcionar e elevação da escápula e assim facilitar a sua identificação.
b) Execução da medida: a medida foi executada obliquamente em relação ao
eixo longitudinal, seguindo-se a orientação dos arcos costais, localizada 2 cm abaixo do
ângulo inferior da escápula em posição diagonal.
c) Direção da dobra: diagonal e obtida obliquamente ao eixo longitudinal.
d) Local anatômico: ângulo inferior da escápula.
Casuística e Métodos 64
4.2.2.2.1.5. Perímetros Corporais
A composição corporal pode ser estimada a partir dos perímetros, que são
úteis para determinar mudanças no padrão de distribuição de gordura de uma pessoa
no decorrer do tempo. As estimativas do percentual de gordura corporal são
fundamentadas nas razões das medidas de circunferências. No presente estudo, foi
avaliado o índice da circunferência da cintura (CC) com fita métrica flexível e inelástica,
com largura de 0,5 cm e escala em centímetros e milímetros. Essa medida é indicativa
do acúmulo de gordura na região central do corpo e representa um maior risco para a
saúde. (Costa, 2001; Guedes, 2003; Heyward, 2004; Norton, 2005; Guedes, 2006).
Para se classificarem os resultados obtidos nas avaliações da CC, utilizou-se a
tabela de referência dos valores de CC, que classifica como sobrepeso o indivíduo cuja
circunferência da cintura se situe entre o percentil 75 e 90 e obeso, o indivíduo cuja
circunferência da cintura se situe igual ou acima do percentil 90, segundo os critérios de
Fernández (Fernández et al., 2004).
4.2.2.2.1.5.1. Circunferência da Cintura (CC)
4.2.2.2.1.5.1.1. Procedimento:
a) Posição do avaliado: solicitou-se que a criança e/ou adolescente com SD
ficasse em posição ereta, com os braços relaxados ao longo do corpo.
b) Execução da medida: colocou-se a fita métrica em volta da cintura, no nível
da parte mais estreita do dorso, entre a margem costal mais baixa (costela) e a crista
ilíaca. A mensuração se fez no final da expiração normal da criança e/ou adolescente.
c) Posição da circunferência: no plano horizontal
d) Local anatômico: Parte mais estreita do dorso, nível da cintura, entre as
costelas e a crista ilíaca.
4.2.2.2.1.6. Bioimpedância Elétrica (BIA)
Nesse estudo, utilizou-se o aparelho de composição corporal por
Bioimpedância Biodynamics Moledo 310c, fabricado pela Biodynamics Corporation
Casuística e Métodos 65
Seatle, Washington USA, para se determinar a composição corporal (massa magra e a
massa gorda). O aparelho analisador fornece os resultados da análise da composição
corporal por meio da determinação da impedância no fluxo da corrente entre a fonte e
os eletrodos detectores de voltagem e da conversão desta em densidade corporal,
sendo adicionados neste sensor os dados referentes à estatura, sexo e idade (Costa,
2001; Guedes, 2003; Heyward, 2004; Norton, 2005; Guedes, 2006). Os valores obtidos
pela BIA foram classificados segundo adaptação dos dados de Van Der Sluis (Van Der
Sluis, 2002), sendo considerado obesidade quando os valores se situaram acima do 2º
desvio padrão.
4.2.2.2.1.6.1. Procedimento:
a) Posição do avaliado: solicitou-se que a criança e/ou adolescente com SD
ficasse em posição de decúbito dorsal em uma mesa de cimento com colchonete.
b) Execução da avaliação: Posteriormente, foram colocados no lado direito do
corpo os eletrodos sensoriais (proximais) sobre a superfície dorsal do pulso e superfície
dorsal do tornozelo; e os eletrodos-fonte sensoriais (distais) na base das articulações
metacarpofalângicas da mão e metatarsofalângicas do pé.
c) Local anatômico: superfície dorsal do pulso direito e superfície dorsal do
tornozelo direito e na base das articulações metacarpofalângicas da mão direita e
metatarsofalângicas do pé direito.
4.2.2.2.1.7. Questionário Alimentar
O Inquérito Alimentar foi utilizado para se saber da ingestão calórica das
crianças e adolescentes com SD assim como dos seus pais. Para cálculo da ingestão
calórica foi empregado o programa computacional Dietpro, versão 5i. O padrão de
referência dos valores de adequação adotado para esse trabalho é o recomendado pela
“Dietary References Intakes” (DRI) do International Life Scienecs Institutes (ILSI/SBAN,
2001; Esteves, 2002). Esse padrão propõe uma variabilidade aceitável como normal
para ingesta alimentar, daquelas quantidades compreendidas entre +/- 2 desvio-padrão
da média para idade e sexo. Valores acima do padrão foram considerados como
Casuística e Métodos 66
indicativos de ingesta calórica exagerada. Em anexo, o modelo do inquérito é
apresentado.
4.2.2.2.1.8. Questionário IPAQ versão curta
Foi utilizado para avaliação do nível de atividade física o Questionário
Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão curta (em anexo), com a interpretação
de acordo com Matsudo (2001) que a classifica com as seguintes descrições:
4.2.2.2.1.8.1. Atividade Moderada – aquela que necessita de algum esforço
físico que demanda uma respiração um pouco mais forte do que o normal e o coração
bate um pouco mais rápido. Exemplos: pedalar leve na bicicleta, caminhar, nadar,
dançar, carregar pesos leves, fazer ginástica aeróbica e fazer serviços domésticos
leves na casa (casa, quintal e jardim).
4.2.2.2.1.8.2. Atividade Vigorosa – aquela em que o indivíduo necessita de
um grande esforço físico e faz com que respire mais forte do que o normal e o coração
bata muito mais rápido. Exemplo: pedalar rápido na bicicleta, jogar futebol, correr, fazer
ginástica aeróbica, carregar pesos pesados e fazer serviços domésticos pesados na
casa (casa, quintal e jardim).
4.2.2.2.1.8.3. Critérios de Freqüência e Duração
Para critérios de freqüência e duração das atividades se utilizaram as
denominações recomendadas de acordo com o Center for Disease Control and
Prevention (CDC) e do Centro de Estudos do laboratório de Aptidão Física de São
Caetano do Sul (CELAFICS).
4.2.2.2.1.8.3.1. Sedentário – aquele que não realiza nenhuma atividade física
por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana.
Casuística e Métodos 67
4.2.2.2.1.8.3.2. Insuficiente Ativo A – aquele que atingiu pelos menos um dos
critérios de recomendação quanto à freqüência ou quanto à duração da atividade.
Freqüência de 5 dias por semana ou duração de 150 minutos por semana.
4.2.2.2.1.8.3.3. Insuficiente Ativo B – aquele que não atingiu nenhum dos
critérios da recomendação, quanto à freqüência e duração.
4.2.2.2.1.8.3.4. Ativo – Aquele que realiza atividade física vigorosa de 3 dias
ou mais por semana, de 20 minutos ou mais por sessão e/ou atividade física moderada
ou caminhada de 5 dias ou mais por semana e 30 minutos ou mais por sessão.
Também, qualquer atividade somada de 5 dias ou mais por semana e 150 minutos ou
mais por semana (caminhada + moderada + vigorosa).
4.2.2.2.1.8.3.5. Muito Ativo – Aquele que realiza atividade física de
intensidade vigorosa 5 dias ou mais por semana, de 30 minutos ou mais por sessão
e/ou vigorosa durante 3 dias ou mais por semana, de 20 minutos ou mais por sessão.
Além disso, acrescenta-se mais atividade de intensidade moderada e/ou caminhada de
5 dias ou mais por semana e 30 minutos ou mais por sessão.
4.2.2.2.1.9. Preenchimento do questionário de ingesta alimentar e atividade
física
Foram aplicados dois questionários aos pais e/ou responsáveis das crianças
e/ou adolescentes com SD, para serem preenchidos, relacionados ao consumo
alimentar da criança e ao nível de atividade física (anexos 1 e 2).
4.2.2.2.1.10. Atividades desenvolvidas com os pais das crianças e
adolescentes com síndrome de Down:
• Avaliação do peso, altura e IMC (da mãe e/ou do pai);
• O preenchimento do questionário de atividade física e do questionário do
consumo alimentar pela família.
Casuística e Métodos 68
4.2.2.3. Terceira Fase (Análise Estatística)
Os tratamentos estatísticos de todas as informações coletadas foram efetuados
através do Programa SPSS (Statistical Package for Social Science). As análises
descritivas das variáveis foram apresentadas como: média, desvio padrão e mediana.
