livro de prática forense bancária grátis para download em pdf prof alberto bezerra
Post on 28-May-2015
2.796 Views
Preview:
DESCRIPTION
TRANSCRIPT
11
22
S719p Souza, Alberto Bezerra de.
Prática Forense Bancária. / Alberto Bezerra de Souza. – Fortaleza: Judicia Cursos Profissionais, 2013.
1330 Kb ; PDF.
Inclui bibliografia. ISBN 978-85-67176-02-4
1. Direito Bancário. 2. Contratos Bancários. 3. Direito
Comercial 4. Instituições Financeiras. 6. Prática Forense. I. Souza,
Alberto Bezerra de. II. Título.
CDD 342.234
33
Sumário DEDICATÓRIA......................................................................................................................................9
PARTE I: AÇÕES COM ÊNFASE AOS CONTRATOS BANCÁRIOS ............................................................. 10
PETIÇÕES INICIAIS ......................................................................................................................... 10
01 - AÇÃO REVISIONAL DE CHEQUE ESPECIAL ............................................................................ 10
02 - AÇÃO REVISIONAL DE CARTÃO DE CRÉDITO ........................................................................ 26
03 - AÇÃO REVISIONAL DE LEASING ........................................................................................... 44
04 - AÇÃO DE EMBARGOS À EXECUÇÃO - CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO ................................ 71
I - CONSIDERAÇÕES FÁTICAS .................................................................................................. 102
II - NO MÉRITO ............................................................................................................................ 103
( e ) QUANTOS AOS JUROS MORATÓRIOS .............................................................................. 110
( f ) DA MULTA EM FACE DA INADIMPLÊNCIA ..................................................................... 112
( g ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ................................................................................................ 114
( h ) – DO PLEITO DE TUTELA ANTECIPADA ......................................................................... 117
III – PEDIDOS E REQUERIMENTOS ........................................................................................... 121
2.7. REPETIÇÃO DE INDÉBITO OU COMPENSAÇÃO DE VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE.
154
MANUAL DE CRÉDITO RURAL(Cap 2 – seção 6 – item 09) ....................................................... 155
LEI Nº 8.171/91 .............................................................................................................................. 155
I - CONSIDERAÇÕES FÁTICAS .................................................................................................. 209
II - NO MÉRITO ............................................................................................................................ 210
( b ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ............................. 211
( c ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO ........................... 217
( d ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ................................................................................................ 218
( e ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS ...................................... 220
( f ) – DO PLEITO DE TUTELA ANTECIPADA .......................................................................... 221
III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS ........................................................................................... 226
I - CONSIDERAÇÕES FÁTICAS .................................................................................................... 228
II – NO MÉRITO ............................................................................................................................ 229
( d ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ................................................................................................... 240
( e ) - DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS ........................................... 242
( f ) - NECESSIDADE DE DESPACHO SANEADOR ..................................................................... 244
REQUER A PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL ........................................................................ 244
44
( g ) – DO PLEITO DE TUTELA ANTECIPADA ............................................................................ 247
III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS ............................................................................................. 251
I - CONSIDERAÇÕES FÁTICAS .................................................................................................. 280
II - DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO ................................................................................ 281
III - NO MÉRITO ........................................................................................................................... 284
( b ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ............................. 285
( c ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ................................................................................................ 288
( d ) – DO PLEITO DE TUTELA ANTECIPADA ......................................................................... 290
IV – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S ...................................................................... 296
I - CONSIDERAÇÕES FÁTICAS .................................................................................................. 298
II - NO MÉRITO ............................................................................................................................ 299
( b ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ............................. 300
( c ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO ................................. 310
( d ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ................................................................................................ 311
( e ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS ...................................... 314
( g ) – DO PLEITO DE TUTELA ANTECIPADA ......................................................................... 315
III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS ........................................................................................... 319
16 - AÇÃO REVISIONAL DE EMPRÉSTIMO – FATO SUPERVENIENTE........................................... 322
Distr. por dependência ao Proc. nº. 44556.2013.11.8.99.0001 ................................................. 322
Autor: JOÃO DAS QUANTAS ................................................................................................ 322
Ré: BANCO ZETA S/A .............................................................................................................. 322
I – DOS FATOS ............................................................................................................................. 372
II – OBSERVAÇÕES QUANTO À COMPETÊNCIA .................................................................... 373
III - NO MÉRITO ........................................................................................................................... 376
( b ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ............................. 377
( c ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ................................................................................................ 381
( e ) – RESTITUIÇÃO EM DOBRO DO QUE FORA COBRADO A MAIOR............................... 384
( f ) – DO PLEITO DE TUTELA ANTECIPADA .......................................................................... 384
IV – PEDIDOS e REQUERIMENTOS ........................................................................................... 392
I - CONSIDERAÇÕES FÁTICAS .................................................................................................. 417
II - NO MÉRITO ............................................................................................................................ 418
III – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S ........................................................................ 426
I - CONSIDERAÇÕES FÁTICAS .................................................................................................. 428
II - NO MÉRITO ............................................................................................................................ 429
( c ) APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR(CDC) ......................... 430
55
( b ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ............................. 432
( c ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ................................................................................................ 439
( d ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS ...................................... 442
( e ) - DA NECESSIDADE DE “DESPACHO SANEADOR” ........................................................ 443
( f ) – DO PLEITO DE TUTELA ANTECIPADA .......................................................................... 445
III – PEDIDOS E REQUERIMENTOS ........................................................................................... 451
2.6. REPETIÇÃO DE INDÉBITO OU COMPENSAÇÃO DE VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE.
513
MANUAL DE CRÉDITO RURAL(Cap 2 – seção 6 – item 09) ....................................................... 514
LEI Nº 8.171/91 .............................................................................................................................. 514
26 - RECONVENÇÃO – AÇÃO MONITÓRIA – CARTÃO DE CRÉDITO ............................................ 517
Ação Monitória Proc. nº. 44556.11.8.2013.99.0001................................................................. 517
Autor: XISTA ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO S/A Réu: FRANCISDO
DE TAL ..................................................................................................................................... 517
II - DOS FATOS ........................................................................................................................... 521
III – NO MÉRITO ........................................................................................................................ 522
IV – DOS PEDIDOS ..................................................................................................................... 534
27 - AÇÃO REVISIONAL SEM CONTRATO COM A INICIAL – CAC ................................................ 537
I – INTROITO .............................................................................................................................. 537
II - CONSIDERAÇÕES FÁTICAS .............................................................................................. 540
III - NO MÉRITO ......................................................................................................................... 540
IV – PEDIDOS e REQUERIMENTOS ........................................................................................ 572
Ação de Depósito ....................................................................................................................... 581
Proc. nº. 13244.55.7.88.0001/0009 ............................................................................................ 581
Autor: BANCO ZETA S/A ....................................................................................................... 581
Réu: FRANCISCO DAS QUANTAS.......................................................................................... 581
( a ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ................................... 586
( b ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO ...................................... 588
( c ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ................................................................................................... 589
( e ) - DA NECESSIDADE DE “DESPACHO SANEADOR” .......................................................... 593
Ação de Busca e Apreensão ...................................................................................................... 597
Proc. nº. 13244.2013.7.88.0001/0009 ........................................................................................ 597
Autor: BANCO ZETA S/A ....................................................................................................... 597
Réu: FRANCISCO DAS QUANTAS.......................................................................................... 597
( a ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ............................ 601
66
( b ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO ................................ 607
( c ) - DA AUSÊNCIA DE MORA – IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO ........................................... 607
( d ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS ..................................... 612
( e ) - DA NECESSIDADE DE “DESPACHO SANEADOR”....................................................... 613
Ação de Reintegração de Posse ................................................................................................. 617
Proc. nº. 44556.2013.11.8.99.0001 ............................................................................................ 617
Autor: ZETA S/A ARRENDAMENTO MERCANTIL ........................................................... 617
Réu: JOÃO DAS QUANTAS ..................................................................................................... 617
( a ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ............................. 699
( b ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO ................................ 701
( c ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ................................................................................................ 703
( d ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS ...................................... 705
( e ) – DIES A QUO DOS JUROS E DA CORREÇÃO MONETÁRIA ........................................... 706
PETIÇÕES INTERMEDIÁRIAS......................................................................................................... 711
01. ADITAMENTO À PETIÇÃO INICIAL ................................................................................. 711
Ação Revisional .......................................................................................................................... 714
Proc. nº. 44556.11.8.2012.99.0001 ............................................................................................ 714
Autor: PEDRO DE TAL ................................................................................................................. 714
Réu: XISTA CARTÃO DE CRÉDITO S/A ......................................................................................... 714
O AUTOR DELIMITA QUESITOS À PERÍCIA CONTÁBIL.................................................................. 722
Autor: Beltrano de Tal .................................................................................................................... 722
Ação de Busca e Apreensão ........................................................................................................ 733
Proc. nº. 445566-00.2013.8.06.0001 .......................................................................................... 733
Autor: BANCO ZETA S/A ............................................................................................................. 733
Réu: PEDRO DAS QUANTAS ........................................................................................................ 733
Ação Revisional .......................................................................................................................... 745
Proc. nº. 44556.11.8.2013.99.0001 ............................................................................................ 745
Autor: FRANCISCO DE TAL .......................................................................................................... 745
Réu: BANCO ZETA S/A ................................................................................................................ 745
Ação de Busca e Apreensão ........................................................................................................ 769
Proc. nº. 445566-77.2013.10.09.0001 ........................................................................................ 769
Autor: BANCO ZETA S/A ............................................................................................................. 769
Réu: JOAQUIM DAS QUANTAS ................................................................................................... 769
Ação Revisional .......................................................................................................................... 793
Proc. nº. 44556.11.8.2013.99.0001 ............................................................................................ 793
77
Autor: JOAQUIM DE TAL ............................................................................................................. 793
Réu: BANCO ZETA S/A – ARRENDAMENTO MERCANTIL ............................................................. 793
I – TEMPESTIVIDADE ................................................................................................................. 812
II – SÍNTESE DOS FATOS – ATO COATOR ............................................................................... 812
III – QUANTO À DECISÃO GUERREADA ................................................................................. 815
IV – INDICAÇÃO DO LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO ........................................... 821
V – DO PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS.......................................... 823
VI – PEDIDOS E REQUERIMENTOS .......................................................................................... 823
RAZÕES DE APELAÇÃO ................................................................................................................ 832
( 4.1. ) JUROS REMUNERATÓRIOS ............................................................................................ 841
SUA COBRANÇA EM CONTRATOS DE ARRENDAMENTO MERCANTIL .................................... 841
( 4.2. ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ......................... 843
( 4.4. ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ............................................................................................ 845
( 2.1. ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ......................... 852
( 2.2. ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ............................................................................................ 855
( 2.3. ) - DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS ................................... 858
RAZÕES DA APELAÇÃO ................................................................................................................ 869
Processo nº. 33445.06.2013.000.01.777-6 .............................................................................. 869
Incidente de Impugnação ao Benefício da Assistência Judiciária ........................................... 883
Proc. nº. 44556.11.8.2013.99.0001 ............................................................................................ 883
Excipiente: BANCO DELTA S/A ............................................................................................. 883
Excepto: FARMÁCIA XISTA LTDA ......................................................................................... 883
RAZÕES DE APELAÇÃO ................................................................................................................ 884
Ação Revisional ......................................................................................................................... 928
Proc. nº. 44556.2013.11.8.99.0001 ............................................................................................ 928
Autora: CONSTRUTORA XISTA S/A ....................................................................................... 928
Ré: BANCO ZETA S/A ............................................................................................................ 928
RAZÕES DA APELAÇÃO ................................................................................................................ 929
Processo nº. 44556.2013.11.8.99.0001 ................................................................................... 929
( 2.1. ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ............................................................................................ 930
Ação Revisional ......................................................................................................................... 986
Proc. nº. 44556.11.8.2013.99.0001 ............................................................................................ 986
Agravante: FRANCISCO DE TAL ............................................................................................ 986
Agravado: BANCO XISTA S/A ............................................................................................... 986
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO ............................................................................................ 999
88
( a ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS ............................................ 1004
( b ) - DA AUSÊNCIA DE MORA ..................................................................................................... 1009
( c ) – RESTITUIÇÃO EM DOBRO DO QUE FORA COBRADO A MAIOR ........................................... 1012
( d ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS .................................................. 1012
PARTE II: RESPONSABILIDADE CIVIL DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS ........................................... 1016
PETIÇÕES INICIAIS ..................................................................................................................... 1020
01 - AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO C/C REPARAÇÃO DE DANOS ........................................... 1020
02. AÇÃO ANULATÓRIA C/C REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS ............................................. 1034
PETIÇÕES INTERMEDIÁRIAS ....................................................................................................... 1055
Ação de Indenização ............................................................................................................... 1055
Proc. nº. 44556.11.8.2013.99.0001 .......................................................................................... 1055
Autora: JOAQUINA DE TAL ................................................................................................ 1055
Ré: CARTÃO DE CRÉDITO XISTA S/A ............................................................................. 1055
Ação de Indenização ............................................................................................................... 1072
Proc. nº. 44556.11.8.2013.99.0001 .......................................................................................... 1072
Autor: JOAQUINA DE TAL .................................................................................................... 1072
Réu: CARTÃO DE CRÉDITO XISTA S/A ........................................................................... 1072
RECURSOS ................................................................................................................................. 1092
Ação de Reparação de Danos .................................................................................................. 1154
Proc. nº. 44556.2013.11.8.99.0001 .......................................................................................... 1154
Autora: MARIA DAS QUANTAS ............................................................................................ 1154
Ré: BANCO ZETA S/A .......................................................................................................... 1154
RAZÕES DA APELAÇÃO ....................................................................................................... 1155
Processo nº. 44556.2013.11.8.99.0001 .................................................................................. 1155
99
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, ALBERTINO MENESES e MARIA ELDI, alicerce da minha vida, exemplo e orgulho para toda nossa família.
