madeira construção civil
Post on 18-Jan-2016
32 Views
Preview:
DESCRIPTION
TRANSCRIPT
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 1
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil
Rosanne Teixeira de Araújo | rosannearaujo@ig.com.br
Master em Arquitetura
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Manaus, AM, 11/03/2012
Resumo
Na atual realidade em que vivemos, uma das maiores preocupações da humanidade é o
futuro do nosso planeta. Grande parte dessa preocupação origina-se do desmatamento
indiscriminado das florestas brasileiras, das queimadas em extensas áreas verdes e da
exploração ilegal de madeiras de lei. Este artigo visa mostrar a opinião dos profissionais e
indústrias de madeira para construção sobre a origem da matéria-prima e a sustentabilidade.
Foram questionados arquitetos, engenheiros e industriários do setor, de várias regiões do
país e suas respostas foram avaliadas e agrupadas por conteúdo. Constatou-se a necessidade
do controle desde o manejo até o produto final e que a busca por novas alternativas e
tecnologias deve ser contínua, de forma a minimizar os impactos ambientais e suprir as
características de resistência, requinte e nobreza que a madeira proporciona.
Palavras-chave: Madeira. Sustentabilidade. Construção civil.
1. Introdução
Muito se tem falado sobre sustentabilidade nos dias de hoje, porém, pouco se conhece ou se
põe em prática esse conceito. A sustentabilidade nada mais é do que a utilização racional de
recursos naturais para satisfazer as necessidades atuais, sem que esse recurso comprometa as
futuras gerações.
Na vida moderna, todos os setores da economia dependem de um fluxo constante de
materiais, em um ciclo que começa na extração de matérias-primas naturais, e segue
em sucessivas etapas de transformações industriais, transporte, montagem,
manutenção e desmontagem final. (AGOPYAN E JOHN, 2011, p.74).
A madeira é um produto presente em quase todas as etapas das obras de construção civil. Seja
em fôrmas, estruturas, escoramentos, esquadrias, pisos, forros, revestimentos até a mobília
final, o uso da madeira ainda é indispensável para muitos arquitetos e engenheiros, por ser um
diferencial de beleza e sofisticação. A questão é: como aliar o uso da madeira com a
sustentabilidade?
Na tentativa de poupar o corte de árvores, buscam-se alternativas que muitas vezes são mais
prejudiciais ao meio-ambiente. Optar pelo uso de alumínio, plástico ou outros derivados do
petróleo, por exemplo, é um grande engano, pois estes produtos não são renováveis e nem
biodegradáveis.
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 2
A devastação das florestas traz não só a perda da biodiversidade e outros danos à fauna e à
flora, mas reduz as áreas do planeta com grande potencial para contribuir com o combate ao
aquecimento global. Uma das formas de devastação da floresta é a extração de madeira ilegal.
Estima-se, através de imagens de satélite, que para cada hectare de madeira extraída segundo
um plano de manejo sustentável, outros 100 são desmatados ilegalmente.
Além da questão do aquecimento global é importante garantir que na sua cadeia produtiva a
madeira seja extraída de forma sustentável, com respeito aos direitos dos trabalhadores e a
identidade das comunidades. Em outras palavras, existe a responsabilidade de garantir que a
madeira exista sempre, que a riqueza que ela produz não empobreça as comunidades de onde
ela é extraída e que haja sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.
Na região norte do Brasil, ainda é muito comum a utilização de madeira de lei, proveniente de
árvores centenárias da floresta. Pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA indicam que entre 43% e 80% da
produção madeireira da região amazônica seja ilegal, advinda de áreas desmatadas ou
exploradas de forma predatória, sem o manejo adequado das áreas nativas.
Isso faz com que a produção de madeira no estado tenha um perfil bastante
semelhante ao dos demais estados da região: é oriunda, principalmente, do
desmatamento e do corte seletivo não sustentável, e desconhece-se quanto dela é
produzido legalmente. (MENEZES, 2005, p.11)
Ao se optar pela escolha de um produto, deve-se levar em conta várias características que
comprovam seu respeito ao meio-ambiente: disponibilidade da matéria-prima, impacto
ambiental na extração, transporte, utilização e demolição, eficiência na energia embutida,
durabilidade, manutenção, reutilização, reciclabilidade e os aspectos humanos. LEE (1998),
analisando o trabalho de Severiano Mário Porto, observa que o arquiteto desenvolvendo um
comportamento coerente com suas obras, teve a preocupação em aproveitar a potencialidade
da região, considerando as técnicas contemporâneas para buscar alternativas tecnológicas
mais adaptadas ecológica e socialmente à realidade regional.
