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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Literacia financeira
Como Portugal se posiciona em relação a outros
países
Projeto FEUP 2016/2017 - MIEGI:
Manuel Firmino da Silva Torres Sara Maria Pinho Ferreira
Equipa 1MIEGI03_1:
Supervisor: Prof.Dulce Soares Lopes Monitor: Hermano Maia
Coordenador do curso: Prof. Luís Guimarães
Estudantes & Autores:
Gabriel Correia up201606923@fe.up.pt Inês Fernandes up201606928@fe.up.pt
Guilherme Reis up201504905@fe.up.pt João Morais up201606930@fe.up.pt
Inês Trovisco up201606927@fe.up.pt
I
Resumo
O presente trabalho visa analisar os diferentes graus de literacia financeira nas
várias partes do globo, comparar a posição de Portugal com os restantes países e
perceber os motivos e fatores que poderão gerar as assimetrias verificadas.
A literacia financeira corresponde às habilidades de cada indivíduo para
compreender e utilizar a informação sendo que a literacia financeira diz respeito a estas
mesmas capacidades relacionadas com os aspetos económicos e financeiros.
Para a realização do trabalho foram analisados diversos estudos, os quais
resultaram de inquéritos realizados em vários países com a finalidade de comparar os
diversos níveis de literacia financeira no mundo e assim perceber quais os países cujos
cidadãos apresentam maiores competências para compreender e usar os conceitos
financeiros.
Como resultado da análise dos estudos e da leitura de algumas teses, concluiu-
se que nem todos os países com um índice de desenvolvimento mais elevado
apresentam um nível de literacia financeira mais alto, contudo a França, a Finlândia e a
Noruega são os países que se encontram no topo.
Portugal, por sua vez e de acordo com o último estudo realizado pela OCDE
(2016), encontra-se acima da média no que diz respeito a este tema, ocupando a 10.ª
posição em 30 países inquiridos.
Recomenda-se que a educação financeira comece nas escolas, com as crianças, e
que se continue a avaliar os níveis de literacia em todos os países de modo a alertar as
populações para a realidade e a serem tomadas as medidas necessárias para que os
cidadãos tenham acesso e adquiram este tipo de conhecimento essencial para o
desenvolvimento da sociedade.
Palavras-chave
Literacia; Literacia Financeira; Educação Financeira; Fatores sociodemográficos.
II
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................. 1
2. Literacia ................................................................................................................................. 3
2.1. Literacia Financeira ...................................................................................................... 4
3. Literacia financeira no mundo ............................................................................................ 5
3.1. Ásia ................................................................................................................................. 5
3.1.1.1. ...........................................................................................................
Estudo MasterCard’s Financial Literacy Index (2014) ........................... 5
3.1.1.2. ...........................................................................................................
Global Financial (2014) .............................................................................. 7
3.1.1.3. ...........................................................................................................
Análise do último estudo OCDE (2016) ................................................... 8
3.2. América ........................................................................................................................ 11
3.2.1.1. ...........................................................................................................
América do Norte vs América do Sul ..................................................... 11
3.3. Europa ......................................................................................................................... 13
3.4. Literacia financeira em Portugal .............................................................................. 14
3.5. Oceânia e Médio Oriente .......................................................................................... 17
3.6. África ............................................................................................................................ 19
3.6.1.1. ...........................................................................................................
Análise do estudo sobre os países que integram a SADC (Southern
African Development Community) .......................................................... 19
3.6.1.2. ...........................................................................................................
Outras pesquisas da Finscope ...................................................................... 20
3.6.1.3. ...........................................................................................................
Campanhas elaboradas com o objetivo de melhorar o grau de
literacia financeira dos indivíduos em África ......................................... 21
4. Conclusão ........................................................................................................................... 22
5. Recomendações ................................................................................................................ 23
6. Referências bibliográficas................................................................................................. 24
III
Índice dos Gráficos
Gráfico 1- Literacia Financeira nos países da Ásia-Pacífico segundo o MasterCard’s
Financial Literacy Index (2014). .................................................................................... 5
Gráfico 2- Literacia Financeira em alguns dos países asiáticos inquiridos no estudo
Standard & Poor’s Ratings Services Global Financial Literacy Survey (2014). ............ 7
Gráfico 3- Avaliação do nível de literacia Financeira- resultados do estudo da OCDE
(2016). .......................................................................................................................... 8
Gráfico 4- Avaliação do nível de literacia Financeira- resultados do estudo da OCDE
(2016). .......................................................................................................................... 8
Gráfico 5- Percentagem do nível de literacia financeira verificado no continente
Americano. ................................................................................................................. 12
Gráfico 6- Resultados de um estudo da OCDE sobre o conhecimento financeiro de
vários países. ............................................................................................................. 16
1
Introdução
“When it comes to financial literacy, you're never really done learning.”