Às minhas irmãs, ANA GEÓRGIA, GORETTI e RUTH MARIA, pelo
amparo incondicional à minha carreira de advogado.
À querida ELIVÂNIA, fiel companheira, sobretudo pelo estímulo e
compreensão pelos momentos de ausência.
À minha filha NICOLE BEZERRA, pelo tanto representa para mim,
sobretudo pela invejável alegria de viver, exemplo de garra e inabalável perseverança nos seus objetivos.
Ao estimado amigo e grande psicanalista GALBA LOBO, pelas infindáveis
palavras de apoio, sempre sensatas e que espelham o brilhante profissional que é.
Aos profissionais da Editora Judicia, CLÁUDIO ÂNGELO, ISACC, JÚLIO,
TENÓRIO TAVARES, WILKELVES e MIGUEL, equipe por demais qualificada que contribuiu diretamente
com resultado desta obra.
1100
PARTE I: AÇÕES COM ÊNFASE AOS CONTRATOS BANCÁRIOS
PETIÇÕES INICIAIS
01 - AÇÃO REVISIONAL DE CHEQUE ESPECIAL
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA CIDADE.
FRANCISCO DAS QUANTAS, casado, empresário, residente e domiciliado na
Rua X, nº 0000, na Cidade – CEP nº. 44455-66, possuidor do CPF (MF) nº. 555.333.444-66, por seu
advogado abaixo firmado (procuração anexa), vem, com o devido respeito à presença de Vossa
Excelência, ajuizar a presente
AÇÃO REVISIONAL,
“COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA”
contra o BANCO ZETA S/A, instituição financeira de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob n°
11.222.333/0001-44, estabelecida(CC, art. 75, § 1º), na Rua Y, nº. 0000 , em São Paulo (SP) – CEP
22555-666, em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.
I - RESENHA FÁTICA
O Promovente celebrou com a instituição financeira promovida contrato de
abertura de crédito em conta corrente, na modalidade de cheque especial (crédito rotativo), a qual
detém a numeração 112233, da agência nº 4455, cujo limite disponível para empréstimo é,
atualmente, de R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ). (doc. 01)
Presencia-se, ademais, pelos documentos acostados, que no pacto entabulado
chegou-se a cobrar taxa mensal de 00%( .x.x.x. ).
1111
Por conta dos elevados (e ilegais) encargos contratuais, não acobertados pela
legislação, o Autor não conseguiu pagar mais os valores acertados contratualmente.
Restou-lhe, assim, buscar o Poder Judiciário, para declarar a cobrança abusiva,
ilegal e não contratada, afastando os efeitos da inadimplência, onde pretender a revisão dos termos do
que fora pactuado (e seus reflexos) que importam na remuneração e nos encargos moratórios pela
inadimplência:
Cláusula 1.5. – Juros;
Cláusula 4 – Atrasos de pagamento – encargos.
HOC IPSUM EST
II – NO MÉRITO
( a ) DELIMITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS CONTROVERTIDAS
CPC, art. 285-B
Observa-se que a relação contratual entabulada entre as partes é de empréstimo,
razão qual o Autor, à luz da regra contida no art. 285-B, da Legislação Adjetiva Civil, cuida de
balizar, com a exordial, as obrigações contratuais alvo desta controvérsia judicial.
O Promovente almeja alcançar provimento judicial de sorte a afastar os encargos
contratuais tidos por ilegais. Nessa esteira de raciocínio, a querela gravitará com a pretensão de fundo
para, ou seja, as obrigações que pretende controverter:
( a ) afastar a cobrança de juros capitalizados mensais;
Fundamento: ausência de ajuste expresso neste sentido.
( b ) reduzir os juros remuneratórios;
Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado.
( c ) excluir os encargos moratórios;
Fundamento: o Autor não se encontra em mora, posto que foram cobrados encargos
contratuais ilegalmente durante o período de normalidade.
1122
Dessarte, tendo em conta as disparidades legais supra-anunciadas, o Promovente
acosta planilha com cálculos (doc. 02) que demonstra o valor a ser pago:
( a ) Valor da obrigação ajustada no contrato R$ 0.000,00 ( .x.x.x. );
( b ) valor controverso da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. );
( c ) valor incontroverso da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. ).
Nesse compasso, uma vez atendidos os regramentos fixados na norma processual
em liça, o Autor pleiteia que a Promovida seja instada a acatar o pagamento da quantia incontroversa
acima mencionada. O Autor destaca, mais, que as parcelas incontroversas serão pagas junto à Ag.
3344 da instituição financeira demandada, no mesmo prazo contratual avençado (CPC, art. 285-B,
parágrafo único).
( b ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS
A capitalização mensal de juros, ora em debate, é abusiva, conforme demonstrado
no laudo pericial particular acostado com esta inaugural. (doc. 02)
De ressaltar-se que inexiste legislação que trate de autorizar a cobrança de juros
capitalizados no contrato em espécie.
Portanto, Excelência, maiormente porquanto inexiste cláusula contratual
destacando a cobrança deste encargo contratual e sua periodicidade, há de ser afastada a sua cobrança,
segundo, ademais, o assente entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO BANCÁRIO.
CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. AUSÊNCIA DE PACTUAÇÃO. REEXAME DE
PROVAS. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. SÚMULAS NºS 5
E 7 DESTA CORTE.
1. - Tendo o acórdão reconhecido a ausência de expressa pactuação a respeito da
capitalização mensal de juros, não há como acolher a pretensão do banco recorrente, ante o
óbice das Súmulas 05 e 07 do Superior Tribunal de justiça.
2. - agravo regimental improvido. (STJ - AgRg-REsp 1.360.933; 2012/0275802-3; Terceira
Turma; Rel. Min. Sidnei Beneti; DJE 04/06/2013; Pág. 860)
1133
Nem se afirme que os juros capitalizados poderiam ser cobrados por força das
MPs 1.963-17 (art. 5º) e 2.170-36(art. 5º) – visto que o pacto é posterior a vigência das mesmas --,
mantidas pela Emenda Constitucional nº. 32/01, posto que, também para estas hipóteses, o ajuste
expresso de capitalização se faz necessário.
É necessário não perder de vista a posição da jurisprudência:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. REVISÃO CONTRATUAL. INSTRUMENTO
PARTICULAR DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. CÂMARA DE DIRIGENTES
LOJISTAS DO DISTRITO FEDERAL. POLO PASSIVO. REJEIÇÃO.
CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS. MP Nº 2170-36/2001. POSSIBILIDADE.
TABELA PRICE. LEGALIDADE. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
CUMULAÇÃO COM OUTROS ENCARGOS. INVIABILIDADE. DESCONTOS EM
CONTA. CORRENTE. LIMITAÇÃO DE TRINTA POR CENTO (30%) DOS
RENDIMENTOS DO DEVEDOR. INVIABILIDADE. NÃO INCIDÊNCIA DO
DISPOSTO NO DECRETO Nº 6.386/08. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO PACTA SUNT
SERVANDA.
1. Em se tratando de feito revisional, em que o autor busca a declaração de nulidade de
cláusulas que entende abusivas em contrato de confissão de dívida, não se justifica a inclusão
da CDL nos autos, sobretudo porque o fundamento para a eventual ilegalidade dos protestos
não reside na inexistência da dívida, tampouco na ausência de notificação do devedor, mas
na existência de novação, por meio da realização de contrato de confissão de dívida, que
teria absorvido os contratos de mútuo que serviram de lastro aos referidos protestos.
2. Consoante a jurisprudência do STJ, a capitalização de juros em periodicidade inferior a
um ano é permitida nos contratos celebrados por instituições financeiras após 31/03/2000,
data da publicação da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, posteriormente reeditada com o
nº 2.170-36/2001, desde que expressamente pactuada.
3. A aplicação do sistema francês de amortização, que utiliza a tabela price para a correção e
a aplicação dos juros sobre o saldo devedor, não configura ilegalidade, devendo ser mantida
conforme pactuada.
4. Consoante o Enunciado Nº 372, da Súmula do STJ, a cobrança da comissão de
permanência é lícita, desde que o valor exigido a esse título não ultrapasse a soma dos juros
da mora de um por cento (1%) ao mês, multa contratual de até dois por cento (2%) e dos
juros remuneratórios à taxa média do contrato e limitados à taxa do contrato e desde que não
seja cumulada com qualquer desses encargos.