Enfim, a sustentabilidade é a forma de promover uma busca de maior igualdade social,
valorização dos aspectos culturais, maior eficiência econômica e um menor impacto
ambiental, nas soluções adotadas nas fases de projeto, construção, utilização, reutilização e
reciclagem da edificação, visando à distribuição equitativa da matéria-prima, garantindo a
competitividade do homem e das cidades.
2. A madeira na construção civil
A madeira é um recurso insubstituível. Desde os primórdios da civilização ela sempre
desempenhou papel decisivo em todos os aspectos da vida. Através da construção de casas,
silos, estradas, pontes, teatros, templos e barragens, a humanidade desde a antiguidade vem
moldando a natureza de forma a desenvolver sua capacidade em edificar.
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 3
As características únicas de beleza, charme, conforto térmico e acústico, fácil manuseio e
usinagem, leveza, fonte renovável, grande resistência mecânica, estabilidade e durabilidade
que só a madeira proporciona, fazem desde recurso uma opção indispensável em qualquer
projeto.
A tradição em arquitetura pode ser descrita como um conjunto de precedentes
conhecidos e de uso consagrado, parcialmente repetidos, parcialmente modificados,
dos quais o arquiteto se utiliza quando projeta um edifício. (...) que torna possível a
quem projeta ir direto às prioridades, poupando-lhe o trabalho de reinventar o que já
foi inventado. (STROETER, 1986, p.109)
Várias civilizações fizeram da madeira uma referência de sua história. Temos como exemplo
a arquitetura japonesa, com seus tradicionais pagodes e templos que fazem amplo uso desse
recurso. O templo budista Horyu-ji construído no ano 607 é considerado a construção de
madeira mais antiga do mundo.
Figura 1 – Templo Horyu-ji construído em 607 - Japão
Fonte: Wikipédia
A arquitetura dos países europeus também apresenta um vasto repertório. Fazia-se uso da
arquitetura vernacular, com madeira extraída dos vastos bosques da região. Tinham por
característica uma estrutura maciça e robusta, sem transparências, com a junção de troncos
empilhados.
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 4
Figura 2 – Igreja da Dormição de 1674 - Rússia
Fonte: BDM
Nos Estados Unidos é quase unânime o uso do wood frame em residências. Trata-se de um
método construtivo industrializado que utiliza perfis de madeira reflorestada em sua estrutura
e destaca-se pela rapidez na sua execução.
Figura 3 – Sistema wood frame – Estados Unidos
Fonte: Wikipédia
No Brasil, os primeiros relatos de construções em madeira referem-se às malocas indígenas. A
arquitetura evoluiu para o uso predominante do concreto e aço e com isso criou-se a cultura
do preconceito com as casas de madeira, remetendo à populações de baixa renda, sendo bem
comum o seu uso em favelas da região sudeste, nos sertões do nordeste ou em casas
ribeirinhas no norte do país.
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 5
Figura 4 – Moradias ribeirinhas da região amazônica – Brasil
Fonte: Gilberto Costa - Panoramio
3. Certificadoras
A grande necessidade do uso dos recursos naturais advindos da madeira, já se tornou alvo de
estudo de muitos órgãos ligados a estas indústrias. Diante dessa necessidade cada vez maior
em se buscar alternativas sustentáveis e da ânsia das grandes construtoras pela obtenção do
selo verde em suas obras, o mercado tem tornado indispensável a existência de certificadoras
que garantam tais atributos, indicando que não só o produto tem qualidade, mas que o
ambiente de onde ele foi extraído continua saudável.
A certificação florestal tem como fundamento a garantia dada ao consumidor de que
determinado produto é originário de manejo florestal ambientalmente adequado, socialmente
justo e economicamente viável. Ou seja, os produtos que têm o selo de certificação são
aqueles produzidos com madeira de florestas certificadas. Não cabe ao consumidor o
conhecimento e exigências técnicas de uma produção sustentável, ele precisa de uma
instituição confiável que garanta que aquele produto chegou até ele respeitando o meio
ambiente.
3.1 Selo FSC
O selo FSC – Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) é uma das
primeiras etapas na busca de um produto sustentável. Trata-se de uma organização
internacional não-governamental fundada em 1993, que objetiva o manejo correto e
responsável das florestas, garantindo a preservação dos recursos naturais e a sobrevivência
das comunidades locais. O FSC não emite certificados e sim credencia certificadoras no
mundo inteiro, garantindo que os certificados destas obedeçam aos seus princípios e critérios
de qualidade, adaptando-o para a realidade de cada região ou sistema de produção.