Para descrever os grupos foram apresentadas tabelas de freqüência das variáveis
categóricas e medidas de posição e dispersão das variáveis continuas (Fleiss, 1981).
Para comparação de proporções foi utilizado o teste Qui-quadrado ou o Teste Exato de
Fisher, quando necessário. Para comparação de medidas contínuas entre 2 grupos foi
utilizado o teste de Mann´Whitney e entre 3 grupos o teste de Kruskal-Wallis. O nível de
significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%. Para a análise da correlação
entre o IMC com as dobras cutanêas (DCT e DCSE), CC e com o %MG (obtido da BIA)
foi empregado o coeficiente de correlação de Pearson e o número de avaliados foi de
35 por apresentarem resultados de todos esses parâmetros. Foram consideradas
significativas diferenças com valor de “p” menor ou igual a 0,05.
Resultados 69
5. RESULTADOS
Resultados 70
Participaram do estudo 47 crianças e adolescentes com síndrome de Down,
com média de idade de 12,17 anos, sendo 19 do gênero feminino e 28 do gênero
masculino. Os valores individuais de peso, estatura e IMC são apresentados no anexo
1.
Na tabela 1, há uma comparação ponderal dos valores obtidos considerando
como referência as curvas do CDC 2000 e as curvas estabelecidas por Cronk et al.
(1988). Também, foram excluídos 5 adolescentes, sendo 3 do gênero masculino e 2 do
gênero feminino, porque as curvas de Cronk et al. (1988) representam os índices de
estatura até os 18 anos.
Tabela 1 - Comparação do índice de estatura das crianças e adolescentes com
síndrome de Down entre as curvas do CDC 2000 e as curvas de Cronk et al. (1988),
segundo gênero.
Variáveis Masculino Feminino Total
CDC Cronk CDC Cronk CDC Cronk N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) Estatura Normal 6 (24,00) 25 (100,00) 4 (23,52) 16 (94,11) 10 (23,80) 41 (97,61)
Estatura Baixa 19 (76,00) 0 13 (76,47) 1 (5,88) 32 (76,19) 1 (2,38)
Total 25 25 17 17 42 42
Resultados 71
Na tabela 2, observa-se a classificação do estado nutricional de acordo com os
valores de referência de IMC estabelecidos pelo CDC 2000.
Tabela 2 – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes com
síndrome de Down por gênero, baseada nos valores de referência do IMC definidas
pelo CDC 2000.
Indicadores CDC
Masculino Feminino Total
N (%) N (%) Baixo Peso 1 (3,57) 0 1 (2,12) Eutrofico 10 (37,71) 7 (36,84) 17 (36,17) Sobrepeso 6 (21,42) 6 (31,57) 12 (25,53) Obeso 11 (39,28) 6 (31,57) 17 (36,17)
Total 28 19 47
p = 0,29 (teste Qui-Quadrado) Comparação de freqüência de obesidade em relação gênero
Se forem agrupados sobrepeso e obesidade, obtém-se uma freqüência de
29/47 (61,70%).
A classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes com SD,
baseado no índice de massa corporal (IMC) em diferentes faixas etárias e gêneros é
mostrada na tabela 3.
Tabela 3 – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes com
síndrome de Down de acordo com os valores de referência do IMC do CDC 2000
segundo gênero e faixas etárias.
Indicadores CDC
Masculino (N=28) Feminino (N=19) Total
5–10 anos 11– 15 anos 16–20 anos 5–10 anos 11–15 anos 16–20 anos
N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)
Baixo Peso 1 (7,69) 0 0 0 0 0 1 (2,12) Eutrofico 3 (23,07) 3 (37,50) 4 (57,14) 4 (40,00) 1 (25,00) 2 (40,00) 17 (36,17) Sobrepeso 2 (15,38) 4 (50,00) 0 4 (40,00) 1 (25,00) 1 (20,00) 12 (25,53) Obeso 7 (53,84) 1 (12,50) 3 (42,85) 2 (20,00) 2 (50,00) 2 (40,00) 17 (36,17)
Total 13 8 7 10 4 5 47
P valor = 0,29 Qui-Quadrado agrupando baixo peso + peso adequado.
Resultados 72
Os valores individuais das dobras cutâneas triciptal (DCT) e subescapular
(DCSE) são apresentados no anexo 2.
Na tabela 4A e tabela 4B, observa-se a classificação do estado nutricional de
acordo com as dobras cutâneas.
Tabela 4A – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes com
síndrome de Down de acordo com a dobra cutânea tricipital (DCT) segundo gênero e
faixas etárias.
Indicadores (DCT)
Masculino (N=23) Feminino (N=17) Total
5–10 anos 11– 15 anos 16–20 anos 5–10 anos 11–15 anos 16–20 anos
N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)
Baixo Peso 1 (11,11) 0 0 1 (11,11) 0 0 2 (5,00) Eutrofico 2 (22,22) 4 (57,14) 2 (28,57) 5 (55,55) 1 (25,00) 2 (50,00) 16 (40,00) Sobrepeso 3 (33,33) 1 (14,28) 2 (28,57) 2 (22,22) 1 (25,00) 1 (25,00) 10 (25,00) Obeso 3 (33,33) 2 (28,57) 3 (42,85) 1 (11,11) 2 (50,00) 1 (25,00) 12 (30,00)
Total 9 7 7 9 4 4 40
Tabela 4B – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes com
síndrome de Down de acordo com a dobra cutânea subescapular (DCSE) segundo
gênero e faixas etárias.
Indicadores (DCSE)
Masculino (N=23) Feminino (N=17) Total
5–10 anos 11– 15 anos 16–20 anos 5–10 anos 11–15 anos 16–20 anos
N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)
Baixo Peso 0 0 0 0 0 0 0 Eutrofico 1 (11,11) 1 (14,28) 1 (14,28) 2 (22,22) 1 (25,00) 1 (25,00) 7 (17,50) Sobrepeso 2 (22,22) 3 (42,85) 1 (14,28) 2 (22,22) 0 0 8 (20,00) Obeso 6 (66,66) 3 (42,85) 5 (71,42) 5 (55,55) 3 (75,00) 3 (75,00) 25 (62,50)
Total 9 7 7 9 4 4 40
Os valores individuais da circunferência da cintura (CC) são apresentados no
anexo 3.
Resultados 73
Na tabela 5, observa-se a classificação do estado nutricional de acordo com a
circunferência da cintura (CC).
Tabela 5 – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes com
síndrome de Down de acordo com a circunferência da cintura (CC) segundo gênero e
faixas etárias.
Indicadores (CC)
Masculino (N=19) Feminino (N=16) Total
5–10 anos 11– 15 anos 16–20 anos 5–10 anos 11–15 anos 16–20 anos
N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)
Normal 4 (40,00) 4 (66,66) 1 (33,33) 4 (44,44) 1 (25,00) 2 (66,66) 16 (45,71) Sobrepeso 4 (40,00) 1 (16,66) 0 4 (44,44) 1 (25,00) 1 (33,33) 11 (31,42) Obeso 2 (20,00) 1 (16,66) 2 (66,66) 1 (11,11) 2 (50,00) 0 8 (22,85)
Total 10 6 3 9 4 3 35
Os valores individuais da bioimpedância elétrica (BIA) são apresentados no
anexo 4a e anexo 4b.
Na tabela 6, observa-se a classificação do estado nutricional de acordo com a
bioimpedância elétrica.
Tabela 6 – Classificação do estado nutricional das crianças e adolescentes com
síndrome de Down de acordo com a bioimpedância (BIA).
Indicadores (BIA)
Masculino (N=24) Feminino (N=17) Total
5–10 anos 11– 15 anos 16–20 anos 5–10 anos 11–15 anos 16–20 anos
N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)
Normal 9 (90,00) 6 (85,71) 6 (85,71) 8 (88,88) 2 (50,00) 3 (75,00) 34 (82,92) Sobrepeso 0 0 0 1 (11,11) 2 (50,00) 1 (25,00) 4 (9,75) Obeso 1 (10,00) 1 (14,28) 1 (14,28) 0 0 0 3 (7,31)
Total 10 7 7 9 4 4 41
Resultados 74
A freqüência de obesidade em crianças e adolescentes com síndrome de Down
(SD) é apresentada na tabela 7 de acordo com diferentes índices.