1144
5. O Decreto nº 6.386/08, que dispõe sobre as consignações em folha de pagamento no
âmbito federal, trata, exclusivamente, dos descontos em folha de pagamento. A
jurisprudência vem interpretando analogicamente este dispositivo, estendendo-o aos
descontos efetuados na conta de recebimento de salário dos servidores, somando-se, assim,
àqueles efetuados no contracheque. Todavia, por se tratar de norma restritiva, deve ser
interpretada restritivamente, não se podendo aplicar aos empréstimos pagos através de débito
em conta.
6. Vale notar que o desconto autorizado na conta-corrente do contratante, relativo ao
Contrato de Confissão de Dívida, em que o devedor anuiu expressamente aos termos
contratuais, não podem sofrer essa limitação, porquanto o direito obrigacional encontra-se na
esfera de disponibilidade do devedor, sem que isso implique em desrespeito à necessidade de
sobrevivência, em obediência ao princípio do pacta sunt servanda.
7. Apelos do autor e do réu parcialmente providos. (TJDF - Rec 2008.01.1.138394-3; Ac.
680.452; Quarta Turma Cível; Rel. Des. Arnoldo Camanho de Assis; DJDFTE 05/06/2013;
Pág. 134)
Portanto, a situação demonstrada traduz a incidência, ante à inexistência de
cláusula expressa, do que reza a Súmula 121 do Supremo Tribunal Federal, bem como Súmula93
do Superior Tribunal de Justiça:
STF - Súmula nº 121 - É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente
convencionada.
STJ - Súmula nº 93 - A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial e industrial
admite o pacto de capitalização de juros.
( c ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO
Não fosse bastante isso, Excelência, concluímos que a Ré cobrara do Autor, ao
longo de todo trato contratual, taxas remuneratórias bem acima da média do mercado.
Tais argumentos podem ser facilmente ser constatados com uma simples análise
junto ao site do Banco Central do Brasil. Há de existir, nesse tocante, uma redução à taxa de 00%
a.m., posto que foi a média aplicada no mercado no período da contratação.
Confira-se a seguinte nota jurisprudencial:
1155
APELAÇÃO CÍVEL. REVISIONAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO. JUROS
REMUNERATÓRIOS. TAXA MÉDIA DE MERCADO. CAPITALIZAÇÃO DOS
JUROS. POSSIBILIDADE EM RAZÃO DA PACTUAÇÃO EXPRESSA. MULTA
MORATÓRIA. APENAS SOBRE O VALOR DA PRESTAÇÃO EM ATRASO.
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO COM
JUROS DE MORA E MULTA. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. FORMA SIMPLES.
SENTENÇA PARCIALMENTE MODIFICADA.
1. Como a taxa contratada é bastante superior à taxa média de mercado divulgada pelo
Banco Central, à época da contratação, para a mesma modalidade contratual, merece ser
reduzida a esse patamar, qual seja, 80,71% ao ano.
2. No recente julgamento do RESP. 973.827/RS, ao qual foi aplicado o disposto no art. 543
C do CPC, restou consolidado o entendimento já adotado no STJ de que a capitalização de
juros com periodicidade inferior a um ano só é permitida para contratos celebrados após a
data da publicação da MP nº 1.96317/2000, caso dos autos, desde que expressamente
pactuada, de forma expressa e clara. 3. Ficou também decidido no mesmo julgamento que a
previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é
suficiente para caracterizar a pactuação de forma expressa e clara da capitalização.
4. Nos termos do que dispõe o § 1º do art. 52 do CDC, a multa moratória deve incidir apenas
sobre o valor das prestações em atraso.
5. Incidência da Súmula nº 472 do Superior Tribunal de Justiça, que dispõe em seu
enunciado: "A cobrança de comissão de permanência cujo valor não pode ultrapassar a
soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato exclui a exigibilidade
dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual. "
6. A devolução dos valores cobrados a maior deve ocorrer na forma simples, pois a repetição
em dobro se limita aos casos em que restar comprovada a máfé do credor, o que não ocorreu
no caso dos autos.
7. Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJCE - AC 070081514.2000.8.06.0001;
Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Antônio Abelardo Benevides Moraes; DJCE 05/06/2013;
Pág. 40)
Não sendo este o entendimento, aguarda sejam apurados tais valores em sede de
prova pericial, o que de logo requer.
( d ) - DA AUSÊNCIA DE MORA
1166
Não há que se falar em mora do Autor.
A mora representa uma inexecução de obrigação diferenciada. Na espécie, assim,
incide a regra estabelecida no artigo 394 do Código Civil, aplicável à espécie, com a complementação
disposta no artigo 396 desse mesmo Diploma Legal.
CÓDIGO CIVIL
Art. Art. 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que
não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Art. 396 - Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora
Do mesmo teor a posição do Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO (ART. 544, DO CPC) AÇÃO REVISIONAL
DE CONTRATO DE MÚTUO. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU
PROVIMENTO AO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INCONFORMISMO DA
CASA BANCÁRIA.
1. O Código de Defesa do Consumidor tem incidência nos contratos de mútuo celebrados
perante instituição financeira (Súmula nº 297 do STJ), o que permite a revisão das cláusulas
abusivas neles inseridas, a teor do que preconiza o art. 51, IV, do mencionado diploma legal,
entendimento devidamente sufragado na Súmula nº 286 deste STJ.
2. Tribunal de origem que, no tocante à capitalização de juros, inadmitiu a cobrança do
encargo com base em fundamentos distintos e autônomos, constitucionais e
infraconstitucionais, aptos a manterem, por si próprios, o acórdão objurgado. Incidência da
Súmula nº 126 do STJ, ante a não impugnação por recurso extraordinário da matéria
constitucional.
3. Incidência do óbice da Súmula nº 283/STF. Apelo extremo que, no tocante à capitalização
de juros, não impugnou fundamento hábil, por si só, a manter a solução jurídica adotada no
acórdão hostilizado.
4. Nos termos do entendimento proclamado no RESP n. º 1.058.114/rs, julgado como
recurso repetitivo, admite-se a cobrança da comissão de permanência durante o período de
inadimplemento contratual, desde que expressamente pactuada e não cumulada com os
encargos moratórios.
1177
5. Ausente o instrumento contratual (art. 359, do CPC), os juros remuneratórios devem ser
limitados à taxa média do mercado no período da contratação.
6. Verificada, na hipótese, a existência de encargo abusivo no período da normalidade do
contrato, resta descaracterizada a mora do devedor.
7. A fixação da verba honorária foi realizada com amparo nos elementos fáticos da causa,
razão pela qual é vedado, em sede de Recurso Especial, o seu reexame nos termos da Súmula
nº 7 do STJ.
8. Agravo regimental desprovido. (STJ - AgRg-AREsp 113.994; 2012/0003251-7; Quarta
Turma; Rel. Min. Marco Buzzi; DJE 03/06/2013; Pág. 853)
Nesse sentido é a doutrina de Washington de Barros Monteiro:
“A mora do primeiro apresenta, assim, um lado objetivo e um lado subjetivo. O lado objetivo
decorre da não realização do pagamento no tempo, lugar e forma convencionados; o lado
subjetivo descansa na culpa do devedor. Este é o elemento essencial ou conceitual da mora
solvendi. Inexistindo fato ou omissão imputável ao devedor, não incide este em mora. Assim
se expressa o art. 396 do Código Civil de 2002. “ (Monteiro, Washington de Barros. Curso
de Direito Civil. 35ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, vol. 4, p. 368)
Como bem advertem Cristiano Chaves de Farias e Nélson Rosenvald:
“Reconhecido o abuso do direito na cobrança do crédito, resta completamente
descaracterizada a mora solvendi. Muito pelo contrário, a mora será do credor, pois a
cobrança de valores indevidos gera no devedor razoável perplexidade, pois não sabe se
postula a purga da mora ou se contesta a ação. “ (Farias, Cristiano Chaves de; Rosenvald,
Nelson. Direito das Obrigações. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 471)
Na mesma linha de raciocínio, Sílvio Rodrigues averba:
“Da conjunção dos arts. 394 e 396 do Código Civil se deduz que sem culpa do devedor não
há mora. Se houve atraso, mas o mesmo não resultar de dolo, negligência ou imprudência do
devedor, não se pode falar em mora. “ ( In, Direito civil: parte geral das obrigações. 32ª Ed.
São Paulo: Saraiva, 2002, p. 245).
1188
Por fim, colhe-se lição de Cláudia Lima Marques:
“Superadas as dúvidas interpretativas iniciais, a doutrina majoritária conclui que a nulidade
dos arts. 51 e 53 é uma nulidade cominada de absoluta (art. 145, V, do CC/1916 e art. 166,
VI e VII, do CC/2002, como indica o art. 1º do CDC e reforça o art. 7º, caput, deste Código.
( . . . )
Quanto à eventual abusividade de cláusulas de remuneração e das cláusulas acessórias de
remuneração, quatro categorias ou tipos de problemas foram identificados pela
jurisprudência brasileira nestes anos de vigência do CDC: 1) as cláusulas de remuneração
variável conforme a vontade do fornecedor, seja através da indicação de vários índices ou
indexadores econômicos, seja através da imposição de ‘regimes especiais’ não previamente
informados; 2) as cláusulas que permitem o somatório ou a repetição de remunerações, de
juros sobre juros, de duplo pagamento pelo mesmo ato, cláusulas que estabelecem um
verdadeiro bis in idem remuneratório; 3) cláusulas de imposição de índices unilaterais para o
reajuste ou de correção monetária desequilibradora do sinalagma inicial; cláusulas de juros
irrazoáveis. “(MARQUES, Cláudio Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor.
6ª Ed. São Paulo: RT, 2011, pp. 942-1139)
Em face dessas considerações, conclui-se que a mora cristaliza o retardamento por
um fato, quando imputável ao devedor, o que vale dizer que, se o credor exige o pagamento com
encargos excessivos, o que deverá ser apurado em momento oportuno, retira do devedor a
possibilidade de arcar com a obrigação assumida, não podendo-lhe ser imputados os efeitos da
mora.
( e ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS
Defende o Autor, inclusive fartamente alicerçado nos fundamentos antes citados,
que o mesmo não se encontra em mora, razão qual da impossibilidade absoluta da cobrança de
encargos moratórios.
Caso este juízo entenda pela impertinência destes argumentos, o que se diz apenas
por argumentar, devemos destacar que é abusiva a cobrança da comissão de permanência cumulada
com outros encargos moratórios/remuneratórios, ainda que expressamente pactuada. É pacífico o
entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que, em caso de previsão
1199
contratual para a cobrança de comissão de permanência, cumulada com correção monetária, juros
remuneratórios, juros de mora e multa contratual, impõe-se a exclusão de sua incidência.
Perceba que no pacto há estipulação contratual pela cobrança de comissão de
permanência com outros encargos moratórios, os quais devem ser afastados pela via judicial.
A propósito, este é o entendimento consagrado no Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO. CONTRATO BANCÁRIO. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. JUROS REMUNERATÓRIOS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
COBRANÇA DE ENCARGOS MORATÓRIOS. CONFIGURAÇÃO DA MORA.
JUROS MORATÓRIOS. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. IMPROVIMENTO.