(CNCB,2015)
A literacia financeira, como conceito, sempre surgiu associada a uma
capacidade pessoal de gerir de uma forma responsável e eficaz o orçamento familiar,
fazer decisões apropriadas e conscientes tendo em conta os recursos disponíveis,
planear investimentos futuros ou prever despesas próximas. Além disso, passa também
pela discussão de assuntos financeiros/económicos com outros indivíduos sem a
sensação de desconforto/desconhecimento do assunto ou, até mesmo, pela opinião e
pelo comentário de notícias do foro financeiro/económico que extravasam todos os dias
nos vários meios de comunicação social.
Porém, após a crise financeira/económica de 2008 que se deu em Portugal, o
conceito generalizou-se para uma dimensão maior do que a dimensão da esfera pessoal
de cada indivíduo. Durante esse período de recessão, o cidadão comum foi confrontado
com conceitos e termos pertencentes ao dicionário lexical “economês” dos quais o
indivíduo comum desconhecia ou possuía um nível baixo de conhecimento, uma vez
que, nem sempre o facto de memorizar ou fixar certas palavras devido ao número
excessivo de vezes que aparecem, resultam num entendimento das mesmas (Paulo
Alcarva). Foi neste mesmo período que a importância da literacia financeira se destacou
e que se revelou, ainda mais, um fator influenciador do comportamento financeiro dos
indivíduos.
Conscientes do impacto ao nível da produtividade e do desenvolvimento que um
maior nível de literacia pode implicar quer a nível do quotidiano de cada indivíduo quer
a nível global, cada vez mais estão a ser impostas novas medidas para combater o nível
consideravelmente baixo de literacia financeira que domina, de um modo geral, quer
nos países desenvolvidos quer nos países em desenvolvimento. As novas medidas
incidem principalmente na educação financeira que, segundo Mundy (2009), pode ter
um papel essencial na preparação de um indivíduo para a sua vida financeira.
Tendo isto em conta, elaborou-se o presente relatório com o objetivo de estudar
a situação da literacia financeira quer a nível nacional quer a nível global, os fatores que
a influenciam, como estes se relacionam entre si e as estratégias que têm sido
propostas de modo a promover e a favorecer a mesma. Além disso, serão analisadas
as várias regiões do globo, em particular, no que diz respeito ao grau de literacia
financeira de acordo com o nível de educação a que têm acesso, o grau de
2
desenvolvimento do país, os fatores socioeconómicos e demográficos em conformidade
com a metodologia escolhida.
Por fim, serão apresentados e discutidos os resultados, assim como elencadas
as principais conclusões.
3
Literacia
Literacia, resumidamente, diz respeito à capacidade de ler e escrever (Dic. Porto
Editora, 2013). Assim, e de acordo com a definição da OCDE (2002), a literacia de cada
indivíduo reflete a sua capacidade de compreender e analisar informação escrita de
modo a resolver problemas e a atingir os fins pretendidos. Desta forma, as competências
de escrita, cálculo e leitura são fundamentais para uma participação ativa na sociedade
atual.
“Se o conceito de alfabetização traduz o ato de ensinar e de aprender (a leitura,
a escrita e o cálculo), um novo conceito – a literacia – traduz a capacidade de usar as
competências (ensinadas e aprendidas, de leitura, de escrita e de cálculo (...) Trata-se
das capacidades de leitura, escrita e cálculo, com base em diversos materiais escritos
(textos, documentos, gráficos) de uso corrente na vida quotidiana (social, profissional e
pessoal)” (Benavente,1996).
De acordo com a OCDE, a literacia engloba três domínios principais: a literacia
em prosa que corresponde aos conhecimentos e capacidades de analisar, interpretar e
utilizar a informação contida em textos; a literacia de documentos a qual diz respeito aos
conhecimentos e habilidades em utilizar informação contida nos diversos tipos de
documentos, muitas vezes relacionados com o trabalho; e a literacia quantitativa,
relacionada com o conhecimento e aplicação de operações aritméticas, saber lidar com
os números.
Como refere Pedrosa (2008, p.115), “a literacia é o abrir de caminho para se
dispor das condições de cidadania plena, de capacidade para escolher o que se quer
ser e fazer na vida, de participar nas comunidades e aprender pela vida fora”. Cada vez
mais se pretende, e é necessário, que os cidadãos estejam informados e atentos a tudo
aquilo que se passa à sua volta e em todo o mundo. As pessoas têm de ser capazes de
enfrentar e resolver os problemas a nível social, político e económico que se interpolam
no quotidiano e muitas vezes, é o nível de literacia de cada um que ditará a forma como
se resolverão as mais diversas situações. Posto isto a literacia influencia a comunidade
a nível individual, social e também macroeconómico, constituindo assim um parâmetro
essencial para o desenvolvimento de um país ou de uma sociedade.
São os baixos níveis de literacia que geram grande parte das diferenças e
desigualdades sociais enquanto que os elevados níveis possibilitam um maior
desenvolvimento da região e um melhor nível de vida da população.
