leo brouwer
Post on 26-Oct-2015
942 Views
Preview:
TRANSCRIPT
ESCOLA SUPERIOR DE MÚSICA – LICENCIATURA EM MÚSICA, VARIANTE INTERPRETAÇÃO, RAMO GUITARRA ESCOLA SUPERIOR DE MÚSICA – LICENCIATURA EM MÚSICA, VARIANTE INTERPRETAÇÃO, RAMO GUITARRA
JANEIRO 2010
Nuevos Estudios Sencillos
Análise e gravação integral dos Nuevos Estudios
Sencillos de Leo Brouwer
Filipa Pinto Ribeiro (nº 971) Gonçalo Duarte (nº 2008-096) Ricardo Martins (2007-036)
2
INTRODUÇÃO
Este trabalho surge no âmbito da disciplina curricular de Opções/ Projectos e tem como
objectivo principal a gravação integral dos Nuevos Estudios Sencillos do compositor Leo
Brouwer, bem como uma análise de cada estudo, dando especial relevo aos aspectos técnicos
e interpretativos abordados em cada um.
Enquanto guitarristas consideramos que Leo Brouwer é uma figura marcante no universo da
guitarra, não apenas enquanto intérprete, como, sobretudo, enquanto compositor de grande
nível. Desta forma, procuramos através deste trabalho divulgar a sua produção mais recente
(uma vez que esta obra é datada de 2003) e, simultaneamente, fazer um registo áudio da
mesma, ainda pouco conhecida do público em geral devido à sua especificidade pedagógica.
Para além disto, esperamos que este trabalho possa suscitar o interesse nestes estudos de
alunos e professores de guitarra, para que estes se possam tornar tão importantes na
formação de um guitarrista como o primeiro caderno de Estudios Sencillos, escrito em 1973.
Por fim, não podemos deixar de referir que este trabalho é, igualmente, uma forma de
homenagear o grande mestre da guitarra Leo Brouwer, por todo o seu empenho, dedicação e
carreira, que dedicou (quase exclusivamente) à promoção e desenvolvimento da guitarra
clássica.
3
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 2
ÍNDICE 3
CAPÍTULO I 4
1. BREVE BIOGRAFIA 5
2. OBRA PARA GUITARRA 6
3. INOVAÇÕES TÉCNICAS INTRODUZIDAS NAS SUAS OBRAS 9
CAPÍTULO II 10
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS NUEVOS ESTUDIOS SENCILLOS 10
2. ANÁLISE
- OMMAGIO A DEBUSSY 11
- OMMAGIO A MANGORÉ 12
- OMMAGIO A CATURLA 13
- OMMAGIO A PROKOFIEV 14
- OMMAGIO A TÁRREGA 15
- OMMAGIO A SOR
- OMMAGIO A PIAZZOLLA 17
- OMMAGIO A VILLA-LOBOS 18
- OMMAGIO A SZYMANOWSKI 19
- OMMAGIO A STRAVINSKY 20
CONCLUSÃO 21
BIBLIOGRAFIA 22
ANEXOS 23
4
CAPÍTULO I
“1 de Março de 1939: nasce em Cuba um dos homens mais carismáticos do universo artístico
do século. Investigador incansável, atravessa todos os movimentos estéticos e éticos que
tentam compreender as sangrentas convulsões deste nosso Mundo.”
Iñaki Bizkarguenaga – El Mundo
Leo Brouwer marca um ponto de viragem na história da guitarra, não apenas enquanto
intérprete mas também como compositor de primeira ordem para o seu instrumento. É
maestro, compositor e guitarrista (toca também violoncelo, clarinete, percussão e piano) e
desenvolveu/desenvolve ao máximo as potencialidades do seu instrumento, com a introdução
de novas técnicas na sua abordagem.
5
1. BREVE BIOGRAFIA
Juan Leovigildo Brouwer Mezquida nasce, como já foi referido, a 1 de Março de 1939 em
Havana. Inicia os seus estudos musicais desde cedo no âmbito familiar. Entre 1953 e 1954
estuda guitarra com Isaac Nicola (discípulo de Pujol). Mais tarde, ingressa no Conservatório
Peyrellade de Havana, onde tem o seu primeiro contacto com a composição. As suas primeiras
obras datam precisamente do ano de 1954 e são Música (para guitarra, cordas e percussão) e
Suite (para guitarra).
Em 1960, dirige o Departamento de Música do Instituto Cubano de Arte e Indústria
Cinematográfica, onde cria, já em 1968, o Grupo de Experimentação Sonora de ICAIC, que
reuniu vários jovens criadores cubanos – dos quais se destacam Silvio Rodriguez e Pablo
Milanés – para pôr em prática um trabalho renovador relacionado com o cinema e música
popular, que tão importante foi e é na história da América Latina. Neste projecto, compôs
obras para mais de cem filmes em todo o mundo.
Em 1961 foi nomeado professor de harmonia e contraponto no Conservatório Nacional de
Havana e, dois anos depois, é igualmente nomeado para professor de composição, bem como
para assessor musical da Rádio e Televisão Nacional de Cuba.