1. - A segunda seção desta corte firmou o entendimento de que o fato de as taxas de juros
excederem o limite de 12% ao ano, por si, não implica abusividade; impondo-se sua redução,
tão-somente, quando comprovado que discrepantes em relação à taxa de mercado após
vencida a obrigação.
2. - o tribunal de origem julgou com base no substrato fático-probatório dos autos e no
exame de cláusulas contratuais, não podendo a questão ser revista em âmbito de Recurso
Especial, a teor do que dispõem os Enunciados nºs 5 e 7 da Súmula desta corte.
3. - é admitida a cobrança da comissão de permanência no período da inadimplência nos
contratos bancários, à taxa de mercado, desde que (i) pactuada, (ii) cobrada de forma
exclusiva, ou seja, não cumulada com outros encargos moratórios, remuneratórios ou
correção monetária e (iii) que não supere a soma dos seguintes encargos: taxa de juros
remuneratórios pactuada para a vigência do contrato; juros de mora; e multa contratual.
Incide, portanto, a Súmula nº 83/STJ a inviabilizar o apelo.
4. - agravo regimental improvido. (STJ - AgRg-AREsp 304.154; 2013/0053065-4; Terceira
Turma; Rel. Min. Sidnei Beneti; DJE 04/06/2013; Pág. 831)
( f ) – RESTITUIÇÃO EM DOBRO DO QUE FORA COBRADO A MAIOR
Tendo em vista a incidência do Código de Defesa do Consumidor no contrato em
espécie, necessário, caso haja comprovação de cobrança abusiva, que seja restituído ao Autor, em
dobro, aquilo que lhe fora cobrado em excesso. (CDC, art. 42, parágrafo único)
Nesse sentido:
2200
EMBARGOS À EXECUÇÃO CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO AGRAVO
RETIDO EXCESSO DE EXECUÇÃO VALOR DO DÉBITO LIMITAÇÃO DOS
JUROS E SUA COBRANÇA NA FORMA CAPITALIZADA DEVOLUÇÃO EM
DOBRO ENCARGOS CONTRATUAIS
1. De fato, o art. 739-A do CPC prescreve que nos embargos à execução alicerçados em
excesso, o embargante deve apresentar o valor que entende devido. Contudo, havendo
alegação de abusividade de cláusulas e cálculos que não são habituais a um leigo, não é
razoável exigir do embargante que embargue apontando o valor que entende devido, sob
pena de cerceamento de seu direito de defesa. Agravo retido conhecido, pois reiterado em
apelação, mas rejeitado;
2 Aplica-se a Súmula Vinculante n. 7, inclusive para contratos anteriores à sua edição, em
nome da uniformização da jurisprudência. Em caso de os juros remuneratórios não
encontrarem prévia estipulação contratual devem ser aplicadas as taxas de mercado para as
operações equivalentes;
3 Somente haverá possibilidade de capitalização de juros com relação aos contratos firmados
posteriormente à edição da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, de 31 de março de 2000
(atualmente reeditada sob o nº 2.170-36/2001), desde que haja previsão contratual expressa
nesse sentido. Inexistindo previsão contratual expressa, deve ser afastada a cobrança de juros
capitalizados;
4 O consumidor deve identificar, de plano, quais os encargos que incidirão sobre seu débito,
que devem constar de forma destacada do restante do texto e de forma compreensível, não se
admitindo a inserção de oneração implícita ou presumida;
5 Para aplicação do art. 42, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor não é
preciso que se comprove a má-fé do fornecedor que cobrou e recebeu a quantia de forma
indevida, bastando sua responsabilidade pelo evento danoso, mesmo porque o texto da Lei
sequer menciona má-fé. A única escusa aceitável seria o engano justificável, que não se
mostrou presente no caso em estudo. Vencida a tese da Relatora, determinada a restituição
SIMPLES prevalência do entendimento majoritário em favor da exigência da prova de má-fé
do fornecedor;
6 A partir da citação seja na ação de conhecimento, seja de execução não incidem mais os
encargos contratuais de mora, mas apenas os juros legais e a correção monetária. Os
encargos contratuais considerados lícitos poderão ser cobrados, portanto, até a citação,
incidindo depois apenas os juros legais e correção monetária. Ademais, havendo controvérsia
acerca da legalidade dos encargos impugnados, não se pode considerar devida sua cobrança
no período em que a causa esteve sub judice, o que acarretaria em postergação indefinida do
término do negócio, com onerosidade excessiva para o devedor. AGRAVO RETIDO
CONHECIDO, MAS IMPROVIDO. RECURSO DO EMBARGANTE ALDINO PROVIDO
2211
EM PARTE, para afastar a incidência de juros capitalizados. RECURSO DA
EMBARGADA COOPERATIVA IMPROVIDO. (TJSP - APL 0056122-
76.2008.8.26.0576; Ac. 6719243; São José do Rio Preto; Vigésima Câmara de Direito
Privado; Relª Desª Maria Lúcia Pizzotti; Julg. 06/05/2013; DJESP 22/05/2013)
( g ) – DO PLEITO DE TUTELA ANTECIPADA
Ficou destacado claramente nesta peça processual, em tópico próprio, que a Ré
cobrou juros capitalizados indevidamente, encargo este, pois, arrecadado do Promovente durante o
“período de normalidade” contratual. E isto, segundo que fora debatido também no referido tópico,
ajoujado às orientações advindas do c. Superior Tribunal de Justiça, afasta a mora do devedor.
Nesse compasso, deve ser excluído o nome do Autor dos órgãos de restrições,
independentemente do depósito de qualquer valor, pois não se encontra em mora contratual.
O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a antecipação de tutela
“existindo prova inequívoca” e “dano irreparável ou de difícil reparação”:
Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos
da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - ...
Há nos autos “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela Ré, fartamente
comprovada por documento imersos nesta pendenga, maiormente pela perícia particular apresentada
com a presente peça vestibular (doc. 02), a qual anuncia a cobrança de juros capitalizados
mensalmente (sem cláusula contratual para tanto).
O próprio contrato, colacionado com a inaugural, fez demonstrar prova
inequívoca das alegações do Autor, maiormente quando a tese defendida é da inexistência de cláusula
contratual que permitisse a cobrança de juros capitalizados mensalmente.
Sobre prova inequívoca, Antônio Cláudio da Costa Machado doutrina que:
2222
“Inicialmente, é preciso deixar claro que ‘prova inequívoca’, como verdade processual, não
existe, porque toda e qualquer prova depende de valoração judicial para ser reconhecida
como boa, ou má, em face do princípio do livre convencimento (art. 131). Logo, por ‘prova
inequívoca’ só pode o intérprete entender ‘prova literal’, locução já empregada pelo CPC,
nos arts. 814, I, e 902, como sinônima de prova documental de forte potencial de
convencimento. “ (Machado, Antônio Cláudio da Costa. Código de Processo Civil
interpretado e anotado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 4ª Ed. Barueri: Manole,
2012, p. 612)
De outro compasso, entende-se por “prova inequívoca” aquela deduzida pelo
autor em sua inicial, pautada em prova preexistente – na hipótese laudo pericial particular feito por
contador devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade deste Estado --, capaz de
convencer o juiz de sua verossimilhança, de cujo grau de convencimento não se possa levantar dúvida
a respeito.
Nesse enfoque, professam Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart
que:
“O interessado, ao requerer a tutela antecipatória, pode valer-se de prova documental, de
prova testemunhal ou pericial antecipadamente realizadas e de laudos ou pareceres de
especialistas, que poderão substituir, em vista da situação de urgência, a prova pericial.
O interessado ainda pode requerer que sejam ouvidas, imediata e informalmente (vale dizer,
nos dias seguintes ao requerimento da tutela), as testemunhas, a parte ou um terceiro, bem
como pedir a imediata inspeção judicial, nos termos do art. 440 do CPC. “ (Marinoni, Luiz
Guilherme. Arenhart, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil. 10ª Ed. São Paulo: RT, 2011,
vol. 2, p. 208)
(não existem os destaques no texto original)
Por conseguinte, basta a presença dos dois pressupostos acima mencionados, para o
deferimento da tutela antecipada almejada.
Outrossim, temos que é uma prerrogativa legal da parte Autora a purgar a mora e
depositar as parcelas incontroversas. Frise-se, entretanto, que o este defende que, em verdade, inexiste
situação moratória, razão qual não deverá ser exigido encargos moratórios.
2233
Ficou ratificado junto ao Recurso Especial, o qual serviu de paradigma aos
recursos repetitivos em matéria bancária (REsp nº. 1.061.530), que é dever do magistrado acolher o
pleito, em sede de tutela antecipada, para exclusão de cadastrado de inadimplentes, desde que
obedecidos os seguintes requisitos:
“a) A proibição da inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em
antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente será deferida se, cumulativamente: i)
houver ação fundada na existência integral ou parcial do débito; ii) ficar demonstrado que a
alegação da cobrança indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência
consolidada do STF ou STJ; c) for depositada a parcela incontroversa ou prestada a caução
fixada conforme o prudente arbítrio do juiz;
E todos os requisitos acima estão satisfeitos, d. Magistrado.
Veja, (i) a lide em questão, debate, seguramente, que o débito deve ser reduzido,
por conta da cobrança ilegal de encargos contratuais que oneraram o empréstimo em estudo; (ii) o
Autor demonstrou a cobrança indevida dos juros capitalizados mensais, maiormente quando
verificou-se que não existe qualquer disposição contratual acertada neste sentido entre as partes,
tema este já consolidado pelo STJ; (iii) o Promovente almeja, com a ação revisional em estudo, o
depósito de parcelas incontroversas, todavia como pedido sucessivo da não realização de qualquer
depósito judicial.
Portanto, inexiste qualquer óbice ao deferimento da tutela.
De outro contexto, há perigo de dano irreparável, na medida que a inserção do
nome do Promovente nos órgãos de restrições, trará ao mesmo (como a grande maiorias das pessoas
engajadas no meio de trabalho) sequelas danosas. Apenas para exemplificar, o mesmo ficará impedido
de resgatar talonários de cheques no Banco que tem sua conta corrente de maior utilidade, visto que
não só esta instituição, como grande maioria destas, entregam os novos talonários sempre com prévia
consulta aos órgãos de restrições. E, diga-se, o Autor utiliza-se de cheques para inúmeros
compromissos familiares, sociais, etc. Ademais, este provavelmente jamais poderá obter novos
empréstimos, por mais simples que o seja, e para qualquer outra finalidade. Não esqueçamos os
reflexos de abolo psicológico que tal situação atrai a qualquer um.
A reversibilidade da medida também é evidente, uma vez que a Ré, se vencedora
na lide, poderá incluir o nome do Promovente junto ao cadastro de inadimplentes.
2244
Convém ressaltarmos, de outro turno, julgado que acena com o mesmo
entendimento ora exposto e defendido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
DÉBITO. TUTELA ANTECIPADA. EXCLUSÃO DO NOME DO DEVEDOR DOS
CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS AUTORIZADORES. ART. 273, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E
PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ANTECIPAÇÃO
MANTIDA. MULTA COMINATÓRIA PELO DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO.
VALOR ADEQUADO. ALTERAÇÃO INDEVIDA. RECURSO DESPROVIDO.