4
Literacia Financeira
São vários os conceitos financeiros que confrontam a população mundial e
abrangem aspetos de elevada relevância no dia-a-dia de cada cidadão. Esta relação
entre o cidadão e as finanças é atribuída à ideia de literacia financeira que na prática é
a capacidade de interpretação de aspetos ligados à área das finanças e a habilidade de
cada um em aplicar esses conceitos nas tomadas de decisões pessoais de forma
eficiente.
5
Literacia financeira no mundo
Ásia
Com o objetivo de compreender e comparar os níveis de literacia nos diferentes
países do continente Asiático foram analisados dois estudos realizados no mesmo ano:
MasterCard’s Financial Literacy Index (2014) e Standard & Poor’s Ratings Services
Global Financial Literacy Survey (2014). Foram ainda explorados os resultados do
estudo mais recente realizado pela OCDE no âmbito da literacia financeira (2016).
Estudo MasterCard’s Financial Literacy Index (2014)
O estudo MasterCard’s Financial Literacy Index (2014) resultou de inquéritos
realizados nos países da região Ásia-Pacífico, incluindo parte do continente asiático
(exceto os países do Médio Oriente) e dois países da Oceânia, Austrália e Nova
Zelândia, num total de 16 países. Este estudo teve como principal objetivo a recolha e
a análise de dados sobre o nível de literacia financeira, os investimentos e o
planeamento financeiro dos cidadãos destes países.
Analisando os resultados do estudo realizado pela MasterCard (2014) de uma forma
global e focando apenas os dados relativos aos países asiáticos, de acordo com o
gráfico 1, concluiu-se que o país que apresentou um maior nível de literacia financeira
foi Taiwan com 73 pontos, seguindo-se Hong Kong (70), Myanmar (69) e Singapura
(68). A China e a Índia, sendo os dois países mais populosos do mundo, aparecem em
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Literacia FinanceiraÁsia (2014)
Gráfico 1. Literacia Financeira nos países da Ásia-Pacífico segundo o MasterCard’s Financial Literacy Index (2014). Gráfico 1- Literacia Financeira nos países da Ásia-Pacífico segundo o MasterCard’s Financial Literacy Index
(2014).
6
10.º e em 12.º lugar no ranking (65 e 62 pontos, respetivamente). Nos últimos lugares
da lista encontram-se a Indonésia (61), o Bangladesh (60) e o Japão (55).
A MasterCard (2014) abordou o assunto mais pormenorizadamente avaliando
diferentes situações que pudessem estar na origem das assimetrias verificadas.
Concluiu-se que aqueles indivíduos com mais de 30 anos em países com um maior
desenvolvimento como Hong Kong, Taiwan e Singapura possuem um maior nível de
literacia financeira que indivíduos em países como a Índia, Indonésia, Tailândia, Vietnam
e Bangladesh. Contudo, pessoas mais jovens (<30 anos) começam a demonstrar
habilidades muito semelhantes àquelas apresentadas pelos indivíduos com idades
superiores a 30. Por exemplo, em Taiwan verificou-se que cerca de 73% da população
mais velha apresentava capacidades que dizem respeito à literacia financeira, contudo
72% da população mais jovem também demonstrou ser detentora destas habilidades.
Na maioria dos países, exceto na Índia e no Bangladesh, os empregados
apresentam um maior nível de literacia do que aqueles que não se encontram a
trabalhar. Isto deve-se ao facto das pessoas que trabalham não só lidarem com
orçamentos e terem de gerir as suas despesas, mas também estão mais informadas
sobre produtos financeiros e sobre conceitos relacionados com a economia e as
finanças. Os desempregados têm menor contacto com estes conceitos e produtos uma
vez que vivem em condições onde o sistema financeiro não é muito desenvolvido o que
culmina numa menor compreensão dos conceitos financeiros.
Por outro lado, a MasterCard aquando a realização deste estudo, avaliou também a
literacia financeira em função do rendimento médio familiar. Foi nos países mais
desenvolvidos da Ásia que se verificou um nível mais elevado de literacia financeira da
população, onde as famílias têm maiores rendimentos, encontrando-se no topo do
ranking Taiwan, Hong Kong e Singapura e no final a Indonésia, o Bangladesh e a Índia.
Contudo, na grande maioria dos países asiáticos, não se verificam grandes
diferenças quando se comparam os níveis de literacia dos indivíduos dos dois sexos.
Apesar dos resultados terem mostrado que os homens apresentam mais capacidades
que as mulheres, esta diferença não é muito significativa.
É de estranhar o facto de o Japão não se encontrar incluído nos lugares cimeiros do
ranking analisado. Sendo um dos países mais desenvolvidos e evoluídos do continente
asiático, seria de esperar que se encontrasse no topo
7
Global Financial (2014)
O segundo estudo analisado foi o Standard & Poor’s Ratings Services Global
Financial Literacy Survey (2014), realizado pela McGraw Hill Financial (MHFI), para o
qual foram inquiridos cidadãos de 144 países de todo o mundo com um objetivo
semelhante ao primeiro, compreender como estão distribuídos os níveis de literacia por
todo o globo.