Enquanto intérprete, estreou-se em 1955, em Havana. Desde essa altura que a sua carreira
artística o levou a ocupar um lugar de grande importância e respeito na comunidade
guitarrística universal, tendo participado nos maiores festivais e eventos mundiais
relacionados com a guitarra onde, para além de concertos, deu cursos e master-classes.
Em 1987, a 22ª Assembleia do Concelho Internacional de Música (CIM) da UNESCO nomeia-o
Membro de Honra, recebendo em conjunto com Isaac Stern e Alain Danielou o mais alto
prémio de reconhecimento pela sua carreira musical, honra essa que divide actualmente com
Sir Yehudi Menuhin, Ravi Shankar, Herbert von Karajan, Krysztof Penderecki, entre outras
personalidades do mundo musical. Em 1989, a Instituição de Música Italo-Latinoamericana
nomeia-o Membro do Comité Honorário, em conjunto com Claudio Abbado, Ricardo Mutti,
Pierre Boulez, Salvatore Accardo, entre outros, sendo o Presidente de então Claudio Arrau.
Para além disto, foi director-geral da Orquestra Sinfónica Nacional de Cuba, membro do
Conselho Nacional de Música, membro da Academia das Artes de Berlim, conselheiro artístico
do Festival de Martinica, membro honorário da Sociedade de Autores de Música, director
artístico do Festival de Música de Havana e presidente da Federação de Festivais
Internacionais de Guitarra. Até ao ano de 2007, foi maestro titular da Orquestra de Córdoba.
6
2. OBRA PARA GUITARRA
No início do século XIX, a guitarra volta a ocupar um lugar de destaque no mundo musical
espanhol. Dá-se um renascimento do instrumento, por muitos chamado de século de ouro da
guitarra, no qual se destacam compositores e intérpretes como Fernando Sor e Dionisio
Aguado. Com o início do século XX reafirmaram-se muitas das etapas iniciadas anteriormente
e surgiram outras, como é o caso da escola de Francisco Tárrega, introduzida definitivamente
neste período, e que depressa chega a Cuba.
Até à primeira metade do século XX, a guitarra em Cuba inicia um novo período e Leo Brouwer
será, a partir de então, a sua figura central. A sua obra para guitarra é facilmente divisível em
três fases que, apesar disso, não são marcadas de forma abrupta. As obras da primeira fase
caracterizam-se pela utilização das formas musicais tradicionais (sonatas, variações e suites) e
pela sua concepção harmónica com raízes na música tonal.
Esta fase ocorre entre 1955 e 1962, e pode considerar-se a fase nacionalista. Este é o período
em que Leo Brouwer utiliza uma linguagem que vai desde o nacional e próprio à linguagem
continental latino-americana, chegando dessa forma à linguagem internacional. Muitos
compositores latino-americanos iniciaram a sua carreira, a partir da segunda metade do século
XX, como nacionalistas fervorosos sentindo-se responsáveis por levar a cabo uma reconciliação
entre as técnicas mais avançadas do modernismo europeu e os elementos melódicos e
rítmicos próprios da música tradicional do seu país. Este foi o caso de compositores como
Heitor Villa-Lobos, Carlos Chavez e Alberto Ginastera, entre outros. Leo Brouwer, por outro
lado, define a sua música como uma música de fusão de modelos e características populares e
eruditas, algo que se enquadra na corrente pós-modernista. Apesar do seu ambiente cultural
não ser de origem popular, nas suas obras há sempre a presença de elementos tradicionais,
inclusivamente nas mais complexas e elaboradas. Desta forma, pode dizer-se que a sua obra
reflecte a sua representação do mundo, na qual misturou os seus valores, as suas vivências e a
sua cultura histórica, com os conhecimentos eruditos que servem de base à sua educação
musical.
Outra característica desta primeira etapa é a utilização sistemática de células repetitivas, que
surge como influência da cultura afrocubana (música e dança em especial). Esta é uma
característica que poderá levar a que a sua música seja catalogada como minimalista, uma vez
que se enquadra perfeitamente nos requisitos dessa corrente.
Uma vez formado como guitarrista, Brouwer inicia-se como compositor tendo como objectivo
principal colmatar as “falhas” do reportório guitarrístico. Em 1956 estreia a sua primeira
grande obra, Preludio. Pieza sin Título é outra das obras compostas neste período, acerca da
qual Leo Brouwer disse o seguinte:
7
«A nossa música popular sofre destas debilidades formais, das texturas, do desenvolvimento
temático, contrapontístico, e é forte em valores rítmicos e, quiçá, em segundo plano, valores
harmónicos. Logo, para mim era mais importante contar com a força do elemento rítmico e
procurar novas linguagens através das outras características, não criar características.