1. O Superior Tribunal de justiça consolidou entendimento segundo o qual a abstenção da
inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em antecipação de tutela e/ou
medida cautelar, somente será deferida se, cumulativamente: a) a ação for fundada em
questionamento integral ou parcial do débito; b) houver demonstração de que a cobrança
indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF ou
STJ; c) houver depósito da parcela incontroversa ou for prestada a caução fixada conforme o
prudente arbítrio do juiz. Agravo no Recurso Especial não provido. (agrg no RESP n.
1.185.920/sp. Rel. Min. Nancy andrighi, DJ. 21/02/2011).
2. Nos termos do art. 461, § 4º, do código de processo civil, a cominação de multa diária para
o caso de descumprimento de ordem judicial é perfeitamente cabível, devendo ser arbitrada
em valor hábil a compelir o devedor ao cumprimento da decisão judicial, e em atenção aos
princípios da proporcionalidade e razoabilidade. (TJPR - Ag Instr 1009166-0; Loanda;
Décima Câmara Cível; Rel. Des. Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima; DJPR 04/06/2013;
Pág. 128)
Diante do exposto, pleiteia o Autor a concessão imediata de tutela antecipada,
inaudita altera pars, para:
( 1 ) Determinar que a Ré, no prazo de 10 (dez) dias, exclua o nome do Promovente dos órgãos de
proteção ao crédito, independentemente do depósito de quaisquer valor – uma vez que, como
sustentado, não se encontra em mora --, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 100,00 (cem
reais);
2255
( 2 ) Sucessivamente (CPC, art. 289), requer o Autor o deferimento da tutela antecipada, com o
depósito da quantia fixada nesta exordial como incontroversa, com a exclusão do nome do
Promovente dos cadastros de inadimplentes, sob pena de pagamento da multa acima evidenciada.
III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS
Em arremate, requer o Promovente que Vossa Excelência se digne de tomar as
seguintes providências processuais:
1) Determinar a CITAÇÃO da Promovida, por carta, com AR (CPC, art. 222, caput),
no endereço constante do preâmbulo, para, no prazo de 15 (quinze) dias, querendo,
contestar a presente AÇÃO REVISIONAL, sob pena de revelia e confissão (CPC, art.
285, caput);
2) Pede, ademais, que sejam JULGADOS PROCEDENTES OS PEDIDOS
FORMULADOS PELO AUTOR, e, via de consequência:
(i) excluir do encargo mensal os juros capitalizados, pela inexistência de cláusula
contratual e, mais, em face da inexistência de regra legal assim permitindo;
(ii) reduzir os juros remuneratórios à taxa média do mercado, conforme apurado em prova
pericial contábil;
(iii) sejam afastados todo e qualquer encargo contratual moratório, visto que o Autor não
se encontra em mora, ou, subsidiariamente, a exclusão do débito de juros moratórios,
correção monetária e multa contratual, em face da ausência de inadimplência e, mais, a
cobrança de comissão de permanência. Sucessivamente, caso não seja afastada a
comissão de permanência, pede que a sua cobrança seja limitada à taxa média de
remuneração do mercado para produto e época da contratação;
(iv) que a Ré seja condenada, por definitivo, a não inserir o nome do Autor junto aos
órgãos de restrições, sob pena de pagamento da multa evidenciada em sede de pedido de
tutela antecipada;
(v) pede, caso seja encontrado valores cobrados a maior durante a relação contratual,
sejam o mesmo devolvidos ao Promovente em dobro (repetição de indébito) ou,
sucessivamente, sejam compensados os valores encontrados (devolução dobrada) com
eventual valor ainda existe como saldo devedor;
2266
3) protesta provar o alegado por toda espécie de prova admitida (CF, art. 5º, inciso
LV), nomeadamente pelo depoimento do representante legal da Ré(CPC, art. 12, inciso
VI), oitiva de testemunhas a serem arroladas opportuno tempore, juntada posterior de
documentos como contraprova, perícia contábil (com ônus invertido), exibição de
documentos, tudo de logo requerido.
Atribui-se à causa o valor do contrato (CPC, art. 259, inc. V), resultando na
quantia de R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ).
Respeitosamente, pede deferimento.
Cidade, 00 de junho de 0000.
Alberto Bezerra de Souza
Advogado – OAB/CE 0000
02 - AÇÃO REVISIONAL DE CARTÃO DE CRÉDITO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CÍVEL DA
CIDADE.
JOSÉ DAS QUANTAS, divorciado, comerciário, residente e domiciliado na Rua
X, nº 0000, na Cidade – CEP nº. 44455-66, possuidor do CPF (MF) nº. 555.333.444-66, por seu
advogado abaixo firmado (procuração anexa), vem, com o devido respeito à presença de Vossa
Excelência, ajuizar a presente
2277
AÇÃO REVISIONAL,
“COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA”
contra a EMPRESA X ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO S/A, instituição
financeira de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob n° 11.222.333/0001-44, estabelecida(CC, art.
75, § 1º), na Rua Y, nº. 0000, em São Paulo (SP) – CEP 22555-666, em decorrência das justificativas
de ordem fática e de direito abaixo delineadas.
I - RESENHA FÁTICA
O Promovente celebrou com a Ré pacto de adesão a Contrato de Cartão de
Crédito (doc. 01), o qual detém o nº. 334455, onde acertou-se que:
“7. As relações entre o titular da conta e a empresa X de Cartão de Crédito são regidas por
contrato registrado nos Cartórios de Registro de Títulos e Documentos de São Paulo e Rio
de Janeiro.”
Deduz-se, de antemão, que o Autor não tivera conhecimento prévio do teor
completo do pacto firmado, o que será debatido em linhas posteriores, no tocante à anomalia
encontrada em tal conduta.
O Promovente, de outro turno, durante longo período usou o cartão de crédito ora
aludido, quando foi abruptamente colocado diante das exorbitantes e ilegais taxas cobradas pela
instituição acima citada, resultando, no fatídico desfecho de sua inadimplência onde agora encontra-se.
Ao que se percebe de um exemplar do extrato ora acostado (doc. 02), a Promovida,
abusivamente, chegou a cobrar taxas mensais de quase 00%( .x.x.x. )ao mês, muito além do que
legalmente permitido.
Ademais, a Ré, numa atitude severa e ríspida, inseriu o nome do Autor nos órgãos
de restrições, numa manobra corriqueira de tentar, pela via reflexa, levá-lo a pagar seu débito diante
desta cobrança abusiva e humilhante.
Fato de se destacar, Excelência, é que a referida contratação veio de, sobretudo,
dissimular a existência de juros capitalizados (anatocismo), juros remuneratórios além do patamar
legal e outros encargos contratuais ilegais, onde resultou na incômoda situação do Autor pagar além
do que foi pactuado durante longo período.
2288
Será provado, mais, que a dívida fora, em sua grande parte, já quitada, senão por
completa.
II - MERITUM CAUSAE
( a ) DELIMITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS CONTROVERTIDAS
CPC, art. 285-B
Observa-se que a relação contratual entabulada entre as partes é de empréstimo,
razão qual o Autor, à luz da regra contida no art. 285-B, da Legislação Adjetiva Civil, cuida de
balizar, com a exordial, as obrigações contratuais alvo desta controvérsia judicial.
O Promovente almeja alcançar provimento judicial de sorte a afastar os encargos
contratuais tidos por ilegais. Nessa esteira de raciocínio, a querela gravitará com a pretensão de fundo
para, ou seja, as obrigações que pretende controverter:
( a ) afastar a cobrança de juros capitalizados mensais;
Fundamento: ausência de ajuste expresso neste sentido.
( b ) reduzir os juros remuneratórios;
Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado.
( c ) excluir os encargos moratórios;
Fundamento: o Autor não se encontra em mora, posto que foram cobrados encargos
contratuais ilegalmente durante o período de normalidade.
Dessarte, tendo em conta as disparidades legais supra-anunciadas, o Promovente
acosta planilha com cálculos (doc. 02) que demonstra o valor a ser pago:
( a ) Valor da obrigação ajustada no contrato R$ 0.000,00 ( .x.x.x. );
( b ) valor controverso da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. );
( c ) valor incontroverso da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. ).
2299
Nesse compasso, uma vez atendidos os regramentos fixados na norma processual
em liça, o Autor pleiteia que a Promovida seja instada a acatar o pagamento da quantia incontroversa
acima mencionada. O Autor destaca, mais, que as parcelas incontroversas serão pagas junto à Ag.
3344 do Banco Delta S/A, emissor do Cartão de Crédito em debate, no mesmo prazo contratual
avençado (CPC, art. 285-B, parágrafo único).
( b ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS
Conquanto se trata na espécie de uma relação de consumo, o Código de Defesa do
Consumidor permite seja revisto o contrato quando ocorrer fato superveniente que o desequilibre,
tornando-o excessivamente oneroso a um dos participantes (art. 6º c/c art. 51, inc. IV, § 1º, inc. III,
da Lei nº. 8.078/90), ou excluída a cláusula que estabelece obrigações iníquas, abusivas ao
consumidor, conduzindo-o a uma situação de desvantagem perante os prestadores de serviços.
A capitalização mensal de juros ora em debate é abusiva, conforme demonstrado
no laudo pericial particular acostado com esta inaugural (doc. 03).
De outro norte, devemos destacar que inexiste na legislação que trata do contrato
em espécie (Contrato de Utilização de Cartão de Crédito) qualquer dispositivo que autorize a
imposição de juros capitalizados nos contratos que tenham subsídios financeiros desta
instituição, que é o caso em debate.
Portanto, Excelência, maiormente porquanto inexiste cláusula contratual
destacando a cobrança deste encargo contratual e sua periodicidade, há de ser afastada a sua
cobrança, segundo, ademais, o assente entendimento jurisprudencial:
REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. CARTÃO DE CRÉDITO -
LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS. CAPITALIZAÇÃO. COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA. CLÁUSULA MANDATO.
1. Entende-se como relação de consumo aquela travada entre a administradora de cartão de
crédito e aquele que se utiliza do cartão, encontrando-se ambos na descrição contida nos
artigos 2º e 3º do CDC, sendo desnecessário o acontecimento de evento imprevisível para a
modificação das cláusulas;
2. Há possibilidade de capitalização de juros, mas somente com relação aos contratos
firmados posteriormente à edição da MP 1.963-17/2000, de 31 de MARÇO de 2000
(atualmente reeditada sob o nº 2.170-36/2001), e DESDE QUE HAJA AUTORIZAÇÃO
3300
CONTRATUAL EXPRESSA. Inexistindo previsão contratual expressa, deve ser afastada a
cobrança de juros capitalizados, em atenção aos princípios da informação e transparência,
basilares do Direito Consumerista.
3. É possível a incidência de comissão de permanência, desde que: A) pactuada; b) não
cumulada com demais encargos moratórios ou remuneratórios e com correção monetária; c)
seu valor não ultrapasse a taxa média de mercado; d) incida apenas no período de
inadimplência. Precedentes do STJ nesse sentido, de acordo com o enunciado das Súmulas
nºs 30,294 e 296.