Tabela 7 – Freqüência de obesidade e sobrepeso em crianças e adolescentes com
síndrome de Down segundo diferentes índices.
Indicadores Obeso Sobrepeso Não obeso
N N (%) N (%) N (%)
IMC* 17(36,17) 12 (25,53) 18 (38,29) 47
DCT* 12 (30,00) 10 (25,00) 18 (45,00) 40
DCSE* 25 (62,50) 8 (20,00) 7 (17,50) 40
CC* 8 (22,85) 11 (31,42) 16 (45,71) 35
BIA* 3 (7,31) 4 (9,75) 34 (82,92) 41
*IMC = índice de massa corporal; DCT = dobra cutânea triciptal; DCSE = dobra cutânea subescapular;
CC = circunferência da cintura e BIA = bioimpedância elétrica.
A análise da correlação entre o IMC com as dobras cutâneas, CC e com a %MG
obtida por BIA é apresentada na tabela 8. A representação gráfica desses resultados é
mostrada nos gráficos 1 a 4.
Tabela 8 – Correlação entre o IMC e as dobras cutâneas, circunferência da cintura e
percentual de massa gorda obtida pela bioimpedância elétrica.
Comparação entre variaveis Índice de correlação (r) p
IMC x DCT 0,67 <0,00
IMC x DCSE 0,71 <0,00
IMC x CC 0,95 <0,00
IMC x %MG 0,55 <0,001
Resultados 75
Grafico 1 – Correlação entre o IMC e a dobra cutânea triciptal. Uma significante
correlação positiva foi encontrada (r = 0,67; p=0,00).
Grafico 2 – Correlação entre o IMC e a dobra cutânea subescapular. Uma significante
correlação positiva foi encontrada (r = 0,71; p=0,00).
DCSE
50403020100
IMC
50
40
30
20
10
DCT
403020100
IMC
50
40
30
20
10
Resultados 76
Grafico 3 – Correlação entre o IMC e a circunferência da cintura. Uma significante
correlação positiva foi encontrada (r = 0,95; p=0,00).
Obs.: PMG = %MG (BIA).
Grafico 4 – Correlação entre o IMC e o percentual de gordura obtida pela
bioimpedância elétrica. Uma significante correlação positiva foi encontrada (r = 0,55;
p=0,001).
PMG
403020100
IMC
50
40
30
20
10
CC
1301201101009080706050
IMC
50
40
30
20
10
Resultados 77
Questionário Alimentar
Em relação à alimentação, houve pequena aderência na devolução dos
questionários e nos devolvidos havia informações incompletas e contraditórias em
relação à quantidade e proporção dos alimentos consumidos. Dessa forma, não foram
considerados os resultados.
Avaliação dos pais das crianças e adolescentes com SD.
Nesse item, também não houve uma aderência significativa. Algumas crianças
e adolescentes com SD são conduzidos ao CEESD por outras pessoas que não a mãe
ou pai, outros faltaram nos dias definidos para a avaliação, outros foram embora antes
da avaliação e alguns pais do sexo masculino se recusaram a serem avaliados. Assim,
a amostra desse item se resumiu em 10 mães. Os valores individuais do peso, estatura
e IMC dessas mães são apresentados no anexo 5. Na tabela 9, é apresentada a
classificação das mães das crianças e adolescentes com síndrome de Down de acordo
com os valores de IMC.
Tabela 9 - Classificação das mães das crianças e adolescentes com síndrome de
Down pelo Indice de Massa Corporal.
Indicadores IMC
Mães
N (%) Baixo Peso 0 Eutrófico 2 (20,00) Sobrepeso 4 (40,00) Obeso 4 (40,00)
Total 10
Resultados 78
Atividade Física
Na análise e interpretação do questionário de atividade física se utilizou como
parâmetro valores abaixo de 10 minutos contínuos para a classificação de sedentário
de acordo com o IPAQ versão curta.
São apresentados por gênero na tabela 9, o nível de atividade física das
crianças e adolescentes com SD.
Tabela 10 – Classificação do nivel de atividade física do questionário de atividade
física, IPAQ versão curta.
Sexo Fisicamente Ativo Sedentário Total
N (%) N (%) N (%)
Masculino 10 (58,82) 3 (17,64) 13 (76,47)
Feminino 3 (17,64) 1 (5,88) 4 (23,52)
Total 13 (76,47) 4 (23,52) 17 (10,00)
Quando foi comparado o nível de atividade física com a presença ou ausência
de obesidade, não foi observada diferença estatisticamente significativa.
Discussão 79
6. DISCUSSÃO
Discussão 80
Nas duas últimas décadas houve um progresso de atenção à criança e ao
adolescente com SD incentivando e promovendo o programa de inclusão. O perfil de
atividade desses indivíduos até então era de confinamento, sem terapias, sem
atividades programadas, o que propiciava aumento da ingestão calórica, diminuição de
atividade física e como resultado o desenvolvimento da obesidade.
Por outro lado, considerando crianças e adolescentes sem a síndrome, nota-se
que houve um aumento da incidência de obesidade decorrente da mudança de hábito
alimentar, da inatividade física e de condições que propiciam o sedentarismo (Lima et
al., 2004, Carrel et al., 2005; Rech et al., 2007; Potesio et al., 2009; Martinez-Gomez et
al., 2009).
Segundo a OMS, a obesidade e o sobrepeso são definidos como acúmulo
anormal de gordura que pode ser prejudicial para a saúde. Podem ser vários os motivos
do aparecimento da obesidade e do sobrepeso, mas a causa fundamental é o
desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de calorias (WHO, 2006).
As causas do crescimento da prevalência de obesidade têm sido debatidas,
tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento e também a
preocupação em relação às complicações e co-morbidades associadas. A obesidade é
a principal causa de resistência à insulina em crianças e adolescentes e também está
associada às dislipidemias, diabetes mellitus tipo 2 e complicações vasculares (Miller et
al., 2004; IOTF, 2005; Tomkins, 2006; Rech et al., 2007; Potestio et al., 2009; Freitas et
al, 2009).
A definição do diagnóstico de obesidade é baseada em diferentes índices
sendo o IMC o mais empregado. Embora esse índice seja simples e prático, o resultado
não define entre massa gorda, massa magra e óssea (McCarthy, 2006). Dessa forma, a
interpretação desse índice pode levar a um erro do diagnóstico. Uma vez que nas
diferentes definições de obesidade, há referência de acúmulo anormal de gordura, o
ideal seria empregar métodos que avaliassem diretamente esse excesso.
Na SD, há ainda poucos trabalhos relacionados com os indicadores do
diagnóstico de obesidade. As publicações são concordantes em afirmar que há baixa
estatura na trissomia do cromossomo 21 se adotar como valores de referência as
diversas curvas elaboradas para a população normal. Em vista disso, Cronk et al
Discussão 81
(1988), nos EUA, realizaram um estudo transversal para delinear peso, estatura e
crescimento de 730 crianças e adolescentes americanos com SD, na faixa etária de 1 a
18 anos. Foram então elaboradas tabelas de P/I, E/I e perímetro cefálico por idade e,
posteriormente, adotadas pelo CDC e o NHANES daquele país, possibilitando assim
diagnosticar o estado nutricional de crianças e adolescentes com SD naquela faixa
etária. Quando esses mesmos autores compararam os resultados obtidos com os
índices do CDC/NCHS, notaram que houve semelhança na evolução do ganho de peso,
mas redução na estatura das crianças e adolescentes com SD. Dessa forma, os
autores relacionaram o aparecimento da obesidade, em parte, à baixa estatura (Cronk
et al, 1988).
Contudo, outros trabalhos, incluindo o de Mustachi no Brasil (2000),
apresentam resultados diferentes de valores de referência em comparação com os de
Cronk et al. nas diferentes faixas etárias e entre os gêneros da mesma faixa etária
(Mustachi, 2000).
No presente estudo, observa-se que o diagnóstico de baixa estatura esteve
presente em 32/47 (76,19%) das crianças e adolescentes com SD de acordo com os
valores de referência do CDC. Quando os valores são comparados com os valores de
referência de Cronk et al (1988), observa-se que apenas um avaliado (2,12%)
apresentou baixa estatura. Esses resultados estão de acordo com a literatura (Cronk et
al, 1988; Cremers et al., 1996; Styles et al., 2002)
Em relação à freqüência de obesidade, no presente trabalho, observa-se que
os valores foram elevados, excetuando a freqüência obtida por BIA. De acordo com o
IMC foi de 36,17%, com a DCT foi de 30,00%, com a DCSE foi de 62,50%, com a CC
foi de 22,85% e de acordo com a BIA foi de 7,31%.