Portanto, algumas dessas coisas poder ter valor.»1
O triunfo da Revolução Cubana, em 1959, deu origem a uma mudança total na vida nacional
cubana. Leo Brouwer vai para Nova Iorque como bolseiro do Governo revolucionário. Isto
permitiu que tivesse um contacto mais directo com a vanguarda musical de então. Desta
forma, após um período em que o compositor realizou uma retirada de amadurecimento
efectivo das suas ideias e compôs algumas obras para outros instrumentos, iniciou-se uma
etapa que em que se dá uma verdadeira renovação da composição para guitarra.
A partir desta época, a linguagem das suas obras vai-se desarticulando, iniciando assim um
período de vanguarda. É clara a forma como utiliza uma linguagem contrastante com a de
Villa-Lobos, por exemplo, cuja música se caracteriza por uma linguagem essencialmente
melódica que nunca foi tomada por Brouwer como uma base.
É em Nova Iorque que compõe a série dos XX Esudios Sencillos. A questão pedagógica e a
tentativa de colmatar as falhas técnicas do reportório foram, desde sempre, uma das suas
grandes preocupações.
Após isto, compõe outras obras onde a forma se converte num elemento muito mais
importante que a linguagem propriamente dita. Estas alterações são claramente visíveis em
algumas das suas obras da fase mais madura. Neste sentido, a partir deste período as suas
obras abandonam as formas musicais tradicionais para utilizar formas extra-musicais
(geométricas, pictóricas, etc…), formas aleatórias e baseadas em composições celulares de
quatro ou cinco notas, das quais sairá uma excelente estrutura. Este desenvolvimento em
espiral é particularmente evidente nas Tres Danzas Concertantes e na obra Canticum que,
segundo palavras de Emilio Pujol, “se converteu num ponto de partida para a composição
guitarrística, tal como já havia feito Falla com a sua Homenagem a Debussy.”
Uma das obras mais importantes da sua segunda fase é Elogio de la Danza, composta em
1964. Nesta obra estão patentes os grandes clichés da dança: o adágio e o ostinato. Os
ostinatos que tornaram famosos os ballets russos de Igor Stravinsky, do ponto de vista da
dança, convertem-se num ritmo contínuo no caso da guitarra e, para além disso, numa forma
contínua. Aqui se observa um serialismo que em nada se assemelha ao serialismo
dodecafónico não deixando, no entanto, de existir uma estrutura serial, se entendermos o
serialismo como uma disposição muito particular de ordenar os materiais sonoros.
O desenvolvimento destas formas e, sobretudo, a forma em espiral, está intimamente
relacionado com o pensamento estético de um Leo Brouwer vanguardista. Para ele existem
1 Jesús Ortega – entrevista gravada a Leo Brouwer.
1 Na linguagem técnica guitarrística, os dedos da mão direita são designados de p (polegar), i (indicador),
m (médio) e a (anelar). 3 Técnica guitarrística em que se utilizam os dedos da mão direita para produzir notas mais agudas que a
anterior através da pressão da corda, isto é, sem necessidade de pulsar a corda com a mão direita. 4 Termo técnico utilizado para designar a pressão simultânea de todas ou algumas cordas da guitarra pelo dedo 1 da
8
duas formas diferentes de abordar a composição: a estrutural e a sensorial. A primeira surge
como herança da importante visão de Levy-Strauss, Umberto Eco e Pierre Boulez, entre outros.
O seu tratamento histórico foi exclusivo e primou sob o dever orgânico do som. A segunda
forma, sensorial, acabou por ser a eleita de Brouwer. Esta, respeita a forma mas não fecha as
possibilidades de expansão ou mudança que, de algum modo, possam alterar a estrutura.
Outra das características inovadoras da sua linguagem foi a utilização da plasticidade pictórica
como elemento desencadeador de impulsos, com referência a imagens como as criadas por
Paul Klee ou por Picasso. Isso pode ser observado em muitas das obras da sua segunda e
terceira fases, em que são muitas as semelhanças como quadros, como por exemplo Parabola
que, com a sua estrutura celular, se assemelha com os quadros mágicos de Paul Klee.
Apesar da sua renuncia à tonalidade e à armação de clave, as suas obras mantêm um ou mais
centros tonais e uma linha melódica composta por diferentes planos independentes entre si,
formando mais um tema propriamente dito que uma ideia musical.
A qualidade revolucionária da arte está directamente relacionada com os seus elementos
constitutivos: forma, conteúdo, conjuntura histórico-social em que a mesma decorre. A
posição do artista e da sua obra relacionam-se dialecticamente, e é por isto que por volta de
1967-1969 se observa na sua música um retorno à tonalidade que nasce gradualmente pela
necessidade de equilíbrio entre o repouso (tonalidade) e o movimento e tensão (atonalidade).
Esta é uma fase que poderia chamar-se perfeitamente de Pós-Modernista, tendência estilística
que, musicalmente falando, se caracteriza pela sobreposição de diversas tonalidades, diversas
alusões a obras clássicas que são colocadas em oposição, em contraposição e em interposição.