Apesar de ser um selo voluntário, 100% das grandes empresas nacionais fabricantes de
produtos provenientes de madeira já possuem esse certificado, o que demonstra a preocupação
das mesmas com a sustentabilidade, desde a busca de sua matéria-prima. É uma certificação
onerosa, mas que gera um amplo custo-benefício, pois o FSC já pode ser visto pelos
consumidores como um indício básico de que a empresa tem essa preocupação com o meio-
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 6
ambiente. Já é possível inclusive, ver o selo FSC em embalagens de papel nas prateleiras de
supermercados, indicando que essa preocupação com a origem e preservação dos recursos já é
um diferencial na escolha de um produto pelo consumidor.
3.2 Cerflor
Fundado em 1996 pela Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS) em parceria com outras
entidades, o Cerflor – Programa Brasileiro de Certificação Florestal, também é um programa
voluntário desenvolvido em parceria com a ABNT e o Inmetro, que visa à certificação do
manejo florestal e da cadeira de custódia, segundo o atendimento dos critérios e indicadores,
aplicáveis para todo o território nacional.
3.3 PNQM
O PNQM – Programa Nacional de Qualidade da Madeira é um certificado desenvolvido pela
Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente – ABIMCI, que
visa o controle do processo produtivo, desde o recebimento da matéria-prima (toras e lâminas)
até a embalagem do produto final, sendo definidos parâmetros a serem verificados e critérios
de aceitação. O objetivo deste controle é disponibilizar ao mercado produtos com
especificações conhecidas, fabricados dentro de parâmetros controlados.
3.4 Marcação CE
O Certificado de Conformidade Européia (Marcação CE) é uma marca que indica que o
produto ao qual está afixada está em conformidade com as Diretivas de Segurança de
Produtos da União Européia. Desde 2004 a certificação CE está sendo exigida para painéis de
madeira, em todo o Espaço Econômico Europeu. É regido pela Norma Européia 13986 que
garante que os painéis de madeira aos quais se refere, podem ser utilizados em construção
como elementos estruturais. A diretiva estabelece requisitos essenciais para esses produtos,
com o objetivo de atender a determinados níveis de resistência mecânica, estabilidade,
durabilidade da colagem, baixas emissões de gás formaldeído, tolerâncias rigorosas quanto ao
tamanho e durabilidade da própria madeira.
3.5 ISO 14001
Criada para controlar os resíduos e evitar a poluição, permitindo uma convivência responsável
entre as empresas e o meio-ambiente, a ISO 14001 é um reconhecimento mundial de que uma
empresa cumpre rigorosos padrões para promover a proteção ambiental.
Com a ISO 14001, as empresas comprovam ter um compromisso ainda maior com a
conservação da biodiversidade. O primeiro passo é determinar a Política Ambiental da
empresa. O segundo é um processo contínuo de investimentos em ações para minimizar os
impactos ambientais, otimizar a utilização de fertilizantes químicos, reduzir a utilização de
agrotóxicos, recompor a vegetação dos fragmentos florestais, promover a conscientização nas
unidades vizinhas e estabelecer indicadores e verificadores de conservação da biodiversidade.
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 7
3.6 Teco Tested
Os painéis com esta marca indicam que eles foram certificados de acordo com as exigências
do código de construção dos Estados Unidos para aplicações industriais e estruturais.
Portanto, arquitetos, engenheiros e construtores podem ter certeza de que quando os painéis
tiverem o selo da agência Teco, eles atendem às exigências da norma adequada.
4. Metodologia
A pesquisa foi feita com profissionais e indústrias do setor, com a intenção de conhecer e
analisar a preocupação e as ações desenvolvidas por ambos, na busca da sustentabilidade
direcionada à construção civil. Foi adotado o método de questionário, distintos para
profissionais e indústrias, enviado por e-mail, com quinze perguntas sobre o tema.
A escolha desses grupos se justifica pela representatividade dos mesmos para a construção
civil. Conforme critérios descritos por Levin (1985), a amostra escolhida é não-casual, do tipo
julgamento ou conveniência. As respostas foram categorizadas pela técnica de análise de
conteúdo e apresentaram os resultados relatados a seguir.