Os estudos realizados em diferentes países revelam um alto índice de
obesidade que vem progressivamente aumentando. Nos Estados Unidos, a taxa de
prevalência da obesidade infantil alcançou os 15%. Desse percentual, 26,2% são
crianças de 2 a 5 anos classificadas dentro do quadro de sobrepeso e obesidade
(Benjamin, 2008; CDC, 2009; The Obesity Society, 2009).
No Brasil, Campinas-SP, Troncon et al. (2007) estudaram a prevalência de
obesidade em crianças de seis a 14 anos de uma escola pública e de um ambulatório
Discussão 82
geral de pediatria de hospital universitário. Nessa população, obtiveram índices de
prevalência de obesidade de 20,20% e 11,20% respectivamente. Na Bahia, Leão et al.,
2003, estudaram a prevalência de obesidade em escolares com idades entre 5 e 10
anos. Observaram maior prevalência de obesidade em estudantes das escolas
particulares em comparação com os estudantes das escolas públicas (30% X 8%).
Em relação à freqüência da obesidade na SD, há poucos estudos na literatura.
Em 2002, Styles et al. realizaram um estudo na Inglaterra, República da Irlanda, Irlanda
do Norte e Escócia, no qual avaliaram 1089 crianças e adolescentes com SD, sendo
597 do sexo masculino e 492 do sexo feminino, desde o nascimento até os 18 anos de
idade, perfazendo no total 5.913 observações. Esses autores excluíram os prematuros
e quem apresentasse alguma cardiopatia. Estabeleceram novos padrões de referência
em percentis (Ps), assim como novas curvas de peso/idade, estatura/idade, IMC e
perímetro cefálico para a idade dessa população, sendo as curvas apresentadas em 9
divisões de Ps: 0,4;2;9;25;50;75;91;98;99,6. Constataram: tendência para o sobrepeso,
iniciando-se na infância até os 14 anos de idade; e que 30% das crianças com 10 anos
de idade apresentaram IMC acima do P91 e 20% superior ao P98 em relação à
população geral (Styles et al., 2002).
No Brasil, São Paulo, Dalpicolo et al., 2004, realizaram avaliação do estado
nutricional em 32 crianças com SD na faixa etária de 1 a 8 anos. Empregaram para
essa avaliação o peso e a estatura e compararam os resultados com 3 curvas: 1ª) As
curvas de crescimento obtidas por Mustacchi, 2002, de padrão nacional e específica
para SD; 2ª) As curvas obtidas por Cronk et al., 1988, de padrão internacional e
específica para SD e 3ª) As curvas de crescimento do NCHS. O critério adotado para o
diagnóstico de obesidade foi do peso se situar acima do percentil 95 na curva
peso/idade. Esses autores obtiveram os seguintes percentuais de obesidade: 17,2%,
3,4% e 0% respectivamente. (Cronk et al., 1988; Mustacchi, 2002, Dalpicolo et al.,
2004).
Em adultos com SD, Lopes Silva et al., 2006, estudaram em Portugal 104
indivíduos com idades compreendidas entre 18 e 47 anos e, de acordo com os valores
de IMC, obtiveram um índice de 54,3% de freqüência de obesidade. (Lopes Silva,
2006).
Discussão 83
Em relação à freqüência de obesidade obtida por meio das pregas cutâneas,
observaram-se, no presente estudo, valores superiores da DCSE (62,50%) em relação
à DCT (30,00%). Infelizmente, não há referência na literatura desses indicadores na
avaliação nutricional de crianças e adolescentes com SD. Na população sem a
síndrome, Chiara et al. (2003), obtiveram um resultado equivalente ao estudarem 502
adolescentes com idades de 12 aos 18 anos. Eles compararam a freqüência de
excesso de gordura por meio da DCSE e do IMC obtendo maior freqüência por meio da
DCSE (para o sexo masculino ≥15 anos, a freqüência foi de 34% para DCSE e de 13%
pelo IMC). A DCSE é tida como um indicador da gordura centralizada no tronco que
está associada às co-morbidades da obesidade (Goldbacher et al. 2005). Por outro
lado, a DCT é tida como um indicador do acúmulo de massa gorda periférica (Rolland-
Cachera, 1993; Dietz WH, 1994; Veiga et al., 2001; Chiara et al, 2003).
Em relação à CC, no presente estudo, a freqüência de obesidade foi de
22,85%. Da mesma forma, não há trabalhos que empreguem esse índice na SD.
Segundo Ferreira et al. (2007), De Ferranti et al. (2008) e Farias et al. (2009), esse é
um bom indicador de adiposidade subcutânea e visceral devendo ser empregado em
conjunto com outros indicadores antropométricos.
Dessa forma, é importante que haja uma padronização dos valores de
referência das dobras cutâneas e da CC pelo CDC ou WHO, como foi estabelecido para
o IMC (Maffeis et al., 2001, Sant’Anna, 2009).
Quanto à BIA, no presente estudo, a freqüência de obesidade foi de 7,31%.
Esse resultado foi inferior aos obtidos pelos outros indicadores. Não temos uma
explicação plausível. É necessário rever toda a metodologia da bioimpedância e/ou
realizar o mesmo estudo com esse aparelho em população sem a síndrome. Outra
dificuldade é que não é possível comparar com outro estudo realizado na população
com SD, o de Luke et al. 1996. Nesse trabalho, a casuística é pequena (n=10), o valor
obtido por meio da BIA é comparado a um valor de referência obtido por método de
diluição de deutério e os resultados apresentados são de massa livre de gordura.
Apesar de a BIA ser um instrumento útil para as pesquisas epidemiológicas,
até o momento não há um consenso a respeito dos valores de referência na faixa etária
pediátrica para adequada interpretação dos resultados. Pichard et al,, 2000, realizaram
Discussão 84
um estudo na Suíça em 3.393 adolescentes e adultos (idade 15-64 anos), de ambos os
sexos, e estabeleceram percentis de normalidade. Em outro estudo, Sant’Anna et al,
2009, avaliaram a gordura corporal pelo método BIA em 205 crianças e adolescentes
de 6 a 9 anos. Utilizaram como parâmetros de excesso de gordura corporal valores
acima de 20% para o sexo masculino e no feminino valores acima de 25%. Na
comparação dos resultados da BIA com a CC medida na cicatriz umbilical, o coeficiente
de correlação foi de 0,49 para o sexo masculino e de 0,54 para o sexo feminino
indicando uma leve correlação.
Por conseguinte, a ausência dos valores de referência para a análise correta
dos resultados pelo método de BIA, constitui uma dificuldade na sua aplicabilidade,
ainda mais para a SD.
Tendo em vista os resultados do presente trabalho e das casuísticas já citadas,
em comparação com a freqüência de obesidade na população geral, observa-se que na
população com SD há uma maior porcentagem de excesso de gordura.
Em relação à correlação do IMC com os diferentes índices empregados para a
avaliação nutricional, observa-se uma correlação com todos eles (DCT, DCSE, CC,
%MG), sendo mais expressiva com a circunferência da cintura (r=0,95) e menos
expressiva com o percentual de gordura obtido por BIA (r=0,55). Não foi encontrado na
literatura trabalhos com esse tipo de análise para fazer a comparação. Essa informação
é importante porque há possibilidade de se empregar esses índices nos quais houve
boa correlação com o IMC em situações de dificuldade ou impossibilidade de se obter o
peso e/ou a estatura.
A etiologia da obesidade é multifatorial incluindo fatores genéticos, ambientais,
comportamentais ou decorrentes de fatores metabólicos. Na SD, é possível que todos
esses fatores estejam envolvidos com algumas particularidades.
A importância da herança tem sido demonstrada em estudos sobre peso
corporal incluindo gêmeos dizigóticos e monozigóticos e em indivíduos adotados e seus
irmãos biológicos. Os resultados desses estudos mostram uma concordância maior em
monozigóticos e entre irmãos (Guedes, 2005). A obesidade dos pais, particularmente a
da mãe é preditiva de obesidade infantil. No presente trabalho, observou-se uma alta
freqüência de obesidade das mães. De 10 mães avaliadas, 8 apresentaram excesso de
Discussão 85
gordura e apresentavam 6 filhos com o mesmo diagnóstico. É importante ressaltar que
essa amostra é reduzida porque representa apenas 21,27% do total das mães, sendo
necessária a ampliação para se tirar conclusões mais precisas.