Esta terceira etapa mantém-se até à actualidade. Muitos dos seus colegas e críticos intitulam-
na de “Neo-Romântica”, mas Brouwer prefere designá-la como Nova Simplicidade e que se
torna parte da corrente Pós-Modernista. Esta nova tendência relaciona-se com a utilização de
recursos expressivos que apresentam duas vertentes: uma minimalista e outra hiper-
romântica, ambas enquadradas num supra-tonalismo. Entre algumas das características mais
expressivas deste período, prevalece um lirismo característico da música que precedeu as
correntes atonais, como a recorrência a intervalos de segunda, quarta e sétima; o uso de
variações como procedimento fundamental de desenvolvimento, ao utilizar uma célula
fundamental como núcleo criador de uma obra.
Espiral Eterna, obra electro-acústica de 1970, marca um ponto bastante alto na história do
reportório guitarrístico contemporâneo devido à sua invenção e estilo, no qual não existe
apenas um desenvolvimento da linguagem mas também técnicos e estéticos. Nela, Brouwer
assume concepções que encaixam dentro de um Pós-Serialismo, até chegar ao aleatório. Para
além disto, é um óptimo exemplo da forma como a composição celular se pode dividir em
várias secções baseadas em três notas conjuntas que vão gradualmente desde o som
determinado ao indeterminado. Com esta obra, pode dizer-se que Brouwer compunha música
de vanguarda na mesma época de Stockhausen, Boulez…
Em 1972 conclui o seu Concerto para Guitarra e pequena orquestra, intitulado de Concierto
Elegíaco, dedicado a Julian Bream. Pode ser considerado como uma das mais importantes
representativas obras deste período, não como uma expressão minimalista mas como um
exemplo de hiper-romântismo. É composta por três andamentos: Punteos, Ragas e Sequencias
9
Constantes de Toccatta. Foi composto tendo como inspiração a música de Brahms e
Tchaikovsky e a ela se assemelha não na temática, mas na estrutura e objectivos. Outras obras
representativas deste último período são Paisajes Cubanos, Prelúdios Epigramáticos, El
Decameron Negro, entre outros.
3. INOVAÇÕES TÉCNICAS INTRODUZIDAS NAS SUAS OBRAS
Os desenvolvimentos e inovações técnicos introduzidos por Leo Brouwer na sua obra para
guitarra, podem divididos em três categorias diferentes.
A primeira, diz respeito aos efeitos técnicos manuais ou que surgem da transformação da
técnica tradicional. Nestes, são exemplo a utilização da barra com o polegar da mão esquerda,
procurando desta forma aumentar a extensão da mesma, recurso este que é utilizado na
técnica do violoncelo; os pizziccati que produzem um som “estalado”, apelidados de pizziccati
de Bartók, que Brouwer utiliza, por exemplo, na sua obra La Espiral Eterna; glissandos com
influências de blues, que produzem uma indeterminação de quartos de tons; percussão com
ambas as mãos nas cordas; uso de afinações não tradicionais, como por exemplo a 1ª corda
em ré, 3ª em fá e 5ª em sol.
Na segunda categoria, podemos incluir todos os desenvolvimentos extra-guitarrísticos que
incidem sobretudo no desenvolvimento expressivo do instrumento, como é o caso da
utilização de um arco para tocar o instrumento, percutir o tampo do instrumento e a utilização
de materiais metálicos e de cristal (já utilizados, por exemplo, na música rock pelos Rolling
Stones).
Por fim, e na última categoria, incluímos os desenvolvimentos que Leo Brouwer introduziu ao
nível da composição e da forma como deve ser encarado o instrumento guitarra. E aqui, a
principal mudança deve-se ao facto da guitarra passar a ser encarada como uma orquestra,
que, como esta, possui várias cores, articulações, registos, entre outros.
10
CAPÍTULO II
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS NUEVOS ESTUDIOS SENCILLOS
Os Nuevos Estudios Sencillos foram compostos em 2003 e surgem na sequência do primeiro
caderno de estudos (XX Estudios Sencillos), escritos em 1973.
Tal como já foi referido no capítulo anterior, uma das grandes preocupações de Leo Brouwer
enquanto intérprete e, mais tarde, compositor, foi tentar colmatar as falhas do reportório para
guitarra. Estas falhas existiam não exclusivamente ao nível de grandes obras, como ao nível de
material didáctico que pudesse iniciar os estudantes nos vários elementos técnicos do
instrumento. Neste sentido, decide escrever estes estudos, que são hoje considerados como
obras fundamentais para a aprendizagem da guitarra em todas as escolas mundiais, a par com
os estudos de F. Sor, M. Giullianni, F. Carulli, M. Carcassi, H. Villa-Lobos, etc. Para além disto, é
de destacar que nesta altura não existia ainda nenhum material didáctico com uma linguagem
de vanguarda. Todos os estudos existentes tinham características clássicas e românticas, à
excepção dos Douze Études de Villa-Lobos. Conntudo, estes apresentam uma grande
dificuldade técnica, não se dirigindo, desta forma, à mesma faixa etária que os Estudios
Sencillos de Brouwer.
Em 2003, Brouwer decidiu compor um segundo caderno de estudos, desta vez dedicados aos
seus compositores preferidos, aliando o desenvolvimento de elementos técnicos do
instrumento às características musicais da obra de cada compositor homenageado.
