mapeamentos, ou rastros in(visíveis)
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Mapeamentos, ou Rastros (in)Visíveis – Ilma Guideroli e Morgana Sousa 1
Ensaio Final Vocacional Artes Visuais/Dança 2014
Mapeamentos, ou Rastros (in)Visíveis
Artistas-orientadoras: Ilma Guideroli e Morgana Sousa
Equipamento: Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes
Este ensaio tem como objetivo apresentar um panorama do trabalho
desenvolvido durante o ano de 2014 no Centro de Formação Cultural Cidade
Tiradentes através da parceria entre as artistas orientadoras Ilma Guideroli (artes
visuais) e Morgana Sousa (dança).
A Parceria: Resultados e Possibilidades
O primeiro contato entre as artistas-orientadoras Ilma e Morgana aconteceu em
maio, no CFCCT. Ambas já tinham intenções em estabelecer um espaço para diálogo,
trocas e possíveis parcerias; o objetivo seria fortalecer a atuação entre os artistas-
orientadores do equipamento, bem como do Programa Vocacional como um todo.
Importante ressaltar que este é o segundo ano de atuação da artista Morgana no
CFCCT, e que em 2013 a mesma já havia tentado estabelecer este tipo de parceria,
no caso junto ao artista-orientador de teatro André Blumenschein. Por perceber
relações similares nos processos desenvolvidos em ambas as turmas, isso poderia
potencializar e fortalecer o trabalho de todos. Porém, devido à falta de horários livres
em comum e de um espaço oficial para as trocas, a proposta não se concretizou.
Neste ano de 2014, a aproximação entre Ilma e Morgana foi primeiramente
impulsionada pelo fato de Morgana ter percebido as relações em comum entre as
linguagens dança e artes visuais, de acordo com os processos artísticos que a mesma
vinha desenvolvendo junto aos vocacionados de dança, e pelo desejo de fortalecer e
dar maior visibilidade ao Programa no equipamento. Isto ocorreu antes da primeira
reunião entre todos os artistas-orientadores, coordenadores e gestores atuantes no
equipamento CFC Cidade Tiradentes, organizada por Morgana.
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Tal reunião aconteceu dia 7 julho na Biblioteca Monteiro Lobato, sendo que
infelizmente nenhum dos gestores ou coordenadores do equipamento puderam
comparecer. Desde então, identificamos relações ainda fortes entre as linguagens
dança e artes visuais através do mapeamento de proposições desenvolvidas nos
processos com os vocacionados de ambas até então, e conseguimos, através de
interesses em comum, estabelecer um esquema efetivo de trabalho conjunto que
contemplasse a parceria e a relação interdisciplinar (artes visuais e dança) com os
vocacionados, através de ações culturais, encontros (AO Visita) e proposições.
Uma das principais questões que tratamos desde o início foi sobre a
importância em dar visibilidade às propostas através de rastros e vestígios deixados
durante as experimentações e ações desenvolvidas pelos vocacionados, que
funcionariam enquanto elementos disparadores no equipamento e na vizinhança, de
modo que algo feito pelo vocacionado de dança pudesse reverberar e instigar um
vocacionado de artes visuais, ou de teatro por exemplo. Outra questão importante foi
sobre o local de atuação, da importância de algumas propostas se darem do lado de
fora das salas. Entendemos o lugar de forma expandida, não somente dentro do
equipamento, mas olhando de forma mais cuidadosa para o entorno, especialmente o
bairro Vila Yolanda II.
Para ir além dos encontros físicos, criamos um grupo no Facebook – Vocacional
CFC Cidade Tiradentes, que atualmente conta com a participação de 62 membros
entre coordenadores, artistas-orientadores, funcionários do equipamento,
vocacionados e simpatizantes. Esta plataforma tem ganhado força e se consolidado
desde que foi criada, se transformando em importante meio de comunicação do que
está sendo produzido pelos vocacionados, bem como para trocas de referências
artísticas e divulgações de ações culturais e eventos, entre outros. Cabe salientar o
fato de alguns vocacionados que, por motivos de força maior (como trabalho), e não
podem mais frequentar os encontros têm na ferramenta virtual a possibilidade de
continuar em contato com o que está sendo realizado.
Entendemos nosso trabalho em conjunto como potente e enriquecedor, tanto
para nós enquanto artistas propositoras, quanto para nossos vocacionados. Somos
guiadas por alguns eixos norteadores pensados a partir de observações, vivências e
trocas pelo espaço e discussões com nossos vocacionados, sempre pensando na
construção de um pensamento crítico através de questionamentos e nas relações
expandidas com os espaços.
Nossas questões estão ligadas à efemeridade e (in)visibilidade. Efemeridade:
dado o caráter físico do Centro de Formação Cultural, onde temporariamente não se
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pode propor intervenções permanentes devido a questões de ordem estrutural/
burocrática. Portanto, de que formas podemos alterar os espaços cotidianos com
ações de caráter efêmero mas que ao mesmo tempo reverberem em quem viveu a
experiência de alguma maneira? (In)visibilidade: até que ponto somos visíveis?
Como lidamos com o estranhamento que nossas ações provocam nos frequentadores,
transeuntes e funcionários do Centro Cultural?
Abaixo listamos alguns dos encontros e ações em conjunto que fizemos ao
longo dos meses:
Primeiro Contato – Ilma visita Morgana
Dia 16 de Julho
Neste encontro a artista-orientadora de artes visuais Ilma visitou pela primeira vez os
vocacionados da artista-orientadora de dança Morgana. O grupo foi dividido em
duplas, e a proposta lançada foi a seguinte: um dos participantes realizava uma dança
improvisadamente, enquanto o outro teria que desenhar o traço, o movimento ou o
rastro desta dança. Num segundo momento, o participante dançava o desenho que o
outro realizou a partir da observação do movimento. Feito isto, as “funções” eram
trocadas entre a dupla para que ambos vivenciassem ambas as experiências.