Em relação aos fatores ambientais, a sua importância é denotada pelo
aumento da freqüência de obesidade nos últimos 20 anos. Esses fatores incluem as
tendências de uma ingesta alimentar inadequada e baixo nível de atividade física, assim
como o sedentarismo. Infelizmente, a investigação das alterações da ingesta alimentar
não pôde ser verificada no presente trabalho. Há necessidade de uma melhor
orientação do preenchimento do questionário com informações detalhadas de algumas
medidas empregadas no consumo dos alimentos. O’Neill et al., 2005, compararam as
práticas alimentares de 36 crianças com SD, com idades entre 3 e 10 anos, com as
práticas de irmãos sem a síndrome. Como resultado, obtiveram que o z-escore do IMC
de crianças com SD foi maior em comparação com o z-escore dos irmãos com
diferença significativa. Adicionalmente, observaram que os pais empregaram práticas
controladoras mais freqüentes em crianças com SD e foram relacionadas, de alguma
forma, com o IMC da criança (O’Neill et al., 2005). Também, merece menção o fato de
alguns trabalhos relatarem menor gasto energético basal nas crianças com SD, o que
poderia contribuir na patogênese da obesidade (Tolmie, 1996 apud Kaminker e
Armando, 2008).
Em relação à atividade física, no presente trabalho, não se observou um
aumento de sedentarismo entre os indivíduos com obesidade e não houve correlação
entre o estado nutricional e a prática da atividade física. Esse resultado, a princípio,
parece contraditório, mas tem sido o mesmo relatado por Troncon et al., 2007, no seu
estudo com crianças sem a síndrome, na faixa-etária dos 6 aos 14 anos de ambos os
sexos. Esses autores verificaram maior prevalência de sobrepeso e obesidade no grupo
que praticava mais atividade física. Para essa situação, podem-se elaborar os seguintes
argumentos: 1) Os indivíduos que praticam atividade física foram orientados por causa
do sobrepeso e da obesidade. Infelizmente, não se pôde averiguar essa hipótese
porque o questionário não contemplou essa informação. 2) A freqüência e a intensidade
dessa atividade física não são suficientes para impedir o aparecimento do excesso de
Discussão 86
gordura tendo em vista que os outros fatores como o aumento da ingestão calórica não
foi corrigido.
Por outro lado, na literatura, há uma série de publicações confirmando o valor
da prática da atividade física. Diante da situação de um aumento crescente dos índices
de obesidade e co-morbidades associadas, a OMS se mobilizou e incluiu a atividade
física no programa denominado “Estratégia Global de Alimentação, Atividade Física e
Saúde” (Hallal et al, 2007).
Conforme Hills et al (2007), os benefícios da atividade física na composição
corporal no desenvolvimento e no crescimento de crianças e adolescentes, quando
estabelecidas durante o inicio dos anos, podem proporcionar um maior impacto na
mortalidade e na longevidade. Claro que há a necessidade de se estabelecer
estratégias de atividade física habitual com uma constante pratica para se obter esse
resultado (Hills et al, 2007).
Nas crianças e adolescentes com SD, há um agravante das condições
obesogênicas, pois é natural a tendência para a super proteção, desde os primeiros
meses de vida, o que pode estar associado à superalimentação, e o freqüente
isolamento social, portanto a não participação em atividades lúdicas que exijam
desempenho físico ou que possam colocá-los em risco, ocasionando menos atividade
física e pouca atividade de alta intensidade.
Segundo Menear (2007), os indivíduos com SD têm baixos níveis de atividade
física associado ao sedentarismo e também às poucas oportunidades de recreação,
assim como pouca motivação para serem fisicamente ativos. O mesmo autor buscou,
por meio de questionários aplicados aos pais, saber se os seus filhos eram fisicamente
ativos e também do conhecimento e perspectivas que eles tinham da saúde e das
condições de prática de atividade física das suas crianças. Como resultado verificou
que os pais não praticam atividade física, mas reconhecem a necessidade dos filhos
estarem envolvidos em atividades programadas (Menear, 2007).
Em relação a esse assunto, percebe-se a necessidade presente de se criarem
programas de prevenção, intervenção e de reabilitação com atividades especificas para
cada criança e adolescente com SD, com exercícios adaptados coletivos e individuais,
de intensidade moderada a vigorosa, nas diferentes faixas etárias e realizado em
Discussão 87
diversos ambientes, respeitando o potencial e a capacidade de cada um, assim como
seus limites.
Seria um método de inclusão social, já que ficam ociosos na maior parte do
tempo, para que se possa combater o sedentarismo e a obesidade e, por conseguinte,
melhorar o futuro dessa população. Pois, é importante evidenciar que atividades
adaptadas especificamente para o lazer, recreação, saúde e esporte ajudam na
melhoria do relacionamento social e na diversão dos portadores de SD, comumente
discriminados ou segregados.
Dessa forma, a atividade física regular propiciará, nos indivíduos com SD,
melhorias no quadro cardiorrespiratório, no condicionamento cardiovascular, no sistema
músculo-esquelético, no metabolismo lipídico, no metabolismo da glucose, no
metabolismo do ácido úrico, no sistema imunológico, no desenvolvimento neuro-motor,
na motricidade e no quadro psicossocial (Guerra, 2000; Schwartzman et al., 2003).
Como a expectativa de sobrevida na Síndrome de Down aumenta, é
fundamental a prevenção de obesidade nessa população para diminuir os riscos de
diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares e outras co-morbidades relacionadas
à obesidade. É importante a realização de outros estudos, investigando com detalhes a
ingestão calórica, o percentual de obesidade em familiares como os irmãos e pais e um
estudo mais detalhado da composição corporal.
Conclusões 88
7. CONCLUSÕES
Conclusões 89
Baseado na presente casuística pode-se tirar as seguintes conclusões:
1. Há baixa estatura na maioria das crianças e adolescentes se for adotada como
referência à curva do CDC. Contudo, há estatura normal se for adotada como
referência à curva de Cronk et al (1988);
2. É alta a freqüência de obesidade nas crianças e adolescentes com SD na faixa
etária de 5 a 20 anos, variando de 22,85% a 62,50%. A freqüência variou de
acordo com o método adotado (IMC, DCT, DCSE e CC).
3. Não há diferença da freqüência de obesidade em relação ao gênero nas
diferentes faixas-etárias;
4. Observou-se correlação entre IMC e os diferentes métodos aplicados para
avaliação nutricional (DCT, DCSE, CC e BIA).
5. Não foi observada relação entre obesidade e nível de atividade física em 17
questionários analisados.
Referências Bibliográficas 90
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Referências Bibliográficas 91
Andriolo RB, El Dib RP, Ramos LR. Programas de entrenamiento com ejercicio
aeróbico para mejorar la salud física y psicosocial de adultos com síndrome de Down.
Rev Cochrane traducida. La Biblioteca Cochrane Plus, Oxford 2008; 2.
Barbanti VJ. Dicionário de Educação Física e Esportes. Barueri: Manole; 2003. 53p.
Barbosa VLP. Prevenção da obesidade na infância e na adolescência: exercício,
nutrição e psicologia. Barueri: Manole; 2004. 136p.
Benjamin SE, Cradock A, Walker EM, Slining M, Gillman MW. Obesity prevention in
child care: A review of U.S. state regulations. BMC Public Health 2008, 8: 188.
Bonchoski PA, Gorla JI, Araujo PF. Estudo antropométrico em portadores da síndrome
de Down. EFDeportes Rev Digital, Buenos Aires 2004; 10(70). Disponível em:
http://www.efdeportes.com/
Bouchard C. Atividade Física e Obesidade. Barueri: Manole; 2003.
Brandino HE, Picchi LD. Análise por bioimpedância da composição corporal de
indivíduos antes e imediatamente após a prática de exercício físico. Rev Cient do
UNIFAE 2007: 5-10.
Carrel AL, Clark RR, Susan E. Peterson SE, Nemeth BA; Sullivan J, Allen DB.
Improvement of Fitness, Body Composition, and Insulin Sensitivity in Overweight
Children in a School-Based Exercise Program: A Randomized, Controlled Study. Arch
Pediatr Adolesc Med 2005; 159: 963 - 968.
