liberdade ou morte (o que pode a vida nos dar)

Post on 03-Jul-2015

582 Views

Category:

Education

5 Downloads

Preview:

Click to see full reader

DESCRIPTION

(*) Nesta crônica analisamos nossas atuais percepções de dependência e, então, de liberdade..., relacionando-as, enfim, à Vida.

TRANSCRIPT

A primeira parte do título desta crônica me remeteu a estesimbólico dia da Independência do Brasil, quando o regente

D. Pedro I desembainhou a sua espada e conclamou:Independência ou Morte!

Esta frase me ocorreu natural e indiretamente,ao pensar no título desta crônica, porque a liberdade

tem na independência o seu símbolo maior.

Também é um fato que temos horror à dependência,seja ela de qual natureza for (financeira, emocional, física)e, no caso justamente, quando nos sentimos dependentesde alguma situação ou “estado” que nos escraviza e explora.

Por um ângulo bem mais particular, como exemplo,mulheres ― ao redor do mundo inteiro ― conheceram um

“estado” (o estado civil de casadas) quando sentiram de perto,nas peles, os efeitos da dependência, em relação aos homens.

E enfim...

Mas ainda existem outras situações que nos causamgrandes desconfortos, como a dos pais que insistem em manter

seus filhos dependentes, como a dos empregados que dependemda variação de humores do patrão, como a do doente ou

a do velho que depende da boa vontade dos outros:dos sadios e mais fortes ou mais jovens.

Tudo isso provocou esta nossa verdadeira repulsa àdependência..., embora nem sempre o estado de liberdade

nos seja compreensível ou sustentável.

Sustentável... Palavra chave,muito usada neste mundo de hoje,

justa quando diz “evolução sustentável”...

Mas levando em conta que para nós a independênciase baseia na capacidade de se (auto)sustentar, isto na realidadediz respeito a nós, humanos?... Não. Isto só diz respeito ao nossomundo! Este que ― por nós! ― precisa manter sua capacidade

de auto-sustentação, porque, afinal, não vivemos sem ele,este do qual precisamos para tirar o nosso... sustento.

E é assim, leitores, para nós não existe assunto fácil.Mas talvez possamos chegar a algum lugar após mesclar“evolução sustentável” com “dependência sustentável”...

Mesmo em seu sentido primário,a “percepção de dependência” é importante para

avaliarmos nossas reais condições de sobrevivêncianeste mundo: por inteiro ou em relação ao seu todo.

Aliás, apesar de esquisita, ela não nos foi dada à toa,considerando que surgiu em nós, ou no primeiro humano,junto ao seu primário sistema de percepções ― quando

este sistema se transformou em “consciência”.

Uma consciência que ainda, no caso, relacionadaà nossa sobrevivência neste mundo, infelizmente temenorme dificuldade para se traduzir em compreensão.

Assim, desta maneira repetitivamente chata, temos dificuldades para compreender a nossa atual

percepção de dependência à Terra e à Vida..., estas quese mostram debilitadas, já incapazes de nos sustentarem

ou corresponderem aos nossos anseios quanto ao futuro...

E se somos os culpados por isso pouco nos importa. Não fazdiferença algum chato nos dizer que somos as únicas criaturasque sujam o seu próprio mundo e estabelecem ao seu redor

o estado propício ao surgimento de doenças.

Além disso, o fato é que nos mostramos confiantesnos poderes das nossas ciências, achando que os cientistas

e tecnólogos se empenham em construir naves espaciais parasimplesmente nos tirarem da Terra, tornando-nos independentes dela.

Também nos causa estranho prazer, achar que eles desenvolvemas suas “engenharias biológicas”, construindo peças de plástico, para

gradualmente substituírem os nossos membros e órgãos..., e quetalvez possam até servir para a fabricação de seres inteiros ―robotizados (“criados à imagem ou semelhança do homem”)

― para assim nos libertarem da Vida..., tornando-nosindependentes dela.

E por favor, não me entendam errado.Sei que temos motivos reais para estarmos confusos,

percebendo como oscilamos entre insuportáveisestados de dependência e

insustentáveis estados de liberdade.

É o assunto que eu tentarei desenvolver em seguida,relacionando-o diretamente à mais importante personagem que

vive entre todos nós neste mundo, a Vida..., considerando que o Sernosso Criador, em pessoa, jamais é visto por aqui..., talvez porque

tenha deixado tudo nas mãos dela, o que enfim pode mesmose mostrar como uma confiança exagerada...

Espero mostrar quena nossa direta relação com a Vida

(que neste mundo é uma só com a Terra) existe inegávelrelação de dependência, mas não de escravidão.

Ela nos deu tudo de que precisávamos e ainda nos dáescolhas e nos deixa agir... E afinal, se ela mesma foi criada

por Deus, em primeiro plano ela tem que respeitar o queo nosso Criador nos deu: o livre-arbítrio!