4. Impossibilidade de limitação da taxa de juros em 12% ao ano, ante a edição da Súmula
Vinculante nº 07 do Supremo Tribunal Federal. Viabilidade, contudo, da limitação dos juros
remuneratórios pelas Taxas Médias do Mercado, apuradas pelo Banco Central do Brasil para
operações da mesma natureza, desde que não se mostrem superiores às taxas contratadas e
efetivamente aplicadas. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça nesse sentido;
5. Somente será autorizada a incidência de cláusula mandato se houver previsão contratual
expressa nesse sentido, de forma a cientificar o consumidor dos negócios que serão feitos em
seu nome e os encargos respectivos. Na ausência de prova de utilização, pela administradora
de cartões, da mencionada cláusula, tampouco do percentual de captação dos juros, a
cobrança daí resultante deverá ser afastada. Observância do princípio da informação e
transparência;
6 - 0 consumidor deve identificar, de plano, quais os encargos que incidirão sobre seu débito,
que devem constar de forma destacada do restante do texto e de forma compreensível, não se
admitindo a inserção de oneração implícita ou presumida. RECURSO INTERPOSTO PELA
FININVEST PROVIDO EM PARTE, PARA AUTORIZAR A INCIDÊNCIA DE
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA, DESDE QUE NÃO CUMULADA COM CORREÇÃO
MONETÁRIA, JUROS REMUNERATÓRIOS OU MORATÓRIOS, LIMITADA NA
TAXA MÉDIA DE MERCADO. RECURSO INTERPOSTO PELA CONSUMIDORA
PROVIDO EM PARTE, PARA AFASTAR A INCIDÊNCIA DE JUROS
CAPITALIZADOS E DETERMINAR A LIMITAÇÃO DOS JUROS PELA TAXA MÉDIA
DO MERCADO. (TJSP - APL 9154145-17.2007.8.26.0000; Ac. 6425881; Santos;
Vigésima Quarta Câmara de Direito Privado; Relª Desª Maria Lúcia Pizzotti; Julg.
13/09/2012; DJESP 10/01/2013)
Nem se afirme que os juros capitalizados poderiam ser cobrados por força das
MPs 1.963-17 (art. 5º) e 2.170-36 (art. 5º) – visto que o pacto é posterior a vigência das mesmas --,
mantidas pela Emenda Constitucional nº. 32/01, posto que, também para estas hipóteses, o pacto
expresso de capitalização de juros se faz necessário.
3311
Nessa esteira de entendimento:
APELAÇÃO. AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO BANCÁRIO CARTÃO DE
CRÉDITO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LIMITAÇÃO DAS TAXAS DE
JUROS BANCÁRIOS INVIABILIDADE TAXA MÉDIA DE MERCADO JUROS
CAPITALIZADOS COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
Aplica-se a Súmula Vinculante n. 7, inclusive para contratos anteriores à sua edição, em
nome da uniformização da jurisprudência. Em caso de os juros remuneratórios não
encontrarem prévia estipulação contratual devem ser aplicadas as taxas de mercado para as
operações equivalentes. Somente haverá possibilidade de capitalização de juros com relação
aos contratos firmados posteriormente à edição da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, de
31 de março de 2000 (atualmente reeditada sob o nº 2.170-36/2001), desde que haja previsão
contratual expressa nesse sentido. Inexistindo previsão contratual expressa, deve ser
afastada a cobrança de juros capitalizados. O consumidor deve identificar, de plano, quais
os encargos que incidirão sobre seu débito, que devem constar de forma destacada do
restante do texto e de forma compreensível, não se admitindo a inserção de oneração
implícita ou presumida;. É possível a incidência de comissão de permanência, desde que: A)
pactuada; b) não cumulada com demais encargos moratórios ou remuneratórios e com
correção monetária; c) seu valor não ultrapasse as taxas médias de mercado ou a somatória
da multa contratual com os juros remuneratórios contratados, mais juros de mora; d) incida
apenas no período de inadimplência Precedentes do STJ Súmulas nºs 30, 294, 296 e 472;
RECURSO PROVIDO. (TJSP - APL 0100124-55.2009.8.26.0008; Ac. 6779575; São Paulo;
Vigésima Câmara de Direito Privado; Relª Desª Maria Lúcia Pizzotti; Julg. 20/05/2013;
DJESP 12/06/2013)
É a hipótese de incidência, portanto, ante à inexistência de cláusula expressa, do
que reza a Súmula 121 do Supremo Tribunal Federal, bem como Súmula93 do Superior Tribunal
de Justiça:
STF - Súmula nº 121 - É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente
convencionada.
STJ - Súmula nº 93 - A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial e industrial
admite o pacto de capitalização de juros.
3322
( c ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO
Não fosse bastante isso, Excelência, concluímos que a Ré cobrara do Autor, ao
longo de todo trato contratual, taxas remuneratórias bem acima da média do mercado, sobretudo
levando-se em conta que não houve pacto expresso no tocante ao montante da taxa contratual
mensal e/ou anual.
Tais argumentos podem ser facilmente constatados com uma simples análise junto
ao site do Banco Central do Brasil. Há de existir, neste tocante, uma redução à taxa de 00% a.m.,
posto que foi a média aplicada no mercado no período da contratação. Não sendo este o entendimento,
aguarda seja apurado tais valores em sede de prova pericial, o que de logo requer.
De conveniência evidenciar o seguinte julgado:
AGRAVO RETIDO. NÃO CONHECIMENTO. AUSÊNCIA DE REITERAÇÃO. A
APRECIAÇÃO DO AGRAVO RETIDO, QUANDO DO JULGAMENTO DA
APELAÇÃO, DEPENDE DE REITERAÇÃO NO APELO OU NAS
CONTRARRAZÕES. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO.
CARTÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES
COBRADOS A MAIOR. INOVAÇÃO RECURSAL. APRECIAÇÃO PER SALTUM.
IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS.
ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. PERÍODOS EM QUE NÃO EFETUADO O
PAGAMENTO MÍNIMO. RECURSO ADESIVO DO AUTOR. JUROS
REMUNERATÓRIOS. PERÍCIA. ABUSIVIDADE PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA EM RELAÇÃO À TAXA MÉDIA DO MERCADO.
CONSTATAÇÃO. LIMITAÇÃO. NECESSIDADE. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
APELAÇÃO CÍVEL PARCIALMENTE CONHECIDA E, NA PARTE CONHECIDA,
PARCIALMENTE PROVIDA. RECURSO ADESIVO CONHECIDO E PROVIDO.
1. Não se admite inovação em sede recursal, sob pena de supressão de instância e, por
consequência, violação do duplo grau de jurisdição. 2. Nos contratos de cartão de crédito,
ocorre capitalização de juros nos períodos em que não ocorre a quitação integral do valor
mínimo estipulado na fatura. 3. Os juros remuneratórios devem ser limitados se demonstrada
a abusividade das taxas efetivamente aplicadas em relação àquelas praticadas em média pelo
mercado no mesmo período. 4. Agravo retido não conhecido; apelação cível parcialmente
conhecida e, na parte conhecida, parcialmente provida; recurso adesivo conhecido e provido.
5. Havendo sucumbência recíproca, admite-se a compensação dos honorários advocatícios.
3333
(TJPR - ApCiv 1021304-4; Maringá; Décima Quinta Câmara Cível; Rel. Juiz Conv. Fabio
Kaick Dalla Vecchia; DJPR 14/06/2013; Pág. 392)
( d ) - DA AUSÊNCIA DE MORA
Não há que se falar em mora do Autor.
A mora representa uma inexecução de obrigação diferenciada. Na espécie, então,
incide a regra estabelecida no artigo 394 do Código Civil, aplicável à espécie, com a complementação
disposta no artigo 396 desse mesmo Diploma Legal.
CÓDIGO CIVIL
Art. Art. 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que
não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Art. 396 - Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora
Do mesmo teor a posição do Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO (ART. 544, DO CPC) AÇÃO REVISIONAL
DE CONTRATO DE MÚTUO. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU
PROVIMENTO AO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INCONFORMISMO DA
CASA BANCÁRIA.
1. O Código de Defesa do Consumidor tem incidência nos contratos de mútuo celebrados
perante instituição financeira (Súmula nº 297 do STJ), o que permite a revisão das cláusulas
abusivas neles inseridas, a teor do que preconiza o art. 51, IV, do mencionado diploma legal,
entendimento devidamente sufragado na Súmula nº 286 deste STJ. 2. Tribunal de origem
que, no tocante à capitalização de juros, inadmitiu a cobrança do encargo com base em
fundamentos distintos e autônomos, constitucionais e infraconstitucionais, aptos a manterem,
por si próprios, o acórdão objurgado. Incidência da Súmula nº 126 do STJ, ante a não
impugnação por recurso extraordinário da matéria constitucional. 3. Incidência do óbice da
Súmula nº 283/STF. Apelo extremo que, no tocante à capitalização de juros, não impugnou
fundamento hábil, por si só, a manter a solução jurídica adotada no acórdão hostilizado. 4.
Nos termos do entendimento proclamado no RESP n. º 1.058.114/rs, julgado como recurso
3344
repetitivo, admite-se a cobrança da comissão de permanência durante o período de
inadimplemento contratual, desde que expressamente pactuada e não cumulada com os
encargos moratórios. 5. Ausente o instrumento contratual (art. 359, do CPC), os juros
remuneratórios devem ser limitados à taxa média do mercado no período da contratação. 6.
Verificada, na hipótese, a existência de encargo abusivo no período da normalidade do
contrato, resta descaracterizada a mora do devedor. 7. A fixação da verba honorária foi
realizada com amparo nos elementos fáticos da causa, razão pela qual é vedado, em sede de
Recurso Especial, o seu reexame nos termos da Súmula nº 7 do STJ. 8. Agravo regimental
desprovido. (STJ - AgRg-AREsp 113.994; 2012/0003251-7; Quarta Turma; Rel. Min.
Marco Buzzi; DJE 03/06/2013; Pág. 853)
Nesse sentido é a doutrina de Washington de Barros Monteiro:
“A mora do primeiro apresenta, assim, um lado objetivo e um lado subjetivo. O lado objetivo
decorre da não realização do pagamento no tempo, lugar e forma convencionados; o lado
subjetivo descansa na culpa do devedor. Este é o elemento essencial ou conceitual da mora
solvendi. Inexistindo fato ou omissão imputável ao devedor, não incide este em mora. Assim
se expressa o art. 396 do Código Civil de 2002. “ (Monteiro, Washington de Barros. Curso
de Direito Civil. 35ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, vol. 4, p. 368)
Como bem advertem Cristiano Chaves de Farias e Nélson Rosenvald:
“Reconhecido o abuso do direito na cobrança do crédito, resta completamente
descaracterizada a mora solvendi. Muito pelo contrário, a mora será do credor, pois a
cobrança de valores indevidos gera no devedor razoável perplexidade, pois não sabe se
postula a purga da mora ou se contesta a ação. “ (Farias, Cristiano Chaves de; Rosevald,
Nelson. Direito das Obrigações. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 471)
Na mesma linha de raciocínio, Sílvio Rodrigues averba:
“Da conjunção dos arts. 394 e 396 do Código Civil se deduz que sem culpa do devedor não
há mora. Se houve atraso, mas o mesmo não resultar de dolo, negligência ou imprudência do
devedor, não se pode falar em mora. “ ( In, Direito civil: parte geral das obrigações. 32ª Ed.