Chiara V, Sichieri R, Martins PD. Sensibilidade e especificidade de classificação de
sobrepeso em adolescentes. Rio de Janeiro. Rev Saúde Pública 2003; 37:226-31.
Costa RF. Composição Corporal: teoria e prática da avaliação. Barueri: Manole; 2001.
Referências Bibliográficas 92
Cremers JG, Tweel I van der, Boersma B, Wit JM, Zonderlan M. Growth curves of Dutch
children Down’s syndrome. J Intell Disabil Res 1996; 412-420.
Cronk C, Crocker AC, Pueschel SM, Shea AM, Zackai E, Pickens G et al. Growth charts
for children with Down syndrome: 1 month to 18 years of age. Pediatrics 1988; 81:102-
110.
Cronk CE. Growth of children with Down's syndrome: birth to age 3 years. Pediatrics
1978; 61:564-568.
Dâmaso A. (orgs) Obesidade. Rio de Janeiro: MEDSI; 2003.
Dâmaso A. Nutrição e exercício na prevenção de doenças. Rio de Janeiro: MEDSI;
2001.
De Ferranti S, Mozaffarian D. The perfect storm: obesity, adipocyte dysfunction, and
metabolic consequences. Clin Chem 2008;54:945-55.
Déa VHSD, Duarte E. Síndrome de Down: informações, caminhos e histórias de amor.
São Paulo: Phorte; 2009.
Del-Rio-Navarro BE, Valazquez-Monroy O, Lara-Esqueda A, Violante-Ortiz R,
Fanghanel G, Perez-Sanchez L, et al. Obesity and metabolic risks in children. Arch Med
Res 2008;39:215-21.
Dietz WH. Critical periods in childhood for the development of obesity. Americ J Clinic
Nutr 1994;59:955-9.
Farias ES, Paula F, Carvalho WRG, Gonçalves EM, baldin AD, Guerra-Junior G.
Influence of programmed physical activity on body composition among adolescent
students. J Pediatr 2009; 85(1):28-34.
Referências Bibliográficas 93
Fernandes RA, 1, Rosa CSC, Buonani C, de Oliveira AR, Freitas Júnior IF. Utilização da
impedância bioelétrica na indicação do excesso de gordura visceral e subcutânea. J
Pediatr 2007;83(6):529-534.
Fernández JR, Redden DT, Pietrobelli A, Allison DB. Waist Circumference Percentiles in
Nationally Representative Samples of African-American, European-American, and
Mexican-American Children and Adolescents. The J of Pediatr 2004; 145: 439-44.
Ferreira AP, Ferreira CB, Mota MR, Fonseca RMC, Nóbrega OT, Oliveira RJ, França
NM. Comparação entre critério do CDC e outros indicativos de gordura corporal para
avaliação do estado nutricional. Arc Ciênc Saúde 2008; 15(2): 75-81.
Ferreira AP, Oliveira CE, França NM. Metabolic syndrome and risk factors for
cardiovascular disease in obese children: the relationship with insulin resistence
(HOMA-IR). J Pediatr 2007; 83:21-6.
Freeman SB, Allen EG, Oxford-Wright CL, Tinkera SW, et al. The National Down
Syndrome Project: Design and Implementation. Public Health Reports 2007; 122: 62-72.
Freitas VG. Obesidade Infantil: da falta de amor à fome de amor. [Dissertação]. Belo
Horizonte (MG). Faculdade de Psicologia. Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais; 2009.
Frisancho AR. Antropometrc standars for the assement of growth and nutritional status.
Ed. The University of Michigan Press 1990. 198p.
Ghosh S, Feingold E, Dey SK. Etiology of Down Syndrome: Evidence for Consistent
Association Among Altered Meiotic Recombination, Nondisjunction, and Maternal Age
Across Populations. Am J Med Genet Part A 2009; 149A:1415-1420.
Referências Bibliográficas 94
Goldbacher EM, Matthews KA, Salomon K. Central adiposity is associated with
cardiovascular reactivity to stress in adolescents. Health Psychol 2005; 24:375- 84.
Grech V. An overview and update reagarding medical problems in Down syndrome.
Indian J of Peditr 2001; 68:863-65.
Guedes DP, Guedes JERP. Controle do Peso Corporal. Rio de Janeiro. Shape; 2003.
Guedes DP. Recursos antropométricos para análise da composição corporal. Rev Bras
Educ Fís Esp 2006; (20):115-19.
Guedes EP, Carraro L, Godoy-Matos A, Lopes AC. Obesidade: Etiologia. Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Sociedade Brasileira de Clinica Médica
2005; 1-7.
Guerra MB. Síndrome de Down y Respuesta al Esfuerzo Físico. [Tese – Doutorado].
Barcelona (Espanha): Escola de Medicina de l’Educació Física i l’Esport. Departamento
de Ciencias Morfológicas; 2000.
Guillaume M, Lapidus L, Lambert A. Obesity and nutrition in children. The Belgian
Luxembourg Child Study IV. Eur J Clin Nutr 1998; 52(5):323-328.
Hassen KC, Zhang Z, Gomez T, Adams A, Schoeller DA. Exercise increase the
propotion of fat utilizacion during short-term consumption of a high-fat diet. Am J Clin
Nutr 2007; 85:109-116.
Herculano-Houzel S. Entrevista concedida na Rede Globo, Bióloga e Neurocientista
Professora adjunta do Departamento de Anatomia – ICB – UFRJ 2006.
Heyward VH. Avaliação física e prescrição do exercício: técnicas avançadas. Porto
Alegre: Artmed; 2004:156-159. v. 4.
Referências Bibliográficas 95
Hidalgo FJB, Blanco AI, Amate Garrido AM. Prevalência de obesidad infantil em Cueta.
Estúdio PONCE 2005. Nutr Hosp 2007; 22(4):471-477.
Hills PA, king NA, Armstrong TP. The contribuition of physical activity and sedentary
behaviours to the growth and development of children and adolescents: implications for
overweight and obesity. Sport Med 2007; 37(6):533-545.
Jacini WFS. Estudo comprova benefícios do esporte para a saúde do cérebro. Jornal da
Unicamp, Campinas (SP) 2007; 351:11.
Kaminker P, Armando R. Síndrome de Down. Primera parte: Enfoque clínico-genético.
Arch Argent Pediatr 2008; 106(3):249-259.
Kawana H, Nonaka K, Takaki H, Tezuka F, Takano T. Obesity and life style of Japanese
school children with Down syndrome. Nippon Koshu Eisi Zasshi 2000; 47(1):87-94.
Katzmarzyk PT, Masson C. The physical activity transition. J Phys Act Health 2008;
6(3):269-80.
Katzmarzyk PT, Baur LA, Blair SN, Lambert EV, Oppert JM, Riddoch C. International
conference on physical activity and obesity in children: summary statement and
recommendations. App Physiol Nut Metab 2008; 33:371-388.
Kiss MAPD. (2003). Esporte e Exercício: Avaliação e Prescrição. São Paulo: Roca;
2003.
Kushner RF. Bioeletrical impendance analysis: a review of principles and applications. J
Am Coll Nutr 1992;11:199- 209.
Referências Bibliográficas 96
Laffaire J. Modifications du transcriptome au cours du développement postnatal du
cervelet dans un modèle murin de Trisomie 21 [Tese – Doutorado]. Paris (França):
Université Pierre et Marie Curie; 2008.
Lima SC, Sousa C, Leite RBC et al. Down Syndrome: exploratory study of memory in
the context of education. Rev Bras Ciênc Cogn 2009; 14(2):35-46.
Lima SCVC, Arrais RF, Pedrosa LFC. Avaliação da dieta habitual de crianças e
adolescentes com sobrepeso e obesidade. Rev Nutr 2004; 17(4):469-477.
Livingstone MBE. Energy Expendure and Physical Activity in Elation to Fitness in
Children. Proceedings of de Nutrition Society. Proc Nutr Soc. 1994; 53(1):207-21.
Lopes JA, Franceschini SCC, Priore SE. Curvas de crescimento para crianças com
Síndrome de Down. Rev Bras Nutr Clin 2006; 21(2):144-148.
Lopes TS, Ferreira DM, Pereira RA, da Veiga GV, Martins VMR. Assement
ofanthropometric indexes of children and adolescents with Down syndrome. J Pediatr
2008: 84(4):350-356.
Luke A, Sutton M, Schoeller DA, Roizen NJ. Nutrient intake and obesity in prepubescent
children with Down syndrome. J. Am. Diet. Assoc 1996; 96(12):1262-1267.
