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MÓDULO I
Curso de Cálculos Trabalhistas
AULA 10
Rua Barão do Serro Azul, 199 – Centro – Curitiba-Paraná – Fone: 41 3323-1717
www.portalciveltrabalhista.com.br
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S U M Á R I O
1. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ............................................................................. 3
1.1. Base de Cálculo ......................................................................................................... 4
1.2. Caso Prático – Exemplo de Condenação ................................................................... 4
2. MULTA - CONCEITO ................................................................................................ 6
2.1. Multa do Art. 477, §8º, da CLT ................................................................................. 6
2.1.1. Base de Cálculo ...................................................................................................... 6
2.1.2. Classificação da Verba ........................................................................................... 7
2.1.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação ................................................................ 7
2.2. Multa do Artigo 467 da CLT ..................................................................................... 7
2.2.1. Base de Cálculo ...................................................................................................... 8
2.2.2. Classificação da Verba ........................................................................................... 8
2.2.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação ................................................................ 8
2.3. Multa Convencional .................................................................................................. 9
2.3.1. Base de Cálculo ...................................................................................................... 9
2.3.2. Classificação da Verba ......................................................................................... 10
2.4. Multa – Limitação Imposta - Art. 412 do Código Civil .......................................... 10
2.4.1. Base de Cálculo .................................................................................................... 11
2.4.2. Classificação da Verba ......................................................................................... 11
2.4.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação .............................................................. 11
2.5. - Multa Cominatória (astreinte) ............................................................................. 12
2.5.1. Base de Cálculo .................................................................................................... 13
2.5.2. Classificação da Verba ......................................................................................... 13
2.5.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação .............................................................. 13
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1. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Em algumas reclamatórias trabalhistas surge a necessidade de se efetuar o cálculo dos
honorários devidos ao advogado da parte autora. Os honorários advocatícios, na maioria
das vezes, são deferidos pelo juízo quando o reclamante está sendo assistido por
advogado do sindicato da categoria.
Na Justiça do Trabalho a súmula 219 do TST define as hipóteses de concessão dos
honorários advocatícios, senão vejamos:
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE DE CABIMENTO. I - Na
Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios,
nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da
sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria
profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário
mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar
sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. II - É cabível a
condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no
processo trabalhista. III – São devidos os honorários advocatícios nas causas
em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não
derivem da relação de emprego.
Portanto, os honorários são devidos nas seguintes hipóteses:
a) a favor do sindicato, quando o empregado estiver por ele assistido e receber
salário inferior ao dobro do salário mínimo ou, ganhando importância superior,
encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem
prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família;
b) nas ações rescisórias;
c) quando o sindicato figurar como substituto processual dos trabalhadores.
Para efeito de cálculo dos honorários do advogado, o perito assistente ou judicial deverá
ater-se ao comando sentencial, ou seja, deverá observar o que o juiz determinou na
sentença.
Dois são os pontos importantes a serem seguidos:
Percentual determinado na sentença;
Base de cálculo dos honorários.
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O percentual é definido geralmente na base de 15%, nos termos da súmula 219 do TST,
entretanto, a base de cálculo quando não definida nos autos gera polêmica, visto que, o
cálculo pode ser realizado com base nos valores brutos (integrados do INSS e IRRF) ou
valores líquidos (sem o INSS e IRRF).
Quando a base de cálculo não é definida, o perito deverá efetuar a conta extraindo a
melhor vantagem para aquele que o contratou.
1.1. Base de Cálculo
A base de cálculo dos honorários advocatícios é o total da condenação líquida ou bruta,
ou seja, integrada dos descontos fiscais e previdenciários ou não.
1.2. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Sentença 1:
“O autor está assistido por advogado sindical e, portanto, fixa-se os honorários
advocatícios na ordem de 15% sobre o total líquido da condenação.”
Cálculo:
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Sentença 2:
“O autor está assistido por advogado sindical e, portanto, fixa-se os honorários
advocatícios na ordem de 15% sobre o total bruto da condenação.”
Cálculo:
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2. MULTA - CONCEITO
Sanção punitiva prevista em norma jurídica, contratual ou convencional.
2.1. Multa do Art. 477, §8º, da CLT
Art. 477... §8º A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à
multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor de
empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de
variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
A multa do parágrafo 8º, art. 477 da CLT, é uma das mais recorrentes nas
reclamatórias trabalhistas.
2.1.1. Base de Cálculo
Esta multa tem como fato gerador a inobservância do prazo estipulado, no sobredito
dispositivo, para quitação das verbas rescisórias. Deste modo, incorrendo o
empregador em mora, a multa resulta devida na ordem de um salário pago ao
empregado na rescisão contratual (maior remuneração).
A primeira observação a ser feita é, que será sempre o último salário, em regra.