São Paulo: Saraiva, 2002, p. 245).
3355
Por fim, colhe-se lição de Cláudia Lima Marques:
“Superadas as dúvidas interpretativas iniciais, a doutrina majoritária conclui que a nulidade
dos arts. 51 e 53 é uma nulidade cominada de absoluta (art. 145, V, do CC/1916 e art. 166,
VI e VII, do CC/2002, como indica o art. 1º do CDC e reforça o art. 7º, caput, deste Código.
( . . . )
Quanto à eventual abusividade de cláusulas de remuneração e das cláusulas acessórias de
remuneração, quatro categorias ou tipos de problemas foram identificados pela
jurisprudência brasileira nestes anos de vigência do CDC: 1) as cláusulas de remuneração
variável conforme a vontade do fornecedor, seja através da indicação de vários índices ou
indexadores econômicos, seja através da imposição de ‘regimes especiais’ não previamente
informados; 2) as cláusulas que permitem o somatório ou a repetição de remunerações, de
juros sobre juros, de duplo pagamento pelo mesmo ato, cláusulas que estabelecem um
verdadeiro bis in idem remuneratório; 3) cláusulas de imposição de índices unilaterais para o
reajuste ou de correção monetária desequilibradora do sinalagma inicial; cláusulas de juros
irrazoáveis. “(Marques, Cláudio Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 6ª
Ed. São Paulo: RT, 2011, pp. 942-1139)
Em face dessas considerações, conclui-se que a mora cristaliza o retardamento por
um fato, quando imputável ao devedor, o que vale dizer que, se o credor exige o pagamento com
encargos excessivos, o que deverá ser apurado em momento oportuno, retira do devedor a
possibilidade de arcar com a obrigação assumida, não podendo-lhe ser imputados os efeitos da
mora.
( e ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS
Entende o Autor, inclusive fartamente alicerçado nos fundamentos antes citados,
que o mesmo não se encontra em mora, razão qual da impossibilidade absoluta da cobrança de
encargos moratórios.
Caso este juízo entenda pela impertinência destes argumentos, o que se diz apenas
por argumentar, devemos sopesar que é abusiva a cobrança da comissão de permanência cumulada
com outros encargos moratórios/remuneratórios, ainda que expressamente pactuada, pois é pacífico o
entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça no sentido de que em caso de previsão
3366
contratual para a cobrança de comissão de permanência, cumulada com correção monetária, juros
remuneratórios, juros de mora e multa contratual, impõe-se a exclusão de sua incidência. Em verdade,
a comissão de permanência já possui a dupla finalidade de corrigir monetariamente o valor do débito e
de remunerar o banco pelo período de mora contratual.
Perceba que no pacto há estipulação contratual pela cobrança de comissão de
permanência com outros encargos moratórios, os quais devem ser afastados pela via judicial.
A propósito, este é o entendimento consagrado no Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO. CONTRATO BANCÁRIO. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. JUROS REMUNERATÓRIOS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
COBRANÇA DE ENCARGOS MORATÓRIOS. CONFIGURAÇÃO DA MORA.
JUROS MORATÓRIOS. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. IMPROVIMENTO.
1. - A segunda seção desta corte firmou o entendimento de que o fato de as taxas de juros
excederem o limite de 12% ao ano, por si, não implica abusividade; impondo-se sua redução,
tão-somente, quando comprovado que discrepantes em relação à taxa de mercado após
vencida a obrigação.
2. - o tribunal de origem julgou com base no substrato fático-probatório dos autos e no
exame de cláusulas contratuais, não podendo a questão ser revista em âmbito de Recurso
Especial, a teor do que dispõem os Enunciados nºs 5 e 7 da Súmula desta corte.
3. - é admitida a cobrança da comissão de permanência no período da inadimplência nos
contratos bancários, à taxa de mercado, desde que (i) pactuada, (ii) cobrada de forma
exclusiva, ou seja, não cumulada com outros encargos moratórios, remuneratórios ou
correção monetária e (iii) que não supere a soma dos seguintes encargos: taxa de juros
remuneratórios pactuada para a vigência do contrato; juros de mora; e multa contratual.
Incide, portanto, a Súmula nº 83/STJ a inviabilizar o apelo.
4. - agravo regimental improvido. (STJ - AgRg-AREsp 304.154; 2013/0053065-4; Terceira
Turma; Rel. Min. Sidnei Beneti; DJE 04/06/2013; Pág. 831)
( f ) – RESTITUIÇÃO EM DOBRO DO QUE FORA COBRADO A MAIOR
Tendo em vista a incidência do Código de Defesa do Consumidor no contrato em
espécie, necessário, caso haja comprovação de cobrança abusiva, que seja restituído ao Autor, em
dobro, aquilo que lhe fora cobrado em excesso. (CDC, art. 42, parágrafo único)
3377
Nesse sentido:
EMBARGOS À EXECUÇÃO CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO AGRAVO
RETIDO EXCESSO DE EXECUÇÃO VALOR DO DÉBITO LIMITAÇÃO DOS
JUROS E SUA COBRANÇA NA FORMA CAPITALIZADA DEVOLUÇÃO EM
DOBRO ENCARGOS CONTRATUAIS
1. De fato, o art. 739-A do CPC prescreve que nos embargos à execução alicerçados em
excesso, o embargante deve apresentar o valor que entende devido. Contudo, havendo
alegação de abusividade de cláusulas e cálculos que não são habituais a um leigo, não é
razoável exigir do embargante que embargue apontando o valor que entende devido, sob
pena de cerceamento de seu direito de defesa. Agravo retido conhecido, pois reiterado em
apelação, mas rejeitado;
2 Aplica-se a Súmula Vinculante n. 7, inclusive para contratos anteriores à sua edição, em
nome da uniformização da jurisprudência. Em caso de os juros remuneratórios não
encontrarem prévia estipulação contratual devem ser aplicadas as taxas de mercado para as
operações equivalentes;
3 Somente haverá possibilidade de capitalização de juros com relação aos contratos firmados
posteriormente à edição da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, de 31 de março de 2000
(atualmente reeditada sob o nº 2.170-36/2001), desde que haja previsão contratual expressa
nesse sentido. Inexistindo previsão contratual expressa, deve ser afastada a cobrança de juros
capitalizados;
4 O consumidor deve identificar, de plano, quais os encargos que incidirão sobre seu débito,
que devem constar de forma destacada do restante do texto e de forma compreensível, não se
admitindo a inserção de oneração implícita ou presumida;
5 Para aplicação do art. 42, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor não é
preciso que se comprove a má-fé do fornecedor que cobrou e recebeu a quantia de forma
indevida, bastando sua responsabilidade pelo evento danoso, mesmo porque o texto da Lei
sequer menciona má-fé. A única escusa aceitável seria o engano justificável, que não se
mostrou presente no caso em estudo. Vencida a tese da Relatora, determinada a restituição
SIMPLES prevalência do entendimento majoritário em favor da exigência da prova de má-fé
do fornecedor;
6 A partir da citação seja na ação de conhecimento, seja de execução não incidem mais os
encargos contratuais de mora, mas apenas os juros legais e a correção monetária. Os
encargos contratuais considerados lícitos poderão ser cobrados, portanto, até a citação,
incidindo depois apenas os juros legais e correção monetária. Ademais, havendo controvérsia
acerca da legalidade dos encargos impugnados, não se pode considerar devida sua cobrança
no período em que a causa esteve sub judice, o que acarretaria em postergação indefinida do
3388
término do negócio, com onerosidade excessiva para o devedor. AGRAVO RETIDO
CONHECIDO, MAS IMPROVIDO. RECURSO DO EMBARGANTE ALDINO PROVIDO
EM PARTE, para afastar a incidência de juros capitalizados. RECURSO DA
EMBARGADA COOPERATIVA IMPROVIDO. (TJSP - APL 0056122-
76.2008.8.26.0576; Ac. 6719243; São José do Rio Preto; Vigésima Câmara de Direito
Privado; Relª Desª Maria Lúcia Pizzotti; Julg. 06/05/2013; DJESP 22/05/2013)
( g ) – DO PLEITO DE TUTELA ANTECIPADA
Ficou destacado claramente nesta peça processual, em tópico próprio, que a Ré
cobrou juros capitalizados indevidamente, encargo este, pois, arrecadado do Promovente durante o
“período de normalidade” contratual. E isto, segundo que fora debatido também no referido tópico,
ajoujado às orientações advindas do c. Superior Tribunal de Justiça, afasta a mora do devedor.
Nesse compasso, deve ser excluído o nome do Autor dos órgãos de restrições,
independentemente do depósito de qualquer valor, pois não se encontra em mora contratual.
O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a antecipação de tutela
“existindo prova inequívoca” e “dano irreparável ou de difícil reparação”:
Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos
da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - ...
§ 1° - Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do
seu convencimento.
§ 2° - Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do
provimento antecipado.
§ 3° A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as
normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4° e 5°, e 461-A.
3399
Entende-se por “prova inequívoca”, aquela deduzida pelo autor em sua inicial,
pautada em prova preexistente – na hipótese laudo pericial particular feito por contador
devidamente registrado no CRC --, capaz de convencer o juiz de sua verossimilhança, de cujo grau de
convencimento não se possa levantar dúvida a respeito.
O próprio contrato, colacionado com a inaugural, fez demonstrar prova
inequívoca das alegações do Autor, maiormente quando a tese defendida é da inexistência de cláusula
contratual que permitisse a cobrança de juros capitalizados mensalmente.
Acerca do tema de prova inequívoca, Antônio Cláudio da Costa Machado
doutrina que:
“Inicialmente, é preciso deixar claro que ‘prova inequívoca’, como verdade processual, não
existe, porque toda e qualquer prova depende de valoração judicial para ser reconhecida
como boa, ou má, em face do princípio do livre convencimento (art. 131). Logo, por ‘prova
inequívoca’ só pode o intérprete entender ‘prova literal’, locução já empregada pelo CPC,
nos arts. 814, I, e 902, como sinônima de prova documental de forte potencial de
convencimento. “ (Machado, Antônio Cláudio da Costa. Código de Processo Civil
interpretado e anotado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 4ª Ed. Barueri: Manole,
2012, p. 612)
De outro compasso, entende-se por “prova inequívoca” aquela deduzida pelo
autor em sua inicial, pautada em prova preexistente – na hipótese laudo pericial particular feito por
contador devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade deste Estado --, capaz de
convencer o juiz de sua verossimilhança, de cujo grau de convencimento não se possa levantar dúvida
a respeito.
Nesse enfoque, professam Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart
que:
“O interessado, ao requerer a tutela antecipatória, pode valer-se de prova documental, de
prova testemunhal ou pericial antecipadamente realizadas e de laudos ou pareceres de
especialistas, que poderão substituir, em vista da situação de urgência, a prova pericial.