11
2. ANÁLISE
I – Omaggio a Debussy
Este estudo evoca o ambiente impressionista da música de Debussy, que muito bem assenta
na guitarra. Desta forma, a dinâmica é bastante importante na sua interpretação, com
constantes oscilações que marcam o início, clímax e final de cada frase. A nível interpretativo,
é ainda de realçar a importância do legato em oposição à indicação de marcato (por vezes com
acentuação na primeira colcheia). O legato surge não apenas como um elemento técnico, mas
também como uma forma de aproximação à escrita de Debussy e ao carácter fluente e etéreo
da sua música, fazendo assim alusão ao piano e à utilização do pedal sustain.
Relativamente aos aspectos técnicos desenvolvidos neste estudo, é de realçar o
desenvolvimento de pequenos arpejos (com p, i, m2) que, embora simples, exigem desde logo
um grande controlo da intensidade e regularidade, uma vez que a melodia se encontra no
baixo e é, desta forma, realizada com o polegar. Temos também a presença de ligados
ascendentes3 nas secções de 4/8. A oscilação entre compassos 12/8 e 4/8 é outro elemento
importante, pois permite ao aluno/executante tomar contacto com este tipo de escrita desde
cedo. Esta alternância entre compassos revela, desde logo, uma das principais características
de Leo Brouwer enquanto compositor: o nacionalismo e consequente utilização dos ritmos
tradicionais cubanos. Outro aspecto curioso é que o tema se desenvolve sempre na 3ª corda
para que a “cor sonora” do tema seja sempre idêntica.
1 Na linguagem técnica guitarrística, os dedos da mão direita são designados de p (polegar), i (indicador),
m (médio) e a (anelar). 3 Técnica guitarrística em que se utilizam os dedos da mão direita para produzir notas mais agudas que a
anterior através da pressão da corda, isto é, sem necessidade de pulsar a corda com a mão direita.
12
II – Omaggio a Mangoré
Este estudo é uma homenagem ao compositor e guitarrista paraguaio Agustin Barrios
Mangoré. Apresenta uma dificuldade superior ao estudo anterior, quer a nível técnico, como
interpretativo (ao nível da articulação, dinâmica, acentuações). Embora faça alusão a um dos
maiores compositores/guitarristas de sempre, assemelhando-se, por exemplo, ao III
andamento da obra Catedral, através do carácter movimentado e agitado, é também um
estudo onde são evidentes as características da linguagem brouweriana.
Encontra-se dividido em duas secções que apresentam um carácter claramente contrastante.
A primeira secção é marcada pelo carácter vivo, agitado, onde a perfeita conjugação dos
elementos articulação, acentuação e dinâmica são fundamentais para uma interpretação
perfeita. Esta secção é um exemplo da importância destes elementos na linguagem de Leo
Brouwer, em detrimento das linhas melódicas. A segunda secção surge em oposição à
linguagem utilizada na primeira, tendo, desta forma, um carácter mais lírico e melódico, bem
ao estilo das valsas de Barrios Mangoré (o compasso escolhido, 3/4, pode também ser
entendido como uma referência às valsas de Barrios). Para além disto, o carácter legato e
dolce, torna este estudo bastante completo, uma vez que são trabalhados na mesma obra a
articulação staccato (na primeira parte) e legato (na segunda), desenvolvendo desta forma
ambos os recursos referidos.
Em termos técnicos, este estudo trabalha ainda os ligados e alternância entre os dedos
polegar, indicador e médio na mão direita. Na segunda secção, o recurso ao vibrato é outro
aspecto técnico desenvolvido, em conjunto com a condução da linha melódica numa só corda
(para dar ênfase ao carácter dolce). Nesta secção, Brouwer oscila entre a 2ª corda, com uma
“cor mais fechada” e a 1ª, mais brilhante e aberta.
No final do estudo, é ainda introduzido o acorde com três notas, tocado pelos dedos i, m e a, e
o uso do rasgueado.
13
III – Omaggio a Caturla
De todos os compositores homenageados nesta série de estudos, Caturla é provavelmente o
menos conhecido entre nós. Alejandro García Caturla foi um compositor cubano que viveu
entre 1906 e 1940, e cuja música é bastante influenciada pelos temas populares cubanos e os
ritmos afro-cubanos.
Neste estudo, é então evidente a utilização de vários padrões rítmicos baseados nos padrões
rítmicos afro-cubanos. Estes podem ser observados na melodia, que se desenvolve com o
seguinte padrão:
Os padrões rítmicos utilizados neste estudo são:
. .
5/8 .
5/8 (a partir do compasso 17)
É através da utilização destes padrões rítmicos que Leo Brouwer presta a sua homenagem a
Caturla, cuja música se encontra repleta destas influências afro-cubanas.