Maffeis C, Pietrobelli A, Grezzani A, Provera S, Tato L. Waist circumference and
cardiovascular risk factors in prepubertal children. Obes Res 2001;9:179-87.
Marques AC, Nahas MV. Qualidade de vida de pessoas portadoras de Síndrome de
Down, com mais de 40 anos, no Estado de Santa Catarina. Rev Bras Ciên e Mov 2003;
2(11):55-61.
Referências Bibliográficas 97
Martinez-Gomez D, Gomez Martinez S, Puertollano MA, Nova E, et al. Design and
evaluation of a treatment programme for Spanish adolescents with overweight and
obesity. The EVASYON Study. BMC Public Health 2009; 9:414:1-11.
Martinez-Gomez D, Puertollano MA, Wamberg J, Calabro MA, Welk GJ, Sjostróm G,
Veiga OL, Marcos A. Comparison of the ActiGraph acceloremeter and Bouchard diary to
estimate energy expenditure in Spanish adolescents. Nutr Hosp 2009; 2 4(6):701-710.
Matsudo S, Araújo T, Matsudo V, Andrade D, Andrade E, Oliveira LC, Braggion G.
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): estudo de validade e
reprodutibilidade no Brasil. Rev Bras de Atividade Física & Saúde 2001; 6(2): 5-12.
McArdle WD, Katch FI, Katch VL. Fisiologia do Exercício. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan S. A.; 2003. 895p.
McCarthy HD, Cole TJ, Fry T, Jebb AS, Prentice AM. Body fat reference curves for
children. Inter J Obes 2006; 30(4):598-602.
Mello ED, Luft VC, Meyer F. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? J Pediatr
2004; 80(3):173-182.
Menear KS. Parents’ perceptions of health and physical activity needs of children with
Down syndrome. Down syndrome Research and Practice 2007; 12(1):60-8.
Miller J, Rosenbloom A, Silversten J. Childhood Obesity. J Clin Endocrinol Metab 2004;
89(9):4211-4218.
Moreira LMA, El-Hani CN, Gusmão FAFA. A síndrome de Down e sua patogênese:
considerações sobre o determinismo genético. Rev Bras de Psiquiatr 2000; 22(2):96-9 .
Referências Bibliográficas 98
Mustacchi Z. Curvas de padrão pondero-estatural de portadores de síndrome de Down
procedentes da região urbana da cidade de São Paulo. [Tese – Doutorado]. São Paulo
(SP): Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo; 2002.
Myrelid A, Gustafsson J, Ollars B, Annerén G. Growth charts for Down’s syndrome from
birth to 18 years of age. Arch Dis Child 2002; 87:97-103.
Navas FT. Actividad Física y Obesidad Infantil. EFDeportes Rev Digital, Buenos Aires
2009; 14 (131). Disponível em: http://www.efdeportes.com/
OMS. Obesidad y salud. WHO 2006: 311.
O’Nell K, Shults J, Stallings VA, Stettler N. Child-Feeding practices in children with
Down syndrome and their sibilings. J Pediatr 2005;146:234-8.
Panjikkaran ST, Kumari KS. Augmenting BMI and Waist-Height Ratio for Establishing
More Efficient Obesity Percentiles among School-going Children. Indian J Community
Med 2009; 34(2):135–139.
Pastor XD, Quintó LD, Corretger MC, Gassió RS, Hernández MM, Seres AS. Tablas de
crecimiento actualizadas de los niños españoles con síndrome de Down. Rev Med Int
sobre Síndrome de Down 2008; 8(3):34-46.
Pinheiro ACF, Urtega CR, Cañete GS, Atalah ES. Evaluación Del estado nutricional em
niños com síndrome de Down según diferentes referencias antropométricas. Rev Chil
de Pediatr 2003; 4(6):585-589.
Piro E, Penninno C, Cammarata M, Corselho G, Grenci A, Lo Giudice C et al. Growth
charts of Down syndrome in Sicily: evaluation of 382 children 0-14 years of age. Amer
Journ Med and Genet 1990; 7:66-70.
Referências Bibliográficas 99
Pitetti KH. Assessment and Promotion of Physical Activity in Persons With Cognitive
Disabilities. In: Annual American College of Sports Medicine 1994.
Pogribna M, Melnyk S, Pogribny I, et al. Homocysteine Metabolism in Children with
Down Syndrome: In Vitro Modulation. Am. J. Hum. Genet 2001; 69:88–95.
Potestio ML, Patel AB, Powell CD, McNeil DA, Jacobson RD, McLaren L. Is there an
association between spatial access to parks/green space and childhood
overweight/obesity in Calgary, Canada? Int J Behav Nutr Phys Act 2009; 6(77):1-10
Ramos JJ. Os exercícios físicos na história e na arte. São Paulo: IBRASA 1982. 15p.
Rech RR, Halpern R, Mattos AP, Bergmann MLA, Costanzi CB, Alli LR. Obesidade
infantil: complicações e fatores associados. R Bras Ci e Mov 2007; 15(4):111-120.
Ribeiro MC; Rodrigues GM. Correlação de dados antropométricos de pessoas com
síndrome de down e de seus familiares com o histórico de atividade física. Rev Pulsar
2009; 1: 1-24.
Ricardo GD, Caldeira GV, Corso ACT. Prevalência de sobrepeso e obesidade e
indicadores de adiposidade central em escolares de Santa Catarina, Brasil. Rev Bras
Epidemiol 2009; 12(3):424-435.
Rocha SMS, Ferreira DM, Marins VMR, Pereira RA, da Veiga GV, Cruz LG, Lopes TSL.
Avaliação antropométrica de crianças e adolescentes portadores da síndrome de Down.
Rev da Soc Bras de Aliment e Nutr 2005; 30:148.
Rolland-Cachera MF. Body composition during adolescence: methods, limitations and
determinants. Workshop 1. The physical status: the use and interpretation of
anthropometry in adolescence. Horms Res 1993; 39:25-40.
Referências Bibliográficas 100
Rosada EL, Bressan J. Uso da bioimpedância elétrica, do Tritrac-R3D e da calorimetria
indireta no estudo da obesidade. Rev Bras Nutr Clin 2002; 17(4): 149-156.
Rossi L, Tirapegui J. Comparação dos métodos de bioimpedância e equação de
Faulkner para avaliação da composição corporal em desportistas. Rev Bras de Cien
Farm 2001; 37(2): 137-1342.
Snt’Anna MSL, Tinoco ALA, Rossado LEFPL, Sant’Anna LFR, Mello AC, Brito ISS,
Araujo LF, Santos TF. Avaliação de gordura corporal pela bioimpedância elétrica e sua
correlação com diferentes pontos anatômicos de medida da circunferência da cintura
em crianças. J Pediatr 2009;85(1):61-66:
Schwatzman JS e colaboradores. Síndrome de Down. São Paulo: Memnon; 2003.
Serra JD, Franch MA, López LG, Costa CM, Salinas CS. Obesidad Infantil.
Recomendaciones del Comité de Nutrición de la Asociación Española de Pediatría.
Parte II. Diagnóstico. Comorbilidades. Tratamiento. An Pediatr 2007; 66(3): 294-304.
Setian N, Damiani D, Manna TD, Dichtchekenian V, Cardoso AL. Obesidade na criança
e no adolescente: buscando caminhos desde o nascimento. São Paulo: Roca; 2007. 1:
280.
Siegfried MP e colaboradores. Síndrome de Down: guia para pais e educadores.
Campinas-SP: Papirus; 2003.
Sigulem DM, Devincenzi UM, Lessa AC. Diagnóstico do estado nutricional da criança e
do adolescente. J Pediatr 2000; 76(3): S275-S284.
Silva DL da, Santos JAR dos, Martins CF. Avaliação da Composição Corporal em
Adultos com síndrome de Down. Arquiv de Med 2006; 20(4):103-110.
Referências Bibliográficas 101
Silva MFMC, Kleinhans ACS. Processos cognitivos e plasticidade cerebral na Síndrome
de Down. Rev Bras Educ Espec 2006;12(1):123-38.
Sotelo YOM, Colugnati FAB, Taddei JAAC. Prevalência de sobrepeso e obesidade
entre escolares da rede pública segundo três critérios de diagnostico antropométrico.
CAD Saúde Pública, Rio de Janeiro 2004; 20(1): 233-240.