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Fotos: Morgana Sousa
Visita Vila Yolanda II
Dia 18 de julho
Fizemos um mapeamento pelo bairro em frente ao Centro Cultural. Registramos
espaços que potencialmente poderiam ser ocupados com intervenções e conversamos
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com alguns moradores do local. Pensamos em como poderíamos tratar a questão das
distâncias entre os moradores do bairro e o centro cultural, fazendo possíveis
aproximações. A ideia da projeção surgiu a partir desse encontro.
Fotos: Ilma Guideroli
...SEMPRE ALGO ENTRE NÓS, Troque um brigadeiro por...
Dia 09 de agosto, das 14:30 às 17:30
A ideia foi promover um espaço de trocas, pontuado por ações de caráter efêmero
que foram realizadas no decorrer da tarde de sábado. Buscamos uma aproximação
entre o público geral, vocacionados, funcionários e artistas-orientadores do
equipamento. As ações foram: a “cama de gato” (feita com elásticos), onde os
passantes poderiam optar por atravessar criativamente o espaço para chegar até o
outro lado, interagindo com o elemento estranho; e os brigadeiros, onde o doce foi a
ponte entre as trocas com o público, que após atravessar o espaço com o desafio,
retirava de uma caixinha um papel colorido e respondia a questões e/ou completava
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pequenas frases, que foram elaboradas junto aos vocacionados como: “O que há
entre nós?”, “Me conte um segredo”, “O que você dançaria para mim?”, entre outras.
Fotos: Ilma Guideroli
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Percursos Afetivos
Dia 15 de Agosto
Alguns vocacionados de dança participaram de um encontro com os vocacionados de
artes visuais. Foi proposto a todos que fizessem um percurso pelo Centro Cultural,
escolhendo pequenos recortes de espaços que, por alguma razão, lhes chamava a
atenção ou havia uma identificação imediata. Os registros foram feitos
individualmente, com desenhos. Num segundo momento, colocamos estes desenhos
juntos e tentamos reconstruir o percurso, desta vez coletivo.
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Ligações Intercaladas, ou Google Maps Teia
Dia 29 de agosto
A proposta foi pensada a partir de questões que reverberaram da ação Sempre Algo
Entre Nós. Neste encontro, os vocacionados usaram seus corpos e a materialidade
visual criada pelo barbante para mapearem e desenharem no espaço através do
deslocamento coletivo e em “cadeia” através de sutis proposições como: saltar, girar,
caminhar ou correr. Começamos no campo de futebol em frente ao equipamento de
forma mais dinâmica e em movimento; num segundo momento montamos uma
instalação com o mesmo barbante na calçada, onde a proposta era que recriassem
desenhos a partir da observação, dialogando com as estruturas presentes no espaço
físico. E finalizamos com desenhos feitos em papel, partindo do recorte que mais
ressaltasse ao olhar individual sob a instalação criada coletivamente.
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Fotos: Ilma Guideroli
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Oi, ou Roupas Dançantes
Dia 24 de setembro
Neste encontro propusemos aos vocacionados a construção de “roupas para dançar”,
pensando nas performances que eles já estavam desenvolvendo pelos espaços do CFC
Cidade Tiradentes. Eles se dividiram em grupos e elaboraram três figurinos com
diversos materiais, pensando nas relações entre cores, formas, movimentos e
personificação a partir da roupa. Depois dançaram/performaram pelo espaço, indo
desde a pista de skate até a administração.
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Fotos: Ilma Guideroli, Dan Claudino e Morgana Sousa
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Mapeamentos, ou Rastros (in)Visíveis + 15 Minutos na Pista
Dia 14 de Novembro
Esta foi a ação/intervenção/apresentação final da parceria entre artes visuais e dança.
Os vocacionados de dança apresentaram sua performance “15 Minutos na Pista”, e
logo em seguida foi exposta a vídeo-projeção realizada pela artista-orientadora Ilma,
contemplando processos individuais e coletivos, questões levantadas ao longo dos
encontros com as artistas-orientadoras e mapeamentos realizados no equipamento e
seu entorno. Cabe salientar que o material foi pensado em conjunto com os
vocacionados, de acordo com suas ideias e escolhas.
Sinopse “15 Minutos na Pista”:
“Status social” ? Qual a sua zona de conforto? Nas redes sociais pessoas expõem-se
de tantas maneiras, com o intuito de serem aceitas pela sociedade ou por um
determinado núcleo de pessoas de modo geral.
Para isso, utilizam-se de diversas ferramentas on-line, dispondo desde suas imagens
selfies, na maioria das vezes carregadas com um Q de “beleza pela make”,
demonstrando ou ostentando certo “poder” aquisitivo no que se refere ao segundo
plano ou uma determinada importância pela localização na qual a imagem foi feita.
Vale tudo!?! Talvez... Desde que algo possa ser usado a favor de gerar alguma
espécie de “fama” a qualquer custo, maior repercussão em número de curtidas,
alcance de “poder/poderes” ou até mesmo aumentar o número de “seguidores”.
Partindo de experiências percebidas e vivenciadas no dia-a-dia, os vocacionados
propõem através deste trabalho, uma pausa para a reflexão, na qual transitam entre
o mundo virtual de suas idealizações particulares e o mundo real. No qual cada um
possa ser, estar e viver, sem a necessidade de criar imagens para uma suposta
“aceitação”.
Quem você é no mundo real?
Há 15 minutos na pista para dizer.
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