Também já explicamos a noção de salário, o que implica dizer que pode ser,
conforme o caso, agregado de parcelas salariais.
Terceiro, no caso do comissionista (puro ou simples), o seu último salário é
composto do fixo (se houver) e da média das comissões dos últimos doze meses
(CLT, artigo 478, § 4º).
Dissemos que o valor da indenização será sempre o último salário em regra, porque
há mestres que sustentam que o valor da indenização consiste no maior salário
percebido, não importando se o último ou não. De qualquer forma, valerá o que for
fixado na decisão.
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2.1.2. Classificação da Verba
É verba de caráter sancionatório, ou seja, não gera reflexos e não sofre as incidências
fiscais e previdenciárias quando da realização dos cálculos.
2.1.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Sentença:
“Tendo o reclamado quitado as verbas rescisórias fora do prazo estipulado
em lei, defere-se a multa do art. 477, § 8º, no valor de uma remuneração do
autor.”
Cálculo:
2.2. Multa do Artigo 467 da CLT
Art. 467 Em caso de rescisão do contrato de trabalho, havendo controvérsia
sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao
trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte
incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por
cento.
A multa do artigo 467 da CLT é aplicada aos casos controvertidos sobre os valores
rescisórios devidos ao reclamante.
No momento do comparecimento ao Tribunal do Trabalho, o empregador estará
obrigado a pagar a parte incontroversa, sob pena de acréscimo na ordem de 50%
sobre os valores reconhecidos como devidos (valores incontroversos).
O entendimento majoritário é de que aludida norma pode ser qualificada como
sanção, de tal modo que sua aplicação é restrita, incidindo os 50% apenas sobre os
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salários em sentido estrito, mesmo que haja outras verbas discutidas de caráter
salarial.
Também neste ponto valerá o que a decisão dispuser.
2.2.1. Base de Cálculo
Esta multa tem como fato gerador as diferenças de verbas rescisórias apontadas pelo
reclamante. Deste modo, a base de cálculo da multa do art. 467 da CLT são os
valores rescisórios tidos como controversos.
2.2.2. Classificação da Verba
É verba de caráter sancionatório, ou seja, não gera reflexos e não sofre as incidências
fiscais e previdenciárias quando da realização dos cálculos.
2.2.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Sentença:
Verbas Rescisórias – O réu deixou de pagar ao reclamante as verbas
rescisórias relacionadas no TRCT (termo de rescisão de contrato de trabalho).
R$ 500,00 a título de aviso prévio + R$ 250,00 a título de 13º salário (06/12
avos) + R$ 250,00 a título de férias proporcionais (06/12 avos) + R$ 83,33 a
título de terço de férias + R$ 480,00 a título de multa fundiária (40%),
perfazendo o total de R$ 1.563,33 (um mil, quinhentos e sessenta e três reais e
trinta e três centavos). Defere-se o pagamento ao reclamante. Defere-se, ainda,
a multa inserta no art. 467 da CLT, na ordem de 50% sobre o total das
rescisórias.
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2.3. Multa Convencional
Este tipo de multa vem sempre disciplinada nas convenções coletivas e tem por
objeto sancionar a violação de qualquer cláusula convencional.
O valor da penalidade é estipulado na própria CCT. Cada categoria tem sua
convenção coletiva e cada convenção tem sua clausula penal fixada de forma
particular. Por exemplo, algumas fixam a multa em um salário mínimo por cláusula
convencional violada, outras fixam como multa o piso salarial daquela categoria,
outras estipulam um percentual sobre o piso salarial, e assim por diante.
É importante sempre observar as disposições convencionais, pois a multa pode ser
de trato sucessivo, por cláusula violada ou até por ato.
Também é importante destacar que a multa limita-se sempre ao período de vigência
da CCT que a estipula.
2.3.1. Base de Cálculo
Esta multa como base de cálculo os valores fixados nas convenções coletivas de
cada categoria profissional.
Em caso de condenação é só verificar o valor contido na cláusula penal que
estabelece a multa e efetuar o cálculo da mesma.
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2.3.2. Classificação da Verba
É verba de caráter sancionatório, ou seja, não gera reflexos e não sofre as incidências
fiscais e previdenciárias quando da realização dos cálculos.
2.3.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Exemplo de Cláusula Convencional:
Cláusula 28 – Em caso de descumprimento de qualquer uma das cláusulas deste
instrumento normativo, deverá ser pago ao funcionário multa na ordem de 50% do salário
mínimo nacional (R$ 380,00), por cláusula violada.
Sentença:
Multa convencional – O reclamado violou 02 (duas) cláusulas convencionais.
Defere-se ao reclamante, deste modo, a multa prevista na cláusula 28ª da
CCT de fl...
Cálculo:
2.4. Multa – Limitação Imposta - Art. 412 do Código Civil
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da
obrigação principal.