Segundo o ranking realizado pela McGraw Hill Financial (MHFI), Israel é o país do
continente asiático com maior percentagem de adultos que demostram ter literacia
financeira (68%), encontrando-se na 4.ª posição em 144 países que participaram no
estudo. Segue-se Singapura (59%), Butão (54%) e Myanmar (52%). O Japão e a China
aparecem no ranking em lugares mais baixos com 43% e 28%, respetivamente, tal como
se pode ver no gráfico 2. Tanto a nível do continente asiático como o a nível mundial, o
Iémen é o país que apresenta menor grau de literacia financeira, com apenas 13% dos
adultos a demonstrarem habilidades no que diz respeito à área da economia.
Da análise dos 144 países em questão, determinou-se uma média global sendo esta
de 33% de adultos a terem conhecimentos e capacidades financeiras. Perante este
resultado, conclui-se que cerca de 55% dos países asiáticos se encontram abaixo desta
média global (21 países em 38).
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ÁSIA
Gráfico 2- Literacia Financeira em alguns dos países asiáticos inquiridos no estudo Standard & Poor’s Ratings Services Global Financial Literacy Survey (2014).
8
Análise do último estudo OCDE (2016)
No último estudo realizado pela OCDE no âmbito de literacia financeira (2016) foram
inquiridos 30 países dos quais apenas 6 fazem parte do continente asiático, com o
objetivo de avaliar diferentes parâmetros, nomeadamente o conhecimento, o
comportamento e a atitude dos indivíduos face à gestão do dinheiro.
De acordo com o ranking apresentado no gráfico 3, Hong Kong é o país asiático que
aparece em primeiro, na 5.ª posição (14.4 pontos) e a Malásia é o último da lista, no
25.º lugar (12.3 pontos).
Sendo a média dos países em estudo de 13.2 pontos, conclui-se que apenas dois
dos países asiáticos, Hong Kong e Coreia, se encontram acima deste valor, estando os
restantes quatro países bastante abaixo. Dos três parâmetros avaliados, os países do
continente asiático destacam-se no comportamento que apresentam no que diz respeito
à gestão do dinheiro em comparação aos restantes aspetos analisados neste estudo.
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Gráfico 3- Avaliação do nível de literacia Financeira- resultados do estudo da OCDE (2016). Gráfico 3- Avaliação do nível de literacia Financeira- resultados do estudo da OCDE (2016).
9
Em suma, e após a análise dos diferentes estudos anteriormente descritos, Hong
Kong e Taiwan são os países que apresentam um maior índice de literacia financeira.
As diferenças verificadas entre os diversos países podem ser originadas por variados
fatores como:
Diferenças na educação. Há locais onde existem programas de estudo ligados
e focados na literacia financeira;
A necessidade de poupar. Muitos jovens veem-se na obrigação de poupar
desde cedo, aprendendo mais conceitos e estando mais habituados a lidar com
problemas e questões no que toca à gestão do dinheiro;
O emprego e o desemprego. Aqueles que se encontram a trabalhar lidam com
orçamentos, gerem as suas próprias despesas e estão mais informados sobre
os preços e a qualidade dos produtos;
O estado do país a nível político e civil, nomeadamente uma situação de guerra.
Este é o caso do Iémen que de acordo com a McGraw Hill Financial (MHFI)
(2014) é o país com menor nível de literacia financeira.
O rendimento médio familiar. As famílias que têm um maior rendimento possuem
um nível mais elevado de literacia financeira.
O aumento de oportunidades. Um maior contacto com os mercados
internacionais, melhores condições e mais ajudas provenientes de outros
países.
Para além dos motivos apresentados, as diferenças e assimetrias que se podem
verificar entre as várias regiões do globo, quando se fala em literacia financeira, podem
também decorrer das seguintes situações:
A crise financeira que afetou todo o planeta em 2007/2008 contribuiu para que
as pessoas obtivessem mais informação sobre aquilo que compravam,
obrigando-as a analisar melhor os preços e qualidades, de modo a conseguirem
poupar o máximo possível.
A discriminação da mulher em alguns países, onde ainda é possível que as
mulheres estejam mais ligadas às atividades domésticas e à família. Como
consequência, pode-se verificar que os níveis de literacia dos indivíduos do sexo
masculino sejam superiores aos apresentados pelos indivíduos do sexo
feminino.
10
O desenvolvimento mundial obriga a que as pessoas tenham de adquirir as
competências necessárias para lidar com as mais diversas situações
financeiras.
11
América
Para estudar a literacia financeira na América é preciso considerar a grande
diferença que existe entre América do Norte, América do Sul e até América Central a
vários níveis, assim como dentro de cada subcontinente a diferença entre alguns países
é imensa e, como tal, a análise da literacia financeira neste continente tem de ser feita
separadamente.