No que diz respeito aos elementos técnicos desenvolvidos, pode destacar-se desde logo a
utilização da meia barra4, bem como os arpejos com os dedos p,i e m. As dinâmicas são outro
aspecto importante neste estudo, com a utilização de mf, à qual surge depois em contraste a
mesma secção em pp, criando, desta forma, um efeito de eco. Também o staccato tem a sua
presença neste estudo, que se caracteriza pelo ambiente legato, nos compassos 12 e 13, bem
como as acentuações, que surgem a partir do compasso 10. Desta forma, Brouwer introduz a
secção do 5/8 (compasso 17), que tem um carácter mais rítmico e menos melódico e intimista
que as restantes.
4 Termo técnico utilizado para designar a pressão simultânea de todas ou algumas cordas da guitarra pelo dedo 1 da
mão esquerda. Existem dois tipos de barras: a barra inteira (quando se pressionam as seis cordas) ou a meia barra (quando se pressionam apenas as 3 ou 4 primeiras cordas). Pode ainda ser utilizada a barra com os dedos 2, 3 e 4, bem como com o polegar da mão esquerda. Contudo, tal acontece em situações muito excepcionais e pouco frequentes.
14
IV – Omaggio a Prokofief
Este é um estudo no qual o ritmo assume uma grande importância, bem ao estilo da música de
Prokofief. Por outro lado, explora a constante alternância entre legato e staccato,
desenvolvendo, desta forma, as competências referentes à articulação, em especial do
domínio da articulação com o polegar da mão direita, que se revela essencial para uma boa
interpretação do estudo. Outro aspecto abordado neste estudo, e como já vem sendo
recorrente em vários estudos de Leo Brouwer (destaque-se o Estudo I da primeira série de
Estudios Sencillos), é a importância do contraste dinâmico, que aqui se verifica entre forte com
acentuação e indicação de marcato , e o piano/ pianíssimo súbito. À semelhança do que
acontece no Estudo I do primeiro caderno dos Estudios Sencillos, este é um estudo que
trabalha simultaneamente o polegar da mão direita e exige o controlo do acompanhamento,
realizado pelos dedos i/m da mão direita, para que este não se sobreponha à melodia do
polegar. O andamento rápido aumenta a dificuldade do estudo, pelo que é fundamental
manter uma postura livre de tensão, essencialmente no que à mão direita diz respeito.
O estudo tem uma forma clássica ABA’, sendo a secção A uma secção bastante viva e rítmica,
onde a articulação acaba por ter uma grande importância, em conjunto com a dinâmica. A
secção B é, por contraste, mais lírica e melódica, ideia esta reforçada com as indicações de
Poco Meno e dolce e legato. É de realçar, uma vez mais, a mudança de compasso que, nesta
secção, deixa de ser 4/4 e passa a ser 5/8, o que permite que os alunos se familiarizem com
este tipo de linguagem rítmica. Estas características de ritmo e articulação são, de igual modo,
reflexo da linguagem de Leo Brouwer, onde muitas vezes o ritmo acaba por assumir um papel
mais importante na construção de uma obra do que o som propriamente dito, bem como os
detalhes de articulação e dinâmica.
Relativamente aos recursos técnicos desenvolvidos neste estudo, e para além dos que já foram
referidos, é ainda de realçar a utilização da II posição na mão esquerda. Este estudo acaba por
ser bastante completo, pois trabalha diversos aspectos técnicos e interpretativos
fundamentais para um guitarrista o que permite ao aluno/ executante aumentar o seu
background guitarrístico. É ainda de referir que, na secção B, e com o objectivo de dar um
maior ênfase à melodia realizada nas cordas graves, pode ser introduzido o estudo do vibrato
que, embora não seja pedido pelo compositor, acaba por enriquecer bastante a interpretação
desta secção e aumentar o contraste entre as secções rítmica/ lírica que compõem o estudo.
15
V – Omaggio a Tárrega
O estudo número V é uma homenagem a uma das personalidades mais importantes do mundo
da guitarra, Francisco Tárrega, guitarrista e compositor espanhol do período romântico.
Este estudo é uma introdução ao trémolo de três notas, que funciona como uma preparação
para o de quatro, o mais comum. O trémolo é um dos efeitos mais fantásticos da guitarra
clássica. Este efeito tem como objectivo criar uma ilusão de sustain. Tradicionalmente, o
trémolo baseia-se no seguinte: tocamos uma nota de acompanhamento com o polegar (p) e de
seguida três notas agudas repetidas com anelar (a), médio (m) e indicador (i),
respectivamente. Quando esta sequência é executada de forma rápida, cria a ilusão de sustain.
Uma das obras mais fantásticas onde é evidente este efeito foi composta por Francisco
Tárrega - Recuerdos de la Alhambra. O estudo V é uma pequena introdução deste efeito. Foi
escrito dentro do estilo minimalista com extensões temáticas, baseadas numa das obras mais
importantes do próprio compositor, El Decameron Negro. Com um carácter bastante rítmico,
as pausas rítmicas são interpretadas como ressonâncias e não como silêncios.