Mesmo assim― sendo o livre-arbítrio real para nós ―,

a Vida continua a nos tratar com liberdade vigiada,talvez restrita ou até limitada, embora as suas leis naturais

sejam flexíveis, subordinadas a um fabuloso dispositivode forças que, sempre quando necessário ― ou

possível ― restabelece o equilíbrio.

E assim chegamos ao nosso problema atual, crucial, provocadopor nós mesmos: estamos tornando o equilíbrio natural

impossível de ser restabelecido pela Vida.

Então, prudentemente, terei que escrever isto:

a Vida pode ser a nossa maior aliadaou, ao contrário,

pode ser a nossa pior inimiga.

Devido ao nosso sagrado livre-arbítriotemos o direito de escolher: Vida... ou Morte.

*

A escolha pela Vida nos levaà segunda parte desta nossa crônica.

Mas nada para nós é fácil.

Mesmo fazendo a nossa escolha pela Vida,o que pode ela nos dar?...

Liberdade?!...

... Bom. De início vamos analisar duas facesde uma mesma idéia a respeito de liberdade..., para

logo mostrarmos como o assunto é diversificadoe, neste caso, é até cômico, senão trágico.

Lembro-me do que escrevi certa vez em um livro:liberdade, em alguns países, é o direito que tem o cidadão

de andar armado sem ser incomodado..., e, em outros países,liberdade é o direito que tem o cidadão de andar desarmado

sem ser incomodado... (!) Infelizmente, na maioria dos casos,agimos pelo que temos na cabeça, ou pela cabeça que temos,resignadamente subordinados a fatores culturais, regionais.

E agora que já nos divertimos um pouco,vamos tratar do assunto seriamente.

Levando em conta que algumas pessoas,respeitáveis entre nós, alegam que “a liberdade é o que háou o que pode haver de mais precioso para nós ― um beminquestionável, absolutamente insubstituível ―”, devo fazer

um resumo do que penso a respeito desta expressão,justa quando clara e diretamente relacionada

a situações de opressão, ou que seja dedependência com ares de escravidão.

Sob aspectos mais largos, abrangentesou universais, estabeleço minha fidelidade a esta convicção:“o que há ou o que pode haver de mais precioso para nós,

um bem inquestionável, absolutamente insubstituível”,é a Vida!!!

E para dar prosseguimento conclusivo ao assunto anterior,como efeito de raciocínio e entendimento, farei dois parâmetros:

liberdade e escravidão (ou antes) perfeição e imperfeição.

Não me parece difícil concordar com a sentençade que “o estado de perfeição” é uma utopia ― uma metáforaimpossível de ser atingida ou alcançada, mas que “o estado de

imperfeição” é real e existente..., alcançável portanto.

Do mesmo modo “o estado de liberdade” é utópico ― apenasuma metáfora ―, mas “o estado de escravidão” é real e

existente..., igualmente alcançável portanto.

Sendo assim, o que podemos fazer, é nos atentarao que possa ser definido como imperfeição e escravidão.

(!...) E, quanto ao outro lado, tudo o que podemos fazeré aclamar a perfeição e a liberdade apenas como símbolos,

inalcançáveis e impraticáveis por nós, na realidade...,levando-se em conta que a liberdade só se dá em

um estado de absoluta perfeição.

Isto, outra vez inevitavelmente, nos remete à idéia da existênciade Deus, único ser de natureza compatível com a idéia de

perfeição..., no caso até pelo seu ângulo absoluto.

(!!...) Eu lamento, leitores, mas devo ser democráticoe deixar aqui um espaço ou uma boa margem para erros,lembrando-me do conceito que circula pelos corredoresde algumas das nossas mais conceituadas academias:

“Deus é simplesmente um nome ou uma metáfora introduzidaem todas as línguas para simbolizar o enigma da origem de tudo,

nosso anseio de paternidade. Nós, pobres homens órfãos,condenados à vida sem um porquê...”

O QUE PODE A VIDA NOS DAR?

(!!!...) E, exatamente aqui, chego àquele ponto de ondeeu precisaria de mais espaço, ou de um espaço maior,para desenvolver estes nossos assuntos por inteiros.

E desta vez abertamente confesso para vocês que estoupropagando a importância dos livros..., aos quais às

vezes, inevitavelmente, temos que nos recorrer.

Sou um escritor e tenho paixão pelos livros,mas não teria sequer iniciado esta crônicase não me sentisse capaz de concluí-la,

enfim respondendo à pergunta:

Repito, pela sua importância, que“o nosso bem inquestionável,absolutamente insubstituível”,

é a Vida!

Dela não somos escravos,somos apenas dependentes..., e,

mesmo por isso, temos de manter com elauma interação adequada, leal, fiel e madura,

para recebermos dela, na medida da nossa evolução,

porções de liberdade!

Repito, pela sua importância, que“o nosso bem inquestionável,absolutamente insubstituível”,

é a Vida!

Dela não somos escravos,somos apenas dependentes..., e,

mesmo por isso, temos de manter com elauma interação adequada, leal, fiel e madura,

para recebermos dela, na medida da nossa evolução,

porções de liberdade!

top related