América do Norte vs América do Sul
Na zona norte do continente americano, os Estados Unidos e Canadá, destacam-se
pelos seus elevados níveis de literacia: aproximadamente 57% da população nos
Estados Unidos e 68% da população no Canadá é financeiramente literata, segundo o
S&P Global FinLit Survey.
Os países da América Central e do Sul, por sua vez e segundo o mesmo estudo,
apresentam em geral valores de literacia financeira mais baixos, com o Brasil, Argentina,
Colômbia, México e Peru a rondar os 30% de população financeiramente literata e o
Uruguai e Chile ligeiramente superiores com percentagens de 45% e 41%,
respetivamente.
Nos EUA e Canadá, onde a economia está bem desenvolvida, a educação é de
qualidade superior e está acessível a uma percentagem maior da população, o nível de
literacia é bastante superior ao nível de literacia apresentado pelo resto dos países da
América onde a percentagem de população que tem possibilidades de frequentar
estabelecimentos de ensino é inferior.
Outro fator que pode fazer variar estes valores é o confronto diário da uma
população de um ou mais países com uma realidade específica, fazendo com que haja
uma percentagem de população informada sobre essa realidade superior à média
mundial. Exemplo disso é o caso da Argentina que, no final dos anos 80, enfrentou um
período de grande inflação em pouco tempo.
Esta situação, de acordo com o S&P Global FinLit Survey, fez com que a população
argentina começasse a apresentar um conhecimento sobre este assunto acima da
média mundial, apesar de estarem consideravelmente abaixo na média mundial de
percentagem de população com conhecimento sobre o setor financeiro.
12
Geralmente, mulheres, pessoas com menores rendimentos e pessoas com
educação precária tendem a ser menos informadas no que toca a aspetos do domínio
financeiro como refere Ana Alves (2014). Os países da América Central e do Sul têm
uma grande percentagem de população num destes três casos e, como tal, a falta de
ensino e o baixo rendimento dessas pessoas contribui muito para a percentagem de
pessoas sem literacia financeira neste continente.
Como mostra o gráfico 4, Estados Unidos e Canadá apresentam as percentagens
mais altas de população com conhecimento financeiro. Por outro lado, México, Brasil e
restantes países do continente sul-americano apresentam níveis consideravelmente
baixos de literacia financeira.
Para combater os baixos níveis de literacia financeira apresentados por alguns
países, foram já criados diversos programas e medidas governamentais, como por
exemplo a ENEF, uma medida que visa melhorar os níveis de literacia financeira da
população nas diferentes faixas etárias, não só através de projetos e programas ao nível
das escolas como também promovendo palestras, seminários, entre outras ações de
modo a chegar ao público de idade superior que já não frequenta instituições de ensino.
Gráfico 4- Percentagem do nível de literacia financeira verificado no continente Americano.
13
Europa
O território europeu possui uma amplitude considerável relativa ao grau de literacia
financeira nos diversos países que a constituem. Verificou-se esta diferença analisando
dois países como, por exemplo, a Roménia com uma taxa literária ao nível das finanças
de apenas 22%, a mais baixa da Europa, e a Dinamarca ou a Suécia com taxas de 71%,
segundo a standard and poor’s rating services.
A média europeia do conhecimento e interpretação de conceitos financeiros é de
52% sendo superior no nordeste europeu, Alemanha, e ainda nas já referidas Dinamarca
e Suécia. Em sentido contrário no sudoeste europeu os níveis referidos são
significativamente mais baixos, sendo Portugal, Itália e Espanha alguns dos que se
destacavam pela negativa a este nível.
São vários os aspetos a ser analisados que influenciam o nível de conhecimento
dos cidadãos sobre conceitos financeiros. A maneira como cada individuo é induzido a
tomar decisões ou levado a interpretar a condição financeira da economia da sua zona
de residência leva à existência das diferenças registadas entre os diversos países e
regiões europeias.
São várias as condições sociodemográficas que influenciam o nível de literacia
financeira na zona europeia. A capacidade de tomar boas decisões é claramente
influenciada pelo nível de educação da população em geral. Analisando os dados de um
estudo da standard and poor’s, verifica-se que 69% dos indivíduos com nível de
educação terciário foram considerados financeiramente letrados, 54% dos indivíduos
com educação secundária e apenas 26% dos indivíduos com educação primária são
também conhecedores dos diversos conceitos financeiros. Através destes dados
concluiu-se que quanto maior o nível de educação, maior a capacidade de tomar boas
decisões e interpretar os conceitos financeiros corretamente. Se analisado com atenção
o sistema de ensino dos países nórdicos, que são considerados dos mais completos e
eficientes comparativamente aos restantes países da Europa, onde o índice de literacia
da população ronda os 100% verifica-se que existe uma relação com o índice de literacia
financeira destes países e o nível de educação da população.