16
VI - Omaggio a Sor
O estudo nº 6 é uma homenagem ao célebre guitarrista e compositor Fernando Sor (1778-1839), conhecido também como “O Beethoven da Guitarra”. Neste estudo Leo Brouwer denuncia o carisma que F. Sor deu à guitarra (com a publicação dos seus conhecidissimos estudos) através das várias formulas possíveis de harpejos simples. A fórmula p,i,m (3 notas) é a mais conhecida e simples de executar, mas Leo Brouwer não se limita a apenas a esta, dando a oportunidade ao executante/intérprete de inverter essa fórmula e até acrescentar uma outra nota (ver exemplos).
Original Exemplo 1) Exemplo 2 (inversão de harpejo (extensão até 4 notas)
Uma outra característica presente neste estudo é a importância da dinâmica (efeito onda), dinâmica essa que aliada a uma voz de baixo marcada, nos sugere muitas das peças ou estudos de F. Sor, como é o caso do estudo nº1 Op. 6 (Edição Segovia). A nível de articulação, o marcato contrasta com o legato que, na secção do meio (compasso 22), assume especial atenção, pois é nesta única parte que o baixo passa para a 3ª corda da guitarra (registo mais agudo), onde é importante que a articulação do polegar seja suave e ligada, também devido ao cromatismo da escrita, relembrando paisagens escritas por Brouwer em outras obras.
17
VII – Omaggio a Piazzolla
O estudo VII, recupera/ homenageia o estilo do mestre Argentino do tango do século XX, Astor
Piazzolla, bandeonista e compositor.
Bastante ritmado, vivo e apaixonado, o estudo VII, ilumina a memória com um pouco da alma
da milonga e do tango. A nível técnico é um estudo para notas repetidas para indicador e
médio (secção A); acentos (secção A e B) e ligados (secção B). Aborda ainda aspectos de
articulação como o staccato e o legato (secção D). O vibrato, em parceria com um arpejo
regular de mão direita (p,i,a,m), tem uma importância extrema entre os compassos 17-18, 20-
21, 23-24 e 26-27.
18
VIII - Omaggio a Villa-Lobos
O Estudo VIII é dedicado ao “eterno” Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Digo “eterno”, porque as obras por ele escritas para guitarra são de tal importância para o repertório guitarrístisco do séc. XX que possivelmente nunca deixarão de ser executadas em concerto. O ritmo brasileiro aliado ao espirito nacionalista com elementos folclóricos, populares e indígenas, marcam uma linguagem moderna na musica brasileira deste compositor. Neste estudo não se reúnem todos estes elementos. Ainda assim, são nas principais e peculiares características de escrita de Villa-Lobos que encontramos a sedução da alma brasileira versus alma brouweriana. Os acordes com ritmo sincopado logo no primeiro compasso são a marca fundamental deste estudo. Aparecem-nos em seguida, no segundo compasso, harmónicos nas três cordas soltas mais agudas da guitarra. Segue-se novamente uma secção com acordes e harmónicos, que se desenvolve num tempo Tranquilo (80 bpm). Os aspectos técnicos a trabalhar neste estudo estão assim evidenciados: a realização dos harmónicos e o desenvolvimento da meia barra. Segue-se uma parte mais rápida (Mosso - 116 bpm), em que os acordes com barras alternam entre a II posição, a IV e a V posição do braço da guitarra. A partir do compasso 12 observamos acordes com uma linguagem harmónica muito própria de Brouwer, relembrando os estudos I, II ou IX do I caderno de Estudios Sencillos deste compositor.
19
IX – Omaggio a Szymanowski
Karol Szymanowski foi o compositor polaco mais famoso da primeira metade do século XX.
Conseguiu criar um valor artístico novo e, na sua obra, homogeneizar a tradição europeia e
antiga com muitas das referências à cultura árabe.
O estudo IX é em sua homenagem. Nele é recriado todo o ambiente impressionista, que
caracterizava a música de Szymanowski. O maior objectivo deste estudo é o de manter o
legato na melodia, quando esta é feita em diferentes posições da guitarra precedidas de
mudanças de posição. É ainda de realçar a importância no controlo do acompanhamento, para
que este não se sobreponha à melodia. O vibrato regular é uma ferramenta auxiliar para o
fraseado.