4.1 As Indústrias e a Sustentabilidade
Foram coletados os dados de vinte empresas nacionais, das variadas regiões do país, desde
multinacionais a pequenas empresas que trabalham com qualquer material proveniente do uso
de madeira.
32%
17%17%
17%
17%
Painéis e compensados Madeira ecológica
Madeira beneficiada Esquadrias
Madeira de demolição
Figura 5 – Ramo de atividade das indústrias pesquisadas
Foi comprovada a preocupação das empresas com a obtenção da matéria prima. Todas as
grandes fábricas de painéis e compensados possuem sua própria área de reflorestamento,
todas com certificação do selo verde FSC, garantindo o manejo correto de suas florestas e
comprovando o estudo de Zenid (2009), de que o Brasil tem a maior área certificada da
América Latina. Algumas empresas possuem mais de um certificado, demonstrando ainda
maior interesse e total comprometimento com o meio ambiente, conforme gráfico abaixo.
Apenas as pequenas empresas não possuem certificação, mas garantiram exigi-lo de seus
fornecedores.
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 8
45%
11%11%
11%
11%11%
FSC CERFLOR CE TECO PNQM Não possui
Figura 6 – Certificação das indústrias
Dentre os fatores considerados impeditivos para a aceitação do mercado pelos produtos
alternativos aliados à sustentabilidade, os mais citados foram o custo e a cultura. O processo
de certificação, o manejo e o controle de poluentes na produção aumenta significativamente o
custo desses materiais, o que muitas vezes acarreta na escolha de produtos ilegais menos
onerosos. A cultura de muitas regiões tende a rejeitar a idéia de uso de madeiras ecológicas,
como a substituição de madeiras de lei por reflorestadas como o pinus e o eucalipto.
Infelizmente, muitos profissionais ainda acreditam que somente as madeiras nobres possuem
qualidade e resistência, mas já é possível encontrar no mercado espécies geneticamente
modificadas, que apresentam características semelhantes, sem agredir as florestas nativas.
De um modo geral, observa-se que o mercado já exige das indústrias de madeira um produto
com o diferencial da sustentabilidade. A empresa que deseja manter-se competitiva no
mercado, precisa obrigatoriamente, procurar a certificação e garantir aos seus clientes que os
impactos ambientais provenientes do processo de fabricação de seus produtos não agridem o
meio-ambiente e agregam valor ao seu projeto.
4.2 Os Profissionais e a Sustentabilidade
Foram coletados os dados de dezessete profissionais, entre arquitetos e engenheiros, das
regiões norte e sul do país, nos percentuais indicados na Tabela 1. O principal objetivo era
conhecer a opinião dos mesmos sobre sustentabilidade e de que forma estes profissionais
estão incorporando esse conceito em seus projetos e obras.
Tabela 1 – Grupo de profissionais pesquisados
Profissionais Quantidade Percentual
Arquiteto
Engenheiro Civil
9
7
53%
41%
Engenheiro Florestal 1 6%
Total 17 100%
Fonte: Rosanne Araújo (2012) Felizmente a consciência da sociedade sobre esta questão tem avançado bastante. Por conta
disso, os clientes tendem a solicitar cada vez mais dos arquitetos e engenheiros, alternativas
sustentáveis para aplicação em seus projetos. Esse número ainda é pequeno se considerarmos
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 9
a importância do assunto. Alguns órgãos públicos já têm optado pela adoção desse sistema, o
que estimula a população ao ver que o conceito pode dar certo.
A construção civil utiliza basicamente materiais não renováveis, logo, por si só não é
sustentável. O que se pode trabalhar é a redução dos desperdícios, o controle desde a origem
do processo produtivo de cada produto utilizado, a busca de materiais ecologicamente
corretos e certificados e a eficiência energética.
A grande maioria dos profissionais consultados têm consciência da importância da
sustentabilidade para a construção civil, mas também concordam que na prática, pouco tem
sido feito. Muitos atribuem essa escassez ao elevado custo dos produtos com rótulo
sustentável, outros admitem que as alternativas disponíveis no mercado, não garantem a
mesma qualidade que os produtos de origem nativa.