Outro fator que faz variar os níveis de conhecimento financeiro entre os níveis de
conhecimento financeiro da população europeia é o género. Cerca de 56% dos adultos
14
do género masculino possuem conhecimentos financeiros em contraste com 48% de
mulheres adultas que verificam esta mesma caraterística. Esta diferença de 8% permite
inferir que os cidadãos do sexo masculino possuem, em média, um nível de literacia
financeira superior.
Em países como a Holanda, a Itália e Luxemburgo as diferenças entre o género
masculino e feminino ao nível da literacia financeira são relativamente elevadas
enquanto que na Suécia e no Reino Unido (países com altos índices de conhecimento
financeiro) já se verifica uma maior igualdade entre géneros.
Através dos dados referidos pode estabelecer-se uma relação entre o nível de
literacia financeira e o nível de igualdade entre géneros de cada país europeu.
Literacia financeira em Portugal
Segundo um estudo da OCDE que avalia a capacidade de decisão e as atitudes dos
cidadãos ao nível das finanças, Portugal apresenta-se na 10.ª posição, entre os 30
países analisados. Como se pode verificar no gráfico 5, que representa os resultados do
estudo, atribuiu-se um valor médio do desempenho à população inquirida sobre os três
aspetos caraterísticos do conceito de literacia financeira:
Saber financeiro;
Comportamento e decisões;
Atitudes.
Portugal apresenta uma média de 14.0 que é superior ao valor médio de 13.2 dos
restantes países incorporados no estudo.
A análise dos resultados do mesmo estudo revelou que 87% dos indivíduos
inquiridos da população portuguesa sabem o que é a inflação enquanto que 72%
admitem fazer um orçamento familiar. Em adição, 82% analisaram algum tipo de
informação antes de aderirem a algum produto financeiro e 79% afirmaram controlar
periodicamente as suas finanças pessoais. Todos os resultados anteriormente referidos
se encontram acima da média europeia pelo que se revelam bastante satisfatórios.
Por outro lado, devido à propensão para deixar o dinheiro na conta à ordem e não
em contas onde este estaria aplicado de forma rentável, Portugal surge ligeiramente
abaixo da média no que toca à prática da poupança. Além disso, 6% da população
inquirida ainda sente a necessidade de recorrer a um balcão de informação/gestor de
conta para aconselhamento de produtos financeiros, o que pode resultar do interesse
15
dessa mesma entidade particular na venda dos referidos produtos. 35% dos indivíduos
questionados revelaram ainda que o seu rendimento não foi capaz de cobrir o custo de
vida dos últimos 12 meses.
De forma a aumentar o nível de literacia financeira da população europeia de um
modo geral, a OCDE traçou um plano de diferentes estratégias que incluem a
implementação do Plano Nacional de Formação Financeira, a dinamização do Portal
Todos Contam, o lançamento da plataforma e-learning e a introdução de conteúdos que
apelem ao desenvolvimento da educação financeira no currículo de um aluno.
Gráfico 5. Resultados de um estudo da OCDE sobre o conhecimento financeiro de vários países.
17
Oceânia e Médio Oriente
De acordo com a agência de classificação de riscos Standard & Poor’s, 64% dos adultos
australianos são financeiramente literatos, estando colocados em 9.º lugar no ranking
mundial, à frente da Nova Zelândia, com 61%. Estas posições cimeiras destes dois países da
Oceânia devem-se ao forte investimento destes governos em educar a população de uma
forma eficaz. Na Austrália, a ASIC (Australian Securities and Investments Commission) está
encarregada de delinear e implementar estratégias para promover a literacia financeira no
país. O plano de ação desta comissão consiste em 5 pontos essenciais:
1- Educar a próxima geração, particularmente através do sistema de educação formal;
2- Aumentar o uso de informação e ferramentas grátis e imparciais;
3- Proporcionar apoio direcionado e de qualidade;
4- Fortalecer parcerias efetivas;
5- Melhorar a investigação.
Esta preocupação não é exclusiva do governo. Existe, por exemplo, a Financial Literacy
Australia, uma ONG (Organização Não Governamental) que recolhe fundos de patrocinadores
para financiar projetos de outras ONGs nesta área.
No Médio Oriente existem grandes disparidades entre Israel e os restantes países neste
tópico. Enquanto Israel tem dos índices de literacia financeira mais altos do mundo (68% dos
adultos) os restantes países como a Jordânia (24%), Arábia Saudita (31%), Emirados Árabes
Unidos (38%) apresentam um menor nível de literacia financeira. Apesar de serem países
com IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) elevados, esta discrepância eventualmente
dever-se-á às restrições à liberdade na maioria destes países, em que o acesso à informação
é naturalmente muito mais reduzido e condicionado do que em Israel. Outro fator a ter em
conta é que a educação na Arábia Saudita não era universal, em 1932, aquando da sua
formação.