Não raro é aplicada a limitação imposta pelo artigo 412 do CC em situações cuja
penalidade ultrapassa o valor do principal. Isto ocorre quando a multa deferida pelo
Juízo tem progressividade vinculada ao tempo de inadimplência.
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Por exemplo, a CCT fixa prazo para pagamento de determinada obrigação. O
descumprimento acarreta multa diária, e esta, em algumas oportunidades supera o
valor principal. O entendimento, nestes casos, é que o valor da multa não pode
ultrapassar o valor da obrigação principal.
Este tipo de questionamento pode ser invocado na fase de liquidação da sentença.
Atuando pelo reclamado o calculista sempre deverá requerer a limitação estampada
no art. 412 do código civil. A partir daí, compete ao Judiciário dirimir a questão.
2.4.1. Base de Cálculo
Como este é um caso de limitação da multa, então, a base de cálculo é o limite da
condenação.
Em caso de condenação de multa e aplicação do limite imposto pelo art. 412 do CC,
é só verificar se a multa ultrapassou o limite dos cálculos apresentados, e, neste caso,
adotar o mesmo valor para o cálculo da multa.
2.4.2. Classificação da Verba
É verba de caráter sancionatório, ou seja, não gera reflexos e não sofre as incidências
fiscais e previdenciárias quando da realização dos cálculos. É apenas um limitador
de valores exorbitantes.
2.4.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Vejamos um exemplo prático:
Sentença:
Multa pelo atraso no pagamento dos valores rescisórios - O reclamado
deixou de pagar ao reclamante as verbas rescisórias devidas no mês de
fevereiro de 2004 (01.02.2004). Os valores rescisórios na ordem de R$
2.600,00 (dois mil e seiscentos reais), foram quitados somente no dia
30.04.2006. Isto posto, defere-se ao reclamante a multa prevista na cláusula
28ª da CCT de fl. .., na ordem de 1% ao dia de atraso no pagamento, sobre o
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valor acima (R$ 2.600,00). A correção monetária será contada a partir do
mês de maio de 2006.
Comentário: A sentença não limitou o valor da multa ao valor da obrigação principal.
Neste caso o cálculo poderá ser realizado de duas formas. Pelo reclamado até o valor da
obrigação se a multa ultrapassar tal valor. Pelo reclamante o valor total da multa mesmo
que esta ultrapasse o valor da obrigação principal.
Cálculo 1:
- Cálculo pelo reclamante sem qualquer limitação. Cabe destacar que em momento
algum a sentença limitou o valor da multa.
Cálculo 2:
- Cálculo pelo reclamado com a limitação do art. 412 do CC. Cabe destacar que
embora a sentença não tenha limitado o valor da multa, o calculista deverá fazê-lo
invocando a limitação contida no art. 412 do CC.
2.5. - Multa Cominatória (astreinte)
Art. 644 do CPC. Na execução em que o credor pedir o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, determinada em título judicial, o juiz, se
omissa a sentença, fixará multa por dia de atraso e a data a partir da qual
ela será devida.
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A multa cominatória está prevista no artigo 644 do CPC, e tem por objeto assegurar
o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer determinada em título judicial.
Ela é sempre fixada pelo juiz, na sentença ou na execução, e será devida por dia de
atraso.
Neste tipo de situação não se aplica a regra do artigo 412 do código civil, posto que
se trata de coação legal que tem por objetivo, repita-se, salvaguardar o cumprimento
da obrigação e a autoridade do Poder Judiciário. Entretanto, o valor poderá ser
modificado pelo juiz de execução, nos casos em que o valor for excessivo ou
insuficiente.
O exemplo mais comum na Justiça do Trabalho é quando o juiz define um prazo
para que o réu anote a CTPS do empregado, fixando multa consistente em 1/30 do
salário do empregado por dia de atraso.
2.5.1. Base de Cálculo
Em caso de condenação da multa, o juiz fixará a base de cálculo. Pode ser uma
fração do salário do reclamante ou um valor fixado, por dia, até que se cumpra a
determinação imposta pelo juiz nos autos.
2.5.2. Classificação da Verba
É verba de caráter sancionatório, ou seja, não gera reflexos e não sofre as incidências
fiscais e previdenciárias quando da realização dos cálculos.
2.5.3. Caso Prático – Exemplo de Condenação
Sentença:
Deverá o réu proceder a anotação do período contratual reconhecido na
carteira de trabalho do autor (01.02.2004 até 30.04.2006), sob pena de
multa equivalente a um dia de salário para cada dia de atraso na anotação
da mesma.
Neste caso o réu demorou 38 dias para anotar a CTPS do reclamante. O valor do
salário do autor no mês da rescisão era R$ 600,00 (seiscentos reais).
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Atraso na anotação da CTPS = 38 dias
Salário = R$ 600,00
Valor dia = R$ 20,00
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