20
X - Omaggio a Stravinsky
É a Igor Stravinsky, um dos mais importantes e influentes compositores do séc. XX, que é dedicado o último estudo. Ao observarmos a partitura, notamos de imediato a escrita muito rítmica, com articulação e acentuação muito marcadas. É um estudo para trabalhar essencialmente as cordas graves, os ligados e a alternância do polegar com o indicador, médio e anelar. Podemos dividir este estudo em duas secções. A secção A, em que os três primeiros compassos evocam a 2ª parte (The Sacrifice) da “Sagração da Primavera” de Stravinsky, onde elementos de articulação, acentuação e dinâmica são a base da boa interpretação e execução. Neste momento, Brouwer chama particular atenção para a violência com que os acordes devem ser tocados para que sejam audíveis alguns timbres distintos, próprios de um instrumento como a guitarra. Aqui, utiliza-se a técnica de staccato com a mão esquerda, que consiste em deixar relaxá-la um pouco e, desta forma, por diminuição da pressão da corda, produzir-se um efeito staccato. Esta é uma técnica bastante utilizada no jazz, mas que se pode ser adaptada para uma boa execução deste estudo. Entre estes acordes, Brouwer inclui uma secção de ligados em cordas graves, sendo que o objectivo do estudo é logo evidente. Segue-se a secção B (típica da linguagem de Brouwer), que é sempre tocada nas cordas graves com bastantes ligados até ao final dessa secção (compasso 12), onde a subida de registo até à primeira corda culmina no clímax. Aqui, o compositor dá largas à interpretação de cada um, sugerindo que cada compasso ou célula rítmica possam ser repetidos ad libitum. Seguem-se mais duas partes A2 e B2, semelhantes a A e B mas com a harmonia dos acordes e motivos rítmicos modificados. Voltamos à repetição da parte A, à qual Brouwer acrescenta uma parte cadêncial (talvez C) onde é evidente um novo elemento alternativo - ossia. O andamento sugerido, Toccata, evidencia a intenção de virtuosismo em que os intérpretes se devem basear na execução deste estudo.
21
CONCLUSÃO
Após a elaboração deste trabalho, bem como do estudo detalhado dos Nuevos Estudios
Sencillos, tornou-se para nós evidente o papel importantíssimo que estes podem assumir no
desenvolvimento de um aluno de guitarra.
Estes estudos, para além das questões técnicas que abordam e desenvolvem, estimulam os
alunos principiantes a pensar em detalhes musicais e intepretativos que poucas vezes se
encontram em obras para este nível/ faixa etária.
Estes dez estudos são, no fundo, uma tentativa (na nossa opinião bastante bem sucedida) de
sintetizar em pequenas obras características musicais e da linguagem de compositores
marcantes da História da Música, sem nunca perderem o lado pedagógico que desde sempre
preocupou Leo Brouwer, bem como as suas próprias características musicais. Toda esta mescla
de influências resulta em pequenos estudos que, embora pequenos na forma, são
incrivelmente complexos ao nível das competências técnicas e interpretativas que
desenvolvem.
Desta forma, o aluno principiante toma desde cedo contacto com uma linguagem
vanguardista, sem nunca esquecer o compositor e as características do mesmo que estiveram
na base da criação de cada estudo. É ainda de realçar a importância que estes estudos
assumem no desenvolvimento de questões relativas à articulação e dinâmica, que, desde o
Estudo I ao X, são absolutamente fundamentais para conseguir alcançar uma perfeita
interpretação.
Em suma, concluímos que estes estudos são uma ferramenta preciosa no ensino da guitarra
clássica, pelos motivos acima apresentados, e que como tal, devem ser encarados como obras
de referência e adoptados pelos programas escolares nacionais, à semelhança do que
acontece já com o I caderno de XX Estudios Sencillos.
22
BIBLIOGRAFIA
HERNANDÉZ, Isabelle, Leo Brouwer, Andante (Editora Musical de Cuba).
DUMOND, Arnaud, DENIS, Françoise-Emanuelle, Entretiens avec Leo Brouwer.
McKENNA, Constance, An Interview with Leo Brouwer, revista Guitar Review nº 75, 1998.
PINCIROLI, Roberto: "Le opere per chitarra di Leo Brouwer. Parte settima. La 'Sonata' per
chitarra", il Fronimo, n. 82. Milán: Suvini Zerboni, 1993: 27-32.
WISTUBA-ÁLVEREZ, "La música guitarrística de Leo Brouwer”, Revista Musical
Chilena, 1991.
CÀSOLI, Elena , "El Cimarron. Una storia cubana con chitarra", revista il Fronimo, n.
104, 1998.
GORIO, Francesco. "Le idee di Leo Brouwer",revista il Fronimo, n. 40 ,1982.
Website http://www.lajiribilla.co.cu/2004/n176_09/176_18.html . Acesso a 15 de Janeiro
2010.
Website http://www.guitarramagazine.com/ReapraisalTutor . Acesso a 10 de Dezembro de
2009.
Website http://en.wikipedia.org/wiki/Leo_Brouwer#Bibliography . Acesso a 10 de Dezembro
de 2009.
Website http://chevalierdesaintgeorges.homestead.com/Brouwer.html . Acesso a 15 de
Janeiro de 2010.
23
ANEXOS
Ficheiros mp3 com a interpretação dos Nuevos Estudios Sencillos.
1. Omaggio a Debussy
2. Omaggio a Mangoré;
3. Omaggio a Caturla;
4. Omaggio a Prokofiev;
5. Omaggio a Tárrega;
6. Omaggio a Sor;
7. Ommagio a Piazzolla;
8. Ommagio a Villa-Lobos;
9. Ommagio a Szymanowski;
10. Ommagio a Stravinsky.
Faixas 1 a 4 interpretadas por Filipa Pinto Ribeiro.
Faixas 5, 7 e 9 interpretadas por Gonçalo Duarte.
Faixas 6, 8 e 10 interpretadas por Ricardo Martins.
Partitura dos Nuevos Estudios Sencillos.
top related