Ao serem questionados sobre os fatores que os influenciam a especificar um produto para seu
projeto ou obra, foi constatado que os arquitetos se preocupam mais com a sustentabilidade e
a estética, enquanto os engenheiros valorizam a qualidade e o preço. Ainda nesse quesito, foi
possível identificar que os profissionais da região sul têm maior preocupação com a
sustentabilidade, enquanto os da região norte priorizam a qualidade dos produtos. O estudo
indica que esse posicionamento se deve ao fato de a região sul do país disponibilizar uma
gama maior de produtos no mercado e da proximidade com as grandes indústrias. No oposto,
a região norte sempre fez uso das madeiras nobres e resistentes. Segundo Espósito (2007), em
função das dificuldades de cada região, os arquitetos tendem a aproveitar os recursos naturais
e materiais locais, bem como a mão de obra típica, adaptados ao contexto onde a obra está
inserida.
19 18 20 1913 11
1813
9
2024
16
0
5
10
15
20
25
30
Qualidade Preço Sustentab. Estética Marca Outros
Arquitetos Engenheiros
Figura 7 – Grau de importância para a escolha de um produto (%)
Fonte: Rosanne Araújo (2012)
Os profissionais fizeram questão de frisar que a madeira é um item indispensável em qualquer
obra. Seja pela beleza, qualidade, durabilidade, propriedades térmica e acústica,
trabalhabilidade e custo, a madeira se adapta às mais variadas formas de uso. Com base nesses
aspectos, os profissionais esperam das indústrias novidades e tecnologias constantes, que
favoreçam a aplicação em novos projetos, como destacado por Agopyan e John (2011) ao
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 10
afirmarem que a inovação é imprescindível para a sustentabilidade na construção civil.
5. Produtos de madeira sustentável
As indústrias já disponibilizam no mercado diversas opções de produtos derivados de madeira
certificada, que podem adaptar-se aos mais variados projetos e usos. Abaixo segue relação
com alguns materiais de uso mais comum.
Painéis de MDF (Medium Density Fiberboard) e derivados: amplamente usados na
indústria moveleira, substituindo com extrema qualidade e resistência a madeira maciça.
São fabricadas através da aglomeração de fibras de madeira com resinas sintéticas e outros
aditivos. Apresentam inúmeras opções de acabamento. São fabricadas obedecendo
rigorosos critérios de qualidade e utilizam 100% de madeira certificada como matéria-
prima.
Figura 8 – Painéis de MDF
Fonte: Portal da Madeira
Madeira ecológica: produto rotulado ecologicamente correto, pois tem como matéria-prima
principal resíduos plásticos descartados pela indústria e lascas de madeira oriundas de
serrarias legalizadas. Possui alta resistência e dispensam manutenção. São utilizadas em
revestimentos externos, fachadas, rodapés, decks e paisagismo.
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 11
Figura 9 – Madeira ecológica
Fonte: Madeplast
Laminados: revestimentos para aplicação nos painéis de MDF, com textura e padrões
imitando madeira, de fácil aplicação e com maior durabilidade e resistência que as lâminas
naturais. Dispensa aplicação de pintura e podem ser aplicados em áreas externas, sem
comprometer sua qualidade e aparência.
Figura 10 – Laminados de madeira
Fonte: Formica
Painéis estruturados: revestimentos laminados compactos, autoportantes, indicados para
uso em prateleiras, divisórias convencionais e sanitárias, portas, móveis, entre outros.
Possui estabilidade dimensional, alta resistência ao desgaste, umidade, impacto, calor e
manchas. Já vem sendo empregadas em banheiros públicos de shoppings, aeroportos e
áreas de grande público.
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 12
Figura 11 – Divisórias em painéis estruturados
Fonte: Neocom
Pisos laminados: material de grande durabilidade e resistência, excelente acabamento,
conforto ambiental, fabricado com madeira de reflorestamento, não degrada o meio
ambiente e proporciona sofisticação aos ambientes. Indicados para áreas internas, quartos,
salas e escritórios, conservam a sensação térmica dos cômodos.
Figura 12 – Pisos laminados
Fonte: Eucatex
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 13
Esquadrias: fabricadas com madeira laminada certificada, ótimo padrão de acabamento,
mais leve que as esquadrias maciças e com excelente resistência.
Figura 13 – Esquadrias laminadas
Fonte: Fuck SA
Nota-se que é bem extensa a gama de produtos com apelo ecológico que o mercado dispõe
aos seus clientes. Boa parte desses produtos já vêm sendo incorporados pelos profissionais,
mas muitos ainda esbarram no custo elevado.
É imprescindível que haja a cobrança cada vez maior dos arquitetos e engenheiros para com
as indústrias, forçando a certificação de mais empresas e ampliando o universo de
possibilidades aprimoradas tecnologicamente para aplicações no uso da madeira, que possam
agregar valor aos projetos e torná-los cada vez mais sustentáveis.