18
Gráfico 6-Índice de literacia financeira na Oceânia e no Médio Oriente de acordo com o “Standard & Poor’s Ratings Services Global Financial Literacy Survey, 2014.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Australia Nova Zelãndia
Bahrain Irão Iraque Israel Jordânia Kuwait Arábia Saudita
EAU
Médio Oriente Oceânia
19
África
A Finscope tem como objetivo explorar e medir os níveis de acesso e de utilização de
serviços/ produtos financeiros num determinado país através de dados demográficos e da
situação económico-financeira que o caracterizam.
Análise do estudo sobre os países que integram a SADC (Southern African
Development Community)
Num primeiro estudo realizado com o objetivo de aferir o grau de literacia financeira de
África e, em particular, dos países que integram a SADC (Southern African Development
Community), pode-se comprovar que enquanto o Sul de África apresenta um maior
desenvolvimento do seu setor financeiro e uma taxa de inclusão financeira significativamente
elevada quando comparada com outros países (83%), a percentagem de adultos que
demonstra habilidades financeiras no que toca ao controlo de ganhos/despesas é
relativamente menor (56%). Pelo contrário, na República Democrática do Congo, a maior
parte dos adultos sabe como rastrear ganhos/despesas (66%) apesar de apresentar uma
reduzida inclusão financeira (36%).
Noutro ponto de vista, quando é estudada a relação entre o PIB e a percentagem de
adultos que cumprem compromissos financeiros, pode-se observar que apesar de países
como o Botswana e o Malawi apresentarem um PIB bastante distinto, a percentagem de
adultos que são capazes de assegurar compromissos financeiros em Malawi (66%) não difere
muito da mesma percentagem apresentada pelo Botswana (77%). Já em Madagáscar, o
reduzido PIB é acompanhado pela escassa percentagem de adultos que cumprem as suas
obrigações financeiras (19%).
Em terceiro lugar, através da análise da relação entre percentagem de adultos consciente
das vantagens da utilização de uma conta bancária e a percentagem de adultos que têm uma
conta bancária, pode-se constatar que na Maurícia a percentagem de adultos que
compreendem os benefícios de possuir uma conta bancária acompanha a percentagem de
adultos que possui uma. Já em Madagáscar e em Moçambique o mesmo não se verifica uma
vez que apesar da percentagem de adultos que possuem uma conta bancária ser reduzida,
o conhecimento e a consciência do proveito que podem retirar de uma conta bancária é
20
elevado (61%; 65%).
Por outro lado, avaliando o nível de literacia financeira segundo fatores sociodemográficos
como a idade, o género, o investimento na educação, a localidade, o estado e civil e, por
último, o rendimento, pode-se concluir que quanto maior for o investimento na educação, a
aproximação às áreas urbanas e o rendimento, maior será o nível de literacia financeira. Os
indivíduos do sexo masculino apresentam um maior nível de literacia financeira que os
indivíduos do sexo feminino, assim como os indivíduos casados perante os indivíduos com
outros estados civis. Por último, a idade adulta é caracterizada por um maior nível de literacia
financeira em comparação com as outras.
Concluindo, através deste primeiro estudo pode-se concluir que nem sempre um maior
acesso aos serviços financeiros resulta numa melhor gestão da receita e que, o nível de
literacia financeira nunca deve estar associado ao grau de inclusão financeira de uma certa
região. Pelo contrário, o nível de literacia financeira deve estar associado sim a um melhor/pior
controlo do orçamento, a uma melhor/pior gestão dos recursos e a uma melhor/pior aplicação
de poupanças. Em segundo lugar, o facto de um indivíduo possuir uma conta bancária não
significa que este seja consciente dos benefícios que pode retirar da mesma. Por último, o
nível de literacia financeira é particularmente reduzido no que toca ao sexo feminino, aos
jovens, aos com rendimento inferior, aos reformados, aos que têm um menor acesso à
educação e aos que habitam em zonas rurais.
Outras pesquisas da Finscope
Outras pesquisas da Finscope em 14 países vieram comprovar novamente o baixo nível
de literacia financeira que se verifica a nível global. Por exemplo, no Gana, um dos países
com maior rendimento, apenas 56% dos indivíduos usam algum tipo de produto financeiro
enquanto que no Lesoto essa percentagem ascende até 81%. Na Tanzânia os níveis de
exclusão financeira são elevados pelo que o uso de produtos informais supera o uso de
produtos formais em três vezes.
Por outro lado, enquanto que em Moçambique apenas 8% dos indivíduos emprestaram
dinheiro nos últimos 12 meses, no Uganda 45% dos indivíduos estavam no momento do
inquérito a emprestar dinheiro a alguém. Dos países analisados, a Nigéria é o país onde se
verifica uma maior consciencialização do conceito “poupança” apesar de na África do Sul 37%
dos indivíduos afirmarem que poupam regularmente.
21
Apesar de haver resultados bastante satisfatórios, é de se reparar que existem resultados
bastante negativos. Em Moçambique 88% dos indivíduos nunca ouviram falar de seguros
enquanto que 48% dos indivíduos no Quênia não sabem como funcionar com tal serviço.