O interessado ainda pode requerer que sejam ouvidas, imediata e informalmente (vale dizer,
nos dias seguintes ao requerimento da tutela), as testemunhas, a parte ou um terceiro, bem
4400
como pedir a imediata inspeção judicial, nos termos do art. 440 do CPC. “ (Marinoni Luiz
Guilherme. Arenhart, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil. 10ª Ed. São Paulo: RT, 2011,
vol. 2, p. 208)
(não existem os destaques no texto original)
Por conseguinte, basta a presença dos dois pressupostos acima mencionados, para o
deferimento da tutela antecipada almejada.
Outrossim, temos que é uma prerrogativa legal da parte Autora a purgar a mora e
depositar as parcelas incontroversas. Frise-se, entretanto, que o este defende que, em verdade, inexiste
situação moratória, razão qual não deverá ser exigido encargos moratórios.
Ficou ratificado junto ao Recurso Especial, o qual serviu de paradigma aos
recursos repetitivos em matéria bancária (REsp nº. 1.061.530), que é dever do magistrado acolher o
pleito, em sede de tutela antecipada, para exclusão de cadastrado de inadimplentes, desde que
obedecidos os seguintes requisitos:
“a) A proibição da inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em
antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente será deferida se, cumulativamente: i)
houver ação fundada na existência integral ou parcial do débito; ii) ficar demonstrado que a
alegação da cobrança indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência
consolidada do STF ou STJ; c) for depositada a parcela incontroversa ou prestada a caução
fixada conforme o prudente arbítrio do juiz;
E todos os requisitos acima estão satisfeitos, d. Magistrado.
Veja, (i) a lide em questão, debate, seguramente, que o débito deve ser reduzido,
por conta da cobrança ilegal de encargos contratuais que oneraram o empréstimo em estudo; (ii) o
Autor demonstrou a cobrança indevida dos juros capitalizados mensais, maiormente quando
verificou-se que não existe qualquer disposição contratual acertada neste sentido entre as partes,
tema este já consolidado pelo STJ; (iii) o Promovente almeja, com a ação revisional em estudo, o
depósito de parcelas incontroversas, todavia como pedido sucessivo da não realização de qualquer
depósito judicial.
Portanto, inexiste qualquer óbice ao deferimento da tutela.
4411
De outro contexto, há perigo de dano irreparável, na medida que a inserção do
nome do Promovente nos órgãos de restrições, trará ao mesmo (como a grande maiorias das pessoas
engajadas no meio de trabalho) sequelas danosas. Apenas para exemplificar, o mesmo ficará impedido
de resgatar talonários de cheques no Banco que tem sua conta corrente de maior utilidade, visto que
não só esta instituição, como grande maioria destas, entregam os novos talonários sempre com prévia
consulta aos órgãos de restrições. E, diga-se, o Autor utiliza-se de cheques para inúmeros
compromissos familiares, sociais, etc. Ademais, este provavelmente jamais poderá obter novos
empréstimos, por mais simples que o seja, e para qualquer outra finalidade. Não esqueçamos os
reflexos de abolo psicológico que tal situação atrai a qualquer um.
A reversibilidade da medida também é evidente, uma vez que a Ré, se vencedora
na lide, poderá incluir o nome do Promovente junto ao cadastro de inadimplentes.
Convém ressaltarmos, de outro turno, julgado que acena com o mesmo
entendimento ora exposto e defendido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
DÉBITO. TUTELA ANTECIPADA. EXCLUSÃO DO NOME DO DEVEDOR DOS
CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS AUTORIZADORES. ART. 273, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
E PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ANTECIPAÇÃO
MANTIDA. MULTA COMINATÓRIA PELO DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO.
VALOR ADEQUADO. ALTERAÇÃO INDEVIDA. RECURSO DESPROVIDO.
1. O Superior Tribunal de justiça consolidou entendimento segundo o qual a abstenção da
inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em antecipação de tutela e/ou
medida cautelar, somente será deferida se, cumulativamente: a) a ação for fundada em
questionamento integral ou parcial do débito; b) houver demonstração de que a cobrança
indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF ou
STJ; c) houver depósito da parcela incontroversa ou for prestada a caução fixada conforme o
prudente arbítrio do juiz. Agravo no Recurso Especial não provido. (agrg no RESP n.
1.185.920/sp. Rel. Min. Nancy andrighi, DJ. 21/02/2011).
2. Nos termos do art. 461, § 4º, do código de processo civil, a cominação de multa diária
para o caso de descumprimento de ordem judicial é perfeitamente cabível, devendo ser
arbitrada em valor hábil a compelir o devedor ao cumprimento da decisão judicial, e em
atenção aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. (TJPR - Ag Instr 1009166-0;
Loanda; Décima Câmara Cível; Rel. Des. Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima; DJPR
04/06/2013; Pág. 128)
4422
Diante do exposto, pleiteia o Autor a concessão imediata de tutela antecipada,
inaudita altera pars, para:
( 1 ) Determinar que a Ré, no prazo de 10 (dez) dias, exclua o nome do Promovente dos
órgãos de proteção ao crédito, independentemente do depósito de quaisquer valor – uma vez
que, como sustentado, não se encontra em mora --, sob pena de pagamento de multa diária
de R$ 100,00 (cem reais);
( 2 ) Sucessivamente (CPC, art. 289), requer o Autor o deferimento da tutela antecipada,
com o depósito da quantia fixada nesta exordial como incontroversa, com a exclusão do
nome do Promovente dos cadastros de inadimplentes, sob pena de pagamento da multa
acima evidenciada.
IV – PEDIDOS e REQUERIMENTOS
Em arremate, requer a Promovente que Vossa Excelência se digne de tomar as
seguintes providências processuais:
1) Determinar a CITAÇÃO da Promovida, por carta, com AR (CPC, art. 222, caput),
no endereço constante do preâmbulo, para, no prazo de 15(quinze) dias, querendo,
contestar a presente AÇÃO REVISIONAL, sob pena de revelia e confissão (CPC, art.
285, caput);
2) Pede, ademais, que sejam JULGADOS PROCEDENTES OS PEDIDOS
FORMULADOS PELO AUTOR, e, via de consequência:
(i) excluir do encargo mensal os juros capitalizados, pela inexistência de cláusula
contratual e, mais, em face da inexistência de regra legal assim permitindo;
(ii) reduzir os juros remuneratórios à taxa média do mercado, conforme apurado em prova
pericial contábil;
(iii) sejam afastados todo e qualquer encargo contratual moratório, visto que o Autor não
se encontra em mora, ou, subsidiariamente, a exclusão do débito de juros moratórios,
correção monetária e multa contratual, em face da ausência de inadimplência e, mais, a
cobrança de comissão de permanência. Sucessivamente, caso não seja afastada a
4433
comissão de permanência, pede que a sua cobrança seja limitada à taxa média de
remuneração do mercado para produto e época da contratação;
(iv) que a Ré seja condenada, por definitivo, a não inserir o nome do Autor junto aos
órgãos de restrições, sob pena de pagamento da multa evidenciada em sede de pedido de
tutela antecipada;
(v) pede, caso seja encontrado valores cobrados a maior durante a relação contratual,
sejam os mesmos devolvidos ao Promovente em dobro (repetição de indébito) ou,
sucessivamente, sejam compensados os valores encontrados (devolução dobrada) com
eventual valor ainda existe como saldo devedor;
3) Protesta provar o alegado por toda espécie de prova admitida (CF, art. 5º, inciso
LV), nomeadamente pelo depoimento do representante legal da Ré (CPC, art. 12, inciso
VI), oitiva de testemunhas a serem arroladas opportuno tempore, juntada posterior de
documentos como contraprova, perícia contábil (com ônus invertido), exibição de
documentos, tudo de logo requerido.
Atribui-se à causa o valor de R$ 00.000,00 ( .x.x.x.).
Respeitosamente, pede deferimento.
Cidade, 00 de junho de 0000.
Alberto Bezerra de Souza
Advogado – OAB/CE 0000
4444
03 - AÇÃO REVISIONAL DE LEASING
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CÍVEL DA
CIDADE.
JOÃO DE TAL, casado, comerciário, residente e domiciliado na Rua Xista, nº.
000, na Cidade – CEP nº 11222-333, inscrito no CPF (MF) sob o nº. 444.333.222-11, vem, com o
devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que ao final subscreve
-- instrumento procuratório acostado - causídico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção
do Ceará, sob o nº. 0000, com seu escritório profissional consignado no mandato acostado, onde, em
atendimento aos ditames contidos no art. 39, inciso I do CPC, indica-o para as intimações necessárias,
para ajuizar a presente
AÇÃO REVISIONAL,
“COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA”
contra BANCO ZETA ARRENDAMENTO MERCANTIL S/A, instituição financeira de direito
privado, inscrita no CNPJ/MF sob n° 00.111.222/0001-33, estabelecida(CC, art. 75, § 1º), na Rua K,
nº. 0000, em São Paulo (SP) – CEP nº. 33444-55, em decorrência das justificativas de ordem fática e
de direito abaixo delineadas.
I - CONSIDERAÇÕES FÁTICAS
A Ré celebrou com o Autor, na data de 00/11/2222, um pacto de leasing através do
Contrato de Arrendamento Mercantil nº. 223344, o qual tinha como propósito a aquisição de
veículo automotor, pacto este que fora celebrado para pagamento em 48 (quarenta e oito)
contraprestações sucessivas e mensais de R$ 0.000,00 ( .x.x.x. ), consoante contrato ora acostado. (doc.
01)
Do contrato resulta a pretensão de arrendamento do veículo marca Xista, ano
2010/2010, tipo caminhão, modelo 13.180 tb-ic(e) 6X2, de chassi nº. 0BXAA44556677J999.
4455
Por conta dos elevados (e ilegais) encargos contratuais, não acobertados pela
legislação, o Autor, já na parcela de nº. 14, não conseguiu pagar mais os valores acertados
contratualmente.
Restou-lhe, assim, buscar o Poder Judiciário, para declarar a cobrança abusiva,
ilegal e não contratada, afastando os efeitos da inadimplência, onde pretender a revisão das cláusulas
contratuais (e seus reflexos) que importam na remuneração e nos encargos moratórios pela
inadimplência:
Cláusula 3ª – Prazo e início do arrendamento, contraprestações e valor residual garantido
Cláusula 11ª – Do inadimplemento
HOC IPSUM EST
II - NO MÉRITO
( a ) DELIMITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS CONTROVERTIDAS
CPC, art. 285-B
Observa-se que a relação contratual entabulada entre as partes é de arrendamento
mercantil, razão qual o Autor, à luz da regra contida no art. 285-B, da Legislação Adjetiva Civil,
cuida de balizar, com a exordial, as obrigações contratuais alvo desta controvérsia judicial.
O Promovente almeja alcançar provimento judicial de sorte a afastar os encargos
contratuais tidos por ilegais. Nessa esteira de raciocínio, a querela gravitará com a pretensão de fundo
para, ou seja, as obrigações que pretende controverter:
( a ) afastar a cobrança de juros capitalizados mensais;
Fundamento: ausência de ajuste expresso neste sentido.
( b ) reduzir os juros remuneratórios;
Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado.
( c ) excluir os encargos moratórios;
Fundamento: o Autor não se encontra em mora, posto que foram cobrados encargos
contratuais ilegalmente durante o período de normalidade.
top related