Souza DP, Silva GS, Oliveira AM, Shinohara NKS. Etiologia da obesidade em crianças
e adolescentes. Rev Bras Nutr Clin 2007; 22(1): 72-76.
Stratford B. Síndrome de Down: Passado, presente y futuro. Colônia Del Valle, México:
Diana1999.
Styles ME, Cole TJ, Dennis J, Preece MA. New cross sectional stature, weigth, and
head circumference references for Down’s syndrome in the UK and Republic of Ireland.
Arch Dis Child 2002; 87:104-108.
Tolmie JL. Down syndrome and other autosomal trisomies. Apud. Rimoin DL, Connor
JM, Pyeritz RE et al. Emery and Rimoin’s Principles and practice of medical genetics. 3ª
ed, New York, Churchill Livingstone 1996: 925-71.
Tomkins A. Measuring obesity in children: what standars to use? J Pediatr 2006; 82 (4):
246-248.
Tritschler KA. Medidas de Avaliação em Educação Física e Esportes de Barrow &
McGEE. Barueri-SP: Manole; 2003.
Troncon JK, Gomes JP, Guerra-Júnior G, Lalli CA. Prevalência de obesidade em
crianças de uma escola pública e de um ambulatório geral de Pediatria de hospital
universitário. Rev Paul Pediatr 2007; 25:305-10.
Referências Bibliográficas 102
Trost SG, Pate RR, Sallis JF, Freedson PS, Taylor WC, Dowda M, Sirard J. Age and
gender differences in objectively measured physical activity in youth. Med Sci Sports
Exerc 2002; 34:350-5.
US Preventive Service Task Force. Screening and Interventions for overweight in
children and adolescents: recommendation statement. Pediatrics 2005; 116:205-209.
van der Sluis IM, de Ridder MAJ, Boot AM, Krenning EP, de Muinck Keizer-Schrama
SMPF. Reference data for bone density and body composition measured with dual
energy x ray absorptiometry in white children and young adults. Arch Dis Child 2002;
87:341-7.
Veiga GV, Dias PC, Anjos LA. A comparison of distribution curves of body mass index
from Brazil and the United States for assessing overweight and obesity in Brazilian
adolescents. Rev Panam Salud Pública 2001; 10:79-85.
Visootsak J, Sherman S. Neuropsychiatric and behavioral aspects of trisomy 21. Curr
Psychiatr Rep 2007; 9(2):135-40.
WHO. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO
consultation on obesity in Geneva 3-5, 1997. Geneva: WHO 1998.
WHO. Inforrme sobre la Salud en el Mundo: Reducir los riesgos y promover una vida
sana. Publicación oficial, Geneva: WHO 2003.
WHO. Preventing chronic disease: a vital investment. Geneva: WHO 2005.
Anexos 103
9. ANEXOS
Anexos 104
ANEXO 1
Planilha de Valores individuais da idade (anos), peso (kg), estatura (cm), IMC (kg/m2)
de crianças e adolescentes com SD, segundo gênero, apresentados em média, desvio
padrão e mediana.
Anexos 105
ANEXO 2
Valores individuais da dobra cutânea triciptal (DCT) e dobra cutânea subescapular
(DCSE) de crianças e adolescentes com SD, segundo gênero, apresentados em
média, desvio padrão e mediana.
Anexos 106
ANEXO 3
Valores individuais da Circunferencia da Cíntura (CC) de crianças e adolescentes com
SD, segundo gênero, apresentados em média, desvio padrão e mediana.
Anexos 107
ANEXO 4
Valores individuais da Bioimpedancia Eletrica de crianças e adolescentes com SD,
dividida por gênero, apresentados em média, desvio padrão e mediana.
Anexo 4a – Valores individuais da Bioimpedancia Eletrica de crianças e adolescentes
com SD, do gênero masculino, apresentados em média, desvio padrão e mediana.
Anexo 4b – Valores individuais da Bioimpedancia Eletrica de crianças e adolescentes
com SD, do gênero feminino apresentados em média, desvio padrão e mediana.
Anexos 108
ANEXO 5 Valores individuais do IMC das mães dos filhos com SD.
N Idade Peso Estatura IMC 1 32 59,90 1,59 21,76 2 48 84,00 1,57 34,08 3 44 67,40 1,60 26,17 4 62 71,90 1,59 28,08 5 51 94,90 1,69 32,91 6 37 90,20 1,56 37,06 7 35 71,00 1,51 31,14 8 32 61,10 1,57 24,75 9 47 69,80 1,66 25,04 10 51 73,90 1,58 29,24 Soma (N=10) 439 744,10 15,92 290,23 Média 43,90 74,41 1,59 29,02 Mediana 45,5 71,45 1,58 26,99 Desvio Padrão 9,80 11,72 0,05 4,78
Apêndices
109
10. APÊNDICES
Apêndices
110
APÊNDICE 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (ADULTO – Pai ou mãe da criança ou jovem com síndrome de Down)
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Nome do projeto: “Freqüência de obesidade e seus fatores determinantes em crianças e adolescentes com síndrome de Down atendidas em um centro de referencia”. Responsável pelo projeto: Juan Eduardo Samur San Martin
Eu, __________________________________________________________, aceito
por livre e espontânea vontade participar deste estudo que será realizado para se saber a
freqüência e as causas da obesidade na síndrome de Down. Será necessário responder a um
questionário de hábitos alimentares a prática de atividade física. Também será realizado um
exame físico com medidas de peso, altura e outras equivalentes para avaliar a obesidade. Esta
investigação não acarretará gasto de dinheiro e nem riscos a minha saúde.
Estou ciente que posso desistir de participar a qualquer momento que desejar,
mesmo após a assinatura deste termo. Sei que a minha participação é voluntária e sem
obrigações financeiras e que não receberei remuneração nesta participação do estudo,
como também que as informações coletadas serão tratadas e mantidas em sigilo.
Em caso de qualquer esclarecimento ligar para:
Juan Eduardo Samur San Martin, (tel. 19 XXXX-XXXX);
Prof. Dr. Gabriel Hessel, (tel. 19 XXXX-XXXX);
Prof. Dr. Roberto Teixeira Mendes, (tel. 19 XXXX-XXXX);
Secretaria da Comissão de Ética CEP – UNICAMP, (tel. 19 XXXX-XXXX).
Nome do adulto Responsável pela pesquisa
___________,______de _______ de 2009.
Apêndices
111
APÊNDICE 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (CRIANÇA E/OU JOVEM COM SÍNDROME DE DOWN)
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Nome do projeto: “Freqüência de obesidade e seus fatores determinantes em crianças e adolescentes com síndrome de Down atendidas em um centro de referencia”. Responsável pelo projeto: Juan Eduardo Samur San Martin
Eu, ________________________________________________________, declaro por livre e espontânea vontade permitir a _____________________________________________________________________, (nome da criança e/ou jovem), com idade de _______ anos que se encontra sobre a responsabilidade de ____________________________________________________, RG ______________________, telefone (____) ____________________, cujo grau de parentesco é _______________, a participar deste estudo que será realizado para se saber a freqüência e as causas da obesidade na síndrome de Down. Será necessário responder a um questionário de hábitos alimentares e prática de atividade física. Também será realizado um exame físico com medidas de peso altura e outras equivalentes para avaliar a obesidade. Apenas nas crianças e jovens com síndrome de Down será efetuada a medida da massa magra e gorda com um aparelho não invasivo. Esta investigação não acarretará gasto de dinheiro e nem riscos à saúde da criança, jovem e/ou familiares pesquisados.
Estou ciente que posso desistir de participar a qualquer momento que desejar,
mesmo após a assinatura deste termo. Sei que a minha participação é voluntária e sem
obrigações financeiras e que não receberei remuneração nesta participação do estudo,
como também que as informações coletadas serão mantidas e tratadas em sigilo.
Em caso de qualquer esclarecimento ligar para:
Juan Eduardo Samur San Martin, (tel. 19 XXXX-XXXX);
Prof. Dr. Gabriel Hessel, (tel. 19 XXXX-XXXX);
Prof. Dr. Roberto Teixeira Mendes, (tel. 19 XXXX-XXXX);
Secretaria da Comissão de Ética CEP – UNICAMP, (tel. 19 XXXX-XXXX).
Responsável pela criança Responsável pela pesquisa
___________,______de _______ de 2009.
Apêndices
112
Apêndices
113
Apêndices
114
Apêndices
115
top related