6. Conclusão
A exploração de recursos florestais, notadamente de madeiras, assume especial importância
no contexto da sustentabilidade. A maior parte da madeira extraída no Brasil de modo
sustentável é exportada. Internamente, o país carece de políticas de incentivo direto ao
consumo de produtos da indústria madeireira, produzidos com base em práticas que
conjuguem as atividades econômicas e a preservação ambiental. Em geral, o consumidor
interno prefere comprar madeira mais barata, o que fomenta uma cadeia produtiva predatória,
com efeitos negativos sobre o meio ambiente.
É preciso que haja mudança de hábitos, de padrões e de políticas na forma de tratar o meio
ambiente, que cada um faça a sua parte para alcançarmos os resultados necessários.
Embora as legislações ambientais sejam razoavelmente adequadas, faltam normas que
incentivem o consumo de bens e serviços elaborados segundo práticas ambientalmente
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 14
sustentáveis, socialmente justas e, ainda assim, economicamente viáveis. Nesse contexto, é
inegável o papel dos arquitetos e engenheiros na indução de comportamentos sintonizados
com o imperativo do desenvolvimento sustentável.
Os dados obtidos mostram que a indústria tem sido a grande responsável pela mudança de
comportamento, ao disponibilizar no mercado produtos certificados e ecologicamente
corretos. Cabe aos profissionais optar pela inclusão desses produtos em seus projetos e obras,
apresentando aos clientes as vantagens de se adotá-los, contribuindo para o bem estar geral do
planeta e das futuras gerações. É imprescindível a realização de mais estudos sobre o assunto,
estimulando um conhecimento mais aprofundado e abrangendo um maior número de
profissionais, que são os responsáveis por aplicar na prática todo esse conceito.
Referências
ABIMCI. Associação Brasileira da Industria de Madeira Processada Mecanicamente.
Disponível em: http://www.abimci.com.br/certificacao_ce/certificacao_ce.html . Acesso em:
18 Fev 2012.
AGOPYAN, Vahan e JOHN, Vanderley M. Desafio da Sustentabilidade na Construção
Civil. São Paulo: Blucher, 2011.
BDM - Biblioteca Digital Mundial. Disponível em http://www.wdl.org. Acesso em 19 Fev
2012.
ESPÓSITO, Sidnei Sérgio. O uso da madeira na Arquitetura dos séculos XX e XXI.
Dissertação de Mestrado: USJT – Universidade São Judas Tadeu. São Paulo, 2007.
EUCATEX. Disponível em http://www.eucatex.com.br/. Acesso em 19 Fev 2012.
FOREST STEWARDSHIP COUNCIL. Um guia de fácil uso sobre a certificação FSC para
pequenos proprietários. FSC International Center GmbH, 2009. Disponível em:
http://www.fsc.org/fileadmin/web-data/public/document_center/publications/FSC_Technical_
Series/FSC_ smallholder_guide-PT.pdf. Acesso em: 18 Fev 2012.
FSC. Conselho Brasileiro de Manejo Florestal. FSC Brasil. 2006.
FUCK SA. Disponível em http://www.fucksa.com.br/. Acesso em 20 Fev 2012.
LEE, Kyung Mi. Severiano Mário Porto. A produção do espaço na Amazônia. Dissertação
de Mestrado: FAUUSP – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo. São Paulo, 1998.
LEVIN, Jack. Estatística aplicada a Ciências Humanas. São Paulo: Harper & Row do
Brasil, 1985.
MADEPLAST. Disponível em http://www.madeplast.com.br/. Acesso em 19 Fev 2012.
Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil janeiro/2013 15
MENEZES, Mário. Cadeia produtiva da madeira no Estado do Amazonas. Amazonas:
SDS, 2005.
NEOCOM. Disponível em http://www.neocom.com.br/. Acesso em 19 Fev 2012.
PANORAMIO. Disponível em http://www.panoramio.com/photo/412239. Acesso em 20 Fev
2012.
PORTAL DA MADEIRA. Disponível em http://portaldamadeira.blogspot.com/2010/04/mdf-
medium-density-fibreboard.html. Acesso em 19 Fev 2012.
STROETER, J. R. Arquitetura e Teorias. São Paulo: Nobel, 1986.
WIKIPÉDIA. Disponível em http://pt.wikipedia.org. Acesso em 19 Fev 2012.
ZENID, Geraldo José. Madeira: uso sustentável na construção civil. São Paulo: SVMA,
2009.
top related