Além disso, em Malawi 48% dos indivíduos desconhecem o conceito de empréstimo em
contraste com a percentagem apresentada quer por Moçambique quer pela Nigéria (22%).
Em conclusão, a percentagem de adultos que utiliza produtos financeiros formais supera
aqueles que preferem produtos financeiros informais apesar de ainda se verificar uma baixa
adesão aos mesmos. Constata-se uma significativa aderência às contas poupança, mas, por
outro lado, ainda se verifica um elevado desconhecimento do conceito de “seguro” e dos
benefícios que ele pode trazer. Moçambique é o país que apresenta uma maior percentagem
de desconhecimento face a conceitos de teor financeiro.
Campanhas elaboradas com o objetivo de melhorar o grau de literacia
financeira dos indivíduos em África
Starsaver
A Starsaver é um programa com vista ao desenvolvimento do nível de literacia financeira
desenvolvido pela Associação Bancária Sul Africana (The Banking Association South Africa)
com o objetivo de promover o conceito de poupança e de incrementar o voluntariado no setor
bancário. Desde o início do projeto em 2008, o projeto atingiu quase 1 milhão de alunos em
mais de 3000 escolas do país. 19 bancos e 43 instituições financeiras participaram no
programa StarSaver e, juntamente com as festividades do Mandela Day, proporcionaram aos
voluntários um momento de partilha dos seus conhecimentos ao permitirem que estes fossem
professores por 67 minutos.
Financial Sector Charter
Em 2004, o governo Sul Africano aprovou a Financial Sector Charter que exigia que todas
as instituições de serviços financeiros contribuíssem com 0.2% dos seus lucros para
programas de educação financeira.
No Uganda, duas campanhas de larga escala contra o reduzido nível de literacia
financeira que incluíram rádio, posters, eventos comunitários e associações com mais de uma
dezena de instituições financeiras locais que promovem a poupança fizeram com que, num
período de 3 anos, mais de 300.000 contas bancárias fossem estabelecidas.
22
Conclusão
A literacia financeira é uma componente da formação de cada um que se revela cada vez
mais importante, de modo a que os consumidores possam fazer julgamentos e decisões
ponderadas na gestão dos respetivos orçamentos familiares e/ou empresariais (Paulo
Alcarva; 2016). Como tal, a atenção e a preocupação dada pelos governantes e instituições
financeiras têm aumentado substancialmente, visando a melhoria do conhecimento da
população neste domínio.
Existem diversos fatores como o género, idade, educação (fatores sociodemográficos)
que causam grandes diferenças na percentagem de pessoas com literacia financeira que
cada país apresenta, sendo que a população de países com uma educação de qualidade
superior e acessível a maior número de pessoas e melhor nível de vida tende a ter maior
conhecimento neste domínio.
América do Sul, África, e grande parte da Ásia, devido à educação precária que possuem
e ao baixo nível de vida da maioria dos indivíduos, apresentam níveis baixos de literacia
financeira quando comparados com os países nórdicos que, com um sistema de educação
exemplar e com elevado nível de vida são os que dominam os primeiros lugares da tabela.
Estados Unidos, Canadá, Oceânia e Europa em geral, apesar de não apresentarem
percentagens tão altas como a Noruega ou Suécia, estão também acima da média mundial
em termos de literacia financeira, uma vez que também possuem bons sistemas de educação
e o nível de vida na maioria dos países dos respetivos continentes está acima da média
mundial.
Quanto a Portugal, surgia no lugar 111 no ranking mundial de literacia financeira, segundo
o S&P Global FinLit Survey efetuado em 2014. Contudo, no último estudo efetuado em 2016
pela OECD, os dados apresentados já colocam Portugal numa posição relativamente boa
acima da média europeia e mundial na percentagem de indivíduos com literacia financeira.
É também importante referir que o primeiro estudo referido anteriormente (realizado em
2014) consistia em apenas 5 perguntas que avaliavam o conhecimento dos inquiridos sobre
diferentes aspetos de vertente financeira, enquanto o estudo mais recente era já constituído
por 12 perguntas, considerando-se assim um estudo à partida mais completo e que leva a um
menor erro nos dados apresentados.
Por fim, já foram criados diversos programas e medidas por parte das instituições
financeiras e governamentais em prol de aumentar as percentagens de população com
23
literacia financeira em cada país, dirigidas principalmente às faixas etárias e classes sociais
que geralmente apresentam menor conhecimento no domínio financeiro.
Recomendações
Sob a forma de proposta de um trabalho futuro, destaca-se a importância do estado de
atualização dos inquéritos realizados numa certa região e com um determinado público-alvo
uma vez que a informação pode diferir de inquérito para inquérito devido ao ano da sua
publicação e aos fatores sociodemográficos que vigoravam nessa altura. Além disso, deve-
se ter em atenção a amostra da população utilizada uma vez que num estudo como este,
quanto maior for o número de pessoas inquiridas e quanto maior for o número de
características pessoais que as distinguem umas das outras, melhor será o apuramento dos
resultados.
24
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